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Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 1 PROPEDÊUTICA DO ABDOMEM Conceito: É o procedimento pelo qual o médico analisa a parte abdominal do paciente, com objetivo de constatar patologias ou anormalidades nesta área (por meio da ausculta e percussão, e constatação de sinais típicos, principalmente). Lembre-se: Antes de qualquer processo, deve-se observar os princípios gerais da conduta médica, sendo imprescindível a higienização das mãos, uso adequado de EPIs e os bons tratos, cordialidade e correta apresentação/abordagem ao paciente/examinando. A Anamnese de Abdômen é o procedimento pelo qual o médico faz a análise do abdômen (superfície, conteúdo e anormalidades). Como realizar a Anamnese de abdômen? 1) Posicionamento do médico: O médico deve adotar as posturas de praxe para a anamnese, além de: a) Espacial: O médico deve, sempre, posicionar-se à DIREITA do paciente. b) Cuidados: É de bom tom sempre AQUECER AS MÃOS E O ESTETOSCÓPIO antes de colocá-los (em virtude da epidemia de Covid, reforçou-se a obrigatoriedade da higienização). 2) Posicionamento do paciente: Via de regra, o paciente é examinado em DECÚBITO DORSAL, na posição HORIZONTAL. Exceção: Deve-se respeitar as limitações do paciente, de maneira que a posição não fique desconfortável na realização do exame. Ex: ICC, Ascite, Ortopnéia. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 2 Regiões do abdômen: Divisão Macro: QSD: Quadrante Superior D. QSE: Quadrante Superior E. QID: Quadrante Inferior D. QIE: Quadrante Inferior E. Divisão Micro: Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 3 Etapas do exame físico de abdômen: Inspeção: É o momento em que o médico analisa o aspecto geral do abdômen, podendo fazer isso das seguintes formas: 1) Inspeção Estática: Trata- se da observação do abdômen, visando constatar anormalidades de formato, tamanho, hidratação e demais anormalidades. a) O que estamos avaliando: Tipo, Forma e Volúme. Vejamos alguns exemplos: ABDOMEN ESCAVADO OU RETRAÍDO ABDOMEN TÍPICO DE DOENÇAS HORMONAIS ABDOMEN GLOBOSO TÍPICO DE ASCITE Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 4 ABDOMEN BATRAQUIO ABDOMEN EM AVENTAL b) O que estamos avaliando: Características da pele Vejamos alguns exemplos: ABDÔMEN ASCITICO (presença evidente de circulação colateral) Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 5 CICATRIZES TÍPICAS* (IMPORTANTE) CICATRIZ DE MCBURNEY (APENDICECTOMIA) CICATRIZ DE PFANNESTIEL: (CESÁREA /HISTERECTOMIA) HERNIAÇÕES:Umbilical e incisional. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 6 CONCEITO IMPORTANTE: Manobra de Valsava: Nem todas as hérnias estarão visíveis sempre, dessa maneira, através dessa manobra (na qual o paciente tapa a boca com a mão e faz um movimento de sopro) o aumento da pressão intra abdominal faz com que as estruturas saiam pelos buracos causados pela herniação, permitindo sua identificação para tratamento. 2) Inspeção Dinâmica: Trata-se da observação dos MOVIMENTOS do abdômen, visando constatar anormalidades de formato, tamanho, hidratação e demais anormalidades. Ex: Movimentos respiratórios. Movimentos peristálticos visíveis. Pulsações. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 7 Ausculta É por meio deste procedimento que podemos constatar RUIDOS HIDROAÉREOS, SOPROS VASCULARES e, com menos frequancia, ATRITOS. RUIDOS HIDROAÉREOS: a) Normais/presentes b) Diminuidos/ Ausentes: Comum em obstruções intestinais (sem motilidade), Íleo paralitico e Peritonites. c) Aumentados: Comuns em quadros de diarreia e fase inicial das obstruções intestinais. SOPROS VASCULARES: Muito comum em quadros ateroscleróticos das artérias Aorta D, Renal e Ilíaca. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 8 PERCUSSÃO É por meio deste procedimento que podemos constatar anormalidades no tamanho e conteúdo de cavidades órgãos. A percussão pode ser Timpânica (Vísceras ocas e espaços de Traube) ou Maciço (Visceras sólidas, como fígado, massas, ascite, esplenomegalia). Hepatimetria: É o método utilizado para medir e avaliar o fígado. O que avaliar: Percute-se a partir do 5º espaço intercostal direito, na linha hemiclavicular D e na linha esternal média. a. Hepatimetria normal: 4-8 cm na linha esternal média. 6–12 cm Linha Hemiclav E. b. Hepatomegalia: Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 9 Esplenometria: É o método utilizado para medir e avaliar o Baço. Localização: Espaço de Traube: Limites. Linha axilar anterior Sexto esp. Intercostal esquerdo Rebordo costal Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 10 a. Esplenomegalia: b. Sinal de Giordano (IMPORTANTE) Punho-percussão, com a borda ulnar da mão, na região da fossa lombar do paciente ,mais especificamente, na altura da loja renal (flancos). Se a manobra evidenciar sinal de dor aguda, em pontada, no paciente, o sinal de Giordano é positivo, o que indica grande probabilidade doença renal. c. Sinais de ascite: Pesquisa de macicez móvel Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 11 Manobra para sinal de Puddle. PALPAÇÃO: É por meio deste procedimento que podemos fazer a análise tátil do espaço desejado, sentindo seu tamanho, textura e demais dados relevantes para averiguar o estado geral dos órgãos. 1) Palpação superficial: É feita em estruturas situadas entre 1-2cm abaixo da pele. Feita com os dedos juntos, retos, com a palma da mão na horizontal, em movimentos descendentes e suaves. Feita em: Áreas de sensibilidade podendo apresentar defesa de parede (Contratura involuntátia) ou Continuidade de parede (hérnias, diástase de reto abdominal). Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 12 2) Palpação profunda: É feita em estruturas situadas entre 5-10 cm abaixo da pele. Feita com dedos juntos, retos, com as palma da mão na posição mais verticalizada. Feita em: a) FÍGADO: consistência, superfície e borda, sensibilidade e tamanho (hepatimetria). TIPOS DE PALPAÇÃO HEPÁTICA: *(IMPORTANTE)* Manobra de Mathieu: O paciente ficará em decúbito dorsal, enquanto o examinador, virado para os pés do paciente, Usa as mãos em paralelo, palpando com os dedos (em garra) o fígado do paciente, durante a inspiração. Manobra de Lemos Torres: O paciente ficará em decúbito dorsal, enquanto o examinador usará a mão esquerda para “deslocar” o fígado de sua loja, enquanto usa a mão direita para palpa-lo durante a inspiração. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 13 O que avaliar: Bordas, superfície e tamanho, que deve ser lisa e delimitada. (discretamente sensível à palpação). Sinal de Murphy:Dor na vesícula à PALPAÇÃO do fígado. Sinal de Torres Homem: Dor à PERCUSSÃO do fígado. b) BAÇO: Costuma não ser palpável, dessa maneira, na suspeita de patologia esplênica, usa-se, também, a técnica de Lemos Torres ou a posição de Schuster: Manobra de Lemos Torres: O paciente ficará em decúbito dorsal, enquanto o examinador usará a mão esquerda abaixo do gradeado costal anteriorizando o baço, enquanto usa a mão direita para palpa-lo na periumbilical até hipocôndrio esquerdo na inspiração. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 14 POSIÇÃO DE SCHUSTER: O paciente fica em decúbito lateral direito, com membro inferior E fletido, com MMII E elevado, enquanto o examinador usará a mão esquerda abaixo do gradeado costal anteriorizando o baço, enquanto usa a mão direita para palpa-lo na periumbilical até hipocôndrio esquerdo na inspiração. c) APÊNDICE: Costuma apresentar dor característica em fossa ilíaca direita, indicando APENDICITE. O que avaliar: O teste mais comum é a compressão da parede abdominal no quadrante da FID, seguida da soltura abrupta. Caso o paciente sinta dor à descompressão temos o chamado SINAL DE BLUMBERG POSITIVO. *(IMPORTANTE)* O SINAL POSITIVO INDICA PERITONITE ASSOCIADA À APENDICITE!!! Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 15 SINAL DE ROVSING: O paciente sente dor referida do lado direito â compressão da FI ESQUERDA. Indicativo de Apêndicite. SINAL DE COURVOISIER- TERRIER Encontrado quando é possível palpar a Vesícula biliar ou a cabeça do Pâncreas (que normalmente não são palpáveis). Indicativo de Neoplasia de cabeça de pâncreas (Muito maligno pois não causa dor, e quando é encontrado, na maioria dos casos já esta em metástase). Referência: - PORTO, C.C. Semiologia Médica. 7a ed. Rio de janeiro. Guanabara, 2014; - BICKLEY, LINN S. BARBARA BATES – Propedêutica Médica. Guanabara Koogan, 12a edição, 2015
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