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Plexos, trauma raquimedular TRM, Bexiga neurogênica e TCE

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1 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
MÓDULO I – PREENSÃO E LOCOMOÇÃO: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE
PROBLEMA 5 – Superman 
Foi na tarde de 27 de maio de 1995 que o ator americano Christopher Reeve 
provou ser mesmo o Super-Homem. Depois de cair do cavalo e ferir a medula 
espinhal, Reeve só foi acordar no dias depois do acidente com a notícia que dali 
em diante nunca mais moveria nenhuma parte do corpo abaixo dos ombros. Sua 
lesão foi total: a medula espinhal foi transeccionada na 2ª vertebra cervical (C2). 
Em seu 2º livro, superar o impossível (editora Campus), ele conta que iria desistir 
da sua vida se não fosse a sua esposa, Dana, pedir-lhe que esperasse pelo menos 
2 anos. Mas desde outubro do ano 2000 Reeve ganhou algumas sensações e 
movimentos. Ele é capaz de sentir a ponta de uma agulha em algumas partes do corpo e mover-se voluntariamente em 
exercícios de resistência. Mas nada disso foi milagre. Reeve, que é pai de 2 filhos, mantém em casa um regime de exercícios 
criados especialmente para ele. 
Ele não recuperou nenhuma função motora, tampouco apresentou controle da bexiga ou a evacuação, mas sua melhora, 
mesmo que lenta, faz com que ele se sinta melhor perante a vida. 
Falecido em outubro de 2004, em decorrência de complicações decorrentes de um quadro de sepse, o ator que imortalizou o 
personagem do “Superman”, viveu por 9 anos sob ventilação assistida e com discretos movimentos, únicos e dos dedos da mão 
esquerda, assistido por sua família em sistema de Homecare. 
Apesar dos discretos avanços na pesquisa em busca de forma de regenerar os axônios, se compararmos a situação de hoje com 
a de mais de 2 anos atrás o cuidado com portadores de doenças neurológicas está bem melhor. Naquele tempo um paciente de 
trauma raquimedular, como Reeve, logo morreria de infecções causadas por incontinência ou retenção urinária, ou pneumonia 
Estudos avanças para diminuir as complicações das lesões raquimedulares totais ou parciais, considerando-se ainda a 
expectativa de terapia gênica e de células tronco para remissão completa de seus efeitos 
 
Intencionalidade educacional: 
estudar a morfologia da medula 
espinal, formação dos nervos 
espinais e da inervação autonômica. 
Com base nos conhecimentos 
morfológicos compreender as 
consequências funcionais dos 
traumas medulares. 
 
Sumário 
Plexo Braquial .................................................................................................................................................................... 3 
Plexo Lombosacral ............................................................................................................................................................. 6 
Divisão funcional do SN ..................................................................................................................................................... 8 
TRM- Trauma Raquimedular ........................................................................................................................................... 11 
Síndrome da Bexiga Neurogênica .................................................................................................................................... 29 
TCE – Traumatismo crânioencefálico .............................................................................................................................. 31 
 
 
 
 
 
Objetivos da Tutoria: 
1.Caracterizar o trauma raquimedular (combo) 
2.Diferenciar o choque neurogênico e medular 
3.Caracterizar as síndromes relacionadas ao trauma raquimedular 
- bexiga neurogênica (inervação da bexiga) 
4.Descrever as políticas públicas para a terapia dos pacientes pós traumas medulares 
 
2 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
INTRODUÇÃO
ALTERAÇÕES DA SENSIBILIDADE 
As principais alterações da sensibilidade são: 
a) anestesia - desaparecimento total de uma ou mais 
modalidades de sensibilidade após estimulação adequada. 
O tenno emprega-se mais frequentemente para a perda da 
sensibilidade tátil, reservando-se o termo analgesia para a 
perda de sensibilidade dolorosa: 
b) hipoestesia – diminuição ↓ da sensibilidade; 
c) hiperestesia – aumento ↑ da sensibilidade; 
d) parestesia- aparecimento, sem estimulação, de 
sensações espontâneas e mal definidas como, por exemplo, 
o "formigamento"; 
e) algias - dores, em geral. 
LESÕES DA MEDULA 
A cada ano, milhares de pessoas no mundo sofrem lesões 
na medula espinhal que geram incapacidade permanente 
sensorial e motora, assim como perda do controle 
voluntário das funções vesical e intestinal. Diante da 
suspeita de uma lesão medular, é importante distinguir se 
os sintomas realmente resultam de lesões da medula ou 
das raízes nervosas. 
 Quando a lesão ocorre nas raízes ventrais, os 
sinais motores incluem fraqueza, atrofia e perda 
de reflexos nos músculos inervados pela raiz. 
 Quando são lesadas as raízes dorsais, haverá 
perda total de sensibilidade no dermátomo 
correspondente à raiz lesada. 
A identificação dos locais das lesões radiculares pode ser 
feita com base nos mapas de dermátomos e de território de 
inervação radicular. 
LESÕES DA COLUNA ANTERIOR 
HEMISSECÇÃO DA MEDULA 
A hemissecção da medula produz no homem um conjunto 
de sintomas conhecido como síndrome de Brown-Séquard 
(Figura 19.1). Os sintomas mais característicos resultam da 
interrupção dos principais tratos, que percorrem uma 
metade da medula. 
 Os sintomas resultantes da secção dos tratos que 
não se cruzam na medula aparecem do mesmo 
lado da lesão. 
 Já os sintomas resultantes da lesão de tratos que 
se cruzam na medula manifestam-se no lado 
oposto ao lesado. 
Todos os sintomas aparecem somente abaixo do nível 
da lesão. Assim temos: 
Sintomas que se manifestam do mesmo lado da lesão 
(tratos não cruzados na medula) 
a) síndrome do neurônio motor superior, ou seja, 
paralisia espástica, com aparecimento do sinal de 
Babinski, em virtude da interrupção das fibras do trato 
corticoespinhal lateral; 
b) perda da propriocepção consciente e do tato 
epicrítico em virtude da interrupção das fibras dos 
fascículos grácil e cuneiforme (Figura 19.1 A). 
Sintomas que se manifestam do lado oposto ao lesado 
(tratos cruzados) 
a) perda da sensibilidade térmica e dolorosa a partir de 
um ou dois dermátomos abaixo do nível da lesão, em 
consequência da interrupção das fibras do trato 
espínotalâmico lateral (Figura 19.1 B); 
 
b) ligeira diminuição do tato protopático e da pressão, 
por comprometimento do trato espinotalàmico anterior. 
Este comprometimento, em geral, é pequeno, porque as 
fibras da raiz dorsal, que levam esta modalidade de 
sensibilidade, dão ramos ascendentes muito grandes, 
que emitem colaterais em várias alturas antes de fazer 
sinapse na coluna posterior e cruzar para o lado oposto 
(Figura 19.1 C). 
 
FIGURA 19.1 Esquema mostrando o consequência da 
interrupção unilateral dos principais vias ascendentes da 
medula, como ocorre no síndrome de Brown-Séquord. 
A.As áreas escuros indicam os regiões comprometidos pelas 
lesões do fascículo grácil ou do troto espinotalômico laterol 
(B). O esquema C mostra por que a lesão do traio 
espinotalâmico anterior não causa sintomotologia 
acentuado 
 
TRANSECÇÃO DA MEDULA 
Imediatamente após um traumatismo que resulte na 
secção completa da medula, o paciente entra em estado de 
choque espinhal. Esta condição (que nada tem a ver com o 
choque por perda de sangue) caracteriza-se pela absoluta 
perda da sensibilidade, dos movimentos e do tônus nos 
músculos inervados pelos segmentos medulares situados 
abaixo da lesão. Há. ainda, retenção de urina e de fezes e 
perda da função erétil. Contudo, após um período variável, 
reaparecem os movimentos reflexos, que se tomam 
exagerados, aparece o sinal de Babinski. A eliminação de 
urina e de fezes passa a ser feita reflexamente, ou seja, 
semcontrole voluntário. A ereção só é possível com 
estimulação manual. 
 
 
 
3 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
Plexo Braquial 
Origem: Nervos espinais de C5 a T1 
Responsáveis pela inervação dos MMSSs. 
A Formação das raízes estão próximas ao nervo escaleno 
anterior e escaleno médio. 
Passa posteriormente a clavícula, passando pelo musculo 
peitoral < e o M. Subescapular 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
PLEXO BRAQUIAL 
Nervos Inervação Lesões 
N. Musculocutâneo 
(C5 – C7) 
M. Anteriores do braço Flexão do Braço 
Inerva: 
- Perfura o M. Coracobraquial, e passa entre esses 
2 M: 
- M. Bíceps Braquial 
- M. Braquial 
 
Cutânea: Pele lateral do antebraço 
Lesão do nervo Cutâneo: Perda da 
capacidade flexora 
N. Mediano 
 
(C6 – T1) 
Músculos: 
- M. Flexor do antebraço (exceto pelos inervados 
pelo N. Ulnar) 
- M. Tenares da mão 
- 1 e 2 lumbricais 
- Pronadores 
- Acompanha a A. Braquial. Passa anterior a fossa cubital 
 
Cutânea: palma da mão até metade do 4 dedo 
Lesão do nervo Mediano: (pedir 
para o pct fechar a mão) Mão em 
benção/ papal 
 
M. extensores de 
braço e 
antebraço 
(POSTERIOR) 
 
 
 
 
N. Axilar 
(C5 e C6) 
- M Redondo < e Deltoide 
Lesão do nervo Axilar: Perda dos 
movimentos do braço, ombro 
caído, musculatura atrofiada 
N. Radial 
(C5 – T1) 
 
Músculos: posteriores do braço e antebraço 
- M. Tríceps Braquial, Braquiorradial, extensor 
radial longo e curto do carpo, supinador e M. 
da região posterior do antebraço. 
 
Sulco do N. Radial, entre a cabeça do tríceps e posterior 
ao úmero 
Sensorial - Cutânea: 
- Região posterior e inferolateral do braço 
- Região posterior do antebraço 
- Dorso da mão e dos dedos (1ª, 2º, 3º e metade do 4º 
dedo) 
Lesão do nervo Radial: perde a 
capacidade de extensão do punho 
Mão caída + perda da 
sensibilidade 
Ex. Acidente automobilístico, fratura de 
terço médio do úmero 
 
N. Ulnar 
(C8 – T1) 
 
 
- Passa posterior ao epicôndilo medial do úmero (sulco do 
N. ulnar) 
“Choque no cotovelo” 
Músculos: 
- M. flexor ulnar do carpo 
- M. flexor profundo do dedo (só a metade 
medial/ulnar) 
- Hipotenares da mão (oponente, abdutor, flexor do 
dedo mínimo) 
- Adutor do polegar 
- 3 e 4 lumbricais 
- Interósseos 
 
Cutânea: porção medial do 4º dedo e todo 5º 
dedo 
Lesão do nervo Ulnar: Mão em 
garra 
Em repouso: Articulações 
metacarpofalangeanas ficaram 
hiperestendidas (para trás) com flexão das 
articulações interfalangeanas 
 
Ex. Luxação de cotovelo, fratura de 
epicôndilo medial, terço distal de úmero. 
(causando compressão ou laceração do 
ramo nervoso) 
 
 
 
 
 
5 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
 
 
 
6 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
Plexo Lombosacral
Plexo Lombar (L1 – L4) 
Nervo ílio-hipogástrico (L1 – L2) – Surge nas adjacências do 
músculo psoas maior, seguindo seu trajeto obliquamente 
sobre as fibras do músculo quadrado lombar, onde, em 
seguida, adentra na parede lateral do abdome, realizando a 
inervação sensitiva da pele nas regiões inguinal e púbica. 
Suas fibras motoras inervam os músculos da parede 
anterolateral do abdome. 
Nervo ílioinguinal (L1 – L2) – Localiza-se imediatamente 
abaixo do nervo ílio-hipogastrico, e acompanha o seu 
trajeto. Fornece inervação sensitiva para a pele da região 
genital e inervação motora para os músculos da parede 
anterolateral do abdome. Em alguns casos, o nervo 
ílioinguinal pode estar ausente. 
Nervo genitofemoral (L1 – L2) – Transpassa o músculo psoas 
maior, na sua superfície divide-se em um ramo genital e 
outro femoral. O ramo genital fornece inervação sensitiva à 
pele do escroto nos homens e dos lábios maiores do 
pudendo nas mulheres. O ramo femoral acompanha o 
trajeto dos vasos femorais, fornecendo inervação à pele do 
trígono femoral. 
Nervo cutâneo lateral da coxa (L2 – L4) – Percorre 
obliquamente as fibras do músculo ilíaco e cruza 
medialmente a espinha ilíaca anterossuperior. Passa 
posteriormente ao ligamento inguinal, adentrando a coxa, e 
fornece inervação sensitiva para a pele. 
Nervo obturatório – Emerge na borda medial do músculo 
psoas maior direcionando-se ao forame obturado, 
penetrando-o. Na sua passagem pela loja medial da coxa, 
supre os músculos adutores e a pele dessa região. 
Nervo femoral – É o maior e mais volumoso nervo do plexo 
lombar, um dos principais nervos do membro inferior. Na 
pelve, encontra-se entre os músculos ilíaco e psoas maior, 
cruza abaixo do ligamento inguinal, lateralmente à artéria 
femoral, adentrando na coxa, e encontra o trígono femoral. 
Faz a inervação motora dos músculos da loja anterior da 
coxa e fornece alguns ramos cutâneos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
Plexo Sacral ( L4 – S4) 
Nervo glúteo superior —O nervo glúteo superior divide-se 
em ramo superior e inferior, o ramo superior faz a inervação 
motora do músculo glúteo mínimo, ao passo que o ramo 
inferior fornece ramificações para os músculos glúteo 
médio, glúteo mínimo e tensor da fáscia lata. 
Nervo glúteo inferior — Caracteriza-se por um misto de 
fibras motoras e sensitivas. Suas fibras motoras inervam o 
músculo glúteo máximo e as sensitivas suprem o períneo e 
a coxa. 
Nervo isquiático — Suas fibras originam-se dos ramos 
ventrais dos nervos espinhais de L4 a S3. Este nervo contribui 
para inervação sensitiva da pele do pé e da pele de maior 
parte da perna. Suas fibras motoras suprem os músculos da 
região posterior da coxa e os músculos de toda a perna e 
do pé. 
Nervo cutâneo femoral posterior — Suas funções são 
puramente sensitivas. Dessa forma inerva sensitivamente a 
pele do períneo, a face posterior da coxa e a fossa poplítea. 
Nervo pudendo — Recebe contribuições das divisões 
anteriores dos nervos S2, S3 e S4 (Gray e Goss, 1988). Seus 
ramos terminais são os nervos anal inferior também 
chamado de retal inferior, e o nervo perineal. Suas fibras 
motoras destinam-se à maioria dos músculos do períneo, 
ao passo que suas fibras sensitivas fornecem inervação para 
região anal e genital. 
 
 
 
 
 
 
 
8 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
Divisão funcional do SN 
 
Pode-se dividir o SN em somático e visceral. 
O sistema nervoso somático é também 
denominado sistema nervoso da vida de relação, ou seja, 
aquele que relaciona o organismo com o meio ambiente. 
Para isso, a parte aferente do sistema nervoso somático 
conduz aos centros nervosos impulsos originados em 
receptores periféricos, informando estes centros sobre o 
que se passa no meio ambiente. Por outro lado, a parte 
eferente do sistema nervoso somático leva aos músculos 
esqueléticos o comando dos centros nervosos, resultando 
movimentos que levam ao maior relacionamento ou 
integração com o meio externo. 
O sistema nervoso visceral é responsável pela 
inervação das estruturas viscerais e é muito importante para 
a integração da atividade das vísceras, no sentido da 
manutenção da constância do meio interno (homeostase). 
Assim como no sistema nervoso somático, distingue-se no 
sistema nervoso visceral uma parte aferente e outra 
eferente. 
 O componente aferente conduz os impulsos 
nervosos originados em receptores das vísceras 
(visceroceptores) a áreas especificas do sistema 
nervoso central. 
 O componente eferente traz impulsos de alguns 
centros nervosos até as estruturas viscerais 
terminando, pois, em glândulas, músculos lisos ou 
músculo cardíaco, e é chamado de sistema nervoso 
autônomo. 
SN neurovegetativo 
Aferências viscerais  neurônios simpáticos e 
parassimpáticos  SN 
Aferências localizadas em vísceras normalmente ocupam o 
mesmo lugar da aferência cutânea de uma região somática. 
Competindo pela mesma região que fazsinapse na coluna 
lateral, e as vezes fazem sinapse pela mesma região que leva 
informações de área consciente e não consciente = dor 
referida. A dor iniciada em uma viscera recebe influência de 
uma área somática. 
Dor do IAM: região anterior do peito e na região do MMSS, 
devido a competição de vias sensitivas inconscientes e 
conscientes. 
 
Dor referida 
 
 
Eferências 
 
 
9 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
 
 
Somático 
 
Simpático 
 
Salivação mucosa: inibe a serosa/liquida 
Parassimpático 
 
 
 
 
Formação do tronco Simpático 
 
 
 
 
10 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
 
11 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
TRM- Trauma Raquimedular 
Introdução 
A lesão medular traumática, ou traumatismo raquimedular 
– TRM (coluna vertebral e medula espinhal), é uma lesão 
frequente que resulta em uma síndrome neurológica 
altamente incapacitante que compromete as principais 
funções motoras, autonômicas e reflexas levando a 
inabilidade permanente. A causa mais frequente é o 
traumatismo, mas também pode ser resultante de tumores, 
infecção, lesão vascular ou iatrogenicamente. A lesão 
medular afeta física e psicologicamente não apenas o 
indivíduo acometido, como também sua família e a 
sociedade. 
-Trauma não reconhecido e tratado pode resultar em dano 
irreparável à medula espinhal, com dano neurológico 
permanente. 
- Lesão imediata no momento do trauma 
- Lesão de coluna com lesão espinhal após movimentação 
- SNC incapaz de regenerar 
- Suspeitar de lesão e fazer imobilização 
EPIDEMIOLOGIA 
Incidência de 12,7 a 50 pessoas por milhão de pessoas por 
ano. 
O principal nível medular acometido é o cervical (50%), 
geralmente relacionado a mergulhos em superfícies rasas, 
podendo culminar em morte pela apneia provocada pela 
lesão dos nervos frênicos. Em seguida, nível torácico (29%), 
seguido pelo nível lombar (15%) e sacrais (4%). 
 
A principal causa são os acidentes automobilísticos (30%), 
seguido por acidente pós-mergulho em água rasa (21%), 
queda da própria altura (20%), ferimento por arma de fogo 
(12%) e acidentes esportivos (2%). 
 
Usualmente acomete a população jovem (15 - 35 anos). O 
homem é mais acometido (4:1), pelas atividades mais 
violentas e de alto risco. 
- Podem ocorrer por trauma direto na cabeça ou no pescoço, 
deslocamento do tronco, forçando a coluna e seus 
ligamentos além dos limites 
- Déficits neurológicos resultam do trauma em diferentes 
estruturas do SNC e SNP 
- Traumatismo cranioencefálico (TCE) é a causa mais 
comum de lesão neurológica 
- Déficit pode ser por lesão da medula espinhal ou lesão 
direta da raiz nervosa ou nervo periférico por lesão de 
extremidade 
- Dano pode ser temporário ou permanente 
A coluna vertebral suporta forças de 1.360 Joules de energia 
- Cinemática: TCE, trauma em pescoço, tronco, pelve, 
aceleração ou desaceleração brusca, quedas, ejeção de 
veículos, mergulho em água rasa. 
 
 
ANATOMIA E FISIOLOGIA 
- 33 vértebras: 7 C, 12 T, 5 L, 5 Sacrais e 4 coccígeas 
- Exceto as vertebras C1 (atlas), C2 (áxis), sacrais e 
coccígeas, são praticamente iguais em forma, estrutura e 
movimento. Consistem basicamente em corpo vertebral, 
processo espinhoso e processo transverso. A maior parte 
da vértebra é o corpo. Possui 2 curvaturas laterais (arcos 
neurais) formado pelo pedículo e pela lamina. Dentro do 
arco neural existe o forame vertebral (canal da coluna 
vertebral), por onde passa a medula espinhal 
O Canal medular é amplo e vai até a parte inferior da C2. ⅓ 
dos pcts com lesão neste nível vai a óbito no local devido 
comprometimento central do nervo frênico. 
A medula ocupa 95% do forame ao nível de C3 com 3mm 
entre a medula e a parede do canal, já ao final da lombar, a 
medula ocupa em torno de 65% do canal medular. 
Nos processos transversos se inserem músculos e 
ligamentos. Entre os corpos vertebrais existem os discos 
intervertebrais que são fixados pelos ligamentos 
longitudinais anteriores e posteriores, conferindo 
alinhamento e estabilização. A coluna vertebral tem amplo 
movimento multidirecional 
 
 
 
12 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
 
ANATOMIA DA MEDULA ESPINHAL 
A medula espinhal começa na base do tronco cerebral, (c1) 
passando pelo forame magno e atravessa casa vértebra pelo 
canal medular até L2, abaixo inicia-se a cauda equina. O 
suprimento sanguíneo é dado pelas artérias vertebrais. 
Cercada pelo liquido cefalorraquidiano (LCR) e envolta pelo 
revestimento dural (reveste o cérebro até S2). 
Composta pela: 
 Massa cinzenta: corpos das cél. nervosas 
 Massa branca: axônio que formam os tratos 
medulares, servindo de vias de comunicação para 
impulsos nervosos. Divididos em ascendentes e 
descendentes 
 
 
 
FISIOPATOLOGIA 
Uma vez que o trauma medular acontece, uma sequência de 
eventos fisiopatológicos ocorre gerando danos neurológicos. 
Esses danos são resultados de dois eventos distintos: a lesão 
mecânica primária e a lesão endógena secundária. 
Lesão primária 
A lesão mecânica primária é o resultado direto do impacto 
somado à compressão da medula espinhal que resulta em 
dano axonal. Essa lesão pode ocorrer por fraturas de 
deslocamento que resultam em fragmentos ósseos que 
comprimem a medula por uma hiperextensão e/ou 
cisalhamento da medula espinhal e/ou do seu suprimento 
sanguíneo. A lesão mecânica primária ainda pode ser 
resultado de uma transecção ou laceração da medula 
espinhal por deslocamento severo ou feridas penetrantes, 
levando à secção parcial ou total da medula. 
 Escalpo: abrasões, lacerações, hematoma 
subgaleal e higroma subgaleal 
 Fraturas: Lineares, cominutivas 
Lesão secundária 
Após o trauma inicial, inicia-se um processo endógeno 
chamado de lesão endógena secundária. O processo foi 
descrito pela primeira vez por Alfred R. Allen, em 1911. Esse 
processo ocorre como resultado da ruptura tecidual com 
uma hemorragia na substância cinzenta e, por conseguinte, 
acontece um aumento da permeabilidade da barreira 
hematoencefálica, apoptose glial e neuronal, além de uma 
complexa resposta neuroinflamatória que persiste por 
meses ou anos após o trauma inicial (Dumont et al., 2001; Schwartz e 
Fehlings, 2002; Profyris et al., 2004; Fleming et al., 2006; Donnelly e Popovich, 2008). 
Os eventos envolvidos durante essa fase fazem com que a 
sobrevivência neuronal seja escassa e a recuperação 
funcional prejudicada. Ademais, é durante esse momento 
da lesão que o ambiente celular torna-se inóspito para a 
regeneração e remielinização. 
O processo da lesão secundária é dividido em sub-fases: 
imediata, aguda, subaguda, intermediária e crônica 
 
 Fase imediata: A fase imediata se refere, aproximadamente, 
as primeiras 2 horas após o trauma e resulta em uma morte 
neuronal e glial acompanhada de choque medular e 
consequente perda funcional motora no nível da lesão e 
abaixo. 
O trauma medular está associado ainda à liberação excessiva 
de glutamato, o principal neurotransmissor excitatório do 
SNC, que, especialmente no ambiente hipóxico da medula 
lesionada, leva ao estímulo exagerado dos receptores 
glutamatérgicos ionotrópicos, resultando na morte celular 
por excitotoxicidade. As células da glia também são 
atingidas, sendo os oligodendrócitos os mais prejudicados, 
uma vez que apresentam maior permeabilidade ao cálcio e 
sofrem sensibilização por ciclooxigenase-2, resultando em 
morte excitotóxica. 
Ocorre, ainda, o aparecimento de pontos hemorrágicos 
distantes do sítio da lesão original como resultado da perda 
de integridade estrutural dos capilares sanguíneos e há o 
aumento da expressão do fator de necrose tumoral- alfa 
(TNF- α) e interleucina-1β (IL-1β) 
 Fase aguda: O primeiro momento da fase aguda ocorre entre 
2 e 48 horas após o trauma medular inicial. Nesse momento,13 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
as petéquias aumentam em número e se unem formando 
uma volumosa área hemorrágica, resultando em uma 
isquemia. Este fenômeno é particularmente importante uma 
vez que a hemoglobina liberada é tóxica às células do SNC, 
expandindo o volume de tecido neural destruído. 
Relacionado a estes eventos, ocorre o infarto tecidual que 
propaga a necrose do tecido nervoso e é intensificado por 
mecanismos como a trombose e o choque neurogênico. 
 
A isquemia e o processo hemorrágico estão relacionados a 
permeabilidade da barreira hematoencefálica/ 
hematoespinhal, uma vez que a lesão medular causa uma 
interrupção nessas barreiras, atingindo uma interrupção 
máxima 2 horas após o trauma e retornando a níveis 
fisiológicos 2 semanas depois do trauma inicial (Figley et al., 
2014). 
Dentre as primeiras 24 horas após o trauma inicial, ocorre 
um processo chamado choque medular, ou seja, a ausência 
de reflexos espinhais caudais. O choque medular é diferente 
do choque neurogênico, já que esse representa uma 
condição em que o paciente apresenta hipotensão e 
bradicardia devido a perda da resistência vascular periférica, 
enquanto aquele está relacionado a interrupção das funções 
neurais distal à lesão, incluindo reflexo, sensibilidade e força 
motora (Ditunno et al., 2004). 
Além disso, a interrupção das barreiras hematoencefálicas e 
hematoespinhal permite a infiltração de células do sistema 
imune para o SNC, tais como células T, neutrófilos e 
monócitos. As micróglias residentes continuam a proliferar e 
se ativam durante a fase aguda, resultando na liberação 
acentuada de quimiocinas e citocinas (Donnelly e Popovich, 2008; Tzekou e 
Fehlings, 2014). Dessa forma, durante as primeiras 24 horas após 
o trauma medular, os neutrófilos chegam ao sítio da lesão e 
há liberação de citocinas, MMPs, mieloperoxidase e espécies 
reativas de oxigênio (Fleming et al., 2006; Donnelly e Popovich, 2008). Assim, em 
48 horas ocorre uma migração de monócitos e os neutrófilos 
já não são mais recrutados. Já em 72 horas, ocorre uma 
expansão da lesão secundária, uma vez que os monócitos 
iniciam sua diferenciação para macrófagos e há liberação de 
glutamato, TNF-α, IL-1β, IL-6 e prostanóides (Leskovar et al., 2000; 
Schwab et al., 2000). 
Depois da primeira semana após a lesão medular inicial, 
ocorre uma redução de macrófagos, porém a ativação de 
microglia persiste por semanas (Donnelly e Popovich, 2008). O 
resultado final dos eventos da fase aguda é a morte celular 
por apoptose e a desmielinização( Yu et al., 2009). 
Entre os primeiros dois dias e duas semanas da lesão 
medular traumatica os astrócitos tornam-se hipertróficos e 
proliferativos e inicia-se a formação da “cicatriz glial”, a 
qual é responsável por uma barreira física e química para a 
regeneração da medula espinhal (Karimi-Abdolrezaee et al., 2010; Karimi-
Abdolrezaee et al., 2012; Young, 2014). 
 Fase intermediária: inicia entre a 2ª e 3ª semana após o 
trauma e tem duração aproximada de 6 meses. Durante esse 
momento a reação de gliose continua até a cicatriz glial se 
formar por completo. A cicatrização glial é um fator crucial 
na recuperação de lesões no SNC, pois a eliminação do 
contingente de astrócitos reativos leva ao aumento do 
tamanho da lesão e a uma perda exagerada de 
macromoléculas através da barreira hematoencefálica que 
se encontra comprometida (Faulkner et al., 2004; Myer et al., 2006). 
Por conta disso, as falhas na regeneração axonal devem-se a 
produção de moléculas inibitórias pelos astrócitos a partir da 
cicatriz glial (Fitch e Silver, 2008). A contribuição dos 
astrócitos na ausência de regeneração no SNC deve-se a: 
1- Falha em proporcionar um substrato celular 
apropriado para o crescimento axonal; 
2- Ausência de fatores apropriados que suportem o 
crescimento axonal; 
3- Produção de moléculas que inibem o alongamento 
axonal, como os proteoglicanos (Jones, Margolis, et al., 2003; Jones, 
Sajed, et al., 2003). 
Além dos astrócitos, a mielina do SNC também produz a 
glicoproteína associada à mielina (MAG), a Nogo-A e a 
glicoproteína da mielina de oligodendrócitos (Omgp), 
substâncias capazes de inibir o crescimento de axônios, pois 
estão localizadas na porção interna da bainha de mielina, 
fazendo contato direto com os axônios (Wang et al., 2002; Schweigreiter e 
Bandtlow, 2006; Fitch e Silver, 2008). 
 Fase crônica: Uma lesão medular é considerada crônica a 
partir do 6º mês do trauma inicial. Durante esse momento 
a cicatriz glial e os cistos/cavidades na medula espinhal já 
estão desenvolvidos e estabelecidos. Os cistos são 
resultados dos restos de tecido neural e representam uma 
barreira física que impede a regeneração axonal. Nesse 
momento a degeneração walleriana (retração axonal) 
continua e pode durar anos até que os corpos celulares e os 
restos de axônios sejam totalmente removidos do sítio da 
lesão (Fleming et al., 2006; Kramer et al., 2013). 
 
- Degeneração Walleriana é o termo empregado 
para degeneração de axônios e suas baínhas de mielina após 
secção do nervo, geralmente traumática. O material 
resultante da degeneração da mielina e dos axônios tende a 
formar enovelados de membranas conhecidas como figuras 
de mielina. 
 
Figura 2. Eventos fisiopatologicos após a lesão medular 
traumática. Os eventos estão divididos em fase imediata (2 horas), 
aguda (2 a 48 horas), subaguda (48 horas a 14 dias), intermediária 
(14 dias a 6 meses) e crônica (a partir de 6 meses). 
 
14 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
 
CINEMÁTICA 
 Trauma fechado: 
- Principais causas de lesão: 
 Colisões automobilísticas e de motricidade, quedas, 
lesões em esportes, trauma violento, incidente em 
água rasa, acelerações e desacelerações, inclinações, 
ejeção de veículos, etc. 
 Pcts pediátricos: quedas, atropelamentos 
 Lesão penetrante 
- Se não sofreu lesão neurológica no momento, não há motivos 
para preocupação 
- Lesão geralmente ocorre no caminho da penetração, lesa 
diretamente a medula 
- Não causa fraturas instáveis pelo baixo risco de lesão de 
ligamento ou fratura óssea. Pelo baixo risco de lesão e pela 
importância que se pode ter outras lesões, pcts com trauma 
penetrante não precisa ser submetido a imobilização em 
alguns casos  imobilizar pcts com lesão penetrante em 
cabeça, pescoço e tórax com sintomas neurológico, - trauma 
contuso 2ªrio ao penetrante deve ser imobilizado 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES 
Quando suspeitar de lesão na coluna? 
As lesões medulares podem ser classificadas de acordo 
com: 
1- o nível, 
2- a gravidade do défice neurológico, 
3- o tipo de síndrome medular e 
4- a morfologia. 
 
NÍVEL 
O nível neurológico de lesão é definido pelo segmento mais 
caudal da medula, que se traduz através de funções motoras 
e sensoriais normais em ambos os lados do corpo. 
O termo nível sensorial, quando usado, refere-se aos 
segmentos mais caudais da medula que conservam suas 
funções sensoriais normais. De forma análoga, o nível motor 
é definido pela função motora 
do grupo-chave muscular mais baixo que mantém 
um valor de, pelo menos, 3/5 na escala de graduação 
de força muscular. 
No caso de lesões completas, quando se detecta, ainda que 
prejudicada, alguma evidência de função sensorial ou 
motora distalmente ao segmento normal mais baixo, fala-se 
em zona de preservação parcial. Como descrito 
anteriormente, é importante que se determine o nível de 
lesão de ambos os lados. 
Uma clara distinção deve ser feita entre as lesões acima e 
abaixo de T1. 
 As lesões traumáticas dos primeiros 8 segmentos 
cervicais da medula resultam em quadriplegia, 
 Enquanto as abaixo de T 1 acarretam paraplegia. 
O nível ósseo da lesão corresponde à vértebra cuja estrutura 
está danificada, resultando em lesão medular. Já o nível 
neurológico da lesão é determinado fundamentalmente 
pelo exame clínico. 
Frequentemente existeuma discrepância entre o nível ósseo 
e o neurológico, pois os nervos espinhais entram no canal 
medular através dos forames e, uma vez dentro dele, 
dirigem-se para cima ou para baixo, antes de penetrar 
propriamente na medula. Tal discrepância torna-se cada vez 
mais acentuada quanto mais caudal for a lesão. 
Deixando de lado o que se refere às medidas iniciais de 
estabilização das lesões ósseas, todas as descrições 
subsequentes, quanto à altura da lesão, basear-se-ão no 
nível neurológico. 
GRAVIDADE DO DÉFICIT NEUROLÓGICO 
Lesões medulares podem ser categorizadas quanto a: 
• Paraplegia incompleta (lesão torácica incompleta) 
• Paraplegia completa (lesão torácica completa) 
• Quadriplegia incompleta (lesão cervical incompleta) 
• Quadriplegia completa (lesão cervical completa) 
 
15 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
Isso é importante para avaliar qualquer sinal de preservação 
da função ao longo dos tratos da medula espinhal. Qualquer 
função motora ou sensorial abaixo do nível da lesão constitui 
uma lesão incompleta. 
Sinais de uma lesão incompleta incluem qualquer sensação 
(incluindo o reconhecimento de posição) ou movimentos 
voluntários nas extremidades inferiores, preservação sacral, 
contração esfincteriana anal voluntária e flexão voluntária 
do hálux. Reflexos sacrais, como o reflexo bulbocavernoso 
ou a contratilidade anal, não são qualificados como 
preservação sacral. 
SÍNDROMES MEDULARES 
Nos doentes portadores de lesão medular, são encontrados, 
com frequência, alguns padrões característicos de lesão 
neurológica, tais como síndrome central da medula, 
síndrome anterior da medula e síndrome de Brown-
Séquard. Tais padrões devem ser reconhecidos, pois, de 
outra forma, podem confundir o examinador. 
 
Síndrome medular posterior: 
- Raras 
- envolve colunas posteriores 
- Perda da propriocepção e 
vibração. Função motora e 
sensitiva sem alterações 
 
Síndrome medular anterior: 
- Geralmente causada por 
fragmentos ósseos, hiperflexão 
ou pressão das artérias espinhais 
Sintomas: perda da função 
motora (paraplegia), dor, Tº e menos comum 
propriocepção 
- Podem manter movimento, propriocepção e vibração 
 
A síndrome anterior da medula caracteriza-se por 
paraplegia e por dissociação da perda sensorial com 
perda de sensibilidade à dor e à temperatura. A função da 
coluna posterior (responsável pela sensibilidade 
proprioceptiva ao posicionamento, à vibração e à pressão 
profunda) está preservada. Usualmente, a síndrome 
anterior da medula é secundária a infarto da medula no 
território suprido pela artéria espinhal anterior. De todas 
as lesões incompletas, é aquela que tem o pior 
prognóstico. 
Síndrome medular Central: 
- Geralmente causada por 
hiperextensão da cervical 
Sintomas: fraqueza ou 
parestesia das extremidades 
superiores 
- Força e sensibilidade normal nas extremidade inferiores 
- Causa graus variáveis de disfunção da bexiga 
A síndrome central da medula é caracterizada pela 
desproporção entre a perda de força motora nas 
extremidades superiores, que é muito mais acentuada 
que a perda de força nas extremidades inferiores. Nessas 
circunstâncias, pode haver graus variáveis de perda 
sensorial. Geralmente, esta síndrome decorre de lesões 
por hiperextensão em doentes que apresentam 
estenose preexistente do canal medular cervical 
(comumente manifestação de doença osteoartrítica 
degenerativa). 
Habitualmente, a história é de uma queda para frente que 
resulta em impacto facial. 
Acredita-se que a síndrome central da medula seja 
decorrente de um comprometimento vascular no 
território de distribuição da artéria espinhal anterior. Esta 
artéria supre as porções centrais da medula. As fibras 
motoras dos segmentos cervicais são topograficamente 
dispostas em direção ao centro da medula. Os braços e as 
mãos são os mais gravemente atingidos. 
A síndrome central da medula pode ocorrer com ou sem 
fratura ou luxação da coluna cervical. A recuperação da 
força muscular costuma seguir um padrão característico: 
inicia-se pelos músculos dos membros inferiores, 
continua pela recuperação da função vesical e termina 
pela musculatura proximal dos membros superiores e das 
mãos. 
Nestes casos de lesão central, o prognóstico quanto à 
recuperação costuma ser melhor do que aquele de outras 
lesões incompletas. 
 
Síndrome de BROWN-SÉQUARD 
- Causada por lesões penetrantes 
envolvendo hemi-transecção da 
medula espinhal, atingindo apenas 
de uma lado 
Sintomas: perda da função motora, vibração e 
propriocepção do lado afetado com perda de sensação de 
dor e Tº do lado oposto da lesão 
A síndrome de Brown-Séquard resulta da hemissecção da 
medula, geralmente por traumatismo penetrante. 
Embora esta síndrome seja raramente encontrada, as 
variações do padrão clássico não são raras. Em sua forma 
mais pura, ela consiste em comprometimento motor 
ipsilateral (trato corticoespinhal) e perda da 
sensibilidade postural (coluna posterior), concomitantes 
à perda contralateral da sensibilidade térmica e à dor 
começando um ou dois níveis abaixo do nível da lesão 
(trato espinotalâmico). Mesmo que a síndrome seja 
decorrente de traumatismos penetrantes diretamente na 
medula, costuma ocorrer algum grau de recuperação. 
 
16 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
Síndrome do cone medular (T2 – L1) 
- Lesão do cone medular 
- Arreflexia da bexiga, intestino e MMII 
- Segmentos sacrais preservados 
- Prognóstico variável 
Síndrome da cauda equina: 
- Lesão entre o cone medular e as raízes lombossacras 
- Arreflexia da bexiga, intestino e MMII 
- Arreflexia do bulbocavernoso 
- Anestesia em sela 
 
MORFOLOGIA 
As lesões traumáticas de coluna podem ser descritas como 
fraturas, fraturas-luxações, lesões medulares sem 
anormalidades radiológicas (SCIWORA) e lesões 
penetrantes. Cada lesão poderá ainda ser classificada como 
estável ou instável. Entretanto, a determinação da 
estabilidade de um tipo particular de lesão nem sempre é 
fácil e, mesmo entre especialistas, pode haver discordância. 
Assim sendo, especialmente durante o atendimento inicial, 
todo doente que apresente evidências radiológicas de lesão 
de coluna e todos aqueles com défices neurológicos devem 
ser considerados portadores de uma lesão instável da 
coluna. Esses doentes devem ser imobilizados até serem 
avaliados por um especialista, geralmente um 
neurocirurgião ou um ortopedista. 
Tipos de fraturas (segundo AOspine): 
Tipo A 
Lesões 
compressivas 
(achatamento de 
vértebras) 
A1: Fratura em “tear drop”: gota de 
lágrima, uma “lasca” 
A2: Fratura em “Split”, acomete os dois 
platôs, como uma rachadura 
A3: Acometimento do platô superior 
A4: Acometimento de ambos os platôs 
* A3 e A4: com achatamento maior que 50% são indicativos 
cirúrgicos 
 
Tipo B 
 
Lesões por ruptura 
 
B1: Ruptura anteroposterior 
B2: Ruptura do platô superior, associada a 
ruptura ligamentar 
B3: Ruptura do disco vertebral, associada 
a ruptura ligamentar total 
* Usualmente são abordadas cirurgicamente. 
 
 
Tipo C 
Lesões por 
deslocamento 
 
Geralmente envolve compressão, 
rupturas e deslocamentos, sendo o 
tipo mais grave de fratura, podendo 
estar associada a sinais clínicos de 
rotura parcial ou completa medular. 
 
 
 
Lesões esqueléticas: 
 Fraturas por compressão: geram achatamento do 
corpo vertebral 
 Fraturas com fragmentos ósseos que alojam no canal 
medular 
 Subluxação: deslocamento parcial da vertebra de seu 
ligamento normal 
 Superestiramento ou laceração: dos ligamentos e 
músculos, gerando instabilidade na coluna 
Qualquer uma dessas lesões pode resultar em imediata 
transecção irreversível, ou apena comprimir ou estirar a 
medula espinhal. 
Pacientes com fratura de coluna, tem 10% de chance de ter 
uma 2ª fratura, por isso a imobilização completa. 
A ausência de déficitneurológico indica ausência de lesões 
na medula espinhal no momento da avaliação, mas não 
elimina a possibilidade de fratura óssea ou coluna instável. 
Mecanismos específicos de lesão que causam trauma na 
coluna vertebral: 
 Carga axial: compressão da coluna. Ex. trauma em 
para-brizas, mergulho em agua rasa, queda em pé de 
altura considerável, exacerbação das curvaturas 
normais 
 Hiperflexão, hiperextensão, hiper-rotação: lesões 
ósseas, rompimento de músculos e ligamentos, ex. 
colisão traseira 
 Inclinação lateral repentina ou excessiva, lesa mais 
fácil pela menor mobilidade, ex. trauma lateral no 
tórax 
 Tração (alongamento excessivo da cabeça): causa 
estiramento e laceração da medula espinhal, ex.: lesão 
em parques infantis e enforcamento 
Lesão da medula espinhal 
 Lesão 1ªria: fragmento ósseo, compressão medular 
ou interrupção do suprimento sanguíneo 
 
17 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
 Lesão 2ªria: edema, isquemia ou movimentação dos 
fragmentos ósseos 
 Concussão medular: ruptura temporária das funções 
da medula distal ao local da lesão, envolve ferimento 
ou sangramento dos tecidos da medula, resultando 
em perda temporária ou permanente sem lesão 
macroscopicamente visível 
 Choque medular: fenômeno neurológico que ocorre 
durante período imprevisível e variável após lesão 
medular, resultando perda temporária de toda função 
sensorial e motora, flacidez muscular e paralisia, 
perda de reflexos abaixo do nível da lesão na medula. 
Termino do choque quando reflexo bulbocavernosos 
 Compressão medular: é a pressão na medula espinhal 
causada por edema, ruptura de disco ou fragmentos 
ósseos, pode resultar em isquemia e exige 
descompressão 
 Laceração medular: quando o tecido da medula é 
lacerado. Quase sempre a lesão leva a invalidez 
permanente se algum ou todos os tratos medulares 
forem interrompidos. Pode ser revertido quando a 
lesão for leve 
 Transecção 
 Transecção medular completa: 
- Todos os tratos medulares são rompidos 
- Todas as funções medulares distais ao local de lesão 
são perdidas 
- Devido edema, a determinação da extensão é exata 
após 24 horas da lesão 
- Maioria resulta em tetraplegia ou paraplegia 
dependendo do nível da lesão 
 
 Transecção medular incompleta: 
- Pode apresentar funções motoras/sensoriais intactas 
de certos grupamentos musculares ou de um heimicorpo 
- Melhor prognostico 
- (A) Síndrome medular central 
- (B) Síndrome de Brown-séquard 
- (C) Síndrome medular anterior 
 
Lesão completa medular: perda de todos os movimentos 
- Cursa com disfunção esfincteriana, arreflexia, hipotonia 
generalizada, perda total dos movimentos e da sensibilidade 
= choque medular  refere-se à flacidez (perda do tônus 
muscular) e à perda de reflexos notada após a lesão medular. 
O “choque” para a medula pode fazer com que ela pareça 
totalmente desprovida de função, ainda que não esteja 
necessariamente destruída, podendo voltar a ter algum nível 
de funcionamento. 
Choque por lesão muscular em qualquer nível. 
Ausência do reflexo do bulbo cavernoso  o reflexo é 
observado pelo estímulo da glande peniana ou do clitóris, 
que gera em situações fisiológicas a contração do esfíncter 
anal. 
Reflexo Cremastérico: espátula um estímulo na virilha 
ascendente  músculo cremastérico enruga a bolsa 
escrotal. 
E presença de priapismo  ereção peniana prolongada 
persistente (>4h), dolorosa, desencadeada ou não por 
estímulo sexual. 
Ambos causados pela descarga adrenérgica expressiva que 
ocorre no choque medular, indicando um pior prognóstico. 
CHOQUE NEUROGÊNICO 
- Secundário a lesão da medula espinhal 
- Representa um achado adicional 
- Diferente do choque medular (perda temporária da função 
sensitiva e motora) 
- Interrupção do SN simpático, perdendo a constricção dos 
músculos nas paredes dos vasos abaixo do ponto de ruptura. 
Ocorre dilatação, aumentando o tamanho do 
compartimento vascular, levando a perda da resistência 
vascular sistêmica, causando relativa hipovolemia 
- Queda da PA: pele quente e seca (perfil A) (choque 
hemorrágico: fria e úmido – perfil C) 
- FC normal ou bradicardia 
- Raramente compromete a oxigenação dos tecidos periféricos 
- Lesões altas podem necessitar de vasopressores e marcapassos 
- Corrigir a PA se sistólica < 90 mmHg  Manter entre 85 – 
90 mmHg 
• Como identificar e tratar o choque neurogênico e o 
medular? 
O choque neurogênico resulta da lesão das vias 
descendentes do sistema simpático da medula espinhal 
cervical ou torácica alta, o que ocasiona a perda do tônus 
vasomotor e a perda da inervação simpática do coração. O 
choque neurogênico é raro nas lesões medulares abaixo do 
nível de T6. Se o choque estiver presente nesses doentes, 
deve-se realmente suspeitar de outra causa alternativa. A 
perda do tônus vasomotor por sua vez, causa vasodilatação 
dos vasos viscerais e das extremidades inferiores, 
represamento de sangue e, consequentemente, hipotensão. 
Como resultado da perda de tônus simpático no nível do 
coração, o doente pode tornar-se bradicárdico ou, pelo 
menos, deixar de apresentar taquicardia como resposta à 
hipovolemia. 
Nessas condições, a pressão sanguínea não costuma 
normalizar-se através da infusão de líquidos apenas e, o que 
é pior, esforços para normalizá-la podem resultar em 
sobrecarga hídrica e edema pulmonar. Habitualmente, a 
pressão sanguínea pode ser restaurada pelo uso cauteloso 
de vasopressores, após reposição volêmica moderada. A 
atropina pode ser usada para corrigir uma bradicardia que 
acarrete repercussões hemodinâmicas significativas. 
Síndrome de Claude-bernard-Horner (sugestivo de lesão 
simpático): ptose, miose e anidrose 
 
18 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
O termo choque medular refere-se à flacidez (perda do 
tônus muscular) e à perda de reflexos notada após a lesão 
medular. O "choque" para a medula lesada pode fazer com 
que ela pareça totalmente desprovida de função, ainda que 
não esteja necessariamente destruída. A duração deste 
estado é variável. (24 horas ou meses) arreflexia, flacidez, 
perda sensibilidade 
 
Fases do choque medular 
- Fase aguda: semana ou até meses – hipotonia, 
hiporreflexia seguido de espasticidade. 
- Fase intermediária: 6 meses até 2 anos – aumento 
gradual de espasticidade 
- Fase Cronica: após reabsorção total do edema e 
hemorragia subaracnóidea 
- Fase tardia: Dimininuição do volume medular da região 
afetada (afilamento), medula substituída por tecido fibrose 
 
CHOQUE NEUROGÊNICO CHOQUE MEDULAR 
Lesão das 
descendentes 
do SNA 
simpático 
Cervical a 
Torácico alto 
(até T6) 
Perda do 
tônus 
muscular e 
arreflexia 
Choque por 
lesão medular 
em qualquer 
nível 
 
Perda do 
tônus 
vasomotor 
Perda da 
inervação 
simpática do ♥ 
Pode 
voltar a 
apresentar 
função 
normal 
 
Período de 
acometimento 
é variavel 
Vasodilatação 
de vísceras e 
extremidades 
Bradicardia ou 
taquicardia 
não 
compensatório 
 
 
Hipotensão 
PA não se 
normaliza 
apenas com 
cristaloides 
 
 
EFEITOS EM OUTROS ÓRGÃOS E SISTEMAS 
Uma lesão de medula cervical baixa ou torácica alta pode 
resultar em hipoventilação por paralisia dos músculos 
intercostais. Quando há lesões da medula cervical alta ou 
média, o diafragma também é paralisado devido ao 
comprometimento dos segmentos de C3 a C5, que inervam 
o diafragma através dos nervos frênicos. A incapacidade de 
perceber estímulos dolorosos pode mascarar lesões 
potencialmente graves em outras partes do corpo. É o caso 
dos sinais usuais de abdome agudo. 
TIPOS ESPECÍFICOS DE LESÃO ESPINHAL 
As lesões traumáticas da coluna cervical podem resultar de 
apenas um ou de vários dos seguintes mecanismos de 
trauma: Compressão axial, Flexão, Extensão, Rotação, 
Flexão lateral, Tração 
Observação: as lesões da coluna cervical alta em crianças (C1-C4)são quase 2x mais comuns que as lesões cervicais baixas. 
LUXAÇÃO ATLANTO-OCCIPITAL 
As disjunções craniocervicais são lesões pouco comuns (rara 
e fatal) e resultam de movimentos acentuados de flexão e 
tração, de natureza traumática. A maioria desses doentes 
morre por destruição do tronco cerebral e apneia, ou 
apresenta lesões neurológicas extremamente graves 
(dependência de ventilador mecânico e quadriplegia). 
Ocasionalmente, um doente pode sobreviver desde que 
estejam disponíveis recursos para reanimação imediata, no 
local do trauma. Esse tipo de lesão pode ser identificado em 
até 19% dos doentes portadores de lesões fatais da coluna 
cervical e é uma causa comum de morte em casos de 
síndrome do bebê sacudido quando este morre 
imediatamente após a agressão. 
A imobilização da coluna é recomendada desde o início. Um 
auxílio para identificação de luxações atlanto-occipitais nas 
radiografias de coluna, incluindo as "Power's ratio". 
FRATURA DO ATLAS (C1) 
O atlas é um anel ósseo delicado, dotado de amplas 
superfícies articulares. As fraturas do atlas correspondem a 
aproximadamente 5% das fraturas agudas da coluna 
cervical. Cerca de 40% das fraturas do atlas vêm 
acompanhadas de fraturas do áxis (C2). A lesão mais comum 
de C1 consiste em fratura por explosão da vértebra (fratura 
de Jefferson). 
O mecanismo usual do trauma é uma sobrecarga axial, tal 
como ocorre quando um objeto pesado cai verticalmente 
sobre a cabeça ou quando o próprio doente cai, batendo a 
cabeça em posição relativamente neutra. A fratura de 
Jefferson consiste na ruptura anterior e posterior do anel de 
C1, com subsequente deslocamento lateral das massas 
laterais. A incidência radiológica mais adequada para 
diagnosticar a fratura é a radiografia transoral, que permite 
ver a região de C1 e C2, e pela tomografia axial (TC) 
• FIGURA 7-5 Fratura de Jefferson. Radiografia transoral 
mostrando fratura de Jefferson. Essa fratura envolve ruptura 
de ambos os anéis (anterior e posterior) de C1 com 
deslocamento lateral das massas laterais. 
 
No doente que sobrevive a uma fratura do atlas e chega até 
o hospital, a fratura geralmente não está associada a lesões 
da medula espinhal. Entretanto, tais fraturas são instáveis e 
devem ser tratadas desde o início com colar cervical. 
Fraturas de apenas um ramo do atlas ou comprometimento 
dos processos laterais não são raras e tendem a ser estáveis. 
Apesar disso, devem ser tratadas como se fossem instáveis 
até que o doente seja avaliado por um médico qualificado, 
geralmente um neurocirurgião ou um ortopedista. 
 
19 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
SUBLUXAÇÃO POR ROTAÇÃO EM C1 
A subluxação por rotação em C1 costuma ser vista com 
maior frequência em crianças. Pode ocorrer 
espontaneamente após traumatismos de grande ou 
pequeno porte, com infecções respiratórias altas ou 
acompanhando a artrite reumatoide. O doente apresenta-se 
com a cabeça em rotação persistente (torcicolo). Essa lesão 
é diagnosticada melhor pela radiografia transoral através da 
visualização do odontoide, embora os achados radiológicos 
possam ser de difícil interpretação. Nesse tipo de lesão, o 
odontoide não se encontra equidistante dos processos 
laterais de C1. O doente não deve ser forçado a corrigir a 
rotação da cabeça, mas, pelo contrário, deve ser imobilizado 
e enviado a um centro no qual possa receber tratamento 
especializado. 
•FIGURA 7-6 (A) TC com reconstrução 3D de um doente com 
subluxação por rotação de C1. (B) TC com reconstrução 3D 
de doente com subluxação rotacional de C1. (C) TC axial de 
doente com subluxação rotacional de C1 
 
FRATURAS DO ÁXIS (C2) 
O áxis é a maior vértebra cervical e apresenta um formato 
peculiar. Por isso é suscetível a vários tipos de fraturas, 
dependendo da força e da direção do impacto. As fraturas 
agudas de C2 representam aproximadamente 18% de todas 
as fraturas de coluna cervical. 
Fraturas do Odontoide: Cerca de 60% das fraturas de C2 
acometem o processo odontoide, uma protuberância óssea 
bem definida que se projeta cranialmente e que, em 
condições normais, faz contato com o arco anterior de C1. O 
processo odontoide é mantido fixo, fundamentalmente pelo 
ligamento transverso. As fraturas do odontoide podem ser 
identificadas, inicialmente, seja por meio de uma radiografia 
lateral da coluna cervical, seja por uma radiografia transoral. 
Entretanto, costuma ser necessária uma TC para definição 
mais clara. As fraturas do odontoide de tipo I afetam 
tipicamente sua extremidade e são relativamente raras. As 
fraturas de tipo II ocorrem através da base do odontoide e 
são as mais frequentes. Em crianças abaixo de 6 anos, a 
epífise usualmente presente pode ser confundida com uma 
fratura a este nível. As fraturas de tipo III afetam a base do 
odontoide e se prolongam obliquamente para o corpo do 
áxis. 
• FIGURA 7-7 Fratura do Odontoide. TC evidenciando fratura de 
odontoide tipo II que acomete a sua base. 
 
Fraturas dos Elementos Posteriores: A fratura típica do 
enforcado compromete os elementos posteriores de C2, ou 
seja, a parte interarticular. Esse tipo de fratura representa 
cerca de 20% de todas as fraturas do áxis e resulta, 
habitualmente, de uma lesão por extensão. Doentes 
portadores desse tipo de fratura devem ser mantidos com 
imobilização externa até que possam receber cuidados 
especializados. 
Variantes da fratura do enforcado incluem fraturas bilaterais 
que comprometem os processos laterais ou os pedículos da 
vértebra. 
• FIGURA 7-8 Fratura do Enforcado (setas) demonstradas em TC 
com reconstrução (A) axial, (B) sagital paramediana e (C) sagital da 
linha média. Note a angulação anterior e a distância excessiva entre 
os processos espinhosos de C1 e C2 (setas duplas). 
 
Outras Fraturas de C2: Cerca de 20% de todas as fraturas do 
áxis não afetam o odontoide e são de tipo diferente da 
fratura por enforcamento. Entre elas encontram-se as 
fraturas que afetam o corpo, o pedículo, os processos 
laterais, as lâminas e o processo espinhoso. 
 
20 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
FRATURAS E LUXAÇÕES (C3 A C7) 
As fraturas de C3 são pouco comuns, possivelmente porque 
esta vértebra está localizada entre o áxis, que é mais 
vulnerável, e o "fulcro relativo" da coluna cervical, ou seja, 
as vértebras C5 e C6, que constituem a parte mais móvel, na 
altura das quais a coluna cervical possui os maior 
movimentos de flexão e extensão. Em adultos, o local mais 
frequente de fraturas de coluna cervical é C5 e o nível mais 
comum de subluxação é entre C5 e C6. Os padrões mais 
comuns de lesões identificadas nesse segmento são as 
fraturas dos corpos vertebrais, com ou sem subluxação; a 
subluxação dos processos articulares (incluindo as luxações 
das facetas articulares, uni ou bilateralmente); e as fraturas 
das lâminas, dos processos espinhosos, dos pedículos ou 
das massas laterais. Raramente ocorrem rupturas 
ligamentares sem que existam, concomitantemente, 
fraturas ou luxações das facetas articulares. 
A incidência de lesões neurológicas aumenta 
dramaticamente com as luxações das facetas articulares. Na 
presença de luxações unilaterais dessas facetas: 
 80% dos doentes apresentam algum tipo de lesão 
neurológica, 
 Cerca de 30% têm apenas lesões de raízes 
nervosas, 
 40% lesões incompletas da medula espinhal e 
 30% lesões completas da medula espinhal. 
Na presença de luxação bilateral das facetas, a morbidade é 
muito maior, com lesões de medula incompletas em 16% dos 
casos e completas em 84%. 
FRATURAS DA COLUNA TORÁCICA (T1 A T10) 
As fraturas da coluna torácica podem ser classificadas 
em quatro grandes categorias: 
 Lesões em cunha por compressão anterior 
 Lesões por explosão do corpo vertebral 
 Fraturas de Chance 
 Fraturas-luxações 
A sobrecarga axial associada à flexão resulta em lesões 
em cunha por compressão anterior. O encunhamento 
costuma ser pequeno, de modoque o encurtamento da face 
anterior do corpo vertebral raramente é igual ou superior a 
25% da face posterior. Graças à rigidez da caixa torácica, a 
maioria dessas fraturas costuma ser estável. 
As lesões por explosão do corpo vertebral são causadas 
pela compressão vertical axial. 
As fraturas de Chance são fraturas transversas no corpo 
vertebral. Elas são causadas por flexão sobre um eixo 
anterior à coluna vertebral e são mais frequentemente 
encontradas em colisões automobilísticas quando o doente 
foi contido apenas pelo cinto abdominal. As fraturas de 
Chance podem estar associadas a lesões viscerais 
abdominais e retroperitoneais. 
• FIGURA 7-9 Fratura de Chance. Radiografia mostrando 
fratura de Chance-uma fratura transversa através do corpo 
vertebral. 
 
As fraturas-luxações são relativamente raras na 
coluna lombar e torácica devido à orientação das 
articulações das facetas. Essas lesões são quase sempre 
resultantes de flexão extrema ou trauma contuso grave da 
coluna, que produz ruptura dos elementos posteriores das 
vértebras (pedículos, facetas, lâmina). Entretanto, o canal 
medular é estreito em relação à medula espinhal, de modo 
que as fraturas-subluxações da coluna torácica 
frequentemente resultam em défices neurológicos 
completos. 
Fraturas simples por compressão são usualmente 
estáveis e frequentemente tratadas com um colete rígido. 
Fraturas por explosão, fraturas de Chance e fraturas-
luxações são extremamente instáveis e quase sempre 
requerem fixação interna. 
FRATURAS DA JUNÇÃO TORACOLOMBAR (T11 A L1) 
Fraturas neste nível da coluna toracolombar 
costumam ser o resultado da relativa imobilidade da coluna 
torácica quando comparada à coluna lombar. Em sua 
maioria, resultam da combinação de hiperflexão e rotação 
agudas e, consequentemente, costumam ser instáveis. Entre 
os doentes particularmente suscetíveis a esse tipo de lesão, 
encontram-se os que sofrem quedas de altura e os 
motoristas que, por estarem usando cinto de segurança no 
momento do impacto, sofrem uma flexão com grande 
transferência de energia. 
A medula espinhal termina no cone medular, 
aproximadamente no nível de L1. Uma lesão neste nível 
costuma resultar em disfunções da bexiga e do intestino, 
assim como em redução da sensibilidade e da motricidade 
nos membros inferiores. Os doentes portadores de fraturas 
toracolombares são particularmente vulneráveis a 
movimentos de rotação. Por isso, qualquer movimento de 
rotação em monobloco deve ser realizado com extremo 
cuidado. 
FRATURAS LOMBARES 
Os sinais radiológicos associados às fraturas lombares são 
semelhantes àqueles encontrados nas fraturas 
toracolombares e torácicas. Entretanto, por acometerem 
apenas a cauda equina, a probabilidade de existir um défice 
neurológico completo é menor nesse tipo de lesão. 
LESÕES PENETRANTES 
Os tipos mais comuns de lesões penetrantes são causados 
por arma de fogo ou por arma branca. E importante que se 
determine o trajeto do projétil ou da arma branca. Para 
tanto, deve-se utilizar as informações obtidas da história, o 
 
21 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
exame clínico (orifício de entrada e de saída), assim como 
interpretar as radiografias simples e o exame tomográfico. 
Quando o trajeto do agente vulnerante atravessa 
diretamente o canal vertebral, costuma ocorrer um défice 
neurológico completo. Entretanto, défices completos 
podem também ocorrer como consequência de 
transferência de energia quando um projétil de alta 
velocidade passa próximo à medula espinhal, mesmo sem 
transfixá-la. De um modo geral, as lesões penetrantes da 
coluna costumam ser estáveis, a menos que o projétil 
destrua uma parte considerável da vértebra. 
LESÕES VASCULARES CONTUSAS DAS ARTÉRIAS CARÓTIDA E 
VERTEBRAL 
O traumatismo contuso da cabeça e do pescoço é um fator 
de risco para lesões das artérias carótida e vertebral. O 
reconhecimento e o tratamento precoce dessas lesões 
podem reduzir o risco de acidente vascular cerebral. As 
indicações para investigação são amplas, mas os critérios 
sugeridos para a investigação incluem: 
 Fraturas de Cl - C3 
 Fraturas cervicais com subluxação 
 Fraturas envolvendo o forame transverso 
Aproximadamente- um terço desses doentes irão apresentar 
lesões vasculares contusas das artérias carótida e vertebral 
na angiotomografia cervical. O tratamento destas lesões 
envolve a anticoagulação ou terapia antiplaquetária, 
geralmente recomendada para os doentes sem 
contraindicações. 
• FIGURA 7-1 0 Angio-TC cervical com lesão de carótida Gil (seta) 
 
 
 
 
Dentro dos tratos das medula espinhal, clinicamente 
testaremos três: 
- Trato espinotalâmico (ascendente): dor e Tº do lado 
oposto 
- Trato piramidal (descendente): 
 Função motora do mesmo lado 
 Graus de perda de força 
- Colunas posteriores (ascendente): propriocepção e 
vibração do mesmo lado 
 
 
 
 
 
22 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
Como graduar a força: 
Escalas de força – (MRC) Medical Research Council 
0 AUSÊNCIA DE CONTRAÇÃO 
“Não vejo nenhuma contração muscular” 
1 CONTRAÇÃO MUSCULAR SEM MOVIMENTO/ esboço de 
contração (visível ou palpável) 
“Vejo contrair o musculo, mas não exerce movimento” 
2 MOV. ATIVO SE ELIMINADA A GRAVIDADE 
“Movimenta a articulação sobre o plano da maca- não 
vence a gravidade” 
3 MOV. ATIVO CONTRA A GRAVIDADE 
“Vence a gravidade” 
4 MOV. ATIVO CONTRA RESISTÊNCIA 
4 (pode ser 4+ ou 4 -) 
4 –: vence pequena resistência 
4: vence resistência moderada 
4+: Vence resistência forte 
5 Força muscular normal 
NT Não passível de teste 
 
Classificação dos déficits motores: 
- Plegia: déficits total da função (ausência total de 
movimento) – MRC 0 e 1 
- Paresia: déficit parcial da função (Parético: 
comprometimento da função, mas com resquício de função) – 
executa movimento - MRC 2 e 4 
 Mono: um membro afetado 
- Hemi: Dimídio afetado 
 Diparesia ou diplegia: paralisia de segmentos 
simétricos (Pode afetar face e membros superiores 
ou inferiores) 
 Paraparesia ou paraplegia: fraqueza de MMIIs 
 Tetraparesia ou tetraplegia: paralisia dos 4 
membros 
 
EXAME NEUROLÓGICO 
- 1ª realizar atendimento primário com estabilidade da 
cervical 
- Realizar uma rápida avaliação no atendimento primário, 
pedindo para pct movimentar membros e testar a 
sensibilidade global 
Exame neurológico completo não é realizado no APH  
Objetivo é reconhecer indicação de imobilização e não 
definir a lesão. Exame completo é realizado testando 
movimentação, propriocepção, dor, sensação de Tº e 
vibração 
AVALIAÇÃO CLÍNICA 
- Avaliar e graduar dermátomos e miótomos de cranial para 
caudal 
- Definir nível sensitivo e motor (ultimo nível) 
- Definir se o déficit é completo ou incompleto 
 
Escala de Frankel ou ASIA: 
- Serve para a classificação clínica do paciente: 
- Parcial: comprometimento de 2 sistemas e total: 
comprometimento dos 3 sistemas: motor, sensitivo e 
autônomo. 
A Rotura completa: ausência ade função motora ou 
sensorial, inclusive nos seguimentos S4-S5 
 
B 
Rotura incompleta: função sensorial, preservada 
abaixo do nível neurológico afetado, incluindo 
seguimentos S4 e S5, ausência de resposta 
motora. 
 
C 
Rotura incompleta: função motora está 
preservada abaixo do nível neurológico e mais 
metade dos principais M. abaixo do nível 
neurológico tem gradação de força < 3 
 
D 
Rotura incompleta: função motora está 
preservada abaixo do nível neurológico e pelo 
menos metade dos principais M. abaixo do nível 
neurológico tem gradação de força >3 
E Normal: Paciente sem alterações motoras ou 
sensitivas. 
 
 
 
 
 
23 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
 
Raiz 
nervosa 
Dermátomo 
C3 Face anterior do pescoço 
C4 Acrômio e clavícula 
C5 Face anterior do braço 
C6 Margem radial do antebraço e polegar 
C7 Dedos 2 a 4 
C8 Dedomínimo e margem ulnar do antebraço 
T1 Margem anterior do antebraço 
T2 Face interna do antebraço 
T3 Abaixo do ângulo de Louis 
T4 Mamilos 
T6 Processo xifoide 
T7-T8-T9 Abdome e costas 
T10 Umbigo 
T12 Acima do ligamento inguinal - virilha 
L4 Face interna da perna 
L5 Margem interna do pé e Hálux 
S1 Borda externa do pé e face posterior da 
perna 
S2 Face posterior da coxa 
S3-S4-S5 Região do períneo 
 
 
Miótomos 
Raiz 
nervosa 
Movimento 
C1-C2 Flexão do pescoço 
C3 Flexão lateral do pescoço 
C4 Elevação do ombro 
C5 Flexores de cotovelo 
- Bíceps braquial, braquial 
C6 Flexão do cotovelo/ extensão do punho 
- M. extensor longo e curto do carpo 
C7 Extensão do cotovelo/ flexão do punho 
- M. Tríceps braquial 
C8 Extensão e desvio ulnar do polegar 
Flexor profundo dos dedos/ avalia 3º dedo 
aplicando força na interfalangiana distal 
T1 Abdução do dedo mínimo 
- M. abdutor do dedo mínimo (aplicar 
resistência na falange proximal) 
L2 Flexão de quadril - M. iliopsoas 
L3 Extensão do joelho - M. quadriceps 
L4 Dorsiflexão de tornozelo - M. tibial anterior 
L5 Extensão do hálux - M. extensor longo do hálux 
S1 Planificação e eversão do tornozelo/ 
extensão do quadril - M. Gatrocnêmico e sólio 
S2 Flexão do joelho 
 
Raiz 
nervosa 
Músculos 
C2 - C3 Esternocleidomastóideo 
C3 – C4 Trapézio – diafragma 
C5 Flexores de cotovelo – Biceps braquial, 
braquial 
C5 - C6 Supra-infraespinhal, Deltoide, Redondo, 
Braquial, Biceps, Braquirradial, extensor radial 
do carpo 
C6 - C7 
(C8) 
Supinador, Pronador, Flexor radial do carpo, 
Triceps 
C7 – C8 Extensor ulnar do carpo, extensor digital, 
extensor polegar, extensor indicador, Flexor 
digital, pronador, flexor polegar, flexor ulnar 
do carpo 
C8 – T1 Abdutor do polegar, abdutor do dedo mínimo, 
interósseos 
L2 – L3 Iliopsoas, sartório, grácil, abdutor da coxa (até 
L4) 
L3 – L4 Reto femoral, vastro lateral e medial 
L4 – L5 Tibial anterior e posterior 
L4 – S1 Gluteo, tensor da fáscia lata 
L5 – S1 Extensor dos dedos, fibular longo e curto 
L5 – S2 Gluteo maior, semitendinoso/ membranoso, 
bíceps femural, flexor dos dedos 
S1 – S2 Gastrocnômios, Abdutor dos dedos, interósseo 
 
Obs.: Outros miotomos não tão importantes: 
T2 e T3: intercostais superiores 
T4, T5 e T6: intercostais inferiores 
T7 a T10: reto abdominal superior 
T11 e T12: reto abdominal inferior 
 
Em regiões onde não há 
miotomos chaves a testar, 
presume-se que o nível do 
motor seja o mesmo que o nível 
sensitivo, se a função motora 
testável acima desse nível 
também é normal 
 
 
24 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
INTRODUÇÃO AO TRATAMENTO 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO TRATAMENTO 
- imobilização em posição supina em prancha longa rígida em 
alinhamento neutro 
- Alinhamento em posição neutra (anatômica) 
- Principio da imobilização da fratura: imobilizar articulação 
abaixo (pelve) e acima (cabeça) da fratura. 
- Imobilizar o pct no momento e na posição encontrada 
- Imobilização ortostática, macas prancha curta, colete de 
imobilização 
- Técnicas permitem estabilizar coluna até paciente ser 
colocado em posição supina 
- Manter sinais vitais adequados 
IMOBILIZAÇÃO 
Indicações para imobilização da coluna: 
 Dor e sensibilidade à palpação da coluna 
 Queixa de dor na coluna em repouso ou 
movimentação 
 Alteração do nível de consciência (Glasgow <15) 
 Estresse agudo 
 Incapacidade de se comunicar 
 Deficit ou queixa neurológica 
- Paresia – “formigamento” 
- parestesia 
- plegia – “dormência” 
- priapismo - ereção involuntária e persistente 
- choque medular, 
- choque neurogênico 
 Deformidade anatômica 
 Defesa ou contratura muscular paravertebral 
 Lesões que causam distrações (lesões dolorosas: 
queimaduras, fratura de fêmur, etc) 
 Duvida 
Efeito adverso pela imobilização: 
 ↑ FC 
 Isquemia cutânea (úlcera por pressão) 
 Dor 
Biomecânica do trauma 
 Cinemática do trauma para suspeição 
 Avaliação rápida para indicar imobilização 
TÉCNICA DE IMOBILIZAÇÃO 
1- Alinhar cuidadosamente e estabilizar cabeça, manter 
apoio e estabilização 
2- Avaliação primária 
3- Verificar capacidade motora, sensorial e circulação em 
extremidades 
4- Examinar pescoço 
5- Prancha curta ou colete, manobra de retirada rápida 
se estiver em veículo, prancha rígida se estiver no chão 
6- Imobilizar tronco, depois pelve 
7- Avaliar necessidade de acolchoar a área atrás da 
cabeça (adulto) ou tórax (criança) 
8- Imobilizar cabeça na posição alinhada e neutra (Head 
Block + Fixadores) 
9- Imobilizar MMIIs (evitar rotações e abduções) 
10- Proteger os MMSSs (fixar à prancha ou cruzar sobre 
tronco) 
11- Reavaliar exame primário e capacidade motora, 
resposta sensorial e circulação em extremidades. 
 
25 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
 
 
TÉCNICA DE IMOBILIZAÇÃO 
Contraindicação de alinhamento de cabeça: 
 Resistencia ao movimento 
 Espasmo muscular 
 Aumento da dor 
 Início ou aumento de um déficit neurológico 
 Comprometimento da via aérea ou ventilação 
COLARES CERVICAIS RÍGIDOS 
- Único e principal objetivo é proteger coluna contra 
compressão. 
- Aplicado após posição alinhada neutra da cabeça 
- Limitam a flexão em 90% extensão, inclinação lateral e 
rotação em 50% 
- Rígido ≠ macio 
Colar eficaz: apoiado no tórax, coluna torácica, clavícula e 
trapézio 
- Tamanho adequado, pequeno não tem utilidade e pode 
comprimir vasos do pescoço com aumento da pressão 
intracraniana. Grande causa hiperextensão e tração da 
coluna, ou movimento total se mento dentro do colar 
- colocar cobertor ou toalha se cabeça não puder ser 
alinhada 
- Deve permitir abertura de mandíbula no caso de náusea ou 
vômitos, evitando broncoaspiração. 
MANUTENÇÃO DO ALINHAMENTO NEUTRO DA CABEÇA 
- Geralmente fica em posição inadequada após alinhamento 
em posição neutra 
- Na maioria dos adultos existe um espaço entre a parte 
posterior da cabeça e do dispositivo na posição neutra 
- Ocorre hiperextensão 
- Deve acolchoar para reduzir este espaço e alinhar coluna 
vertebral 
- Nas crianças até 7 anos a cabeça é maior que o resto do 
corpo, quando está em posição neutra ocorre flexão. 
Acolchoar tronco para manter a coluna alinhada e neutra 
ERROS MAIS COMUNS NA IMOBILIZAÇÃO 
1- Imobilização inadequada 
2- Tamanho inadequado ou aplicação inadequada do 
colar cervical 
3- Imobilização com a cabeça em hiperextensão (falta 
de acolchoamento) 
4- Imobilizar a cabeça antes do tronco ou reajustar as 
faixas após fixação da cabeça 
5- Acolchoamento inadequado (desconforto e lesão 
secundária) 
6- Colocar em imobilização da coluna sem critérios 
AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA 
Como confirmar a presença ou ausência de uma lesão 
importante da coluna espinhal? 
A associação de um exame clínico cuidadoso e uma avaliação 
radiológica completa é fundamental na identificação de uma 
lesão de coluna. 
Radiografia: Avaliar a coluna vertebral nas incidências 
anteroposterior (AP) em perfil e transoral. 
TC = possibilita o diagnóstico de fraturas ocultas, 
estabilidade e se há compressão 
RMN = maior detalhamento de partes moles. 
CERVICAL 
Radiografias da coluna cervical são indicadas para todos os 
doentes traumatizados portadores de dor na linha média do 
pescoço, sensibilidade à palpação, défices neurológicos 
relacionados à coluna cervical, alteração do nível de 
consciência, suspeita de intoxicação ou mecanismo de 
trauma significativo que cause lesão que desvie a atenção. 
Existem duas opções para a avaliação radiológica. 
 Em locais com tecnologia disponível, deve-se realizar uma 
tomografia axial com cortes finos desde o occipício até T1, 
com reconstruções sagital e coronal. 
Em locais onde esse exame não está disponível, deve ser 
realizada radiografia nas incidências lateral, 
anteroposterior (AP) e transoral para identificação do 
odontoide. Na incidência lateral devem ser visualizadas a base 
do crânio, todas as sete vértebras cervicais e a 
primeira vértebra torácica. Ao realizar o exame 
 
26 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
radiológico com incidência lateral da coluna, pode 
ser necessário puxar para baixo, caudalmente, os 
ombros do doente, para que não passem 
despercebidas fraturas ou fraturas-luxações nas 
vértebras cervicais mais baixas. Quando não for 
possível a visualização de todas as sete vértebras 
cervicais na radiografia lateral convencional, deve 
ser feita uma radiografia em posição de nadador 
para examinar a região cervical inferior e torácica 
superior. 
 A incidência transoral para visualização do 
odontoide deve incluir o processo odontoide por 
inteiro e as articulações direita e esquerda de C1 e 
C2. 
 A incidência anteroposterior da coluna cervical 
pode permitir a identificação de luxações 
unilaterais das facetas articulares mesmo quando a 
radiografia lateral não mostra anormalidades ou 
sugere apenas luxações de pequena monta. 
 Imagens axiais de tomografia computadorizada 
com cortes finos também devem ser realizadas em 
áreas suspeitas, identificadas nas radiografias 
simples ou no segmento inferior da coluna cervical, 
caso ele não seja adequadamente visualizado 
nessas radiografias. Imagens axiais de tomografia 
computadorizada no nível de C1 e C2 podem ser 
mais sensíveis do que as radiografias na detecção 
de fratura dessas vértebras. Se as imagens forem de 
boa qualidade e adequadamente interpretadas, as 
lesões instáveis da coluna cervical serão detectadas 
com uma sensibilidade superior a 97%. 
Antes que a série de radiografias seja considerada normal e 
que o colar cervical seja removido, ela deve ser revisada por 
um médico experiente na interpretação adequada desses 
filmes. A tomografia computadorizada pode ser usada no 
lugar de radiografias simples para avaliação da coluna 
cervical. 
E possível que um doente apresente uma lesão puramente 
ligamentar, que resulte em instabilidade sem nenhuma 
fratura associada, embora estudos recentes sugiram que, 
caso as radiografias da coluna cervical em 3 incidências e o 
exame tomográfico complementar sejam verdadeiramente 
normais (por exemplo, sem edema anterior de partes moles 
e sem angulação anormal), é improvável a existência de 
instabilidade importante. Doentes com dores cervicais e 
imagens normais devem realizar ressonância magnética ou 
radiografias com extensão-flexão ou ser tratados com 
 colar cervical semirrígido por 2 a 3 semanas com a 
 repetição de exames sequenciais clínicos e de imagem, se 
necessário. 
 A radiografia em flexão-extensão da coluna cervical pode 
detectar instabilidade oculta ou determinar a estabilidade 
de uma fratura conhecida, tal como uma fratura laminar ou 
por compressão. Em nenhuma circunstância, o pescoço do 
doente deverá ser forçado em posição na qual haja dor. 
Todos os movimentos devem ser voluntários. Esses filmes 
devem ser obtidos sob supervisão direta de um médico 
experiente na interpretação desse tipo de exame. 
Em alguns doentes portadores de lesão importante de 
partes moles, o espasmo dos músculos paraespinhais pode 
limitar de maneira significativa o grau de extensão e flexão 
que o doente tolera. Nesses casos, o doente deve ser tratado 
com um colar cervical semirrígido por 2 a 3 semanas antes 
de repetir qualquer tentativa de radiografias em flexão e 
extensão. A ressonância magnética parece ser o exame 
mais sensível para detectar lesões de tecidos moles em até 
72 horas após a lesão. Entretanto, faltam dados que 
correlacionem a instabilidade da coluna cervical com 
achados positivos na ressonância magnética. 
Aproximadamente 10% dos doentes com fratura de coluna 
cervical apresentam também uma segunda fratura de coluna 
vertebral não contígua. Esse fato justifica uma varredura 
radiológica completa de toda a coluna em qualquer doente 
que tenha fratura de coluna cervical. Tal varredura é 
também recomendada em todo doente traumatizado que 
esteja em coma. 
Na presença de défices neurológicos, a ressonância 
nuclear magnética (RNM) é recomendada para detectar 
qualquer lesão por compressão de partes moles, como 
hematoma extradural ou hérnia de disco traumática, que 
não podem ser detectados nas radiografias simples. A RNM 
também detecta contusões ou rupturas da coluna espinhal e 
lesões de partes moles e de ligamentos paraespinhais. 
Entretanto, a RNM é frequentemente impossível de ser 
feita em doentes hemodinamicamente anormais. Nessas 
circunstâncias, ou quando o equipamento não está 
disponível, a presença de uma compressão aguda da medula 
causada por hérnia de disco traumática ou hematoma 
extradural pode ser excluída pela mielografia por tomografia 
computadorizada. Esses estudos especializados comumente 
são realizados a critério de um cirurgião de coluna. 
COLUNA TORÁCICA E LOMBAR 
As indicações para a realização de radiografias 
torácicas e lombares são as mesmas que as utilizadas para a 
coluna cervical. Quando disponível, pode ser utilizada uma 
varredura tomográfica da coluna torácica e lombar como 
triagem inicial. Radiografias anteroposteriores e laterais, 
junto com cortes axiais de tomografia computadorizada, 
realizadas em áreas suspeitas, diagnosticam mais de 99% das 
lesões instáveis. O alinhamento vertical dos pedículos e a 
distância entre os pedículos de cada vértebra lombar e 
torácica devem ser observados na incidência 
anteroposterior. As fraturas instáveis frequentemente 
provocam aumento da distância interpedicular. As 
incidências laterais detectam subluxações, fraturas por 
compressão e fraturas de Chance. A TC é um método de 
imagem particularmente útil para detectar fraturas dos 
elementos posteriores (pedículos, lâmina e processos 
espinhosos) e para determinar o grau de compressão do 
canal provocada pelas fraturas com explosão. As 
reconstruções sagitais das imagens axiais da tomografia 
computadorizada ou a tomografia simples podem ser 
necessárias para diagnosticar as fraturas de Chance de forma 
adequada. Antes de retirar as imobilizações e proteções da 
coluna, uma série completa de radiografias de boa qualidade 
deve ser considerada normal após análise e interpretação 
adequada por um médico habilitado, à semelhança do que é 
feito com a coluna cervical. Entretanto, devido à 
possibilidade de úlcera por pressão, a remoção desses 
doentes da prancha longa NAO deve aguardar pela 
interpretação final dessas radiografias. 
 
 
 
27 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Plexos, TRM, Bexiga neurogênica e TCE 
TRATAMENTO ESPECÍFICO 
Corticoterapia: (minimiza a resp. inflamatória – predispõe a infecções) 
- Iniciar nas primeiras 8 horas do trauma 
- Se iniciar até 3 horas, manter apenas 24 horas 
- Se iniciar após 3 horas, manter por 48 horas 
- Metilprednisolona 30 mg/Kg na 1ª hora e 5,4 mg/Kg/hora 
na próximas 24 a 48 horas 
Risco: Imunossupressão e TVP (Iniciar profilaxia precoce – 
Enoxaparina, rivaroxabana) Principalmente em TRM de 
Cervical 
- C cirurgia nas 1ªs 24 horas 
- T e L: não é comprovado a urgência em cirurgia 
 
Abordagem multidisciplinar: TTO cirúrgico; Intercorrências 
clínicas; Fisioterapia; Cuidados de enfermagem; Apoio 
psicológico 
 
TRATAMENTO CIRÚRGICO 
- Cirurgia precoce (<72 horas) diminui incidência de 
complicações pulmonares e maior chance de recuperação 
neurológica 
- Redução de fraturas e luxações precoces 
- Descompressão medular 
- Estabilização: Mobilidade precoce e Reabilitação 
- Terapia com cél-tronco: 
 Cavitação preenchida com cél pluripotenciais 
 Recuperação de padrão de condução nervosa 
Antigamente quando ocorria um trauma na medula o 
paciente era apenas imobilizado no hospital até poder 
receber alta. No entanto, hoje os avanços da medicina 
melhoraram significativamente o tratamento dos pacientes 
com lesão medular e resultaram em uma melhora na 
qualidade de vida. 
Assim, quando ocorre o trauma na

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