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FISIOLOGIA: SISTEMA NERVOSO 1 Sinapses e Potencial de Ação Potencial de repouso e a célula polarizada O potencial de repouso da membrana é a diferença entre a quantidade de cargas positivas (cátions) e negativas (ânions) que se apresenta nas duas faces da membrana. Na face externa da membrana, predomina o número de cargas positivas, principalmente o Na+; já na face interna, apresenta-se principalmente cargas negativas (proteínas e complexos iônicos); entretanto vale ressaltar que em ambos os lados da membrana vão apresentar todos os tipos de íons, mas algum lado vai apresentar um predomínio comparado ao outro, por exemplo, a parte interna das células apresenta maior quantidade de ânions, K+ e pouco sódio, já na região externa há muito Na+, muito Cl- e poucos ânions e K+. OBS! Os gradientes iônicos são mantidos pelas proteínas de transporte presentes nas membranas plasmáticas, sendo de grande importância a bomba de sódio e potássio, que envia 3 sódios para fora da células e 2 potássio para dentro, mantendo a diferença entre esses dois íons nos dois lados da membrana. Uma célula é tida excitável quando ela recebe um estímulo (elétrico, químico ou mecânico) e consegue alterar o seu potencial de membrana. As principais células são as células musculares e os neurônios. O potencial de repouso médio das células é cerca de -90 mV, ou seja, diferença entre os potenciais da região interna menos o potencial da região externa, dá igual a -90 mV. OBS! O potássio tem grande importância no potencial de membrana, pois a membrana tem uma certa permeabilidade ao potássio, devido aos canais vazantes de K+, que ficam entreabertos; isso permite que a célula possa aumentar a sua eletronegatividade (ficar com o potencial mais negativo) perdendo uma parte dos seus potássios passivamente para o meio externo constantemente, Então em uma membrana em repouso, apresenta-se uma tendência de difusão do sódio de extracelular→intracelular (não ocorre muito pois a membrana é pouco permeável à esse íon) e difusão do K+ intracelular→extracelular (ocorre bastante devido à vazão do potássio constantemente), o que deixa a célula eletronegativa, pois as cargas positivas da face externa vão continuar no lado externo e as cargas positivas do lado interno vão ser perdidas para o meio externo. O principal fator que ajuda a manter a eletronegatividade da membrana é a bomba de sódio-potássio, em que retira 3 cargas positivas de dentro (3Na+) e jogando apenas 2 cargas positivas para dentro da célula (2K+). Além disso, o que reforça também a eletronegatividade são os ânions aprisionados dentro da célula. Sendo assim, como a célula vai apresentar cerca de potencial de -90 mV ela é chamada de polarizada (apresenta diferença de potencial entre as duas faces da membrana). POTENCIAL GRADUADO A célula polarizada vai poder receber e emitir os sinais elétricos, que são potenciais graduados (PG) e potenciais de ação (PA). Os potenciais graduados são mudanças graduadas e rápidas do potencial de membrana, em que ocorre a despolarização da membrana (a membrana fica com mais cargas positivas dentro do que fora) e a repolarização em seguida (a membrana volta a ficar com mais cargas + fora do que dentro). Os íons envolvidos nesse potencial graduado são o Na+, Ca++ e Cl-. O potencial graduado vai ter sua potência de acordo com a força do evento ou estímulo inicial. O PG vai ser o mecanismo inicial que vai desencadear o potencial de ação, que é a despolarização de toda a membrana. O PA será atingido quando o PG fazer a FISIOLOGIA: SISTEMA NERVOSO 2 depolarização da membrana até um ponto chamado de limiar. O efeito final do potencial graduado são: perturbações mecânicas da membrana, efeitos químicos da membrana ou passagem de eletricidade na membrana. O PG em: Neurônios do SNC eferentes é ativado por sinais químicos de outros neurônios, que vão causar a abertura de canais iônicos por ligante Em neurônios sensoriais ocorre por estímulos mecânicos ou químicos, que causam a abertura de canais sensíveis a estiramento ou a substâncias químicas O potencial de graduação pode ser iniciado tanto pela: abertura de canais iônicos → como a abertura de canais de sódio, que causam o influxo de sódio para dentro da célula e diminui a polaridade da membrana, como por fechamento de canais iônicos, fechamento dos canais de potássio → que diminuirá a movimentação desses íons, reterá mais K+ dentro das células e assim iniciará o PG. Zona de disparo Para atingir o limiar de potencial de ação, o PG deve iniciar seu estímulo no local chamado de zona de disparo, que é um local na membrana onde se concentra muitos canais de Na+ voltagem dependentes. A zona de disparo varia entre as diferentes células: Neurônios eferentes e interneurônios → fica no cone axônico e na 1ª parte do axônio Neurônios sensoriais → imediatamente adjacente ao receptor (união dendritos ao axônio) POTENCIAL DE AÇÃO Uma vez que o estímulo de PG estabeleceu o limiar na zona de disparo, ocorre a formação do potencial de ação. O PA tem um fenômeno de tudo ou nada, que o PA vai acontecer ou não vai acontecer; a partir do momento que atinge o limiar, acontecerá o potencial; se isso não ocorre, não haverá potencial. A partir do início do PA, ele vai se propagar da sua zona de disparo até a extremidade final da célula na mesma intensidade. No encéfalo, existem neurônios tonicamente ativos, que podem ser marcapassos de batimentos (tem uma despolarização regular) e marcapassos rítmicos (faz explosões de PA). A diferença entre os potenciais vai ocorrer devido às diferenças entre os canais iônicos de cada célula, que podem ser voltagens de ativação ou inativação, com velocidade diferente para abertura/fechamento e também a sua sensibilidade aos neuromodulardores (substância química que pode facilitar ou dificultar o PA em algum local). A partir da formação do PA, tem-se a propagação das despolarizações pela célula e, assim, a transmissão do impulso nervoso. FISIOLOGIA: SISTEMA NERVOSO 3 Mecanismo do PA As sequências do potencial de ação são descritas na imagem a baixo: Estágio de Repouso: é o potencial de repouso da membrana, antes do início do potencial de ação, a membrana encontra-se polarizada (-90mV) A célula recebe um estímulo (potencial graduado) que começa uma pequena despolarização, até atingir o limiar de estabilidade na zona de disparo Despolarização da membrana: esse processo ocorre, pois há um aumento da condutância do sódio para dentro da célula (abertura dos canais de Na+ dependentes de variação voltagem), ou seja, a célula começa a ganhar cargas (+). A despolarização chega até um certo pico, em que ocorre a inativação dos canais de sódio abertos. Repolarização: nesse período, os canais de Na+ dependentes de voltagem se fecham, bem como, há a abertura total dos canais lentos de K+, os quais fazem o efluxo de K+ da região intra para a extracelular, ou seja, faz a célula perder cargas (+) e diminuir o seu potencial de membrana. Hiperpolarização: vai ser quando a célula ultrapassa o seu potencial de repouso devido à permanência dos canais lentos de K+ ainda abertos. Retomada do potencial de Repouso: os canais lentos de K se fecham e a célula volta ao seu potencial de repouso Os canais de sódio e potássio reestabelecem o gradiente iônico dos íons que participaram do PA, ou seja, devolve os sódios para fora da célula e joga os K+ para dentro. Enquanto a célula não ter arrumado os seus gradientes de Na+ e K+ intra e extracelular, ela não pode sofrer um novo potencial de ação, esse período é chamado de período refratário. OBS! Potenciais de ação fracos liberam pouco neurotransmissor na terminação axônicas; já potenciais de ação fortes, liberam mais neurotransmissores pelo axônio. FISIOLOGIA: SISTEMA NERVOSO 4 Propagaçãodo potencial de ação Quando uma área da membrana repentinamente é estimulada, ela torna-se permeável aos íons Na+; esses íons, ao entrarem na célula, se deslocam por todas as direções por um certo espaço; esse deslocamento faz com que outras regiões intramembranosas mudem o seu potencial e também atinjam o limiar de estabilidade, abrindo, assim, seus canais de Na+. Dessa maneira, o potencial de ação vai se propagando. Nódulos de Ranvier Os nódulos de Ranvier (local entre as bainhas de mielina) concentra os canais de Na+ e K+, onde irá ocorrer as despolarizações, diminuindo o espaço da despolarização e caracterizando uma condução saltatória. Papel de outros íons durante o PA Ânions impermeantes com carga (-) no interior do axônio: esses íons fazem com que o interior celular se mantenha com potencial (-) Íons Ca+2: esse íon têm a mesma atuação do Na; ele apresenta uma bomba de Ca+2, que joga essa substância para a região extracelular (deixando a célula mais positiva), aumentando o potencial de membrana. Além disso, esse íon apresenta canais de cálcio dependente de voltagem lento, que tem a mesma função dos canais de Na, só que, nesse caso, por eles demorarem mais para abrir, a sua função é manter a despolarização por mais tempo, já que quando os canais de Na estiverem fechados, ainda haverá influxo de Ca por um período, criando um efeito “platô”; essas proteínas são numerosas em músculos cardíaco e liso. Período refratário Após o disparo de um potencial de ação (PA), a célula necessita de um tempo para poder fazer outro PA, esse tempo é chamado período refratário. É dividido em 2: Absoluto: não ocorre novo PA, independente da intensidade do estímulo, o canal de inativação do canal dependente de voltagem do Na está ativo. Relativo: pode disparar novo PA, depende da intensidade do estímulo. Esse novo PA pode ocorrer, pois nesse momento, a comporta de inativação do canal de Na se abre e a de ativação se fecha, a partir de então, a comporta de ativação pode se abrir novamente, mas, para isso, o estímulo deve ser mais forte que o primeiro para que o efluxo de K que está ocorrendo seja menor que o influxo de Na que ocorrerá (assim, ganhar mais cargas (+) e se despolarizar) O período refratário impede que o nervo entre em curto circuito após o potencial de ação. SINAPSES É a conexão funcional entre um neurônio e a segunda célula. Tem duas classes sinápticas, podendo ser elétrica ou química. Sinapses elétricas É o tipo de sinapse comum na musculatura cardíaca, na musculatura lisa, glia, pulmões e fígado. Nela ocorre o fluxo de corrente iônica entre a célula pré e pós-sinápticas. A velocidade de transmissão dessa sinapse elétrica é extremamente rápida, pois as junções permitem a passagem de íons praticamente instantâneo entre as duas células, iniciando ou uma despolarização (neurônio) ou algum outro processo na célula pós-sináptica. Esse tipo de sinapse ocorre devido às junções comunicantes, que permitem a passagem de íons FISIOLOGIA: SISTEMA NERVOSO 5 entre as duas células, pois existem canais iônicos (gap junctions, também chamadas de conexinas, formadas por 6 conexons) com baixa resistência elétrica ligando as duas células. Esse transporte de íons é direto e passivo, sendo uma difusão facilitada bidirecional. Sinapses químicas É um tipo de sinapse em que há uma fenda sináptica entre as duas células, bem como, a célula pré-sináptica vai apresentar vesículas sinápticas, as quais em seu interior armazenam neurotransmissores. Essas moléculas são utilizadas para a comunicação entre as duas células da sinapse (sinal parácrino) ou para a comunicação para a própria célula pré-sináptica (sinal autócrino). A sequência de eventos durante a sinapse química são: 1. Síntese e armazenamento de neurotransmissores em vesícula 2. Um PA invade o terminal pré-sináptico 3. Despolarização e a abertura dos canais de Ca+2 dependentes de voltagem 4. Influxo de Ca+2 5. Fusão de vesículas com a membrana pré sináptica 6. Liberação dos neurotransmissores 7. O transmissor liga-se a moléculas receptoras na membrana pós-sináptica 8. Abertura ou fechamento dos canais iônico pós- sinápticos → PEPS (Potenciais pós sinápticos excitatórios (despolarização)) ou PIPS (Potenciais pós sinápticos inibitórios (hiperpolarização)) 9. Recuperação da vesícula/inativação neurotransmissor A maquinaria para regular a fusão das vesículas são as SNAREs, que são uma família de proteínas a quais desempenham um papel essencial na fusão de vesículas. O cálcio, com o seu influxo no PA, fortalece a junção entre as SNAREs da vesícula e da membrana pré-sináptica, fundindo as duas membranas e formando o poro para liberação dos neurotransmissores Receptores Os receptores são proteínas capazes de gerar sinais elétricos por abrirem ou fecharem canais iônicos na membrana pós ou pré sináptica. As classes de receptores são: Receptores de modificação de potencial de membrana Receptores que dependem de ligantes externos (neurotransmissores) Receptores dependentes de substâncias mensageiras intracelulares Receptores ativados devido a alteração de metabólitos celulares Receptores ativados por alteração na membrana celular Outrossim, os receptores podem ser organizados em duas famílias: Receptores ionotrópicos: formam canais iônicos devido à mudança de conformação da proteína causado por alguma substância ou ocorrência, como neurotransmissores ou um potencial de ação. Os canais podem ser de cátions (catiônicos → excitatórios) ou de ânions (aniônicos→inibitórios) Receptores metabotrópicos: são receptores acoplados com à proteína G, os quais, ao serem ativados pelo neurotransmissor, ativam a proteína G, que desloca a sua subunidade alfa para ativar mensageiros, os quais, por sua vez, abrem ou FISIOLOGIA: SISTEMA NERVOSO 6 fecham um canal iônico; são 3 tipos de proteínas G (s, q e i); trata-se de um processo mais lento de ativação. Quando a resposta final dos receptores é a abertura de canais de íons, eles podem ser classificados em catiônicos (canais que fazem o influxo de cátions → papel excitatório → PEPS) ou aniônicos (canais que fazem o influxo de ânions → papel inibitório → PIPS). Sinapses inibitórias As inibições podem ser do tipo pós-sináptica ou pré-sináptica: Neurotransmissores Os neurotransmissores são divididos em típicos e atípicos. Os típicos necessitam estar presentes no interior do terminal pré sináptico em vesículas, ser jogado na fenda sináptica e ser recebido por receptores nas membrana pós-sináptica. Os atípicos são gasosos e atuam na membrana pré e pós sináptica. Os neurotransmissores podem ser neuropeptídeos, aminoácidos, purinas, aminas biogênicas, gases, opióides e endocanabinóides. A síntese de neurotransmissores é iniciada nos somas dos neurônios, por meio da síntese de enzimas (REL e Golgi), que sofrem fluxo axoplasmático e atingem o terminal pré-sináptico, chegando no botão pré-sináptico; lá, se associam aos precursores dos neurotransmissores, formando-os, os quais já são armazenados nas vesículas sinápticas. Os neurotransmissores e o seu processo de ação podem ser inativados por diversos motivos: pela ligação com autorreceptores presentes na região exterior da membrana pré sináptica, que faz o aumento da condutância do K+ (perde carga + e polariza a célula) e diminui a condutância do Ca+, inibindo a exocitose pela recaptação dos neurotransmissores pela captação extraneuronal, feita por células da glia, que captam os neurotransmissores difusão dos neurotransmissores para fora da fenda inativação dos receptores dos neurotransmissores internalização dos receptores (endocitose) degradação enzimática dos neurotransmissores por enzimas na membrana pré e/ou pós sináptica.
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