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Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo

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FARMACOTÉCNICA II 
Keline Lang 
Formas farmacêuticas 
líquidas de uso 
interno e externo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir as principais formas farmacêuticas líquidas de uso interno e 
externo.
 � Classificar as principais formas farmacêuticas líquidas de uso interno 
e externo.
 � Identificar as principais características de cada forma farmacêutica 
líquida.
Introdução
As formas farmacêuticas líquidas são amplamente prescritas por sua 
facilidade de uso, pelas diversas possibilidades de vias de administração 
que elas oferecem, pela gama enorme de adjuvantes compatíveis e 
disponíveis, e pela aceitabilidade do próprio paciente.
Neste capítulo, você vai estudar as principais formas farmacêuticas 
líquidas de uso interno e externo. Verá como essas formas farmacêuticas 
são classificadas e quais são as suas principais características. 
Principais formas farmacêuticas líquidas 
de uso interno e externo
São inúmeras as formas farmacêuticas líquidas às quais os fármacos podem 
ser incorporados para obtermos o efeito farmacológico desejado. Essas formas 
farmacêuticas podem ser classificadas para uso interno ou externo, conforme 
denominação empregada por certos autores e também descrita em prescrições. 
Medicamentos para uso interno são aqueles que entram em contato com 
a parte interna do organismo, como no caso da administração por via oral, 
retal, vaginal, nasal, uretral, otológica (auricular), parenteral — intravenosa, 
intradérmica, subcutânea, intramuscular, intrarraquidiana, intraperitoneal, 
intrapleural, etc. — e traqueopulmonar. 
Medicamentos para uso externo são aplicados na superfície do corpo ou 
em mucosas facilmente acessíveis externamente. Há casos, como o de me-
dicamentos utilizados na mucosa retal, que podem ser tanto de uso interno 
como de uso externo, dependendo da forma farmacêutica ou da finalidade 
do uso —por exemplo o enema (uso interno) e uma solução tópica (uso ex-
terno) (PRISTA; ALVES; MORGADO, 1991). Dessa forma, incluem-se na 
administração externa medicamentos para via tópica (epidérmica), oftálmica, 
vaginal, retal, uretral e nasal.
As formas farmacêuticas líquidas de uso externo e interno são: solução, 
suspensão e emulsão. Vejamos mais sobre elas a seguir.
Solução
A solução é uma preparação líquida que contém uma ou mais substâncias 
químicas dissolvidas em um solvente ou mistura de solventes miscíveis entre 
si. Essa forma farmacêutica pode ser utilizada em praticamente todas as vias 
de administração (THOMPSON; DAVIDOW, 2013). No caso das soluções de 
uso interno, podem ser utilizadas as vias oral, parenteral, retal, uretral, vaginal, 
nasal e otológica. No caso de uso externo, as vias são tópica, oftálmica, vaginal 
(tópica), uretral (tópica), retal (tópica), nasal (mucosa).
Suspensão
A suspensão é uma forma farmacêutica líquida em que as substâncias ati-
vas não estão dissolvidas, mas, sim, dispersas em um veículo. Dentro desse 
sistema, o fármaco é chamado de fase dispersa, o veículo é chamado de 
fase dispersante e o conjunto é denominado sistema disperso (ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013). Sendo para uso interno, essa forma farmacêutica 
é administrada via oral, parenteral, otológica e nasal. No caso de uso externo, 
as vias de administração são tópica, oftálmica e nasal (mucosa).
Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo2
Emulsão
A emulsão é uma forma farmacêutica que contém um ou mais princípios ati-
vos. É um sistema composto de duas fases que têm, pelo menos, dois líquidos 
imiscíveis: um deles é formado de pequenas gotas, chamado de fase interna ou 
dispersa, e o outro é chamado de fase externa ou contínua (BRASIL, 2019). 
Para que os líquidos imiscíveis formem uma emulsão estável, é necessária 
uma terceira fase, constituída pelo emulsificante (tensoativo) (ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013). 
As emulsões que possuem a fase interna oleosa e a fase externa aquosa são 
chamadas de emulsão o/a. Quando a fase interna é aquosa e a fase externa 
oleosa, a emulsão é a/o.
As emulsões de uso interno são destinadas às vias oral e parenteral. Também 
podem ser utilizadas via tópica, no caso de uso externo. 
Classificação das principais formas 
farmacêuticas líquidas 
As formas farmacêuticas líquidas podem ser classificadas conforme a sua via 
de administração, considerando uso interno e externo.
Uso interno
Soluções
As soluções de uso interno possuem diversas classificações — vejamos quais 
são elas.
Solução oral é a forma farmacêutica líquida em que a via de administração 
é oral, ou seja, o medicamento é engolido, uma vez que o intuito é que ele 
chegue ao trato gastrointestinal e, então, produza um efeito sistêmico. Isso 
quer dizer que o fármaco será absorvido no trato gastrointestinal e chegará à 
corrente sanguínea para, então, ir até o sítio de ação (ALLEN JR; POPOVICH; 
ANSEL, 2013).
As soluções podem ter diferentes tipos de solventes. Portanto, para soluções 
administradas via oral, além da solução propriamente dita, em que o fármaco 
é dissolvido em um solvente aquosa, há também o xarope e o elixir. 
3Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo
 � Xaropes são preparações aquosas contendo alto teor de sacarose ou 
outros açúcares (60 a 80%) ou outro componente não açucarado, como 
sorbitol, glicerina e propilenoglicol. Sendo assim, é uma preparação 
líquida de uso oral, edulcorada (doce) e viscosa (THOMPSON; DA-
VIDOW, 2013). Os xaropes servem de veículo para o fármaco. Muitas 
vezes, pode ser um xarope não medicamentoso, ou seja, o xarope pode 
ter a função apenas de veículo para administrar outro fármaco, princi-
palmente com o intuito de mascarar o sabor, já que os xaropes podem 
conter flavorizantes (substâncias que conferem sabor) e, assim, ser 
mais agradáveis ao paladar (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
 � Elixir é uma solução oral que possui um veículo hidroalcoólico. É 
transparente, além de ser edulcorado, e, muitas vezes, flavorizado 
(THOMPSON; DAVIDOW, 2013). Possui um alto teor alcoólico, o que 
pode restringir o uso em crianças e adultos que não podem ingerir álcool.
Solução parenteral é a forma farmacêutica líquida em que a via de adminis-
tração é injetável (todas as vias). O termo “parenteral” deriva das palavras 
gregas para e enteron, que significam “fora do intestino”, ou seja, é uma via 
de administração em que o medicamento não é ingerido, não passa pela via 
oral. Além disso, essa solução precisa ser uma preparação estéril, livre de 
pirogênios (PRISTA; ALVES; MORGADO, 1991). 
Você sabe o que são pirogênios? Pirogênios são endotoxinas bacterianas, substâncias 
orgânicas advindas da contaminação microbiana que, quando injetadas em humanos 
ou em animais, provocam o aumento da temperatura corporal (ALLEN; POPOVICH; 
ANSEL, 2013). 
Se o medicamento é uma solução parenteral, ele pode ser de administração:
 � intravenosa: veia
 � intra-arterial: artéria
 � intracardíaca: coração
 � intraespinal ou intratecal: medula
Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo4
 � intraóssea: osso
 � intra-articular: articulação
 � intrassinovial: área do líquido articular
 � intracutânea ou intradérmica: pele
 � intramuscular: músculo
Solução retal é a forma farmacêutica líquida administrada via reto. Normal-
mente, são empregadas como enemas. Conforme Allen, Popovich e Ansel 
(2013), o enema pode ter duas funções: 
 � Enema de retenção: solução aplicada via retal para obter efeito local 
ou para absorção sistêmica. Quando o objetivo é a absorção sistêmica, 
normalmente, isso se deve ao fato de o medicamento causar uma reação 
gastrointestinal se administrado via oral, e, pela via retal, essa reação 
não ocorre (ou seja, minimiza o efeito indesejado do medicamento). 
 � Enema de evacuação: é utilizado para realizar a limpeza do intestino.
Solução otológica é de uso no canal auditivo externo (via auricular).
Espírito é uma solução alcoólica ou hidroalcoólica em que são dissolvidas 
substânciasaromáticas ou medicamentosas. Essa dissolução ocorre em álcool 
etílico, usualmente na proporção de 5% (p/v) (BRASIL, 2019). No caso de uso 
interno, a administração é via oral. Devido à concentração alcoólica muito 
elevada, o medicamento deve ser ingerido misturado com uma porção de água 
(ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Emulsão
A forma farmacêutica líquida emulsão pode ser administrada via oral e 
parenteral.
Emulsão oral é uma forma farmacêutica líquida que mistura dois líquidos 
imiscíveis a serem administrados via oral. Como a administração é oral, a 
emulsão do tipo “óleo em água” (o/a) torna o medicamento mais palatável, 
ou seja, mais fácil de ser administrado, uma vez que o fármaco está envolto 
em um veículo aquoso edulcorado e flavorizado (ALLEN JR; POPOVICH; 
ANSEL, 2013).
5Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo
Emulsão parenteral é uma forma farmacêutica líquida que mistura dois 
líquidos imiscíveis a serem administrados via parenteral (intravenosa). Nor-
malmente, os medicamentos administrados via parenteral possuem veículo 
aquoso, pois promovem a ação mais rápida, já que os líquidos corporais são 
aquosos e, portanto, são mais compatíveis com fármacos em veículos aquosos 
do que oleosos. Entretanto, o veículo pode ser não aquoso, dependendo da 
solubilidade do fármaco (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Suspensão
Assim como a emulsão, a suspensão também pode ser administrada via oral 
e parenteral. 
Suspensão oral é formada por partículas finas do fármaco dispersas em um 
veículo com mínima solubilidade, de administração oral. Normalmente, as 
suspensões orais são aquosas e o veículo é flavorizado e edulcorado para ser 
agradável ao paladar.
Suspensão parenteral, assim como a suspensão oral, é formada por um fár-
maco que está disperso em um veículo. A via de administração é parenteral, 
porém, apenas para medicamentos de injeção intramuscular (ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013).
Suspensão otológica é uso no canal auditivo externo (via auricular).
Uso externo
Nas formas farmacêuticas líquidas de uso externo, o medicamento tem aplica-
ção local, para que o fármaco tenha o efeito desejado na mesma área aplicada. 
As formas farmacêuticas solução, suspensão, emulsão, tintura e espírito 
também podem ter uso externo, e suas características são as mesmas que 
acabamos de ver. Vejamos, então, as principais vias de administração externa 
de cada uma delas.
Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo6
Solução:
 � Solução tópica: uso na pele (via epidérmica), para efeito na superfície 
da pele. Entretanto, se o fármaco penetrar na pele pelos poros, glândulas 
sudoríparas, folículos pilosos, glândulas sebáceas e outras estruturas da 
derme, poderá chegar à corrente sanguínea, já que os capilares sanguí-
neos estão logo abaixo da epiderme, tendo assim um efeito sistêmico 
(ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
 � Solução oftálmica: uso nos olhos (via ocular). Efeito farmacológico 
na superfície dos olhos ou no seu interior.
 � Solução nasal: uso intranasal, para efeito na mucosa nasal (via nasal). 
Foi observado que a mucosa nasal facilita a absorção sistêmica no caso 
de alguns fármacos, como a insulina (polipeptídeo). Utiliza-se essa 
via de administração quando há a necessidade de absorção sistêmica 
do medicamento, já que é uma área altamente vascularizada. A ação 
sistêmica é desejada no caso de fármacos que não são bem absorvidos 
quando administrados via oral, ou quando se degradam no trato gas-
trointestinal (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
 � Solução vaginal: uso tópico na região vaginal (via vaginal). As cha-
madas “duchas vaginais” são compostas por uma substância química 
dissolvida em um veículo aquoso, com o intuito de limpar a região 
vaginal (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
 � Solução uretral: uso tópico na região uretral externa.
 � Solução retal: uso tópico na região retal externa.
 � Tintura: via epidérmica. A Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2019) 
determina as diversas proporções de material vegetal em soluções 
hidroalcoólicas para a preparação de tinturas.
 � Espírito: é uma solução alcoólica ou hidroalcoólica feita a partir de 
matéria-prima vegetal ou substâncias químicas. A quantidade de álcool 
pode variar de 15% a 80%. Já foi muito utilizada por via oral, porém, é 
mais comum utilizá-la via tópica (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 
2013).
Suspensão:
 � Suspensão tópica: uso na pele (via epidérmica).
 � Suspensão oftálmica: uso nos olhos (via ocular).
 � Suspensão nasal: uso intranasal, para efeito na mucosa nasal (via nasal).
7Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo
A emulsão para uso externo deve ser aplicada na via tópica, na epiderme. 
Também é possível o uso de emulsões nas regiões vaginal e retal, via externa.
Características das principais formas 
farmacêuticas líquidas
As formas farmacêuticas líquidas são diversas e apresentam características 
específicas de acordo com a via de administração e o efeito farmacológico 
desejados. Vejamos
Soluções
As soluções, quando administradas via oral, são mais rapidamente absorvidas 
se comparadas com as formas farmacêuticas suspensão e sólido (AULTON; 
TAYLOR, 2016). Isso ocorre porque o fármaco já está dissolvido e, portanto, 
pode ser diretamente absorvido, não passando pelos processos de desintegração 
e dissolução (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
As soluções podem ser classificadas quanto à via de administração: 
 � solução oral; 
 � solução auricular; 
 � solução oftálmica; 
 � solução tópica;
 � solução nasal;
 � solução retal;
 � solução parenteral (todas as vias);
 � solução uretral;
 � solução vaginal.
Outra forma de classificar as soluções é quanto ao uso e composição:
 � Solução: solução aquosa.
 � Xarope: solução aquosa contendo açúcar, para tornar a preparação 
doce e viscosa.
 � Elixir: solução hidroalcoólica edulcorada.
 � Espírito: solução contendo substância aromática dissolvida em solvente 
hidroalcoólico.
Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo8
 � Água aromática: solução contendo substância aromática dissolvida 
em solvente aquoso.
 � Tintura: solução preparada pela extração de componentes ativos de 
drogas vegetais. Também é uma solução preparada com substâncias 
químicas dissolvidas em solvente alcoólico ou hidroalcoólico.
 � Solução estéril: solução esterilizada para que possa ser administrada 
por via parenteral ou oftálmica.
Nas preparações para administração via oral, como é o caso de soluções, 
xaropes e elixires, o fármaco terá ação sistêmica, ou seja, será absorvido no 
trato gastrointestinal e, então, chegará na corrente sanguínea para ir até o sítio 
de ação. A demais soluções serão de ação local, no local onde forem aplicadas.
Para que as soluções possam ser produzidas, o farmacêutico precisa co-
nhecer a solubilidade e a estabilidade de todos os componentes da fórmula, de 
modo a evitar interações químicas que afetem a qualidade do produto (ALLEN 
JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). Conforme o tipo de solvente, a solução terá 
diferentes níveis de fluidez. Dessa forma, pode-se verificar que as soluções 
possuem diferentes níveis de viscosidade. 
Viscosidade é uma propriedade do líquido relacionada com a resistência ao fluxo. 
A viscosidade de qualquer líquido é sempre comparada com a da água, que é 1 centi-
poise (cp) à 20ºC. Deve ser levada em consideração a temperatura, pois a viscosidade 
é alterada em diferentes temperaturas (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
A viscosidade é importante para diversas formulações farmacêuticas. 
O xarope precisa ter a viscosidade conferida pela adição de açúcar para que, 
juntamente com a característica edulcorante e a presença de flavorizantes, 
possa ser capaz de mascarar o sabor de fármacos, já que a administração 
precisa ser via oral. Para xaropes antitussígenos, a presença de um veículo 
doce e viscoso promove um efeito calmante enquanto o medicamento passa 
pela garganta, que está irritada pelo processo da tosse.
9Formas farmacêuticas líquidas deuso interno e externo
As soluções com alta concentração de açúcar, como é o caso dos xaropes, são muito 
resistentes à contaminação microbiana devido à quantidade insuficiente de água para 
a sua proliferação. O xarope simples, que é composto por 85 g de sacarose e água 
purificada suficiente para produzir 100 mL de xarope, não precisa ter conservante na 
sua composição (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Conforme Prista, Alves e Morgado (1991), o aumento da viscosidade em 
preparações nasais leva a um maior tempo de resistência do medicamento na 
cavidade nasal, reduzindo o gotejamento e, consequente, a saída do local da 
ação. Esse aumento de viscosidade também é importante para suspensões em 
geral, no sentido de reduzir a taxa de sedimentação das partículas e assim 
manter a preparação estável. 
No caso das preparações oftálmicas, mantê-las viscosas prolonga a reten-
ção do medicamento no filme lacrimal pré-córneo, melhorando a absorção 
do fármaco.
Suspensões
A suspensão, quando administrada via oral, tem a vantagem de poder ser 
constituída de grande quantidade de fármaco, além de ser utilizada em pacientes 
que possuem dificuldade de deglutir comprimidos e cápsulas — por exemplo, 
idosos e crianças. O fato de o fármaco estar suspenso significa que grande parte 
dele está na forma de partículas sólidas que precisam ser dissolvidas pelos 
fluidos gastrointestinais para depois serem absorvidas. Como essas partículas 
são finamente divididas e, portanto, possuem uma grande área superficial, 
esse processo de dissolução ocorre facilmente. Se o medicamento precisa 
ser absorvido no trato gastrointestinal é porque a ação deve ser sistêmica, 
porém, pode haver casos em que o medicamento é administrado via oral para 
efeito local, no trato gastrointestinal, como é o caso de antiácidos (AULTON; 
TAYLOR, 2016).
Algumas suspensões já são comercializadas prontas para serem admi-
nistradas. Em outras, o veículo vem separado do pó para que o paciente o 
reconstitua (misture o pó com o veículo) no momento da administração, 
Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo10
chamadas de suspensões extemporâneas. Esse último caso pode ocorrer 
quando o fármaco é instável quando mantido por muito tempo em contato 
com o veículo, por exemplo, antibióticos.
As suspensões possuem outra vantagem. Há fármacos com sabor muito 
desagradável; se estiverem dispersos em um veículo insolúvel, esses fármacos 
terão seu sabor mascarado, ficando mais agradáveis ao paladar, visto que as 
partículas do fármaco ficarão envoltas pelo veículo, e não dissolvidas (ALLEN 
JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Se a via for ocular, a suspensão precisa ser estéril, ou seja, o medicamento 
precisa passar pelo processo de esterilização para a destruição de todos os 
organismos vivos e seus esporos, ou, até mesmo, a sua remoção completa 
(THOMPSON; DAVIDOW, 2013). Segundo Allen, Popvich e Ansel (2013), 
suspensões aquosas ou oleosas podem ser administradas via intramuscular.
Emulsões
As emulsões podem ser utilizadas nas vias tópica, oral e parenteral. Muitas 
vezes, as emulsões são preferidas às preparações semissólidas para aplicação 
tópica, pois são de natureza não oleosa, além de possuírem fácil espalhabili-
dade em grandes áreas (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). No caso da 
administração ser parenteral, as emulsões são mais aplicadas via intravenosa, 
conforme Allen, Popvich e Ansel (2013).
Como a emulsão é formada por dois líquidos imiscíveis que sofreram um 
processo de emulsificação para possibilitar a mistura relativamente estável, 
acaba tendo glóbulos muito pequenos do tipo o/a ou a/o. 
No caso de uso oral, o tipo o/a é mais agradável ao paladar, visto que o 
veículo é aquoso e pode ser edulcorado e flavorizado, de forma a mascarar 
o sabor desagradável de alguns óleos. A fase interna não entrará em contato 
com as papilas gustativas, sendo direcionada diretamente para o estômago.
No caso de emulsão para uso externo (tópico), é utilizada tanto a emulsão 
o/a como a a/o. A escolha se dará pelas características do fármaco, necessi-
dade de emoliente na fórmula e situação da superfície cutânea (ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013): 
 � Se o fármaco for irritante à pele, o ideal é que esteja na fase interna, 
assim, a fase externa é que terá maior contato com a pele, protegendo-a 
da irritação que o fármaco poderá ocasionar. 
11Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo
 � A solubilidade ou miscibilidade do fármaco em óleo e em água também 
é um fator determinante para a escolha do veículo e do tipo de emulsão. 
 � Em peles íntegras, a emulsão a/o é mais aplicada pela facilidade e 
uniformidade da aplicação, já que a pele é coberta por uma fina camada 
oleosa, portanto, com mais afinidade pela camada externa da emulsão, 
que é oleosa. Essa emulsão também é mais emoliente, por resistir à 
secagem e à retirada pela água.
 � Para formulações que têm o objetivo de retirada fácil do medicamento 
sobre a pele, a emulsão deve ser o/a.
ALLEN JR, L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farmacêuticas e sistemas de liberação 
de fármacos. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 
AULTON, M. E.; TAYLOR, K. M. G. (ed.). Aulton: delineamento de formas farmacêuticas. 
4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia brasileira. 6. ed. Brasí-
lia, DF, 2019. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/259143/
Volume+I+Pronto.pdf/4ff0dfe8-8a1d-46b9-84f7-7fa9673e1ee1. Acesso em: 24 out. 2019.
PRISTA, L. V. N.; ALVES, A. C.; MORGADO, R. M. R. Técnica farmacêutica e farmácia galênica. 
4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991. v. 1.
THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. A prática farmacêutica na manipulação de medica-
mentos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
Formas farmacêuticas líquidas de uso interno e externo12

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