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EDUARDA MENDES LOPES Farmacodinâmica É o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e de seus mecanismos de ação ⇒ como os fármacos agem sobre seus sítios-alvo (interação bioquímica específica) para alcançar seus efeitos, desejados ou indesejados. A estrutura química auxilia na definição da ação biológica. Quando fármaco se liga a um receptor há criação de um complexo (complexo fármaco-receptor) que altera o funcionamento celular. Nenhum fármaco é totalmente específico nas suas ações, e essa falta de especificidade faz aumento da dose afeta outros alvos ⇒ efeitos colaterais Sítio de ação A maioria dos fármacos exercem seus efeitos (bom ou ruim), interagindo com receptores presentes na superfície das células (terão alguns que são intracelulares também) O complexo fármaco-receptor inicia alterações na atividade bioquímica - transdução de sinal (quais modificações as células precisam fazer para ter uma resposta biológica) Os sítios de ligações são alvos farmacológicos, sendo que a maioria são moléculas protéicas Características da ação de um fármaco A especificidade é recíproca: chave fechadura: classes individuais de fármacos ligam-se apenas a determinados alvos, e alvos individuais reconhecem apenas determinadas classes de fármacos ▪ Nenhum fármaco é totalmente específico (são estruturas parecidas), em muitos casos o aumento na sua dose afeta outros alvos diferentes do principal ⇒ efeitos colaterais Para produzir efeito farmacológico o fármaco precisa de : ▪ Afinidade pelo receptor: capacidade de se ligar ▪ Atividade intrínseca: para ativar o receptor, podendo ser total ou parcial Alvos proteicos para ligação de fármacos a) Canais iônicos b) Enzima c) Moléculas carregadoras (transportadoras) d) Receptores Canais iônicos São poros na MC, na qual os íons fluem; em geral o canal está fechado até que o receptor seja ativado. Dependendo do íon que passa ele coordena funções como contração cardíaca, muscular e neurotransmissão. Podem ser ativados por: ▪ Voltagem: regulados por potencial de membrana, onde o estímulo altera as cargas elétricas permitindo a passagem. Permitem a abertura ou fechadura do canal → os anestésicos agem obstruindo fisicamente o canal, bloqueando a passagem de íons (sem a passagem de íons, ele bloqueia a propagação dolorosa) ▪ Regulados por ligantes: fármaco se liga a ele, fazendo que íons entrem e alterem o potencial de ação (ativando os voltagem) Enzimas Os fármacos podem ativar ou inibir enzimas (geralmente inibe-se uma reação que já são normais no nosso organismo) e podem ser um pró-fármaco ou substrato falso. Quando um hormônio se liga aos receptores, reconhecem substrato e se autofosforilam e fosforila os resíduos de tirosina em proteínas específicas, com isso ocorre ativação ou inativação de uma molécula - ex: insulina → tirosina quinase é ativada a partir do momento que a insulina se encaixa na unidade alfa do receptor, fazendo com que ocorra a fosforilação pela unidade beta e, a tirosina quinase assim irá ativar outras Transportadores São alvos para fármacos cujo efeito é bloquear um sistema de transporte Receptores Geralmente proteínas, nos quais os fármacos interagem - reconhecem os sinais químicos endógenos e respondem a eles Coordenam as funções de todas as células do organismo, podendo ser mensageiros químicos, hormônios, transmissores, etc O fármaco se liga ao receptor para surtir efeito (se não tiver uma boa ligação, seu efeito pode estar diminuído) A ligação Fármaco+Receptor é a primeira etapa Fármaco + receptor → Afinidade: é a capacidade de ligação do fármaco ao receptor → Atividade intrínseca: é a propriedade de gerar estímulos ao unir-se aos receptores produzindo uma resposta ou um efeito → Especificidade química: o receptor só reconhece fármacos com estrutura similar → Reversibilidade: o acoplamento é fruto de forças atrativas transitórias. Ligação pode ser reversível ou não Tipos de receptores a) Canais iônicas disparados por ligantes b) Receptores acoplados à proteína G c) Receptores ligados a enzima d) Receptores intracelulares Canais iônicos controlados por ligantes ▪ São do tipo ionotrópico ▪ Complexo proteico ▪ Ligante se liga e ocorre a mudança de conformidade com abertura do canal, aumentando a permeabilidade e isso faz com que haja alteração iônica no centro da célula → modificação bioquímica da célula ▪ Receptores como GABAa, nicotínico e glutamato são exemplos ▪ Ligantes naturais: acetilcolina, serotonina, GABA, aspartato, glicina ▪ Muitos fármacos agem mimetizando ou bloqueando a ação dos ligantes endógenos que são responsáveis pela regulação do fluxo de íons através dos canais Receptores acoplados à proteína G ▪ São do tipo metabotrópico ▪ São os vários receptores que interagem com uma proteína, a proteína G ou com a molécula efetora ▪ Existem vários tipos de proteínas G: Gs, Gq e Gi - Todas com 3 subunidades: alfa→ liga GTP; beta e gama → ancoragem a proteína G na parede celular ▪ Quando o trímero se liga a um receptor ocupado por um agonista, a subunidade alfa dissocia-se e fica então livre para ativar um efetor (uma enzima de membrana ou canal iônico) ▪ Algumas vezes, os efetores ativados produzem 2º mensageiros, que ativam outros efetores adicionais na célula que se chama efeito cascata ▪ Gs: ativação da adenilato ciclase ( aumento do AMPc) ▪ Gi: inibição da adenilato ciclase (diminui do AMPc) ▪ Gq: ativação da fosfolipase C ▪ AMPc: função de regular enzimas envolvidas no metabolismo energético, divisão e diferenciação celular, transporte de íons, canais iônicos e as proteínas contráteis do músculo ▪ IP3 (trifosfato de inositol): aumenta cálcio (libera cálcio em compartimentos intracelulares causando contração, secreção e ativação de enzimas; ▪ DAG (diacilglicerol) ativa proteína quinase C (PKC), responsável por controlar diversas funções celulares Receptores ligados a enzimas ▪ Esse receptor pode formar dímeros ou complexos de subunidades múltiplos ▪ Quando ativados os receptores sofrem alterações conformacionais resultado em aumento da atividade enzimática - resposta dura hora ou minutos ▪ Os receptores de vários tipos de hormônios (insulina) e fatores de crescimento incorporam a tirosina quinase Receptores nucleares/intracelulares ▪ Os ligantes incluem hormônios esteroides (corticosteroides), hormônios tireoideanos, vitamina D e ácido retinóico. Fármacos altamente lipofílicos. ▪ Os receptores são proteínas intracelulares, de modo que os ligantes devem penetrar nas células em primeiro lugar. ▪ A ativação ou inativação desses fatores causa transcrição de DNA em RNA e a translocação do RNA em uma série de proteínas → modificação genética ▪ A ativação desses receptores leva horas ou dias (fármacos do tipo anestésicos que precisam de ação imediata não podem usar esse tipo Ligantes dos receptores Os fármacos que atuam sobre os receptores podem ser AGONISTAS ou ANTAGONISTAS ▪ Agonistas: encontram seu receptor, faz o complexo e executa seu efeito farmacológico (efeito semelhante aos endógenos) ▪ Antagonistas: conseguem se ligar ao receptor mas não tem efeitos ⇒ usados para Agonistas Ligam-se a proteínas receptora e provocam uma resposta. Mimetizam o efeito de ligantes endógenos ▪ Total/completo: ativa o receptor e nas concentrações desse fármaco tem um efeito farmacológico - Liga-se a proteína receptora e produz uma resposta máxima - Ex: fenilefrina é um agonista total dos receptores alfa (emite a ação do ligante endógeno norepinefrina), com sua ligação ativa cálcio intracelular, interações entre actina e miosina o que causa encurtamento das células musculares. O diâmetro das arteríolas diminui (vasoconstrição) aumenta resistência ao fluxo de sangue que pode elevar a PA (pacientes com HAS deve-se ter cuidado porque eles se ligam em todos os receptores do corpo) ▪ Parcial: resultado em menos de 100% mesmo em concentrações muito elevada - Liga-se a proteína receptora e mimetiza o efeito biológico de ligantes endógenos, mas com menor efetividade do que os totais, mesmo se ligandoem todos os receptores do organismo - Vai muitas vezes deslocar moléculas de um agonista total, resultando em uma diminuição da resposta, fazendo com que tenha uma diminuição da ação total, menos probabilidade de ações adversas - Em concentrações elevadas, ele pode deslocar todo o agonista total e o efeito farmacológico ▪ Inverso: provoca uma resposta diferente daquela mensurada pela ausência do fármaco Antagonista Ligam-se à proteína receptora com alta afinidade, mas com atividade extrínseca nula → impedem ação do ligante endógeno porque o sítio de ligação está ocupado. Produzem efeitos úteis por meio do bloqueio da ação de um agonista Não precisa de uma região específica, consegue se ligar em qualquer região e, assim, podem ser usados também para reverter alguma ação farmacológica de agonistas ▪ Antagonistas competitivo: se ligam no mesmo sítio do agonista receptor mas de maneira reversível ▪ Antagonistas não competitivos: se ligam no mesmo sítio do agonista receptor mas de modo irreversível ▪ Antagonistas alostéricos: se ligam num sítio alostérico e impedem que o agonista se ligue ao receptor - Não precisam ter necessariamente uma região específica, podendo se ligar em qualquer local do receptor e isso impede a ligação e ação do agonista Em muitos casos, os antagonistas podem ser bloqueados se caso aumentar a concentração de agonistas pela competição, reduzindo a potência do antagonista Índice terapêutico (IT) É a relação entre a dose que produz toxicidade em metade da população (DT50) e a dose que produz um efeito eficaz ou clinicamente desejado (DE50); IT = DT50 / DE50 Medidas de segurança, onde um valor elevado indica ampla margem entre a dose efetiva e a dose tóxica Potência Refere-se à dose do fármaco necessária para produzir um efeito. Dose que produz 50% do efeito máximo ↓ dose, ↑ potência ▪ Ex: a candesartana e irbesartana são bloqueadores dos receptores da angiotensina, utilizadas no tratamento da hipertensão. A dose terapêutica da candesartana é 4-32 mg e da irbesartana 75-300 mg – candesartana é mais potente; Eficácia O tamanho da resposta terapêutica máxima que o fármaco pode produzir ao interagir com receptor; medida da capacidade de um fármaco para produzir um efeito Potência X eficácia Potência: refere-se a concentração (EC50) ou dose (ED50) de um fármaco requerida para produzir 50% do efeito máximo (Emáx). A potência depende: ▪ da afinidade dos receptores para ligar o fármaco ▪ da eficiência com que a interação fármaco receptor causa resposta ▪ pode determinar a dose administrada (potência menor exige doses maiores) Eficácia: reflete a relação dose-resposta Eficácia máxima ⇒ máximo de efeito atingido com uma determinada dose de um fármaco Dessensibilização e Taquifilaxia São termos sinônimos que descrevem a perda do efeito de um fármaco em poucos minutos. O termo tolerância é usado para descrever uma redução gradual na resposta a um fármaco, podendo levar vários dias. Vários mecanismos podem estar envolvidos: ▪ alteração de receptores; ▪ perda de receptores; ▪ exaustão de mediadores (anfetamina); ▪ aumento da degradação metabólica; ▪ adaptação fisiológica.
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