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COLÉGIO TABLEAU LÍVIA COPPI DA SILVA 1-21 TRABALHO DE TOXICOLOGIA GUARATINGUETÁ-SP 2022 SUMÁRIO INTRODUÇÃO……………………………………………………………………….………3 INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS................………..4 COMO OCORRE..………………………………………………………….....……..….4 PRINCIPAIS SINTOMAS.......................................................................................5 TRATAMENTO......................................................................................................6 LEI QUE PROÍBE A VENDA DESSES PRODUTOS.................................................7 CONCLUSÃO……………………………………………………………………………….8 INTRODUÇÃO Dentre os praguicidas, os organofosforados e carbamatos estão entre as principais causas de intoxicação aguda em situações acidentais ou não, devido à alta toxicidade desses compostos e a facilidade de aquisição de produtos registrados para uso agrícola, veterinário ou doméstico que contém essas substâncias; e também pelo fato de que a fiscalização da comercialização desses praguicidas de uso proibido é inútil. Nesse caso, destaca-se o aldicarb que é um carbamato de alta toxicidade, vendido de forma clandestina e usado ilegalmente como raticida doméstico. O objetivo deste trabalho é apresentar uma resenha com base nos vídeos “Intoxicação por Organofosforados e Carbamatos” do canal Instituto Brasileiro de APH – IBRAPH apresentado pelo instrutor John Morais, e “Ingestão de chumbinho causa intoxicação e até a morte em animais e pessoas” do canal Tv Litoral Paraná apresentado pelo Dr. Ramon Cavalcante (medicina do trabalho); esclarecendo o perigo do uso desses produtos, informando os sinais clínicos e tratamento para o auxílio de acontecimentos de intoxicação por organofosforados e carbamatos. INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS Organofosforados e carbamatos são compostos orgânicos utilizados principalmente como ação inseticida na agricultura, ou seja, são venenos usados também como arma química (gás sarin) e em ataques terroristas. Ex.: Organofosforados (OF) - Malathion, parathion, fenithion. Carbamatos (CB) - Aldicarb, carbofuran, carbaryl. Alguns venenos de rato clandestinos como o chumbinho que é irregularmente utilizado como raticida, também possuem compostos pertencentes a classe dos carbamatos e que também estão envolvidos nas intoxicações, as quais podem ser intencionais ou não. Seu uso costuma ser intencional para assassinatos, suicídios e mortes por intoxicações acidentais. Pessoas e animais que ingerem o chumbinho sentem fortes dores, podendo ocorrer vômitos e perda do sistema imunológico. Pessoas que entram em contato com esses produtos, como os que trabalham em plantações fazendo pulverização de veneno, pode ocorrer uma absorção cutânea ou podem até mesmo inalar o vapor dessas substâncias e acabar tendo intoxicação por organofosforados ou carbamatos. COMO OCORRE Organofosforados e carbamatos são facilmente absorvidos pela pele, sistema respiratório e pelo trato gastrointestinal. Essas duas substâncias agem em uma enzima chamada acetilcolinesterase, a qual possui a função de captar o neurotransmissor que fica em excesso na fenda sináptica. Quando o veneno inibe essa enzima, o neurotransmissor fica em excesso, o que traz sintomas típicos como náuseas, vômitos, sudorese, miose, dor abdominal, diarreia. Sendo assim, os organofosforados fazem com que se tenha uma perda irreversível da função dessa enzima, já os carbamatos inibem a acetilcolinesterase temporariamente por cerca de 24 a 48 horas, levando à duas consequências importantes: o acúmulo de acetilcolina nas sinapses nervosas e junção neuromuscular, causando uma síndrome colinérgica e uma toxicidade neuronal (neuropatia). Outros casos dependendo de qual receptor veio a intoxicação, os sintomas podem ser taquicardia ou bradicardia, podendo evoluir para uma depressão do sistema nervoso central e até coma. Dependendo da dose e do tipo do produto, pode ser fatal. PRINCIPAIS SINTOMAS Em relação ao sistema nervoso parassimpático, os principais sintomas apresentados vão ser miose, lacrimejamento, salivação, sudorese, hipertensão, broncorreia, broncoconstrição, bradicardia, hipotensão, dor abdominal, vômitos, diarreia, incontinência urinaria. São os chamados de “sintomas molhados”. Já em relação ao sistema nervoso simpático, ele pode ser ativado em certo ponto e o paciente pode desenvolver taquicardia e hipertensão. Nessas intoxicações é muito comum ter hipotensão e bradicardia. Na placa neuromuscular nos receptores nicotínicos, com a acetilcolina presente não sendo degradada pode-se observar sintomas como fasciculações, fraqueza muscular e hiporreflexia. E em relação ao sistema nervoso central são situações de convulsões, depressão respiratória, rebaixamento do nível de consciência, agitação, confusão mental, ataxia (desequilíbrio, descoordenação motora). Normalmente quando a pessoa teve uma exposição oral ou respiratória com o agente toxico, esses sintomas levam em média cerca de 3h para aparecerem. Já quando a exposição é cutânea os sintomas demoram um pouco mais para aparecer, sendo cerca de até 12h. TRATAMENTO O tratamento se baseia nas medidas de suporte que são: garantir permeabilidade via aera; boa oxigenação (oxigênio de alto fluxo); instalar acesso venoso de maneira adequada para realizar uma reposição volêmica guiada por metas seguindo um fluxo com cerca de 30ml/h, caso seja feito muito volume pode-se desenvolver edema agudo pulmonar no paciente, então deve ser administrado com cautela. A terapêutica específica na intoxicação por Organofosforados e Carbamatos consiste na administração de atropina, que é muito importante para os sintomas “molhados” e deve ser administrada o mais cedo possível até o paciente deixar de apresentar roncos na ausculta que indicam secreção brônquica. A atropina compete com a acetilcolina e reverte seus efeitos. São administrados bolus de 1 a 4 mg (0,05 – 0,1 mg/kg em crianças) a cada 2 a 15 minutos até que: ocorra reversão da miose; a broncorreia e a depressão respiratória sejam revertidas; a incontinência urinária seja revertida; os vômitos cessem; ocorra ritmo cardíaco normal. Outro antídoto é a pralidoxima que faz com que a acetilcolinesterase seja reativada e consiga combater a intoxicação. *Intoxicação por carbamato necessita somente de atropina. Se o paciente desenvolver crises convulsivas, é importante usar benzodiazepínicos seguindo a rota de tratamento para convulsões; e evitar o uso de succinilcolina e aminofilina, pois podem não ser degradadas de maneira adequada. Quando o indivíduo tiver uma exposição cutânea, o socorro deve ser feito com preparo utilizando roupas de proteção (luvas, avental, proteção ocular), cuidados para evitar contaminação cruzada, pode haver necessidade de proteção respiratória caso seja uma situação onde existe a possibilidade de inalar vapor com esses organofosforados, o paciente precisará ter sua pele lavada abundantemente com água corrente, e deve-se tomar cuidado com os vômitos do paciente que podem também contaminar. Dar atenção especial para manejo da via aérea, ventilação (devido a secreções brônquicas) e circulação (monitorização cardíaca). Em uma intoxicação por via oral pode ser necessário a realização de lavagem gástrica e uso de carvão ativado (1mg/kg, máximo de 100mg). LEI QUE PROÍBE A VENDA DESSES PRODUTOS A comercialização do produto já era proibida desde 2012, a partir de determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Na ocasião da proibição, estimativas do governo apontavam o produto como responsávelpor quase 60% dos 8 mil casos de intoxicação relacionados a chumbinho no Brasil todos os anos até então. A lei estabelece que a fiscalização ficará a cargo da Gerência Municipal da Vigilância Sanitária. “Acrescenta dispositivo à Lei n° 7802 de 11 de julho de 1989, proibindo o registro de produtos que tenham em sua composição o aldicarb, e dá outras providências. O Congresso Nacional decreta: Art.1° O § 6° do art.3° da Lei n° 7802, de 11 de julho de 1989, passa a vigorar acrescido de uma alínea g, com a seguinte redação: “g) que tenham em sua composição o aldicarb, ingrediente ativo pertencente ao grupo químico metilcarbamato de oxima. (NR) Art.2° Ficam cancelados os registros vigentes, na data de publicação desta Lei, de agrotóxicos, seus componentes ou afins que tenham em sua composição o aldicarb. Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. CONCLUSÃO Devido ao baixo custo, às facilidades de aquisição e a sua alta toxicidade, os produtos que possuem organofosforados e carbamatos em sua composição tem sido utilizado de forma ilegal criando um cenário que coloca em risco a saúde humana e animal. Os componentes existentes no chumbinho só podem ser utilizados na agricultura de forma controlada e por pessoas capacitadas. Esse produto não possui venda autorizada pela ANVISA ao comércio sem controle, em geral são vendidos clandestinamente e em função disso, os rótulos são incompletos, sem informações de emergências e por isso ocorrem tantos acidentes. Sendo assim, a divulgação de informações sobre o tema é altamente relevante, não somente para auxiliar na rotina do médico veterinário, mas também para informar o público sobre a gravidade de intoxicação por essas substâncias no país.
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