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Inflamação · A patologia estuda as alterações morfológicas e fisiológicas dos estados de saúde · Doença: alteração de forma e de função não compensada de uma célula, órgão, sistema, indivíduo, população ou sociedade. · Inflamação: 1. Aumento de volume no tecido; mais avermelhado devido ao aumento de vascularização no local; ardência ou coceira; 2. Causadores de infecção: agentes infecciosos, neoplasias (cânceres), doenças autoimunes, etc. 3. Sempre presente nos locais onde houve uma agressão tecidual. Uma agressão é causada por reações teciduais que buscam destruir o agente agressor. No processo inflamatório se tem reação de defesa local para destruir o agressor. Em seguida, quando resolva-se a inflamação se tem um processo de reparação (reconstituição da normalidade tecidual). 4. O fundamento da inflamação é remover o agente agressor. O uso de anti-inflamatório busca-se diminuir a resposta inflamatória exagerada e caso seu uso for indevido pode atrapalhar no processo de defesa do organismo. 5. A inflamação ocorre sempre no tecido conjuntivo vascularizado e envolve: plasma, cels circulantes (principalmente os glóbulos brancos), vasos sanguíneos e constituintes celulares/extracelulares do tecido conjuntivo. A inflamação requer vascularização dilatando os vasos para aumentar a presença desses constituintes. 6. Na entrada de patógenos são liberados sinais químicos (atrativos das cels de defesa - quimiocinas) pelas cels lesadas para estimular a resposta inflamatória. Ocorre uma dilatação dos vasos próximos assim como o aumento da sua permeabilidade que permite a exocitose de cels de defesa e a saída de plasma do vaso causando o edema (inchaço e vermelhidão). Por fim, essas cels de defesa que saíram dos vasos eliminam o agente agressor. 7. Momentos da inflamação: I. Irritativa: contato inicial com o agente agressor; II. Vascular: primeira resposta vascular com vasodilatação e diminuição da velocidade de circulação; III. Exsudativa: saída do plasma e das cels de defesa para o local requerido (aumento da permeabilidade); IV. Fase degenerativa/necrótica: morte do agente agressor e das cels envolvidas; V. Fase produtiva/reparativa: eliminação do agente agressor e tecido necrótico (principalmente macrófagos). E a parte reparativa é a regeneração tecidual (tecido idêntico ao original) ou cicatrização (tecido não idêntico ao original). · Sinais cardinais da inflamação: tumor (aumento de volume tecidual), calor (aumento de temperatura local – cels de defesa trabalham melhor em temperatura maior), rubor (vermelhidão devido vasodilatação), dor (prostaglandinas, bradicinina e mediadores químicos) e a perda de função do tecido · Fenômenos irritativos: modificação dos tecidos agredidos (rompimento de cels) que promovem a liberação de mediadores químicos (prostaglandinas, etc) iniciando um processo inflamatório por meio de vias inflamatórias. Isso leva a uma atração das cels de defesas. · Mediadores químicos: 1. Liberados dos grânulos das cels: histamina, serotonina e enzimas de lisossomos – mastócitos, basófilos, plaquetas, etc. 2. Sintetizados nas cels no momento da inflamação: prostaglandinas, citocinas, leucotrienos, óxido nítrico, entre outros – migração de leucócitos 3. No fígado: sistema das cininas, proteínas fibrinolíticas e ativação do sistema complemento · Mediadores químicos de ação rápida: 1. São liberados imediatamente após a ação do agente agressor atuando principalmente durante a fase irritativa e nos vasos sanguíneos provocando vasodilatação vascular (aumenta a disponibilidade das cels de defesa na região). Envolve o grupo das aminas vasoativas. 2. Aminas vasoativas: se originam nos tecidos agredidos atuando sobre a parede vascular (vasodilatação). Não promovem movimento de leucócitos. Compreende histamina (liberada por mastócitos) e serotonina. 3. Histamina: liberada por mastócitos, basófilos e plaquetas agredidos. Causa contração (aumenta a distância entre as cels) das cels endoteliais aumentando a permeabilidade vascular e provocando vasodilatação. Auxilia na formação do edema (exsudatos) devido a permeabilidade vascular. Não atua em células. 4. Serotonina: age/produzida nas plaquetas, mucosa intestinal e no SNC. Vasodilatadora e aumenta a permeabilidade vascular. É um neurotransmissor no SNC. OBS: as inflamações são produzidas por capilares (arteríolas e vênulas) · Mediadores de ação prolongada: 1. Liberados tardiamente mediante a persistência do agente flogístico 2. Atuam nos vasos sanguíneos (permeabilidade vascular) e nos mecanismos de quimiotaxia celular favorecendo a exsudação celular 3. Compreendem substancias plasmáticas e lipídeos ácidos 4. Substâncias plasmáticas: produzidas no fígado e estão no plasma. Divididas em 3 sistemas: sistema das cininas, sistema complemento e sistema de coagulação. I. Sistema das cininas: plasmina (ativam complemento e coagulação) e bradicinina (vasodilatação) · Plasmina – protease que digere fibrina, protrombina, globulina, etc. Aumenta a permeabilidade vascular, provoca o surgimento de fibrinopeptídios, libera cininas e atua sobre o complemento. · Bradicinina – vasodilatora de pequenas artérias e arteríolas, aumenta a permeabilidade vascular e atua em terminações nervosas provocando dor (alguns anti-inflamatórios atuam reduzindo bradicininas). II. Complemento: são vários fragmentos de proteínas. O sistema é ativado nas reações antígeno-anticorpo. Aumenta a permeabilidade vascular (ativa liberação de histamina ou tem ação direta sobre a parede vascular). Quimiotaxia para neutrófilos. Opsonização (atrai cels de defesa para o microrganismo) de bactérias. Rompe a membrana das bactérias. III. Sistema de coagulação: fibrinopeptídios 5. Lipídios ácidos (prostaglandinas): liberados nas fases mais tardias da inflamação provocando contração das cels endoteliais. Aumenta a vasodilatação e potencialização das respostas vasculares da bradicinina. Vias do ácido araquidônico e cicloxigenase (ação dos anti-inflamatórios na COX1 e 2 impedindo liberação de prostaglandinas diminuindo edema e eventos tardios da inflamação) para vasodilatação. · Fenômenos Vasculares: se tem uma rápida vasoconstrição seguida da vasodilatação. Se tem alterações hemodinâmicas da circulação (estase vascular – diminuição da velocidade e aumento do volume de sangue) e aumento de permeabilidade vascular no local da agressão (isquemia - inicial, hiperemia e edema). · Fenômenos exudativos: envolve exsudado celular e plasmático; emigração dos leucócitos da microcirculação (rolamento e quimiotaxia) e acumulo leucocitário no foco da lesão. Envolvem saída de cels e plasma. 1. Exsudato plasmático: I. Saída de plasma da luz do vaso II. Mecanismos: · Ação direta do agressor sobre a parede vascular (rompimento de vaso devido lesão, etc) · Ação de mediadores químicos que aumentam a permeabilidade (poros) formando o edema III. Hipóteses para os poros endoteliais: de toda forma a célula endotelial se contrai · As cels se contraem e separam · As células somente se contraem mas suas junções são mantidas havendo aumento do espaço entre elas 2. Exsudato celular: I. Passagem de cels pela parede vascular em direção ao interstício mais precisamente ao local atuante do agente inflamatório II. Ocorre devido ao: · Aumento da permeabilidade vascular · Liberação de mediadores químicos com ação de quimiotaxia · Diminuição da velocidade sanguínea (mais volume e mais devagar) · Marginalização celular (célula próxima a parede do vaso) e leucodiapedese (saída do vaso) · Fenômenos celulares: 1. Pavimentação: ocorre a estase sanguínea que promove a marginalização dos leucócitos que se posicionam adjacentes as cels endoteliais 2. Migração: os leucócitos migram pelas fendas entre cels endoteliais (leucodiapedese) estimulados por quimiotaxia Inflamação aguda · Processo de início rápido e o final se dá rapidamente também · Rápida reparação · Mediada principalmente pela imunidade inata e suas células OBS: neutrófilo – infecção aguda; linfócitos – infecção crônica· Neutrófilos: diapedese e rápida velocidade de migração. 1. Ação fagocítica e, se mortos, podem provocar necrose tecidual devido a liberação de enzimas lisossômicas para o interstício. 2. Possui núcleo lobado e grânulos 3. Presentes em todas as inflamações, porém, é bastante presente naquelas causadas por bactérias. · Eosinófilos: inflamações relativas a fenômenos alérgicos, processos neoplásicos e infecções parasitárias. Realiza fagocitose com menor proporção em relação aos neutrófilos. Possui grânulos com substancias importantes. Inflamação crônica · Células da imunidade adquirida (linfócitos) · Basófilos e mastócitos: granulócitos que aumentam de número em processos crônicos. Os basófilos contem grânulos de heparina e histamina; os mastócitos possuem grânulos de histamina. · Macrófagos: originados dos monócitos (circulação). Cels fagocíticas ativas e apresentadoras de antígenos (atração de linfócitos). Bastante encontrado nas inflamações crônicas e granulomas. · Linfócitos e plasmócitos: cels produtoras de anticorpos (plasmócitos) ou efetoras da resposta imune específica (linfócitos). Mais observados nas inflamações crônicas e granulomatosas. São cels da imunidade adquirida. · Eventos do processo inflamatório (agudas e crônicas): 1. Agressão (liberação de mediadores químicos) 2. Vasodilatação 3. Aumento da permeabilidade vascular 4. Exsudação plasmática (formação de edema) e quimiotaxia 5. Aumento da viscosidade sanguínea 6. Diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo 7. Marginalização leucocitária 8. Pavimentação leucocitária 9. Leucodiapedese 10. Chegada celular Classificação das inflamações · Fatores que alteram a inflamação: 1. Relacionados ao agente agressor I. Tipo de agente agressor (químico, físico e biológico) II. Características do agente agressor III. Intensidade do agente agressor IV. Tempo de exposição V. Capacidade de invasão OBS: virulência (invasão) e patogenicidade (reação tecidual do hospedeiro alta ou baixa) 2. Relacionados ao hospedeiro I. Idade II. Estado fisiológico III. Estado nutricional IV. Estado hormonal 3. Relacionados ao local agredido: I. Tipo de tecido II. Suprimento sanguíneo (tecidos mais vascularizados inflamam mais já os menos vascularizado a inflamação é mais tardia) · Quanto ao tempo 1. Aguda: resposta inflamatória imediata, porém, inespecífica (imunidade inata). Presença de infiltrado. 2. Crônica: aumento dos graus de celularidade (linfócitos e plasmócitos) e outros elementos teciduais mediante a permanência do agente agressor I. Inespecífica – Presença de linfócitos, plasmócitos e macrófagos em quantidades variadas. Não se tem célula especifica para agir na inflamação. II. Hiperplásica – grande quantidade de fibras colágenas e de células. Pode haver tumor ou aumento do volume local. III. Exsudativa – presença de pus (osteomielite, fístulas, infecções fúngicas, etc) IV. Granulomatosa - formação de granulomas (pequenos grânulos). Granuloma = hiperplasia focal, avascular, do sistema mononuclear macrofágico, como resposta aos agentes agressores de baixa virulência e alta patogenicidade. · Inflamação granulomatosa: 1. Formadas por macrófagos ou fusão dos mesmos (cels gigantes multinucleadas) 2. Sem a presença de vasos no centro inflamatório em sí, exceto na periferia 3. Presença de linfócitos 4. Agentes de baixa virulência (pouca agressão tecidual) e alta patogenicidade (intensa resposta tecidual) 5. Exemplos – tuberculose, hanseníase, leishmaniose, etc. 6. Cura: mediante remoção do agente agressor evoluindo para cicatrização · Quanto ao tipo tecidual predominante a inflamação pode ser classificada em: 1. Serosa – exsudato de líquido amarelo-citrino (bolha de queimadura) 2. Fibrinosa – exsudato fibrinoso que origina placas esbranquiçadas sobre as mucosas e serosas (casca do machucado) 3. Hemorrágica – componente hemorrágico no tecido inflamado 4. Necrotizante/ulcerativa – irreversibilidade das lesões nos tecidos. Exsudatos serosos, fibrinosos ou purulentos. 5. Purulenta – pus, liquido constituído por soro e cels mortas (neutrófilos e macrófagos). Formas: I. Pústula – epiderme II. Furúnculo – derme III. Abscesso e celulite – resultam da drenagem de pus · Características da inflamação: 1. Aguda: I. Infiltrado de polimorfonucleares (neutrófilo, basófilo e eosinófilo) II. Fenômenos vasculo-exudativos III. Eventos destrutivos 2. Crônica: I. Infiltrado de mononucleares II. Fenômenos celulares III. Equilíbrio entre fenômenos destrutivos e produtivos
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