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Resumo de Puericultura

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Ana Clara Guimarães de Souza | @acerolaenrola 
 
Puericultura, prematuridade e 
triagem neonatal
 
 
∙ Definição: Puericultura consiste na 
consulta médica periódica de uma criança 
em que devem estar presentes orientações 
educativas, ações de promoção à saúde, 
ações relacionadas à prevenção de 
doenças e observação dos riscos e 
vulnerabilidades sob os quais está 
submetida a criança em questão. Dessa 
forma, a puericultura não se restringe 
somente a uma mera consulta médica 
analítica e informativa, mas visa a um 
pensamento e um planejamento 
conjuntos, entre médico e família, com o 
intuito de promover saúde e acompanhar 
o desenvolvimento da criança. 
 
∙ Riscos: diferentes grupos populacionais 
nos quais as crianças estão inseridas 
apresentam diferentes riscos de danos à 
saúde, devido a características 
individuais, exposições específicas a 
fatores ambientais e circunstâncias 
sociais. 
∙ Vulnerabilidades: crianças possuem 
características e comportamentos (como 
baixo peso ao nascer, obesidade, 
deficiências imunológicas), uma dinâmica 
familiar e o modo com que a criança se 
expressa (agressividade, agitação, 
timidez), os ambientes de interação social 
 
 
(escola, espaços de lazer) e as 
oportunidades que tem de acessar os 
serviços de saúde. Todos esses aspectos, 
como peças de mosaico, determinarão se 
a criança será mais ou menos suscetível a 
agravos. 
Avaliação de imunizações, nutrição e 
estado de desenvolvimento continuam 
sendo elementos essenciais da consulta 
de puericultura para supervisão de saúde 
da criança, mas as mudanças na saúde da 
população conduziram à adição de outros 
componentes ao conteúdo do encontro de 
puericultura atual. Os cuidados 
preventivos para crianças e jovens é um 
componente das atividades 
contemporâneas da reforma de saúde; 
esta abordagem oferece grande 
oportunidade para a redução de custos 
de saúde. 
∙ Frequência de consultas: a puericultura 
deve planejar suas ações com base nas 
características específicas da criança, 
tomando como base cada faixa etária e as 
respectivas demandas envolvidas no 
processo de crescimento e 
desenvolvimento correspondente. Nos 
primeiros 2 anos de vida, as consultas são 
mais frequentes, devido ao fato de o 
crescimento e o desenvolvimento infantis 
serem mais intensos e acelerados. Por isso, 
é recomendado que, no primeiro ano de 
vida, sejam realizadas 7 consultas de 
rotina no mínimo (no 1º, 2º, 4º, 6º, 9º e 12º 
mês). A primeira consulta de uma criança 
deve ser realizada ainda na sua 1ª semana 
de vida. No segundo ano de vida, deve-se 
ter um mínimo de 2 consultas de rotina, no 
18º mês (1 ano e 6 meses) e no 24º mês (ao 
completar 2 anos). Essa organização da 
frequência de consultas adotada pelo 
Ministério da Saúde oportuniza a 
verificação do cartão de vacinas da 
criança em momentos importantes: ao 
nascimento, com 1, 2, 3, 4, 5, 6, 12 e 15 meses. 
A partir dos dois anos de idade, as 
consultas podem se tornar anuais. A 
família deve procurar uma equipe de 
saúde conforme surgimento de outras 
demandas, problemas ou dúvidas. 
∙ O nascimento de uma criança marca uma 
importante mudança na vida de uma 
família. Por isso, o profissional de saúde 
responsável pelo atendimento deve 
atentar-se às dúvidas, inquietações e 
inseguranças relativas ao cuidado com o 
bebê; 
∙ O atendimento integral à saúde do bebê 
é fundamental; 
∙ Anamnese deve ser completa, incluindo 
também os antecedentes pessoais da 
criança (com informações desde sua 
concepção, com ênfase nos antecedentes 
patológicos e alimentares, questionando 
aspectos relacionados à gestação, ao 
nascimento e ao período neonatal). Além 
disso, o desenvolvimento 
neuropsicomotor (DNPM) da criança deve 
ser avaliado pelo profissional de saúde, 
por meio de relato da família quanto ao 
surgimento de habilidades motoras, 
aquisição de linguagem gestual e falada, 
controle esfincteriano e desenvolvimento 
socioafetivo da criança com os membros 
da família e amigos. As vacinas tomadas 
devem ser analisadas e quaisquer efeitos 
adversos registrados. Ademais, a história 
de formação da família, o relacionamento 
dos pais e a aceitação da criança neste 
processo são aspectos imprescindíveis a 
serem discutidos na consulta. A habitação 
da família é um ponto importante para a 
compreensão do profissional acerca das 
condições de vida e de saúde da criança 
(e também esclarece sobre fatores de risco 
para doenças respiratórias, infecto-
parasitárias, dermatológicas, entre 
outras). Os hábitos atuais da criança 
devem ser perguntados, abarcando os 
alimentares, intestinais, urinários, de sono, 
higiene corporal e bucal, lazer e atividade 
física. Neste ponto, é relevante questionar 
quanto tempo a criança fica exposta a 
telas de telefone, tablets, televisão e 
similares. 
∙ Exame físico: deve-se explicar para a 
criança e para os pais o que será 
realizado. Nem sempre a sequência 
crânio-caudal será a melhor estratégia. Os 
exames da orofaringe e da otoscopia 
devem ser realizados ao final (causam 
maior desconforto). 
Procedimentos importantes: dados 
antropométricos, rastreamento para 
displasia evolutiva do quadril, ausculta 
cardíaca, avaliação da visão e da audição, 
aferição da pressão arterial e 
rastreamento para criptroquirdia. 
∙ Peso: o peso da criança deve ser 
analisado em relação ao peso ideal ao 
nascer (baixo peso ao nascer: < 2.500g; 
macrossomia: > 4.000g), sendo 
considerado normal uma perda de até 10% 
ao nascer e recuperação até o 15º dia de 
vida; 
∙ Face: pesquisar assimetria, malformação, 
deformidade ou aparência sindrômica; 
∙ Pele: observar a presença de edema (se 
for generalizado: pense em doença 
hemolítica perinatal, iatrogenia por uso de 
coloides ou cristaloides em excesso, 
insuficiência cardíaca, sepse; se for 
localizado: sugere trauma de parto); 
palidez (sangramento, anemia, 
vasoconstrição periférica ou sinal de 
arlequim – palidez em um hemicorpo e 
eritema do lado oposto, por alteração 
vasomotora e sem repercussão clínica); 
cianose (se for generalizada: pense em 
doenças cardiorrespiratórias graves; se 
for localizada nas extremidades ou na 
região perioral, pense em hipotermia); 
icterícia atentar-se caso a icterícia tenha 
se iniciado nas primeiras 24 horas ou 
depois do 7º dia de vida, caso tenha > 1 
semana no RN a termo, > 2 semanas no 
prematuro e se a tonalidade for amarela 
com matiz intenso ou se espalha pelo 
corpo, atingindo pernas e braços. 
Pesquise a possível presença de 
assaduras, pústulas (impetigo) e bolhas 
palmo-plantares (sífilis). Esclareça a 
família quanto à benignidade do eritema 
tóxico; 
∙ Crânio: realizar exame das fontanelas. A 
fontanela anterior mede de 1-4 cm, tem 
forma de losango, fecha-se do 9º ao 18º 
mês e não deve estar fechada no momento 
do nascimento. A fontanela posterior é 
triangular, mede cerca de 0,5 cm e fecha-
se até o segundo mês. Não devem estar 
túrgidas, abauladas ou deprimidas; 
Em caso de presença de bossa 
serossanguínea, ela desaparece 
espontaneamente; 
∙ Olhos: em caso de secreção purulenta, é 
importante fazer coleta do material com 
swab e enviar para análise bacteriológica 
(importante descartar infecção por 
gonococo, clamídia e herpes vírus). Após a 
coleta, deve-se iniciar imediatamente 
tratamento com colírio de tobramicina ou 
ofloxacina e, após o resultado da análise, 
deve-se tratar de acordo com o agente 
etiológico. Estrabismo e nistagmo lateral 
são normais nos RN, pois a visão binocular 
só fica bem desenvolvida entre 3-7 meses; 
∙ Tórax: importante observar presença de 
assimetrias que possam sugerir 
malformações cardíacas, pulmonares ou 
ósseas. Observar se há sinais de 
sofrimento respiratório (tiragem 
intercostal, estridor, retração xifoidiana, 
batimento de asa de nariz). Verificar os 
pulsos, frequência cardíaca (FC) e se há 
presença de sopros cardíacos; 
∙ Abdome: como nesta fase a respiração é 
basicamente abdominal, deve-se realizar 
a contagem dos movimentos respiratórios 
abdominais que variamde 40-60 mrm. 
Observar se há presença de hérnia 
inguinal, a qual exige cirurgia imediata 
devido ao risco de 
estrangulamento/encarceramento e, em 
caso de hérnia umbilical deve-se aguardar 
sua regressão espontânea até os 12 meses; 
∙ Avaliação neurológica: observe os 
reflexos de sucção, preensão palmo-
plantar e Moro que são atividades 
próprias do recém-nascido a termo, sadio. 
A postura de flexão generalizada e a 
lateralização da cabeça costumam 
permanecer até o final do primeiro mês. 
Cabe ressaltar que o tônus normal é de 
semi-flexão generalizada. 
 
A avaliação do crescimento e do 
desenvolvimento dependem do 
acompanhamento sistemático dos dados 
antropométricos obtidos, permitindo que 
as condições de saúde e a nutrição da 
criança sejam monitoradas. 
O peso, o comprimento/altura, o índice de 
massa corpórea (IMC), o perímetro 
cefálico, o perímetro torácico (até os 3 
anos de idade) e a circunferência 
abdominal da criança devem ser 
mensurados. 
As informações do peso, altura, IMC e 
perímetro cefálico devem ser transpostas 
para as curvas disponíveis na Caderneta 
de Saúde da Criança e as informações 
devem ser compartilhadas com os pais. Os 
gráficos presentes na caderneta são 
baseados em recomendações da OMS 
para crianças de quaisquer países ou 
etnias. No entanto, a identificação e o 
diagnóstico de desvios no crescimento da 
criança devem ser analisados sob 
aspectos socioculturais correspondentes. 
Os parâmetros disponíveis na caderneta 
para avaliação do crescimento utilizam os 
seguintes gráficos: perímetro cefálico (até 
os 2 anos), peso x idade (0 até 10 anos), 
comprimento/altura x idade (0 até 10 anos) 
e IMC x idade (0 até 10 anos). As curvas 
possuem diversos pontos de corte 
classificados em escores z que indicam 
unidades do desvio-padrão do valor da 
mediana (escore z 0 ou linha verde), um 
ponto que não esteja entre as linhas 
vermelhas (escore z ≤ +2 e ≥ -2) indica um 
problema de crescimento, logo, uma 
criança que está crescendo 
adequadamente tem pontos do gráfico 
paralelo à linha verde (acima ou abaixo 
dela). 
∙ A aferição do peso e do 
comprimento/altura é realizada por 
métodos diferentes a depender das 
características. A balança pediátrica pode 
ser utilizada em crianças de até 25 kg ou 2 
anos, ou até a criança poder ficar em pé. A 
medida do comprimento é realizada com 
régua antropométrica com haste fixa na 
cabeça e haste móvel nos pés. Em crianças 
a partir dos dois anos, é possível medir a 
altura no estadiômetro (criança fica em pé 
com cabeça retificada). 
 
∙ O IMC é um bom marcador de 
adiposidade e sobrepeso. Quando o IMC 
da criança está entre os escores z ≥ -2 e +1, 
fala-se que a mesma está com IMC 
adequado; 
∙ O perímetro cefálico (PC) deve ser medido 
em todas as consultas até os 2 anos de 
vida. A circunferência da cabeça deve ser 
medida com uma fita métrica maleável 
envolvendo os maiores diâmetros 
frontoccipital na testa no sulco supra 
orbital e na porção mais proeminente do 
occipital. 
 
 
∙ Rastreamento para displasia evolutiva de 
quadril: outro ponto importante na 
avaliação do exame físico na Puericultura 
é o rastreamento para displasia do 
quadril, que auxilia no diagnóstico 
precoce (antes dos 3-6 meses) e, com isso, 
na escolha de tratamentos menos 
invasivos e com menores riscos de 
complicações. Os principais fatores de 
risco para displasia do desenvolvimento 
do quadril são: sexo feminino, história 
familiar de displasia congênita do quadril 
e parto com apresentação pélvica; 
∙ Ausculta cardíaca: 
 
∙ Aferição da pressão arterial: o Ministério 
da Saúde recomenda que a PA seja aferida 
em crianças primeiramente aos 3 anos de 
idade e posteriormente aos 6 anos. O 
manguito apropriado deve ter largura 
correspondente a 40% da circunferência 
do braço (no ponto médio entre o acrômio 
e olécrano). A PA normal é inferior ao 
percentil 90, pré-hipertensão entre 
percentil 90-95 e hipertensão é definida 
por valores superiores ao percentil 95. 
 
 
∙ A triagem neonatal no Brasil faz parte do 
Programa Nacional de Triagem Neonatal 
(PNTN), que visa a identificação de 
distúrbios em recém-nascidos em tempo 
hábil para uma intervenção adequada. 
Objetiva-se o tratamento e a garantia de 
um acompanhamento dos pacientes com 
diagnósticos positivos, de modo a reduzir 
a morbimortalidade e a aumentar a 
qualidade de vida dos indivíduos; 
∙ Consiste no rastreamento de recém-
nascidos (entre 0 e 28 dias de vida); 
∙ Composta por alguns testes. O mais 
conhecido deles é o teste do pezinho, 
responsável pela identificação de diversas 
doenças metabólicas, genéticas, 
endócrinas e enzimáticas. Além dele, há o 
teste do coraçãozinho, o teste do reflexo 
vermelho, a triagem auditiva e a avaliação 
do frênulo lingual. 
 
∙ Também denominado “triagem neonatal 
biológica”; 
∙ Responsável pela pesquisa de 6 doenças: 
Fenilcetonúrina, Hipotireoidismo 
Congênito, Doença Falciforme e outras 
hemoglobinopatias, Fibrose Cística, 
Hiperplasia Adrenall Congênita e 
Deficiência de Biotinidase; 
∙ Coleta: o profissional deve estar usando 
luvas de procedimento e deve realizar a 
assepsia do calcanhar do bebê com 
algodão ou gaze umedecidos com álcool a 
70%. Deve colocar o pé do bebê abaixo do 
nível do coração, para que haja maior 
circulação de sangue. 
A punção deve ser feita com lancetas 
apropriadas (autorretráteis para evitar 
acidentes), estéreis, descartáveis e com 
profundidade e largura determinadas. O 
local de punção deve ser em uma das 
laterais da região plantar do calcanhar, 
na qual há menor possibilidade de atingir 
o osso. A primeira gota deve ser limpa. As 
demais precisam preencher todo o circulo 
demarcado. 
∙ Deve ser realizado entre o 3° e o 5º dias 
de vida do bebê; 
∙ Fenilcetonúria: consiste em um erro inato 
do metabolismo, com padrão de herança 
autossômica recessiva, caracterizado por 
um defeito na enzima Fenilalanina 
Hidroxilase. Esse defeito leva ao acúmulo 
do aminoácido Fenilalanina (FAL). Sem o 
diagnóstico e tratamento antes dos 3 
meses de vida, a doença se caracteriza 
clinicamente por atraso global do 
desenvolvimento neopsicomotor, 
deficiência mental, comportamento 
agitado ou padrão autista, convulsões e 
odor característico na urina. O 
diagnóstico é feito pela dosagem 
quantitativa da Fenilalanina da amostra 
sanguínea (valor superior a 10 mg/dL em 
pelo menos 2 amostras distintas). O 
aumento da FAL só é detectado se a 
criança tiver ingerido quantidade 
suficiente de proteína: por isso, a coleta só 
pode ser feita após 48 horas do 
nascimento. O tratamento consiste em 
uma dieta com baixo teor de FAL por toda 
a vida, permitindo o crescimento e 
desenvolvimento normal do indivíduo. O 
bebê deve ser acompanhado clínica e 
laboratorialmente de forma frequente até 
o primeiro ano de vida, para controle dos 
exames. 
∙ Hipotireoidismo congênito: doença 
considerada como uma emergência 
pediátrica, causada pela incapacidade da 
tireoide em produzir suficientemente os 
hormônios, resultando em redução geral 
do metabolismo. A doença pode ser 
primária (na qual a forma mais comum é a 
disgenesia tireoidiana); secundária, com 
deficiência de TSH hipofisário; terciária, 
com deficiência do TRH hipotalâmico; e 
por resistência periférica à ação dos 
hormônios tireoidianos. As manifestações 
clínicas incluem hipotonia, dificuldades 
respiratórias, cianose, icterícia 
prolongada, constipação, bradicardia, 
sonolência excessiva, choro rouco, 
mixedema, déficit de crescimento e outros. 
As crianças que têm o diagnóstico precoce 
geralmente não apresentam os sintomas, 
desde que a reposição hormonal seja 
iniciada. Após o resultado inicial positivo, 
deve-se dosar o T4 (total e livre) e TSH de 
sangue venoso para confirmação do 
diagnóstico. O tratamento é baseado na 
reposição hormonal, promovendo a 
normalização do estado metabólico. O 
acompanhamento deve ser feito com 
dosagem hormonal, além das avaliações 
de crescimento e desenvolvimento físico e 
neuropsicomotor,para ajustes das doses. 
∙ Doença falciforme e hemoglobinopatias: 
a doença falciforme tem herança genética 
autossômica recessiva, causada por um 
defeito na estrutura da cadeia beta da 
hemoglobina. Isso leva as hemácias 
assumirem formas falcêmicas (de lua 
minguante). A hemoglobina predominante 
em um homem adulto normal é a A (Hb A); 
nos recém-nascidos, há predominância da 
Hemoglobina F (Hb FA). Por outro lado, as 
hemoglobinas variantes mais frequentes 
são a S e a C. Sendo assim, quando o 
indivíduo adulto é heterozigoto, ou seja, 
Hb AS, é dito como portador do “traço 
falciforme”; se é homozigoto (Hb SS), possui 
a doença. Nos recém-nascidos, é possível 
identificar os heterozigotos como Hb FAZ 
(portadores de traço falciforme) e os 
homozigotos (doentes), como Hb FS. 
 
As manifestações clínicas do paciente 
homozigoto são: anemia hemolítica; crises 
vaso-oclusivas; crises de dor; insuficiência 
renal progressiva; acidente vascular 
cerebral; maior susceptibilidade a 
infecções; e sequestro esplênico. O 
diagnóstico precoce permite a 
implantação de cuidados preventivos e 
orientação aos pais sobre o recém-
nascido. O tratamento deve ser iniciado 
antes dos 4 meses de vida e as medidas 
preconizadas são: antibioticoterapia 
profilática, suplementação com ácido 
fólico e seguimento clínico especializado. 
∙ Fibrose cística: também chamada de 
mucoviscidose, é uma doença hereditária 
grave, de herança autossômica recessiva, 
que afeta predominantemente os pulmões 
e o pâncreas. Envolve um processo 
obstrutivo causado pelo aumento da 
viscosidade do muco e tem mortalidade 
elevada, com os sintomas aparecendo nos 
primeiros anos de vida. Dentre as 
manifestações, pode-se ter: proliferação 
bacteriana pela obstrução das vias 
aéreas, levando a infecções crônicas (por 
pseudomonas e estafilococos), lesão 
pulmonar e insuficiência respiratória; e no 
pâncreas, obstrução dos ductos pela 
secreção espessa, levando à uma perda 
de enzimas digestivas e má nutrição, com 
esteatorreia e dificuldade de ganho de 
peso. O diagnóstico presuntivo é feito 
pelos níveis da tripsina imunorreativa (IRT); 
já a confirmação dos casos suspeitos é 
feito com a dosagem de cloreto no suor. O 
tratamento consiste no acompanhamento 
regular, suporte dietético, utilização de 
enzimas pancreáticas, suplementação de 
vitaminas A, D, E, K e fisioterapia 
respiratória. 
∙ Hiperplasia adrenal congênita: engloba 
um conjunto de síndromes autossômicas 
recessivas, que se caracterizam por 
diferentes deficiências enzimáticas na 
síntese dos esteroides adrenais. A 
deficiência mais comum é da 21-
hidroxilase (95% dos casos), envolvida na 
síntese do cortisol e da aldosterona. As 
manifestações clínicas da deficiência de 
21-hidroxilase podem ser divididas em três 
formas: forma clássica perdedora de sal, 
que ocorre em 70-75% dos casos, com 
virilização da genitália externa (excesso de 
androgênios) e crise adrenal (depleção de 
volume, hipotensão, hiponatremia, 
hipercalemia); forma clássica não 
perdedora de sal, em que há também 
virilização da genitália externa, porém não 
há manifestação da deficiência 
mineralocorticoide, sendo identifica dos 
muitas vezes em idade tardia; e a forma 
não clássica, que pode ser diagnosticada 
até na vida adulta pelo 
hiperandrogenismo ou até não apresentar 
manifestações. O diagnóstico presuntivo 
na triagem neonatal é feito pela 
quantificação da 17-hidroxi-progesterona 
(17-OHP), seguido de testes confirmatórios. 
O tratamento para pacientes do sexo 
feminino com hiperandrogenismo inclui 
reposição hormonal com baixas doses de 
glicocorticoides; os pacientes 
assintomáticos (com a forma não clássica) 
não precisam de tratamento. 
∙ Deficiência de biotinidase: doença 
metabólica hereditária com herança 
autossômica recessiva, na qual há um 
defeito no metabolismo da biotina. 
Manifesta-se clinicamente a partir da 7ª 
semana de vida, com distúrbios 
neurológicos e cutâneos (crises 
epilépticas, hipotonia, microcefalia, atraso 
no desenvolvimento, dermatite 
eczematoide). Os pacientes com 
resultados alterados na triagem são 
submetidos posteriormente à 
confirmação, através do teste quantitativo 
da atividade da biotinidase. O tratamento 
medicamentoso é simples e de baixo custo, 
consistindo no uso de biotina em doses 
diárias. 
 
 
∙ Definição: a terminologia recém-nascido 
(RN) pré-termo, antes denominado 
prematuro, é utilizada para todo RN com 
menos de 37 semanas de idade 
gestacional ao nascer e não leva em 
consideração o peso de nascimento; 
∙ Pré-termo tardios: aqueles com idade 
gestacional entre 34 semanas e 36 
semanas e 6 dias; 
∙ Pré-termo extremos: com idade 
gestacional inferior a 28 semanas; 
∙ O crescimento fetal restrito refere-se aos 
RN que não atingiram, na vida 
intrauterina, todo seu potencial de 
crescimento; 
∙ Baixo peso: < 2500 gramas; 
∙ Muito baixo peso: < 1500 gramas; 
∙ Extremo baixo peso: < 1000 gramas; 
∙ Adequado para idade gestacional (AIG): 
quando o peso se encontra entre os 
percentis 10 e 90 das curvas de 
crescimento intrauterino; 
∙ Pequeno para a idade gestacional (PIG): 
quando o peso está abaixo do percentil 10 
para a referida idade gestacional; 
∙ Grande para a idade gestacional (GIG): 
quando o peso está acima do percentil 90 
para a idade gestacional em questão; 
∙ Grande parte da atenção da medicina 
perinatal está voltada para o segmento 
que envolve os cuidados com os RN 
pré-termo e aqueles com crescimento fetal 
restrito. Isso se deve ao fato de serem 
grupos considerados de alto risco ao 
nascer; 
∙ Regulação térmica: o recém-nascido, 
assim como o adulto, é capaz de controlar 
a sua temperatura corporal, sendo 
homeotérmico. No entanto, os RN, 
sobretudo os pré-termo e os com 
crescimento fetal restrito, apresentam 
maiores dificuldades nesse controle. Isso 
acontece devido à relação menor entre a 
massa e a superfície corporal, 
aumentando a sua perda de calor, à 
menor quantidade de gordura marrom, a 
grande responsável por geração de calor 
no RN, à maior permeabilidade 
epidérmica, e, finalmente, ao manuseio 
excessivo a que muitas vezes estão 
submetidos, favorecendo maior perda de 
água corporal e, consequentemente, de 
calor. Por isso, RN pré-termo estão mais 
sujeitos a quadros de hipotermia e 
hipertermia. 
Homeostase metabólica 
∙ Glicose: em condições fisiológicas 
normais, a glicose é o principal substrato 
para o cérebro do RN. As concentrações 
de glicose plasmática do feto 
encontram-se em relação linear com a 
concentração plasmática materna. 
Contudo, com o clampeamento do cordão 
umbilical, cessa esse fornecimento. Os RN 
a termo e muitos prematuros normais 
conseguem manter inicialmente um nível 
glicêmico de normalidade a partir da 
quebra de suas reservas de glicogênio. No 
entanto, diversos RN prematuros, 
notadamente os de baixo peso ao nascer, 
devido a várias condições adversas 
(menor reserva de glicogênio, maior 
propensão a asfixia, distúrbios 
respiratórios rios, infecções), e naqueles 
com retardo de crescimento também a 
policitemia, há acentuada chance de 
desenvolverem hipoglicemia. Em virtude 
de nem sempre a hipoglicemia se 
manifestar com sinais clínicos (tremores, 
letargia) e principalmente porque em 
muitos casos a presença de alguns desses 
sinais (convulsão, apneia) estarem já 
associados ao maior risco de dano 
cerebral, a aferição rotineira dos níveis 
glicêmicos deve ser feita de forma 
sistemática nos RN de risco já a partir das 
primeiras horas de vida. Medidas para a 
prevenção da hipoglicemia são feitas com 
a introdução precoce do leite materno 
e/ou leite humano pasteurizado de banco; 
∙ Cálcio: o cálcio é um íon importante na 
homeostase metabólica, atuando em 
vários processos do metabolismo e da 
estabilidade da membrana celular, na 
contração muscular e na condução do 
potencial de ação entre feixes nervosos. 
Hormônios como o paratormônio, a 
calcitonina, a vitamina D e o íon magnésio 
têm relação direta no controle da sua 
homeostase. O cálcioé transferido da mãe 
para o feto por transporte ativo, 
principalmente durante o terceiro 
trimestre da gestação. Considera-se 
hipocalcemia quando o nível de cálcio 
sérico total está abaixo de 8 mg/dL (2 
mmol/L) ou o de cálcio ionizável, abaixo de 
4,4 mg/dL. Alguns autores aceitam os 
valores mínimos para o RN pré-termo 
como 7 mg/dL de cálcio total.1 Entre os 
fatores responsáveis pela hipocalcemia 
neonatal nos RN pré-termo e com 
crescimento fetal restrito, destacam- -se a 
interrupção precoce do fornecimento de 
cálcio pelo cordão umbilical, a asfixia 
neonatal e a hipercalcitoninemia. A 
hipocalcemia pode, muitas vezes, ser 
assintomática. As manifestações clínicas 
mais frequentes são tremores, 
irritabilidade muscular, convulsões 
generalizadas ou eventualmente focais. As 
hipocalcemias de difícil correção podem 
estar associadas a hipomagnesemia; 
∙ Magnésio: considera-se hipomagnesemia 
valores séricos < 1,6 mg/dL. Como a 
hipomagnesemia reduz a secreção e a 
ação do paratormônio, os quadros de 
hipomagnesemia são frequentemente 
acompanhados por hipocalcemia; 
∙ Fósforo: suas funções metabólicas 
apresentam influência marcante no 
metabolismo energético, na composição 
das membranas celulares, na estrutura 
dos nucleotídeos e na mineralização 
óssea; 
∙ Doença metabólica óssea: RN prematuros 
têm risco aumentado para desenvolverem 
doença óssea secundária ao reduzido 
conteúdo mineral, também denominado 
de raquitismo da prematuridade. A 
incidência é inversamente proporcional à 
idade gestacional e ao peso ao nascer; 
∙ Água corporal e sódio: no período fetal, 
praticamente 90% do peso corporal é 
constituído por água e esse valor decresce 
para 80% nos prematuros e 
aproximadamente 75% nos RN a termo. No 
RN pré-termo, há uma perda considerável 
de água por via transepidérmica, sendo 
maior quanto menores forem o peso e a 
idade gestacionais. O RN pré-termo 
apresenta natriurese elevada, decorrente 
da menor reabsorção tubular de sódio, 
quando comparado com RN a termo; 
∙ Sistema respiratório: o sistema 
respiratório é o sítio das principais causas 
de morbimortalidade neonatal. Dessa 
forma, cinco sinais são importantes na 
avaliação de um padrão respiratório 
adequado para o RN, sendo a frequência 
respiratória, as retrações da caixa 
torácica, os batimentos das asas do nariz, 
os gemidos respiratórios e a cianose; 
∙ Retardo de absorção de líquido alveolar: 
o retardo de absorção do líquido alveolar 
pode acontecer também em pré-termo, 
principalmente os considerados tardios, e 
merece diagnóstico diferencial com a 
síndrome do desconforto respiratório 
(SDR); 
∙ Síndrome do desconforto respiratório: a 
SDR do RN pré-termo, antes referida como 
doença de membranas hialinas, é a forma 
clássica dominante de dificuldade 
respiratória entre os RN pré-termo, sendo 
importante causa de morbimortalidade. A 
sua fisiopatologia está relacionada à 
deficiência de surfactante intralveolar, o 
que leva ao colabamento dessas 
estruturas, alterando a relação 
ventilação-perfusão e provocando 
hipoxemia; 
∙ Apneia da prematuridade: uma 
interrupção da entrada do fluxo de ar nas 
vias aéreas superiores, por um período de 
15 a 20 segundos, quer isso aconteça por 
uma pausa dos movimentos respiratórios 
ou não; 
∙ Aspectos nutricionais: após o 
nascimento, deve ser propiciado ao RN 
pré-termo condições nutricionais para 
não interromper o crescimento que 
ocorria intraútero e para prevenir o 
catabolismo proteico. Faz-se necessária 
instalação precoce de soluções de glicose 
com aminoácidos específicos para 
prematuros e eletrólitos. A oferta gradual 
de soluções lipídicas, também adequadas, 
deve ser proporcionada, assim como a de 
vitaminas e oligoelementos. A dieta enteral 
deve ser prontamente instituída, 
privilegiando-se o uso do leite da própria 
mãe.

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