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PATOLOGIAS DO FÍGADO E VESÍCULA BILIAR FUNÇÕES HEPÁTICAS O fígado normal consiste de tecido marrom- avermelhado friável e tem superfície capsular lisa. A subunidade funcional é o lóbulo hepático, uma estrutura hexagonal com uma veia centrolobular, uma tributária da veia hepática ao centro e espaços-porta (ductos biliares, vasos linfáticos e ramos veia porta e artéria hepática) nos ângulos dos hexágonos. O fígado realiza várias funções importantes: 1. Metabolismo da bilirrubina: excreção da bile; conjugação da bilirrubina 2. Metabolismo dos ácidos biliares: síntese dos ácidos biliares 3. Metabolismo das gorduras: esterificar AG em TAG; formação de lipoproteínas; oxidação de AG livres das mitocôndrias 4. Metabolismo dos carboidratos: síntese, armazenamento e liberação da glicose 5. Neutralização de substâncias tóxicas: biotransformação endógena (amônia, bilirrubina, hormônios esteroides) e exógenas (drogas terapêuticas, toxinas, inseticidas) 6. Metabolismo das proteínas 7. Função imune: sistema fagocitário mononuclear LESÕES SEM SIGNIFICADO CLÍNICO Telangiectasia: dilatação cavernosa dos sinusoides em áreas onde hepatócitos foram perdidos; áreas deprimidas, vermelhas / vermelhas-azuladas, arredondadas, de contornos irregulares e distribuídas aleatoriamente Cistos Congênitos: podem ser solitários ou múltiplos; contêm líquido claro; achados com maior frequência em animais jovens e tendem a desaparecer com a idade Lipidose de tensão: áreas focais bem demarcadas, pálidas ou amarelas, de forma geométrica, localizadas próximo às bordas ou em qualquer local do órgão que tenha ligamentos de tecido conjuntivo Manchas leitosas na cápsula hepática: tecido fibroso espesso com um aspecto macroscópico opaco e brancacento; são áreas de cicatriz fibrosa deixadas pela migração de Ascaris suum Fibrose capsular: lesões que provavelmente resultam da cura, com cicatriz de peritonites assépticas e associadas à migração de larvas de Strongylus edentatus Hiperplasia Nodular benigna do fígado: nódulos de hepatócitos bem delimitados, de tamanhos variáveis, distribuídos aleatoriamente e que não interferem na função do órgão INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA O fígado possui uma reserva funcional e uma capacidade de regeneração consideráveis. Em animais sadios, 2/3 do parênquima podem ser removidos sem prejuízo na função hepática e a massa hepática pode ser regenerada em questão de dias. Somente lesões que afetam a maior parte do parênquima hepático irão produzir sinais de insuficiência hepática. Insuficiência hepática significa perda da função hepática normal como consequência de um dano agudo ou crônico. As consequências da disfunção e insuficiência hepáticas incluem colestase e icterícia, encefalopatia hepática, várias perturbações metabólicas, alterações vasculares e hemodinâmicas e fotossensibilização (herbívoros). Colestase e icterícia A concentração aumentada de bilirrubina conjugada ou não-conjugada no sangue é denominada hiperbilirrubinemia. Altas concentrações podem produzir icterícia, um amarelamento dos tecidos. As causas da hiperbilirrubinemia incluem: I. Produção excessiva de bilirrubina como consequência de hemólise II. Redução na tomada, conjugação ou secreção da bilirrubina pelo hepatócito (doença hepática) III. Redução no escoamento da bile (colestase). Colestase refere-se à redução do fluxo canalicular de bile. A colestase ocorre como consequência da obstrução dos ductos biliares (extra-hepática) ou impedimento do fluxo dentro dos canalículos (intra-hepática). Colestase extra-hepática é consequência de obstrução mecânica do fluxo biliar (cálculos biliares, parasitas, corpos estranhos, neoplasias). Colestase intra-hepática é associada a vários distúrbios dos hepatócitos (formam as paredes dos canalículos). Existem diferentes tipos de icterícia, com diversas causas, e são divididas em: pré-hepática (hemólise, resultando num aumento de bilirrubina no sangue, excedendo a capacidade excretora do fígado), hepática (decorre de lesão hepática extensa) e pós-hepática (obstrução hepática, impedindo o fluxo normal da bile). Encefalopatia hepática: Insuficiência hepática como consequência de disfunção hepática pode resultar num distúrbio metabólico do SNC, a encefalopatia hepática. As manifestações neurológicas variam desde depressão e outras alterações no comportamento até mania e convulsões. Acredita-se que as aminas (amônia) absorvidas do trato gastrointestinal são as responsáveis pela disfunção neurológica. É comum em ruminantes e cavalos com insuficiência hepática e em cães com desvios portossistêmicos congênitos. Perturbações metabólicas: Tendências hemorrágicas: acompanham, às vezes, a insuficiência hepática. Isso ocorre porque o fibrinogênio, a protrombina e vários outros fatores de coagulação são sintetizados no fígado. Assim pode ocorrer hemorragia em consequência de insuficiência hepática. Hipoalbuminemia: ocorre como consequência do decréscimo na produção hepática de albumina e pelo aumento da perda de albumina no líquido ascítico ou para o tubo intestinal devido à hipertensão portal Fotossensibilização: lesão da pele resultante da ativação de pigmentos fotodinâmicos pela luz ultravioleta dos raios solares. Fontes de pigmentos fotodinâmincos que podem induzir fotossensibilização incluem os de plantas e certas drogas. Ocorre em herbívoros, quando a disfunção hepática ou obstrução biliarprejudicam excreção nonnal de filoeritrinajunto com a bile. Filoeritrina, um agente fotodinâmico, é produzida a partir da clorofila contida nas plantas ingeridas, pela microflora do trato GI dos herbívoros. DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS E VASCULARES DO FÍGADO Anemia: Anemia aguda grave pode levar à degeneração e necrose centrolobular de hepatócitos. Isso ocorre tipicamente em anemias graves de aparecimento abrupto. Anemia crônica pode resultar em atrofia dos hepatócitos, acompanhada de dilatação e congestão dos sinusóides. Fígado de animais com anemia grave, aguda ou crônica apresentam acentuação do padrão lobular, que é evidente tanto na superfície capsular como na superfície de corte do órgão Congestão passiva hepática: Insuficiência do coração direito produz aumento da pressão na veia cava caudal e na veia hepática. A congestão passiva pode ser aguda ou crônica e o aspecto do fígado difere com a duração e intensidade. Congestão aguda produz leve aumento de volume do órgão e o sangue flui livremente quando o fígado é cortado. O padrão lobular do fígado pode estar levemente mais pronunciado. Congestão passiva crônica leva à hipóxia persistente nas áreas centrolobulares. Devido à privação de O2 e nutrientes, os hepatócitos do centro do lóbulo atrofiam, degeneram ou necrosam e, como resultado, os sinusóides nessas áreas estão dilatados e congestos, aparecendo vermelhos. A congestão passiva crônica do figado pode ocorrer em qualquer espécie e é quase sempre a consequência de disfunção cardíaca. Desvio portossistêmico – “shunts” Podem ser congênitos ou adquiridos e de localização intra ou extra-hepática. Esses desvios são canais vasculares que permitem o sangue da circulação portal desviar o fígado e desaguar diretamente na circulação. Desvios adquiridos são uma consequência de hipertensão portal persistente, usualmente como sequela de doença hepática avançada (ex.: cirroses, tumores, fibroses). Desvios congênitos são descritos em várias espécies, mas ocorrem com maior frequência em cães e gatos. Animais afetados possuem fígado pequeno, menor tamanho corporal, ascite e encefalopatia hepática. Desvios arterioportais Ocorrem em cães e gatos. São comunicações diretas entre a artéria hepática e os ramos da veia porta. Telangiectasia: Dilatação acentuada dos sinusóides em áreas nas quais os hepatócitos foram perdidos. Essasáreas aparecem como focos azul-escuros de tamanhos variáveis no parênquima hepático. Comum em bovinos e sem importância clínica. Infarto: Pouco frequente devido à dupla circulação do órgão, constituída pela artéria hepática e veia porta. São bem demarcados e podem ser vermelho-escuros ou pálidos. Tendem a ocorrer nas bordas do fígado ATROFIA: Ocorre por falta prolongada de nutrientes, lesão nas vias biliares, lesão vascular com comprometimento do fluxo sanguíneo ou por comprometimento do fluxo venoso secundário. Atrofia pode ocorrer também por perda de células por apoptose, com fragmentação celular e fagocitose dos fragmentos por células vizinhas. O processo de autofagocitose predomina na atrofia hepática. PIGMENTOS: Hemossiderose: acúmulo de hemossiderina (marrom), pigmento que contém ferro. A hemossiderina forma-se no fígado quando há excesso local ou sistêmico de ferro. Essas circunstâncias podem ocorrer quando há destruição excessiva de eritrócitos (por exemplo, anemia hemolítica) e em áreas de necrose hepática. Bilirrubina: tonalidade alaranjada ou esverdeada ao fígado Hematina: também contém ferro. Ocorre principalmente em áreas de congestão e hemorragia. Melanose: acúmulos normais de melanina; áreas preto-azuladas. AMILOIDOSE Os fígados afetados estão aumentados de volume e pálidos. Na primária, as fibrilas de amiloide são referidas como amiloide de cadeia leve (AL – derivado as cadeias leves de imunoglobulinas produzidas por plasmócitos). Amiloidose secundária é a mais comum em animais e ocorre como uma consequência de inflamação prolongada, como infecção ou destruição tecidual crônicas. INCLUSÕES INTRANUCLEARES Ocorrem em hepatócitos nas infecções por vírus em animais jovens. Essas inclusões são associadas à necrose hepatocelular multifocal aleatória com escassa resposta inflamatória. Outros tipos de inclusões não associadas à infecção ocorrem no núcleo de hepatócitos (ex.: intoxicação por chumbo). Ex.: adenovírus canino tipo I, vírus da pseudoraiva em suínos, herpesvírus I (equino e canino), necrose multifocal aleatória de hepatócitos e escassa resposta inflamatória DEGENERAÇÃO VACUOLAR Vacúolos ocorrem no citoplasma dos hepatócitos e podem ou não significar alterações degenerativas. Engloba 3 tipos: degeneração hidrópica, glicogenose e lipidose. Degeneração hidrópica é uma lesão aguda do hepatócito, seguida de tumefação e formação de vacúolos de bordas indistintas na célula. Esse degeneração resulta de agressões toxicas, metabólicas e hipóxicas, que levam à insuficiência na bomba de Na e K na membrana celular. O acúmulo de glicogênio é bem exemplificado por uma condição em cães, a hepatopatia glicocorticoide. Nessa condição, o acúmulo de glicogênio resulta de hiperadrenocorticismo. As margens dos vacúolos são mal definidas Esteatose (lipidose hepática, fígado gordo ou degeneração gordurosa) Lipidose hepática é o acúmulo de triglicerídeos na forma de glóbulos redondos de tamanhos variáveis no citoplasma de hepatócitos. Pode ser induzida por hepatotoxinas, anoxia ou hipóxia, desnutrição/anorexia, dietas (ex.: foie gras), diabetes mellitus. Fígado tende a ficar aumentado de tamanho, mais friável (quebradiço) e amarelado. Quando colocado no formol, ele flutua (menos denso). Na microscopia, o acúmulo de lipídios fica com bordas bem delimitadas e nos hepatócitos, o núcleo fica condensado e achatado na periferia. Cetose bovina É mais comum em vacas leiteiras. O aumento da mobilização de triglicerídeos durante as fases finais de gestação ou durante intensa lactação causa deposição dessas moléculas nos hepatócitos, mas é considerado um evento normal. Ocorre cetose quando o metabolismo de gorduras se torna excessivo em razão do aumento nas necessidades energéticas. É caracterizada pelo aumento nas concentrações de corpos cetonicos no sangue (hipercetonemia), hipoglicemia e baixas concentrações de glicogênio hepático. Pacientes com cetose podem apresentar hiperexcitabilidade, agressividade, tremores musculares e incoordenação, que progridem para decúbito, coma e morte. Fígado extremamente pálido, amarelado e tende a ficar mais friável. Em resumo: comum no pós parto, animal tem demanda energética maior do que ele consegue ingerir Toxemia da prenhez Condição em pequenos ruminantes semelhante a cetose bovina, porém com maior taxa de mortalidade. Os fatores de riscos para ovelhas incluem fase final da gestação (período com > crescimento fetal), obesidade ou gestação de fetos múltiplos (ou únicos, mas grandes). Afeta principalmente ovelhas criadas intensivamente e pode ser associada a quedas súbitas na alimentação. Sinais clínicos neurológicos semelhantes aos da cetose dos bovinos. Há cegueira e alterações no comportamento. Lipidose hepática felina Ocorre na maioria das vezes em gatos obesos, que pararam de comer e apresentam vômito, anorexia, fraqueza, icterícia e hepatomegalia. Pode ser por causas idiopáticas (sem motivo aparente), doenças secundárias, animais estressados ou qualquer outro motivo que faça o animal parar de comer. Animal começa a metabolizar gordura, que irá se acumular no fígado. Diabetes mellitus Ocorre por deficiência de insulina ou de seus receptores. A resultante falta de captação celular de glicose resulta na metabolização de gordura para obtenção de energia. Esse excesso de metabolismo de gordura provoca acúmulo de lipídeos nos hepatócitos. Hiperlipidemia equina Distúrbio mais comum em algumas raças de pôneis, mas também pode acontecer em alguns asnos também. Muitos equinos com hiperlipidemia apresentam um histórico de estresse recente. O distúrbio está relacionado à restrição de energia, podendo ser por problemas congênitos, obesidade, restrição alimentar, lactação, gestação ou resistência à insulina. Um achado característico na bioquímica do soro é o alto nível de colesterol circulante. NECROSE HEPATOCELULAR: Podem ser aleatórias (focal ou multifocal) ou zonal. A necrose hepatocelular aleatória ocorre em hepatócitos esparsos ou agregados de hepatócitos com distribuição focal ou multifocal no parênquima hepático, ou seja, sem padrão anatômico. Essa necrose é típica de muitos agentes infecciosos (protozoários, vírus e bactérias). A necrose zonal afeta hepatócitos com uma área anatômica bem definida do lóbulo hepático. Pode localizar-se ao redor da veia centrolubular (necrose centrolobular), entre o centro e a periferia do lóbulo (necrose mediozonal) ou próximo às tríades portais (necrose periportal). Necrose paracentral é semelhante à centrolobular, mas afeta apenas uma cunha cujo ápice está colocado junto à veia centrolobular. A necrose massiva atinge todo o lóbulo, e ocorre em hepatose dietética dos suínos. A necrose centrolobular é a mais comum dos tipos de necrose zonal porque o centro do lóbulo é mais sensível aos insultos tóxicos e hipóxicos, pois está distante do suprimento de oxigênio. Essa necrose pode resultar da hipóxia de anemia, hipóxia induzida por congestão crônica ou por insultos tóxicos. RESPOSTA DO FÍGADO À AGRESSÃO Regeneração: O fígado tem grande capacidade regenerativa em resposta a perda celulares. O sucesso na regeneração hepática depende se a área afetada apresenta adequado suprimento sanguíneo, drenagem livre da bile e se não prejudicou o arcabouço da região afetada. Fibrose hepática: Quando há desordenada perda da arquitetura hepática, com rompimento da membrana basal, inicia-se o processo de fibrose hepática. A fibrose hepática é de acordo com o tipo de lesão sofrida. Independentemente da causa, ela é caracterizada pelo aumento dos constituintes da matriz extracelular, os quais, coletivamente, irão formar a cicatriz hepática. Cirrose: É uma lesão crônica e irreversível. É um processo caracterizado por fibrose econversão da arquitetura normal do fígado em lóbulos estruturalmente anormais. As causas de cirrose são numerosas, como intoxicação por plantas (em herbívoros), cães que recebem anticonvulsionante por tempo prolongado. Megalocitose Alteração comum em regeneração, principalmente em algumas alterações tóxicas. Células ficam aumentadas de tamanho e com mais de um núcleo. ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS Agentes que causam inflamação chegam por via hematogênea (ex. doenças infecciosas; via mais frequente por causa da grande quantidade de sangue que chega), via ascendente do trato biliar (infec. bact. ascendentes) e por penetração direta (ex. abscessos causados por corpo estranho metálico). CLASSIFICAÇÃO DAS INFLAMAÇÕES HEPÁTICAS Hepatites – inflamação do parênquima hepático (generalizado) Perihepatite – inflamação mais restrita à capsula do fígado (ex. PIF) Colangite – inflamação dos ductos biliares Colangiohepatite – inflamação dos ductos biliares e do parênquima hepático Hepatite aguda: Frequentemente acompanha a necrose hepatocelular. Haverá a presença de neutrófilos, linfócitos e macrófagos. Se a lesão não for fatal, o tecido necrótico é gradualmente removido por fagócitos e substituído por parênquima regenerado ou por tecido fibroso. A persistência do agente causa a evolução para um processo inflamatório crônico. Hepatite crônica: Facilmente perceptível, macroscopicamente, por fibrose, granuloma ou abscesso. Caracteriza-se pela presença de linfócitos, neutrófilos, macrófagos, nódulos de regeneração e fibrose. Em gatos: colangio-hepatite linfocitária; colangio- hepatite supurativa, cirrose biliar Em cães: adenovírus canino tipo 1 (doença importante em animais mais jovens), Leptospira interrogans (sorovares: icterohaemorragiae, canicola, Hardjo, Wolffi, Pomona), anticonvulsivante, acúmulo de cobre, distúrbio genético (hepatite crônica de origem racial), hepatite lobular dissecante. Colangio-hepatite linfocitária: Ocorre mais em felinos, causa desconhecida. Animais apresentam icterícia, hemorragia, edema e sinais neurológicos. Na microscopia, observa-se colestase, proliferação de ductos, predomínio de linfócitos e fibrose. Fígado pode apresentar padrão lobular evidenciado, com superfície irregular, mais firme que o normal. Em casos mais crônicos, pode evoluir para um fígado em estado terminal. Leptospirose: Associada à insuficiência renal aguda e à hepatopatia acompanhada de icterícia. Fígado fica com coloração alaranjada por conta da icterícia e pulmão com manchas escuras avermelhadas. Lesão hepática alaranjado; dissociação de hepatócitos Pulmão hemorragia pulmonar, não colabado Rim múltiplos pontos avermelhados e órgão amarelado Hepatite infecciosa canina: Causada pelo adenovírus canino tipo 1, acometendo animais mais jovens (menores de 1 ano de idade – imunizados; qualquer idade em animais não imunizados). Manifestações clinicas pode variar de poucas horas a 15 dias e animais apresentam febre, anorexia, diarreia, latidos frequentes, dor abdominal, tonsilite e sinais nervosos. Patogenia: após o animal entrar em contato com o vírus, este irá se replicar na região linfoide e dissemina-se dentro de monócitos; tem predileção por hepatócitos e células endoteliais. Ao chegar no fígado, o vírus faz áreas aleatórias de necrose e hemorragia, além de poder encontrar corpúsculos intranucleares em células endoteliais e hepatócitos. Pode ocorrer uveíte (condição chamada de olho azul) por conta de uma deposição de imunocomplexos (reação de hipersensibilidade tipo 3). Herpesvírus canino Acomete neonatos e fetos. O vírus tem passagem por várias vias, inclusive por via transplacentária (causa de abortos). A infecção inicial começa no epitélio oronasal, onde o vírus ira se replicar e ser fagocitado por células fagocitárias. Essas células servirão como transporte para o agente via corrente sanguínea e chegará ao fígado, onde provocará necrose multifocal aleatória. Macroscopia semelhante ao adenovírus, com áreas de hemorragias no parênquima renal (pontos avermelhados) e áreas esbranquiçadas no fígado (necrose aleatória). Baço também pode apresentar áreas de hemorragia. Microscopia com áreas de necrose no fígado e áreas de necrose e hemorragia nos túbulos renais. Abscessos hepáticos: São comuns, especialmente em bovinos. Originam- se por várias rotas: veia porta, artéria hepática, migração de parasitas, veias umbilicais (animais mais jovens, sem cura do umbigo adequada) ou lesão direta. Em bovinos, uma das causas frequentes de se encontrar abscessos seria principalmente em animais confinados por conta de acidose ruminal ou retículoperitonite traumática. Hepatite crônica-ativa Ocorre em cães e a causa é geralmente indeterminada. Na microscopia, hepatite crônica- ativa, colestase e fibrose. Quanto a macroscopia, aumento do padrão lobular, fígado reduzido e nódulos de regeneração ou cirrose. HEMOGLOBINÚRIA BACILAR Doença infecciosa aguda de bovinos que, ocasionalmente, afeta ovinos. Acomete animais maiores de 2 anos, bem nutridos e no período de verão e outono, em regiões com pastos irrigados e drenagem deficiente (pH alcalino). Uma toxina produzida por Clostridium haemolyticum é a causa da doença, que se caracteriza por febre, hemólise intravascular, hemoglobinúria e necrose hepática. Patogenia: esporos ingeridos com alimento contaminado e se proliferam no intestino delgado. Os esporos chegam ao fígado, no qual permanecem dormentes por vários meses. A migração de larvas de F. hepática pelo fígado é o principal fator que desencadeia a doença; a lesão hepática causada pelos parasitas cria a condição de hipóxia (anaerobiose), necessárias para a germinação dos esporos, e para que estes cresçam e produzam a toxina. A toxina chega na circulação e causa hemólise intravascular, que culmina em anemia, hemoglobinemia e hemoglobinúria. Achados na necropsia: animal levemente ictérico; sangue aquoso (coagula com dificuldade); áreas de necrose no parênquima hepático, os rins são vermelhos escuros devido a hemoglobinúria; as serosas das vísceras abdominais estão impregnadas por hemoglobina; vesícula biliar distendida (por conta da hemólise, começa a produzir muita bile). FASCIOLA HEPATICA Áreas enzoóticas para fasciolose são campos baixos e úmidos, mesmas áreas enzoóticas para o caramujo Lymnae spp., hospedeiro intermediário. Os vermes adultos parasitam os ductos biliares ou a vesícula biliar da maioria dos mamíferos, incluindo ser humano. Os vermes imaturos encontram-se no parênquima hepático. Ciclo: HD elimina fezes com ovos – ovos com miracídios – miracídio entra no caramujo – cercarias abandonam o caramujo e incistam (metacercárias) – ingestão pelo HD – vão para intestino delgado – chegam ao fígado. No fígado, os vermes migram causando grave dano hepático. Na necropsia, o fígado aparece aumentado e recoberto por espessa camada de fibrina. A superfície de corte aparece entrecortada por numerosos trajetos hemorrágicos causados pela migração PARASITAS Platynossomum fastosum em gatos. Eimeria stiedae coelhos (animais criados sobre piso): fígado com nódulos brancacentos mais firmes; hiperplasia do epitélio dos ductos biliares com inflamação crônica Nematódeos: migração de formas jovens através do fígado; Ascaris suum causa fibrose capsular (manchas de leite). Cestódeos: hidatidose (mais frequente em ovinos; cães criados próximos aos ovinos; ocorrem cistos no fígado e nos pulmões). NEOPLASIAS HEPÁTICAS: As neoplasias primárias de fígado podem ser nos hepatócitos (adenoma ou carcinoma), nas células dos ductos biliares (conlangioma, cistadenomas biliares, colangiocarcinoma) e nas células mesenquimais (hemangiossarcoma ou outros sarcomas). Hiperplasia nodular hepática: São lesões que podem ser confundidas com tumores verdadeiros. Pode aparecerde forma única ou vários. São mais comuns em animais velhos. É um achado incidental durante a necropsia. Na necropsia, encontra-se algumas áreas, às vezes um pouco mais pálida ou de coloração próxima ao parênquima. Nódulo bem delimitado, não infiltrativo, podem aparecer salientes na capsula ou incluído no parênquima, esféricos ou ovoides e sem cápsula fibroide. Na microscopia, vários hepatócitos sem característica neoplásica. Adenoma hepatocelular: Neoplasia benigna dos hepatócitos. Devem ser diferenciados da hiperplasia. Esse tipo de neoplasia não produz sinais clínicos pois não causa muitos danos ao fígado. São massas esféricas, marrom-amareladas ou marrom-escuras, com tecido conjuntivo adjacente. Na microscopia, os hepatócitos que compõem o tumor são bem diferenciados, não há uma cápsula fibrosa. Nos nódulos do adenoma não se observam as veias centrolobulares e pode haver falta de tríades portais (diferente de lesões hiperplásicas). Carcinoma hepatocelular A faixa etária mais afetada é animais de 10-11 anos. Como é uma neoplasia maligna, pode haver crescimento maior, destruindo o parênquima hepático, então animais podem ter sinais clínicos, mas estes são inespecíficos, como anorexia, vômito, ascite, fraqueza, raramente convulsões e ALT e AST elevadas. Há três formas de apresentação macroscópica: massiva, nodular e difusa. O carcinoma massivo é o mais comum e caracteriza-se por um tumor grande que envolve um lobo. Carcinomas nodulares consistem em nódulos de distribuição aleatória que geralmente afeta vários lobos. E o carcinoma difuso são múltiplos nódulos pequenos difusamente no parênquima. O tamanho e a cor do carcinoma hepatocelular são bastante variáveis. Podem ter a cor do parênquima hepático normal (tumores pequenos podem ser amarelos ou vermelhos-escuros) ou apresentar áreas brancas (necrose da massa tumoral). Colangioma/ Cistadenoma biliar Tumores benignos de ducto biliar, são raros e sem manifestação clínica. Colangiocarcinoma Neoplasia mais frequente, que acomete animais mais velhos (>10 anos). Os sinais clínicos são inespecíficos e, muitas vezes, são os mesmos para o carcinoma hepatocelular. Macroscopicamente, aparecem com um padrão massivo que destrói todo um lobo e pode se estender para adjacentes. Nódulos possuem aspecto umbilicado (centro deprimido) e são firmes por conta da abundância de tecido conjuntivo. Hemangiossarcoma Animais acima dos 10 anos de idade são a faixa etária mais afetada. Os sinais clínicos são inespecíficos e incluem depressão, anorexia e aumento de volume do abdômen. Hemangiossarcomas do fígado podem romper e sangrar e, dependendo da intensidade da hemorragia, ocorrem vários graus de anemia ou mesmo hemoperitônio com choque e morte súbita. Macroscopicamente, são tumores escuros, muitas vezes formando cavidades císticas com grande quantidade de sangue, solitários ou múltiplos. Tumores secundários: São mais frequentes que os tumores primários. Incluem os tumores multicêntricos e tumores metastáticos. Os tumores multicêntricos são parte da manifestação de condições neoplásicas que afetam múltiplos órgãos, mas o local primário do tumor não é definido. Os tumores metastáticos são primários de outro local e que metastatizam para outros órgãos, incluindo o fígado. Metastáticos: tumores de mama, carcinoma de pâncreas, osteossarcoma. Multicêntricos: linfossarcoma, hemangiossarcoma. VESÍCULA BILIAR Função de armazenar e concentrar a bile. A bile é usada para a digestão de gorduras, excreção e tampão. ALTERAÇÕES ENCONTRADAS PODEM SER: - Impregnação pela bile: alteração pós-mortal - Distensão da vesícula: por vários motivos, como jejum prolongado, anemia hemolítica, pacientes com obstrução de vesícula biliar. Animais que ficam muito tempo sem se alimentar, bile armazenada fica mais viscosa - Vesícula bipartida: em gatos, achado incidental sem importância clínica - Alterações císticas: múltiplos nódulos elevados; encontra em cães mais velhos - Cálculo biliar: encontrado dentro da vesícula e pode causar obstrução e, consequentemente, animal apresenta icterícia pós-hepática - Tumores: adenomas e carcinomas, ambos raros - Colescitete: inflamação; aguda (adenovírus tipo 1 e bacteriana, como salmonela) e crônica (cálculos e parasitas) - Parasitas: nematódeos da família Ascaridae
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