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Geovanna Carvalho - T30 - ufca 1 FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA Função do sistema respiratório: adicionar oxigênio e remover dióxido de carbono ao sangue Respiração: condução → perfusão → difusão Conceitos 1. Hipóxia: redução da oferta de oxigênio aos tecidos 2. Hipoxemia: as funções ventilatórias são funcionantes, mas por um distúrbio circulatório não há boa oxigenação de determinado tecido → sangue com pouco oxigênio. Ex.: obstrução de vaso em processos isquêmicos, infarto 3. Hipercapnia: aumento da concentração de CO2 no sangue. 4. PO2: pressão parcial de oxigênio no sangue 5. PCO2: pressão parcial de gás carbônico no Obs.: a capacidade de difusão do CO2 é muito maior que a do O2. Há casos onde há apenas a queda da PO2 e uma concentração de CO2. Toda insuficiência respiratória tem hipoxemia, mas nem todas tem hipercápnica. Aspectos anatômicos - Pulmões possuem circulação duplas: a troca gasosa ocorre na circulação pulmonar - Circulação pulmonar (artérias pulmonares e veias pulmonares) → artéria conduzindo sangue desoxigenado e veias transportam sangue oxigenado. - Circulação brônquica distribui sangue às vias aéreas de condução e às estruturas de sustentação, além de aquecer e umidificar o ar que entra nos pulmões. (artérias brônquicas → capilares → veias brônquicas → veia cava) Geovanna Carvalho - T30 - ufca 2 Aspectos histológicos - A árvore respiratória forma diversas ramificações. - Hemácia → transporta CO2 que vai ser liberado (hemoglobina reduzida) → recebe o O2 (hemoglobina oxidada) - Endotélio capilar → interstício pulmonar → epitélio alveolar (pneumócito) → surfactante (dentro do alvéolo) Hipoxemia Definição - É o termo que se refere a uma redução dos níveis de O2 no sangue arterial. Causas - Hipoventilação - Comprometimento da difusão dos gases - Circulação inadequada nos capilares pulmonares - Não correspondência entre ventilação e perfusão obs.: mais de um mecanismo pode contribuir para o quadro de hipoxemia Manifestações Clínicas - Manifestações geradas a partir dos efeitos da hipóxia tecidual e de mecanismos de compensação para o corpo se adaptar à redução dos níveis de O2. ● PO2 arterial < 50 mmHg ● Taquicardia ● Pequeno aumento da P.A ● Pele fria e úmida ● Confusão mental ● Dificuldade de resolver problemas ● Perda do juízo crítico ● Euforia ● Comportamento indisciplinado ou agressivo ● Distúrbio sensorial ● Fadiga mental ● Sonolência ● Torpor e coma (tardios) ● Hipotensão (tardio) ● Bradicardia (tardio) ● Cianose (muito hemoglobina reduzida) Geovanna Carvalho - T30 - ufca 3 → Mecanismos compensatórios da hipoxemia crônica: aumento da ventilação, vasoconstrição pulmonar (que gera cor pulmonale) e maior produção de hemácias (em resposta a hipóxia os rins liberam eritropoietina) Obs.: paciente com DPOC pode haver hipocratismo digital Hipercapnia Definição - Se refere a um aumento do teor de dióxido de carbono no sangue arterial. - O nível de dióxido de carbono no sangue arterial, ou PCO2, é proporcional à produção de dióxido de carbono e inversamente relacionado com a ventilação alveolar. Causas - Mecanismos: hipoventilação ou desequilíbrio entre ventilação e perfusão. - Hipercapnia sem hipoxemia geralmente é observada apenas em situações de hipoventilação - Em casos de falta de correspondência entre ventilação e perfusão, a hipercapnia geralmente é acompanhada por uma diminuição nos níveis de PO2 arterial. Manifestações Clínicas - Níveis elevados de PCO2 → decréscimo no pH e acidose respiratória -> aumentando a retenção renal de bicarbonato (HCO3-) (mecanismo compensatório) - A hipercapnia = aumento do trabalho respiratório = sintomas - Lembrar que CO2 é um vasodilatador ● Aumento da PCO2 ● cefaleia → vaso cerebral dilatado ● hiperemia conjuntival → vaso conjuntival dilatado ● rubor cutâneo ● sedação aumentada ● sonolência ● desorientação ● coma ● taquicardia ● diaforese → liberação de secreção (salivar, sudorese, aumenta secreção gástrica) ● aumento leve a moderado da pressão arterial Obs.: paciente com hipercapnia deve evitar alimentos ricos em carboidratos ou administração de soro glicosado por exemplo, pois os carboidratos têm um coeficiente de respiração maior → libera mais CO2 Obs.: a policitemia veras o paciente tem cianose mas não tem insuficiência respiratória → ele tem tanta hemácia que não consegue oxidar todas. Já na anemia o paciente tem insuficiência respiratória, mas não tem cianose → não tem hemácias o suficiente para que se gere a cianose, mas pode ter em fase tardia da anemia. Patologias Geovanna Carvalho - T30 - ufca 4 que causam insuficiência respiratória 1. Asma brônquica: vai gerar uma broncoconstrição que reduz a chegada de ar aos alvéolos → obstrução de vias aérea 2. Pneumonia: vai gerar um camada de substância na face interior do epitélio alveolar devido ao quadro inflamatório → dificulta a difusão → gera hipoxemia e hipercapnia 3. Afogamento: a água vai se depositar nos alvéolos → impede a difusão 4. Pneumoconiose: paciente inala uma substância como partículas de carbono, sílica ou asbesto que chegam no alvéolo e o macrófago fagocita essa substância e se aloja no interstício pulmonar → O macrófago é ativado pela substância internalizada, o que gera liberação de fatores pró-inflamatórios e quimiotáticos, recrutando fibroblastos para o interstício pulmonar liberando colágeno → dificulta a difusão na hematose (doenças intersticiais pulmonares) → gera apenas hipoxemia. 5. SARA: lesão alveolar difusa —> destruição dos alvéolos que não permitem a difusão do oxigênio, mas o CO2 consegue escapar em grandes quantidades → gera hipoxemia e hipocapnia (PCO2 muito baixa) Função respiratória -Gasometria arterial por punção de artéria radial - Valores normais: PaO2: 80 - 100 mmHg / PaCO2: 35 - 45 mmHg - Insuficiência respiratória: PaO2 < /= 50 mmHg / PaCO2 >/= 50 mmHg Geovanna Carvalho - T30 - ufca 5 Ventilação → Hipoventilação causa aumento da PCO2 1. Acidose: aumento do H+ ou de CO2 → a queda de pH é reconhecida pelo bulbo → aumenta a FR (taquipnéia) → aumenta a eliminação de gás carbônico → reduz acidose no sangue - ex.: Diabetes tipo 1 → jejum prolongado ou não uso de insulina → faz com que o corpo comece a quebrar gordura para gerar ATP → metabólitos = corpos cetônicos → cetoacidose diabética → bulbo entende a queda de pH e gera taquipnéia. 2. Alcalose: diminuição de H+ ou de CO2 → aumento do pH é percebido pelo bulbo → reduz a FR (bradipneia) → A resposta do sistema respiratório de correção do pH é mais rápida que a resposta renal que pode levar dias ou semanas. (leva dias ou semanas) - Barorreceptores → localizados na bifurcação das carótidas e no arco aórtico (corpor carotídeos e aórticos) → reconhecem as oscilações na pressão parcial de oxigênio → aumento da PO2 gera redução da FR e queda na PO2 gera aumento da FR → estimulação nervosa bulbar. - Lesão bulbar pode gerar parada respiratória. → Músculo respiratórios: a inspiração depende mais da contração muscular, uma vez que a expiração em um pulmão saudável ocorre por sua elasticidade. - Diafragma - Intercostais externos e paraesternais (inter cartilaginosos) - Acessórios (esternocleidomastóideos e escalenos, principalmente) - Abdominais, que auxiliam na otimização da contração do diafragma → Expiração: Geovanna Carvalho - T30 - ufca 6 - Normalmente é passiva quando a elasticidade pulmonar está preservada - Quando há redução de elasticidade (enfisema ou fibrose pulmonar) → utiliza-se músculos intercostais internos e abdominais - Caixa torácica e sistema pleural: a cavidade pleural deve estar livre para a melhor expansibilidade pulmonar - Pneumotórax: gás no espaço pleural que impede a expansão do pulmão → pulmão diminuído (atelectasia) → Perfusão e Difusão - Perfusão: o exemplo clássico é a oclusão arterial por êmbolo → além desidratação profunda não tem volume, anemias graves - Difusão: permeabilidade das vias aéreas → pneumonia, afogamento Mecanismos de insuficiência respiratória - Hipoventilação: distrofiasmusculares que atrofiam a musculatura respiratória, paciente caquético com atrofia muscular, intoxicação por barbitúricos (compromete o controle ventilatório no bulbo - depressão ventilatória) - Incompatibilidade ventilação-perfusão: ventila em mas não tem perfusão → êmbolos, CIVD, - Distúrbio da difusão: pneumonia, afogamento → atrapalha a troca gasosa - Derivação: ocorre na insuficiência hepática → o sangue deveria ser direcionado ao capilar alveolar, mas é redirecionado a uma região mais profunda do pulmão que oxigena menos. Indivíduo normal: 100 de PO2 e 40 de PCO2 (linha A) Pneumonia e asma brônquica: vão apresentar progressivamente hipoxemia e hipercapnia (linha B) Enfisema pulmonar crônica (DPOC) → mecanismos compensatórios para eliminar o CO2 → hipoxemia mas sem elevação muito grande de CO2 (não tem hipercapnia Geovanna Carvalho - T30 - ufca 7 (linha F) Se tratar o DPOC com O2 a pressão de CO2 vai aumentar, pq os barorreceptores vão reconhecer o aumento da PO2 e vão estimular a bradipneia.Como o paciente DPOC já tem uma dificuldade de respirar, com a redução da FR vai piorar ainda mais acumulando CO2 → o correto é melhorar a ventilação (fisioterapia) e O2 moderado (linha C) Doenças intersticiais pulmonares (pneumoconiose) ou pneumonia por clamídia que acomete interstício → tem redução de PO2 com hipoxemia, mas a PCO2 fica normal → nessas doenças o alvéolo e o capilar não são comprometidos logo o maior potencial de difusão do CO2 faz com que ele passa livremente, mas o O2 não consegue se difundir (linha D) SARA → destruição dos alvéolos → hipoxemia e hipocapnia (CO2 escapa em grande quantidade) → pode ser usado uma oxigenoterapia mais intensa Classificação aguda e crônica - Poliglobulia → no hemograma aumenta o hematócrito - Doenças pulmonares crônicas geram constrição de arteríolas pulmonares → coração direito em sobrecarga para vencer a maior pressão desenvolve a cor pulmonale. - IRA apresenta queda de pH e bicarbonato normal, pois a regulação do pH sanguíneo é apenas respiratória, não há tempo de ter uma resposta renal efetiva. - IRC em pH normal, pois a resposta renal é efetiva com produção aumentada de bicarbonato que tampona o pH sanguíneo. Diagnóstico - Clínico - Laboratorial: gasometria arterial Tipos de Oxigenoterapia → Tratamentos não invasivos - Visam à diminuição do trabalho respiratório e melhora da função dos músculos respiratórios. Geovanna Carvalho - T30 - ufca 8 - Utiliza-se uma máscara como interface entre o paciente e o ventilador: ● BIPAP ou CPAP → fazem pressão positiva nos alvéolos deixando-os semi-influsados na expiração a fim de otimizar a troca gasosa. ● Oxigenoterapia via máscara facial ou cateteres binasais ● Ambu → Tratamento invasivo: intubação orotraqueal (IOT) é a mais comum - Ventilação mecânica invasiva (VMI) utiliza uma prótese introduzida na via aérea, isto é, um tubo oro ou nasotraqueal ou uma cânula de traqueostomia para oferta de oxigênio - Nota: CPAP e BIPAP associado à IOT é um tipo de tratamento invasivo
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