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1 REMUNERAÇÃO Caros alunos, estamos na reta final da nossa disciplina. Depois de termos estudado a formação da relação de emprego, seu desenvolvimento e sua extinção, vamos estudar nesta aula um dos principais aspectos do contrato de trabalho, que trata da remuneração, ou seja, a contraprestação que o empregado tem direito em razão do trabalho prestado. Mas antes de iniciar, vamos analisar os objetivos e verificar as seções que serão desenvolvidas ao longo desta aula. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, o aluno será capaz de: - identificar os principais aspectos da remuneração e as parcelas que a compõe; - identificar os fatos geradores do pagamento dos diversos adicionais; - compreender as formas de pagamento do salário em utilidades; - identificar as formas como o salário pode ser pago; e - compreender as regras de proteção do salário. Seções de estudo Seção 1 – Aspectos gerais da remuneração Seção 2 – Adicionais e salário-utilidade Seção 3 – Formas e regras de proteção do salário SEÇÃO 1 – Aspectos gerais da remuneração Distinção entre salário e remuneração Uma das principais características da relação de emprego está relacionada com a sua onerosidade. A própria CLT, ao tratar dos sujeitos da relação de emprego, define o http://www.italiamiga.com.br 2 empregado como sendo toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. A palavra “salário” deriva do latim salarium, que teve sua origem na palavra salis, que significa sal. O sal era a moeda oferecida pelos romanos para pagar seus domésticos e soldados da legiões romanas (CASSAR, 2010, p. 758). Cabe alertar para o fato de que os termos remuneração e salário são utilizados de modo ambíguo, sendo confundidos frequentemente. A CLT, em seu artigo 457, chama de salário o pagamento efetuado diretamente pelo empregador ao empregado, como contraprestação de serviço. Paralelamente, a palavra remuneração pode abranger não só os salários, mas também as gorjetas, que são pagas por terceiros. É comum, todavia, que se chame de remuneração o somatório dos valores recebidos pelo empregado e pagos tanto pelo empregador como por terceiros. Questão relevante e muito oportuna. É bom nós esclarecermos essa questão já no início da aula. No âmbito do contrato individual de trabalho, a definição de salário tem uma finalidade prática para designar, dentre os vários tipos de pagamentos efetuados aos empregados, os que se enquadram como salário. A finalidade é prática em razão dos reflexos do salário, porque todo pagamento que tiver essa natureza é sobrecarregado com encargos devidos à Previdência Social e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, bem como Existe alguma relevância prática em saber se determinada verba tem ou não natureza salarial? SUM-354 GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA. REPERCUSSÕES As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. 3 serve de base para o cálculo de outras obrigações devidas pelo empregador ao trabalhador. A remuneração do trabalho toma nomes distintos em função dos usos e costumes dos diferentes segmentos profissionais. Assim é que os funcionários do serviço público têm a tradição de denominarem a sua remuneração de trabalho como vencimentos. Os militares, em geral, recebem saldo, nomenclatura de longa prática. Os profissionais liberais, como advogados, médicos, engenheiros, usam o termo honorários. Para a maioria dos trabalhadores é salário. Caracteres do salário O salário possui caracteres próprios que permitem a sua identificação em relação a outras formas de contraprestação, para os efeitos legais. O primeiro que merece destaque é o caráter alimentar. O salário destina-se ao sustento do empregado e de sua família. É para esse fim que o empregado celebra o contrato de trabalho com o empregador, geralmente não tendo outra forma de garantir sustento. O segundo diz respeito está relacionado a obrigatoriedade de pagar o salário, independentemente da situação econômica ou financeira da empresa. O salário do empregado é devido, mesmo que a empresa não possa pagá-lo. Essa característica caminha em continuação à anterior, da alimentação, pois o empregado não possui outra forma de garantir o seu sustento a não ser pelo salário. As eventuais dificuldades da empresa, ou mesmo o seu insucesso, não são transferíveis ao empregado. Mesmo quando a empresa possa pagar o salário, mas não haja trabalho a ser executado, com os empregados ficando inativos, ainda assim o salário é devido, pois o nível de atividade da empresa é de responsabilidade do empregador. A terceira característica é a irredutibilidade, ou seja, o salário não pode ser reduzido, pois afetaria a capacidade de subsistência do empregado. É necessário revisar esse conceito para que não haja a interpretação errônea de que o salário não pode ser alterado. O salário pode ser aumentado, mas nunca reduzido. Existem, contudo, situações excepcionais em que o salário pode ser reduzido. Em situações de crises econômicas ou dificuldades extremas de cena 4 empresa, mediante uma negociação coletiva, que exige a participação obrigatória do sindicato, poderão os empregados concordar com uma redução salarial temporária, para evitar demissões e permitir que a empresa possa recuperar-se financeiramente. Resolvida a crise, finda-se a vigência da redução e os salários voltam ao seu valor original. Outra característica marcante do salário é a periodicidade. O salário deve ser pago em intervalos determinados e curtos, tendo em conta o seu caráter alimentar. Composição do salário Além do salário básico, algumas verbas pagas pelo empregador integram o salário, já outras podem integrá-lo ou não, dependendo das circunstâncias; e outras ainda, definitivamente nãos e constituem componentes do salário, embora possam parecer. Parcelas de natureza salarial De acordo com §1° do artigo 457 da CLT, integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e de função e as comissões pagas pelo empregador. É importante esclarecer que as diferentes parcelas salariais não podem ser pagas sob a forma de uma única rubrica, sendo vedado englobá-las num certo valor total. É o que a doutrina chama de salário complessivo. Comissões Comissão é salário condicionado ao resultado do trabalho realizado pelo empregado, podendo ser ou não, a única forma de salário, além do que a taxa comissional é irredutível. Note-se que o empregado que recebe por comissão tem uma variação salarial decorrente do resultado do seu trabalho. Assim, o que é fixo é o percentual da comissão, que não pode ser reduzido, salvo negociação coletiva. SUM-91 SALÁRIO COMPLESSIVO Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem para atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador. 5 Gratificações A gratificação ajustada na origem, é liberalidade do empregador, a título de agradecimento ou de reconhecimento pelo trabalho exercido. No entanto, se tal gratificação foi ajustada expressa ou tacitamente, integra o salário, e o seu pagamento habitual transforma o que era liberalidade em obrigação. Trata-se de contraprestação paga pelo serviço prestado em certas condições, ou em ocasiões especiais, diferenciadas, como a gratificação de função, a gratificação de tempo de serviço etc. Assim, se a gratificação foi ajustada, de forma expressa ou tácita, apresenta natureza salarial. Desse modo,mesmo não havendo ajuste expresso quanto à gratificação, a jurisprudência firmou entendimento de que, se o pagamento é habitual, trata-se de gratificação ajustada (tacitamente) e, por isso, com natureza salarial. Abono Abono é a quantia recebida pelo empregado e concedida pelo empregador a título de adiantamento em dinheiro, de um benefício futuro. OJ-SDI1-181 COMISSÕES. CORREÇÃO MONETÁRIA. CÁLCULO. O valor das comissões deve ser corrigido monetariamente para em seguida obter-se a média para efeito de cálculo de férias, 13º salário e verbas rescisórias. SUM-152 GRATIFICAÇÃO. AJUSTE TÁCITO O fato de constar do recibo de pagamento de gratificação o caráter de liberalidade não basta, por si só, para excluir a existência de ajuste tácito. SUM-202 GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO. COMPENSAÇÃO Existindo, ao mesmo tempo, gratificação por tempo de serviço outorgada pelo empregador e outra da mesma natureza prevista em acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa, o empregado tem direito a receber, exclusivamente, a que lhe seja mais benéfica. SUM-203 GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO. NATUREZA SALARIAL A gratificação por tempo de serviço integra o salário para todos os efeitos legais. 6 Também tem o significado de prêmio e gratificação: sua natureza salarial é incontroversa. No entanto, é possível norma específica prevendo abono sem natureza salarial, como é o caso do abono de férias, previsto no artigo 144 da CLT. Prêmios Trata-se de contraprestação por se verificar a prestação de serviços com o preenchimento de certas condições específicas, previamente fixadas, como alcançar determinada meta, ou não se verificar faltas e atrasos injustificados (prêmio assiduidade) etc. Os prêmios não integram a remuneração do empregado, ainda que habituais, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário (art. 457, §2º, CLT). Quebra de caixa A parcela em questão é chamada também de “gratificação de caixa”, sendo comumente paga àqueles que exercem funções de caixa, normalmente com bancários. Trata-se de valor pago pela empresa em decorrência do exercício dessa função, tendo em vista a possibilidade de que o caixa operado apresente diferença, a ser ressarcida pelo empregado. A parcela, logo, seria uma contraprestação de natureza salarial decorrente da peculiaridade (risco) da atividade exercida. Contudo, se a parcela for paga somente quando ocorrer a diferença de caixa, como forma de indenizar o empregado, exatamente pelo valor do desconto salarial respectivo, passa a apresentar natureza indenizatória ou de ressarcimento. Parcelas sem natureza salarial O § 2º do artigo 457 especifica algumas parcelas sem natureza salarial, estipulando que não se incluem nos salários as ajudas de custo, diárias para viagem e auxílio-alimentação. Vejamos, com mais detalhes, os contornos das referidas verbas, assim como outras sem natureza salarial. SUM-247 QUEBRA DE CAIXA. NATUREZA JURÍDICA A parcela paga aos bancários sob a denominação "quebra de caixa" possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. 7 Diárias Diária para viagem é quantia paga pelo empregador para custear as despesas de viagem e manutenção do empregado, ocasionadas em razão de seu contrato de trabalho. Em princípio, não é salário, mas sim, indenização. Será salário quando o valor das diárias se desviar de seu caráter ressarcitório e se aproximar de pagamento disfarçado de salário. Ajudas de custo Ajuda de custo é uma indenização limitada a cinquenta por cento da remuneração mensal, ou seja, é a quantia recebida pelo empregado para fazer frente às despesas necessárias para a execução dos serviços e que, portanto, não revertem em seu proveito. Exemplo de ajuda de custo é aquela prevista no artigo 470 da CLT, estabelecendo que as despesas da transferência do empregado correm por conta do empregador. Participação nos lucros A participação nos lucros ou resultados tem previsão no artigo 7º, inciso XI da Constituição Federal, não possuindo, em tese, natureza salarial, quando paga de acordo com a Lei nº 10.101/2000. Segundo o artigo 3º da referida lei, a participação nos lucros não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o principio da habitualidade. SUM-101 DIÁRIAS DE VIAGEM. SALÁRIO Integram o salário, pelo seu valor total e para efeitos indenizatórios, as diárias de viagem que excedam a 50% (cinquenta por cento) do salário do empregado, enquanto perdurarem as viagens. SUM-318 DIÁRIAS. BASE DE CÁLCULO PARA SUA INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO Tratando-se de empregado mensalista, a integração das diárias no salário deve ser feita tomando-se por base o salário mensal por ele percebido e não o valor do dia de salário, somente sendo devida a referida integração quando o valor das diárias, no mês, for superior à metade do salário mensal. 8 Contudo, se a mencionada parcela for paga de forma fraudulenta, para encobrir o pagamento de verdadeiro salário, como tal deverá ser tratado, tendo em vista o princípio da primazia da realidade, por força do artigo 9º da CLT. SEÇÃO 2 - Adicionais e salário-utilidade Adicionais Adicionais são acréscimos salariais decorrentes do preenchimento de condição estipulada por lei ou outra norma, que justifique o seu pagamento. Quanto aos adicionais legais, o entendimento atualmente pacífico, na doutrina e na jurisprudência, é no sentido da sua natureza salarial ou remuneratória. Possuir natureza salarial, no entanto, não significa confundir-se com o próprio salário em sentido estrito; o reconhecimento de serem verbas de natureza salarial, em oposição à natureza indenizatória, é aspecto de relevância para fins de incidência do FGTS, de contribuições sociais e reflexos em outras verbas, como já apontado anteriormente. Adicional de horas extras Quando o empregador solicita ao empregado que trabalhe além de seu horário normal de trabalho, a fim de completar uma tarefa ou para atender necessidades da empresa, há um desgaste físico maior do empregado, que deve ser compensado. Já vimos na aula anterior as hipóteses em que é possível a realização de horas extraordinárias. É devido ao empregado que prestar serviços extraordinariamente, ou seja, cujo trabalho extrapolar a duração normal. O valor do adicional é de, no mínimo, 50% sobre o salário, nos termos do artigo 7°, inciso XVI da Constituição Federal. Caso o trabalho extraordinário seja prestado habitualmente por mais de um ano, a supressão de tal trabalho acarreta ao empregado o direito de receber do empregador uma indenização a ser calculada nos termos da Súmula nº 291 do TST, já estudada. Qual é a base de cálculo para o pagamento das horas extras? 9 Analisando a jurisprudência do TST, podemos perceber que o valor das horas extras deve ser calculado sobre a globalidade salarial recebida pelo empregado. Não. Somente podem fazer hora extra aqueles empregados que estão sujeitos a controle de horário. Nesse sentido, o artigo 62 da CLT estabelece que os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, bem como os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial estão excluídos do capítulo da CLT que trata da duração do trabalho. Acrescente-se que o empregado que labora em regime de teletrabalho também não estásujeito a controle de jornada de trabalho (art. 62, III, CLT). Dessa forma, o empregado que não está sujeito a controle de horário e os gerentes, mesmo trabalhando além do horário não terão direito ao pagamento de horas extras. SUM-264 HORA SUPLEMENTAR. CÁLCULO A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa. SUM-132 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INTEGRAÇÃO I - O adicional de periculosidade, pago em caráter permanente, integra o cálculo de indenização e de horas extras. OJ-SDI1-47 HORA EXTRA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO A base de cálculo da hora extra é o resultado da soma do salário contratual mais o adicional de insalubridade. OJ-SDI1-97 HORAS EXTRAS. ADICIONAL NOTURNO. BASE DE CÁLCULO. O adicional noturno integra a base de cálculo das horas extras prestadas no período noturno. Professor, todo e qualquer empregado tem direito a receber o adicional de horas extras? 10 Adicional noturno É o acréscimo de uma porcentagem sobre o valor normal do salário do empregado, a título de compensação pelo esforço de trabalhar em horário normalmente reservado para o repouso. É devido ao empregado que trabalhar no período considerado noturno pela lei. Aos urbanos, o período noturno se dá entre 22 horas de um dia até as 5 horas do dia seguinte e o adicional é de 20% sobre o salário contratual; a hora noturna para efeito de cálculo não tem 60 minutos, mas 52 minutos e 30 segundos (hora noturna reduzida). Aos rurais, por primeiro, precisa-se distinguir aquele que trabalha na agricultura daquele que trabalha na pecuária. O primeiro tem o período noturno entre 21 horas de um dia às 5 horas do dia seguinte; para o segundo, o período noturno ocorre entre 20 horas de um dia até 4 horas do dia seguinte, sendo devido o adicional é de 25% sobre o salário contratual, sendo que a hora noturna não é reduzida. Atenção, a Súmula 60 estabelece que o adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos, ou seja, ATENÇÃO! Segundo o parágrafo único do artigo 62, o regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). Isso significa que o salário do cargo de confiança deve ser maior que o salário anteriormente recebido, porém a gratificação de função é facultativa. Essa exceção é importante. Proibido esquecer!!!! SUM-60 ADICIONAL NOTURNO. INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO E PRORROGAÇÃO EM HORÁRIO DIURNO I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos. II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT. 11 enquanto estiver sendo pago, integrará a base de cálculo para o pagamento das demais verbas. Isso não significa que o adicional noturno pago com habitualidade incorpore ao salário, não podendo mais ser excluído. Até porque, nada impede o empregador alterar o turno de trabalho do empregado, conforme estabelece a Súmula 265 do TST. Trata-se de previsão fundada no chamado jus variandi, de titularidade do empregador, por lhe ser assegurado gerir a empresa e, com isso, estabelecer certas alterações que podem alcançar algumas condições de trabalho, pertinentes aos contrato de emprego. Além disso, a alteração é benéfica ao trabalhador e a sua saúde, o que leva à melhoria de sua condição. Adicional de insalubridade Existem atividades que envolvem condições prejudiciais à saúde do trabalhador, manifestando-se com a sua exposição prolongada a elas. Nessas situações, há danos lentos que se acumulam com o tempo, afetando sua capacidade de trabalho. O adicional para o trabalho em condições insalubres deve ser pago também com caráter compensatório, cujo valor sofre variação de acordo com o tipo de insalubridade. O Ministério do Trabalho e Emprego é responsável pela identificação e classificação das atividades insalubres, estabelecendo seu grau de intensidade, que atualmente estão indicadas na NR 15, da Portaria 3.214/78. A CLT, no artigo 189, dispõe sobre a matéria, complementada pela regulamentação do referido Ministério. Os níveis de insalubridade são classificados em mínimo, médio e máximo. De acordo com a CLT, o valor do adicional é calculado sobre o salário mínimo, nas porcentagens de 10% para o nível mínimo, 20% para o médio e 40% para o máximo. Contudo, o Supremo Tribunal Federal, por intermédio da Súmula Vinculante nº 4 proibiu a utilização do salário mínimo como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou empregado. SUM-265 ADICIONAL NOTURNO. ALTERAÇÃO DE TURNO DE TRABALHO. POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno. 12 Como consequência, o TST reeditou a Súmula 228, estabelecendo que a partir de 9 de maio de 2008, data da publicação da Súmula Vinculante nº 4 do Supremo Tribunal Federal, o adicional de insalubridade será calculado sobre o salário básico, salvo critério mais vantajoso fixado em instrumento coletivo. No entanto, +na RCL nº 6275, ajuizada logo em seguida no STF, foi sustentado que o TST, ao alterar a sua jurisprudência, teria violado a Súmula Vinculante nº 4, que não fixou o salário básico como base de cálculo do adicional de insalubridade nem declarou inconstitucional o artigo 192 da CLT, que prevê o cálculo do adicional sobre o salário mínimo da região. Na decisão, o ministro Lewandowski explicou que, no julgamento que deu origem à Súmula Vinculante nº 4, o STF entendeu que, até que seja superada a inconstitucionalidade do artigo 192 da CLT por meio de lei ou de convenção coletiva, a parcela deve continuar a ser calculada com base no salário mínimo. Por essa razão, concluiu que a decisão do Plenário do TST que deu nova redação à Súmula 228 contrariou o entendimento firmado pelo Supremo a respeito da aplicação do enunciado da SV 4. Com esse fundamento, julgou procedente a reclamação para cassar a Súmula 228 do TST “apenas e tão somente na parte em que estipulou o salário básico do trabalhador como base de cálculo do adicional de insalubridade devido”. Adicional de periculosidade São considerados trabalhos perigosos: a) aqueles que envolvem risco de vida, quando o empregado trabalha em contato permanente com inflamáveis, explosivos e no sistema elétrico de potência; b) trabalhadores sujeitos às radiações ionizantes ou substâncias radioativas, inclusive radioterapia e radiografia; c) exposição permanente do trabalhador a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial; d) atividade de trabalhador em motocicleta. 13 O adicional de periculosidade, que é devido no montante de 30%, quanto à base de cálculo, incide sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa, conforme o artigo 193, § 1º da CLT. Não necessariamente, conforme podemos inferir das Súmulas 364 e 361 do TST. SUM-39 PERICULOSIDADE Os empregados que operam em bomba de gasolina têm direito ao adicional de periculosidade. OJ-SDI1-324 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA.É assegurado o adicional de periculosidade apenas aos empregados que trabalham em sistema elétrico de potência em condições de risco, ou que o façam com equipamentos e instalações elétricas similares, que ofereçam risco equivalente, ainda que em unidade consumidora de energia elétrica. OJ-SDI1-345 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RADIAÇÃO IONIZANTE OU SUBSTÂNCIA RADIOATIVA. DEVIDO. A exposição do empregado à radiação ionizante ou à substância radioativa enseja a percepção do adicional de periculosidade, (...). SUM-132 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INTEGRAÇÃO I - O adicional de periculosidade, pago em caráter permanente, integra o cálculo de indenização e de horas extras. II - Durante as horas de sobreaviso, o empregado não se encontra em condições de risco, razão pela qual é incabível a integração do adicional de periculosidade sobre as mencionadas horas. SUM-191 ADICIONAL. PERICULOSIDADE. INCIDÊNCIA O adicional de periculosidade incide apenas sobre o salário básico e não sobre este acrescido de outros adicionais. Em relação aos eletricitários, o cálculo do adicional de periculosidade deverá ser efetuado sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial. A exposição ao risco deve ser permanente? 14 Independentemente da exigência de pagamento dos adicionais, a legislação ainda impõe que o empregador proporcione equipamentos de segurança e proteção ao trabalhador a fim de minimizar os riscos existentes, assunto que é tratado sob a disciplina da Segurança e Medicina do Trabalho, do que se ocupa todo o Capítulo V da CLT. ATENÇÃO: Na hipótese de o empregado trabalhar em condições insalubres e perigosas, terá direito a apenas um dos adicionais, cabendo-lhe optar por um deles, nos termos do § 2° do artigo 193 da CLT. Adicional de transferência Quando estudamos as possibilidade de alteração do contrato de trabalho, vimos que o empregador pode necessitar que determinado empregado preste trabalho em local diferente daquele para o qual foi contratado. Trata-se de uma permanência provisória. Os artigos 469 e 470 da CLT dispõem sobre o tema. Enquanto durar a transferência, deve ser pago o adicional de 25% sobre o salário, cujo pagamento cessará com o retorno ao local original. SUM-361 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ELETRICITÁRIOS. EXPOSIÇÃO INTERMITENTE O trabalho exercido em condições perigosas, embora de forma intermitente, dá direito ao empregado a receber o adicional de periculosidade de forma integral, porque a Lei nº 7.369, de 20.09.1985, não estabeleceu nenhuma proporcionalidade em relação ao seu pagamento. SUM-364 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. II - Não é válida a cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho fixando o adicional de periculosidade em percentual inferior ao estabelecido em lei e proporcional ao tempo de exposição ao risco, pois tal parcela constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantida por norma de ordem pública (arts. 7º, XXII e XXIII, da CF e 193, §1º, da CLT). 15 Ocorrendo a transferência definitiva do empregado, o empregador deve arcar com todos os custos da transferência. Salário-utilidade Os salários podem ser pagos parte em dinheiro - no mínimo 30% conforme artigo 82 da CLT - e parte em utilidades ou bens, a que se denomina salário-utilidade ou salário in natura. O conceito de utilidades precisa ser esclarecido. Constituem-se utilidades alguns benefícios que o empregador oferece ao empregado, de modo oneroso ao empregador, tais como: alimentação, habitação, meios de lazer, entre outros. Qualquer benefício prestado que não signifique um requisito para a prestação do trabalho, no qual possa ser identificado um custo para o empregador e represente uma vantagem financeira para o empregado, adquire natureza salarial. A concessão de bens ou sua utilização é uma forma de salário indireto, como regra geral. Para que a utilidade ou o bem fornecido pelo empregador possa ser considerado como salário in natura, é necessário que seja concedido, habitual e graciosamente, além de ser pelo trabalho. Ao contrário, se a utilidade ou bem for concedido esporadicamente com ônus para o empregado, além de ser para o trabalho, não será considerada verba salarial. SUM-29 TRANSFERÊNCIA Empregado transferido, por ato unilateral do empregador, para local mais distante de sua residência, tem direito a suplemento salarial correspondente ao acréscimo da despesa de transporte. OJ-SDI1-113 ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE CONFIANÇA OU PREVISÃO CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA. DEVIDO. DESDE QUE A TRANSFERÊNCIA SEJA PROVISÓRIA. O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência de previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional. O pressuposto legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a transferência provisória. http://www.globalframe.com.br 16 Muitos empregadores costumam oferecer alguns benefícios aos seus empregados, tais como planos de saúde, custeio de educação, lazer e planos privados para complemento de aposentadoria. O artigo 458 da CLT, em seu § 2°, dispõe que não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: a) vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; b) educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos à matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; c) transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e o retorno, em percurso servido ou não por transporte público; d) assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde. e) seguro de vida e de acidentes pessoais; e f) previdência privada. Do mesmo modo, pode-se fazer menção aos seguintes dispositivos: a) artigo 3º da Lei 6.321/76, no sentido de que o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) não apresenta natureza salarial; e ATENÇÃO: Se a prestação é fornecida PARA o trabalho, não tem natureza salarial; caso seja fornecida PELO trabalho, considera-se salário utilidade. A diferenciação aqui, portanto, é pela indispensabilidade, ou não, da utilidade fornecida pelo empregado, para a prestação dos serviços prestados pelo empregado. SUM-367 UTILIDADES "IN NATURA". HABITAÇÃO. ENERGIA ELÉTRICA. VEÍCULO. CIGARRO. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. II - O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde. 17 b) artigo 2º da Lei 7.418/85, estabelecendo que o vale transporte não tem natureza salarial. Cabe frisar que se a alimentação for concedida sem se inserir no PAT, apresenta, em princípio, natureza de salário-utilidade, conforme artigo 458, caput, da CLT. Ademais, outros preceitos devem ser observados quanto às utilidades. Primeiro, o salário não pode ser pago integralmente soba forma de utilidades, pois a CLT dispõe, no artigo 82 que o salário mínimo (e por extensão, todos os salários acima do mínimo) deve ser pago com, pelo menos 30% do seu valor em dinheiro. Segundo, há um limite legal para algumas das utilidades que integram o salário. Para habitação é de 25% e para alimentação, 20%. As empresas, em reduzido número, que oferecem habitação aos seus empregados podem descontar o valor referente à ocupação da moradia, até o limite de 25%. Desse modo, uma parte do salário é paga sob a forma da utilidade moradia e o restante em dinheiro. Essa modalidade é mais comum para empresas localizadas em locais afastados, como fábricas e usinas elétricas. Também é comum o uso nas propriedades rurais, quando o limite passa a ser de 20%, conforme artigo 9º da Lei nº 5.889/73. Na relação de emprego doméstico, a Lei Complementar nº 150/2015 traz regras bem específicas. Vejamos: Art. 18. É vedado ao empregador doméstico efetuar descontos no salário do empregado por fornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia, bem como por despesas com transporte, hospedagem e alimentação em caso de acompanhamento em viagem. § 1º É facultado ao empregador efetuar descontos no salário do empregado em caso de adiantamento salarial e, mediante acordo escrito entre as partes, para a inclusão do empregado em planos de assistência médico-hospitalar e odontológica, de seguro e de previdência privada, não podendo a dedução ultrapassar 20% (vinte por cento) do salário. § 2º Poderão ser descontadas as despesas com moradia de que trata o caput deste artigo quando essa se referir a local SUM-241 SALÁRIO-UTILIDADE. ALIMENTAÇÃO O vale para refeição, fornecido por força do contrato de trabalho, tem caráter salarial, integrando a remuneração do empregado, para todos os efeitos legais. 18 diverso da residência em que ocorrer a prestação de serviço, desde que essa possibilidade tenha sido expressamente acordada entre as partes. § 3º As despesas referidas no caput deste artigo não têm natureza salarial nem se incorporam à remuneração para quaisquer efeitos. § 4º O fornecimento de moradia ao empregado doméstico na própria residência ou em morada anexa, de qualquer natureza, não gera ao empregado qualquer direito de posse ou de propriedade sobre a referida moradia. ATENÇÃO: Uma vez caracterizado o salário in natura, a correspondente expressão econômica deverá ser integrada na parte em espécie do salário do empregado e calculados os reflexos nas demais verbas trabalhistas. SEÇÃO 3 - Formas de salário e regras de proteção Formas de salário O pagamento do salário do empregado pode ser realizado por tempo, por produção e por tarefa, sendo que o primeiro modo é o mais comum. O salário por tempo é pago em função do tempo em que o empregado ficou à disposição do empregador, realizando ou aguardando ordens. O seu valor é estipulado por períodos certos de tempo: mensal, quinzenal, semanal, dia ou hora. Mesmo que o pagamento seja efetuado com outra frequência, o cálculo se dá pela unidade de tempo determinada. Exemplos: o empregado pode receber o salário fixo de R$ 5,00 por hora e outro pode perceber o salário de R$ 1.100,00 por mês: não se confunda o critério do tempo para a entrega do dinheiro. O salário por produção, como o próprio nome indica, é o salário pago com base na produção do empregado. O salário e a remuneração não se confundem com indenização. O salário é a remuneração normalmente devida ao empregado, mesmo que seja composto, como contrapartida pelo trabalho realizado. Já as indenizações são compensações impostas pela legislação, e devem ser pagas ao empregado por eventuais ou possíveis danos, reparando-os. Atenção!!!! Não podemos esquecer.... 19 Por fim, o salário por tarefa assemelha-se ao salário por produção, na medida em que considera, para o seu cálculo, a produção do empregado e a economia de tempo havida, de tal forma que o empregado tem vantagem ao cumprir sua tarefa, que pode ser o acréscimo no preço da tarifa ou ser dispensado do restante da jornada. Regras de proteção ao salário Entre todas as formas de proteção e amparo ao empregado, de grande importância é a proteção dispensada ao salário. Proteger o salário é impedir que ele seja desvalorizado, reduzido por meio de artifícios, ter seu pagamento postergado, suprimido, negociado ou confiscado. O salário é o único meio de subsistência do empregado. Sua natureza é alimentar, portanto, inegociável. Proteção contra os abusos do empregador O salário deve ser protegido contra eventuais abusos do empregador, que podem afetar o seu valor real, acarretar prejuízo adicional ou privar o trabalhador de o receber. Já foi visto que, em épocas de inflação, o valor real do salário torna-se menor que o valor nominal. A primeira regra de proteção diz respeito à quantia mínima que qualquer empregado deve receber. Por lei, é estabelecido o valor do salário mínimo. Também há salários mínimos profissionais, pisos salariais e salários normativos. Como as demais condições de trabalho, ao salário se aplica o princípio da inalterabilidade, segundo o qual as condições de trabalho não podem ser alteradas unilateralmente (CLT, artigo 468). A isonomia salarial, isto é, o princípio de que para funções iguais, na mesma empresa, são devidos salários iguais, é garantida, como veremos adiante. Quanto à sua natureza, é possível classificar os salários como: fixo, variável, misto, contratual, legal e em utilidades. Assim, o salário fixo é o que é pago por unidade de tempo. Salário variável é o que é pago por produção (comissão). Misto é aquele constituído de parte fixa e parte variável. Contratual ou legal, conforme for estabelecido no contrato ou na lei. Finalmente, em utilidade, como já visto, é aquele constituído por prestações in natura. 20 Outra regra de proteção cuida da prova de pagamento, pois o artigo 464 da CLT estabelece que o pagamento deverá ser comprovado por meio de recibo, embora a Portaria nº 3.281/84 do Ministério do Trabalho tenha autorizado o pagamento em cheque ou depósito bancário. Proteção contra os credores do empregador O artigo 449 da CLT prevê a proteção do salário na hipótese de falência, concordata ou até de dissolução da empresa. Os credores do empregador nas falências não têm preferência de recebimento. Esse privilégio é concedido aos créditos referentes aos salários, seus complementos e indenizações devidos aos empregados. A Lei de Falências dá tratamento coerente com o da CLT, estabelecendo que os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes do trabalho gozam de privilégio em relação aos demais credores, inclusive a Fazenda Pública. Proteção contra os credores do empregado O salário é protegido até do próprio empregado que, por má gestão de suas finanças pessoais, gastando além de suas possibilidades, tente negociar a transferência dos seus direitos a terceiros, seus credores. Ou seja, o salário é impenhorável e não pode ser cedido. A única exceção se dá no caso de pensão alimentícia devida, nos termos do disposto na legislação sobre o Direito de Família. Por outras palavras, o salário, por apresentar natureza alimentícia, é considerado impenhorável. Temos, então, a impenhorabilidade do salário frente aos credores do próprio empregado, conforme previsto no artigo 833, inciso IV do Código de Processo Civil. PN-117 PAGAMENTO DO SALÁRIO COM CHEQUE Se o pagamento do salário for feito em cheque, a empresa dará ao trabalhador o tempo necessário para descontá-lo, no mesmo dia. 21 Periodicidade de pagamento O artigo 459 da CLT, estabelece queo pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1 (um) mês, salvo no que concerne a comissões, percentagens e gratificações. Já quanto ao prazo, o parágrafo único do mesmo artigo estabelece que quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido. O atraso no pagamento do salário é denominado mora salarial. Pode acarretar dois efeitos: a rescisão indireta por justa causa do empregador e gerar sanções de ordem fiscal para o empregador. Além disso, o artigo 7º, inciso X da Constituição Federal garante a proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa. Quanto ao pagamento em caso de rescisão, o artigo 467 da CLT determina que, nesse caso, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, a data do comparecimento a Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento). Por outras palavras, quando o contrato de trabalho é rescindido, o empregador que deve salário e na primeira audiência da Justiça do Trabalho não faz o seu pagamento, o saldo salarial passa a ser devido com acréscimo de 50%. Descontos Nós já sabemos que, segundo o artigo 468 da CLT, nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. E se o empregador atrasar o pagamento? 22 Além dessa regra de imodificabilidade do contrato prevista na CLT, a Constituição Federal, no artigo 7º, inciso VI também garante a irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. A CLT, por sua ver, estabelece no artigo 462, a regra da intangibilidade, ou seja, ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. No que diz respeito a possibilidade de desconto por danos causados pelo empregado, o § 1º do artigo 462 da CLT esclarece que o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. Assim, em caso de danos acarretados pelo empregado no patrimônio do empregador ou de terceiro, desde que relacionados com o serviço, é permitido o desconto, independente de autorização, havendo dolo do empregado. Ao contrario, exige-se concordância do empregado nos casos de culpa, caracterizados pela imprudência, imperícia ou negligência. SUM-342 DESCONTOS SALARIAIS. ART. 462 DA CLT Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico- hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico. OJ-SDC-18 DESCONTOS AUTORIZADOS NO SALÁRIO PELO TRABALHADOR. LIMITAÇÃO MÁXIMA DE 70% DO SALÁRIO BASE. Os descontos efetuados com base em cláusula de acordo firmado entre as partes não podem ser superiores a 70% do salário base percebido pelo empregado, pois deve-se assegurar um mínimo de salário em espécie ao trabalhador. OJ-SDI1-160 DESCONTOS SALARIAIS. AUTORIZAÇÃO NO ATO DA ADMISSÃO. VALIDADE. É inválida a presunção de vício de consentimento resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com descontos salariais na oportunidade da admissão. É de se exigir demonstração concreta do vício de vontade. 23 Finalmente, esclarece o § 5º do artigo 477 da CLT que qualquer compensação no pagamento das verbas rescisórias não poderá exceder o equivalente a 1 (um) mês de remuneração. Estipulação do valor do salário O princípio aplicável é o da autonomia da vontade, ou seja, as relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes, conforme artigo 444 da CLT. Contudo, havendo falta ou dúvidas quanto a estipulação do salário, determina o artigo 460 da CLT, o empregado terá direito a perceber salário igual ao daquele que, na mesma empresa, fizer serviço equivalente, ou do que for habitualmente pago para serviço semelhante. Depende da situação em que se encontrarem os empregados. A Constituição de 1988 trata do princípio da igualdade, vedando qualquer distinção entre os trabalhadores, por ocasião da admissão, sendo que os requisitos para a equiparação salarial estão previstos no artigo 461 da CLT, exigidos de modo concomitante (ao mesmo tempo). Assim, se ambos os empregados trabalharem para o mesmo empregador, na mesma localidade, exercerem idêntica função, a diferença de tempo na função entre os dois for INFERIOR a dois anos e tempo de serviço para o mesmo empregador não superior a quatro anos, trabalharem com a mesma produtividade e o trabalho for executado com a mesma perfeição técnica, eles devem receber o mesmo salário. Professor, o meu trabalho é idêntico ao dele... mas ele ganha mais do que eu... isso está certo? Invejoso!!!! 24 RETOMANDO A CONVERSA INICIAL Seção 1 – Aspectos gerais da remuneração SUM-6 EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT I - Para os fins previstos no § 2º do art. 461 da CLT, só é válido o quadro de pessoal organizado em carreira quando homologado pelo Ministério do Trabalho, excluindo-se, apenas, dessa exigência o quadro de carreira das entidades de direito público da administração direta, autárquica e fundacional aprovado por ato administrativo da autoridade competente. II - Para efeito de equiparação de salários em caso de trabalho igual, conta-se o tempo de serviço na função e não no emprego. III - A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma exercerem a mesma função, desempenhando as mesmas tarefas, não importando se os cargos têm, ou não, a mesma denominação. IV - É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação salarial, reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, desde que o pedido se relacione com situação pretérita. V - A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, embora exercida a função em órgão governamental estranho à cedente, se esta responde pelos salários do paradigma e do reclamante. VI - Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância de que o desnível salarial tenha origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma, exceto se decorrente de vantagem pessoal, de tese jurídica superada pela jurisprudência de Corte Superior ou, na hipótese de equiparação salarial em cadeia, se não demonstrada a presença dos requisitos da equiparação em relação ao paradigma que deu origem à pretensão, caso arguida a objeção pelo reclamado. VII - Desde que atendidos os requisitos do art. 461 da CLT, é possível a equiparação salarial de trabalho intelectual, que pode ser avaliado por sua perfeição técnica, cuja aferição terá critérios objetivos. VIII - É do empregador o ônus da prova do fatoimpeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial. IX - Na ação de equiparação salarial, a prescrição é parcial e só alcança as diferenças salariais vencidas no período de 5 (cinco) anos que precedeu o ajuizamento. X - O conceito de "mesma localidade" de que trata o art. 461 da CLT refere-se, em princípio, ao mesmo município, ou a municípios distintos que, comprovadamente, pertençam à mesma região metropolitana. Não posso esquecer essa Súmula.... Pessoal, acabamos mais uma aula e para finalizar o estudo, vamos fazer uma rápida revisão. 25 Na seção 1 nos vimos a diferença entre salário e remuneração, bem como a importância da diferença entre verbas de natureza salarial e não-salarial (indenizatórias). Estudamos também quais são essas verbas que compõe o salário e quando são devidas. Seção 2 – Adicionais e salário-utilidade Nesta seção nós aprendemos os adicionais são acréscimos salariais decorrentes do preenchimento de condição estipulada por lei ou outra norma, que justifique o seu pagamento. Além disso, estudamos os principais adicionais previstos na legislação trabalhista, quando são devidos e o respectivo valor. Estudamos, também, que até 70% do salário do empregado pode ser pago em forma de utilidades. Vimos que, se a utilidade é fornecida PARA o trabalho, não tem natureza salarial; caso seja fornecida PELO trabalho, considera-se salário utilidade. Seção 3 – Formas e regras de proteção do salário Finalmente, na terceira seção nós aprendemos que o salário, dada a sua natureza alimentar, precisa de especial proteção, não só contra a desvalorização da moeda, mas também contra abusos do empregador, credores do empregador e do empregado. Além disso, vimos também algumas regras quanto aos descontos que podem ser efetuados e aspectos relacionados à justiça da estipulação e equiparação dos salários. SUGESTÃO DE LEITURAS E SITES: LEITURAS: MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Editora Atlas. Pág. 211 a 304. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO – artigos 457 a 467. SITES: Tribunal Superior do Trabalho – www.tst.jus.br Ministério do Trabalho e Emprego – www.trabalho.gov.br 26 Atividade da Aula 7 Meus amigos, as atividades referentes a esta aula estão disponibilizadas na ferramenta “Sala Virtual – Atividades”. Após responder, envie por meio do Portfólio – ferramenta do ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Finalmente.... Se ao final desta aula surgirem dúvidas, você poderá saná-las através das ferramentas “fórum” ou “quadro de avisos” e “chat”. Ou ainda poderá enviá-las para o e-mail jkrewer@unigran.br.
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