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Exercício físico e hipertensão Exercício físico como tratamento não medicamentoso para hipertensos Jennifer Silva de Oliveira Prof. Edwar Santana Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Curso (EFL 0768) – Trabalho de Graduação 17/11/2020 RESUMO A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica de natureza multifatorial caracterizada por níveis elevados de pressão arterial. Essa patologia é responsável pela morbimortalidade de milhares de pessoas ao redor do mundo. No Brasil sua prevalência é de 12 a 35% em diferentes regiões. O presente trabalho faz uma abordagem sobre os aspectos clínicos da HAS e a possibilidade da prática de exercícios físicos regulares como método não medicamentoso no seu controle. Para a composição do presente trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico de artigos científicos nas bases de dados Medline, Pubmed, Scielo, Lilacs e a busca de dados no Google Acadêmico de artigos científicos e adicionalmente a consulta de livros acadêmicos para complementação das informações sobre a prática de exercícios físicos utilizado como método não medicamentoso no controle e/ou auxilio nos quadros de HAS. Como resultados, os estudos nessa temática permitem identificar a HAS como um importante problema de saúde pública. Em relação ao tratamento, os protocolos atuais recomendam principalmente modificações no estilo de vida associado à prática regular de atividades físicas e o tratamento farmacológico com anti-hipertensivos. Conclusão: A atividade física como método não farmacológico no controle da HAS pode favorecer a redução dos medicamentos ou até mesmo sua dispensa total conforme o caso. Palavras-chave: treinamento; hipertensão; saúde. 1 INTRODUÇÃO O avanço da tecnologia e da sociedade moderna permite maior comodidades e confortos para as pessoas. Entretanto, a tecnologia que facilita o dia a dia das pessoas, é a mesma que contribui de forma negativa para o aumento do sedentarismo, devido a diminuição das atividades físicas associadas a uma má alimentação e ao aumento do stress, consequentemente piorando a qualidade de vida e a saúde das pessoas tanto física quanto psicologicamente. O sedentarismo está relacionado direta ou indiretamente às causas ou ao agravamento da maioria das doenças crônicas como hipertensão, obesidade, diabetes, osteoporose entre outras. Mencionar autores Na maioria dos casos, pacientes com hipertensão apresentam excesso de peso e uma vida sedentária. Estudos apontam que em casos de hipertensão o sobrepeso e a obesidade são 65% a 75% que o sobrepeso e a obesidade são fatores responsáveis para o desenvolvimento de hipertensão primária, ou seja, hipertensão de origem desconhecida. Estudos evidenciaram que as populações ativas fisicamente têm menor probabilidade adquirir doenças e situações patogênicas, como a hipertensão arterial, a obesidade, o diabetes mellitus, a dislipidemia, a osteoporose, a sarcopenia, e também ansiedade e depressão. O objetivo do estudo foi verificar os benefícios que a prática regular exercícios físicos para hipertensos como método não farmacológico, assim como os cuidados necessários para a prescrição adequada para esse grupo. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 HISTÓRIA DA MUSCULAÇÃO Segundo Bittencourt (1986), existem relatos históricos que datam do início dos tempos e que afirmam a prática da ginástica com pesos. Na cidade de Olímpia, na Grécia, nas escavações foram encontradas pedras entalhadas à mão permitindo aos historiadores entenderem que pessoas já praticavam atividades com pesos. Há esculturas datadas de 400 a.C que relatam formas harmoniosas de mulheres, mostrando preocupação estética na época. Relatos de jogos de arremessos de pedras datam de 1896 a.C. (BITTENCOURT, 1986). Além disso, paredes de capelas funerárias no Egito relatam que há 4500 anos haviam homens levantando pesos na forma de exercícios (BITTENCOURT, 1986) A história de Milon de Crotona discípulo do matemático Pitágoras (500 a 580 a.C.), seis vezes vencedor dos Jogos Olímpicos, descreve um dos métodos de treinamento mais antigos da humanidade, cujo princípio fundamental e utilizado até hoje, baseia-se na evolução progressiva da carga. Milon treinava com um bezerro nas costas a fim de aumentar a força dos membros inferiores, e quanto mais pesado o bezerro ficava, mais sua força aumentava. (GIANOLLA, 2003) A musculação como forma de competição tem como dado oficial o registro da primeira competição em 1901 em Londres, onde se exibia os músculos. Possivelmente tenham existidos outros campeonatos, mas este é o que parece que deu início oficial ao esporte. Esta competição foi intitulada: "O Físico mais Fabuloso do Mundo" e foi idealizada e realizado por Eugene Sandow (considerado o pai da musculação) e contou com 156 atletas (BITTENCOURT, 1986). Em 1898, iniciou uma revista, “Sandow Magazine”, publicou vários livros, inventou aparelhos e aperfeiçoou antigos, foi um dos primeiros defensores do ensino da Educação Física em escolas, desenvolveu exercícios para reduzir as dores do parto, pediu a empresários que deixassem que os assalariados fizessem um pouco de ginástica por dia, o que talvez sugere que ele seja também o criador da ginástica laboral. Possivelmente foi o primeiro personal trainer da história, pois era professor particular dos Reis Eduardo VII e George V, da Inglaterra (BITTENCOURT, 1986). 2.2 BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DA MUSCULAÇÃO A vida na sociedade moderna e tecnológica é composta por maior conforto e comodidade, entretanto, com menor movimentação corporal, aumentando assim o stress e sedentarismo, comprometendo a qualidade de vida das pessoas (COBRA, 2003). Entre alguns dos efeitos do sedentarismo, podemos destacar a atrofia muscular devido a inatividade, os vícios incorretos de postura, aumento do acúmulo de gordura corporal, a hipertensão arterial, a diabetes e o envelhecimento físico precoce causado pela perda funcional de alguns órgãos (MELLER; MELLEROWICZ, 1987). A musculação praticada de maneira recreativa, proporciona maior sensação de prazer durante a prática, o que facilita em converter o exercício físico em um hábito e estilo de vida, anulando as alterações fisiológicas provocadas pelo sedentarismo e melhorando a saúde e bem-estar. Promove também a redução do stress decorrente do dia-a-dia, oportuniza uma maior interação social, melhora na autoestima, diminuição da ansiedade (CAMARGO, 1989; COBRA, 2003; SANTAREM, 2000). Estudos evidenciaram que as populações ativas fisicamente têm menor probabilidade adquirir doenças e situações patogênicas, como a hipertensão arterial, a obesidade, o diabetes mellitus, a dislipidemia, a osteoporose, a sarcopenia, e também ansiedade e depressão. Consequentemente, diminui a ocorrência de aterosclerose e suas consequências: doença coronariana, doença cerebrovascular e doença vascular periférica (PRAZERES, 2007). O principal elemento que deve ser observado com a prática da musculação é o favorecer o desenvolvimento de adaptações fisiológicas que garantam ao praticante o pleno bem-estar físico, mental e social, permitindo-o desempenhar suas atividades diárias com um máximo aproveitamento e eficiência, sem colocar em risco a integridade física do organismo. “A musculação quando sobre supervisão adequada, representa uma excelente opção para a manutenção da saúde e melhoria da qualidade de vida, pois qualquer indivíduo pode se beneficiar da mesma” (PRAZERES, 2007, p.14), pois terá um protocolo adequado para sua realidade e seus objetivos. Conforme Bossi et al. (2008), a musculação é uma das modalidades de treinamento mais conhecido e praticado. Ela fortalece músculos, articulações e ossos, podendo ser utilizada para ajudara corrigir eventuais desequilíbrios da musculatura, na reabilitação e prevenção de contusões, e também, combater certas doenças. A musculação apresenta benefícios como: manutenção e aumento do metabolismo, diminuição da perda de massa muscular, redução da gordura corporal, diminuição das dores decorrentes de algum problema articular, minimização da ansiedade e da depressão, controle de diabetes, diminuição de riscos de quedas e fraturas, controle da pressão (COUTINHO, 2001; VIEIRA, 1996; NAHAS, 2001). 2.3 HIPERTENSÃO ARTERIAL A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial que consiste no aumento da pressão arterial dos níveis normais para níveis mais elevados quando o indivíduo está em repouso. Num quadro de hipertensão, a pressão sistólica é igual ou maior que 140 milímetros de mercúrio e a pressão diastólica é igual ou maior que 90 milímetros de mercúrio (esses valores variam com a idade do paciente), esta pode ocorrer também quando aumenta o volume de sangue dentro do sistema, seja porque o coração bombeia com maior força ou maior frequência, ou porque os rins não funcionam de maneira adequada, não eliminando assim a quantidade suficiente de líquido (BATISTA et al., 2018). De acordo com Funchal (2004) a hipertensão arterial é uma doença crônica, não transmissível, de natureza multifatorial (estilo de vida, a obesidade, fatores hereditários, fatores de stress e hábitos alimentares), assintomática (na grande maioria dos casos as pessoas não apresentam sintomas) e degenerativa (provoca o comprometimento do coração, cérebro e rins). A hipertensão arterial é um grande fator de risco para doenças provenientes de aterosclerose e trombose, que se manifestam, principalmente, por complicações cardíaco, cerebral, renal e vascular periférico. É responsável por 25% e 40% dos diversos fatores de isquemia cardíaca e dos acidentes vasculares cerebrais, respectivamente. Essa enorme variedade de consequências torna a hipertensão arterial como origem das doenças cardiovasculares e, caracterizando-se, assim, como uma das maiores causadoras da redução da qualidade e expectativa de vida dos indivíduos (FUCHS, 2004). Em estudos publicados por Lima e Costa et al. (2000) e Almeida (2003), relatam que no Brasil, 33% dos óbitos com causas conhecidas são originadas por doenças cardiovasculares. Entre 1996 e 1999, o fator primário de hospitalização no setor público foram essas doenças, e corresponderam por 17% das internações de pessoas com idade entre 40 e 59 anos e 29% com 60 ou mais anos. De acordo com o Ministério da Saúde (2019), ocorreram “34 mortes por hora, 829 óbitos por dia e mais de 302 mil óbitos no ano de 2017”. Esses seriam dados referentes às doenças cardiovasculares no Brasil (infarto, hipertensão, AVC e outras enfermidades), onde o principal fator de risco é a hipertensão arterial, que afeta pelo menos 1 a cada 4 adultos no país. 2.4 PRESCRIÇÃO DE TREINAMENTO PARA HIPERTENSOS A prescrição do exercício ao hipertenso obedece aos princípios gerais de intensidade, frequência e duração, sempre respeitando o princípio da individualidade. A frequência de três a cinco sessões semanais com duração entre 20 e 30 minutos, podendo atingir tempo maior, dependendo do paciente e do tipo de exercício (BAPTISTA et al., 1997). O tratamento da hipertensão arterial pode incluir medidas não medicamentosas e o uso de fármacos anti-hipertensivos, com o objetivo de reduzir a pressão arterial, proteger os órgãos alvo, prevenir doenças cardiovasculares e renais. As medidas não medicamentosas têm apresentado resultados eficazes na redução da pressão arterial, entretanto, acabam sendo limitadas devido à perda de adesão a médio e longo prazo (WEBER et al., 1993; PRAXEDES et al., 2001). Segundo Malachias et al. (2016), o termo exercício físico refere-se à atividade física realizada de forma estruturada, organizada e com objetivo específico. A prescrição do treinamento deve ser cuidadosa pois o aumento súbito da pressão arterial em hipertensos pode gerar lesões e até mesmo rompimento de vasos sanguíneos. Com um acompanhamento médico correto, atividades físicas de média ou baixa intensidade podem facilitar a manutenção de uma pressão sanguínea média (FUNCHAL, 2004). Indivíduos ativos apresentam risco 30% menor de desenvolver hipertensão arterial que os sedentários, e o aumento da atividade física diária reduz a pressão arterial (MATSUSHITA et al., 2010; SARNAK et al., 2005). O hábito de se exercitar regularmente, ajuda na prevenção de doenças cardíacas, visto que o exercício aumenta a oxigenação do organismo, além de criar novos vasos sanguíneos, melhorando a circulação cardíaca (FUNCHAL, 2004). O American College of Sports Medicine (2004) preconiza que a intensidade do exercício para hipertensos sedentários deve ser de 40% a 60% da capacidade funcional máxima, ou seja, exercícios de baixa a média intensidade. Para pessoas com hipertensão com níveis leves e moderados e sem lesões de órgãos-alvos podem se envolver em esportes de maior intensidade e até competitivos. Entretanto, para os que possuem hipertensão grave e comprometimento de órgãos-alvos devem ser instruídos à prática de exercícios de baixa intensidade e proibidos para competições (BAPTISTA et al., 1997). 2.4.1 TREINO AERÓBIO Diversos estudos relatam que a maioria dos hipertensos têm diversos benefícios quando a prática regular de atividade física é do tipo aeróbia (caminhadas, corridas, natação, ciclismo), sob a condição de que as mesmas envolvam grandes grupos musculares. Estes benefícios decorrem da redução direta dos valores pressóricos e do impacto positivo dessa prática sobre outros fatores de risco cardiovasculares. A frequência mínima semanal de treinamento deve ser de três sessões, com duração entre quinze e sessenta minutos com intensidade moderada (TAKATSUJI et al., 2003). O treinamento aeróbico reduz a pressão arterial casual de pré-hipertensos e hipertensos. Ele também reduz a pressão arterial de vigília de hipertensos e diminui a pressão arterial em situações de estresse físico, mental e psicológico. O treinamento aeróbico é recomendado como forma preferencial de exercício para a prevenção e o tratamento da hipertensão arterial (CORNELISSEN et al., 2013; FAGARD, 2011). Todos esses benefícios hipotensores promovidos pelo treinamento aeróbio colocam essa modalidade como primeira opção para auxiliar o tratamento da hipertensão arterial. Sendo assim, em alguns casos, o treinamento pode proporcionar o controle da pressão arterial sem o uso de medicamentos, já em outros, pode haver a redução da dose e/ou da quantidade de medicamentos utilizados (CADE et al., 1984). De acordo com Pescatello et al. (2015), a frequência mais recomendada seria aeróbio preferencialmente todos os dias da semana, com intensidade moderado (40- 60% da FC de reserva). O exercício aeróbico deve ser realizado com duração de 30 a 60 minutos de aeróbio, contínuo ou acumulado (pelo menos 10 minutos seguidos). 2.4.2 EXERCÍCIOS RESISTIDOS DINÂMICOS O treinamento resistido dinâmico reduz a pressão arterial de pré-hipertensos, mas não tem efeito em hipertensos (CORNELISSEN et al., 2013). O treinamento resistido isométrico reduz a pressão arterial de hipertensos, porém os estudos utilizam massas musculares pequenas, havendo necessidade de mais informação antes de sua recomendação. O treinamento resistido dinâmico é recomendado na hipertensão arterial, em complemento ao aeróbico (CARLSON et al., 2014) O comportamento da pressão arterial com o exercício depende de o componente predominante ser estático ou dinâmico. Na forma predominantemente dinâmica temos um aumentodo nível sistólico diretamente proporcional à intensidade do exercício, sem alteração e até com discreta redução do nível diastólico (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2000). Já no exercício predominantemente estático temos um aumento bastante importante dos níveis sistólicos e diastólicos, provocado primariamente pelo aumento da resistência periférica vascular, não sendo incomum valores súbitos acima de 400/250 mm Hg durante exercícios feitos com cargas altas, superiores a 80% de uma repetição máxima (MACDOUGALL, 1985). O trabalho de treinamento resistido com hipertensos deve ser cautelosamente controlado, sendo que as principais recomendações mostradas na literatura científica apontam para a não realização de exercícios com Manobra de Valsalva, nem tampouco de exercícios isométricos. A contraindicação destes tipos de exercícios se deve aos efeitos de aumento súbito e imediato da pressão arterial por eles provocados, o que em pessoas com hipertensão podem gerar lesões e até mesmo rompimento de vasos sanguíneos. A musculação traz benefícios para este grupo quando é aplicada através de exercícios prolongados utilizando cargas leves. O principal benefício é a diminuição da pressão arterial em repouso, o que coloca a prática de exercícios contra resistência como uma aliada no tratamento da hipertensão arterial e, consequentemente, como um agente facilitador da boa qualidade de vida (PRAZERES, 2017). Segundo Pescatello et al. (2015), a frequência indicada do treino resistido dinâmico 2 a 3 vezes por semana, com intensidade entre 60-80% de 1RM, com duração 2 a 3 séries, 10 a 12 repetições, 8 a 10 exercícios para os principais grupos musculares. Tabela 1. Recomendações em relação à atividade física e exercício físico. FONTE: Disponível em < http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/revista/24-1.pdf>. Acesso em 04 set. 2020. 3 MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema nas revistas acadêmicas científicas disponíveis online, utilizando um notebook da marca Positivo. Os artigos foram reunidos e comparados através de uma leitura seletiva com base nos aspectos referentes a qualidade de vida na terceira idade na contemporaneidade. Segundo Gil (2008), uma pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Não se recomenda trabalhos oriundos da internet. As pesquisas dos artigos sobrevieram nas bases de dados da Scielo, Medline, Pubmed, Lilacs e a busca de dados no Google Acadêmico de artigos científicos e adicionalmente a consulta de livros acadêmicos para complementação das informações sobre a prática de exercícios físicos utilizado como método não medicamentoso no controle e/ou auxilio nos quadros de HAS. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A prática regular do exercício físico aeróbio promove importantes adaptações autonômicas e hemodinâmicas que irão influenciar o sistema cardiovascular. Entre essas adaptações, a redução nos níveis de repouso da pressão arterial é principalmente a mais importante no tratamento da hipertensão arterial de grau leve a moderado, visto que através do treinamento físico, é possível para o paciente hipertenso reduzir a dosagem dos seus medicamentos anti-hipertensivos ou até mesmo ter sua pressão arterial controlada sem a adoção de medidas farmacológicas (RONDON; BRUM, 2003). Para que o exercício promova benefícios ao hipertenso deve-se atentar para o tipo, intensidade, frequência e duração do treinamento físico, sendo o exercício dinâmico aeróbico comprovadamente mais eficaz na redução da PA, como apontado por Martelli (2013). A exercício físico realizado regularmente melhora a condição física e a saúde do coração, necessitando ser realizado, no mínimo, três vezes por semana, com duração de pelo menos vinte minutos, ser uma atividade regular, pois quando a mesma é interrompida a condição física tende a piorar rapidamente (PESSUTO; CARVALHO, 1998). Estudos recomendam sessões de 30 a 60 minutos de atividade aeróbia (RONDON; BRUM, 2003). Além das medidas medicamentosas, o tratamento de hipertensão arterial também inclui as medidas não medicamentosas, como a restrição do sal, do fumo, combate ao estresse, redução de peso e do sedentarismo, preferencialmente através da prática regular de exercício físico (BAPTISTA, 1997). Inúmeros estudos recomendam a prática de exercícios físicos como forma de tratamento e controle da hipertensão arterial, pois a redução dos valores pressóricos, mesmo em pessoas com pressão arterial normal, é um importante fator para reduzir o risco de doenças cardíacas, e diversas pesquisas demostram que em uma única sessão de exercícios físicos pode-se observar hipotensão pós exercício (HPE), ou seja, decréscimo temporário na pressão arterial normal após o término do exercício (PESCATELLO et al., 2004; MACDONALD et al., 2000). Se com o treinamento aeróbio há maior captação de oxigênio (VO2 máx.), sendo mais eficiente na prevenção das doenças coronárias, com o exercício resistido há maior força muscular, resistência muscular e aumento da massa magra, colaborando para a manutenção da taxa metabólica basal (TEIXEIRA, 2000). Segundo Neta e Sousa (2012) o exercício resistido é “aquele que agrega maiores benefícios, pois além de contribuir para a redução do controle da pressão arterial, melhora a força, a resistência e a massa muscular, contribuindo desta forma, para a qualidade de vida”. Portanto os exercícios resistidos reduzem a PA em indivíduos hipertensos de forma crônica e aguda (PESCATELLO et. al, 2004; SANTARÉM, 1998; MCARDLE, 1998; FLECK; FIGUEIRA JÚNIOR, 2003). Entretanto, é importante frisar que ainda são necessários estudos aprofundados sobre o tema a fim de elucidar os seus diversos benefícios sobre a pressão arterial. Encontra-se na literatura diversos estudos que trazem o comportamento da pressão arterial em relação aos exercícios aeróbios, e pouquíssimos quando se referem ao exercício resistido (TAYLOR-TOLBERT et al., 2000; QUINN, 2000; PESCATELLO et al., 1999). 5 CONCLUSÃO A hipertensão arterial é descrita como uma doença de natureza silenciosa na maioria dos casos e possui uma ampla lista de fatores de risco modificáveis, como o tabagismo, bebida alcoólica, sedentarismo, obesidade, hábitos alimentares e estresse, e não modificáveis, como a idade, sexo e do histórico familiar do paciente. A prática regular de exercícios físicos proporciona diversos benefícios que se manifestam sob todos os aspectos do organismo, como redução de peso e porcentagem de gordura corporal, melhora do diabetes, diminuição do colesterol total e o favorecimento do controle da pressão arterial. A inatividade física causa o sedentarismo trazendo consequências como o surgimento de doenças como a hipertensão arterial, sendo um fator que propicia inúmeras outras patologias, sendo possível observar atualmente, uma parcela considerável de pessoas sedentárias. É recomendado que os indivíduos hipertensos iniciem programas de exercício físico regular, contanto que submetidos à avaliação clínica prévia. Os exercícios aeróbios já são conhecidamente benéficos ao hipertenso possuindo uma influência tão importante como a de alguns medicamentos anti-hipertensivos. Atualmente os exercícios de força, principalmente a musculação, tornaram-se mais um aliado no tratamento da hipertensão arterial, como complemento à atividade aeróbica. Devemos também levar em consideração a individualidade de cada pessoa para as possíveis variações, prescrevendo de maneira adequada os níveis de intensidade e volume de treinamento para indivíduos hipertensos, agindo de forma fundamental para a melhorade sua saúde de forma de geral. REFERÊNCIAS ALMEIDA, F.F.; BARRETO, S.M.; COUTO, B.R; STARLING, C.E. Predictive factors of in-hospital mortality and of severe perioperative complications in myocardial revascularization surgery. Arquivo Brasileiro de Cardiologia 2003;80(1):41-60. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription. 6 ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2000. BAPTISTA, CLAUDIO et al. Hipertensão arterial sistêmica e atividade física. Rev Bras Med Esporte, Niterói , v. 3, n. 4, p. 117-121, Dec. 1997 . 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