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SEMIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO EM GRANDES ANIMAIS Semiologia Veterinária Corrimento nasal Sangramento nasal (rinorragia ou epistaxe) Espirro (estermutação) Tosse Fadiga durante exercício Ruídos ouvidos durante a respiração Ronco Respiração rápida e superficial e dificuldade respiratória. Condições de alojamento (número de animais e promiscuidade de faixa etária- principalmente quando se está examinando animais de produção) Vermifugação Tratamentos anteriores e resultados Alguns sinais de doenças do sistema respiratório que podem ser percebidas pelo tutor/acompanhante: Outras informações que podem ser retiradas do aompanhando durante a anamnese : Narinas Cóanas Seios paranasaia Laringe Traqueia Brônquios principais Brônquios segmentares Bronquíolos Alvéolos O sistema respiratório (S.R) é capaz de desenvolver várias funções no organismo animal e a mais importantes está relacionada com as trocas gasosas, ou seja, hematose, por meio das quais são realizadas a oxigenação sanguínea e a liberação de gás carbônico nos alvéolos pulmonares. Outras funções do S.R é a manutenção do equilíbrio acidobásico, a atuação como um dos reservatórios sanguíneos do organismo , a metabolização de substâncias como serotonina, prostagalndina, corticosteroides e leucotrienos e ativação de outras, como a angiotensina, além de atuar na termorregulação e na fonação. ANATOMIA DO SISTERMA RESPIRATÓRIO 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. AVALIAÇÃO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Uma das primeiras finalidades do exame clínico é saber se a manifestação respiratória em questão é de fato um problema do sistema respiratório, e se sim, localizar o processo dentro desse sistema, ou seja, definir se está restrito às vias respiratórias anteriores ou às posteriores e, ainda, se inclui o interstício pulmonar. Anamnese Tem de ser uma conversa direcionada de acordo com o problema do animal e o tipo de cliente que se está atendendo. Nessa etapa, há necessidade de coletar informações de modo regrado, para não se perder de vista o objetivo e a fim de conseguir todos os dados necessários para o esclarecimento do caso clínico. É importante também extrair da história se o problema é individual ou coletivo. Doenças em um único indivíduo podem estar relacionadas somente com ele, como também podem representar o início de um processo que afete o rebanho. CUIDADO! Alguns sintomas que são característicos do sistema respiratório pode está relacionado com problemas no sistema cardiovascular, como por exemplo insuficiência cardíaca. Exame físico - Inspeção É o método semiológico em que se faz a observação do animal como um todo – neste caso, particularmente, do sistema respiratório. Se o exame estiver sendo realizado em animal de grande porte, o examinador deve olhá-lo obliquamente, colocando-se, de preferência, na parte posterior ou na parte dianteira do animal, de tal modo que se observe o ponto de transição costoabdominal. Em ruminantes de pequeno tamanho (ovinos e caprinos), essa avaliação pode ser realizada com o examinador posicionando-se sobre a região torácico-abdominal, observando-se sua simetria e seu padrão respiratório. Deve-se contar a Frequência Respiratótia em 1 min e verificar o tipo e o ritmo respiratório. (Tabela com a F.R normal em animais domésticos adultos no final do documento) 1 Entretanto, algumas características resultam em oscilações fisiológicas na frequência respiratória, como o a idade do animal, quando menor, maior será a FR; animais obesos e em repouso prolongado apresentam FR menores que as observadas; durante a gestação a FR aumenta gradativamente e é mais elevada durante o exercício, em ambientes quentes e úmidos e em situações de estresse, especialmente nos suínos. Já as oscilações patológicas da frequência respiratória, são caracterizadas por taquipneia, bradipneia ou apneia. Ao aferir a FR, deve-se observar se o ritmo respiratório está dentro dos padrões considerados normais ou se há variações que possam ajudar o clínico no diagnóstico da lesão respiratória. O ritmo normal é observado como uma inspiração, uma pequena pausa, uma expiração e uma pausa maior, voltando, em seguida, a uma inspiração. Qualquer alteração no ritmo respiratório é denominada arritmia respiratória. Pela observação da respiração, ou seja, da relação entre inspiração e expiração, dos movimentos do tórax e abdome e da postura adotada pelo animal, pode-se classificar a atividade respiratória como normal, animal eupneico, ou dificultosa, dispneico. Dispneia em um bovino. Observa-se animal com a boca entreaberta e distensão de pescoço (ortopneia respiratória) para facil i tar a respiração. Taquipneia: é o aumento da FR. Ocorre em situações de febre, dor ou diminuição da oxigenação sanguínea; Bradipneia: é a diminuição da FR. Pode ocorrer nas depressões do sistema nervoso central ou próximo à morte do animal; Apneia: é a ausência total de respiração. A dispneia pode ser inspiratória, quando está relacionada com alterações das vias respiratórias anteriores por estenoses, corpos estranhos ou inflamações que diminuam o lúmen das vias respiratórias, dificultando a entrada de ar; expiratória, relacionada com processos mórbidos que diminuam a elasticidade de retorno pulmonar ou que provoquem obstruções das pequenas vias respiratórias, dificultando a saída do ar, como ocorre no enfisema pulmonar, nas bronquites e bronquiolites; ou pode ser do tipo mista, que é o que ocorre em situações de edema pulmonar, pois o pulmão, pela presença de líquido no interstício, terá dificuldade de expansão e, em decorrência disso, dispneia inspiratória, e com a saída de líquido de dentro dos vasos sanguíneos para o interior dos bronquíolos, haverá também dificuldade de saída de ar dos alvéolos. Principais causas da dispneia em grandes animais: Ainda analisando a respiração do paciente, outra característica que pode indicar a localização da alteração patológica dentro do sistema respiratório é o tipo de respiração, em que o normal nos animais domésticos é o costoabdominal, que pode sofrer alterações para o tipo costal e o abdominal. Os animais portadores de processos que manifestem dor torácica, como fraturas de costela ou pleurite, podem apresentar o tipo respiratório ou a respiração predominantemente abdominal, como forma de defesa contra a dor. Aqueles que têm dor abdominal, como nos casos de peritonite ou nas grandes compressões sobre o diafragma (p. ex., nas dilatações ruminais), podem apresentar respiração do tipo costal. Após a avaliação da frequência respiratória e verificação da atividade respiratória do animal, é imprescindível a inspeção das narinas. 2 DISPNEIA EM REPOUSO DOENÇAS DO S. RESPIRATÓRIO OUTRAS CAUSAS ALVÉOLOS CHEIOS OU COMPRIMIDOS; VIAS RESPIRATÓ- RIAS OBSTRUÍDAS DOENÇAS CARDÍA- CAS; ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS GE- RAIS: ACIDOSE; S. NERVOSO: TÉTANO Seroso = observado normalmente nos bovinos, ganha significado clínico quando se apresenta em excesso, em qualquer espécie de animal. Mucoso = relacionado, principalmente, com a produção exacerbada de muco pelas glândulas das narinas, consequente a inflamações, viroses ou alergias. Purulento = quando há contaminação bacteriana e migração de células leucocitárias e restos celulares para o muco. Hemorrágico = determinado por lesões vasculares provocadas por corpos estranhos, ferimentos, úlceras ou pólipos. Na inspeção das narinas, o corrimento nasal pode fornecer informações sugestivas da localização do processo patológico e pode ser oriundo do trato respiratório anterior ou posterior. Se unilateral, pode indicar alterações na narina correspondente. Os processos mais comuns são corpos estranhos, úlceras e ferimentos locais. Se for bilateral, pode representar comprometimento de ambas as narinas, especialmente em processos inflamatórios que aumentem a secreção nasal, ou pode originar-se de locais situados posteriormente à narina, tais como laringe, traqueia e brônquios, acometidos por afecções que aumentem a quantidadede secreções inflamatórias nessas vias respiratórias. O corrimento nasal deve ser analisado quanto ao tipo, sendo classificado como: Em bovinos, pelo hábito de lamberem as narinas, as secreções nasais muitas vezes não são observadas, devendo-se buscar indícios de extravasamento nos bebedouros e comedouros. Hemoptise em um bovino, causada por trombose da veia cava caudal. Na hemoptise, o sangue sai pela boca e pelas narinas, geralmente associado à tosse. Além de analisar as secreções nasais, no exame das narinas é deve-se atentar para o odor da respiração, o fluxo e a temperatura do ar exalado. Para isso, é necessário individualizar o ar expirado, desviando-o com a mão em formato de concha. Odor pútrido da respiração está relacionado com lesões em que há destruição tecidual, tais como na laringite necrótica, em abscessos pulmonares ou na pneumonia por aspiração. O fluxo e a temperatura do ar é perceptível pela colocação das costas das mãos defronte as narinas. A observação de um fluxo desigual, implica diminuição de calibre de uma das narinas, o que pode ocorrer devido a obstruções por corpos estranhos, tumores ou quaisquer outros problemas que provoquem estenoses no lúmen da narina com menor fluxo de ar. Já o aumento da temperatura do ar exalado de uma das narinas é indicativo de processo inflamatório na cavidade nasal correspondente. Caso o tutor tenha relatado que animal apresenta tosse, é necessário verificar o tipo de tosse. Se o animal não teve reflexo de tosse durante o exame, pode estimulá-lo de duas maneiras, em grandes animais: beliscando se ou esfregando-se os primeiros anéis traqueais logo abaixo da glote ou, como é feito principalmente nos adultos, tapando as narinas do animal com as duas mãos até que o animal comece a reagir, soltando em seguida. 3 O animal inspirará grande quantidade de ar rapidamente, tendendo a tossir se houver inflamação das vias respiratórias. O estímulo do reflexo da tosse em equinos oferece melhores resultados do que em ruminantes. As bolsas guturais existem somente nos equinos e a sua função ainda não é completamente conhecida, porém, acredita-se que elas sirvam para resfriar o sangue durante a sua passagem pela artéria carótida interna antes de sua chegada ao cérebro, em virtude da menor eficiência do seu centro termorregulador, principalmente quando os animais são expostos a situações de estresse térmico. Os animais atletas devem manter o cérebro com temperatura abaixo da do restante do corpo durante o exercício, porque esse órgão pode ser prejudicado irreversivelmente pela hipertermia. O exame físico das bolsas guturais limita-se, na maioria das vezes, à inspeção externa, no intuito de observar qualquer abaulamento na base da orelha até a faringe, por acúmulo de pus (consequência da adenite equina, por exemplo) ou por acúmulo de ar (timpanismo da bolsa gutural), devido à inflamação, ao pregueamento da mucosa, à disfunção muscular e aos defeitos congênitos, verificados, geralmente, em potros recém- nascidos. Exame físico - Palpação Além do reflexo de tosse descrito anteriormente, que já é uma manobra de palpação da traqueia, devem-se palpar todas as partes externas do sistema respiratório à procura de depressões (afundamento do osso nasal, fratura de aneltraqueal cervical, fratura de costelas) ou aumentos de volume que possam ou não ter sido verificados à inspeção. Sentir os sinais de inflamação nos espaços intercostais, sem aumentos de volume na região, é uma indicação importante de pleurite. Se houver piotórax associado à pleurite haverá, além do aumento da temperatura, abaulamento dos espaços intercostais, visto à inspeção nos animais magros. A palpação do tórax deve ser feita com a mão espalmada e com as pontas dos dedos apoiadas nos espaços intercostais. Aumenta- se gradativamente a pressão dos dedos e observa-se a reação do animal. Em seguida, deve-se exercer pressão moderada sobre as costelas, na tentativa de observar reação dolorosa causada, particularmente, por fraturas. É possível também a verificação da temperatura colocando-se o dorso das mãos em ambos os lados do tórax. Em temperaturas ambientais elevadas, quando há falta de ventilação e pós-exercícios, a temperatura aumentada é considerada fisiológica, porém, quando em processos febris sistêmicos, pleurite e formação de abscessos intratorácicos, é patológica. Além do tórax, a palpação dos linfonodos é de extrema importância, principalmente os submandibulares, os quais, quando se revelarem aumentados em conjunto com ânsia de vômito ou tosse à palpação da laringe, pode ser indicativo de inflamação da região orofaringeana, caracterizando processos como faringite, laringite ou abscessos. À palpação, pode-se sentir vibração na altura da laringe ou traqueia, que se chama frêmito laríngeo ou traqueal, e é indicativo de líquido em quantidade excessiva ou membranas que vibram à passagem do ar. Da mesma maneira, pode-se sentir o frêmito torácico, o que tem como significado clínico a presença de líquido (inflamatório ou não) nos 4 brônquios, de atrito pleural (roce pleural) ou, quando sentido sobre a área cardíaca, de sopro cardíaco ou roce pericárdico. Exame físico - Percussão A percussão é um dos métodos semiológicos que fornecem informações a respeito do estado físico do sistema respiratório. Deve ser realizada desde os seios paranasais até a porção posterior do tórax. Nos seios paranasais (frontal, lacrimal e maxilar), a percussão deve ser feita com o cabo do martelo de percussão ou com a ponta do dedo médio (digital), de modo comparativo entre os lados esquerdo e direito da face do animal. A principal alteração que se consegue ouvir é a modificação do som claro, que seria o normal, para maciço, indicando que uma cavidade antes vazia está sendo preenchida por alguma substância, por exemplo, pus. Esse sinal sugere sinusite ou tumorações em seio paranasal, ou seja, lesões que ocupam espaço. Por outro lado, se houver acúmulo de gás, o som pode se modificar para timpânico, como nos casos de infecção da cavidade sinusal por bactérias anaeróbicas, produtoras de gás. Antes de realizar a percussão, deve-se estar atento às alterações de conformação da face antes da realização da percussão. Além dos seios paranasais, pode-se realizar a percussão do tórax, em que a resposta sonora Anteriores: musculatura da escápula (som maciço); Superiores: musculatura dorsal (som maciço); Posteriores: de acordo com a espécie animal, observando-se o cruzamento de linhas que passam, imaginariamente, nos espaços intercostais (EIC) com linhas imaginárias e horizontais que passam sobre as tuberosidades ilíaca (linha ilíaca) e isquiática (linha isquiática) e na articulação escapuloumeral (linha do encontro); Ampliação da área de percussão: Em geral, é indicativo de enfisema pulmonar, em que o som claro modifica-se para timpânico; Som metálico: Quase sempre caracteriza o estiramento de paredes cavitárias por quantidade exagerada de gás, associada ou não a líquidos. Pode aparecer nos casos de cavernas pulmonares cheias de ar, como na tuberculose, no pneumotórax e na hérnia diafragmática com penetração de alças intestinais no tórax; Maciço ou submaciço: A variação do som claro para maciço ou submaciço é indicativa de áreas de condensação ou compressão pulmonar por tumores ou grandes abscessos, atelectasia ou preenchimento dos espaços intersticiais por líquido, inflamatório ou não, como no edema pulmonar e nas pneumonias; Linha de percussão horizontal: Quando se pode variar desde o som normal (claro) até as alterações sonoras com significado clínico. A percussão do tórax deve ser realizada com o animal em estação, em ambiente silencioso. Pode ser digital ou martelo-plessimétrica, e deve ser feita dorsoventral e craniocaudalmente, em toda a área torácica, deslocando-se o plessímetro nos espaços intercostais. Os limites para a percussão que são utilizados: As variações patológicas dos sons ao realizar a percussãosão: 5 realiza a percussão do tórax e há modificação do som claro para submaciço ou maciço em linha reta, paralela ao local onde o animal está em pé, há indicação de líquido na cavidade torácica, seja por exsudato, em casos de pleurisia com derrame transudato no hidrotórax, ou sangue, mais raramente, no hemotórax. Para verificar a horizontalidade da percussão, desloca-se o animal, levantando-se ou abaixando-se a sua parte anterior. Essa manobra é mais bem executada nos grandes animais colocando-os em uma rampa ou em terreno íngreme. Ausculta-se todo o tórax, de frente para trás e de cima para baixo, sendo ideal realizar, também, a auscultação de baixo para cima e de trás para frente, esquadrinhando-se, dessa maneira, toda a área pulmonar; Devem-se auscultar, em cada local, no mínimo, dois movimentos respiratórios; Para um diagnóstico mais preciso, pode ser necessária a aplicação de exercício leve (caminhada) ou a inibição temporária da respiração do animal, manobras que intensificam os ruídos respiratórios produzidos. Exame físico - Auscultação A auscultação é outro método diagnóstico que fornece informações a respeito do funcionamento do sistema respiratório. Devem-se auscultar as vias respiratórias superiores e a região torácica separadamente, embora não se deva esquecer de que pode haver interferência da auscultação de uma área sobre a outra, sobretudo dos ruídos produzidos nas vias respiratórias anteriores, que podem interferir na auscultação dos pulmões, por tanto, o local em que se ouve o ruído com maior intensidade corresponde à origem provável de sua produção. Para realizar esse método, prefere-se que o animal esteja em estação e em repouso e pode ser realizado diretamente, com o ouvido sobre uma toalha no tórax, ou indiretamente, com um aparelho de auscultação e em ambos deve ser lembrado das seguintes técnicas: Os ruídos que podem ser auscultados estão divididos em duas categorias: Ruídos normais: São produzidos pela turbulência do fluxo de ar nas vias respiratórias com diâmetro superior a 2 mm, podendo variar na qualidade, dependendo da localização do estetoscópio, da velocidade do ar durante a respiração e da quantidade de tecido sobre a área que se está ouvindo. Um dos ruídos normais auscultado é o laringotraqueal, que é provocado pela vibração das paredes da laringe e traqueia, sendo ouvido sobre a região da traqueia cervical, quando da passagem do ar. Já na área torácica, mais especificamente no terço anterior do tórax, ouve-se um ruído rude, tanto na inspiração como na expiração, denominado traqueobrônquico que é produzido pela passagem do ar pelos grandes brônquios e pela porção final da traqueia. Já nos dois terços posteriores do tórax, é possível auscultar um ruído suave, chamado de brônquiobronquiolar, que é produzido pela vibração das paredes de brônquios menores e bronquíolos. Sempre que houver aumento na intensidade da respiração por aumento na FR (taquipneia), na amplitude (hiperpneia) ou, ainda, por dificuldade respiratória (dispneia), haverá exacerbação na auscultação dos ruídos respiratórios, pois há aumento na quantidade de ar que penetra nesse órgão e, consequentemente, maior vibração das paredes das vias respiratórias. O ruído broncobronquiolar, portanto, pode estar aumentado fisiologicamente nos animais jovens (maior FR e menor espessura torácica), nos magros e nos de pelos curtos, e, juntamente com o ruído o traqueobrônquico, podem estar diminuídos fisiologicamente nos animais gordos, de pelos longos, com maior espessura da parede torácica, musculosos (maior distância do ouvido ao órgão produtor do som) e nos que estão há muito tempo em repouso (menor FR). jjjjjjjjjjjjjjjjjjjjj Ruídos patológicos: Também chamados de ruídos respiratórios adventícios, são: -Crepitação grossa ou estertor úmido: Clinicamente, significa aumento de líquido no interior de brônquios, inflamatório ou não. A sonoridade desse 1. 2. 6 ruído assemelha-se ao estourar de bolhas, por isso, era chamado antigamente de estertor bolhoso, ou, então, como parecia com o som produzido ao soprar ar em líquido, era denominado estertor úmido. Atualmente, por ser um ruído de crepitação, é chamado de crepitação grossa, sendo detectado nos casos de broncopneumonia e edema pulmonar. Crepitação fina ou estertor crepitante: Produzido durante o descolamento das paredes das pequenas vias respiratórias preenchidas por líquido ou muco em excesso. Se ele for inspiratório, poderá significar edema pulmonar ou pneumonia; se expiratório ou inspiratório/expiratório (misto), doença pulmonar obstrutiva crônica, bronquiolite e enfisema pulmonar. Inspiração interrompida ou murmúrio vesicular interrompido: Pequenas interrupções na inspiração, como se fosse o soluçar de uma criança chorando. Se esse ruído for ouvido durante a inspiração, com a parede torácica movimentando-se de uma única vez, é indicação de obstrução sequencial de brônquios, com líquido em quantidade e viscosidade insuficientes para provocar a crepitação grossa. Se o ruído for ouvido com o tórax se movimentando em dois tempos, é sugestivo de dor à inspiração (pleurite) ou excitação psíquica do animal. Sibilo: Manifestação sonora aguda, de alta intensidade, que se assemelha a um chiado ou assobio. Indica estreitamento de vias respiratórias, causado por deposição de secreção viscosa aderida, que deforma o lúmen tubular, como se fosse um bico de flauta, ou ainda broncospasmo. Se ocorrer no início da inspiração, está relacionado principalmente com processos extra- torácicos, como estenose da laringe, compressão da traqueia ou muco espesso depositado nesses locais. Se aparecer no fim da inspiração ou expiração poderá ser indicativo de obstrução das pequenas vias respiratórias, como nos casos de bronquite ou bronquiolite e doença pulmonar obstrutiva crônica. Ronco: Ruído grave, de alta intensidade, produzido pela vibração de secreções viscosas aderidas às paredes de grandes brônquios durante a passagem de ar. Também pode indicar broncopneumonia se sua origem, ou seja, ponto máximo de auscultação, estiver no tórax, ou mostrar laringite ou laringotraqueíte, se for ouvido melhor na região da laringe ou traqueia. Roce pleural: Ruído provocado pelo atrito das pleuras visceral e parietal inflamadas, indicando pleurite. Em um animal sadio, as pleuras deslizam suavemente, uma sobre a outra, sem provocar ruído. Quando há inflamação e deposição de fibrina sobre elas ausculta- se um ruído como se fosse o esfregar de duas folhas de papel, áspero como o esfregar de duas lixas ou de couro molhado, ou, ainda, como um gemido. Sopro, roce ou ruído cardiopleural: Ruído rude, semelhante ao raspar de duas superfícies ásperas, ouvido durante a inspiração e coincidente com a movimentação cardíaca. Corresponde ao atrito da pleura sobre o pericárdio inflamado, indicando, portanto, pleurite associada a pericardite. Sopro ou ruído cardiopulmonar: Ruído suave, de baixa intensidade, semelhante ao soprar com os lábios apertados. A entrada do ar que passa nos brônquios menores das áreas pulmonares que estão sobre o coração pode ser interrompida durante o período de contração isométrica da sístole ventricular. Quando ocorre a sístole, a passagem do ar é liberada, ouvindo-se esse tipo de ruído interrompido, de modo sequencial, a cada novo início da sístole. Ocorre em animais sadios ou naqueles em que haja excesso de produção de muco, como no caso de bronquiolites. Ruídos acessórios que perturbam a auscultação: São os ruídos das contrações dos músculos cutâneos, crepitações dos pelos, ruídos de deglutição e ruídos gastroentéricos. Além desses, os produzidos no ambiente também podem ser ouvidos ao realizar auscultação, dificultando o diagnóstico. 7 Broncofonia: Refere-se a ruídos propagados das vias respiratórias anteriores, como a voz, os gemidos, a tosse, as crepitações ou os estridores laríngeos. São ouvidos ora como zumbidos imprecisos, ora claramente, sobretudo na região anterior do tórax. Em tecido normal, um ruído débil, impreciso,distante e difuso; Em tecido atelectásico ou congesto, ouve- se um ruído breve, seco e preciso, como nascido imediatamente debaixo do ponto que se está auscultando; Em coleções líquidas no espaço pleural, o ruído se apresenta distante, mas preciso e breve. Em equinos: no 6º EIC (espaço intercostal) do lado esquerdo ou 5º EIC do lado direito do tórax; Em ruminantes: no 5º EIC no lado esquerdo ou 4º EIC no lado direito. Exame físico - Percussão auscultatória Outro método semiológico para o exame do sistema respiratório é a associação da auscultação com a percussão. Faz-se a percussão traqueal com o dedo ou com o cabo do martelo e a auscultação pulmonar conjuntamente, ou seja, produzimos um som e o escutamos na área pulmonar. Dessa maneira, pode-se ouvir: Exame físico - Toracocentese Punção exploradora ou toracocentese, é outro método que pode ser utilizado no exame físico e tem como objetivo diferenciar o diagnóstico de exsudato e transudato pleural e pode ser utilizado para coleta de líquido pleural, tanto para exame como com fins terapêuticos. Utiliza-se agulha de 6 a 8 cm × 2 mm (60 × 20; 80 × 20) ou uma sonda mamária, depois de se fazer uma pequena incisão na pele anestesiada, para sua introdução na cavidade torácica. A agulha deve ser introduzida acima da veia torácica e sempre no bordo oral da costela, para evitar nervos e vasos intercostais. 8 O hemograma fornece informações esclarecedoras, principalmente no sentido de indicar se a alteração respiratória é infecciosa ou não; O exame parasitológico de fezes é indicado no diagnóstico de verminose pulmonar, utilizando-se, especialmente, técnicas para detecção de larvas dos parasitas; A titulação sorológica de anticorpos é usada, principalmente, para detecção de anticorpos contra agentes virais, poten- cialmente patogênicos para o sistema respiratório; O exame radiográfico ajuda na iden- tificação e definição das doenças intra- torácicas e do trato respiratório superior, sendo importante na avaliação das áreas e estruturas inacessíveis pelo exame físico ou endoscópico; A ultrassonografia torácica possibilita detectar abscessos, tumores, enfisema e problemas de pleura, especialmente acúmulo de líquido na cavidade torácica; A endoscopia é um importante auxílio no diagnóstico das doenças respiratórias em grandes animais, pois permite ver e analisar as características físicas e funcionais do sistema respiratório, além de facilitar a coleta de secreções durante sua realização, as quais poderão servir para diagnóstico do agente causal; A biopsia pulmonar é indicada para obtenção de amostra tecidual para diagnóstico histológico ou para informações prognósticas, princi- palmente em casos de moléstias pulmonares difusas. Exames complementares Apesar de o exame físico ter importância absoluta no diagnóstico das doenças respiratórias, alguns exames complemen- tares são de extrema importância para o auxílio diagnóstico.
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