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Thais Alves Fagundes DISTÚRBIOS VASCULARES E CIRCULATÓRIOS PULMONARES CIRCULAÇÃO PULMONAR Leito vascular pulmonar é um leito de baixa resistência. o Parede do ventrículo direito é bem mais delgada que a do ventrículo esquerdo. Ventrículo direito que bombeia o sangue para o pulmão, leito de menor resistência. Não há necessidade de força de contração tão grande quanto a do ventrículo esquerdo. Pulmão contém o único leito capilar através do qual passa todo o sangue venoso a cada circulação. o Por isso os eventos tromboembólicos são muito frequentes na circulação pulmonar. Pressão arterial pulmonar em repouso: 10 a 14 mmHg EMBOLIA PULMONAR Impactação de partículas sólidas, líquidas ou gasosas dentro do leito vascular pulmonar. Muitas vezes não diagnosticado clinicamente, pode ser desde subclínico até causa de morte súbita. Espectro muito grande de apresentação: dispneia, tosse, dor torácica, hipotensão arterial. Embolia pulmonar se associa frequentemente com a formação de trombos. Ocorre em pacientes com uma condição predisponente, que aumenta a tendência à formação de trombos. Atuação nos fatores de risco para evitar eventos tromboembólicos (embolias podem ser prevenidas). TROMBOS: Podem ficar fixos na parede do vaso e se associar a um processo inflamatório. Podem se fragmentar e ocorrer embolia. o Fragmento do trombo na circulação é chamado de êmbolo. o Alta probabilidade do êmbolo impactar no leito vascular pulmonar. o Visto que todo sangue venoso passa pela circulação do pulmão. o Pode apresentar embolia em outros órgãos, mas o pulmão é mais acometido. Formação de trombos ocorre principalmente em: Veias profundas dos membros inferiores: o Condições favorecem a formação de trombos em veias profundas dos membros inferiores. o Condições são fatores de risco para a ocorrência de tromboembolia pulmonar. Neoplasias malignas: alterações nos fatores de coagulação. Imobilização prolongada Imobilização aumenta a chance de estase sanguínea e formação de trombo. Em todo procedimento cirúrgico a orientação inicial é a deambulação precoce. Caso não seja possível a deambulação precoce, recomenda-se fisioterapia, uso de meias compressivas e deve ser avaliada a necessidade de anticoagulação. Cirurgia recente: necessidade de imobilização e repouso. Uso prolongado de ACO (anticoncepcional oral) Fator controverso para o aumento do risco de eventos tromboembólicos. Fatores de risco e histórico familiar de trombose venosa profunda, associado ao uso de ACO, aumenta a probabilidade de formação de trombos. Obesidade Gravidez Thais Alves Fagundes Coração direito: o Condições que acompanham dilatação e fibrose do coração. o Aumenta a chance de formação de trombo dentro da cavidade cardíaca. o Trombo formado nas câmaras cardíacas diretas que se fragmenta, pode ocasionar fenômeno tromboembólico pulmonar, pois é o ventrículo direito que bombeia o sangue para o pulmão. Cateteres venosos centrais: o Risco de lesão endotelial, que podem gerar trombos e acarretar fenômenos tromboembólicos. REPERCUSSÕES DA EMBOLIA PULMONAR: Morte súbita (Caso A): Êmbolo obstrui um ramo da artéria pulmonar no pulmão (embolia maciça e obstrução vascular acentuada). Condição grave que pode evoluir para morte súbita através de dois mecanismos: o Cor pulmonale agudo: Oclusão do ramo da artéria pulmonar. Causando elevação súbita e acentuada da pressão pulmonar. Ultrapassando a capacidade de ejeção do ventrículo direito, que se dilata. o Obstrução causando redução perfusão pulmonar: Pulmão não está sendo perfundido, embora esteja sendo ventilado. Ocorrendo um quadro de insuficiência respiratória aguda. Infarto pulmonar (Caso B): Êmbolo obstrui um vaso de médio e pequeno calibre no pulmão, causando um infarto. o Gera redução da circulação. o Causando necrose isquêmica/infarto (área destacada em vermelho). Infarto tem a cor vermelha. Região inunda de sangue. Maior parte dos infartos pulmonares acontece na base do pulmão. Geralmente ocorre quando a obstrução vascular se associa com alguma condição prévia do parênquima pulmonar que dificulta a atuação da dupla perfusão (pulmão possui dupla circulação), evoluindo com infarto. Assintomático/subclínico (Caso C): Êmbolos obstruem vasos de menor calibre (capilares pulmonares). Quantidade de êmbolos nos vasos de pequeno calibre é importante. o Formação de muitos êmbolos pode acarretar alterações respiratórias e hemodinâmicas. o Quanto maior o número de vasos ocluídos maior a chance de acarretar repercussões. Condição prévia do paciente é extremamente importante. o Na ausência de doenças do parênquima pulmonar, pode não haver repercussões circulatórias nem respiratórias. o Na presença de história prévia de doenças pulmonares, mesmo um número pequeno de vasos de pequeno calibre ocluídos podem causar repercussões respiratórias e hemodinâmicas. Thais Alves Fagundes CONSEQUENCIAS FISIOPATOLÓGICAS DELETÉRIAS DOS ÊMBOLOS: Comprometimento respiratório: devido a um segmento pulmonar não perfundido, embora ventilado. Comprometimento hemodinâmico: decorrente do aumento da resistência ao fluxo sanguíneo pulmonar causada pela obstrução embólica. Principais repercussões o Morte súbita por hipóxia aguda: obstrução de grandes ramos da artéria pulmonar. o Morte súbita por falência aguda do ventrículo direito (cor pulmonale agudo). o Infarto pulmonar. o Hipertensão pulmonar: episódios repetidos de embolia. Formações recorrentes de trombos e a fragmentação destes, causando embolia pulmonar. Trombos ocluem artérias de médio calibre constantemente. Redução da luz de vários vasos, causando hipertensão pulmonar crônica. o Alterações subclínicas. Na presença de uma condição predisponente de base, pacientes com um êmbolo pulmonar apresentam risco de 30% de desenvolver um segundo êmbolo. Dependem de fatores do indivíduo, das características do êmbolo, da terapêutica instituída (anticoagulação) e controle da doença de base. MACROSCOPIA: Infarto pulmonar MICROSCOPIA: Luz de um vaso completamente ocluída por um tromboêmbolo agudo (imagem 1). o Caso não evolua a óbito, irá ocorrer a organização do tromboêmbolo e a recanalização do vaso. o Recanalizar significa tornar permeável um vaso ou canal obstruído. Vaso ocluído por um tromboêmbolo se reorganizou recuperando um pouco da luz (img 2). Vaso recanalizado tem sua luz diminuída em relação aos vasos normais. Significa que tromboêmbolos recorrentes reduzem a luz dos vasos. Causando hipertensão pulmonar. Thais Alves Fagundes EMBOLIA GORDUROSA Situações que podem acarretar a embolia gordurosa: Fratura de osso longo: medula amarela pode ir para o interior de algum vaso no momento da lesão e ser transportado para o pulmão. Esmagamento de tecido por acidentes (ex: atropelamento) aumenta a chance de embolia gordurosa; Procedimento de lipoaspiração: além de lesionar o tecido adiposo, também há uma lesão vascular, aumentando a chance de embolia gordurosa. o Qualquer material, seja sólido ou líquido, que cai na circulação, pode ser transportado para o pulmão e causar a embolia pulmonar. Embolia de medula óssea: Embolia gordurosa decorrente de fraturas costuma acontecer nas primeiras horas após a fratura. o Paciente com fratura (principalmente de osso longo) que necessita de cirurgia tem o risco muito aumentado de sofrer uma embolia pulmonar. o Associa a possibilidade da embolia gordurosa pós-fratura. o Com a lesão vascular da cirurgia e a necessidade de repouso e imobilização. Aumenta a probabilidade de estase sanguínea. Com formação de trombo em veia profunda de membro inferior. Trombo transportado para o pulmão, acarretando em evento tromboembólico pulmonar. Microscopia: o Áreas circuladas: adipócitosdentro do vaso pulmonar, constituindo uma embolia gordurosa. Embolia pulmonar por substância enxógena: Vasos ocluídos por uma substância exógena. o Substância injetada em procedimento de aumento do volume dos glúteos. o Atingiu um vaso de maior calibre, embolizou e foi parar nos vasos pulmonares. o Aspecto da substância dentro do vaso é bem diferente da do sangue, sendo mais clara e amorfa. Thais Alves Fagundes INFARTO PULMONAR Conceito: Necrose isquêmica do parênquima pulmonar. Classicamente hemorrágico (dupla circulação pulmonar: brônquica e arterial). Predomina em lóbulos inferiores. Não está associado à alta letalidade, depende da condição prévia do pulmão e da condição clínica. Morfologia: Forma de cone ou cunha. Com a base voltada para a pleura e o ápice voltado para o vaso obstruído. Necrose do parênquima, estruturas fantasmas de alvéolos, bronquíolos e vasos. Localização: Lobos inferiores. 50% múltiplos. Microscopia: Região inundada de sangue. Presença de algumas estruturas fantasmas. Apagamento gradual dos alvéolos e do restante das estruturas respiratórias. Após um tempo haveria congestão, edema, infiltrado inflamatório e posterior substituição por fibrose. EDEMA PULMONAR EDEMA CARDIOGÊNICO Edema associado com insuficiência cardíaca do lado esquerdo, aguda ou crônica. Insuficiência das câmaras cardíacas esquerdas: o Ocorre sobrecarga no leito vascular pulmonar: Aumenta a pressão hidrostática nos vasos pulmonares (capilares pulmonares). Aumentando a permeabilidade desses vasos. Gerando extravasamento de líquidos do intravascular para o extravascular. Formando o edema. Inicialmente o edema ocupa os septos e depois vai inundar o espaço alveolar. Também podem extravasar proteínas e hemácias. o Patologias que podem causar a insuficiência cardíaca esquerda: ICC Estenose mitral: Thais Alves Fagundes Inicialmente há a sobrecarga do átrio esquerdo. Átrio esquerdo fica insuficiente e sobrecarrega o leito vascular pulmonar. Sobrecarregando os vasos pulmonares e causando congestão pulmonar. Resulta em um extravasamento de líquido (edema). Infarto agudo do miocárdio com falência do VE Repercussão do edema: depende da quantidade de fluido extravasado, capacidade de adaptação dos linfáticos, condição prévia do pulmão e do coração, condição clínica do paciente. Morfologia: Pulmão pesado e úmido (pela presença do líquido - edema). Inicialmente lobos inferiores. Congestão dos capilares. Líquido intra-alveolar – corado de rosa nas lâminas. Micro-hemorragias – hemossiderinose. o Hemossiderina é proveniente do metabolismo das hemácias. o No edema há também o extravasamento de hemácias. o Hemácias, quando fagocitadas pelos macrófagos alveolares, libera hemosiderina. o Hemossiderina na microscopia é vista como um pigmento acastanhado. "Endurecimento castanho". Microscopia: Hemácias no septo alveolar, que estão extravasando para a luz do alvéolo. Substância amorfa e acidófila – edema – no espaço alveolar no lugar de ar. o Nessa região há alteração das trocas gasosas. Macrófagos fagocitando pigmentos de hemossiderina. Thais Alves Fagundes HIPERTENSÃO PULMONAR Conceito: Pressão arterial pulmonar > 25 mmHg em repouso e > 30mmHg no exercício. Hipertensão pulmonar grave: > 40 mmHg o Leito vascular pulmonar é, normalmente, um leito de baixa resistência. Primária ou secundária (cardiopatias congênitas; TEP recorrente; DPOC). Evolução: Insuficiência respiratória progressiva e hipertrofia ventricular direita (cor pulmonale crônico). o Hipertensão pulmonar: Sobrecarrega o ventrículo direito. Podendo ocorrer hipertrofia concêntrica do VD e insuficiência respiratória progressiva. Denominação "cor pulmonale" é específica para doenças do parênquima pulmonar, que causaram hipertensão pulmonar com repercussões no ventrículo direito. OMS classifica a hipertensão pulmonar em cinco grupos: 1. Hipertensão arterial pulmonar associada a doenças que acometem a artéria muscular pulmonar: o Conjunto de disfunções que impactam primariamente as artérias musculares pulmonares pequenas. 2. Hipertensão pulmonar secundária à insuficiência cardíaca esquerda: o Sobrecarga do leito vascular pulmonar. o Gerando congestão pulmonar, com aumento da pressão hidrostática. o Gerando hipertensão pulmonar. 3. Hipertensão pulmonar originada de doença do parênquima pulmonar ou hipoxemia: o Causa hipóxia e vasoconstrição do leito vascular pulmonar, gerando hipertensão pulmonar (DPOC). 4. Hipertensão pulmonar tromboembólica crônica: o Fenômenos tromboembólicos recorrentes (geralmente em vasos de pequeno calibre). o Tromboêmbolos reduzem a luz dos vasos acometidos, aumentando a resistência ao fluxo sanguíneo. o Gerando hipertensão pulmonar 5. Hipertensão pulmonar de base multifatorial: o Doenças do colágeno (lúpus, artrite reumatóide). o Podem acarretar o acometimento de vasos sistêmicos, inclusive de vasos pulmonares. o Gerando hipertensão pulmonar. Mecanismos: Hipercinético: o Aumento do fluxo sanguíneo. o Comum em pacientes com má formação cardíaca. o Exemplo: Comunicação interatrial ou interventricular, com shunt da esquerda pra direita. Quantidade de sangue do VE passa através dessa comunicação pro VD. Sangue que já foi filtrado anteriormente acaba passando pelo pulmão novamente. Gerando um mecanismo de hiperfluxo na circulação pulmonar. Aumentando a resistência vascular. Passivo: o Hipertensão arterial prolongada. o Insuficiência cardíaca esquerda: Elevação crônica da pressão hidrostática pulmonar. Thais Alves Fagundes Obstrutivo: o Obstrução vascular aguda e crônica. o Crônica: eventos tromboembólicos recorrentes. o Aguda: tromboembolismos maciços. Vasoconstritivo: o Vasoconstrição pulmonar. o Comum em pacientes com DPOC. o Apneia obstrutiva do sono: Hipóxia no leito vascular pulmonar. Causando vasoconstrição e acarretando hipertensão pulmonar. Causas: Doenças obstrutivas ou intersticiais Cardiopatia congênita/ adquirida Tromboembolia recorrente Doenças autoimunes Apneia obstrutiva do sono Idiopática (primária): rara e tem 80% de base genética, com origem de mutações em genes específicos. Morfologia: Hipertensão pulmonar ocorre pela sobrecarga gerada pelo acometimento do lado direito do coração e pelo acometimento dos vasos pulmonares pela própria hipertensão pulmonar. o Grandes vasos: aterosclerose (mais raro) o Pequenos vasos: hiperplasia e hipertrofia da camada média + fibrose da camada íntima. Causando a redução da luz desses vasos – agravando a hipertensão pulmonar. Microscopia: Hipertensão pulmonar no enfisema: o Hipóxia do enfisema causou vasoconstrição e determinou a hipertensão pulmonar. o Luzes dos vasos inundadas com sangue. o Paredes dos vasos espessadas: Fibrose Hipertrofia da camada média Redução da luz dos vasos, agravando a hipertensão pulmonar. Thais Alves Fagundes LESÃO PLEXIFORME Lesões plexiformes consistem em tufos de formações capilares. o Ocupa a luz das pequenas artérias dilatadas de paredes finas. o Pode se estender para fora desses vasos. Não é muito frequente. Pode ser vista em pacientes com hipertensão pulmonar grave e antiga. Mais comuns na: o Hipertensão pulmonar familiar e idiopática (primária). o Doença cardíaca congênita não corrigida com shunts da esquerda para a direita. o Hipertensão pulmonar associada com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana e fármaco. Por serem mais comuns na hipertensão idiopática/primária. Dificilmente ocorre na DPOC, insuficiência cardíaca esquerda, TEP recorrente. Causas secundárias de hipertensão pulmonar. Microscopia: Tufos de capilares: vasos coma espessura fina e cheios de sangue. o Hipertensão pulmonar grave causou uma necrose da parede dos vasos. o No lugar desses vasos foram formados tufos de capilares.
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