Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇAS DOS NERVOS, PLEXOS E JUNÇÃO NEUROMUSCULAR + ENMG Profª Alessandra Scaramussa RADICULOPATIAS As radiculopatias são doenças vertebrais degenerativas Doença degenerativa do disco (disco intervertebral) e articular (óssea e articular) Processos distintos, mas relacionados Espondilose Osteoartrite Hipertrofia óssea com formação de osteófitos Articulação artrítica - a face articular pode se expandir e invadir o forame intervertebral ou o canal vertebral sobretudo no recesso lateral Alterações degenerativas diminuem o espaço para os elementos neurais Protusão discal é diferente de hérnia discal → deslocamento do disco, a hérnia é uma ruptura Direção da hérnia de disco (posterolateral, lateral e central) → determina a raiz lesada (que sai pelo forame de conjugação) No forame de conjugação tem uma raiz saindo, mas na medula tem outra raiz que vai sair no forame de baixo Hérnia de disco → Radiculopatia Compressão direta >> A direção da hérnia é que determina as raízes lesadas ● Processo inflamatório induzido por proteoglicanas intradiscais ● Isquemia por pressão ● Aderências ● Fibrose Ex: hérnia posterocentral (pega a raiz que geralmente tá saindo no neuroforame abaixo). Na imagem acima ela é lateral e pega a raiz do forame de conjugação. Tipos: Radiculopatia simples de único nível Radiculopatia de múltiplos níveis Estenose de canal vertebral Síndrome da cauda equina Mielopatia cervical (espaço do canal medular cervical é mais estreito) Radiculomielopatia cervical Síndrome de recesso lateral Etiologia: Causas compressivas e não-compressivas No caso das infecciosas e inflamatórias, pode ser tanto localizada como difusa. RADICULOPATIA COMPRESSIVA Ocorre perda sensorial na distribuição em dermátomos ● Menor que a esperada - superposição nas zonas de inervação das raízes ● Mais facilmente demonstrada nas áreas de assinatura das principais raízes (determinadas regiões do corpo tem territórios puros de raízes, são locais onde podemos testar sensibilidade) Ângulo da mandíbula - C2, C3 Clavícula - C3,C4 Mamilo - T4 Processo xifóide - T6 Arcada costal - T7 Umbigo - T9 Crista ilíaca - T12 Face anterior do joelho (patela) - L2-L4 Face medial do tornozelo - L5 Face lateral da perna - S1 Sensação dolorosa - Formigamento, pinicação, sensação grosseira (parestesias) Fraqueza muscular - distribuição em miótomos (deve-se avaliar os reflexos) ● A maioria dos músculos tem inervação multisegmentar Hipoestesia: diminuição das sensações táteis Disestesias: sensações desconfortáveis. Eletroneuromiografia (ENMG) - estuda o funcionamento do nervo e da raiz do SNP Alterações em 2 ou mais músculos inervados pela mesma raiz e diferentes nervos periféricos Musculatura paravertebral O que se avalia? Velocidade de condução motora (VCM) - Onda F Velocidade de condução sensitiva (VCS) Reflexo H PLEXOPATIAS Braquial (C5-T1) /Lombossacral Alterações motoras e sensitivas Nervos mistos (componente sensitivo-motor) - componente pós ganglionar - Lesões de plexo levam a muita DOR e são comuns em acidentes de moto. Ideal: pedir a partir de 3 semanas - tempo para aparecer as lesões (no mínimo 15 dias para solicitar o exame). A reserva dos axônios vai manter o nervo por um tempo (pelo menos 7 dias) , enquanto não houver a Degeneração walleriana (7-14 dias) Na ENMG, primeiro se faz o estudo da neurocondução motora, em seguida da sensitiva. MOTOR SENSITIVO PLEXO LOMBOSSACRAL Origina os nervos que suprem o membro inferior e a região do quadril Constituído de 2 plexos ● Plexo lombar - ramos ventrais de L1 a L4 ● Tronco Lombossacral L4 a L5 ● Plexo Sacral - S1 a S3 ENMG: dá o diagnóstico, prognóstico (pelo menos 3 meses de evolução), comprometimento radicular, diagnóstico diferencial: lesão de múltiplos troncos de nervos periféricos (localizadas: trauma, tumor) x plexopatia LS Mínimo de 15 dias, ideal 3 semanas. Localização das compressões: Sd. Túnel do carpo - N. mediano tem os tendões nas suas laterais, profundamente osso e superficialmente o retináculo dos flexores, ou seja, uma estrutura sensível envolvida por estruturas rígidas. ● Na mulher esse espaço é menor que o do homem, mas varia segundo a forma da mão. N. ulnar no cotovelo (epicôndilo medial) e na região do punho (Sd. do canal de Guyon) → o ulnar também é bastante acometido pela hanseníase. N. radial (vem da face posterior pela lateral do braço, cola no úmero → sulco do nervo radial no úmero → e vai para a face anterior, perfurando a fáscia e indo até o dorso lateral da mão) N. interósseo anterior (Ramo do N. mediano) → na face anterior do antebraço N. ciático → pelve → glúteo (passa pelo músculo piriforme - mais rara) N. Fibular - cabeça da fíbula (joelho lateral) N. tibial (Sd. do túnel do tarso) - passa colado ao maléolo medial e vai para a ponta do pé. NEUROPATIA INFLAMATÓRIA PÓS-OPERATÓRIA - Etiologia inflamatória, diagnóstico diferencial com trauma de nervo durante ato cirúrgico. Estresse cirúrgico é o desencadeante do processo inflamatório. RM para distinguir de erro técnico do médico - mostra hipersinal do nervo com integridade do tecido ao redor quando a causa é inflamatória. JUNÇÃO NEUROMUSCULAR Amielínica, recebe o estímulo elétrico e faz a liberação de Ach. A superfície do músculo é cheia de reentrâncias o que aumenta a quantidade de receptores Distúrbios da Junção neuromuscular JNM - sinapse especializada através da qual os sinais elétricos no nervo periférico são convertidos em sinais químicos que, então induzem a despolarização da membrana muscular pós-sináptica e, por conseguinte, a contração muscular. Características da patologia - fraqueza flutuante/ fadiga ENMG ● teste de estimulação repetitiva (ER) do nervo - decretamento/incremento ● ENMG fibra única - teste + sensível 82 a 99%/ não específico SÍNDROMES MIASTÊNICAS Pós-sináptico: Miastenia Gravis Anticorpos contra os receptores pós-sinápticos da acetilcolina (AChR) Pré-sináptico: Sìndrome miastênica de Lambert - Eaton/ Botulismo O Anticorpo se liga ao axônio - aumentando o número de receptores MIASTENIA GRAVIS ● atinge mais mulheres jovens na 3ª década de vida ● Homens de meia-idade na 5ª e 6ª década de vida ● Predomínio feminino 3:2 ● Crianças - 11% dos pct com MG ● Desordem autoimune, adquirida da JNM associada com uma diminuição do número de receptores de ACh ● Quadro clínico: fraqueza muscular flutuante e fatigabilidade excessiva dos músculos voluntários (estriados), ptose palpebral, disfagia. Hipótese autoimune: 10% associadas a timomas altamente malignos 70% hiperplasia tímica Coexistência de outras doenças imunológicas 80 a 90% pct - anticorpos (anti-AChR) 40 a 50% dos pcts com MG generalizada - anticorpos contra tirosinoquinase músculo específica (MuSK) - anti-MuSK 8,2% são soronegativos - ou anticorpos não detectáveis? ● CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Instalação insidiosa A doença pode se tornar clinicamente manifesta após infecção aguda ou seguindo-se a diversos procedimentos cirúrgicos Sintomas no final do dia ou após algum exercícios exigente Fraqueza restrita a determinados grupos musculares Musculatura ocular → diplopia, ptose, semiptose. FORMA OCULAR ● Pode ser apenas o início da doença, evoluindo para forma generalizada. ● Perda de força limitada aos músculos oculares. ● Se não surgirem sinais em outras localizações, além dos olhos no prazo de 1 ano, 90% desses pcts não evoluirão com progressão dos sintomas. Sintomas geralmente flutuam sem causa aparente e o que pode agravar estes são: infecção, exposição ao calor, estresse emocional, doença tireoidiana, excesso de medicamentos Aplicação local de frio - melhora clínica e eletrofisiológica teste do Tensilon - edrofônio EV - Ação anticolinesterásica Aumento quase uniforme da força dos músculos envolvidos Efeito se inicia 1 minuto após administração e dura 5 a 10 min Ás vezes resultado duvidoso/falso-negativo Falso-positivo: SMLE, botulismo, SMC, miastenia induzida por medicamentos, ELA, Sd Guillain Barré Diagnóstico diferencial: ● Todas as doenças caracterizadaspor perda de força dos músculos oculares, bulbares ou dos membros. ● Ex: Distrofia muscular, doença neurônio motor, Esclerose Múltipla, oftalmoplegia, paralisia bulbar progressiva, paralisia pseudobulbar e psiconeurose. Medicações que melhoram o quadro clínico → anticolinesterásicas Imunomoduladores - corticóides Crises Miastênica (da doença - fraqueza que pode levar a insuficiência respiratória) e Colinérgicas (excesso de medicação) ● Diagnóstico: testes eletrofisiológicos, ENMG, EMG fibra única. SÍNDROME MIASTÊNICA DE LAMBERT-EATON - Instalação após os 40 anos - Casos descritos em crianças de 4 a 9 anos - Predomínio sexo masculino 2:1 - Associação com neoplasias malignas: 75% homens e 25 % mulheres - Mais de 50% pct afetados SMLE - portadores de carcinoma broncogênico de pequenas células - O CA pode ser detectado por meses ou, ocasionalmente, muitos anos após a instalação da SMLE. - Presença de autoanticorpos contra os canais de cálcio controlados por voltagem da membrana pré-sináptica. O paciente acorda fraco, à medida que ele vai estimulando e querendo se mexer, vai melhorando pela estimulação da liberação de ACh - o contrário dos miastênicos. A fraqueza e a fatigabilidade atingem primeiros os MMII de predomínio proximal (cintura pélvica e m. da coxa) Ombros e MMSS Geralmente poupa a musculatura bulbar, extraocular e do pescoço Boca seca e mais raramente impotência, parestesias e disautonomia (disfunção parassimpática - SNA) A distribuição da fraqueza é contrária ao padrão típico encontrado na MG. EXAME NEUROLÓGICO Perda de Força nos músculos proximais dos MMII - que melhora consideravelmente após exercícios Manobras de oposição: a cada esforço sucessivo aumenta a resistência necessária para se contrapor a força do pct. Reflexos: a redução pode melhorar após exercícios de curta duração. DIAGNÓSTICO (amplitude do potencial vai aumentar) BOTULISMO Vários membros da mesma família desenvolvem sintomas semelhantes após compartilhar uma refeição Casos isolados: desafio diagnóstico Diagnóstico: cultura do alimento suspeito/teste de neutralização da toxina em camundongo. A quantidade de toxina tem relação com a gravidade da doença. SINTOMAS: - surgem 1 a 2 dias após ingestão dos alimentos contaminados - Disfunção gastrointestinal: diarreia, náuseas e vômitos. - Fraqueza cranial (oftalmoplegia externa e ptose palpebral) - Falha de convergência pupilar, pupilas fixas e dilatadas, disartria, disfagia e dificuldade de mastigação, constipação e retenção urinária. - Músculos dos membros - Músculos do tronco - Paciente flácido e sem reflexos. Aplicação terapêutica - toxina botulínica tipo A - bloqueio pré-sináptico de liberação de Ach → espasticidade.
Compartilhar