Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Nutrição Ideal para o Exercício Físico Necessidades Nutricionais para Indivíduos Fisicamente Ativos Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Luana Biondo Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Introdução; • Componentes do Gasto Energético; • Termogênese; • Estimativa das Necessidades Energéticas; • Estimativa das Necessidades Energéticas a partir da Ingestão Energética. Fonte: Getty Im ages Objetivos • Conhecer as recomendações nutricionais atualmente indicadas para indivíduos fisica- mente ativos e atletas das diferentes modalidades esportivas; • Conhecer a importância da individualização de acordo com o objetivo do paciente/atleta, demonstrando a eficácia de dietas adequadas. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Necessidades Nutricionais para Indivíduos Fisicamente Ativos UNIDADE Necessidades Nutricionais para Indivíduos Fisicamente Ativos Contextualização A energia é a peça-chave para que consigamos realizar qualquer tipo de trabalho, seja de grande esforço – tal como correr uma maratona –, ou de esforço mínimo – levantar-se da cama ao acordar. Possuímos um metabolismo basal que pode ser chamado de gasto energético de re- pouso, ou taxa metabólica de repouso, que é aquela energia que utilizamos para manter os nossos órgãos funcionando para realizar as atividades mínimas diárias; porém, o nosso gasto energético pode ser elevado a partir do momento em que nos movimentamos. Logo, entender esses diferentes gastos energéticos e de que maneira podemos con- tribuir para o melhor desenvolvimento do organismo são aspectos fundamentais para uma boa qualidade de vida. Além disso, compreender de que maneira a atividade física entra no gasto energéti- co diário e como podemos suprir essa necessidade é fundamental para uma adequada prescrição de treino. 6 7 Introdução A energia pode ser definida como uma peça fundamental para que consigamos re- alizar um trabalho. Para as plantas, a fonte elementar de energia é o Sol; logo, captam a luz solar e a transformam em energia química – glicose – através do processo de fo- tossíntese; a partir disso, conseguem sintetizar proteínas, lipídios e outros carboidratos que atendem às suas necessidades diárias. Nós, animais e também os outros seres vivos não temos essa capacidade de armazenar a energia proveniente da luz solar, portanto, precisamos consumir os vegetais e produtos derivados de outros animais para obter os nutrientes e a energia necessária para as nossas atividades diárias. Essa energia precisa ser reposta com regularidade, ou seja, necessitamos fornecer fontes de energia ao nosso organismo diariamente, a fim de suprir a demanda energética para a nossa sobrevivência. Os processos químicos que ocorrem no interior de nossas células – metabolismo – tornam possível o uso dessa energia para as nossas atividades diárias, tais como reações químicas nos tecidos corporais, atividade elétrica das células nervosas, trabalho mecânico dos músculos; uma parte dessa energia é dissipada em forma de calor, o que garante a manutenção de nossa temperatura corporal (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013). As necessidades energéticas diárias dependem de fatores tais como idade, sexo, peso, estatura e nível de atividade física; mas não se assuste, pois existem fórmulas e progra- mas que nos ajudam a estimar tais valores – conforme veremos adiante. Populações especiais, tais como crianças – em fase de crescimento –, gestantes e lactantes – que atendem a necessidades de outra vida – e atletas – que aumentam significativamente o próprio gasto energético – têm demanda energética aumentada e necessitam de adap- tações para cumprirem com êxito as atividades diárias. Pessoas feridas ou enfermas podem também aumentar ou diminuir o gasto energético por conta do estresse sofrido. Como um indicador indireto de adequação ou inadequação de energia podemos pen- sar no peso corporal. O corpo humano possui a capacidade de alterar os seus estoques de macronutrientes – carboidrato, proteína e lipídio – para se adequar às necessidades energéticas; o consumo excessivo ou deficiente de energia altera esse parâmetro – peso corporal –, entretanto, não deve ser considerado unicamente para adequação e ingestão de nutrientes, pois alguns fatores – tais como o tipo de treinamento, nível de estresse e os traumas – podem alterar o peso sem que a ingestão de nutrientes esteja prejudicada (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013). Componentes do Gasto Energético A energia armazenada pelo nosso corpo pode ser dispersa de três formas: • Gasto energético basal; • Efeito térmico do alimento; • Termogênese por atividade. 7 UNIDADE Necessidades Nutricionais para Indivíduos Fisicamente Ativos Esses três componentes fazem parte do gasto energético total diário; como está exemplificado na figura abaixo: O gasto energético de repouso pode também ser conhecido como taxa meta- bólica de repouso; trata-se da quantidade mínima de energia gasta, durante 24 horas, para manter as atividades básicas corporais – respiração, circulação sanguínea, proces- sos químicos celulares, manutenção da tem- peratura corporal etc. Deve ser mensurada em repouso físico e mental e em jejum de, no mínimo, dez horas – preferencialmente ao acordar, antes de realizar qualquer tipo de atividade. Essa taxa metabólica é pratica- mente constante e representa de 60 a 70% do gasto energético total diário. O que pode afetar o gasto energético de repouso? Composição Corporal A composição corporal é um dos fatores primordiais para o gasto energético de re- pouso. A massa livre de gordura – tecido muscular, tecido ósseo, órgãos e sistemas – é a grande responsável pelo nosso gasto energético de repouso, chegando a contribuir com 80% das variações desse parâmetro (Figura 2). Os órgãos com alta taxa metabólica – cé- rebro, fígado, rins etc. – contribuem com aproximadamente 60% desse gasto energético, sendo que o músculo também exibe uma participação expressiva nesse processo. Por- tanto, a alteração na composição corporal leva automaticamente a mudanças na taxa metabólica de repouso (GALLAGHER et al., 2006). Figura 2 – Contribuição proporcional de órgãos e tecidos para o cálculo do gasto energético de repouso Fonte: MAHAN, ESCOTT-STUMP & RAYMOND, 2013 Figura 1 – Componentes do gasto energético total: atividade, termogênese induzida pela dieta e taxa metabólica basal ou de repouso Fonte: MAHAN, ESCOTT-STUMP & RAYMOND, 2013 8 9 Se a massa livre de gordura é um fator determinante para o gasto energético de re- pouso e aumentássemos a quantidade de massa muscular – um dos componentes da massa livre de gordura –, consequentemente aumentaríamos o gasto energético de repouso? A validade a esta indagação se mostra tão verdadeira que atletas que possuem au- mento de massa muscular apresentam um metabolismo de repouso por volta de 5% mais alto quando comparados com indivíduos não atletasou que não possuam massa muscular desenvolvida. Existem alguns métodos para avaliação da composição corporal. Os mais utilizados atualmente são a bioimpedância e a avaliação por dobras cutâneas. A bioimpedância se trata de uma balança que emite uma corrente elétrica – comple- tamente segura e indolor – que atravessa o corpo. Por meio da velocidade com que essa corrente percorre o nosso organismo, a máquina consegue indicar o percentual e peso bruto da massa gorda, massa livre de gordura e de água. Trata-se de um método simples, rápido, seguro; o único problema é que o corpo humano é composto por aproximada- mente 70% de água, a qual conduz eletricidade, portanto, qualquer mudança no estado de hidratação do indivíduo pode gerar uma grande alteração na composição corporal. Desta maneira é recomendado que a pessoa faça essa avaliação sempre hidratada e em jejum de, no mínimo, quatro horas. A avaliação por dobras cutâneas necessita de um instrumento denominado adipô- metro, o qual mede as dobras cutâneas em regiões determinadas no corpo, tal como exemplificado na Figura 3. Existem locais específicos para a avaliação das dobras cutâneas: tríceps; bíceps; su- bescapular; axilar média; suprailíaca; tórax; abdominal; coxa; panturrilha. Há diferentes protocolos que utilizam três dessas médias, outros utilizam nove, porém, o mais comum é o que Pollock e seus colaboradores definiram em sete dessas dobras – excluindo bíceps e panturrilha. Saiba mais sobre esses protocolos em: http://bit.ly/2Z6tdg0 Para realizar as medidas com o adipômetro algumas regras devem ser seguidas, vejamos: • 1ª Todas as dobras devem ser mensuradas do lado direito do corpo; • 2ª Identificar o local da medida com uma caneta ou um lápis (Figura 3); • 3ª Pinçar a dobra com a mão esquerda um pouco acima da marcação (Figura 3); • 4ª Colocar a haste do adipômetro no encontro do x da marcação (Figura 3); • 5ª Realizar três medidas na mesma dobra – o resultado deve ser a média das três medidas. 9 UNIDADE Necessidades Nutricionais para Indivíduos Fisicamente Ativos Figura 3 – Mensuração de uma dobra cutânea utilizando um adipômetro Fonte: Getty Images Que pessoas mais altas possuem uma taxa metabólica de repouso maior do que pessoas com estatura menor, independentemente da composição corporal? Se duas pessoas possuem o mesmo peso e a mesma composição corporal, porém uma das quais é mais alta, esta terá taxa metabólica de repouso mais elevada por apresentar uma área de superfície corporal maior. Idade Como vimos, o gasto energético de repouso é altamente alterado pela proporção de Massa Corporal Livre de Gordura (MCLG); portanto, nos primeiros anos de vida, onde há aumento constante de MCLG, o gasto energético de repouso é aumentado. Para sintetizar um novo órgão, o gasto energético é de aproximadamente 5 kcal/g do órgão. Nos primeiros anos de vida, por volta de 15% do valor energético dos alimentos são armazenados em forma de um novo órgão, passando para 1% quando a criança estiver maior; na fase adulta, torna-se possível observar um declínio do gasto energético de repouso de 1 a 2% de kg de massa livre de gordura (BYRNE et al., 2003). O exercício físico se torna um importante aliado nesse processo; afinal, ao praticar exercício regularmente, o indivíduo aumenta, ou pelo menos mantém, a quantidade de massa livre de gordura, o que impede o declínio do gasto energético de repouso com o decorrer da idade. Clima Os extremos de temperatura – muito quente e muito frio – influenciam o gasto ener- gético de repouso; pessoas que vivem em climas tropicais podem apresentar um gasto energético de repouso de até 20% maior do que pessoas que vivem em áreas tempera- das. O frio extremo também causa adaptações no metabolismo, aumentando o gasto energético a fim de gerar mais calor para manter a temperatura corporal. 10 11 Quando se trata de exercício físico, a taxa metabólica aumenta em até 5% quando o indivíduo se exercita em temperaturas acima de 30° C, isso pode ser decorrente do au- mento da atividade das glândulas sudoríparas e da manutenção da temperatura corporal (DOBRATZ et al., 2007). Sexo As diferenças nas taxas metabólicas de repouso de homens e mulheres podem ser atribuídas primeiramente pela diferença na composição corporal e no tamanho. Como vimos, composição corporal e tamanho exercem significativa influência na taxa metabólica, portanto, não é surpreendente que mulheres possuam até 10% menos gasto energético de repouso do que homens, dado que, no geral, estes possuem estatura maior e mais massa livre de gordura (POEHLMAN et al., 1993). Estado Hormonal Os hormônios têm relação direta com o nosso metabolismo, portanto, qualquer al- teração hormonal pode gerar aumento ou diminuição da taxa metabólica de repouso. Problemas nos hormônios tireoidianos são um bom exemplo, hiper ou hipotireoidismo podem aumentar ou diminuir, respectivamente, o gasto energético. Mulheres sofrem alterações hormonais todos os meses em razão do ciclo menstrual; no período da ovulação à menstruação, a taxa metabólica de repouso fica ligeiramente aumenta- da. Durante a gravidez há também aumento gradual no gasto energético de repouso (BUTTE et al., 2004). Termogênese Efeito Termogênico do Alimento O efeito térmico do alimento corresponde ao gasto energético referente ao consumo, à digestão e absorção do alimento, correspondendo a aproximadamente 10% do gasto energético total diário. Que o efeito térmico varia de acordo com a composição da dieta e dura de trinta a noventa minutos após a refeição? Refeições ricas em proteínas e lipídios tendem a ter um efeito térmico maior em função da complexidade em metabolisar e armazenar esses nutrientes, quando comparado a refei- ções ricas em carboidratos. Alimentos picantes também intensificam e prolongam o gasto energético referente ao efeito térmico do alimento, podendo aumentar em até 33% a taxa metabólica por um período de até três horas. 11 UNIDADE Necessidades Nutricionais para Indivíduos Fisicamente Ativos Termogênese por Atividade Além do gasto energético de repouso e do efeito termogênico do alimento, entra para a conta de nosso gasto energético total diário a termogênese relacionada ao movimento. Aqui nós ainda não estamos tratando do treinamento físico, mas sim sobre qualquer movimento que realizamos em nosso dia a dia como, por exemplo, andar até o ponto de ônibus, ou até o trabalho, subir uma escada; para essa classe de movimento damos o nome de Termogênese por Atividade de Não Exercício (Tane). Quando pensamos na termogênese gerada a partir de um exercício físico como forma de treinamento, classifi- camos como Termogênese por Atividade (TA). Tanto Tane quanto TA são os componen- tes mais variáveis do gasto energético total diário. Pessoas sedentárias não apresentam TA e podem ter um Tane inferior a 100 kcal/dia; já em atletas a soma da Tane e TA pode chegar a 3.000 kcal/dia (LEVINE; KOTZ, 2005). Tane está diretamente relacionada aos hábitos diários do indivíduo. Por exemplo, se esse se dirige ao trabalho, utiliza elevadores, fica sentado o dia inteiro etc., terá uma Tane reduzida; em contrapartida, se caminha até o trabalho ou a escola, utiliza escadas, movimenta-se durante o dia, terá uma Tane aumentada (LEVINE; KOTZ, 2005). Já a TA está mais relacionada ao tipo de atividade física e com a composição corporal do indivíduo. Como vimos, a massa livre de gordura tem um papel fundamental na taxa metabólica de repouso – aqui não é diferente. Dois indivíduos com composição corporal distinta podem praticar a mesma atividade, pelo mesmo tempo e na mesma intensidade, ainda assim a TA desses será diferente; além disso, a TA diminui com a idade, já que à medida que envelhecemos há perda de massa livre de gordura e ganho de massa gorda. O tipo de exercício físico também está diretamente relacionado à TA: exercícios com intensidade elevada por um período médio – superior a vinte minutos – tendem a aumentar a TA quandocomparados a exercícios de intensidade moderada (BAHR; GRØNNERØD; SEJERSTED, 1992). Estimativa das Necessidades Energéticas Nos anos primórdios, o gasto energético de repouso era medido com a pessoa em repouso por 24 horas com um equipamento que aferia a troca de gases – oxigênio e gás carbônico. Com o passar dos anos e o avanço nas pesquisas, diversas equações foram desenvolvidas para facilitar o cálculo do gasto energético de repouso. Até pouco tempo atrás as fórmulas de Harris e Benedict (1918) eram as mais utilizadas; porém, em 2003 Frankenfield e seus colaboradores descobriram que essa equação superestimava o gasto energético de repouso tanto de indivíduos de peso normal, quanto de indivíduos obesos. Então, as equações de Mifflin e colaboradores (1990)including females (n = 247 passa- ram a ser mais utilizadas por se revelarem mais precisas – as equações são as seguintes: • Homens: peso (kg) + estatura (cm) – idade (anos) + 5 = kcal/dia; • Mulheres: peso (kg) + estatura (cm) – idade (anos) + 161 = kcal/dia. 12 13 Estimativa das Necessidades Energéticas a partir da Ingestão Energética As recomendações das necessidades energéticas devem ser feitas sempre por um nutricionista, utilizando uma estimativa por autorregistro – por exemplo, diário alimentar –, ou autorrelato – recordatório alimentar de 24 horas. Apesar de serem aceitos, esses métodos podem não relatar fielmente a real condição do indivíduo, isso porque grande parte dos quais subestimam ou subrrelatam a ingestão alimen- tar, podendo apresentar uma variação de 10 a 45% da ingestão real. Atualmente já existem alguns programas que permitem que os dados dietéticos sejam inseridos pelo usuário e o próprio programa envia as informações com a ingestão energética do indivíduo. Para estimar a necessidade energética diária de diferentes populações o Instituto de Medicina do Canadá criou diversas equações (INSTITUTE OF MEDICINE OF THE NATIONAL ACADEMIES, FOOD NUTRITION BOARD, 2002). A Necessidade Estimada de Energia (NEE) se refere à quantidade de energia proveniente da dieta que é estimada para manter equilíbrio energético em um indivíduo com idade, sexo, estatura, grau de atividade física e peso definidos – no seguinte Quadro podemos observar os valores de ingestão dietética de referência (DRI): Quadro 1 – Intensidade e efeito de diversas atividades sobre o grau de atividade física em adultos Atividade física Equivalência metabólica (MET) ∆ GAF/10 min ∆ GAF/h Atividades diárias Deitar-se quietamente 1 0 0 Deslocar-se de automóvel 1 0 0 Atividade leve enquanto sentado 1,5 0,005 0,03 Regar plantas 2,5 0,014 0,09 Passear com o cachorro 3 0,019 0,11 Aspiração 3,5 0,024 0,14 Realizar tarefas domésticas – esforço moderado 3,5 0,024 0,14 Jardinagem 4,4 0,032 0,19 Cortar a grama 4,5 0,033 0,2 Atividades de lazer: leves Leve caminhada 2,5 0,014 0,09 Canoagem – lazer 2,5 0,014 0,09 Golfe – com carrinho 2,5 0,014 0,09 Dança – de salão 2,9 0,018 0,11 Atividades de lazer: moderadas Caminhada – moderada 3,3 0,022 0,13 Ciclismo – lazer 3,5 0,024 0,14 Ginástica – sem peso 4 0,029 0,17 13 UNIDADE Necessidades Nutricionais para Indivíduos Fisicamente Ativos Atividade física Equivalência metabólica (MET) ∆ GAF/10 min ∆ GAF/h Atividades de lazer: vigorosas Jogar tênis 5 0,038 0,23 Patinação no gelo 5,5 0,043 0,26 Ciclismo 5,7 0,045 0,27 Natação 7 0,057 0,34 Trote 8 0,067 0,4 Corrida 10 0,088 0,53 Pular corda 12 0,105 0,63 Fonte: Adaptado de MAHAN, ESCOTT-STUMP & RAYMOND, 2013 †MET são múltiplos de consumo de oxigênio em repouso de um indivíduo, definidos como a taxa de consumo de oxigênio (O2) de 3,5 mL de O2/min/kg de peso corporal em adultos (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p. 80). O Quadro foi retirado do livro Krause alimentos, nutrição e dietoterapia (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p. 81-84) e relaciona as equações de predição de NEE para pessoas eutróficas – todas as equações foram desenvolvidas para manutenção do peso e dos respectivos graus de atividade física em diferentes populações. Equações de previsão de gasto energético em quatro graus de atividade física† NEE para homens acima de 19 anos (18,5-25 kg/m2 de IMC). NEE = GET NEE = 662 - 9,53 × Idade + AF × (15,91 × Peso [kg] + 539,6 × Estatura [m]) Em que AF = Coeficiente de atividade física. AF = 1 (sedentário). AF = 1,11 (baixo ativo). AF = 1,25 (ativo). AF = 1,48 (muito ativo). NEE para mulheres acima de 19 anos (IMC 18,5-25 kg/m2). NEE = GET NEE = 354 – 6,91 × Idade + AF × (9,36 × Peso [kg] + 726 × Estatura [m]) Em que AF = Coeficiente de atividade física. AF = 1 (sedentário). AF = 1,12 (baixo ativo). AF = 1,27 (ativo). AF = 1,45 (muito ativo). Mulheres com sobrepeso e obesas de 19 anos e mais velhas (IMC ≥ 25 kg/m2). GET = 1.086 - 10,1 × Idade + AF × (13,7 × Peso [kg] + 416 × Estatura [m]) Em que AF = Coeficiente de atividade física. AF = 1 se o GAF estima-se estar ≥ 1 < 1,4 (sedentário). AF = 1,12 se o GAF estima-se estar ≥ 1,4 < 1,6 (baixo ativo). 14 15 AF = 1,29 se o GAF estima-se estar ≥ 1,6 < 1,9 (ativo). AF = 1,59 se o GAF estima-se estar ≥ 1,9 < 2,5 (muito ativo). Homens com sobrepeso e obesos de 19 anos e mais velhos (IMC ≥ 25 kg/m2). GET = 448 - 7,95 × Idade + AF × (11,4 × Peso [kg] + 619 × Estatura [m]) Em que AF = Coeficiente de atividade física. AF = 1 se o GAF estima-se estar ≥ 1 < 1,4 (sedentário). AF = 1,16 se o GAF estima-se estar ≥ 1,4 < 1,6 (baixo ativo). AF = 1,27 se o GAF estima-se estar ≥ 1,6 < 1,9 (ativo). AF = 1,44 se o GAF estima-se estar ≥ 1,9 < 2,5 (muito ativo). AF = 1,45 se o GAF estima-se estar ≥ 1,9 < 2,5 (muito ativo). Índice de Massa Corporal (IMC); Necessidade Estimada de Energia (NEE); Atividade Física (AF); Grau de Atividade Física (GAF); Gasto Energético Total (GET). * IEE é a ingestão energética estimada para manter o equilíbrio energético. †NAF é o nível de atividade física. § IMC é determinado por meio da divisão do peso (kg) pelo quadrado da altura (m) (Institute of Medicine of The National Academies, Food Nutrition Board, 2002). As equações apresentadas no Quadro incluem um coeficiente de AF, o qual possui quatro categorias de acordo com o GAF do indivíduo – sedentário, baixo ativo, ativo e muito ativo. O GAF é a razão entre o gasto energético de repouso e o gasto energético basal – que corresponde à energia gasta durante as atividades do dia a dia. Os sedentários possuem um GAF próximo a 1, o que significa que a energia gasta diariamente é basicamente o gasto energético de repouso. As categorias de GAF po- dem ser observadas no seguinte Quadro (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p. 85). Esses valores foram determinados de acordo com um adulto estrófico caminhando em uma velocidade pré-estabelecida (6 km/h). Dependendo da composi- ção corporal do indivíduo e da velocidade da caminhada os valores podem ser alterados. Quadro 2 – Categorias de grau de atividade física e equivalência de caminhada Categoria de GAF Valores de GAF Equivalência em caminhada aproximada (velocidade de 6 km/h) Sedentário 1-1,39 1 km/dia para GAF = 1,2 Baixo ativo 1,4-1,59 3 km/dia para GAF = 1,5 Ativo 1,6 5,5 km/dia para GAF = 1,6 1,75 10 km/dia para GAF = 1,75 Muito ativo 1,9 15 km/dia para GAF = 1,9 2,2 25 km/dia para GAF = 2,2 2,5 35 km/dia para GAF = 2,5 Fonte: Adaptado de Institute of Medicine of the National Academies, Food Nutrition Board, 2002 No Apêndice 28 do livro Krause alimentos, nutrição e dietoterapia (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p. 1.899) existe uma tabela com o gasto ca- lórico estimado de pessoas com diferentes pesos corporais em diversas atividades e 15 UNIDADE Necessidades Nutricionais para Indivíduos Fisicamente Ativos intensidades . Os equivalentes metabólicos (MET) são considerados uma unidade de me- dida que corresponde ao gasto energético de uma pessoa durante a atividade física. Quando o valor de MET é igual a 1 significa a quantidade de oxigênio metaboliza- do em repouso (3,5 mL de oxigênio/kg/h),podendo ser expresso como 1 kcl/kg/h. Portanto, o gasto energético de um adulto pode ser estimado utilizando os valores de MET (1 MET = 1 kcl/kg/h). Por exemplo, um adulto que pesa 65 kg e caminha em um ritmo moderado por uma hora gasta 214,5 calorias, ou seja: 3,3 (valor de MET) × 65 (peso em kg) × 1 (tempo em horas) = 214,5 Para utilizarmos a equação de NEE descrita no Quadro 2 precisamos identificar o valor de GAF, que de um indivíduo pode sofrer influência de diversos tipos de atividade durante o dia, recebendo o nome de mudança no grau de atividade física (∆ GAF) – tal como representado no Quadro 1. Para calcular o valor de GAF correspondente a um dia, utilizamos a soma das ativida- des por meio dos valores de ∆ GAF (Quadro 1) adicionado do valor de Gasto Energético Basal (GEB), mais 10% do Efeito Térmico do Alimento (ETA) (1 + 0,1 = 1,1): ∆ GAF + GEB + 10%ETA = GAF Por exemplo, calculemos o valor de GAF para uma mulher adulta que: • Caminhou com o cachorro por 1 hora (0,11); • Faxinou a casa por 1 hora (0,14); • Trabalhou em frente ao computador por 4 horas (0,12); • Caminhou moderadamente por 1 hora (0,20); • Dançou por 1 hora e 10 minutos (0,13). No total, o seu ∆ GAF foi 0,7, cabendo esta conta: 0,7 (∆ GAF) + 1 (GEB) + 0,1 (10%ETA) = 1,8 (GAF) Se o GAF dessa mulher é 1,8, fica na escala de pessoa ativa; logo, o seu coeficiente de AF é de 1,27. Tendo consciência do AF, da idade, do peso e da altura de um indivíduo conseguimos calcular o gasto estimado de energia a partir do quadro anterior, vejamos: Mulher ativa, 30 anos, 65 kg, 1,77 m de altura, AF = 1,27: NEE = 354 – 6,91 × Idade (anos) + AF × (9,36 x peso (kg) + 726 × altura (m)) NEE = 354 – (6,91 × 30) + 1,27 × ([9,36 × 35] + [726 × 1,77]) NEE = 2551 Kcal Para calcular a energia dos alimentos precisamos saber do que esse alimento é com- posto. Na seguinte Figura há o valor energético de cada macronutriente – incluindo o álcool – em energia bruta, energia disponível e energia metabolizada: 16 17 Figura 4 – Valor energético dos alimentos Fonte: MAHAN, ESCOTT-STUMP & RAYMOND, 2013 Embora o valor calórico de cada nutriente seja bem conhecido, a maioria dos alimen- tos não é composta por apenas um nutriente. Portanto, para calcular o valor energético do alimento é necessário saber a sua composição e o seu peso. Por exemplo: Um ovo de tamanho médio (50 g) possui 13% de proteínas, 12% de lipídios e 1% de carboidrato, ou seja: • Proteínas: 13% × 50 g = 6,5 g × 4 kcal = 26 kcal; • Lipídios: 12% × 50 g = 6 g × 9 kcal = 54 kcal; • Carboidratos: 1% × 50 g = 0,05 g × 4 kcal = 2 kcal; • Total: ovo médio = 82 kcal. Qual proporção de proteínas, lipídios e carboidratos uma pessoa fisicamente ativa deve consumir? Proteínas A recomendação diária de proteínas para um adulto é de 0,8 g/kg de peso corporal. Durante o exercício pode ocorrer perda proteica por conta do metabolismo energético; entretanto, para a maioria dos indivíduos fisicamente ativos essa recomendação diária ainda é válida. Para atletas esse valor pode ser de duas a quatro vezes maior em períodos de com- posição; contudo, os estudos nessa área ainda são controversos. Ademais, é comprovado que durante os exercícios extenuantes o catabolismo de proteína é aumentado, porém, a 17 UNIDADE Necessidades Nutricionais para Indivíduos Fisicamente Ativos utilização de proteínas para gerar energia nesses casos está mais relacionada à falta de glico- se, já que é aumentada quando o glicogênio é depletado. Esse quadro também é observado em treinamentos de força com intensidade elevada (MCARDLLE; KATCH; KATCH, 2016). Por esse motivo, a recomendação de proteína para atletas de endurance passa a ser de 1,2 a 1,4 g/kg e atletas de resistência podem chegar a valores de até 1,8 g/kg de peso corporal. Lipídios Os lipídios são os macronutrientes que mais variam em termos de porcentagem nas dietas. Por exemplo, nos países orientais os lipídios representam cerca de 10% do total de energia consumida em um dia; já em países ocidentais esse valor pode chegar de 40 a 45%. Os estudos mostram que para manter uma dieta saudável os lipídios não devem exceder 30% do valor energético total diário – dentro dessa classe, 70% devem ser áci- dos graxos insaturados (MCARDLLE; KATCH; KATCH, 2016). Em relação ao exercício não há uma prescrição definida do quanto um indivíduo fi- sicamente ativo deva consumir; entretanto, alguns estudos apontam que para atletas de endurance uma ingestão inferior a 20% pode ser prejudicial para o desempenho. Carboidratos Os carboidratos são os macronutrientes mais importantes para a geração de energia, sem os quais há aumento na depleção de proteínas, de modo que o desempenho cai bruscamente e as chances de ocorrerem infecções oportunistas após as sessões intensas de exercício aumentam exponencialmente. Nos dias atuais nos deparamos com a “criminalização do carboidrato”, tornando-o vilão, de modo que eliminam quase que completamente esse nutriente de suas dietas. Atitudes como essa podem prejudicar a saúde do indivíduo de maneira geral, além de comprometê-lo no esporte (MCARDLLE; KATCH; KATCH, 2016). Para pessoas praticantes de atividade física, a recomendação é de que 55 a 60% da dieta seja composta por carboidratos, o que varia de 6 a 10 g/kg de peso corporal, já que é a partir desse que o glicogênio muscular é estocado, sendo a principal fonte de energia durante os exercícios aeróbios e na recuperação de exercícios resistidos. Os carboidratos complexos são associados com fibras ou outros nutrientes, por isso possuem absorção mais lenta e são liberados aos poucos na corrente sanguínea, o que evita picos de insulina. Para a manutenção da saúde e ingestão diária esse tipo de car- boidrato é o mais recomendado. Já os carboidratos simples estão em sua forma pura; são rapidamente absorvidos pelo organismo e liberam energia de uma forma quase que instantânea. Esse tipo de carboidrato é amplamente utilizado por atletas de endurance durante os treinos e as provas, é uma es- tratégia interessante para manter a glicose sanguínea aumentada, evitando a depleção total do glicogênio muscular e a degradação proteica (MCARDLLE; KATCH; KATCH, 2016). 18 19 Equilibrar a ingestão calórica e o gasto energético total diário é um fator fundamental para indivíduos estróficos que praticam atividade física. Esse balanço energético garante a manutenção da massa magra e do adequado funcionamento corporal de maneira geral, além de melhorar – ou, pelo menos, não piorar – o desempenho na atividade realizada. Como vimos, o exercício físico é o fator que mais altera o gasto energético total diário de um indivíduo, e isso varia de acordo com o tipo de exercício, a sua duração, o sexo e a idade do indivíduo. Portanto, estimar o gasto energético dessa pessoa e as necessida- des nutricionais são aspectos fundamentais para a manutenção de um corpo funcional e do desempenho pessoal. No seguinte Quadro temos alguns exemplos de ingestão de proteínas, lipídios e carboidratos para atletas de ambos os sexos: Quadro 3 – Ingestão dos macronutrientes para atletas de diferentes modalidades Ingestão de energia Proteínas Lipídios Carboidratos kcal g % g % g % Homens Corredores 3170 114 14 116 33 417 52 Triatletas 4095 143 13 127 27 627 60 Maratonistas 3570 128 15 128 32 487 52 Halterofilistas 3640 156 18 155 39 399 43 Jogadores de futebol 4952 170 14 217 39 596 47 Nadadores 5222 166 12 248 43 596 45 Mulheres Corredoras 1931 70 19 60 28 290 53 Corredoras – eumenorreicas* 2489 81 12 97 35 352 53 Corredoras – amenorreicas# 2151 74 13 67 27 344 60 Nadadoras 3573 107 12 164 41 428 48 * eumenorreicas = mulheres com ciclo menstrual regulado; # amenorreicas = mulheres que não menstruam. Fonte: MCARDLLE, KATCH e KATCH, 2016 19 UNIDADE Necessidades Nutricionais para Indivíduos Fisicamente Ativos Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Food prodigy http://bit.ly/2ZajqFULeitura Artigo sobre dobras cutâneas http://bit.ly/2Z6tdg0 Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – Tabela de alimentos http://bit.ly/2GpHHk2 20 21 Referências BAHR, R.; GRØNNERØD, O.; SEJERSTED, O. M. Effect of supramaximal exercise on excess postexercise O2 consumption. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 24, n. 1, p. 66-71, jan. 1992. BUTTE, N. F. et al. Energy requirements during pregnancy based on total energy expenditure and energy deposition. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 79, n. 6, p. 1.078-1.087, june 2004. BYRNE, N. M. et al. Influence of distribution of lean body mass on resting metabolic rate after weight loss and weight regain: comparison of responses in white and black women. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 77, n. 6, p. 1.368-1.373, june 2003. DOBRATZ, J. R. et al. Predicting energy expenditure in extremely obese women. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, v. 31, n. 3, p. 217-227, june 2007. GALLAGHER, D. et al. Small organs with a high metabolic rate explain lower resting energy expenditure in African American than in white adults. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 83, n. 5, p. 1.062-1.067, may 2006. HARRIS, J. A.; BENEDICT, F. G. A biometric study of human basal metabolism. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America , v. 4, n. 12, p. 370-373, dec. 1918. INSTITUTE OF MEDICINE OF THE NATIONAL ACADEMIES, FOOD NUTRITION BOARD. Dietary reference intakes: for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty acids , cholesterol, protein and amino acids. Washington, DC: The National Academies Press, 2002. LEVINE, J. A.; KOTZ, C. M. NEAT – Non-Exercise Activity Thermogenesis – egocentric & geocentric environmental factors vs. biological regulation. Acta Physiologica Scandinavica, v. 184, n. 4, p. 309-318, aug. 2005. MAHAM, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. MCARDLLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. C. Fisiologia do exercício – nutrição, energia e desempenho humano. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. MIFFLIN, M. D. et al. A new predictive equation for resting energy expenditure in healthy individuals. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 51, n. 2, p. 241-247, feb. 1990. POEHLMAN, E. T. Regulation of energy expenditure in aging humans. Journal of the American Geriatrics Society, v. 41, n. 5, p. 552–559, maio 1993. 21
Compartilhar