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MARC 4 Transtorno somatoforme, dissociativo e factício

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1 MARC 4 – Heloísa Paraíso 7ºP 
TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS/CONVERSÃO
O Transtorno Dissociativo, também conhecido como distúrbio de conversão, é um 
transtorno mental no qual a pessoa sofre de um desequilíbrio psicológico, 
havendo alterações na consciência, memória, identidade, emoção, percepção do 
ambiente, controle dos movimentos e comportamento. 
Assim, a pessoa com este transtorno pode vivenciar diferentes tipos de sinais e 
sintomas de origem psicológica, que surgem de forma isolada ou em conjunto, sem 
que haja qualquer doença física que justifique o caso. 
 
Os diferentes tipos de transtornos dissociativos tendem a desaparecer após 
algumas semanas ou meses, em particular quando sua ocorrência se associou a 
um acontecimento traumático. A evolução pode igualmente se fazer para 
transtornos mais crônicos, em particular paralisias e anestesias, quando a 
ocorrência do transtorno está ligada a problemas ou dificuldades interpessoais 
insolúveis. 
 
Os principais são: 
 
 AMNÉSIA DISSOCIATIVA 
 
A principal característica dessa amnésia é uma incapacidade de lembrar de 
informações pessoais importantes, normalmente de natureza traumática ou 
estressante, que é extensa demais para ser explicada por esquecimento habitual. 
Etiologia 
 Pode seguir-se a acidentes catastróficos, como guerra, acidentes aéreos 
 Fatos vivenciais traumáticos ou moralmente muito condenáveis, como 
assaltos, estupros e traição de um ente querido e de confiança. 
Diagnóstico 
 Para que se possa dar o seu diagnóstico, deve ocorrer na ausência de outro 
transtorno cerebral concomitante, como traumatismos cranianos e estados 
pós-convulsivos. 
 
Características clínicas 
 Apresentação clássica: Costuma ser encontrado naqueles que sofreram 
trauma agudo extremo. No entanto, também é comum se desenvolver no 
contexto de estresse emocional ou conflito intrapsíquico profundo. Os 
pacientes podem apresentar sintomas somatoformes ou de conversão 
intercorrentes, alterações de consciência, depersonalização, desrealização, 
estados de transe, regressão espontânea de idade e até amnésia dissociativa 
anterógrada contínua. 
 
2 MARC 4 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 Apresentação não clássica. Esses indivíduos frequentemente procuram 
tratamento para diversos sintomas, tais como depressão ou mudanças de 
humor, abuso de substâncias, perturbação do sono, sintomas 
somatoformes, ansiedade e pânico, impulsos e atos suicidas e 
automutilatórios, estouros violentos, problemas de alimentação e 
problemas interpessoais. O comportamento automutilatório e violento 
nesses pacientes também pode vir acompanhado de amnésia. A amnésia 
também pode ocorrer para flashbacks ou episódios de reexperiência 
comportamental relacionados a trauma. 
 
Curso e prognóstico 
 Costuma se resolver de maneira espontânea quando a pessoa é afastada com 
segurança das circunstâncias traumáticas. No outro extremo, alguns pacientes 
desenvolvem formas crônicas de amnésia localizada generalizada, contínua 
ou grave, sendo profundamente deficientes e exigindo altos níveis de apoio 
social, tais como monitoramento em uma casa de repouso ou cuidado familiar 
intenso. 
 Os médicos devem tentar lhes restaurar as memórias perdidas à consciência 
assim que possível; do contrário, a memória reprimida pode formar um núcleo 
na mente inconsciente, levando a episódios amnésicos futuros. 
Tratamento 
 Terapia cognitiva: Identificar as distorções cognitivas específicas que se 
baseiam no trauma pode proporcionar uma entrada na memória 
autobiográfica para a qual o paciente sofre a amnésia. Conforme ele se 
torna apto a corrigir distorções cognitivas, particularmente sobre o 
significado de traumas anteriores, memórias mais detalhadas dos eventos 
traumáticos podem surgir. 
 Hipnose: as intervenções hipnóticas podem ser usadas para conter, 
modular e titular a intensidade dos sintomas; facilitar a lembrança 
controlada de memórias dissociadas; proporcionar apoio e fortalecer o ego 
do paciente; e, por fim, promover o trabalho e a integração do material 
dissociado. 
 Terapias somáticas: Não há farmacoterapia conhecida para amnésia 
dissociativa além das entrevistas facilitadas por fármacos. Diversos agentes 
foram usados para esse propósito, incluindo amobarbital sódico, tiopental, 
benzodiazepínicos orais e anfetaminas. 
 Psicoterapia em grupo: Durante as sessões em grupo, os pacientes podem 
recuperar memórias para as quais têm amnésia. Intervenções de apoio 
pelos membros do grupo ou pelo terapeuta (ou por ambos) podem facilitar 
a integração e o domínio do material dissociado. 
 
 FUGA DISSOCIATIVA 
A fuga dissociativa é descrita como uma viagem súbita e repentina para longe de 
casa ou do seu lugar de vivência costumeiro, com incapacidade de lembrar de 
parte ou de todo o passado. Isso vem acompanhado de confusão sobre a própria 
personalidade ou até da apropriação de uma nova identidade. O episódio não se 
deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de uma condição médica 
geral. Os sintomas devem causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo 
no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes do 
funcionamento. 
 
3 MARC 4 – Heloísa Paraíso 7ºP 
Etiologia 
 Circunstâncias traumáticas (i.e., estupro, combate, abuso sexual infantil 
recorrente, deslocamentos sociais massivos, desastres naturais), que levam a 
um estado de consciência alterado dominado por um desejo de fuga são as 
causas subjacentes da maioria dos episódios de fuga. 
Diagnóstico e características clínicas 
 Capaz de durar de minutos a meses. 
 Alguns pacientes relatam múltiplas fugas. Na maioria dos casos em que isso 
foi descrito, um transtorno dissociativo mais crônico, como um transtorno 
dissociativo de identidade, não foi excluído. 
 Em alguns casos extremos de TEPT, os pesadelos podem acabar com uma 
fuga real, em que o paciente corre para outra parte da casa ou foge para fora. 
Curso e prognóstico 
 A maior parte dos indivíduos parece se recuperar, apesar de amnésia 
dissociativa refratária poder persistir em casos raros. 
 Alguns estudos descreveram fugas recorrentes na maioria dos indivíduos que 
apresentam um episódio de fuga dissociativa. 
 Não há dados sistemáticos modernos que tentem diferenciar essa fuga do 
transtorno dissociativo de identidade com fugas recorrentes. 
Tratamento 
 A fuga dissociativa costuma ser tratada com uma psicoterapia eclética, 
orientada psicodinamicamente, que se concentra em ajudar o paciente a 
recuperar a memória da identidade e da experiência recente. 
 Hipnoterapia e entrevistas facilitadas por fármacos. 
 Preparo dos médicos em casos de ideias suicidas ou autodestrutivas. 
 A hospitalização psiquiátrica pode ser indicada se o paciente for ambulatorial. 
 
 TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE 
O transtorno dissociativo de identidade, anteriormente chamado de transtorno 
de múltiplas personalidades, tem sido o transtorno dissociativo mais pesquisado 
de todos. 
Ele se caracteriza pela presença de duas ou mais identidades distintas ou estados 
de personalidade. As identidades ou os estados de personalidade, às vezes 
chamados de alters, autoestados, alter identidade ou partes, entre outros termos, 
diferem uns dos outros na forma como cada um se apresenta com um padrão 
próprio de percepção, relacionamento e pensamento sobre o ambiente e o eu; em 
suma, sua própria personalidade. Trata-se da psicopatologia dissociativa 
paradigmática, já que os sintomas de todos os outros transtornos dissociativos são 
em geral encontrados em pacientes com transtorno dissociativo de identidade: 
amnésia, fuga, despersonalização, desrealização e sintomas semelhantes. 
Etiologia 
 O transtorno dissociativo de identidade é fortemente ligado a experiências 
graves de trauma infantil, via de regra maus-tratos. 
 Abuso físico e sexual são relatados com maior frequência como fontesde 
trauma infantil. 
Diagnóstico e características clínicas 
 Característica principal: presença de dois ou mais estados distintos de 
personalidade. 
 No entanto, há muitos outros sinais e sintomas que definem o transtorno, 
e, em razão da grande diversidade, isso torna o diagnóstico difícil. 
 
4 MARC 4 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 
 Exame do estado mental: Um exame do estado mental cuidadoso e 
detalhado é essencial para realizar o diagnóstico. É fácil confundir pacientes 
que apresentam esse transtorno com pessoas sofrendo de esquizofrenia, 
transtorno da personalidade borderline ou simplesmente simulando. 
 
 Memória e sintomas de amnésia: Como parte do exame do estado mental 
geral, os médicos devem rotineiramente perguntar sobre experiências de 
perda do tempo, períodos de apagão e grandes falhas de continuidade na 
memória de informações pessoais. 
 Pacientes com transtorno dissociativo costumam relatar falhas 
significativas na memória autobiográfica, especialmente para eventos da 
infância. Essas falhas costumam ser bem demarcadas e não se enquadram 
no declínio normal na memória autobiográfica para idades mais jovens. 
 Alterações dissociativas na identidade: Alterações dissociativas clínicas na 
identidade podem começar a se manifestar por estranhas referências a si 
mesmo em primeira pessoa do plural ou terceira pessoa. Além disso, os 
pacientes podem se referir a si mesmos usando seu primeiro nome ou 
fazendo autorreferências despersonalizadas, tais como “o corpo”, ao se 
descreverem e falarem de outros. Eles frequentemente descrevem um 
profundo senso de divisão interna concretizada ou de conflitos internos 
personalizados entre partes de si. Em algumas instâncias, essas partes 
podem ter nomes próprios ou podem ser designadas por seu efeito ou sua 
função predominante, por exemplo, “o furioso” ou “a esposa”. Os pacientes 
podem mudar de repente a forma como se referem aos outros, por 
exemplo, “o filho” em vez de “meu filho”. 
 
 Outros sintomas associados: A maioria dos pacientes com transtorno 
dissociativo de identidade se enquadra nos critérios diagnósticos para um 
transtorno do humor, em geral um dos transtornos do espectro depressivo. 
Alterações rápidas e frequentes de humor são comuns, mas elas costumam 
ser causadas por fenômenos dissociativos de estresse pós-traumático, e 
não por um verdadeiro transtorno cíclico do humor. Pode haver 
sobreposição considerável entre sintomas de ansiedade do TEPT, sono 
perturbado e sintomas de transtorno do humor e disforia. 
 Traços de personalidade obsessivo-compulsivos são comuns no transtorno 
dissociativo de identidade, e sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo 
(TOC) intercorrentes são frequentemente encontrados. Os sintomas do TOC 
costumam ter uma qualidade pós-traumática: verificar várias vezes para se 
certificar de que ninguém possa entrar na casa ou no quarto, lavar-se 
compulsivamente para aliviar a sensação de sujeira devido a abuso e contar 
ou cantar mentalmente repetidas vezes para se distrair da ansiedade de 
sofrer abuso, por exemplo. 
 
 
5 MARC 4 – Heloísa Paraíso 7ºP 
Curso e prognóstico 
Acredita-se que alguns indivíduos nessa situação continuem a se envolver em 
relacionamentos abusivos ou subculturas violentas, ou ambos, que possam resultar 
no trauma de seus filhos, com o potencial de transmissão adicional do transtorno 
à família. Muitos autores acreditam que uma porcentagem dos pacientes não 
tratado ou não diagnosticado morra por suicídio ou como resultado de seus 
comportamentos de alto risco. 
O prognóstico é pior em pacientes com: 
 transtornos mentais orgânicos comórbidos 
 transtornos psicóticos (transtorno não dissociativo de identidade, 
pseudopsicose) 
 doenças clínicas graves 
 abuso refratário de substâncias e transtornos alimentares 
 personalidade antissocial, atividade criminosa atual 
 abuso contínuo e vitimização atual, com a recusa de deixar relacionamentos 
abusivos 
 traumas adultos repetidos com episódios recentes de transtorno de estresse 
agudo 
Tratamento 
 Psicoterapia: incluem psicoterapia psicanalítica, terapia cognitiva, terapia 
comportamental, hipnoterapia e uma familiaridade com psicoterapia e com 
o manejo psicofarmacológico do paciente traumatizado. 
 
 Terapia cognitiva: Muitas distorções cognitivas associadas com transtornos 
dissociativos de identidade respondem lentamente a técnicas de terapia 
cognitiva, e intervenções bem-sucedidas podem levar a disforia adicional. 
 
 Hipnose: As intervenções hipnoterapêuticas frequentemente podem aliviar 
impulsos autodestrutivos ou reduzir sintomas, tais como flashbacks, 
alucinações dissociativas e experiências de influência passiva. Ensinar auto-
hipnose ao paciente pode ajudar com crises fora das sessões. A hipnose pode 
ser útil para acessar estados de alter personalidades específicos e seus afetos 
e memórias. Ela também é empregada para criar estados de relaxamento 
mental, nos quais eventos negativos podem ser examinados sem grande 
ansiedade. 
 
 Intervenções psicofarmacológicas: Os medicamentos antidepressivos 
costumam ser importantes na redução da depressão e na estabilização do 
humor. Diversos sintomas de TEPT, sobretudo os intrusivos e de 
excitabilidade aumentada, são parcialmente responsivos aos medicamentos. 
Os médicos relatam algum sucesso com ISRSs, antidepressivos tricíclicos e 
inaladores monoaminoxidase, β-bloqueadores, clonidina, 
anticonvulsivantes e benzodiazepínicos na redução de sintomas intrusivos, 
excitabilidade aumentada e ansiedade em pacientes com transtorno 
dissociativo de identidade. 
 
 Eletroconvulsoterapia: Para alguns pacientes, a ECT ajuda a melhorar 
transtornos refratários do humor sem piorar problemas dissociativos de 
memória. 
Tratamentos adjuntos 
 Terapia em grupo 
 Terapia de família 
 Terapias expressivas e ocupacionais 
 Dessensibilização e reprocessamento por movimentos oculares (EMDR). 
 
 
 
 
 
6 MARC 4 – Heloísa Paraíso 7ºP 
OUTRO TRANSTORNO DISSOCIATIVO ESPECIFICADO OU NÃO ESPECIFICADO 
 TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE TRANSE 
O transtorno dissociativo de transe manifesta-se por uma alteração temporária e 
marcante no estado de consciência ou pela perda do senso costumeiro de 
identidade pessoal sem ser substituído por um senso alternado de identidade. 
Uma variação disso, o transe de possessão, envolve alternâncias únicas ou 
episódicas no estado de consciência, caracterizadas pela troca da identidade 
costumeira da pessoa por uma nova identidade, em geral atribuída a um espírito, 
poder divino, divindade ou outra pessoa. Nesse estado possuído, o indivíduo exibe 
comportamentos estereotipados e culturalmente determinados ou sente que está 
sendo controlado pela entidade possuidora. Deve haver amnésia parcial ou total 
para o evento. 
 LAVAGEM CEREBRAL 
O DSM-5 descreve esse transtorno dissociativo como uma “perturbação de 
identidade devido a persuasão coerciva intensa e prolongada”. A lavagem cerebral 
costuma ocorrer em um cenário de reforma política, como foi amplamente descrito 
na Revolução Cultural na China comunista, prisões de guerra, tortura de dissidentes 
políticos, reféns terroristas e, mais comum no Ocidente, doutrinação em cultos 
totalitários. Ela implica que, sob condições adequadas de estresse e coerção, os 
indivíduos podem passar a acatar as demandas de quem está no poder, 
passando, assim, por grandes alterações em sua personalidade, suas crenças e 
seus comportamentos. Pessoas sujeitas a tais condições podem sofrer danos 
consideráveis, incluindo perda da saúde e da vida, e costumam manifestar diversos 
sintomas pós-traumáticos e dissociativos. 
 SÍNDROME DA MEMÓRIA RECUPERADA 
Sob hipnose ou durante psicoterapia, o paciente pode recuperar uma memória de 
uma experiência ou de um conflito doloroso (sobretudo de abuso físico ou sexual) 
que é etiologicamente significativa. Quandoo material reprimido volta à 
consciência, a pessoa pode não recordar a experiência, mas revivê-la, 
acompanhada pela resposta afetiva adequada (um processo chamado de ab-
reação). Se o evento relembrado nunca aconteceu, mas a pessoa acredita ser 
verdade e reage de acordo, ele fica conhecido como síndrome da falsa memória. 
 SÍNDROME DE GANSER 
A síndrome de Ganser é uma condição mal compreendida caracterizada pelo 
fornecimento de respostas aproximadas (paralogia) junto com um enevoamento 
da consciência com frequência acompanhado de alucinações e outros sintomas 
dissociativos, somatoformes ou de conversão. 
Etiologia 
 Alguns casos relatados identificam estressores precipitantes, tais como 
conflitos pessoais e revezes financeiros, enquanto outros notam síndromes 
cerebrais orgânicas, lesões encefálicas, convulsões ou doenças 
psiquiátricas. 
 Explicações psicodinâmicas são comuns na literatura mais antiga, mas 
etiologias orgânicas são enfatizadas em estudos de caso mais recentes. 
 Especula-se que os insultos orgânicos possam agir como estressores agudos, 
precipitando a síndrome em indivíduos vulneráveis. Alguns pacientes 
relataram histórias significativas de maus-tratos infantis e adversidade. 
Diagnóstico e características clínicas 
 O sintoma de passar pela (vorbeigehen) resposta correta devido a uma 
resposta relacionada, mas incorreta, é a marca da síndrome de Ganser. As 
respostas aproximadas costumam estar erradas por pouco, mas apresentam 
uma relação evidente com a pergunta, indicando que ela foi compreendida. 
Quando perguntaram a uma mulher de 25 anos quantos anos tinha, ela 
respondeu: “Eu não tenho 5”. Se lhe pedissem para realizar contas simples 
(p. ex., 2 + 2 = 5); para fornecer informações gerais (a capital dos Estados 
 
7 MARC 4 – Heloísa Paraíso 7ºP 
Unidos é Nova York); para identificar objetos simples (um lápis é uma chave); 
ou para nomear as cores (verde é cinza), o paciente com síndrome de Ganser 
daria respostas errôneas, mas compreensíveis. Um enevoamento da 
consciência também ocorre, normalmente manifesto por desorientação, 
amnésia, perda de informações pessoais e algum prejuízo da noção de 
realidade. Alucinações visuais e auditivas ocorrem em cerca de metade dos 
casos. 
DIFERENCIAR TRANSTORNOS SOMATOFORMES, CONVERSIVOS, 
FACTÍCIOS E SIMULAÇÃO 
 TRANSTORNOS SOMATOFORMES 
A característica principal dos transtornos somatoformes, segundo a classificação 
de doenças (CID-10), é a presença de sintomas físicos, que sugerem alguma 
doença orgânica ou física e não são produzidos intencionalmente. 
 Presença de sintomas físicos 
 Ausência de alterações clinicas 
 Ausência de alterações em exames 
 Ocorrem associados a busca persistente de assistência médica. Apesar de os 
médicos nada encontrarem de anormal, as queixas persistem e, quando há 
alguma alteração orgânica, esta normalmente não justifica a queixa. 
Para que haja diagnóstico de transtorno somatoforme, deve haver, junto as 
queixas, algum sofrimento ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional. 
A diferença entre os transtornos somatoformes e as doenças psicossomáticas 
está no fato de estas últimas apresentarem, além da queixa, de fato, alguma 
alteração orgânica constatável clinicamente. 
 Importância clínica → enorme prevalência e assiduidade com que os 
pacientes se utilizam do sistema de saúde 
Existem vários transtornos somatoformes: 
 Transtorno de somatização ou síndrome de Brinquet 
 Transtorno hipocondríaco 
 Transtorno neurovegetativo somatoforme 
 Transtorno doloroso somatoforme persistente 
 Transtorno dismórfico corporal 
 Transtorno somatoforme indiferenciado 
Porém, o principal é o transtorno de somatização, considerado sinônimo de 
transtorno somatoforme. 
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO 
 Característica principal é a elaboração de múltiplas queixas somáticas, que 
são recorrentes e clinicamente significativas, resultando em algum 
tratamento médico. 
 História de dor incaracterística e de difícil explicação médica que acomete, 
sobretudo, a cabeça, as costas, as articulações, as extremidades e o tórax, 
ou história de comprometimento nas funções de órgãos, como em relação 
as menstruações, ao intercurso sexual, a digestão ou ao funcionamento 
intestinal. 
 As queixas levam a frequentes exames médicos, radiográficos, 
tomográficos e mesmo a cirurgias exploratórias desnecessárias. 
 Como os portadores do transtorno de somatização são previamente 
histeriformes, em geral, descrevem suas queixas em termos dramáticos, 
eloquentes e excessivos ou, curiosamente, ao contrário, ou seja, 
completamente indiferentes a sugerida gravidade do problema. 
 Longo histórico de hospitalizações e extensa trajetória médica 
 O transtorno é mais comum entre mulheres e inicia-se na idade adulta, 
após os 30 anos. 
 Dependência e abuso de sedativos e analgésicos são bastante frequentes. 
 
8 MARC 4 – Heloísa Paraíso 7ºP 
Diagnóstico 
 Para o diagnóstico, deve haver, pelo menos 2 anos de sintomas múltiplos, 
sem explicação clínica, recusa pelo paciente de que não há explicação física 
para os sintomas e prejuízo em seu funcionamento social e familiar. 
 
 TRANSTORNO DISSOCIATIVO (CONVERSIVOS) 
Segundo a CID-10, os transtornos dissociativos caracterizam-se por perda parcial 
ou completa das funções normais de integração da memória, da consciência, da 
identidade e das sensações imediatas, e do controle dos movimentos corpóreos. 
 Tendem a desaparecer após algumas semanas ou meses, em particular 
quando a ocorrência se associa a acometimento traumático. 
 A evolução pode igualmente acontecer para transtornos mais crônicos, 
particularmente paralisias e anestesias, quando o transtorno está ligado a 
problemas ou dificuldades interpessoais insolúveis. 
 Admite-se que sejam psicogênicos, uma vez que ocorrem em relação 
temporal estreita com eventos traumáticos, problemas insolúveis, ou 
relações interpessoais difíceis. 
 O exame médico e os exames complementares não permitem colocar em 
evidencia um transtorno físico (em particular neurológico) conhecido. 
Existem vários transtornos dissociativos: 
 Amnésia → individuo não lembra de dados biográficos e geralmente ocorre 
após evento traumático e melhora espontaneamente. 
 Fuga → individuo sai da sua casa e vai para outro lugar em que fica dias. 
Geralmente é acompanhada de uma amnesia. 
 Estupor → individuo não consegue se mexer e nem conversar. 
 Convulsões → porém sem alterações neurológicas. 
 Anestesias → individuo não sente um braço ou uma perna ou até mesmo 
para de enxergar ou sentir cheiro. 
 Personalidade múltipla → existência de duas ou mais personalidades 
distintas e separadas em uma só pessoa. Quando o paciente manifesta 
determinada personalidade, há amnesia em relação a outra. A transição 
entre as personalidades é súbita e dramática. 
 Despersonalização-desrealização → alteração persistente ou recorrente na 
percepção de si mesmo, como a experiência de sentir-se separado do próprio 
corpo, de agir mecanicamente ou de estar em um sonho. Sensação de 
irrealidade para o próprio corpo. Normalmente é acompanhada de 
ansiedade. Também pode estar presente um sentimento de que o mundo 
externo é estranho ou irreal. Pode perceber objetos maiores que o seu 
tamanho (macropsia) ou menores (micropsia), assim como parecer 
mecânicas as pessoas a sua volta. 
 
 TRANSTORNO FACTÍCIO 
Também chamado de síndrome de Munchausen, o transtorno factício é definido 
pela CID-10 por presença de sintomas físicos ou psicológicos, intencionalmente 
produzidos ou simulados com a finalidade de assumir o papel de doente. 
 O julgamento de que determinado sintoma é intencionalmente produzido 
é feito por evidências diretas e pela exclusão de outras causas. Por exemplo, 
um indivíduo que se apresenta com hematúria é descoberto com 
anticoagulantes em seu poder, nega tê-los consumido,mas os exames de 
sangue condizem com a ingestão de anticoagulantes. 
 Cabe notar que presença de sintomas factícios não exclui a coexistência de 
sintomas somáticos ou psicológicos verdadeiros. 
 No caso de crianças, quando a mãe intencionalmente produz algum sintoma 
no filho pequeno, visando mantê-lo no papel de paciente, o transtorno é 
chamado transtorno factício por procuração (ou Munchausen por 
procuração). 
 
 
9 MARC 4 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 SIMULAÇÃO 
Os transtornos factícios são diferenciados de atos de simulação. 
Nos atos de simulação o indivíduo também produz os sintomas de modo 
intencional, porém com um objetivo obviamente perceptível quando as 
circunstâncias ambientais se tornam conhecidas. 
 Exemplo: a produção intencional de sintomas para livrar-se de uma prova 
ou de uma viagem. Da mesma forma, seria um ato de simulação se um 
indivíduo hospitalizado para tratamento de transtorno mental simulasse 
piora da doença para evitar a transferência para outro hospital menos 
desejável. 
 Em contrapartida, no transtorno factício, a motivação é uma necessidade 
psicológica de assumir o papel de enfermo, evidenciada por ausência de 
incentivos externos para o comportamento. 
 A simulação pode ser considerada adaptativa sob certas circunstâncias, 
mas, por definição, o diagnóstico de transtorno factício sempre indica 
psicopatologia. 
 
CONDIÇÕES PRODUÇÃO DE SINTOMAS GANHO SECUNDÁRIO 
Simulação Voluntária Presente 
Transtorno factício Voluntária Ausente 
Transtorno 
somatoforme 
Involuntária Ausente 
Transtorno dissociativo Involuntária Ausente 
 
REFERÊNCIAS 
 KAPLAN e SADOCK. Compêndio de Psiquiatria, 11º edição. 
 Medcel

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