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Introdução ao Estudo do Direito Argumentação Jurídica . Visão prática dos modos peculiares que os profissionais do direito adotam para solucionar as questões jurídicas, através de raciocínios que não são propriamente lógicos tampouco a-científicos, mas estão para além da ciência jurídica dogmática. . Tentando superar as incertezas . Criação, construção, invenção . Discricionariedade judicial (interpretação de regras e de fatos, lacunas e antinomias) . A tarefa do profissional do direito, especialmente do advogado ante o Estado-juiz . A decisão judicial não é silogística (ao menos não perfeitamente dedutiva) . A ARTE DA ARGUMENTAÇÃO Prova = evidência indiscutível, conduzem a raciocínios lógico-formais Argumento = persuasão, convencimento de que é verdadeiro ou válido o que se alega Argumentos: raciocínios não ilógicos, mas quase-lógicos, que não têm a mesma força das estruturas rigorosamente lógicas mas convencem, conquistam, pelo alto grau de razoabilidade. Alguns argumentos jurídicos mais utilizados (entre eles há os que são empregados em outras ciências, até nas chamadas ciências físico-matemáticas): AB AUCTORITATEM – ou argumento de autoridade, consiste em reforçar uma afirmação através da opinião de outras pessoas que afirmam o mesmo – ampara-se no prestígio profissional, na fama científica de juristas. Ex: “Como sabiamente já dizia Pontes de Miranda ...” . Força da doutrina e da jurisprudência – pressão exercida nos espíritos, não só pelo valor jurídico da opinião como pelo respeito que o nome evoca. Cautelas: não formular de forma inespecífica; não não bajular o juiz da causa; não louvar quem não precisa do seu elogio; não desmerecer ou desqualificar a autoridade do jurista mencionado pela parte contrária; não esquecer a citação da fonte bibliográfica; não fazer citações excessivamente longas e cansativas; não exagerar na repetição do argumento O avesso do argumento de autoridade: CONTRA HOMINEM – consiste em aproximar o raciocínio desenvolvido pela parte contrária da forma de pensar de pessoa reconhecidamente indigna de confiança (despertar antipatia) Ex: em uma questão racial pode ser explorada a figura de Adolf Hitler. Cuidado: a “antiautoridade” pode ter simpatizantes Argumentos analógicos principais: A PARI ou A SIMILE A CONTRARIO A FORTIORI (também podem ser utilizados fora do âmbito da analogia e até para negá-la) A FORTIORI – comparar duas afirmações, demonstrando que aquilo que vale para uma delas, por razão mais forte deve valer para a outra. Duas faces: a) A minori ad maius – do menor para o maior (se o menor é reprovável, com mais razão o será o maior) – justificação da interpretação extensiva e da própria analogia b) A maiori ad minus – do maior para o menor (quem pode o mais pode o menos) À primeira vista convencem, a depender das circunstâncias, isto é, embora não haja nada de logicamente demonstrável, a “validade dos argumentos depende dos juízos de valor que sustentam a conclusão. A CONTRARIO – oposto do argumento a pari (este parte de uma proposição que cabe num caso para outro semelhante) – destina-se a mostrar que o que se afirma de uma situação não cabe para outra, porque embora os casos sejam semelhantes a razão é diferente. Usado na interpretação de normas, serve para excluir hipótese não prevista. Típico para reforçar a regra de proibição de analogia e de interpretação extensiva. - Serve também para argumentação quanto aos fatos. Ex: se alguém é exímio em um esporte, certamente não é usuário de drogas. AB ABSURDUM – ou REDUCTIO AB ABSURDUM – consiste em tomar a proposição da parte adversária a “reduzi-la a pó”, isto é .... Trabalha-se com a proposição até demonstrar que ela leva a uma conclusão inconcebível, inaceitável ou impossível. Ora, se a tese contrária é inaceitável portanto a sua é a verdadeira. Cautela: o direito e o avesso Ex: 1. Sou pela contagem, porque negá-la seria admitir que o sistema está em contradição; 2. Sou pelo indeferimento, não parece lógico que o tempo subtraído ao trabalho corra contra o Estado. - Valores - AD EXEMPLA ou argumento exemplar – citação de casos julgados anteriormente. A jurisprudência em sentido lato. Decisões de tribunais superiores ou estaduais e também sentenças do juízo singular. Não se confunde com o argumento de autoridade (embora a dos tribunais superiores e de juízes famosos ganhe força qualitativa). Recomendações úteis: 1.A ética determina o dever de lealdade profissional (principalmente no processo); isso não significa que se deve “entregar” as provas e os argumentos antecipadamente e sim que não se deve “puxar o tapete” do adversário usando de má-fé; 2.Lembre-se sempre das regras de convivência nos debates que vimos em aulas anteriores 3.lem 3. Especialmente, não se exalte, nunca. Como diz Carlos Maximiliano, apaixonar-se não é argumentar e além disso o grito é a maior demonstração de falta de razão, e também de educação. 4.Muitas vezes, à míngua de provas ou de razão, somos levados a sofismas, raciocínios falaciosos, na fala ou na escrita. Entretanto, deve-se evitar, o quanto possível, os argumentos ilógicos, que só desmerecem o profissional. Exemplos: a) Conclusão irrelevante (premissas não levam à conclusão proposta) - assassinato b) Petição de princípio (a premissa pressupõe como verdade o que, na verdade, deveria ser demonstrado) – legítima defesa c) Círculo vicioso (premissa e conclusão sustentam-se uma na outra) d) Falsa causa – (supõe-se uma verdade por outra antecedente) – o furto por empregado e) Generalização apressada – tipo “as mulheres falam demais” f) Argumento ad baculum – ameaças, direta ou indireta. g) Apelo à ignorância – se o adversário não prova, nem por isso mente. Tente provar o contrário, embora o ônus seja dele. h) Apelo à piedade – não peça favor ou misericórdia. i)Não desmereça o adversário, muito menos o promotor ou o juiz. j) Finalmente, CONQUISTE RESPEITO PELO SEU COMPORTAMENTO EXEMPLAR.
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