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Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires O reflexo aprendido: condicionamento pavloviano. Cap 2 • Você começa a suar e a tremer ao ouvir o barulho feito pelos aparelhos utilizados pelo dentista? Seu coração dispara ao ver um cão? Você sente náuseas ao sentir o cheiro de determinadas comidas? Você tem algum tipo de fobia? Muitas pessoas responderiam “sim” a essas perguntas. Mas a maioria delas, até um determinado momento de sua vida, diria “não”. Portanto, estamos falando sobre aprendizagem, sobre um tipo de aprendizagem denominado condicionamento pavloviano. • Capacidade de aprender novos reflexos, ou seja, a capacidade de reagir de formas diferentes a novos estímulos. Durante a evolução das espécies, determinadas respostas a estímulos específicos de seu ambiente foram selecionadas. Condicionamento pavloviano e o estudo de emoções • O condicionamento pavloviano refere-se ao processo e ao procedimento pelos quais os organismos aprendem novos reflexos. • Emoções são, em grande parte, relações entre estímulos e respostas (são, em parte, comportamentos respondentes). Se os organismos podem aprender novos reflexos, podem também aprender a emitir respostas emocionais na presença de novos estímulos • Um reflexo é condicionado a partir de outro já existente • Porque emoções são “difíceis de controlar”. É difícil controlar algumas delas porque são, em parte, respostas reflexa. Generalização respondente • Não podemos falar de um estímulo incondicionado ou condicionado sem fazer referência a uma resposta incondicionada ou condicionada específica • Após o condicionamento de um reflexo, com um estímulo específico, somente esse estímulo específico eliciará aquela resposta. Após um condicionamento, estímulos que se assemelham fisicamente ao estímulo condicionado podem passar a eliciar a resposta condicionada em questão. Esse fenômeno é chamado de generalização respondente Respostas emocionais condicionadas comuns • Da mesma forma que os indivíduos têm emoções diferentes em função de suas diferentes histórias de condicionamento, eles compartilham algumas emoções semelhantes a estímulos semelhantes em função de condicionamentos que são comuns em sua vida Extinção respondente e recuperação espontânea • Após o condicionamento produzido pelo emparelhamento do som à carne, o som de uma sineta passou a eliciar no cão a resposta de salivação. Essa resposta reflexa condicionada (salivar na presença do som) pode deixar de ocorrer se o estímulo condicionado (som) for apresentado repetidas vezes sem a presença do estímulo incondicionado (carne). Quando um estímulo condicionado (CS) é apresentado várias vezes sem o estímulo incondicionado (US) ao qual foi emparelhado, seu efeito eliciador se extingue gradualmente. O CS começa a perder a função de eliciar a resposta condicionada até não mais eliciá-la. Denominamos tal procedimento e o processo dele decorrente de extinção respondente • Para que um reflexo condicionado perca a sua força, o CS deve ser apresentado sem novos emparelhamentos com o US. • A necessidade de se expor ao CS sem a presença do US é a razão pela qual carregamos, ao longo da vida, uma série de medos e outras emoções que, de algum modo, nos atrapalham. • Uma característica interessante da extinção respondente é que, às vezes, após ela ter ocorrido, ou seja, após determinado CS não mais eliciar determinada Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires resposta condicionada (CR), a força do reflexo (magnitude, duração e latência) pode voltar espontaneamente • Recuperação espontânea, ou seja, que o reflexo altura → medo ganhe força outra vez, mesmo após ter sido extinto. Sua força será menor nesse momento: o medo que a pessoa sente é menor do que aquele que sentia antes da extinção. Porém, ao ser exposta novamente ao CS sem novos emparelhamentos com o US, o medo tornará a diminuir, e as chances de uma nova recuperação espontânea ocorrer diminuem Contracondicionamento e dessensibilização sistemática • Dessensibilização sistemática, seria necessário construir uma escala crescente de estímulos de acordo com as magnitudes que produzem, a chamada hierarquia de ansiedade. A hierarquia, portanto, envolveria uma lista de estímulos relacionados a cães, iniciando-se com aquele que eliciasse respostas de medo de menor magnitude e progredindo em escala crescente até o estímulo fóbico original, como, por exemplo: 1 Ver fotos de cães. 2 Tocar em cães de pelúcia. 3 Observar, de longe, cães bem diferentes daquele que atacou a pessoa. 4 Observar, de perto, cães bem diferentes daquele que atacou o indivíduo. 5 Observar de longe cães similares ao animal que atacou a pessoa. 6 Observar de perto cães similares ao animal que atacou o indivíduo. 7 Por fim, interagir com cães similares ao animal que atacou a pessoa. • Após a elaboração da hierarquia de ansiedade, o cliente é exposto a esses estímulos sequencialmente de forma repetida. Quando o estímulo inicial não mais elicia respostas de medo, o indivíduo é submetido ao item seguinte da hierarquia da ansiedade. Desse modo, o cliente será exposto a todos os estímulos da hierarquia até que o último não elicie mais respostas de medo. • A extinção feita com o primeiro item da hierarquia de ansiedade, portanto, resultará em uma diminuição da magnitude da resposta de medo eliciada pelo segundo item, e assim por diante. É esse processo que resulta na extinção gradual característica da dessensibilização sistemática. Uma “palavrinha” sobre condicionamento pavloviano • Costumamos dizer que algumas palavras possuem uma forte carga emocional, isto é, nos fazem sentir emoções boas ou ruins. • “Carga emocional” das palavras pode estar relacionada ao condicionamento respondente. Tendemos a considerar palavras faladas como algo mais do que realmente são. De fato, elas são estímulos como outros quaisquer e, portanto, adquirem suas funções comportamentais • O emparelhamento de algumas palavras com situações que eliciam sensações agradáveis ou desagradáveis pode fazer seus sons passarem a eliciar respostas semelhantes àquelas eliciadas pelas situações em que elas foram ditas. • É comum, por exemplo, que palavras como “feio”, “errado”, “burro” e “estúpido” sejam ouvidas em situações de punição, como uma surra ou reprimenda. Quando apanhamos, sentimos dor, choramos e, muitas vezes, ficamos com medo de nosso agressor. Se a surra ocorre junto com xingamentos (emparelhamento de estímulos), as palavras ditas podem passar a eliciar sensações semelhantes àquela que a agressão física eliciou, e o mesmo pode ocorrer com a audição da voz ou a simples visão do agressor. Fatores que influenciam o condicionamento pavloviano • Em geral, quanto mais frequentemente o CS é emparelhado com o US, mais forte Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires será a resposta condicionada. No entanto, em alguns casos (ingestão de alimentos tóxicos ou eventos muito traumáticos, como um acidente de carro ou um estupro, por exemplo), pode ser que apenas um emparelhamento seja suficiente para que uma resposta condicionada de alta magnitude surja. • Respostas condicionadas mais fortes surgem quando o NS é apresentado antes do US e permanece durante sua apresentação. Quando se inverte essa ordem, ou seja, quando o US é apresentado antes do NS, as respostas reflexas condicionadassão mais fracas ou mesmo há uma menor probabilidade de que ocorra o condicionamento. • Um US intenso tipicamente leva a um condicionamento mais rápido. Por exemplo, um jato de ar (US) direcionado ao olho elicia a resposta incondicionada de piscar. Emparelhamentos de jato de ar com um som fazem a resposta de piscar ocorrer ao se ouvir o som. Nesse exemplo, um jato de ar mais forte levaria ao condicionamento mais rapidamente do que um jato fraco. Novamente, é importante deixar claro que o aumento na intensidade do US não produz respectivos aumentos indefinidamente na força da resposta condicionada. • Para que haja condicionamento, não basta que ocorra apenas o emparelhamento NS-US repetidas vezes. O NS deve ser preditivo da ocorrência do US. Caso o NS seja apresentado muitas vezes sem ser seguido pelo US, o condicionamento será menos provável do que se o NS for seguido pelo US sempre que apresentado. Questões de estudos 1. Um psicólogo de orientação analítico- comportamental recebe em seu consultório João, um engenheiro civil de aproximadamente 40 anos de idade. O cliente, que sempre trabalhou na construção de casas, foi designado recentemente para tocar a obra de um prédio de 20 andares que já está em sua fase final de construção. João relatou que, ao descer do elevador da obra no décimo andar, sentiu-se extremamente nervoso, suas mãos começaram a suar, teve taquicardia e não conseguiu ficar por mais que alguns segundos na laje do pavimento, retornando ao elevador para descer ao andar térreo. Após uma avaliação funcional do caso de João, o psicólogo chegou ao diagnóstico de fobia específica (medo de altura). Baseando-se nesse diagnóstico, o clínico optou por iniciar imediatamente o tratamento de João utilizando uma técnica bastante comum em casos como esse, a qual produz, gradativamente, a extinção dos aspectos respondentes do comportamento-alvo. Essa técnica é chamada de: a. Habituação b. Contracondicionamento c. Dessensibilização sistemática d. Reforço diferencial de aproximações sucessivas e. Extinção respondente 2. Os reflexos podem ser inatos ou aprendidos por meio de condicionamento pavloviano. Os elementos envolvidos nesse condicionamento são, mesmo em textos em português, representados por siglas derivadas de seus nomes no idioma inglês. Em qual das frases a seguir essas siglas estão empregadas corretamente (todas elas)? a. Um US que antes era um CR e não eliciava nenhuma S torna-se um CS depois de repetidos emparelhamentos com o US, que elicia uma CR. Após o emparelhamento, o NS passa a ter a função de CS, eliciando uma CR. b. Um S que antes era um NS e não eliciava nenhuma R torna-se um CS depois de repetidos emparelhamentos com o US, que elicia uma UR. Após o emparelhamento, o NS passa a ter a função de CS, eliciando uma CR. c. Um CR que antes era um NS e não eliciava nenhuma R torna-se um US depois de repetidos emparelhamentos com o CS, que elicia uma CR. Após o emparelhamento, o US passa a ter a função de NS, eliciando uma R. d. Um S que antes era um NS e não eliciava nenhuma R torna-se um US depois de repetidos emparelhamentos com o CS, que elicia uma UR. Após o emparelhamento, o CS passa a ter a função de CR, eliciando uma R. e. Um NS que antes era um S e não eliciava nenhuma R torna-se um US depois de repetidos emparelhamentos com o CS, que elicia uma CR. Após o emparelhamento, o NS passa a ter a função de US, eliciando uma R. Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires 3. No clássico experimento de Watson e Rayner (1920), um som estridente foi emparelhado a um rato. Na fase final desse estudo, após o condicionamento, o som estridente e o rato eram denominados, respectivamente, de a. Estímulo incondicionado e estímulo condicionado b. Estímulo incondicionado e estímulo neutro c. Estímulo neutro e estímulo condicionado d. Estímulo neutro e estímulo incondicionado e. Estímulo condicionado e estímulo incondicionado 4. Apresentações de um estímulo condicionado sem a presença do estímulo incondicionado ao qual foi previamente emparelhado produzem: a. extinção respondente b. Condicionamento respondente c. Sensibilização d. Condicionamento pavloviano e. Habituação 5. No experimento de Watson e Rayner (1920) com o pequeno Albert, a resposta de medo também era eliciada na presença de outros objetos felpudos (fisicamente semelhantes ao rato branco), apesar de esses objetos não terem sido emparelhados a algum estímulo incondicionado ou condicionado. Esse fenômeno é chamado de: a. Extinção respondente b. Discriminação respondente c. Generalização respondente d. Recuperação espontânea e. Técnica de Contracondicionamento
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