Buscar

Livro Psicologia da Educação (5)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 115 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 115 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 115 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
SIMONE MICOS DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2018 
Curitiba-PR 
Editora São Braz 
 
 
 
2 
 
FICHA TÉCNICA 
 
 
Direção Geral 
Silvio Nobuyuki Akiyoshi 
 
 
Diretor Comercial 
Vagner Cauneto 
 
 
Coordenação do Curso 
Leandra Felicia Martins 
 
Coordenação de Educação a Distância 
Wanderlane Gurgel do Amaral 
 
Projeto Instrucional 
Materson Christofer Martins 
Wanderlane Gurgel do Amaral 
 
Diagramação 
Lucas Conceição Gomes 
 
 
Catalogação na fonte da Biblioteca da Faculdade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Palavra da professora-autora 
 
 
Olá querido, querida estudante! 
Quero lhe dar boas-vindas à disciplina Dificuldades de Aprendizagem Esta 
matéria visa proporcionar um conhecimento sobre os principais conceitos da 
Psicologia e sua correlação com a Educação. 
Mas, lembre-se, é muito importante que você leia atentamente este livro, 
assista às videoaula e faça as atividades propostas, pois, estas são as 
ferramentas pedagógicas que lhe darão suporte para a aquisição dos 
conhecimentos propostos para esta disciplina. 
Espero que possamos fazer um bom trabalho juntos e desejo-lhe bons 
estudos! 
 
Professora Simone Micos dos Santos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Aula 1 – Elaboração do conhecimento em psicologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Olá, seja bem-vindo, seja bem-vinda à primeira aula de “Psicologia da 
Educação”. Nesta aula abordaremos os fundamentos da construção do 
conhecimento em Psicologia e alguns de seus mais importantes autores. 
 
 
Figura 1.1: Alegoria da caverna 
Fonte: © Freepik 
 
Para que possamos refletir, o convido a iniciar seus estudos com a leitura 
de um pequeno trecho da Alegoria da Caverna do filósofo grego Platão (c. 428–
348 a.C.): 
 
“Prisioneiros acorrentados no interior de uma caverna conseguem olhar somente 
uma parede iluminada por uma fogueira, em que ficam visíveis as sombras projetadas 
do mundo fora da caverna. Essas sombras são tudo o que os prisioneiros enxergaram a 
vida inteira. Imagine que um destes prisioneiros sai das amarras que o prendem e é 
obrigado a sair do interior da caverna. Ele veria que as sombras eram na verdade seres 
reais, corpóreos. Perceberia que passou a vida inteira julgando sombras e ilusões, 
desconhecendo a verdade e que se voltasse e contasse a seus companheiros sobre o que 
vira, seria julgado como louco, irracional [...]”. 
 
 
 
 
6 
 
Que nesta aula e, em nossa prática, possamos enxergar para além do que 
nossos olhos podem ver. 
 
1.1 Epistemologia da Psicologia 
A epistemologia é uma das principais áreas da filosofia e tem como 
objetivo estudar a origem, o método e a validade do conhecimento científico. 
Platão exerceu grande influência no pensamento científico ao opor crenças e 
opiniões ao conhecimento, ou seja, para que um conhecimento seja considerado 
válido é preciso que haja um objeto de estudo definido e este passe por análises 
e validações. 
A psicologia foi proposta como ciência por Wilhelm Wundt e William 
James. Segundo José Antônio Damásio Abib (2009) a Epistemologia da 
Psicologia é pluralizada, pois além de contar hoje com inúmeras vertentes 
teóricas, já no momento de sua proposição enquanto ciência, Wundt e James 
apresentavam concepções diferentes de ciência psicológica. 
Wundt e James concordaram com uma coisa: que a psicologia deveria 
ser afastada de temas metafísicos. Mas, para Wundt ela é empírica, ou seja, é 
focada na causalidade psíquica, analisa a experiência a partir da própria 
experiência. Já para James, a psicologia é natural e estuda fatos mentais, 
descrevendo-os e examinando-os em relação com o ambiente físico e as 
atividades cerebrais e corporais que deles decorrem. 
Além de Wundt e James, alguns importantes autores publicaram e 
realizaram estudos que favoreceram a criação da Psicologia. Alguns dos mais 
importantes, são: 
 René Descartes publica As paixões da alma, afirmando que corpo e alma 
são entidades distintas (1649). 
 O filósofo e psicólogo alemão Johann Friedrich Herbart escreve o 
Compêndio de Psicologia, e relata que a mente dinâmica possui um 
consciente e um inconsciente (1816). 
 José Custódio de Faria, nascido em Goa, também conhecido como o Abade 
Faria, investiga a hipnose no livro Da causa do sonho lúcido (1813). 
 
 
7 
 
 O filósofo e teólogo dinamarquês Kierkegaard publica o livro O desespero 
humano e marca o início do existencialismo (1849). 
 O médico e antropólogo francês Pierre Paul Broca descobre que os 
hemisfério esquerdo e direito do cérebro desempenham funções distintas 
(1861). 
 O antropólogo, meteorologista, matemático e estatístico inglês Francis 
Galton sugere em seu livro O gênio hereditário que a criação é mais 
importante do que a natureza (1869). 
 O médico, anatomista, psiquiatra e neuropatologista polonês Carl Wernicke 
demonstra evidências de que danos em áreas específicas do cérebro 
causam a perda de habilidades especificas (1874). 
 O médico e cientista francês Jean-Martin Charcot, que mais tarde 
influenciará os estudos de Sigmund Freud, produz suas Lições sobre as 
doenças do sistema nervoso (1877). 
 O médico e filósofo Wilhelm Wundt abre o primeiro laboratório de psicologia 
experimental na Alemanha (1879). 
 O psiquiatra alemão Emil Kraepelin, ao publicar o Compêndio de Psiquiatria 
(1883), classificou duas formas de psicose: a maníaco-depressiva e a 
demência precoce. 
 O alemão Hermann Ebbinghaus descreveu os primeiros testes de 
inteligência no livro Memória (1885). 
 O psicólogo estadunidense G. Stanley Hall, publica a primeira edição do 
American Journal of Psychology (1887). 
 O psicólogo, psiquiatra e neurologista francês Pierre Janet sugere teoria de 
que a histeria envolve dissociação e divisão de personalidade em 1889. 
 Médico estadunidense, foi um dos fundadores da psicologia moderna, 
William James, um dos pais da psicologia, publica Os princípios da psicologia 
em 1890. 
 O pedagogo e psicólogo francês Alfred Binet abre um laboratório de 
psicodiagnóstico em 1895. 
 
Desde então, a psicologia cresceu e se desenvolveu por meio de 
diferentes abordagens e formas de pensar no ser humano. Em alguns momentos 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicose_man%C3%ADaco-depressiva
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Dem%C3%AAncia_precoce&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Dem%C3%AAncia_precoce&action=edit&redlink=1
 
 
8 
 
estas abordagens mostram-se conflitantes entre si. Estudaremos alguns dos 
importantes autores da psicologia, focando naqueles que apresentaram também 
grande contribuição para a educação. 
 
 1.2 Grandes autores da Psicologia da Educação 
Como pensar na psicologia da educação sem trazer as contribuições dos 
grandes autores sobre o assunto? O que Skinner, Freud e Piaget têm a dizer 
sobre o tema? É importante lembrar que cada autor pensa sua teoria de um 
modo particular e que elas podem ser conflitantes entre si, o que não quer dizer 
que uma esteja errada e outra certa, mas que existem diversas formas de pensar 
uma mesma coisa. Com qual teoria será que você se identifica mais? 
 
Figura 1.2: Atendimento Psicológico 
Fonte: © Freepik 
1.2.1 A psicologia da educação por Freud 
É importante frisar de que o próprio Sigmund Freud (1856–1939) nunca 
publicou nada relacionado claramente à aprendizagem, pois suas preocupações 
se voltavam para o contexto clínico. Mas obviamente, muitos de seus 
 
 
9 
 
ensinamentos se tornaram extremamente úteis para a aplicação prática da 
educação, como em tantos outros campos. 
 
Saiba mais 
Sigmund Freud, médico neurologista, nasceu em Freiberg in Mähren, cidade que 
hoje pertence à República Tcheca. Começou os estudos utilizando a hipnose no 
tratamento de pessoas com histeria, para acessar seus conteúdos mentais. Ao 
perceber a melhora depacientes do médico francês Charcot, elaborou 
a hipótese de que a causa da histeria era psicológica e não orgânica. A partir de 
então elaborou o conceito de inconsciente. Criou ainda um novo método: 
a psicanálise, a cura pela fala, utilizando a interpretação de sonhos e a livre 
associação para acessar ao inconsciente. 
 
Anna Freud, sua filha, procurou mostrar aos educadores a forma como 
Freud pensava o desenvolvimento da criança e investigou o surgimento das 
preocupações que a criança possui e sua curiosidade. Para Sigmund Freud, o 
momento de maior determinação na vida do indivíduo é o momento da 
descoberta da diferença sexual anatômica entre os sexos, que causará diversos 
efeitos em meninas e meninos – tema amplo e denso, que não é nosso objetivo 
principal nesta aula. Mas o que é importante frisar é que ao descobrir a diferença 
sexual, as crianças ficam marcadas por esta e é a partir disto que se marca a 
falta, um dos temas centrais na teoria freudiana. 
Para a psicanálise é a falta (a descoberta da diferença sexual anatômica) 
que irá mover o sujeito e, fazê-lo ir atrás de seu desejo. Sem falta não haveria 
desejo. Mas a falta é também a grande causadora da angústia, que pode se 
tornar insuportável ao sujeito e é por isso que, tanto as crianças quanto os 
adultos irão fazer a sublimação. 
 
Glossário 
A sublimação como mecanismo de defesa é a transformação de impulsos 
indesejados em algo menos prejudicial, por exemplo, desenhar ou escrever pode 
ser uma forma de sublimar instintos reprimidos. 
 
Ao descobrir a diferença sexual anatômica, as crianças passarão a 
investigar questões da sexualidade infantil a fim de mascarar a angústia advinda 
das descobertas e da falta. Em outro tempo, esta investigação é reprimida da 
consciência e a criança passa a exercer certa curiosidade para outros campos, 
sublimando sua angústia para uma pulsão de saber, pois para Freud o saber e 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psican%C3%A1lise
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Interpreta%C3%A7%C3%A3o_dos_Sonhos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Livre_associa%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Livre_associa%C3%A7%C3%A3o
 
 
10 
 
o dominar estariam no mesmo patamar. Desta forma, é possível encontrar uma 
forma de dominar a angústia: o saber! Mas atenção, este saber pode se voltar 
aos mais variados campos. 
Porque é importante saber disto? Para compreender que a criança tem 
em si um impulso de investigação e que a curiosidade pode se apresentar das 
mais variadas maneiras. É importante, portanto, que os professores estejam 
atentos sobre como isto se manifesta na criança, para que não a prive de sua 
vontade de aprender. 
Na psicanálise, não há um percurso pré-fixado do desenvolvimento 
infantil, como ocorre na teoria Piagetiana, por exemplo. Para Freud não há uma 
concepção de que já existe uma programação de como o desenvolvimento 
infantil irá suceder, muito pelo contrário, a criança é ativa no seu próprio 
desenvolvimento, pois é ela quem faz investigações e são estas que a ajudam 
em seu desenvolvimento psíquico. Portanto, existem determinantes que fazem 
com que a criança deseje – por si própria – aprender, mas além disso ela 
necessita de alguém que faço o papel de intermediário na aprendizagem, no 
caso, os professores. 
Para a psicanálise, aprender é um processo no qual um professor ocupa 
para o estudante uma posição que pode ou não propiciar aprendizagem. A 
relação de aprendizagem sempre conta com um outro, mesmo no caso dos 
autodidatas é criada a figura de alguém, em forma de livro ou uma figura 
imaginária. A aprendizagem acontece na relação ensinante–ensinado. Um 
professor só é capaz de transmitir conhecimento se é autorizado pelo estudante, 
esteja ele dizendo a verdade ou não. Quem ouve o professor precisa ter dado a 
este um lugar especial em sua vida. Dessa forma, o mestre ganha papel de 
influência em relação ao estudante. 
Em determinada fase do desenvolvimento, o mestre recebe um afeto que 
antes era dirigido aos pais, um afeto explicado pelo Complexo de Édipo. Kupfer 
(1998) chega a dizer que a relação professor-estudante pode ser vista como uma 
reedição de uma relação afetiva primitivamente ligada à figura paterna. 
Chamamos esta relação de “transferência” e do mesmo modo que um sujeito 
pode transferir a relação com o pai para a figura do psicólogo, pode fazer isto 
também na figura do professor, tudo isso inconscientemente. Quem tem certa 
experiência em salas de aula, sabe que é comum em turmas de crianças 
 
 
11 
 
pequenas que os estudantes se equivoquem e chamem a professora de mãe ou 
o professor de pai, a psicanálise nomeará isto de ato falho, ou seja, um ato que 
evidencia um desejo inconsciente. 
 
Saiba mais 
Para saber mais sobre Complexo de Édipo, leia o artigo Uma Breve 
Compreensão sobre o Complexo de Édipo, disponível em: 
<https://psicologado.com/abordagens/psicanalise/uma-breve-compreensao-
sobre-o-complexo-de-edipo> 
 
 
 
Na transferência com o professor está implicado um desejo que possui 
um sentido especial, pois envolve um vínculo de poder. Este vínculo faz com que 
o estudante seja muito suscetível ao que o professor fala e acredita e pode tornar 
possível que o docente seja impulsionado a abusar deste poder para reprimir e 
rebaixar o estudante, infligindo a ele seus próprios valores e ideias e até mesmo 
destruindo o desejo do estudante e instaurando seu próprio desejo. Este tipo de 
pedagogo não será capaz de aceitar discussões e colocará o estudante no papel 
de objeto e não de sujeito da aprendizagem. 
 
Mídias integradas 
Assista o filme “A Onda” trata-se de um filme alemão de 2008 dirigido por Dennis 
Gansel. Um professor, ao dar aula sobre autocracia, decide fazer um 
experimento em sala de aula, criando um grupo fascista. O experimento perde 
totalmente o controle. O filme exemplifica de forma clara como a relação 
transferencial com um professor pode exercer a influência na vida dos 
estudantes. Para assisti-lo acesse o site: 
<https://www.youtube.com/watch?v=QBKEi8qamKM>. 
 
 
A relação professor e estudante é complicada, pois cada um tem seu 
próprio desejo inconsciente. O professor dá aula devido a um desejo de ensinar, 
mas deve abrir mão, em partes, deste desejo para que permita ao estudante ser 
sujeito de sua própria aprendizagem. As crianças são curiosas, mas sua 
curiosidade é espontânea e não sistemática, o professor deve trabalhar com 
essa curiosidade para formar a aprendizagem. 
Assim como no tratamento analítico, a educação age sem poder prever 
qual efeito será gerado em seus estudantes. 
 
 
12 
 
Para Kupfer (1998), o importante não são os conteúdos ensinados, pois 
estes são somente a ponta do iceberg. A autora ainda evoca uma questão 
importante, que deve ser pensada e repensada por todos os professores: 
 Como usar o controle e ao mesmo tempo renunciar dele em sala de aula? 
 Como manter o respeito diante dos estudantes, mas sem interferir na 
subjetividade deles? 
 
As respostas para estas perguntas devem advir da busca de cada 
professor, o caminho precisa ser trilhado por cada um, porque a resposta não 
está dada, a pergunta é um start para que cada um possa trilhar e seguir sobre 
seu próprio caminho, mas sempre respeitando seu próprio desejo e o desejo do 
outro. 
Os professores guiados pela psicanálise precisam estar cientes de que os 
estudantes darão mais importância para aquilo que lhes for conveniente e não o 
que for conveniente a ele, pois cada indivíduo conta com sua própria 
subjetividade. Permitir isto aos estudantes é essencial para que o sujeito se 
desenvolva intelectual e pessoalmente. A subjetividade de cada um processa o 
ensinamento e cria novos conhecimentos. Quando o professor nega o poder que 
lhe é dado, preserva a essência do estudante e permite a este conquistar a 
própria autonomia. 
Desde a formação do professor até a imagem que a sociedade constituiu 
sobre este profissional,percebemos a idealização dele como um ser humano 
especial, que não comete falhas e, sua imagem está vinculada a uma ação 
maternal e sacerdotal. Se todos somos seres faltantes, como podem os 
professores não o serem? A história construiu essa imagem para os 
professores, de forma que esses são vistos como modelo para uma humanidade 
tão faltante, mas o problema é que conviver com este estereótipo constitui 
grande carga para estes profissionais, quando se sentem envergonhados, por 
exemplo, ao não saberem algo. Ao negar esta falta, os professores podem 
acabar abusando de seu poder e reprimindo questões de seus estudantes, por 
medo de não darem conta do conteúdo. Neste processo, tanto o professor 
quanto o estudante perdem, pois, a relação de aprendizagem é bilateral, os dois 
podem usufruir de novos conhecimentos. 
 
 
13 
 
Para estabelecer uma relação de aprendizagem mais próxima do ideal é 
importante que os professores “deem conta de não dar conta”, que saiam do 
lugar da onipotência para o lugar de claudicante, assim tanto o professor quanto 
o estudante poderão constituir uma relação mais serena com a aprendizagem. 
É difícil também para o professor dar conta deste lugar que a sociedade lhe 
confere, mas, mais difícil ainda é abdicar dele, pois seria uma forma de mostrar 
sua falta e, como a psicanálise nos ensina, o ser humano está sempre buscando 
negar sua falta. 
Para a psicanálise, o material ensinado trabalha aquele que ensina e 
aquele que aprende, nenhum dos dois está isento das ebulições que aquele 
conteúdo poderá desenrolar em sua subjetividade. 
A transmissão, seja ela qual for, é sempre de um “saber que não se sabe”, 
não se sabe no sentido que não é dado por completo, irrefutável e imutável. 
Nossa relação com o conhecimento precisa estar sempre com possibilidade de 
mudança, reflexão e reestruturação. Dessa forma, a constituição de um saber 
por aquele que aprende passa por processos que aquele que ensina ignora e, a 
construção daquele que ensina precisa dar conta de admitir que não é possível 
saber a totalidade. A transmissão não é de conhecimento, mas de algo que toca 
o sujeito. Quando o professor se coloca em uma posição de detentor de todo o 
saber, acaba por transmitir um conhecimento que não possui. Para Freud, o 
ensino é um ato. Uma ética. 
 
1.2.2 A psicologia da educação por Skinner 
 
 
14 
 
 
Figura 1.3: Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) 
Fonte: Silly rabbit / Wikimedia Commons 
 
 
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), psicólogo estadunidense, foi o 
fundador da análise do comportamento, também conhecida como behaviorismo. 
Baseou seus estudos no trabalho do fisiologista russo Ivan Pavlov (1849-1936) 
e do psicólogo estadunidense John B. Watson (1878-1958). Para Watson, todo 
comportamento de interesse é aprendido e para que possamos visualizá-lo é 
necessário analisar seus antecedentes. 
O cerne da teoria behaviorista é o conceito de comportamento operante, 
que é caracterizado por um comportamento voluntário, do qual as 
consequências serão determinantes sobre a probabilidade de sua ocorrência. 
O processo de condicionamento operante pretende condicionar 
determinada resposta em um indivíduo, podendo ser a fim de aumentar sua 
ocorrência ou até mesmo extingui-la. 
Quando o desejo é aumentar a probabilidade de uma resposta 
apresentam-se reforços toda vez que o sujeito emite a resposta adequada. Um 
estímulo só é reforçador se aumentar a possibilidade de o comportamento 
acontecer e, será positivo quando algo é apresentado ao indivíduo, ou negativo 
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Silly_rabbit
 
 
15 
 
quando algo é retirado. Essa diferença marca que reforçador não é sinônimo de 
recompensa. 
 Um exemplo de reforçador positivo em sala de aula é quando o 
professor insere o uso de jogos, atividades lúdicas, ou qualquer outra técnica 
que favoreça a aprendizagem dos estudantes. Este reforçador aparece para que 
os sujeitos se sintam cada vez mais dispostos a repetir tal comportamento. Já o 
reforçador negativo, envolve a retirada de algo do ambiente, como, por exemplo, 
uma criança não faz as atividades e passa horas jogando videogame, então a 
mãe o proíbe de jogar até que todos os exercícios estejam prontos e a criança 
passa então a realizar suas tarefas. 
Ocorre, muitas vezes, em sala de aula, o uso da punição. A punição 
acontece da seguinte forma: o professor pretende extinguir um comportamento 
e toda vez que o estudante emite tal comportamento ele é punido pelo professor. 
A punição pode ser também positiva ou negativa, quando se apresenta ou retira 
um estímulo, respectivamente. O próprio Skinner fazia várias ressalvas quanto 
ao uso da punição, principalmente em ambiente escolar, pois esta pode 
apresentar efeitos colaterais nocivos ao sujeito. 
É importante enfatizar a diferença entre o reforço negativo e punição. O 
reforço negativo é a retirada de uma condição negativa para reforçar um 
comportamento, enquanto que a punição é apresentar ou retirar um estímulo 
para enfraquecer um comportamento. 
A aprendizagem é uma mudança na possibilidade de determinada 
resposta, mas o que afirma a execução de um comportamento não é a execução 
em si. Skinner acredita que o foco não está na ação do estudante, mas nas 
contingências das quais o comportamento é função. A contingência de reforço 
possui três variáveis: 
1) a ocasião em que o comportamento ocorreu; 
2) o comportamento em si; 
3) as consequências deste comportamento. 
Para Skinner, um dos grandes problemas da aprendizagem está em criar 
condições que sejam favoráveis para as consequências do comportamento, 
portanto, os professores devem arranjar contingências, fornecendo situações em 
que fique claro o que deve ser observado e adquirido enquanto experiência, para 
que assim o sujeito possa exercitar os comportamentos ensinados. 
 
 
16 
 
Para que um reforço ocorra, é importante que a consequência ocorra logo 
após do comportamento emitido. Portanto, o papel dos professores em sala de 
aula envolve a montagem de um ambiente que estimule e propicie a 
aprendizagem do estudante. 
Os professores devem se questionar sobre os reforçadores que serão 
utilizados e de que forma estão dispostas as contingências de reforço, tornando 
a estratégia de ensino mais eficaz. Após a aquisição de um comportamento, 
Skinner ressalta a importância de que exercícios que repitam a emissão sejam 
feitos, para que o estudante possa fazer a manutenção e fixação de seu próprio 
conhecimento. 
Quando se fala sobre o Behaviorismo e aprendizagem é importante 
também diferenciar os conceitos de modelação e modelagem. Modelação é um 
aprendizado que tem origem na herança cultural, por exemplo, sabemos que 
precisamos nos vestir para sair de casa e que não podemos colocar a mão no 
fogo. Ou seja, aprendizagem por modelação é aquela que atua nos níveis 
básicos de sobrevivência e da convivência em sociedade. 
Já a aprendizagem por modelagem é aquela que ocorre através de 
reforçamentos progressivos de uma ação, até que aquilo se torne um novo 
comportamento, por exemplo, o bebê percebe que a mãe espera dele algum tipo 
de comunicação e balbucia, a mãe se alegra com a nova conquista – o que age 
como reforçador – e o bebê passa então a emitir novos sons até conseguir dizer 
sua primeira palavra. 
O comportamento de incentivo da mãe agiu como reforçador e o bebê, 
através de tentativas sucessivas, estabeleceu um novo comportamento: a fala. 
Podemos pensar no mesmo em sala de aula, a própria alfabetização, por 
exemplo, é adquirida através do processo de modelagem. 
 
 
 
 
17 
 
1.2.3 A psicologia da educação por Piaget 
 
 
Figura 1.4: Jean Piaget 
Fonte: © Unidentified (Ensian published by University of Michigan) / Wikimedia Commons 
 
 
O modelo de educação segundo a teoria piagetiana baseia-se na 
aprendizagem ativa do estudante. Para o autor, é precisoque a criança organize 
suas próprias atividades, com um objetivo mais ou menos preciso (o que pode 
ser visto como “perda de tempo” para alguns professores). Quando o professor 
apresenta verdades estruturadas ao estudante para “ganhar tempo”, o estudante 
perde a oportunidade de realizar suas próprias tentativas e estruturar seu 
conhecimento. 
Para Piaget, o ideal seria que os professores adaptassem o material 
escolar em função do caminho percorrido por cada estudante, mas, para isso é 
necessário compreender a criança e observá-la. A tese piagetiana acredita que 
 
 
18 
 
o desenvolvimento cognitivo é marcado por etapas que caracterizam estruturas 
mentais diferentes. Em cada uma destas etapas, a criança compreenderá e 
resolverá os problemas de forma diferente e, por isso, é importante entender em 
que etapa está cada criança (o diagnóstico pode ser obtido por meio do uso das 
provas piagetianas). 
Cada estrutura tem seu momento próprio para aparecer. A interação 
adequada com o ambiente proporcionará que ela possa ser utilizada em sua 
plenitude. Caso determinada capacidade não seja estimulada em certo 
momento, acarretará a necessidade de maior esforço por parte do indivíduo 
posteriormente. 
Embora a sequência de desenvolvimento seja igual para todas as 
crianças, a cronologia poderá ser variada para cada um. Por exemplo, três 
crianças de 5 anos, podem estar em etapas de desenvolvimento diferentes. 
É importante que o professor avalie a melhor forma de aprendizagem para 
o estudante. É comum que o professor não alcance sucesso ao ensinar 
determinada matéria e isto pode se dar pelo fato de que, talvez, este professor 
esteja ensinando da maneira que lhe parece mais simples, mas como cada um 
possui uma maneira de aprender, talvez aquela não seja a maneira mais 
adequada para tal estudante, pode ser que para ele a solução seja outra. É 
importante perceber como está o aprendiz em seu processo de desenvolvimento 
e também o que é necessário fazer para que ele progrida. 
Para que uma criança aprenda, ela precisa compreender o conteúdo. O 
professor não pode se contentar com simples automatismos. Uma aprendizagem 
compreensiva necessita que o professor conheça o processo de pensamento do 
estudante e lhe ofereça questionamentos interessantes para que o estudante 
possa explorar a questão para além da explicação dos professores. 
O ensino precisa ser um facilitador do processo de desenvolvimento, não 
um acelerador e nem uma barreira. Adquirindo o conhecimento de cada etapa, 
a criança será capaz de aprendizagens mais complexas adiante, mas é preciso 
que o estudante tenha seu tempo respeitado. Não é suficiente conhecer a 
resposta do estudante, é preciso entender o caminho percorrido por ele para 
chegar até ela. 
Piaget sugere que há quatro estágios nos quais os sujeitos evoluem na 
aquisição de conhecimentos, de um estado de total desconhecimento até a 
 
 
19 
 
capacidade de conhecer o que ultrapassa aquilo que está a sua volta. Estão 
listados a seguir os estágios: 
 
1) Estágio sensório-motor - é o estágio do nascimento até 
aproximadamente os dois anos de idade. Nele, o indivíduo atinge um 
nível de equilíbrio biológico e cognitivo que permite constituir uma 
estrutura linguística, propriamente conceitual. O campo da inteligência 
da criança se aplica a situações concretas e há o desenvolvimento da 
coordenação e relação entre ordem e ação, além da diferenciação 
entre objetos e o próprio corpo. 
2) Estágio pré-operatório - acontece entre os dois até os seis/sete anos. 
Neste estágio, as crianças reproduzem imagens mentais e usam seu 
pensamento intuitivo para se expressar em uma linguagem 
comunicativa mais egocêntrica. O pensamento está ligado a elas 
mesmas. 
 
3) Estágio operatório concreto - presente entre os seis/sete anos até 
os onze/doze anos. Aqui as crianças já são capazes de aceitar o ponto 
de vista de outras pessoas e de levar em conta mais de uma 
perspectiva. Representam transformações e também situações 
estáticas. Desenvolvem noções de agrupamento, reversibilidade e 
classificação. Conseguem realizar atividades mais concretas, mas que 
não exijam abstração. 
 
4) Estágio das operações formais - fase presente entre os onze/doze 
anos até a vida adulta. É quando ocorre a transição para o modo adulto 
de pensar. Durante esta fase, o indivíduo se torna apto a raciocinar 
sobre hipóteses e ideias abstratas. A linguagem tem papel 
fundamental, pois serve de suporte conceitual. 
 
 
20 
 
 
Figura 1.6: Estágio das operações formais 
Fonte: © Freepik 
 
Independente do estágio em que o ser humano se encontra, a aquisição 
de conhecimentos ocorre na relação entre sujeito e objeto. Esta se dá por 
processos de assimilação, acomodação e equilibração, em um desenvolvimento 
mútuo e progressivo. A equilibração acontece por meio de sucessivas situações 
de equilíbrio – desequilíbrio – reequilíbrio que visam dominar o objeto do 
conhecimento. 
A psicologia se estabeleceu como ciência por meio dos estudos de Wundt 
e James. Já em seu nascimento, fica marcada por uma bifurcação de ideias, pois 
seus idealizadores a pensam de forma diferente. Até hoje, é possível notar uma 
grande pluralidade de pensamentos nesta área do conhecimento, fazendo com 
que haja um grande número de linhas teóricas – muitas vezes, discordantes 
entre si – e que enxergam o ser humano de forma particular. 
Seria possível explorar diversos autores da psicologia, mas optei por 
apresentar a visão de três importantes nomes, que traduzem em sua fala uma 
grande correlação com o campo da educação, para que possa ser mais 
proveitoso a você, estudante! Portanto, nesta aula foram citados: Freud, Skinner 
e Piaget e suas respectivas teorias. 
 
Atividade de Aprendizagem 
1. Em sua obra “O desespero humano” Kierkegaard se opõe às ideias da época 
e aponta que mais importante do que buscar uma verdade única que explique o 
 
 
21 
 
universo, é buscar verdades que sirvam para cada um de nós e dessa forma, a 
nossa existência poderá ser construída. Por meio desta publicação, ele foi 
considerado como o pai do existencialismo. Mediante isso, responda, como esta 
obra influenciou a construção da psicologia como um saber? 
2. Pierre Paul Broca e Carl Wernick fizeram importantes descobertas em relação 
ao cérebro humano e são apontados como importantes influenciadores da 
psicologia moderna. Broca descobriu que os hemisférios, esquerdo e direito 
possuíam funções diferentes e Wernick apontou que lesões em diferentes locais 
do cérebro afetariam de forma especifica o desenvolvimento do indivíduo. Como 
as descobertas destes cientistas afetaram e continuam afetando a psicologia e 
a neurociência? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Aula 2 – O que é psicologia? 
 
Fonte: © Freepik 
Link da imagem: http://br.freepik.com/fotos-gratis/modulo-homem-face-partes-psicologia-
itens_668650.htm#term=psychology&page=5&position=13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
Olá estudante! Vamos dar sequência ao estudo da Psicologia da Educação. 
Como já vimos na aula anterior, não é simples definir o que é psicologia e qual 
o seu objeto de estudo. O motivo para não termos uma única definição para a 
psicologia é a grande diversidade de linhas teóricas. Cada linha tem sua própria 
visão sobre o ser humano e o objeto de estudo da psicologia. Vamos entender 
melhor como isso funciona? 
 
 
 
 
Figura 2.1: Psicologia e educação 
Fonte: © Freepik 
https://br.freepik.com/fotos-gratis/3d-rendem-de-uma-cabeca-masculina-e-do-cerebro-com-
parafusos-de-clareamento_1023261.htm#term=cerebro&page=3&position=26 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
2.1 O conceito de psicologia 
O conceito de psicologia pode ser definido das mais variadas formas de 
acordo com cada teoria, portanto, cabe a nós realizar uma aproximação do 
conceito, buscando encontrar o que de essencial ela apresenta e estuda. 
Psicologia é a uniãodas palavras gregas psyche e logia, sendo que 
psyche significa alma ou mente e logia pode ser entendido como estudo. Dessa 
forma, nossa primeira conclusão é de que a Psicologia é o estudo da mente ou 
o estudo da alma. 
O fato de que os conceitos de “mente” e “alma” são bastante abstratos, 
nos deixa ainda com dúvidas sobre qual o real objeto de estudo desta ciência. 
Mas de que outra forma poderia ser, se a psicologia trata exatamente dos 
conteúdos mais íntimos e profundos que existem em cada um de nós? Daquilo 
que tentamos, o tempo todo, não tomar consciência? 
Para que nossa aproximação do conceito de psicologia fique ainda mais 
sólida, falaremos rapidamente sobre algumas das principais linhas teóricas e 
autores importantes. Gostaria de pontuar, que devido ao curto tempo, essas 
ideias serão passadas de forma resumida e pouco aprofundada. Cabe a você 
estudante, aprofundar-se em alguma, caso possua interesse! 
 
Muitas das ideias que serão vistas a seguir serviram de base para atuais 
linhas teóricas e outras permaneceram como abordagens altamente utilizadas. 
Algumas das abordagens teóricas atuais mais conhecidas e utilizadas, são: 
Behaviorismo, Psicologia cognitivo-comportamental, Gestalt, Psicodrama, 
Psicanálise, Psicologia Analítica e terapias humanistas, entre outras. 
 
 
 
 
25 
 
2.2 Principais pensadores da Psicologia e seus temas de estudo 
2.2.1 Ivan Pavlov (1849–1936) - condicionamento clássico 
 O fisiologista russo Ivan Pavlov realizou experimentos com cães, quando 
os níveis de saliva dos mesmos eram medidos por meio de dispositivos inseridos 
cirurgicamente, percebeu que os cães não salivavam somente ao receber 
comida, mas também ao sentir seus cheiros e enxergá-las. Salivavam também 
com a simples chegada dos cuidadores. Sua teoria e experimentos consistem 
em: um estímulo incondicionado (comida exposta aos cães) pode provocar um 
reflexo incondicionado (salivar). 
Se este estímulo é seguido por um estímulo neutro (toque de um sino), 
desenvolve-se um reflexo condicionado, ou seja, com o tempo, bastará somente 
o toque do sino para que os cães começassem a salivar. Um estímulo 
incondicionado à um estimulo neutro provoca um estimulo condicionado. 
A teoria de Pavlov permitiu que Watson comprovasse a ocorrência de 
condicionamento clássico com humanos e mais tarde, serviu de suporte para a 
teoria de Skinner, já mencionado na última aula, que realizou experimentos com 
ratos, condicionando-os a se comportar de maneira especifica. 
 
 
 
2.2.2 Edward Thorndike (1874–1949) - conexionismo 
Realizou seus estudos aproximadamente na mesma época que Pavlov e 
é considerado por muitos o primeiro psicólogo behaviorista (apesar de o termo 
não existir em sua época). Estudava os processos de inteligência e 
aprendizagem de animais e percebeu que quando um animal reage a um 
estímulo, ocorrem duas possibilidades: 
a) o resultado pode ser compensatório (por exemplo: conseguir escapar) 
e isso faz com que a resposta seja fortalecida; ou 
b) o resultado pode ser infrutífero (por exemplo: não consegue escapar) e 
isso faz com que a resposta seja enfraquecida. Ou seja, as reações 
 
 
26 
 
compensatórias serão internalizadas pelo sujeito e as reações infrutíferas serão 
suprimidas. 
Esta descoberta foi chamada por ele de lei do efeito. Sua descoberta 
construiu os fundamentos da teoria behaviorista e mais tarde Skinner formulou 
o conceito de ”condicionamento operante”, o cerne do behaviorismo. 
 
2.2.3 Sigmund Freud (1856–1939) - Psicanálise 
Um dos conceitos principais desta complexa teoria é o de inconsciente. 
Para Freud, tudo aquilo que é demasiadamente inapropriado ou doloroso é 
reprimido e armazenado no inconsciente, ou seja, não é possível ser acessado 
pela consciência (ser relembrado pelo indivíduo), mas continua a exercer 
influência nos atos e até mesmo no corpo do sujeito (por exemplo: enxaquecas 
causadas por estresse/angústia/ansiedade). É comum ouvirmos pessoas 
falando “não sei porque continuo repetindo o mesmo erro” e Freud diria que isto 
acontece por manifestações do inconsciente e que o sujeito que faz análise 
(psicanálise) tem a possibilidade de se “libertar” destes sintomas. 
O autor divide as estruturas psíquicas em: neurótico (subdividida em 
neurótico obsessivo e neurótico histérico), perverso e psicótico. 
Neurótico é aquele que foi inserido no mundo ao passar pelo Complexo 
de Édipo e pela castração e tem como sintoma o recalque. Para que fique mais 
claro (de forma resumida): ao nascer, a criança acha que é o objeto de amor total 
da mãe, mas com a entrada do pai na relação (Complexo de Édipo), descobre 
que é faltante e “castrada”, ao perceber que a mãe tem outros objetos de amor. 
Fica marcada por esta castração (ou falta) e então desenvolve o sintoma do 
recalque, ou seja, passa a reprimir conteúdos, como o conteúdo edipiano, para 
seu inconsciente. 
Para o autor, o neurótico seria aquele “mais adequado” ao mundo, de 
certa forma. O perverso é aquele que passa pelo Complexo de Édipo, mas nega 
sua castração, ou seja, nega que não é o objeto total de amor da mãe e no caso, 
nega sua falta. Portanto, os perversos são conhecidos como manipuladores e 
não conseguem enxergar nenhum tipo de falta em si mesmos, seu sintoma é o 
fetiche (observação: geralmente, os serial-killers se encaixam nesta estrutura e 
 
 
27 
 
não na psicose, como alguns costumam achar). Por fim, os psicóticos são 
aqueles que não passaram pelo Complexo de Édipo, muito menos pela 
castração e desta forma, não são inseridos no mundo das palavras e tem o 
delírio como sintoma. 
 
Glossário 
Fetiche - objeto a que se atribui poder sobrenatural ou mágico e se presta 
culto; objeto inanimado ou parte do corpo considerada como possuidora de 
qualidades mágicas ou eróticas. 
 
Note, o trauma causado pela castração (trauma de ser faltante) é 
exatamente aquilo que nos “amarra” ao mundo, ou seja, sem este trauma o 
indivíduo não se constitui como sujeito de linguagem. A fim de facilitar o 
entendimento, tomo o seguinte verso de Carlos Drummond de Andrade (1902–
1987): 
Abrir box 
No meio do caminho tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
tinha uma pedra 
no meio do caminho tinha uma pedra. 
Fechar box 
 
O que Drummond nos ajuda a compreender é: será que se não houvesse 
uma pedra no caminho, eu saberia que estou no caminho? De alguma forma, é 
pela pedra que o caminho existe e se faz visto. Utilizando esta metáfora, 
podemos compreender que é o trauma da castração que nos permite sermos 
inseridos no mundo. 
O autor também desenvolveu conceitos, como repetição, transferência, 
Complexo de Édipo, entre outros, mas devido a magnitude de sua obra, o estudo 
de sua teoria leva anos para ser realizado, sendo considerado pelos 
psicanalistas como um estudo que nunca tem fim, pois há sempre algo a se 
aprender com a teoria de Freud. 
 
 
 
 
28 
 
2.2.4 Alfred Adler (1890–1937): Psicologia individual 
Para Adler, o ser humano carrega consigo um sentimento constante de 
inferioridade, ou seja, todas as crianças sentem-se inferiores por estarem 
rodeadas de pessoas mais fortes e inteligentes. Este sentimento as motiva a 
tentarem agir e conquistar coisas, aqui há dois caminhos possíveis: ou o 
indivíduo obtém sucesso e abranda os sentimentos de inferioridade, mantendo 
uma psique equilibrada e desenvolvendo-se com confiança, ou o sucesso não 
abranda os sentimentos de inferioridade, formando uma psique desiquilibrada e 
desenvolvendo um complexo de inferioridade. Adler chamou de “compensação” 
a vontade de superar seus limites e dificuldades. 
 
2.2.5 Carl Jung (1875–1961) - psicologia analítica (variação da Psicanálise) 
Jung se interessa pelos trabalhos de Freud e os dois começam a se 
corresponder. Apesar da grande afinidade e concordância entre as ideias dos 
dois, ocorre um rompimento, por Jung não aceitar a centralidade que Freuddá 
para a sexualidade em sua teoria. Jung formula a teoria analítica, que lembra 
muito a psicanálise em alguns pontos. 
Para Jung, existe em nós um inconsciente coletivo, formado por 
arquétipos. O autor acreditava que muitos mitos e símbolos eram semelhantes 
nas mais variadas culturas e épocas, por serem resultantes do conhecimento e 
experiências que compartilhamos enquanto espécie e que esse conhecimento é 
preservado no inconsciente coletivo, sob formas de arquétipos. Os arquétipos 
agem como modelos que nos ajudam a organizar determinados padrões 
comportamentais e a compreender o mundo. 
 
Glossário 
Arquétipo - o modelo que se utiliza como exemplo para; padrão: a Madre Teresa 
de Caucutá é o arquétipo da bondade. 
 
 
2.2.6 Fritz Perls (1893–1970) - Gestalt-terapia 
 
 
29 
 
O autor acredita que a verdade só pode ser tolerada se descoberta por 
conta própria, pois as pessoas acreditam que seu ponto de vista em relação ao 
mundo é uma verdade objetiva, mas é a nossa percepção que configura as 
experiências, dessa forma, é possível alterar nossa realidade interna e até 
mesmo externa, descartando valores que nos são atribuídos pela sociedade e 
pela família, para assim descobrir nossos verdadeiros valores próprios e 
construir nossa própria “verdade”. 
A Gestalt-terapia usa a experiência, percepção e responsabilidade 
individual para incentivar o crescimento pessoal por meio de um senso de 
controle interno. O sujeito precisa assumir responsabilidade por seu modo de 
agir e reagir. Perls disse certa vez que “quem precisa que os outros lhe deem 
incentivos, elogios e tapinhas nas costas, faz dos outros os seus juízes”. 
 
2.2.7 Donald Winnicott (1896–1971): Psicanálise 
Influenciado pelas ideias de Freud e Melanie Klein, Winnicott publicou 
muitos estudos e segue como um importante autor da psicanálise. Cabe aqui 
frisar, que dentro da psicanalise, existem várias vertentes, pois há divergência 
entre alguns pontos da teoria psicanalítica entre autores como Freud, Winnicott, 
Lacan, Klein etc. 
No início de sua carreira, Winnicott trabalhou com crianças separadas de 
suas famílias por conta da Segunda Guerra Mundial (1939–45) e pode observar 
que crianças vindas de situações de negligência e abuso temem não serem 
amadas pela família adotiva e como defesa, reagem com ódio, evocando 
também o ódio nos pais. Se os pais forem capazes de reconhecer e tolerar esse 
sentimento, a criança adotada entende que pode ser amada e conseguirá formar 
laços afetivos fortes. 
Winnicott é realista e pragmático em sua teoria: ele se recusa a acreditar 
no ideal de família perfeita ou em que algumas palavras gentis sejam capazes 
de apagar horrores da vida de alguém. Convida a todos a encarar a verdade 
pura com honestidade e coragem. 
 
2.2.8 Jacques Lacan (1901–1981) - Psicanálise 
 
 
30 
 
Talvez o mais importante nome da psicanalise após Freud, Lacan iniciou 
seu trabalho fazendo uma releitura do trabalho do antecessor e mais tarde, 
acrescentou diversos conceitos importantes. Entre suas principais colocações, 
disse que é pela existência do “outro” que definimos e redefinimos a nós mesmos 
e através do discurso deste outro é que nos inserimos na linguagem e 
compreendemos o mundo. Para ele o inconsciente é o discurso do “outro”. 
A obra de Freud estava se perdendo em interpretações equivocadas e por 
isso, Lacan, ao reescrevê-las faz questão de usar uma linguagem complexa 
baseada em mensagens indiretas, para que o leitor realmente tivesse algum 
trabalho para entendê-las de forma correta. 
 
2.2.9 Erich Fromm (1900–1980) - Psicanálise humanista 
Erich Fromm acreditava que para o ser humano nada era mais difícil de 
suportar do que o sentimento de não se identificar a um grupo e que a única 
forma de nos integrarmos é descobrindo nossa própria individualidade. Para ele, 
nossas vidas estão carregadas de angústia e impotência devido a separação 
que sofremos da natureza e das outras pessoas. Essa angústia só poderá ser 
superada se aceitarmos nossa singularidade, descobrirmos nossas ideias e 
habilidades e enfim, desenvolvermos nossa capacidade de amar. Essa busca 
tornaria a dor de nossa existência suportável e daria sentido a ela. 
O autor identificou diversos tipos de personalidades improdutivas, que 
ajudam o indivíduo a se desresponsabilizar quanto aos seus atos. As mais 
conhecidas, são: 
a) a personalidade receptiva, que sempre aceita seus papéis e nunca luta 
por mudanças ou melhorias; 
b) a personalidade exploradora, é agressiva, plagiadora e coercitiva; 
c) a personalidade acumulativa, preocupa-se demasiadamente com 
acumulações e quer ter sempre mais coisas; 
d) a personalidade marqueteira, aquela que vende tudo, principalmente, 
a própria imagem. 
Cada um destes tipos possui lados positivos e negativos, mas existe uma 
quinta personalidade, a necrófila, que é totalmente negativa, pois este tipo de 
 
 
31 
 
pessoa é obcecado pelo controle e imposição de ordem. O tipo ideal de 
personalidade é o produtivo. 
 
2.2.10 Carl Rogers (1902–1987) - Terapia centrada no cliente 
Rogers criticava outras linhas teóricas, porque as achava muito rígidas e 
engessadas. Para ele, a vida não se definia como um estado de ser, mas como 
um processo em que era preciso estar aberto a experiências, confiar em si 
mesmo, viver o presente, assumir responsabilidade por suas ações e tratar a si 
e aos outros com consideração. Somente desta forma o ser humano pode viver 
uma vida plena. 
Para o autor, as pessoas são em sua essência saudáveis e boas e o bem-
estar emocional é uma progressão natural que ocorre na condição humana. É 
preciso que haja aceitação incondicional de si e dos outros, pois somente assim 
as pessoas serão capazes de se abrir para a experiência. 
 
2.2.11 Abraham Maslow (1908–1970)- Psicologia humanista 
Maslow acreditava que para atingir o estado mais desenvolvido de 
consciência e total potencial, é preciso que o sujeito descubra seu verdadeiro 
propósito na vida e saia em busca dele, este estado chama-se autorrealização. 
Ele definiu um plano estruturando, descrevendo os passos para conseguir 
chegar a autorrealização. 
As necessidades motivadas “por deficiência” (Fisiologia, Amor e 
pertencimento, Segurança e Autoestima) precisam ser realizadas antes de a 
pessoa poder buscar satisfação intelectual, que ficam no topo da pirâmide e são 
motivadas por crescimento (Cognitiva, Estética, Autorrealização, 
Autotranscedência). 
A seguir, você poderá analisar a hierarquia das necessidades proposta 
por Maslow: 
 
 
32 
 
 
Figura 2.4: Hierarquia de necessidades, por Maslow 
Fonte: Elaborado pela autora (2018). 
 
2.2.12 Viktor Frankl (1905–1997) - Logoterapia 
Mesmo uma pessoa que não tenha mais nada nesse mundo ainda pode 
conhecer a felicidade (Viktor Frankl). O psiquiatra Viktor Frankl foi levado para 
um campo de concentração em 1942 e lá escreveu o livro “Em busca de sentido”. 
Segundo Frankl, possuímos duas forças que nos permitem suportar 
situações de dor: a liberdade para agir e a capacidade de decidir. O autor 
Autotranscen
dência -
Ligar-se a algo 
para além de 
nós mesmos
Autorrealização
- Alcançar o seu 
potencial 
pessoal
Estética - Simetria, 
beleza e ordem
Cognitiva - Conhecer e 
compreender as coisas do mundo
Autoestima - Reconhecimento, conquista 
e respeito
Amor e pertencimento - aceitação, amizade e 
relacionamentos]
Segurança - Estabilidade, saúde e abrigo
Fisiologia - Comida, bebida, sono, calor
 
 
33 
 
acredita que somos nós que determinamos como o ambiente irá agir em nossas 
vidas, pois até o sofrimento pode ser visto de formas diferentes, dependendo de 
como enxergamos a situação. 
 Devemos encontrar um sentido para nossa vida e este sentido precisa ser 
descoberto por cada um de nós, pois ao darmos sentido ao sofrimento ele se 
torna suportável. 
 
2.2.13 Rollo May (1909–1994) - Psicoterapia existêncial 
 É consideradoo pai da psicologia existencial após ter lançado o livro The 
meaning of anxiety, em 1950. Para ele, o sofrimento é parte integrante da 
experiência humana e precisa ser enxergado como tal, mas ao tentarmos manter 
nossas vidas em equilíbrio, taxamos as situações como “boas” ou “ruins”, 
baseadas no conforto (ou não) que elas nos oferecem. Dessa forma, lutamos 
contra processos que nos trariam crescimento e desenvolvimento e que fazem 
parte do processo natural da vida. 
Sua visão é comparada com o pensamento budista, de que devemos aceitar 
todas as experiências, sejam elas boas ou não. O sofrimento não seria uma 
questão patológica, mas sim parte essencial da vida humana e importante para 
o desenvolvimento do indivíduo. 
 
2.2.14 Lev Vygotsky (1896–1934) - Construtivismo social 
 Vygotsky acreditava que nós construímos nossa identidade pela relação 
que estabelecemos com as outras pessoas. Para ele, o desenvolvimento se dava 
em três níveis: cultural, interpessoal e individual. Acreditava que as crianças 
absorvem sabedoria, valores e conhecimentos por meio da relação com os 
cuidadores e, as utilizam para viver no mundo de forma eficaz. Sua teoria 
influencia fortemente a aprendizagem e o ensino até hoje. 
 
 
2.2.15 Erik Erikson (1902–1994) - Desenvolvimento psicossocial 
 
 
34 
 
Para o autor, existe uma estruturação básica para o andamento da vida. 
A personalidade se desenvolve em oito estágios predeterminados, entre o 
nascimento e a morte. Caso haja sucesso na transição em cada uma destas 
fases, o indivíduo será mentalmente saudável, mas quando há fracasso em 
qualquer uma destas fases ocorre um prejuízo mental, que pode aparecer como 
falta de confiança, culpa, entre outros sintomas. 
Os oito estágios descritos por Erikson, são nomeados de: 
1) confiança x desconfiança; 
2) autonomia x vergonha e culpa; 
3) iniciativa x culpa; 
4) diligência x inferioridade; 
5) identidade x confusão de identidade; 
6) intimidade x isolamento; 
7) produtividade x estagnação; 
8) integridade x desespero. 
Cada uma destas fase apresenta características particulares. 
 
2.2.16 John Bowlby (1907–1990) - Teoria do apego 
O amor materno na primeira infância é tão importante para a saúde mental 
quanto vitaminas e proteínas para a saúde física. (John Bowlby). Bowlby acredita 
que os recém-nascidos são programados para criar vínculo com a mãe, a fim de 
garantir sua própria sobrevivência. Portanto, qualquer situação que ameace esta 
relação, ativa atitudes instintivas de apego e sensações de insegurança e medo. 
 Nos primeiros vinte e quatro meses da criança acontece o que o autor 
chamava de período crítico, se o vínculo fosse quebrado durante esse período 
crítico, o desenvolvimento da criança poderia sofrer danos permanentes e 
graves. 
 
2.2.17 Albert Bandura (1925–) - Teoria da aprendizagem social 
Albert Bandura é um psicólogo social canadense. Sua teoria da 
aprendizagem social é baseada no fato de que todo ser humano é constituído 
 
 
35 
 
por elementos do meio social em que faz parte: sua família, sua escola e sua 
comunidade são grupos sociais em que o sujeito é inserido em certa fase do 
desenvolvimento e que contribuem para o processo de aprendizagem. 
Esta teoria adota a perspectiva de agência para a adaptação, mudança e 
autodesenvolvimento. Ser um agente significa influenciar seu próprio 
funcionamento e a vida a partir de um modo intencional, sendo assim, as 
pessoas são auto organizadas, proativas, autorreguladas e auto reflexivas. Para 
Bandura, o ser humano não é totalmente influenciado pelo meio, pois suas 
reações e estímulos são auto ativadas, portanto o ser humano não é 
determinado pelas ações ambientais e sim influente entre elas. Ao contrário do 
behaviorismo, a aprendizagem social acredita que o comportamento não precisa 
ser reforçado para ser aprendido, pois o ser humano adquire experiências 
observando as consequências dentro de seu ambiente e as vivências de outras 
pessoas ao seu redor. 
Apesar da grande quantidade de autores mencionados, ainda assim é 
impossível dar conta de falar sobre todos os autores importantes para a área da 
psicologia. Relembrando que o conteúdo passado foi apresentado de forma 
sucinta e pouco aprofundada, para que você possa conhecer um pouco da teoria 
de alguns dos principais influenciadores da psicologia. Caso se interesse por 
alguma das pesquisas ou estudo, convido-o a procurar mais sobre a abordagem! 
 
Nesta aula foi possível identificar a pluralidade de ideias e linhas da 
psicologia, como já havia sido introduzido na primeira aula. O objeto de estudo 
da psicologia varia em alguns casos: em alguns é chamado de mente, outros de 
comportamento e, chega até mesmo no inconsciente, mas o que todo o autor 
tem em comum é a preocupação com a adaptação e a saúde mental do 
indivíduo. 
O psicólogo é apresentado a todas estas linhas de pensamentos e teorias 
e tem como objetivo escolher qual se adapta melhor ao seu próprio tipo de 
pensamento. Entre os estudos apresentados, caracterizam-se hoje como fortes 
linhas teóricas: Psicanálise (podendo ser Freudiana, Freud-Lacaniana, 
Kleiniana, Winnicottiana etc.); Behaviorismo, Gestalt, Cognitivo-comportamental, 
as Psicologias existenciais, entre outros. 
 
 
36 
 
Atividades de Aprendizagem 
1. Jung se interessava pela psicanálise, mas ao discordar de alguns aspectos 
da mesma decide formular uma teoria própria. O centro desta teoria é o 
inconsciente coletivo. Explique o que é o inconsciente coletivo através da teoria 
analítica. 
2. Existem diversas linhas teóricas e variadas formas de enxergar o ser humano. 
De acordo com o estudo das duas primeiras aulas, o que você acha desta 
pluralização? Ela facilita ou dificulta a validação do conhecimento cientifico da 
psicologia? Justifique. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
Aula 3 – Campos de atuação da Psicologia, sua relação com 
outras ciências e aspectos éticos 
 
 
 
 
 
 
38 
 
Olá estudante! É possível observar que devido ao enorme número de teorias 
psicológicas, a área acaba por abranger uma grande porção do espectro da vida 
mental do ser humano. Seu alcance cada vez maior, proporcionou uma 
correlação com outras disciplinas, como: a medicina, a fisiologia, a neurociência, 
a educação, a sociologia, a antropologia e até mesmo a política, economia e 
direito. Nesta aula, pensaremos em como a psicologia atua nas mais variadas 
áreas e campos de conhecimento. 
 
 
Fonte: © Freepik 
https://br.freepik.com/vetores-gratis/infografico-cerebro-com-temas-
diferentes_1002425.htm 
 
 
https://br.freepik.com/vetores-gratis/infografico-cerebro-com-temas-diferentes_1002425.htm
https://br.freepik.com/vetores-gratis/infografico-cerebro-com-temas-diferentes_1002425.htm
 
 
39 
 
 
Essa relação ficará mais clara nos próximos parágrafos, com a descrição 
das áreas da psicologia, mas em resumo, a psicologia se relaciona com a 
medicina, fornecendo a esta estudos e técnicas de trabalho. Dentro do ambiente 
hospitalar, o psicólogo poderá fazer parte da equipe multidisciplinar e assim 
auxiliar (e ser auxiliado) por outras profissões da área da saúde (como médicos, 
fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas etc.). Juntamente com o direito, 
poderá trabalhar na proteção, avaliação e diagnóstico de vítimas de delitos e 
também detentos. 
Neurociência e psicologia tem a cada dia se aproximado mais em seus 
caminhos. O diálogo entre as duas áreas está cada vez mais estreito, 
principalmente quando se fala em atrasos neurológicos e processos de 
reabilitação. 
Quanto a educação, pudemos ver desde a primeira aula, que as duas 
áreas do conhecimento têm muita informação para ser trocado entre si, 
principalmente, quando se fala nos processos de aprendizagem, na otimização 
de potencialidades, entre outros. 
3.1 Áreas de atuação na Psicologia 
A psicologia é uma matéria muito abrangente e acabapor interessar a 
muitos, até porque quando se fala em psicologia, fala-se de cada um de nós. Ela 
serve de base para decisões governamentais, empresariais, publicitárias e 
midiáticas. Em sua história, nos ofereceu ideias que alteraram nosso estilo de 
pensar e viver, além de nos permitir conhecer melhor a nós mesmos, os outros 
e o mundo a que pertencemos. 
Vamos retratar na sequência os principais campos de atuação do 
psicólogo, de acordo com o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP–
PR). 
 
3.1.1 Psicologia escolar/educacional 
O psicólogo escolar atua dentro de Instituições escolares, realizando 
pesquisas, diagnósticos, treinamentos, intervenções, prevenções etc. É comum 
 
 
40 
 
haver confusão entre o trabalho do psicólogo escolar com o do clínico, portanto, 
é importante frisar que as duas funções são diferentes, pois não é de 
responsabilidade do psicólogo escolar realizar atendimento clinico 
individualizado para estudantes específicos, ou seja, este profissional deve 
atender a demanda da escola de uma forma geral e se algum estudante 
necessitar de atendimento contínuo, deverá procurá-lo em consultórios fora do 
ambiente escolar. 
Nesta área, colaborará com o corpo docente na elaboração, implantação, 
avaliação e reformulações de currículo, projetos e políticas educacionais e 
também contribuirá na análise e intervenção de clima institucional, buscando 
sempre a resolução de conflitos internos e estabelecimento de um clima 
agradável de trabalho. 
Poderá atuar também em programas de orientação profissional e análise 
de atendimento para estudantes com necessidades educativas especiais nas 
escolas, realizando orientações e adaptações, quando necessário. 
Fará parte da equipe interdisciplinar, integrando seus conhecimentos com 
os demais profissionais da educação. Poderá aplicar seus conhecimentos de 
ensino e aprendizagem no ambiente escolar, assim como intermediar relações 
entre a escola e a família do estudante, também poderá utilizar testes e 
instrumentos psicológicos adequados para fornecer subsídios no 
replanejamento e reformulação dos planos educativos. 
 
 
 
 
41 
 
 
Figura 3.3: Atendimento escolar 
Fonte: © Freepik 
https://br.freepik.com/vetores-gratis/um-conjunto-de-ilustracoes-de-desenhos-animados-de-
vetores-o-paciente-esta-falando-com-um-
psicoterapeuta_1265775.htm#term=psicologia&page=1&position=6 
 
 
3.1.2 Psicologia organizacional e do trabalho 
Assim como o psicólogo escolar, o psicólogo do trabalho atuará em 
treinamentos de equipes e pesquisas de clima institucional. Pode atuar em 
empresas dos mais variados segmentos. 
Outras atividades desenvolvidas nesta área são: consultoria 
organizacional, acompanhamento e desenvolvimento de equipes, recrutamento 
e seleção de funcionários (utilizando testes psicológicos e entrevistas), estudo e 
planejamento de condições de trabalho. 
Seu trabalho estará diretamente ligado com a promoção da saúde e por 
isto, analisará e orientará casos de saúde do trabalhador, se atendo aos níveis 
https://br.freepik.com/vetores-gratis/um-conjunto-de-ilustracoes-de-desenhos-animados-de-vetores-o-paciente-esta-falando-com-um-psicoterapeuta_1265775.htm#term=psicologia&page=1&position=6
https://br.freepik.com/vetores-gratis/um-conjunto-de-ilustracoes-de-desenhos-animados-de-vetores-o-paciente-esta-falando-com-um-psicoterapeuta_1265775.htm#term=psicologia&page=1&position=6
https://br.freepik.com/vetores-gratis/um-conjunto-de-ilustracoes-de-desenhos-animados-de-vetores-o-paciente-esta-falando-com-um-psicoterapeuta_1265775.htm#term=psicologia&page=1&position=6
 
 
42 
 
de prevenção, reabilitação e promoção de saúde. É parte do seu trabalho facilitar 
os processos de grupo e prezar pela qualidade de vida do trabalhador. 
Também realiza testes de desempenho, explorando o potencial dos 
colaboradores; além de realizar análises de ocupações profissiográficas e se 
encarregar pelos processos de desligamento da empresa. 
 
3.1.3 Psicologia do trânsito 
Trabalha com todos os aspectos psicológicos relacionados ao trânsito, 
como por exemplo, colaborando na elaboração e implantação de ações 
socioeducativas com pedestres, ciclistas, condutores infratores etc. Realiza 
pesquisas sobre segurança e comportamentos no trânsito. 
O campo mais conhecido desta área de atuação é o de avaliação 
psicológica de condutores para a obtenção da carteira de motorista. O psicólogo 
do trânsito analisa os acidentes e considera os diferentes fatores envolvidos em 
sua causa para encontrar formas de evitar ou atenuar sua incidência. 
Possui forte diálogo com profissionais da área médica e a da educação 
(como instrutores e professores), além de desenvolver estudos sobre o 
comportamento individual e coletivo em diversas situações no trânsito e, prestar 
consultoria para órgãos públicos e privados em questões de trânsito e transporte. 
 
3.1.4 Psicologia jurídica 
O psicólogo jurídico colabora no planejamento e execução de políticas 
relacionadas a cidadania, prevenção da violência e direitos humanos. 
Atua avaliando as condições intelectuais e emocionais de crianças, 
adolescentes e adultos que possuam algum tipo de conexão com processos 
jurídicos (como contestação de testamentos, aceitação em lares adotivos, 
guarda de crianças etc.). 
Atua também como perito criminal nas varas cíveis, criminais, da justiça 
do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando pareceres, 
laudos e perícias para serem anexados aos processos. Realizam atendimentos 
e orientações, repassam ao colegiado e administração o ponto de vista 
 
 
43 
 
psicológico sobre alguma questão e participa de audiências, fornecendo 
informações esclarecendo aspectos psicológicos técnicos em relação aos 
processos judiciais. 
O psicólogo jurídico também realiza avaliações das características de 
personalidade através de triagens, avaliações e testes psicológicos no sistema 
penitenciário. Presta assessoria na formulação de políticas penais e no 
treinamento de equipe para aplicá-las. Suas pesquisas são voltadas para a 
ampliação do conhecimento psicológico no direito e oferece serviços em 
conciliações, orientação de detentos e suas famílias. 
 
 
3.1.5 Psicologia do Esporte 
O psicólogo do esporte trabalha com atletas de alto rendimento, ajudando-
os para que sua saúde mental seja preservada e seus rendimentos e 
performance sejam otimizados. Também atua identificando princípios e padrões 
de comportamento de crianças e adultos participantes de esportes. Realiza 
estudos e os aplica, em nível individual e grupal. Faz diagnósticos e intervém na 
transformação de padrões de comportamento que interferem na prática física 
regular ou competitiva. 
Realiza atendimentos individuais e grupais, empregando técnicas 
adequadas a situação, promovendo sempre o bem-estar e qualidade de vida dos 
indivíduos envolvidos. 
 
 
44 
 
 
Figura 3.4: Psicologia esportiva 
Fonte: © Freepik 
3.1.6 Psicologia Clínica 
O trabalho do psicólogo clínico acontece principalmente no consultório e 
visa reduzir o sofrimento das pessoas. Cada psicólogo clínico escolhe sua 
abordagem teórica (algumas foram trabalhadas na última aula) e escuta seu 
paciente de acordo com a esta metodologia. Pode ser realizado individualmente 
ou grupalmente, em níveis diagnósticos, preventivos e “curativos”. 
Sua atuação busca promover mudanças e transformações na vida de 
sujeitos, grupos e organizações. Entre os principais instrumentos utilizados nesta 
área, destacam-se: entrevistas, testes psicológicos formais e informais, técnicas 
de avaliação etc. Cabe frisar que algumas abordagens fazem uso somente do 
discurso, não utilizando outras técnicas, como testes. 
Podem orientar, contribuir para a reflexão em situações delicadas e 
desenvolver atendimentos terapêuticos, em modalidades, como: psicoterapia 
 
 
45 
 
individual, de casal, familiar, psicoterapia lúdica, terapia psicomotora,arte 
terapia, orientação de pais etc. 
 
3.1.7 Psicologia Hospitalar 
O psicólogo hospitalar atua em hospitais no atendimento de pacientes 
internados, familiares e equipe profissional. 
Opera em equipes multiprofissionais, identificando e atuando sobre 
fatores emocionais relacionados à saúde geral do sujeito. Prepara os pacientes 
para a entrada, permanência e saída do hospital. Auxilia inclusive pacientes 
terminais e familiares no processo de aceitação do luto e morte, participando nas 
decisões relativas a conduta a ser adotada pela equipe. 
Utiliza-se da psicoterapia breve e pode atender gestantes, no processo de 
gravidez, parto e puerpério, auxiliando nas possíveis dificuldades que esta fase 
pode proporcionar. Acompanha programas de pesquisa, treinamento e 
desenvolvimento em saúde mental, para garantir qualidade na oferta de saúde 
mental. Promove intervenções nas relações médico-paciente, paciente-família, 
paciente-paciente, paciente-processo de adoecer. É importante estar atento às 
repercussões emocionais que o internamento pode gerar, por isso, o psicólogo 
hospitalar desenvolverá diferentes modalidades de intervenção para que atinja 
seu objetivo. 
 
Glossário 
Puerpério - período que decorre desde o parto até que os órgãos genitais e o 
estado geral da mulher voltem às condições anteriores à gestação. 
 
 
3.1.8 Psicopedagogia 
O psicólogo que atua na psicopedagogia investiga e intervém nos 
processos de aprendizagem. Este profissional precisa estudar e compreender a 
cognição, emoção e motivação do ser humano. Ao receber um paciente, faz um 
diagnóstico diferencial, utilizando-se de recursos como testes, jogos e desenhos, 
para assim criar uma estratégia de trabalho que permita a exploração de todas 
as potencialidades do sujeito. 
 
 
46 
 
Seu objetivo é que o estudante se torne agente ativo no processo de 
conhecimento, cada vez mais autônomos e independentes. Dentro da escola, 
trabalhará contribuindo para uma visão mais complexa da aprendizagem, 
facilitando a integração de todos os estudantes. Sua atuação, quando bem 
conduzida, diminui os números de fracasso escolar. 
 
3.1.9 Neuropsicologia 
O psicólogo especialista em neuropsicologia trabalha com o diagnóstico, 
acompanhamento, tratamento e pesquisa sobre a cognição, personalidade e 
comportamento, considerando o funcionamento cerebral. 
Utiliza instrumentos de avaliação das funções neuropsicológicas 
envolvendo principalmente habilidades de atenção, percepção, linguagem, 
raciocínio, abstração, memória, aprendizagem, processamento da informação, 
afeto, funções motoras e executivas. 
Trabalha juntamente com o psicólogo escolar, para emitir laudos 
referentes a aprendizagem. Atua, principalmente, com sujeitos portadores de 
transtornos mentais e sequelas cerebrais. Realiza seus estudos em interação 
com outras áreas, como a neurociência e a medicina. 
 
 
 
 
47 
 
 
Figura 3.5: Neurociência 
Fonte: © Freepik 
 
Além do diagnóstico, a Neuropsicologia visa realizar as intervenções junto 
ao paciente, para que este possa melhorar, compensar e adaptar-se às suas 
dificuldades, também trabalha junto aos familiares, para que participem do 
processo reabilitativo. Além disso, desenvolve materiais e instrumentos (testes, 
jogos, livros e programas de computador) que auxiliem na avaliação e 
reabilitação dos pacientes. 
 
3.1.10 Psicologia Social 
 
 
48 
 
O psicólogo social busca compreender a subjetividade presente nos 
fenômenos sociais e coletivo, sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos, 
para assim, propor ações no âmbito social. Desenvolve atividades focadas na 
saúde, educação, trabalho, lazer, meio ambiente, comunicação social, 
assistência social e justiça, para comunidades e grupos étnico-raciais, religiosos, 
com diferentes orientações sexuais e segmentos socioculturais. 
 
3.2 A ética na psicologia 
Para Marilena Chauí (1995) ética pode ser compreendido como filosofia 
moral, isto é, ética é uma reflexão que discute, problematiza e interpreta o 
significado dos valores morais, enquanto que moral consiste em valores 
concernente ao bem e mal, permitido e proibido. Moral refere-se às normas e 
regras societárias e tem por interesse regular a vida dos sujeitos. 
Podemos dizer que ter ética é possuir uma visão crítica da moral, ou seja, 
repensar seus atos e costumes e assumir posição ativa, pois sua ação não está 
pautada na vontade do outro ou daquilo que a sociedade considera moralmente 
certo ou errado. O sujeito ético avalia, problematiza e debate sobre suas ações. 
Como a ética pode ser então vista a partir do ponto de vista da psicologia? 
Tomando emprestado o conceito de ética da psicanálise – que é diferente da 
filosofia e psicologia –, podemos dizer que ética é seguir o desejo, ou seja, sou 
ético comigo mesmo quando compreendo o meu desejo e o persigo e sou ética 
no trabalho com outra pessoa quando o permito seguir o próprio desejo, 
independentemente deste desejo ser parecido com o meu ou não. 
Nesse sentido, ser ético é permitir que o outro seja exatamente o que 
almeja ser, mesmo que isso vá contra minhas crenças e posicionamentos 
pessoais. Se cada um experienciou sua vida de maneira singular, é natural que 
não haja homogeneização do pensamento e desejo. Muitas vezes, nos vemos 
compelidos a impor nosso ponto de vista, por este nos parecer tão adequado. 
Dessa forma, é possível dizer que, dentro da Psicologia, ser ético é olhar 
e, principalmente, escutar quem quer que seja, sem julgamentos. 
Para além disso, é também transmitir para o paciente a confiança de que 
aquilo que é tratado entre duas pessoas, permanece nesta relação, salvo em 
 
 
49 
 
casos em que haja risco de vida. Perceba que ética transcende a moral, pois vai 
além do que é socialmente aceito. 
Este aspecto ético precisa também ser pensado no ramo da psicologia da 
educação, por psicólogos e educadores. É preciso enxergar nossos estudantes 
como sujeitos afetados pelo meio e que, muitas vezes, precisam de um ambiente 
seguro e livre de julgamentos para poder se desenvolver. 
 
Nesta aula, foi possível conhecer algumas das principais áreas de 
atuação da psicologia e como estas áreas se correlacionam com outros campos 
de conhecimento. Também foi demarcada a diferença entre ética a moral, 
apontando para a importância da ética no trabalho do professor e do psicólogo 
em relação ao estudante e ao processo de aprendizagem. 
 
Atividades de Aprendizagem 
1. O psicólogo organizacional deverá sempre prezar pela saúde do trabalhador 
e realizar ações neste sentido. Com relação à psicologia organizacional, 
responda: que tipo de atividade o psicólogo poderá desenvolver nesta área? 
 
2. O psicólogo do esporte poderá trabalhar com atletas de alto rendimento ou 
outros indivíduos que possuam relação com o esporte. Desenvolverá também 
pesquisa de padrões de comportamento de crianças, jovens e adultos no 
esporte. Em que sentido um atleta de alto rendimento poderá se beneficiar do 
trabalho deste profissional? 
 
 
Aula 4 – Processos básicos do comportamento 
 
 
50 
 
 
Olá estudante! Nesta aula, você compreenderá os mecanismos que estimulam 
o comportamento e como podem provocar reações boas ou ruins nos seres 
humanos. Vamos lá?! 
 
 
 
 
 
51 
 
 
Figura 4.1: Reações 
Fonte: © Freepik 
https://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-3d-com-dor-na-
cabeca_1270692.htm#term=cerebro&page=11&position=38 
 
Quando um indivíduo adoece, adoece em totalidade, ou seja, se adoeço 
fisicamente isto impactará de alguma forma minha saúde mental, por exemplo. 
Portanto, é preciso pensar nos processos básicos do comportamento e em como 
estes processos poderão afetar a aprendizagem e a vida do sujeito. Assim, como 
o corpo pode afetar a mente, a dificuldade em um processo mental pode induzir 
a outra dificuldade, como por exemplo: se tenho dificuldades de atenção, isto 
poderá afetar omecanismo da memória e assim por diante. Você conhecerá 
agora alguns destes processos e suas alterações. 
 
4.1 Sensopercepção 
Sensação é o fenômeno gerado por estímulos físicos, químicos e 
biológicos variados, produzindo alterações nos órgãos receptores, estimulando-
 
 
52 
 
os. O ambiente oferece informações sensoriais o tempo todo, fazendo com que 
o organismo as capte e se autorregule, organizando ações voltadas a 
sobrevivência ao meio e interação social. 
Percepção entende-se pela tomada de consciência do estímulo sensorial, 
portanto, diz respeito à dimensão psicológica do processo, pois se trata da 
transformação de estímulos sensoriais em fenômenos perceptivos conscientes. 
Portanto, a sensação é considerada um fenômeno passivo, já a 
percepção é ativo. Vale apontar, que a percepção é grandemente influenciada 
pelo ambiente. Utilizando o exemplo de Dalgalarrondo (2008) é possível dizer 
que existe a percepção de uma mesa, a partir da sensação visual de quatro 
troncos e uma madeira por cima, só é possível para aqueles sujeitos inseridos 
em uma cultura em que se fabricam mesas e lhe dão tal significado. Fora deste 
contexto, este objeto não tem caráter perceptual de mesa. Gostaria de ressaltar 
que esta diferença vale tanto para conceitos materiais como abstratos. 
Lacan, dentro do contexto psicanalítico, utilizou-se do estudo da 
linguística para tratar de significantes e significados. O significado tem caráter 
geral, enquanto que o significante é altamente mutável. Ou seja, a palavra 
“algodão-doce” pode ser compreendida como um doce feito exclusivamente de 
açúcar, este é seu significado. Mas, “algodão-doce” pode ser um significante que 
me remeta uma situação desagradável para uma pessoa como, por exemplo, o 
dia em que uma pessoa comeu algodão doce e passou mal, no entanto, para 
outra, pode remeter a uma situação agradável, como por exemplo, algum 
momento feliz de sua infância em que comia algodão-doce. Desta forma, apesar 
de apresentar um significado comum, “algodão-doce” apresenta um diferente 
significante para cada pessoa, dependendo de sua experiência. Piaget também 
fez uso do conceito de significante em sua teoria. 
Para complementar, imaginação é a atividade psíquica, geralmente 
voluntária, que evoca imagens percebidas no passado (mnêmicas) ou cria novas 
imagens. As alterações da sensopercepção podem ser quantitativas ou 
qualitativas. 
 
4.1.1 Alterações quantitativas: percepções e sensações 
 
 
53 
 
As imagens perceptivas têm intensidade anormal: 
a) Hiperestesia: percepções com intensidade aumentada (comum no uso de 
substâncias tóxicas). 
b) Hiperpatia: sensação desagradável produzida após leve estímulo da pele. 
c) Hipoestesia: cores parecem mais pálidas, alimentos sem sabor, odores 
perdem intensidade (comum em casos depressivos). 
d) Anestesias táteis: perda de sensação tátil em determinada área da pele. 
e) Analgesias: perda de sensações dolorosas em determinadas áreas da pele 
ou partes do corpo. 
f) Parestesias: sensações táteis desagradáveis subjetivas, como 
adormecimentos, picadas, agulhadas etc. Ao contrário das distesias, as 
parestesias são espontâneas, ou seja, não são desencadeadas a partir de 
estímulos externos. 
g) Distesias: sensações desagradáveis anômalas desencadeadas por 
estímulos externos (assemelha-se a hiperpatia). 
 
4.1.2 Alterações qualitativas: ilusão, alucinação e alucinose 
a) Ilusão: percepção deformada de um objeto real e presente. Podem ser visuais 
e auditivas. 
b) Alucinação: percepção de um objeto, sem que ele esteja presente. Pode ser 
auditiva, visual, tátil ou olfativa. 
c) Alucinose: quando o indivíduo percebe a alucinação como estranha a sua 
pessoa. Ele não crê em sua alucinação. 
 
4.2 Atenção 
Atenção pode ser definida como a direção da consciência. É o estado de 
concentração da atividade mental em determinado objeto. 
A atenção se refere ao conjunto de processos psicológicos que torna o 
ser humano capaz de selecionar, filtrar e organizar certas informações. As 
alterações que podem ser observadas, são: 
 Aprosexia: Abolição da capacidade de atenção. 
 
 
54 
 
 Hipoprosexia: Diminuição global da atenção, acompanhada de diminuição na 
concentração, compreensão e percepção e aumento na fadiga. 
 Hiperprosexia: Atenção exacerbada, em que o indivíduo se detém em alguns 
objetos. 
 Distração: É um sinal e não um déficit. Superconcentração em algo e inibição 
de todo o resto. 
 Distraibilidade: O contrário da distração, é um estado patológico em que há 
dificuldade para deter-se em qualquer coisa que envolva esforço produtivo. 
 
Os transtornos que mais provocam alterações de consciência são: 
 Transtornos de humor (depressão, bipolaridade): Quando em mania, há 
aumento da atenção espontânea e diminuição da atenção voluntária. Quando 
em depressão há a diminuição geral da atenção. 
 Esquizofrenia: Caracterizada pela dificuldade de atenção constante, além da 
dificuldade em anular os estímulos visuais e auditivos externos. 
 Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH): Dificuldade em filtrar 
estímulos irrelevantes (distraibilidade) 
 Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): Atenção aumentada e excesso de 
vigilância. 
 
4.3 Memória 
Memória é a capacidade de registrar, manter e evocar fatos e 
experiências já ocorridos. Segundo Ivan Izquerdo: somos aquilo que recordamos 
ou que, de um modo ou outro, resolvemos esquecer. A memória relaciona-se 
intimamente com a consciência, atenção e interesse afetivo. As alterações de 
memória podem ser quantitativas ou qualitativas. 
 
4.3.1 Alterações quantitativas: hipermnésias e amnésia 
a) Hipermnésias: as representações afluem rapidamente, mas perdem a 
precisão. 
 
 
55 
 
b) Amnésia: perda de memória, seja da capacidade de fixar ou da capacidade 
de manter e evocar conteúdos. Pode ser psicogênica (perda de elementos 
focais com valor psicológico especifico) ou orgânica (não é seletiva). 
c) Amnésia anterógrada: o sujeito não consegue mais fixar elementos 
mnêmicos a partir do evento que lhe causou dano cerebral. 
d) Amnésia retrógrada: o indivíduo não consegue lembrar fatos ocorridos antes 
do trauma. 
 
4.3.2 Alterações qualitativas: lembrança deformada 
a) Ilusões mnêmicas: acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro de 
memória. 
b) Alucinações mnêmicas: criações imaginativas que se apresentam como 
lembranças. 
c) Fabulações: invenções que preenchem vazios na memória. O indivíduo não 
é capaz de perceber que são falsas memórias. 
 
4.4 Pensamento 
 É a percepção que fornece substrato para o processo de pensar, por meio 
das imagens perceptivas e representações, mas, primeiramente, é importante 
diferenciar os elementos constitutivos do pensamento (conceito, juízo, 
raciocínio) dos processos de pensar (curso, forma e conteúdo). 
 
Eu sou, eu existo; isso é certo; mas por quanto tempo? A saber, por todo o 
tempo em que eu penso; pois poderia ocorrer que, se eu deixasse de pensar, 
eu deixaria ao mesmo tempo de ser e de existir. Agora eu nada admito que não 
seja necessariamente verdadeiro: portanto, eu não sou, precisamente falando, 
senão uma coisa que pensa. René Descartes (1596–1650) 
 
Os conceitos são formados a partir de representações, mas não contem 
resquícios da sensorialidade, ou seja, não é possível contemplar ou imaginar um 
conceito, pois estes são somente intelectivos e cognitivos, já que são formados 
 
 
56 
 
por caracteres gerais dos objetos e fenômenos. Por sua vez, juízo seria o 
processo de relação entre dois os mais conceitos. 
 
 
 
 
Figura 4.2: Pensamento 
Fonte: © Freepik 
 
Dalgalorrondo (2008) exemplifica: ao pegar os dois conceitos “cadeira” e 
“utilidade”, posso afirmar o juízo “a cadeira é útil”. Geralmente, os conceitos se 
expressam por uma palavra e os juízos por frases ou proposições. O terceiro 
elemento constitutivo do pensamento, o raciocínio,

Continue navegando