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Unidade 01 Aprendizagem Baseada em Problemas: Histórico e raízes filosóficas Ao longo da história da educação, vários modelos e teorias de ensino e aprendizagem foram criados para contribuir no processo educacional. Por volta do final do século XIX e início do século XX, surgiu na Europa o movimento progressista na educação, conhecido como Escola Nova, que desenvolveu novas práticas de ensino centradas na aprendizagem e com o foco principal no aluno como protagonista de sua própria aprendizagem. Esse movimento teve como representantes exponenciais os educadores John Dewey (1859-1952), Maria Montessori (1870- 1952), Henri Wallon (1879-1962), Célestin Freinet (1881-1966), Lev Vygotsky (1896- 1934), Jean Piaget (1897-1980), entre outros que inovaram a educação se contrapondo ao modelo tradicional (Rocha, 1988). A base das propostas da Escola Nova era um processo educativo guiado pela satisfação em aprender o conteúdo de forma ativa, desenvolvendo as funções morais e intelectuais do indivíduo, descaracterizando o processo de educação baseado na memorização (Salvador, 1999). A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), do inglês “Problem-Based Learning (PBL)”, foi sistematizada pela primeira vez em 1969 no curso de medicina da Universidade McMaster, na cidade de Hamilton, no Canadá. No quadro a seguir, destacam-se alguns marcos hirtóricos importantes: Quadro 1 - Marcos históricos importantes sobre a metodologia de Aprendizagem Baseada em Problemas ANO ACONTECIMENTO Final da década de 1960 Surgimento da ABP na Universidade de McMaster, Canadá, no ensino de medicina. 1976 Introdução da ABP na Universidade de Maastricht, na Holanda - grande referência atual; e em Harvard, nos Estados Unidos. 1997 Implantação da metodologia na Faculdade de Medicina de Marília. 1998 Implantação da metodologia na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Londrina. Anos 2000 Utilização da ABP não apenas na área da saúde, mas também em engenharia, administração, enfermagem, pedagogia. ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM A ABP tem como premissa básica o uso de problemas da vida real para estimular o desenvolvimento conceitual, procedimental e atitudinal do aluno. Para sua formulação, a proposta se baseou nos conceitos do psicólogo americano Jerome Seymour Bruner e do filósofo John Dewey. De acordo com Dewey (1978), o processo de investigação ocorre considerando os seguintes passos: 1. Apresentação de um problema 2. Identificação do problema 3. Sugestão da solução 4. Experimentação 5. Solução Jerome Bruner - Psicólogo americano, propôs o modelo da Aprendizagem pela Descoberta (APD), que utilizava problemas com discussão em grupos para desenvolver habilidades de raciocínio e motivar os discentes em aprender com situações reais. Segundo Bruner, para que esse processo seja efetivo é importante que haja a vontade do aluno em aprender, buscar informações e confrontá-las, o que consolidará a aprendizagem. John Dewey – Filósofo e padagogista americano, enfatizou o poder da relação social no processo de aprendizagem. Segundo Dewey, o conhecimento se inicia por um problema e se encerra com a resolução dele, passando por um processo de reflexão, questionamentos e pesquisas, através de uma sequência ordenada de ideias. ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM Dos pensamentos do Bruner e do Dewey sistematizou-se então a ABP, sendo a característica básica da ABP a resolução de problemas. A situação-problema, que dá início ao processo, deve trazer uma situação próxima da realidade que o aluno enfrentará em sua profissão, sem resposta pronta, causando a dúvida que é própria da experiência reflexiva. Para Dewey (1976), não há uma dicotomia entre teoria e prática dado que a relação ensino-aprendizagem se dá a partir da ação ativa do educando. A ABP terminou por constituir-se um método sistematizado, que possibilita aos docentes das mais diversas áreas e níveis de ensino estimular a criatividade de seus alunos, desenvolver a capacidade investigativa e o raciocínio para a resolução de problemas, consolidando-se, assim, como um método de aprendizagem considerado eficaz nas mais diversas instituições de ensino e pesquisa em todo o mundo. Todo o ato de pensar é original e favorece a descoberta, criando prazer da produtividade intelectual, diferentemente do armazenamento de informações transmitidas por terceiros. É necessário que sejam proporcionadas condições que estimulem o pensamento para que o aprendizado ocorra (Dewey, 1959). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEWEY, J. Democracia e Educação: introdução à filosofia da educação. 3. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959. DEWEY, J. Experiência e Educação. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976. DEWEY, J. Vida e Educação. 10. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978. ROCHA, F. Correntes pedagógicas contemporâneas. 2. ed. Aveiro: Estante, 1988. SALVADOR, C. C. et al. Psicologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM
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