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Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria -— Afe�ções ����na���� —- > Cálculo da IG Os recém-nascidos devem ser classificados pela IG (o cálculo da idade gestacional é baseado na data da última menstruação, conhecida como DUM. Neste caso, é muito simples. Verifica-se a quantidade de dias que se passaram da DUM até o dia do cálculo e divide-se por 7). Existem diferentes métodos para avaliar a idade gestacional dos recém-nascidos, utilizando-se sinais físicos e neurológicos. ● Pré-termo, quando o recém-nascido se posiciona na curva entre 22 a 36 semanas de gestação, ou seja, menos de 37 semanas de gestação, independente do peso ao nascer. ● Termo, quando o recém-nascido posiciona-se entre 37 e menos de 42 semanas de gestação, independente do peso ao nascer. O escore de Ballard pode ser usado para o cálculo da IG: Método de Capurro: Estima a idade gestacional do recém-nascido por meio da investigação de parâmetros somáticos e neurológicos. É aplicável para recém-nascidos de 29 semanas ou mais. O Método de Capurro Somático utiliza 5 características somáticas, enquanto que o Capurro Somático e Neurológico utiliza 4 parâmetros somáticos e 2 neurológicos. Cada uma das características têm várias opções e cada opção, uma pontuação que foi determinada através de diferentes estudos. Será, ao final, a soma desses pontos o que vai determinar a idade gestacional. As características utilizadas desse método são: ● Forma da orelha; observar (sem tocar) a encurvação do pavilhão da orelha 1 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria ● Tamanho da glândula mamária; avaliar se o que se mede é ou não tecido mamário ● Formação do mamilo ● Textura da pele; e veja se no dorso das mãos e pés existem zonas de descamação ou rachaduras ● Pregas plantares; Observe a planta de ambos os pés e logo hiperestenda ambas de maneira que se mantenha tensa a pele da planta (analisar os sulcos e pregas) Cálculo: Somam-se os pontos das 5 características. Ao resultado acrescenta-se a constante 204 para Capurro Somático. O resultado divide-se por 7, que é o número de dias transformados em semanas > Peso ● Peso normal ao nascimento (PNN). De 2.500 a 4.000 g ● Baixo peso ao nascimento (BPN). Menos de 2.500 g Os recém-nascidos com baixo peso podem ainda ser subclassificados em: ● Muito baixo peso ao nascimento (MBPN). Menos de 1.500 g ● Extremo baixo peso ao nascimento (EBPN). Menos de 1.000 g. Quando se relaciona a idade gestacional com o peso ao nascer, podem‐se classificar os pré‐termo em adequados para a idade gestacional (AIG), quando o peso se encontra entre os percentis 10 e 90 das curvas de crescimento intrauterino; pequenos para a idade gestacional (PIG), quando o peso está abaixo do percentil 10 para a referida idade gestacional, e grandes para a idade gestacional (GIG) quando o peso está acima do percentil 90 para a idade gestacional em questão. > Curva de crescimento fetal 2 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Para RN prematuro: Todos os recém-nascidos devem ser classificados imediatamente após o nascimento segundo seu PESO E IDADE GESTACIONAL. > Avaliação do risco Em TODOS os casos, imediatamente após o nascimento, perguntar à mãe os antecedentes da gravidez, trabalho de parto e parto, classificando o RISCO AO NASCER. O exame inicial do recém-nascido deve ser realizado o mais cedo possível após o parto. Temperatura, pulso, padrão respiratório, cor, sinais de estresse respiratório, tônus, atividade e nível de consciência de recém-nascidos devem ser monitorados frequentemente até a estabilização. Para partos de alto risco, o exame inicial deve ser realizado na sala de parto e focar em anomalias congênitas, maturidade e crescimento e problemas fisiopatológicos que possam interferir na adaptação normal cardiopulmonar e metabólica à vida extrauterina. Pulso (valores médios entre 120 a 160 batimentos/min), frequência respiratória (valores médios entre 30 a 60 inspirações/min), temperatura, peso, comprimento, circunferência cefálica e 3 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria dimensões de qualquer anormalidade estrutural visível ou palpável devem ser obtidos. > Escore de Apgar Um dos métodos mais utilizados para a avaliação imediata do recém-nascido (RN). Os sinais avaliados são: coloração da pele, pulso, irritabilidade reflexa, esforço respiratório, tônus muscular. O somatório da pontuação (no mínimo 0 e no máximo 10) resultará no Escore de Apgar. > Maturidade Pulmão: É importante analisar a composição e quantidade do surfactante (lecitina - aumentar no último trim. e esfingomielina - constante). Aproximadamente 85% de todos os neonatos a termo e a maioria dos prematuros apresentam icterícia clínica. ! O nível sérico de bilirrubina normal no adulto é < 1 mg/dℓ. Os adultos tornam-se ictéricos quando o nível sérico de bilirrubina é > 2 mg/dℓ, e os recém-nascidos, quando este nível é > 7 mg/dℓ. O recém-nascido normal produz 6 a 10 mg de bilirrubina/kg/dia, em oposição à produção de 3 a 4 mg/kg/dia no adulto. O nível sérico de BNC da maioria dos recém-nascidos eleva-se para > 2 mg/dℓ na primeira semana de vida. Esse nível costuma subir em neonatos a termo até um pico de 6 a 8 mg/dℓ aos 3 a 5 dias de vida e, então, cai. A elevação até 12 mg/dℓ está dentro da faixa fisiológica. Em neonatos prematuros, o pico pode ser de 10 a 12 mg/dℓ no quinto dia de vida, possivelmente subindo até > 15 mg/dℓ sem anormalidades específicas do metabolismo da bilirrubina. Níveis < 2 mg/dℓ podem não ser encontrados até 1 mês de idade em neonatos a termo e prematuros. Essa “icterícia normal” é atribuída aos seguintes mecanismos: ● Maior volume de eritrócitos por quilograma e menor sobrevida dos eritrócitos (90 versus 120 dias) em recém-nascidos em comparação com adultos. ● Aumento da eritropoiese não efetiva e da renovação das outras 4 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria proteínas contendo heme que não a hemoglobina. ● Defeito na captação da bilirrubina plasmática ● Defeito na conjugação ● Redução da excreção hepática de bilirrubina. A icterícia não fisiológica às vezes não é facilmente distinguível da icterícia fisiológica. As seguintes situações sugerem hiperbilirrubinemia não fisiológica e exigem avaliação: ● Início da icterícia antes de 24 horas de vida. ● Elevação dos níveis séricos de bilirrubina > 0,2 mg/dℓ/h. ● Sinais de doença subjacente em qualquer recém-nascido (vômitos, letargia, recusa alimentar, perda ponderal excessiva, apnéia, taquipnéia ou instabilidade da temperatura). ● Icterícia persistindo após 8 dias em neonato a termo ou após 14 dias em neonato prematuro. Zona de Kramer: É classificada de acordo com cinco zonas de Kramer (zonas dérmicas), a saber: presença de icterícia na cabeça e pescoço (zona 1), da cabeça até a cicatriz umbilical (zona 2), até os joelhos e cotovelos (zona 3), nos braços, antebraços e pernas (zona 4) e nas mãos e pés (zona 5). Quanto maior o número de áreas atingidas, maiores os níveis séricos de bilirrubina. A amamentação pode causar icterícia de duas maneiras, que são denominadas: ● Icterícia associada à amamentação (mais comum) ● Icterícia do leite materno A icterícia associada à amamentação se desenvolve nos primeiros dias de vida e normalmente se resolve na primeira semana. Ela ocorre em recém-nascidos 5 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria que não consomem leite materno suficiente, por exemplo, quando o leite materno ainda não está sendoproduzido em quantidade suficiente. Esses recém-nascidos têm menos evacuações e, assim, eliminam menos bilirrubina. À medida que os recém-nascidos continuam a amamentar e a consumir mais leite, a icterícia desaparece por conta própria. A icterícia do leite materno é diferente da icterícia associada à amamentação, pois ela tende a ocorrer mais para o final da primeira semana de vida e pode se resolver até a segunda semana de vida ou persistir por vários meses. A icterícia do leite materno é causada por substâncias no leite materno que interferem com o processo que o fígado segue para eliminar a bilirrubina do organismo. > Tratamento Fototerapia: A fototerapia é, sem dúvida, a modalidade terapêutica mais utilizada mundialmente para o tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal. O sucesso da fototerapia depende da transformação fotoquímica da bilirrubina nas áreas expostas à luz. Essas reações alteram a estrutura da molécula de bilirrubina e permitem que os fotoprodutos sejam eliminados pelos rins ou pelo fígado sem sofrerem modificações metabólicas. Eficácia da fototerapia depende de uma série de fatores, como a concentração inicial da bilirrubina antes do tratamento, a superfície corporal exposta à luz, a dose e a irradiância emitida e o tipo de luz utilizada. Quanto mais alto é o nível sérico inicial de bilirrubina, maior e mais rápida é a queda. Quanto maior a área irradiada, maior a eficácia da fototerapia. A energia luminosa que atinge o RN varia inversamente com a distância entre a fonte luminosa e o paciente. Diversos estudos demonstraram que lâmpadas de luz azul produzem queda mais rápida e acentuada dos níveis séricos de bilirrubina do que a obtida com luz fluorescente branca. Exsanguineotransfusão: Esse tratamento é utilizado quando a concentração de bilirrubina não conjugada é muito elevada e a fototerapia apenas não é suficientemente eficaz. Uma transfusão consegue remover bilirrubina rapidamente da corrente sanguínea. Uma pequena quantidade do sangue do recém-nascido é gradualmente removida (uma seringa por vez) e substituída (ou trocada) por um volume igual de sangue doado. Exsanguineotransfusão também pode remover anticorpos contra os glóbulos vermelhos se a hiperbilirrubinemia for causada por uma incompatibilidade de tipo sanguíneo entre a mãe e o bebê. 6 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria A necessidade de realizar exsanguineotransfusão tem diminuído depois que a fototerapia passou a ser tão eficaz e também porque os médicos se tornaram mais aptos a prevenir problemas gerados por tipos de sangue incompatíveis. > Diagnóstico laboratorial das doenças do grupo TORCHS O acrónimo T.O.R.C.H. foi usado pela primeira vez em 1971 e surgiu da fusão de Toxoplasmose – Outras doenças – Rubéola – Citomegalovírus – Herpes. Indica uma série de infecções que podem afetar o decurso da gravidez e provocar malformações fetais, caso a mãe as contraia pela primeira vez durante a gravidez. O teste TORCH é usado para rastreamento de gestantes e recém-nascidos quando se pesquisa a presença de anticorpos para as doenças infecciosas incluídas no painel, caso a mãe ou o bebê apresentem sintomas. Detecção e diferenciação qualitativa de anticorpos IgG e IgM contra Toxoplasma gondii (T. gondii), vírus da rubéola, Citomegalovírus (CMV), Herpes Vírus Simplex 1 (HSV-1), e Herpes Vírus Simplex 2 (HSV-2). O Ministério da Saúde do Brasil recomenda que sejam realizados os exames sorológicos de triagem para as seguintes doenças: sífilis, hepatite B, HIV e toxoplasmose, além da sorologia para rubéola quando houver sintomas sugestivos. O manual técnico de 2006 orienta a realização do Venereal Disease Research Laboratory Test – VDRL (primeira consulta e próximo da 30ª semana), anti-HIV (primeira consulta e, sempre que possível, repetir próximo da 30ª semana), HBsAg, se disponível (preferencialmente próximo da 30ª semana), e pesquisa de IgM para toxoplasmose, se disponível (na primeira consulta, sem recomendação de repetição). > Toxoplasmose O Toxoplasma gondii, agente etiológico da toxoplasmose, é um protozoário intracelular obrigatório que apresenta ciclo evolutivo com três formas principais. 1. os oocistos (que liberam os esporozoítos como forma infectante); 2. os cistos teciduais (que contém e libera os bradizoítos); 3. os taquizoítos. Os oocistos são formados no intestino dos membros da família Felidae, que eliminam estes nas suas fezes num período de 7 a 20 dias. Esses oocistos se tornam infectivos por sua esporulação em 1 a 21 dias após serem liberados no ambiente dependendo das condições de temperatura e oxigênio. 7 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria As principais vias de transmissão são: “oral” e “congênita”. Em casos raros pode haver transmissão por inalação de aerossóis contaminados, pela inoculação acidental, transfusão sanguínea e transplante de órgãos. Fatores de risco: Fatores de risco para a aquisição da doença nas mães dessas crianças estavam relacionadas na maioria dos casos com a presença de gatos nas residências (44,2%), seguidos pela ingestão de carnes cruas e/ou mal cozidas (14%), e com o contato com areia e solo (9,3%). Varia com base na ID (tanto a transmissibilidade quanto a maneira e intensidade com a qual o feto é afetado). Epidemiologia: No Brasil, o T. gondii é o agente etiológico mais frequente nas uveítes de localização posterior. A toxoplasmose ocular pode ter origem congênita ou adquirida. Alguns autores relataram ser a toxoplasmose ocular adquirida bastante comum no sul do Brasil. O risco de infecção toxoplásmica é maior entre a população rural, devido aos seus hábitos e ao contato frequente com as fontes de infeção, por exemplo, animais domésticos. Os felinos domésticos são considerados a chave da transmissão do T. gondii, pois atuam como reservatórios para os seres humanos e outros animais. Os gatos e os felídeos silvestres são os únicos animais que eliminam os oocistos pelas fezes. Uma vez no meio ambiente, os oocistos necessitam de 1 a 5 dias para se tornarem infectantes. A Toxoplasmose possui ampla distribuição mundial, porém sua incidência é maior em áreas tropicais e diminui com o aumento da latitude. No âmbito mundial, a prevalência da Toxoplasmose costuma estar compreendida entre 20% e 50% ou mais. ! A prevalência se refere ao número de casos existentes de uma doença em um dado momento; é uma “fotografia” sobre a sua ocorrência, sendo assim uma medida estática. No Brasil, a prevalência da doença situa-se entre 50% e 80%. Manifestação clínica: No adulto a maioria dos casos de toxoplasmose é assintomática ou apresenta sintomas bastante inespecíficos, como cansaço, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta, dor muscular e sintomas sugestivos: linfadenopatia retroauricular e cervical (ínguas na região do pescoço e orelhas), febre persistente. As manifestações nos bebês, quando presentes, são prematuridade, retardo de crescimento intrauterino, icterícia, hepatoesplenomegalia, miocardite, pneumonite, exantema, coriorretinite, 8 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria hidrocefalia, calcificações intracranianas, microcefalia e convulsões. Entre as sequelas também estão os problemas oculares, como microftalmia, estrabismo e destruição da retina, levando inclusive a cegueira. Fisiopatologia: A contaminação com o parasita ocorre quando a gestante ingere cistos presentes em carnes de animais crua ou mal-passada, bem como pela ingestão de oocistos em mão, água ou alimentos contaminados por fezes de gatos infectados pelo Toxoplasma gondii. Uma vez a gestante infectada, parte da replicação do toxoplasma ocorre na placenta, situação que facilita a infecção do concepto. Quando a parasitemia atinge o feto, infecta praticamente todos os sistemas orgânicos,exceto hemácias. Acrescenta-se a isso, que os locais mais atingidos são: as Túnicas oculares e o Sistema Nervoso Central. Exames: ● aglutinação ● IGg e IGm > Rubéola A rubéola é uma doença aguda, de alta contagiosidade, que é transmitida pelo vírus do gênero Rubivirus, da família Togaviridae. A doença também é conhecida como “Sarampo Alemão”. Fatores de risco: Não tomar a vacina contra a doença (principalmente no caso de gestantes ou mulheres que pretendem engravidar) e estar em contato com pessoas contaminadas ou com os pertences dela são fatores de risco, os quais aumentam as chances de contrair a doença. Epidemiologia: No Brasil, a rubéola foi incluída na lista de doenças de notificação compulsória somente na segunda metade da década de 1990. Em 1997, ano em que o país enfrentou a última epidemia de sarampo, foram notificados cerca de 30.000 casos de rubéola, sendo que, no período de 1999 a 2001, ocorreram surtos em vários estados do país. Salienta-se que, na Campanha de Vacinação contra a Rubéola realizada em 2008, foram vacinados cerca de 67,9 milhões de homens e mulheres, com idades entre 20 a 39 anos, incluindo as pessoas de 12 a 19 anos dos estados do RJ, MG, RN, MT e MA, conforme mencionado anteriormente. Este quantitativo representa 96,7% do público alvo da vacinação. O Brasil no dia 23 de abril de 2015 recebeu do Comitê Internacional de Experts o documento de verificação da eliminação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita. No entanto, em âmbito mundial, ainda estima-se que o número de crianças que 9 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria nascem acometidas pela síndrome da rubéola congênita seja de aproximadamente 100 mil por ano. Manifestações clínicas: Seus primeiros sinais característicos: febre baixa, surgimento de gânglios linfáticos e de manchas rosadas, que se espalham primeiro pelo rosto e depois pelo resto do corpo. Dor de cabeça, coriza, nariz entupido, dor ao engolir, olhos avermelhados e inflamados. O vírus possui a capacidade de causar infecção transpondo a barreira placentária, podendo gerar a síndrome da rubéola congênita (SRC), e, dessa forma, provocar os casos de malformações anatômicas, neurológicas e até mesmo óbito do feto. Entre as malformações há a surdez, malformações cardíacas, lesões oculares e outras. Fisiopatologia: O vírus da rubéola, por meio das glicoproteínas presentes no seu envelope, consegue se ligar às células do epitélio respiratório do hospedeiro, liberando em pouco tempo seu capsídeo no citoplasma para o início da tradução do seu material genético, replicação viral e posterior viremia, momento no qual pode ocorrer, a depender da idade gesta cional, a transmissão do vírus para o feto. Quando a infecção ocorre no primeiro trimestre da gestação, causa ao feto vasculite (inflação que deforma os vasos) generalizada, o que provoca uma morbidade significativa. A forma pós-natal, normalmente, se desenvolve de forma benigna, enquanto que a forma congênita e crônica é mais severa. A SRC é capaz de acometer de formas diferentes qualquer estrutura do organismo, sendo os órgãos mais comprometidos o coração, olhos e aparelho auditivo. Em geral, a causa mais comum de manifestação da doença é a surdez, ocorrendo na maior parte dos casos. > Citomegalovírus O citomegalovírus (CMV), também conhecido como HHV-5, é um herpesvírus humano (HHV) e pertencente à família Herpesviridae. Uma característica peculiar desse vírus é a sua capacidade de latência. Assim, após uma infecção primária, geralmente assintomática, o vírus não é eliminado do organismo e, como os outros herpes vírus, permanece ali de forma latente, e sua viremia se mantém em níveis reduzidos. Em diferentes circunstâncias, ele pode ser reativado como, por exemplo, em casos de gestação, uso de drogas imunossupressoras, AIDS ou qualquer outro fator que altere o sistema imunitário. O único reservatório para a transmissão dos CMV em humanos é o próprio homem. Para haver contaminação é necessário o contato íntimo já que 10 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria secreções biológicas como sêmen, secreções vaginais, saliva e urina atuam como vetores. Além disso, pode haver contaminação horizontal por transfusão de órgãos e sangue. Uma última forma de contaminação ocorre por transmissão vertical durante a gestação (via transplacentária), no momento do parto ou no período pós-natal (via leite materno). Fatores de risco: A infecção pelo CMV pode ser adquirida através de contaminação com diversos líquidos biológicos, tais como: saliva, sêmen, secreção vaginal, urina, leite materno, também por via transplacentária, por transfusão sanguínea ou transplante de órgão. Alguns trabalhos observaram que ambientes fechados, com muitas crianças, a exemplo das creches, são locais que facilitam a transmissão do vírus. Nestes casos, a transmissão ocorre principalmente através do contato com urina ou saliva de crianças infectadas. A relação sexual sem preservativo também tem se mostrado uma importante forma de transmissão entre adolescentes e adultos jovens. A transmissão vertical do CMV pode ocorrer por meio de infecção congênita ou perinatal. Dois importantes fatores de risco para a infecção por CMV são as transfusões sanguíneas e os transplantes de órgãos. Nesse contexto, os pacientes sob maior risco são os receptores que são CMV-soronegativos e que recebem órgãos de doadores CMV-soropositivos. Epidemiologia: As infecções por CMV são muito frequentes, porém observa-se que a doença clínica é rara em crianças e adultos imunocompetentes. Entre 30% e 90% dos adultos imunocompetentes apresentam anticorpos IgG-CMV presentes no organismo, sendo descritos como soropositivos para CMV. Estudos de soroprevalência de anticorpos anti-CMV na população mundial demonstraram que o CMV ocorre em todas as regiões do mundo, sendo inversamente proporcional ao status socioeconômico do local. Isso permite que dentro de uma mesma região haja grandes variações de prevalência. A explicação para essa variação de acordo com as áreas pode ser dada pelo fato de a transmissão viral depender, em grande parte, da higiene, moradia e hábitos da população, já que, como já foi dito, o CMV é encontrado em praticamente todos os líquidos corporais. 11 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Prevalente principalmente em populações dos continentes sul-americano e africano. Estudos realizados em doadores de sangue (DS) apontaram soro prevalências para CMV de 87,9% no Brasil. Manifestação clínica: A infecção por CMV causa diferentes consequências a depender das características do indivíduo infectado. Em pacientes imunocompetentes, a infecção primária, na grande maioria das vezes, é assintomática. Alguns sinais clínicos observados em associação com esta síndrome incluem: febre, tosse, epigastralgia, cefaléia, indisposição e, mais raramente, esplenomegalia, adenopatia, exantema inespecífico, anemia e desordens gastrintestinais e nervosas. A infecção por CMV pode causar doença grave com morbidade e mortalidade significativas em indivíduos imunocomprometidos e soronegativos para CMV, tais como os recém-nascidos de baixo peso, alguns pacientes oncológicos, HIV positivos, pacientes com anemia falciforme, leucemia mielóide crônica e também em receptores de transplantes. A gravidade da infecção clínica correlaciona-se com a intensidade da imunossupressão celular e com o status sorológico para CMV do indivíduo infectado. Aproximadamente 10% das crianças com infecção congênita são sintomáticas ao nascimento. As manifestações clínicas mais comumente observadas após uma infecção congênita são: retardo mental, prematuridade, hepato-esplenomegalia, hepatite ictérica, pneumonite intersticial, microcefalia, calcificações intracranianas,coriorretinite e deficiência de acuidade visual e auditiva. Estudos apontam que a perda da acuidade auditiva acontece em 40-60% dos neonatos sintomáticos. Fisiopatologia: O único reservatório para a transmissão dos CMV em humanos é o próprio homem. Para haver contaminação é necessário o contato íntimo já que secreções biológicas como sêmen, secreções vaginais, saliva e urina atuam como vetores. Além disso, pode haver contaminação horizontal por transfusão de órgãos e sangue. Uma última forma de contaminação ocorre por transmissão vertical durante a gestação (via transplacentária), no momento do parto ou no período pós-natal (via leite materno). O período de incubação, após a infecção primária, é de 4 a 12 semanas. Assim como outros membros da família do Herpesvírus, o CMV estabelece infecção 12 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria latente após a resolução da infecção aguda. Uma característica peculiar desse vírus é a sua capacidade de latência. Assim, após uma infecção primária, geralmente assintomática, o vírus não é eliminado do organismo e, como os outros herpes vírus, permanece ali de forma latente, e sua viremia se mantém em níveis reduzidos. Em diferentes circunstâncias, ele pode ser reativado como, por exemplo, em casos de gestação, uso de drogas imunossupressoras, AIDS ou qualquer outro fator que altere o sistema imunitário. A doença sintomática secundária pode se manifestar mais tarde na vida do hospedeiro, por reativação do CMV latente ou reinfecção com uma nova cepa exógena. A reativação do CMV pode ocorrer a qualquer momento durante a vida do hospedeiro humano, embora o risco seja maior em situações de imunossupressão. O CMV é citopático, podendo produzir destruição tecidual em vários tecidos, como, por exemplo, trato gastrointestinal, pulmões e cérebro. Em um paciente imunocompetente, a maior parte do vírus é destruída por células T citotóxicas específicas para o CMV e a infecção permanece por um quadro oligossintomático. O citomegalovírus nunca abandona o organismo da pessoa infectada. Permanece em estado latente e qualquer baixa na imunidade do hospedeiro pode reativar a infecção. Exames laboratoriais: ● Pesquisa de anticorpos Anticorpos no sangue são pesquisados em busca de uma infecção recente ou antiga. São produzidos dois tipos de anticorpos contra o CMV: IgM e IgG. ● Detecção do vírus: O vírus é pesquisado no sangue, em líquidos corporais (incluindo sangue, urina e escarro) ou em amostras de tecidos por cultura ou por detecção do material genético (DNA viral). São usados métodos moleculares (reação em cadeia de polimerase - PCR) para detectar o DNA viral em diversos tipos de amostras. ! Algumas amostras precisam de procedimentos especiais de colheita, como líquido amniótico, líquido duodenal, líquido cefalorraquiano ou biópsia de tecidos. > Herpes Os herpesvírus humano (HHVs) representam vírus de DNA pertencentes à família Herpesviridae, capazes de infectar células humanas, provocando a disseminação de doenças. São divididos em oito subgrupos. 13 https://labtestsonline.org.br/glossary/antibody https://labtestsonline.org.br/glossary/igm https://labtestsonline.org.br/glossary/igg https://labtestsonline.org.br/glossary/culture https://labtestsonline.org.br/glossary/dna http://www.labtestsonline.org.br/glossary/amniotic/ http://www.labtestsonline.org.br/glossary/duodenum/ http://www.labtestsonline.org.br/glossary/cerebrospinal/ http://www.labtestsonline.org.br/glossary/cerebrospinal/ http://www.labtestsonline.org.br/glossary/biopsia/ Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria As lesões do HHV-1 prevalecem em regiões oral, facial e ocular, enquanto as do HHV-2, em regiões genitais. Fatores de risco: Muitos são os fatores de risco descritos na aquisição do HSV-2, entre eles estão: iniciação sexual precoce, história prévia de DST, como uretrite e sífilis, história prévia de abortos e número de abortos provocados e multiplicidade de parceiros sexual. Ainda, baixo nível socioeconômico, idade avançada, raça negra ou hispânica. Epidemiologia: O herpes genital é uma infecção comum e ascendente, tanto em países industrializados como naqueles em desenvolvimento. A grande maioria dos casos é causada pelo HSV-2, embora a prevalência do HSV-1 encontre-se em ascenção, principalmente na população jovem e devido à prática de sexo oral. Um estudo publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que reuniu artigos relacionados com prevalência e incidência do HSV-2, estimou o número total de indivíduos acometidos por herpes genital no mundo, no ano de 2003, apresentando uma prevalência de aproximadamente 536 milhões de casos, prevalecendo a infecção no sexo feminino. A menor prevalência ocorreu no Oeste Europeu, com prevalência de 18% entre mulheres e 13% nos homens, enquanto na África Subsaariana, maior prevalência mundial, houve aproximadamente 70% de casos de HSV nas mulheres e 55% entre os homens. Acredita-se que a maior prevalência no sexo feminino deve-se a diferenças anatômicas entre o sexo, favorecendo a infecção feminina, bem como a tendência a relação de jovens mulheres com homens mais velhos, cuja prevalência do herpes é maior. Manifestações clínicas: As manifestações dependem, principalmente, das características do vírus, da imunidade do hospedeiro e da predisposição genética do paciente. A primoinfecção herpética é, geralmente, assintomática ou manifesta-se por meio de sintomatologia inespecífica. Até 95% dos pacientes expostos primariamente ao HSV não apresentam sintomatologia suficiente para uma plena caracterização do quadro. Podemos dividir o tipo de manifestação clínica em primária e recorrente, está acontecendo por reativação viral. O quadro clássico de primoinfecção herpética é frequentemente precedido por febre, cefaléia, mialgias e adinamia. Aparecem precocemente durante o curso da doença e, geralmente, desaparecem antes da cura das lesões. Posteriormente, há formação de vesículas eritematosas, ulceração e reepitelização, durando todo o quadro cerca de 2 ou 3 semanas. 14 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Pode ocorrer disúria, sendo mais comum nas mulheres do que nos homens. O herpes neonatal é comumente causado pelo vírus HSV 2 (ou herpes simplex), que ocorre em 10 de cada 100 nascimentos no mundo. Os sintomas em neonatos são muito mais graves, assim como as consequências. Sem o diagnóstico e o tratamento adequados, a infecção pode atrasar o desenvolvimento e causar dano neurológico permanente ao sistema nervoso central (SNC). Normalmente, os sintomas surgem entre a primeira e a terceira semana de vida, mas podem aparecer após a quarta. O herpes instala-se nas membranas que revestem o cérebro gerando encefalite. Os neonatos que apresentam a condição possuem líquido cerebrospinal com pleocitose (aumento do número de leucócitos) e concentração elevada de proteínas. Em alguns casos há a presença de bolhas na pele, boca e nos olhos. A infecção neonatal também pode se manifestar apenas por meio das erupções, sem nenhum outro sintoma. A morte é rara entre os bebês com doença localizada limitada a bolhas. Sem tratamento, a herpes evolui para a forma disseminada e pode afetar o SNC. O paciente apresenta hepatite, pneumonite e/ou coagulação intravascular disseminada, com ou sem encefalite ou doença de pele. Em ambos os casos ainda podem surgir sintomas isolados ou associados, como instabilidade térmica, letargia, hipotonia, disfunções respiratórias, apneia e convulsões. Fisiopatologia: A infecção por HSV inicia-se com a fase aguda, onde há intensa replicação viral no local de contato. O vírus, então, se liga a células epiteliais e entra nesta célula. A partir disso, penetra na terminação nervosa sensorial e é transportado para osgânglios sensoriais por meio de transporte retrógrado. Como consequência disso, o HSV estabelece infecção latente ao longo da vida nos gânglios do trigêmeo ou sacral, dependendo de onde foi a infecção, e por isso pode ser frequentemente reativado na mucosa e na pele. A reativação ocorre através do transporte axonal anterógrado viral para as células epiteliais. Ao atingir o destino, o vírus se replica e pode ser transmitido de forma assintomática ou manifestar suas ulcerações clássicas. A reativação frequente em imunocomprometidos é explicada pela necessidade viral de uma imunidade celular intacta para que o microrganismo seja contido. 15 http://www.secad.com.br/blog/medicina/medicina-neonatal-tecnicas-e-conhecimentos-fundamentais-para-mitigar-mortalidade-de-recem-nascidos/ http://www.secad.com.br/blog/medicina/medicina-neonatal-tecnicas-e-conhecimentos-fundamentais-para-mitigar-mortalidade-de-recem-nascidos/ Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Ademais, ainda que haja resposta imune competente, o HSV possui mecanismos de evasão imune, o que não permite sua erradicação do corpo. > Sífilis A sífilis é uma doença infecto-contagiosa, transmitida pela via sexual e verticalmente durante a gestação. Caracteriza-se por períodos de atividade e latência; pelo acometimento sistêmico disseminado e pela evolução para complicações graves em parte dos pacientes que não trataram ou que foram tratados inadequadamente. É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. Fatores de risco: Os fatores de risco para a sífilis são comuns às infeções de transmissão sexual: Início precoce da atividade sexual, Utilização não adequada dos métodos de barreira, Ter múltiplos parceiros sexuais, Pessoas que têm relações sexuais a troco de dinheiro ou drogas, Pessoas ligadas à prostituição (masculino e feminino), Pessoas com perturbação mental ou cognitiva, que interfira na capacidade de discernimento. A infecção pode ser adquirida através de contato sexual, transfusão de sangue, transplante de órgão, ou por transmissão congênita. Epidemiologia: Os dados da prevalência nos trópicos mostram que a sífilis, conforme a região, é a segunda ou terceira causa de úlcera genital (outras são o cancro mole e herpes genital). Nos Estados Unidos, em 2004 houve aumento de 11,2% dos casos de sífilis primária, que passaram de 7.177 em 2003 para 7.980. Em relação à sífilis congênita, os dados obtidos em programas de pré-natal e maternidades mostraram soro prevalências elevadas, principalmente em países africanos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que em 2016, houve cerca de 20 milhões de casos de sífilis em adolescentes e adultos, entre 15 e 49 anos, sendo 6,3 milhões de casos novos. Segundo a OMS, a situação da sífilis no Brasil não é diferente da de outros países. No novo boletim epidemiológico, pode-se observar que a sífilis adquirida, agravo de notificação compulsória desde 2010, teve sua taxa de detecção aumentada de 59,1 casos por 100.000 habitantes, em 2017, para 75,8 casos por 100.000 habitantes, em 2018. 16 http://www.metis.med.up.pt/index.php/Alternativas_N%C3%A3o_Hormonais_%C3%A0_P%C3%ADlula http://www.metis.med.up.pt/index.php/Alternativas_N%C3%A3o_Hormonais_%C3%A0_P%C3%ADlula Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Entretanto, apesar do aumento de casos notificados, nenhuma Unidade da Federação (UF) apresentou taxa de incidência de sífilis congênita mais elevada que a taxa de detecção de sífilis em gestantes, o que pode refletir a melhora da notificação dos casos de sífilis em gestantes no país. Manifestação clínica: Pacientes com sífilis podem apresentar inúmeros sintomas ou podem testar positivo no teste sorológico sem presença de sintomas (sífilis latente). A sífilis precoce compreende a sífilis primária e secundária, que ocorre, geralmente, semanas a meses após a infecção inicial. Quando não tratada, essa infecção pode progredir para uma doença latente tardia ou desenvolver uma sífilis terciária. A manifestação clínica tardia pode ocorrer de 1 a 30 anos após a infecção inicial e apresenta repercussões sistêmicas. Sífilis primária: ● Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”. ● Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha. ● Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento. Sífilis secundária: ● Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. ● Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias. ● Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo. ● As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura. Sífilis latente – fase assintomática: ● Não aparecem sinais ou sintomas. É dividida em: latente recente (até um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano de infecção). ● A duração dessa fase é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária. ● Sífilis terciária: ● Pode surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção. ● Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte. 17 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Sífilis congênita precoce geralmente se manifesta durante os primeiros 3 meses de vida. As manifestações incluem erupções vesiculo bolhosas características ou exantema macular com coloração cúprica nas palmas das mãos e nas solas dos pés, lesões papulares ao redor do nariz, da boca e das áreas das fraldas e, ainda, lesões petequiais. O lactente não ganha peso e apresenta secreção nasal mucopurulenta ou sanguinolenta causando fungação. Algumas crianças desenvolvem meningite, coroidite, hidrocefalia ou convulsões, e outras podem ainda ter retardo mental. Sífilis congênita tardia geralmente se manifesta após o 2º ano de vida e causa úlcera gomosa, com tendência ao envolvimento de nariz, septo e palato duro. A neurossífilis geralmente é assintomática, porém pode ocasionar paresia juvenil e tabes. Pode ocorrer atrofia óptica, que, algumas vezes, leva à cegueira. A lesão ocular mais comum é a queratite intersticial e ocorre, com frequência, como resultado da cicatrização da córnea. A surdez sensorial é geralmente progressiva e pode surgir em qualquer idade. Fisiopatologia: As espiroquetas penetram nas mucosas, principalmente após contato sexual, pelas pequenas erosões após o coito, produzem diversas lipoproteínas que ativam o sistema imune e causam a destruição local dos tecidos. Invadem o sistema linfático e se disseminam por via hematogênica. Se não tratada, causam infecção generalizada atingindo todos os tecidos do corpo. A sífilis pode ser dividida em quatro fases distintas: sífilis primária, secundária, terciária e sífilis congênita. Na primeira fase, também denominada como cancro duro, ou protosifiloma, que se manifesta em média de três semanas após infecção na região em que teve o contato com as espiroquetas, comumente não apresenta dor. No princípio a lesão é uma pápula roseada e progride para vermelho, posteriormente aparece inflamaçãoganglionar na região infectada, na maioria dos casos na região genital. O cancro retrocede naturalmente em um período que varia de quatro a cinco semanas sem deixar cicatriz. A segunda fase da sífilis, evolução da sífilis primária, ocorre devido à manifestação sistêmica das espiroquetas surgindo pápulas róseas eritematosas principalmente nas regiões plantares e 18 https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-oftalmol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-da-c%C3%B3rnea/ceratite-intersticial Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria palmares, na mucosa oral e descamação da pele. Nesta fase também há a regressão espontânea da doença seguida de uma fase de latência, se não tratada evolui para a sífilis terciária. Na terceira fase, além da pele e mucosas, a infecção acomete o sistema nervoso causando a neurossífilis, compromete o sistema cardiovascular, ossos, fígado e tecido muscular. É um programa de rastreamento populacional que tem como objetivo geral identificar distúrbios e doenças no recém-nascido, em tempo oportuno, para intervenção adequada. Com foco na prevenção, na intervenção precoce e no acompanhamento permanente das pessoas com as doenças do Programa Nacional de Triagem Neonatal. Estamos realizando essa metodologia de rastreamento, especificamente na população com idade de 0 a 28 dias de vida. A triagem neonatal contempla o diagnóstico presuntivo, o diagnóstico de certeza, o tratamento, o acompanhamento dos casos diagnosticados e a incorporação e uso de tecnologias voltadas para a promoção, prevenção e cuidado integral. Cabe à equipe de enfermagem da maternidade, das casas de parto, das Casas de Saúde do Índio (CASAI) e das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) alertar e orientar a puérpera e familiares sobre a necessidade de realização do teste de triagem neonatal no ponto de coleta da Atenção Básica adstrito à sua residência, quando a coleta não for realizada naquele local. Recomenda-se que o período ideal de coleta da primeira amostra esteja compreendido entre o 3º e o 5º dia de vida do bebê. A triagem neonatal engloba as triagens auditiva, ocular, cardíaca e sanguínea. > Teste do pezinho Período ideal de realização é entre 3 a 5 dias de vida do bebê (a termo). ● Doenças diagnosticadas: Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito, Deficiência da Biotinidase, Fibrose Cística, Hemoglobinopatias. É feito pelo SUS e vai ser ampliado. Será feito em 5 etapas. Mais de 50 doenças serão adicionadas por meio dessa ampliação. 19 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria > Teste do olhinho O ideal é que esse exame seja feito por um oftalmologista, mas os pediatras também têm autorização para realizá-lo. O recomendado é que o teste seja repetido durante toda a primeira infância. O Teste do Olhinho, num primeiro momento, consegue detectar anomalias através do reflexo da luz nos olhos do bebê. O resultado prévio é a cor do reflexo dessas luzes. Essas cores podem ser avermelhadas, alaranjadas ou amareladas. O sinal de alerta é ativado quando a cor do reflexo é esbranquiçada ou inexistente. É importante saber que o TRV ajuda a verificar se há algo de errado na visão das crianças, mas ele não é capaz de dar certeza no diagnóstico de alguma doença. O Teste do Olhinho pode prever alguns graus severos de miopia, hipermetropia e estrabismo. Além disso, existem doenças mais sérias na lista. São elas: retinopatia da prematuridade, catarata congênita, glaucoma, infecções, traumas do parto e até mesmo cegueira. > Teste da orelinha O teste da orelhinha, também conhecido como triagem auditiva neonatal (TAN), é uma avaliação realizada por exames eletrofisiológicos e eletroacústicos. Dividido entre aquelas crianças que têm uma maior probabilidade de desenvolver doenças de cunho auditivo e aquelas que não possuem essas características. Deve ser feito até 1 mês de vida, no entanto, se houver algum dos fatores de risco deve ser repetido até dois anos de idade. Existem duas metodologias utilizadas na triagem: ● Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE) - são uma resposta a um estímulo acústico e depende de propriedades ativas da cóclea. ● Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE ou, em inglês, Brainstem Evoked Response Audiometry – BERA) - tem o objetivo de examinar a integridade das vias auditivas, desde a orelha interna até o córtex cerebral. Com base neste exame, é possível determinar se existe ou não perda auditiva – e caso haja, se ela está relacionada com lesões na cóclea, no nervo auditivo ou no tronco encefálico. ! Crianças com fatores de risco são encaminhados diretamente para esse último. > Teste do coraçãozinho O teste do coraçãozinho deve ser realizado entre as primeiras 24 e 48 horas de vida, ainda antes da alta hospitalar. O teste do coraçãozinho é um exame não invasivo que pode ser realizado em 20 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria apenas 5 minutinhos. É um teste extremamente simples, uma vez que exige apenas um oxímetro, aparelho utilizado para medir saturação. Basicamente, o teste do coraçãozinho procura se há alguma diferença significativa na saturação das mãos e dos pezinhos do bebê. Caso os dois números estiverem muito diferentes, significa que o sangue que sai do coração não está chegando de forma adequada até os pezinhos e consequentemente não está oxigenando os tecidos direito. > Teste da linguinha Obriga a realização do protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês, em todos os hospitais e maternidades do Brasil”, foi sancionado pela Presidência da República e se converteu na Lei nº 13.002, de 20 de junho de 2014. O teste da linguinha é um exame padronizado que possibilita diagnosticar e indicar o tratamento precoce das limitações dos movimentos da língua causadas pela língua presa que podem comprometer as funções exercidas pela língua: sugar, engolir, mastigar e falar. É uma política nacional de saúde que integra um conjunto de ações voltadas para a qualificação do cuidado ao recém‑nascido (RN) e sua família. Este método compreende três etapas nas quais a equipe de profissionais da Unidade Neonatal (UN) deve estar preparada para oferecer um atendimento de Saúde qualificado, observando a individualidade de cada criança e de sua história familiar. > Primeira etapa Tem início no pré‑natal, com a identificação de situação de risco que indique a necessidade de cuidados especializados para a gestante, os quais podem ou não acarretar a internação do recém‑nascido (RN) em uma Unidade Neonatal, quer seja na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Nesse momento, a preocupação maior é facilitar a aproximação da família com o RN, diminuindo prováveis riscos quanto ao processo de interação e à formação do vínculo entre os pais e a criança. Nesta etapa, recomenda-se a posição canguru o mais precoce possível e a participação da dupla parental na rotina de cuidados neonatais. > Segunda etapa Ocorre na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Canguru (UCINCa) onde a mãe, apoiada e orientada pela equipe de Saúde, assume a maior parte dos cuidados com seu filho. 21 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria São ainda objetivos dessa etapa a continuidade do aleitamento materno, esclarecer as dúvidas em relação ao RN e praticar a posição canguru, que deve ser realizada pelo maior tempo possível. Deve estar com peso mínimo de 1.500g para passar a terceira etapa. > Terceira etapa Inicia-se com a alta hospitalar e envolve o cuidado com o recém‑nascido e sua família no espaço extra‑hospitalar. Nesta etapa, o acompanhamento acontece com a parceria entre a maternidade de origem e a Unidade Básica de Saúde (UBS), com o objetivo de acompanharas primeiras semanas da criança, em seu domicílio. 22
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