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O cérebro do adolescente vive em conflito entre o córtex pré-frontal (tomada de decisões) e o sistema límbico (que busca o prazer) e o objetivo da consulta com ele é promover a saúde e prevenir agravos. Adolescentes: 10-19 anos Geralmente não é o adolescente que procura o médico (especialista em adolescentes são os hebiatras), mas os responsáveis e que podem depositar sobre o médico várias queixas e descontentamento em relação ao adolescente, fazendo com que ele fique quieto (reação mutismo). Isso pode dificultar a coleta de informações e a realização de exames como exame dos genitais. Então para um desenvolvimento adequado da consulta, devemos entrevistar os pais, o adolescente, fazer exame físico detalhado e conversar com o adolescentes e depois com os responsáveis. ANAMNESE: Primeiramente devemos ter ética, sigilo médico, permitir momento sozinho na consulta, garantir privacidade e deixar claro que o adolescente é responsável pela sua saúde. Devemos avaliar vários aspectos e para isso podemos utilizar o questionário HEEADSSS (Habitação “relacionamento familiar”, Escola “relacionamentos na escola”, Alimentação, Atividades Físicas, Drogas “tbm avaliar riscos”, Sexualidade, Suicídio “risco, depressão, autoagressão”, Sono e Segurança “violência, bullying”). Puberdade: Em meninas ela se manifesta de 8 aos 13 anos e nos meninos de 9 a 14 anos. Na fase pré puberal a velocidade de crescimento é constante (4-6cm/ano), mas na fase puberal ocorre o estirão onde nas meninas pode ser de 8-9 cm/ano e depois com desaceleração e nos meninos de 10-11cm/ano com desaceleração mais lenta. O grau de maturação sexual feminino e masculino pode ser identificado por meio dos critérios de Tanner. Na menina após o início da telarca (início da puberdade), demora em média de 2 a 2,5 anos para a menarca e o desenvolvimento mamário completo dura até aproximadamente 2 anos após a menarca. Variantes normais do desenvolvimento: adrenarca precoce (aumento de sudorese, odor axilar, pelos axilares e puberais sem sinais de puberdade) que pode ser estimulada independente da liberação de gonadotrofinas (LH e FSH), telarca de evolução assimétrica e telarca isolada (sem alteração hormonal tbm). Para saber se o menino entrou na puberdade, analisa-se o volume testicular. Então no menino há aumento do volume testicular, aparecimento de pelos pubianos, axilares, faciais e a espermarca. Puericultura do adolescente: O médico deve acompanhar o estado nutricional (auxilio dos gráficos de crescimento), imunização, desenvolvimento puberal e desenvolvimento psicossocial. Desvio nutricional na adolescência: >= +1 <Z +2 = SOBREPESO >= +2 = OBESIDADE >= +3 = OBESIDADE GRAVE A obesidade pode gerar diversas consequências e sua principal causa é o erro alimentar e sedentarismo. Nas meninas a obesidade tende a gerar a puberdade precoce e nos meninos tende a retardar a puberdade. Quando devo associar a obesidade com doença endócrina como hipotireoidismo? Quando a velocidade de crescimento não acompanha o peso. Como assim? Geralmente na criança obesa ela tbm é grande, agora se a criança está ganhando peso e não está crescendo na mesma velocidade, deve chamar a atenção. Puberdade Precoce: Em meninas: telarca em < 8 anos ou menarca < 10 anos (depende da etnia, história familiar, etc) Em meninos: Aumento testicular (G2) < 9 anos Fatores que interferem no início da puberdade: genéticos, estado nutricional, estresse, influencia ambiental, etnia, PIG, desreguladores endócrinos. Como é classificada? PPC (Puberdade Precoce central/verdadeira): ocorre devido ativação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal. Clínica: surge os caracteres secundários, aumento da velocidade de crescimento e idade óssea acelerada (criança fica grande). 95% das vezes são idiopáticas, mas 5% são referentes a distúrbios intracranianos que devem ser analisados (hidrocefalia, tumor, etc). PPP (Puberdade Precoce Periférica/pseudopuberdade): ocorre devido produção de hormônios autônoma direto das gônadas, ou seja, não tem ativação do eixo. Clínica: Adrenarca, quando secundária ao hipotireoidismo a idade óssea não aumenta (lembrar da obesidade que falei acima), pode ser devido presença de cisto ovariano que produz estrogênio ou até por uso de alguns medicamentos. Combinada Diante de uma suspeita de puberdade precoce devemos diferenciar entre os dois tipos. Como fazer o diagnóstico? Anamnese: observar gráficos (dados antropométricos), PIG, história de traumatismo craniano importante, doenças do SNC, história familiar de Puberdade Precoce, uso de medicações.... (Comparar o alvo de estatura pela formula) Exame físico: Observar se há telarca, adrenarca, velocidade de crescimento superior a 7cm/ano Exames Complementares: dosagem de LH e FSH, dosagem de estradiol e testosterona, ultrassonografia pélvica e abdominal (ambos) e testicular (meninos), radiografia Idade óssea, RM crânio para afastar patologias cerebrais. Teste de estímulo GnRH: aí após faz a dosagem de LH, caso >6,9 em meninas e >9,6 em meninos, significa que há ativação do eixo e então é Puberdade Precoce Central. Prejuízo da PP: Além de físico também é emocional. A criança cresce antecipadamente e depois pela drástica redução da velocidade de crescimento a criança acaba ficando com baixa estatura. Exemplo: menina de 7 anos com PPC, na sala de aula dela é a maior como se tivesse 9 anos. Entretanto quando ela chegar aos 9 anos, as meninas da sala estarão crescendo e ela já não cresce tanto mais. Além desse aspecto físico, tem grande estresse emocional devido alteração corporal, aumento da incidência de abusos sexuais e bullyng. Tratamento: Seu objetivo é evitar a baixa estatura e adequar o paciente ao meio em que vive. Medicamentos na PPC (avalia se vale a pena – endócrino): Análogos sintéticos do GnRH que suprime a liberação de gonadotrofinas. O tratamento deve ser suspenso quando: a criança tiver 10 anos de idade cronológica ou 12 anos de idade óssea em meninas (considerar de1-2 anos a mais em meninos). Tratamento na PPP: Tratamento de acordo com a causa (se for por medicamentos, etc) Puberdade Atrasada: Em meninas: ausência de telarca até os 13 anos; >3 anos decorrem entre o início do crescimento dos seios e a menarca; menarca não aconteceu até os 15-16 anos, Em meninos: Sem hipertrofia de testículos até os 14 anos; >5 anos transcorrem entre o crescimento inicial e completo dos órgãos genitais. Essa puberdade atrasada pode ser por atraso constitucional ou por várias doenças genéticas ou adquiridas. Então tbm é importante medir os níveis hormonais e analisar a idade óssea Tipos: Identificar e encaminhar ao endócrino se necessário Atraso constitucional do crescimento e puberdade (ACCP): “Mais comum em meninos” ... Decorre do atraso no estímulo do eixo. Gera ritmo de crescimento lento (4cm/ano), idade óssea atrasada, cresce abaixo do alvo familiar, mas no fim NÃO tem prejuízo de estatura (ao contrário da puberdade precoce). Então é importante também saber a história familiar de atraso puberal. Normal quando o atraso puberal é acompanhado de LH, FSH, testosterona e estradiol com níveis normais (baixos) e sem história patológica pregressa. Hipogonadismo hipogonadotrofico: Esse tipo ocorre por deficiência hormonal central do hipotálamo (deficiência de GnRH) ou da hipófise (LH e FSH). Suas causas incluem anorexia nervosa, desnutrição, tumores, síndromes genéticas, medicamentos, etc. Aqui os hormônios também estão reduzidos. Para diferenciar da constitucional podemos realizar aqueles testes como o teste de estimulo GnRH. Hipogonadismo Hipergonadotrofico: Tem o estimulo do eixo (liberação de LH e FSH), mas tem alguma falha na produção dos hormônios sexuais (Estradiol, progesterona, testosterona) não fazendo feedback negativo e assim LH e FSH ficam elevados e Hormônios sexuais reduzidos. Aqui devemos pedir o cariótipo. Baixa Estatura: Definição:criança com -2 DP da média da população para a idade ou abaixo do percentil 3 Variantes do crescimento normal: baixa estatura familiar (analisar alvo genético), baixa estatura idiopática, atraso constitucional do crescimento e puberdade Variantes do crescimento patológicas: doenças orgânicas, doenças endócrinas e doenças genéticas. o Baixa estatura familiar: a idade estatura (IE) está abaixo do normal para idade e sexo, mas está dentro do alvo familiar com maturação óssea normal. Então a estatura final já é baixa. IC=IO>IE o Baixa estatura idiopática: velocidade de crescimento normal, mas com -2DP para a idade, com proporções corporais e ingesta alimentar adequados e sem evidência patológica. Geralmente dos PIG 40 a 50% terão baixa estatura. o Baixa estatura por atraso constitucional: A maturação óssea é lenta, devido atraso na puberdade. Estatura final é normal. Geralmente tem história familiar de atraso constitucional. o Baixa estatura patológica: Desvio é maior que -2DP tbm, a velocidade de crescimento para a idade é menor que 4cm/ano, no gráfico há o distanciamento do seu alvo genético e a IO fica muito atrasada em relação à IC. Pode ser ocasionada por doença celíaca, renal, hipotireoidismo, deficiência de GH, Síndromes genéticas, etc. Exames complementares: Hemograma completo, VHS, glicemia, lipidograma, Proteina total e frações, ureia e creatinina, TGO, TGP, cálcio, fósforo, fosfatase alcalina, idade óssea, T4l e TSH, cariótipo, IGF-1, IGFBP-3, TC ou RNM de crânio e sela túrcica. Dosagem de IGF e IGFBP-3 não são diagnósticas e para isso devemos solicitar o teste provocativo com uso de insulina, clonidina, glucagon (estimulam a liberação de GH) e a resposta deve ser elevação acima de 5ng/ml. Se for menor que isso é deficiência de GH. Indicação para reposição de GH: Tem portaria, mas resumidamente: Deficiência de GH, IRC, Síndrome de Turner e outras genéticas, PIG, baixa estatura idiopática. Vacinação: Precisamos analisar a caderneta vacinal e entre 11 e 19 anos deve ter no mínimo: 3 doses da Hepatite B, 3 doses da DTP, 1 dose da trivial e 1 dose da febre amarela
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