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As fissuras se formam na vida intrauterina, por volta dos 3 meses de gestação. A fissura da boca começa um pouco antes, as vezes a mãe ainda nem sabe que está grávida, e a do palato é por volta do final do primeiro trimestre. A cada 2,5 minutos nasce um paciente com fissura labiopalatina, é tão frequente que chega a ser 1:1000, a OMS tem as anomalias craniofacial como a 3ª preocupação mundial (fome, vírus e por terceiro as anomalias). Tratamento interdisciplinar: • Pediatria e enfermagem o Nutrição do bebê, principalmente para ganhar peso para cirurgia • Cirurgia plástica o Bebê precisa ter um peso mínimo para passar pela cirurgia e ter a anestesia geral • Otorrinolaringologia • Fonoaudiologia • Odontopediatria • Ortodontia e cirurgia bucomaxilofacial • Reabilitação oral e periodontia • Psicologia e pedagogia o Nos primeiros anos os pais que precisam da psicóloga, depois a criança que vai precisar, principalmente por baixa autoestima e bullying o Pedagoga é muito importante porque as vezes a criança vai mal na escola por bullying ou as vezes ela tem surdez como secundária das fissuras • Genética • Todas as especialidades da odontologia na verdade O ideal é que o paciente com tal anomalia seja tratado em um centro interdisciplinar, porque o responsável não sabe qual a ordem de tratamento, então essa ordem é definida no centro e tratada lá mesmo. As vezes o paciente mora longe e o centrinho pode encaminhar para o dentista da cidade de tal especialização quando for o caso, por exemplo, para tratar uma cárie. A reabilitação desse paciente leva 18 anos e por isso é ideal ele ter o centro de atendimento. O tratamento é feito após o nascimento do bebê, mas pode ser diagnosticado em ultrassom, porém a única coisa a ser feita é acalmar a mãe. – a conexão entre as mães que tem filho com anomalia craniofacial é muito importante. Pesquisar para complementar conhecimento: Revista joule – artigo da fob sobre fissura (5 partes) • REHABILITATIVE TRATEMENT OF CLEFT LIP AND PALATE: EXPERIENCE OF THE HOSPITAL FOR REHABILITATION OF CRANIOFACIAL ANOMALIES/USP (HRAC-USP)- PARTE 1: OVERALL ASPECTS o Freitas, Neves, Almeida, Garib, Trindade-Suedam, Yaedu, Lauris, Soares, Olivera e Pinto Na década de 70, em Bauru havia 1:650 de nascimentos, mas para temos que guardar que para o Brasil é 1:900 e no mundo 1:1000. Em 2002, a OMS verificou que havia 5.800 nascimentos de crianças que nascem com fissura por ano – por isso o centro é grande, imagina todo ano 5800 crianças! Hoje a prevalência de atendimento no HRAC é o Sudeste, porque visam a descentralização – tem mais centros no Brasil (22 ao total). Centrinho: • Reabilita pacientes com fissuras labiopalatinas e malformações craniofaciais • Reabilita deficientes auditivos • Caráter interdisciplinar • Filosofia de tratamento humanizado Ministério da Saúde e de educação reconhece o HRAC como um hospital de ensino – se não me engano desde 2005. O HRAC é o maior centro do MUNDO! – e o mundo inteiro conhece o centrinho. Objetivos da reabilitação: • Morfologia • Estética facial • Função • Inclusão social A reabilitação tem por objetivo restabelecer a morfologia do lábio e do palato do que a natureza não conseguiu terminar, tendo uma estética facial melhor possível e também restabelecer a função do sistema estomatognático (comer, respirar, falar com fissura é extremamente difícil) e consequentemente prover a inclusão social desses indivíduos. Essas funções dependem do comprimento – do tipo de fissura: • Fissura labial o É mais estética, a fala não influencia muito porque o palato está formado e tudo certo • Fissura do palato: o Nada de comprimento estético, porque no palato não é visível, mas compromete toda a função, respiração, alimentação e fala • Fissura de lábio e palato o Infelizmente é a mais comum, tem o impacto estético e funcional o É a que demora 18 anos para ser reabilitada o É a que falaremos do protocolo, por ser a mais complexa para reabilitar. Equipe multidisciplinar: • Enfermagem/pediatria/nutricionista • Cirurgia plástica • Fonoaudiologia • Cirurgia buco • Psicologia e pedagogia • Assistente social • Geneticista 1) ENFERMAGEM/PEDIATRIA/NUTRICIONIS TA A enfermagem e a pediatria: auxilia na maternidade, principalmente na amamentação da criança, porque eles têm a fenda e dificulta na pega da criança. O centrinho incentiva e ajuda a mãe a amamentar os filhos – um dos truques é a mãe colocar o dedo indicar na fissura enquanto o bebê se amamenta para vedar a fissura, outro segredo é deixar a criança mais inclinada para evitar que o leite vá para a cavidade nasal (cavidade nasal e depois para garganta e com isso a criança engasga), geralmente deixa até a criança ficar sentada durante a amamentação. Dificuldades na amamentação: • Ausência de pressão labial adequada em torno do mamilo • Dificuldade em criar pressão negativa intrabucal por causa da comunicação buconasal • Refluxo do leite pelo nariz • Engasgo frequente Os profissionais do centrinho incentivam a amamentação e se for preciso eles ajudam com complementação de fórmulas. Gráfico que mostra que o paciente com fissura tem uma nutrição menor do que em paciente sem fissura – o ganho de peso de paciente com fissura é menor que de pacientes sem fissura – a criança com fissura precisa ter no MINIMO 5KG para que ela possa passar pela primeira cirurgia que é a do lábio. 2) CIRURGIA PLÁSTICA Há duas cirurgias plásticas: • Queiloplastia o Feita entre o 3 e 6º mês de vida, é o fechamento do lábio o A sutura é feita em 3 camadas e melhora até mesmo a forma do nariz, porque o nariz do lado da fissura fica com septo desviado e nariz achata o A técnica mais utilizada no centrinho é a técnica de Millard ▪ A cicatriz dela é como de fosse em z, uma fica no filtro da boca e outra na base no nariz, são lugares que dá uma disfarçada na cicatriz ▪ 2 cirurgias para pacientes com fissura unilateral: a queiloplastia e a cirurgia de 18 anos para terminar de arrumar após o crescimento ter parado Técnica de Millard o Em casos de pacientes com fissura bilateral é feito a técnica de SPINA, a cicatriz é retilínea e não ajuda tanto no nariz, então precisa fazer duas cirurgia, uma com 6 anos e outra quando tiver terminado o crescimento – ou seja, pacientes com fissura bilateral são 3 cirurgias (queilo, de 6 anos do nariz e depois outra do nariz quando terminar o crescimento, por volta de 18 anos) Técnica de Spina O segredo é ter cirurgião bem habilidoso e cuidadoso com as mãos para ter um melhor resultado na cirurgia (na cicatriz). • Palatoplastia o Feita a partir de 12 meses (de 12 a 18 meses de vida), é o fechamento do palato o É feita antes da criança falar, porque com o palato aberto a criança tem muita dificuldade na fala o Técnica de Von Langernbeck o Entre 1 ano e 1 ano e meio a criança tem o fechamento do palato (existência de tecido mole, não tem a sutura mediana e nunca vai existir, porque o fechamento desse palato vai ser por tecido mole) ▪ Esse fechamento do palato é feita em 2 camadas – ao lado, onde foi feito a incisão relaxante é fechada por segunda intenção – e no meio, onde teria a sutura tem o tecido que foi puxado como se fosse cortina Quanto antes fizer essas duas cirurgias melhor será, não dá para esperar ela ter 3 anos (quando vai fazer mais cirurgias), porque senão prejudicaria o crescimento da maxila. – tem lugares que fazem a palatoplastia com 7 anos de idade, só que o resultado não é tão bom porque tem impacto muito grande na fala e palato aberto causa muita infecção no ouvido que pode levar a perda auditiva, isso aconteceporque a alimentação vai para o nariz e para a tuba auditiva, causando infecções. A queiloplastia e a palatoplastia são cirurgias primárias, mas ao longo da vida vem a cirurgias secundárias, sendo elas: • Queiloplastia secundária • Alongamento de columela o Porque a ponta do nariz fica muito próxima ao lábio (ponta do nariz bem caída) e precisa fazer essa para alongar • Retalho faríngeo o Alonga ou fixa o palato mole para ajudar o paciente a falar • Rinoplastia e rinoseptoplastia (13 a 14 anos) o É a cereja do bolo e é a que os pacientes mais aguardam e ficam extremamente felizes após a cirurgia Palato é como se fosse a parede da casa e o nariz o telhado, por isso, precisa fazer tudo do palato primeiro (ortognática) porque influencia no crescimento da maxila e depois vem a final do nariz. 3) FONOAUDIOLOGIA A fono inicia o tratamento 1 ano após o fechamento do palato! Quanto mais cedo a fono pegar a criança, mas fácil será a reabilitação da fala. • Fala • Disfunção Velofaríngea o Quando a pessoa não fala bem, é porque ela tem essa disfunção Quando vamos falar “papai/mamãe” o ar não pode ir para o nariz, então o palato mole se move para vedar o espaço e não ter esse ar atrapalhando. Mas a criança com fissura, as vezes, após a cirurgia de fechamento de palato, pode ter o palato mole bem curtinho (porque precisou puxar para fechar o palato) e aí o paciente fica com a voz com um som hipernasal (termo popular fanho). Isso acontece porque o palato mole fica curto e permite a entrada de ar quando o paciente fala. – palato insuficiente e causa a hipernasalidade Por outro lado, as vezes após a cirurgia pode ter um palato mole maior e ai ele não consegue subir até a parede posterior da faringe para fechar e não entrar o ar, ele não tem mobilidade suficiente para chegar até o local – dizemos que palato fica incompetente e causa a hipernasalidade também. Audiologia: • Infecções recorrentes das vias aéreas • Perda auditiva As vezes ao fechar o palato o cirurgião deixou uma fistula e causa essa infecção recorrente no ouvido e pode levar a perda auditiva – o otorrino é muito importante para reabilitação dos pacientes com fissura 4) ODONTOLOGIA Entra várias áreas da odontologia. Não pode entrar na cirurgia se tiver uma cárie, por exemplo. • Pediatria • Ortodontia o A orto que acompanha o crescimento da maxila e quando esse crescimento é desfavorável precisamos de cirurgião bucomaxilo para fazer a ortognática • Cirurgia ortognática • Dentística o Paciente tem muito hipocalcificação do esmalte, tem muita agenesia de dentes • Perio/ prótese/implante A fissura não atrapalha o crescimento da maxila, mas as tensões da cirurgia de fechamento de palato podem impedir – se a cirurgia atrapalhar no desenvolvimento da maxila o paciente vai precisar de ortognática. A deficiência maxilar se agrava a cada ano, ela vai só aumentando, ou seja, é progressiva. Existe um limite para avançar com a maxila na ortognática (que é 15mm), porque se avançar mais a paciente pode ficar com mobilidade, por exemplo. Quando precisa avançar mais o que o cirurgião faz? – ele avança o máximo com a maxila (15mm) e compensa arrastando a mandíbula para trás. O enxerto ósseo no rebordo alveolar é um dos procedimentos que a odontologia pode fazer nos pacientes com fissura, onde tira osso da crista do helíaco e coloca no rebordo, assim o ortodontista vai conseguir movimentar os dentes do paciente para o lugar correto e fechar o espaço da agenesia do dente, por exemplo. 5) PSICOLOGIA E PEDAGOGIA Psicologia: • Suporte psicológico para o paciente e para família • Inclusão social / socialização 6) ASSISTÊNCIA SOCIAL • Assistência contínua ao paciente e família • Acolhimento e humanização na sala de espera (recreação) • Prevenção da interrupção e abandono do tratamento, levando recursos financeiros de prefeituras, órgãos estaduais, ministério público, parcerias. O paciente com fissura tem tratamento inteiro gratuito – isso é lei – e as vezes o paciente não sabe que o prefeito dele tem que pagar a passagem por exemplo, a assistência social ajuda nisso. A assistente social acolhe o paciente, aqui na sala de espera tem balão, tem cinema, tem uma sala de recreação (como se fosse uma brinquedoteca), tem jogos e artesanatos que podem fazer com os pais (os pais podem fazer isso também quando a criança está na cirurgia), é um lugar muito mais acolhedor do que uma sala de espera, inclusive no HRAC não tem essa sala de espera por isso.
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