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Farmácia Prática Anti-inflamatórios & Anti-hipertensivos Em Resumo São Paulo 2016 Autoria, Capa e Diagramação Leandro Pereira Roque Este é um livro de produção independente, com direitos autorais registrados na Fundação Biblioteca Nacional Gênero: Didático Esta obra foi elaborada com o propósito de levar adiante de forma mais prática para consulta todo o conteúdo pesquisado nos materiais de “Resumão” anti-inflamatórios e anti-hipertensivos, disponíveis à venda no Blog Interação Medicamentosa. Inflamação A reação inflamatória é caracterizada por uma sequência de eventos biológicos provocados pela invasão de um patógeno ou em decorrência de algum tipo de lesão sofrida pelo organismo. A inflamação pode ser conceituada em três etapas: a resposta inflamatória aguda, a resposta imune e a inflamação crônica. Logo após a ocorrência de algum tipo de lesão tecidual, a resposta aguda acontece tendo o envolvimento de mediadores inflamatórios, que são eicosanoides como as prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. A resposta imune apresenta duas possibilidades, podendo ser tanto benéfica quanto prejudicial ao hospedeiro. Quando ocorre a neutralização de microrganismos estranhos ao organismo a resposta é benéfica, mas quando não ocorre a resolução do processo e se desenvolve a inflamação crônica, então a resposta não é eficiente. A inflamação crônica envolve os mediadores, tais como as interleucinas, interferons e fator de necrose tumoral A síntese dos eicosanoides, ou endoperóxidos, tem início com a ação da enzima fosfolipase-A2 sobre a membrana celular e a consequente liberação de ácido araquidônico. A etapa seguinte consiste na ação de outra enzima que recebe o nome de ciclo- oxigenase (COX) e que apresenta dois subtipos: COX-1 e COX-2 (em algumas fontes há informação sobre o subtipo COX-3, o qual está presente no tecido cerebral e é inibido pelo paracetamol). O subtipo COX-1 é conhecido como constitutivo, pelo fato de exercer funções fisiológicas importantes no organismo, tais como: proteção da mucosa gástrica, agregação plaquetária, inibição de trombogênese e manutenção da função renal. A COX-2 é identificada como induzida, justamente por ser o subtipo de ciclo- oxigenase responsável pela inflamação. Há ainda a ação de outra enzima sobre o ácido araquidônico, que é a lipoxigenase. Esta enzima irá originar leucotrienos (LTs) e lipoxinas. Eicosanoides Vejamos algumas informações sobre os eicosanoides derivados do ácido araquidônico e suas respetivas funções: - Protaglandina E1 (PGE1): manutenção fisiológica com atuação sobre a mucosa gastrintestinal e na musculatura lisa vascular - Prostaglandina E2 e GF2-alfa (PGE2 e PGF2-alfa): são mediadores do processo inflamatório, os quais sensibilizam receptores periféricos relacionados à dor, causando contração da musculatura lisa. - Prostaglandina I2 (prostaciclina): produz ativação da enzima adenilatociclase, efeito vasodilatador, liberação de renina e natriurese. Em circunstâncias normais, atua impedindo a agregação plaquetária e desempenha papel importante no fluxo sanguíneo pulmonar e renal. - Tromboxano A2 (TXA2): é encontrado em plaquetas, exercendo a função de agregação. Ocasiona também a broncoconstrição e a vasoconstrição (sendo, assim, efeitos opostos ao da prostaciclina). - Leucotrienos (LTs): recebem este nome por serem encontrados em leucócitos (leuco) e por conterem três duplas ligações alternadas ou conjugadas (trieno). Desempenham papel importante na anafilaxia e na asma brônquica. Eventos Celulares Neste tópico serão citadas algumas células, acompanhadas de breve descrição de sua participação no processo inflamatório. - Mastócitos: Presentes nos tecidos, são células produtoras de mediadores químicos com a propriedade de modificar reações vasculares e celulares. Algumas substâncias importantes são liberadas por este tipo celular, sendo a histamina a principal delas. - Plaquetas: Apesar de seu envolvimento direto na coagulação, as plaquetas também podem participar do processo inflamatório. São tipos celulares produtores de tromboxano A2 (TXA2) e do fator de ativação plaquetária (FAP). - Leucócitos: São células capazes de englobar, matar e digerir microrganismos. Apresentam-se de duas formas: polimorfonucleares (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) ou mononucleares (monócitos e linfócitos). As células do tipo polimorfonucleares são as primeiras a penetrar na área onde ocorre o processo inflamatório. - Células endoteliais vasculares: São tipos celulares que participam da vasodilatação de arteríolas, facilitando o aporte de plasma e células sanguíneas para a área inflamada. - Células destruidoras naturais (NK): Conhecidas como natural killers (NK), estas células são linfócitos que possuem a função de destruir células alvo no processo inflamatório. Há ainda os eventos vasculares que ocorrem no processo inflamatório, envolvendo duas situações: dilatação de arteríolas com aumento do fluxo sanguíneo e aumento da permeabilidade de vênulas pós-capilares com exsudação de líquido. Efeito Antipirético A perda e a produção de calor no organismo são eventos controlados pelo hipotálamo, de forma a manter o equilíbrio necessário da temperatura corporal. As bactérias possuem endotoxinas que provocam a liberação de interleucinas dos macrófagos, as quais, por sua vez, induzem a produção de prostaglandinas que irão elevar o ponto de ajuste da temperatura e gerar o estado febril. Este, no entanto, não é o único mecanismo responsável pela febre. A ação farmacológica dos antipiréticos não é totalmente esclarecida, mas é provável a sua ação no hipotálamo, onde elevam o limiar da dor e reduzem a temperatura corporal. Os fármacos comumente utilizados para o controle da febre são o paracetamol e a dipirona. AINEs Os AINEs (sigla que identifica os anti-inflamatórios não esteroides) são os fármacos mais amplamente utilizados no tratamento de processos inflamatórios e no alívio das dores não intensas. Exercem ação anti-inflamatória, analgésica e antipirética. O mecanismo de ação dos AINEs corresponde à inibição de ciclo-oxigenase (COX), enzima que, conforme vimos anteriormente, exerce ação sobre o ácido araquidônico originando os eicosanoides. Deste modo, são fármacos que irão interferir na biossíntese destas substâncias participantes do processo inflamatório. De um modo simples, dividimos os AINEs de acordo com a sua seletividade sobre a inibição de COX, já que há fármacos que possuem ação não seletiva (inibindo igualmente os subtipos enzimáticos), fármacos com ação seletiva (inibindo o subtipo COX- 2, que é a forma induzida de ciclo-oxigenase) e ainda os fármacos com ação preferencial sobre COX-2, porém sem fazer parte do grupo daqueles que são seletivos. A divisão também separa os AINEs nos grupos químicos aos quais pertencem. Vejamos a seguir os fármacos que farão parte de nosso estudo, que são aqueles mais facilmente encontrados para comercialização: Salicilatos - Ácido Acetilsalicílico O ácido acetilsalicílico foi sintetizado em 1897, sendo, portanto, um fármaco muito antigo e popular, largamente utilizado ainda hoje. Para que se obtenham os efeitos anti-inflamatórios, analgésicos e antipiréticos com este fármaco, a dosagem ideal é a de 500mg com intervalos de 6h em adultos. A atividade antiagregante plaquetária também é atribuída ao ácido acetilsalicílico, a qual é obtida, geralmente, quando utilizado em menores dosagens em longo prazo (100mg diários). Ácidos Indolacéticos Neste grupo citaremos a indometacina e o etodolaco, que são fármacos com boa atividade anti-inflamatória e analgésica, porém baixa ação antipirética. A indometacina possui indicação como anti-inflamatório, antirreumático e antigotoso. Devido aos efeitos colaterais, o maior emprego deste fármaco ocorre na artrite intensa ou moderada,com posologia inicial de 25mg duas vezes ao dia. Recomenda-se administrar a indometacina com alimentos, visando reduzir os seus efeitos colaterais, dentre os quais a leucopenia, a púrpura e a trombocitopenia. Outra recomendação é a de o paciente dirigir ou operar máquinas somente após certificar-se de que seu estado de alerta não foi alterado em decorrência do tratamento. O etodolaco apresenta reações do tipo gastrintestinais menores em relação a outros AINEs, porém há relatos de disfunção hepática ou renal, assim como retenção de líquidos. A dose máxima diária não deve exceder aos 1.200mg. Derivados Pirazolônicos A fenilbutazona será o nosso fármaco de escolha para o estudo deste grupo dos anti-inflamatórios não esteroides. Este fármaco possui alta ligação às proteínas plasmáticas, exigindo cuidado na coadministração com outros tratamentos devido à possibilidade de gerar interações por deslocamento da fração ligada às proteínas, onde permanece inativa. Varfarina e ácido valproico são exemplos deste tipo de situação. Os efeitos colaterais mais conhecidos são desconforto abdominal, náusea, vômito e ulcerações pépticas. Além disso, há o risco de agranulocitose e anemia aplástica, com maior incidência em idosos. A maior utilização deste fármaco ocorre em quadros de artrite quando o paciente não apresenta resposta a outros anti- inflamatórios. A dose diária recomendada é a de 600mg divididos em três administrações. Derivados de Ácidos Propiônico e Fenilacético Neste grupo algumas descreveremos propriedades do ibuprofeno, do naproxeno e do cetoprofeno como derivados do ácido propiônico e também do diclofenaco como fenilacético. O ibuprofeno possui utilidade como antipirético e analgésico, além de antigotoso, antirreumático e auxiliar no tratamento da enxaqueca. A dose não deverá ultrapassar 3.200mg/dia e este fármaco não deve ser utilizado durante a gravidez, em pacientes hemofílicos ou portadores de insuficiência renal. É importante ter cuidados com outros medicamentos que estiverem associados, exigindo atenção especial os anticoagulantes, os hipoglicemiantes e aqueles com potencial nefrotóxico. O naproxeno possui indicação na artrite reumatoide, dismenorreia, enxaqueca e crises agudas de gota. É um fármaco que compete pelas ligações plasmáticas com o ácido acetilsalicílico (o ibuprofeno também possui esta característica). Efeitos adversos em decorrência do uso deste fármaco incluem: azia, erupções de pele, constipação, dificuldade respiratória, zumbido, sonolência e tontura. Recomenda-se cautela ao dirigir ou operar máquinas. O cetoprofeno é um fármaco com propriedade de inibição tanto de ciclo-oxigenases quanto lipoxigenase. É indicado em procedimentos odontológicos, obstétricos, inflamações de garganta e ouvido, tendinite, gota e enxaqueca. A dose usual é de até 200mg diários, que serão divididos em duas a quatro administrações, dependendo da apresentação utilizada. Entre os efeitos colaterais citaremos reações gastrintestinais, hipersensibilidade dermatológica com erupções ou prurido e sonolência. Seu uso deve ser evitado durante a gravidez. O diclofenaco é um potente inibidor não seletivo de COX, com boas atividades anti-inflamatória, analgésica e antipirética, indicado em condições crônicas, como na artrite, ou dores musculoesqueléticas agudas. A dose usual é a de 100 a 150mg diários divididos em duas ou três administrações, havendo variações conforme a apresentação utilizada. Recomenda-se manter a menor dose possível na utilização deste fármaco, já que as reações adversas podem ocorrer com certa facilidade. Dentre elas, citaremos: alteração no tempo de resposta à insulina em diabéticos, úlcera péptica, transpiração excessiva, edema de extremidades, tontura e secura de boca e mucosas. Oxicans ou Ácidos Enólicos Neste grupo incluiremos o estudo de propriedades do piroxicam, meloxicam e tenoxicam. O piroxicam, por sua meia vida longa, permite a administração em dose única diária. Sua indicação se aplica ao tratamento de dores pós-cirúrgicas ou pós-traumáticas, osteoartrite e distúrbios musculoesqueléticos. Entre os efeitos colaterais deste fármaco podemos citar cefaleia, vertigem, sonolência, diarreia e alterações no apetite. A dose usual é de 20mg ao dia. O meloxicam é indicado no tratamento da osteoartrite e da artrite reumatoide, utilizado em doses diárias de 7,5mg e 15mg, respectivamente. No caso da artrite reumatoide é possível reduzir a dose pela metade, conforme resposta apresentada pelo paciente. Este fármaco possui maior atividade inibitória de COX-2 quando comparado ao piroxicam, tanto quanto ao diclofenaco, indometacina, naproxeno e ibuprofeno. Deve-se evitar o uso em pacientes menores de 15 anos, com histórico de asma, insuficiência renal ou hepática e na gestação. O tenoxicam possui propriedades semelhantes às do piroxicam e a dose diária recomendada, do mesmo modo, é de 20mg. Quanto aos cuidados que se deve tomar no emprego deste fármaco em terapia, podem ser levados em consideração os mesmos que foram descritos para o meloxicam. Seletividade para COX-2 Entre os fármacos com ação seletiva sobre COX-2, descreveremos o celecoxibe e o etoricoxibe, além da nimesulida, que não é propriamente um AINE seletivo de COX-2, mas possui inibição mais acentuada deste subtipo enzimático em relação à COX-1. A princípio o uso de AINEs seletivos representaria a melhor alternativa terapêutica devido ao fato de inibirem apenas a forma induzida de COX, sem interferir na isoforma constitutiva e, portanto, preservando as funções fisiológicas das prostaglandinas. A questão é que estes fármacos promovem a inibição de prostaciclina (PGI2), eicosanoide que, como vimos, promove inibição da agregação plaquetária e vasodilatação, ações contrárias à do tromboxano A2 (TXA2), o qual não é inibido por este grupo de fármacos. A consequência disso é a ocorrência de eventos pró- trombóticos que podem culminar em acidentes vasculares cerebrais ou cardíacos. Por este motivo é que o uso de celecoxibe ou etoricoxibe deve ser criterioso, tanto que estes fármacos encontram-se em lista de controle especial, diferenciando-se, assim, dos demais AINEs. O celecoxibe possui indicação em casos de dor aguda, dismenorreia, osteoartrite e também procedimentos odontológicos, sendo utilizado em doses de 200mg diárias administradas uma ou duas vezes ao dia, conforme apresentação utilizada. Entre os efeitos colaterais estão o edema nas pernas e tornozelos, vertigem, diarreia e dor abdominal. O fármaco não deve ser utilizado na gestação, amamentação, asma ou insuficiência renal. O etoricoxibe possui indicações de uso semelhantes às do celecoxibe e a dose usual diária é de 60 a 120mg. Preferencialmente deve-se evitar o uso durante a gravidez e, caso seja necessário, utilizar somente nos dois primeiros trimestres e se o benefício justificar o risco ao feto. Entre as contraindicações estão a insuficiência renal, hepática ou cardíaca e a úlcera péptica. Como alguns efeitos colaterais podemos citar a hipertensão, fadiga, tontura e edema de membros inferiores. A nimesulida possui bons efeitos anti-inflamatório, analgésico e antipirético, sendo um fármaco com ação preferencial sobre COX-2. A dose usual recomendada é a de 100mg administradas duas vezes ao dia, com intervalos de 12h. Os efeitos colaterais gastrintestinais podem ser menores em relação aos demais AINEs não seletivos, mas também ocorrem. Além disso, há relatos de sonolência, cefaleia, constipação e tontura. Este fármaco não deve ser utilizado durante a gestação ou na amamentação e está proibido em alguns países devido à hepatotoxicidade. Compostos Diversos Neste tópico serão estudados fármacos utilizados no tratamento da artrite reumatoide, como metotrexato e cloroquina, fármacos empregados como antigotosos, tais como o alopurinol e a colchicina, além do ácido mefenâmico, que é um fármaco do grupo dos fenamatos e o paracetamol, um analgésico derivado do para-aminofenol.O metotrexato, além de útil como antirreumatoide, possui ação citotóxica e imunossupressora, tendo seu mecanismo de ação correspondente ao antagonismo do ácido fólico. Trata-se de fármaco com elevada toxicidade e que exige cuidado sempre que houver necessidade de coadministração com outros medicamentos, devido ao risco de interação e consequente manifestação de reações adversas, que são principalmente de origem hematológica e renal. A cloroquina, além de eficaz no tratamento de artrite reumatoide, é indicada também para tratar casos de malária, amebíase hepática e lúpus eritematoso sistêmico. É um fármaco que reduz a quimiotaxia de leucócitos e inibe a proliferação de linfócitos induzida por mitógenos. Aproximadamente 50% dos pacientes tratados respondem bem à terapia com este fármaco. Os efeitos colaterais incluem alteração no apetite, náuseas, vômitos, fraqueza muscular e problemas na acuidade visual. O alopurinol é um inibidor de xantina-oxidase que apresenta eficácia no tratamento em longo prazo da gota, porém sem efetividade nos casos agudos. A dose usual diária varia de 200 a 600mg conforme necessidade, sendo provável a utilização de outro fármaco para o alívio da dor no início do tratamento. Esta medida tem o objetivo de evitar episódios de artrite gotosa. Efeitos colaterais que poderão surgir com o uso deste fármaco incluem algumas alergias cutâneas, intolerância gástrica e diarreia. A colchicina é utilizada na artrite gotosa, apresentando eficácia nos casos agudos e na prevenção de episódios de dor ao inibir a migração de neutrófilos associados com a mediação dos sintomas da gota para as articulações. A dose usual é de 0,5 a 1mg nos casos preventivos, podendo aumentar no tratamento de episódios agudos. Além de reações gastrintestinais, este fármaco pode produzir lesão renal quando utilizado em doses elevadas. O ácido mefenâmico é utilizado para alívio sintomático da dismenorreia e da síndrome pré-menstrual, além de possuir indicação em casos de artrite reumatoide, osteoartrite, cefaleia e dores pós-operatórias. É um fármaco que possui propriedades anti- inflamatória, analgésica e ainda antipirética, demonstrando analgesia central e periférica. Os efeitos colaterais mais comuns envolvem o sistema gastrintestinal, além de anemia hemolítica em casos isolados. Efeitos tóxicos limitam a utilidade deste fármaco, cuja dose recomendada é a de 500mg três vezes ao dia. O paracetamol é um fármaco que representa alternativa eficaz para o ácido acetilsalicílico como analgésico e antipirético, porém não é útil como anti-inflamatório. Devido ao fato de ser um analgésico que possui efeitos colaterais menores em relação ao ácido acetilsalicílico, seu uso é mais recorrente, porém a hepatotoxicidade precisa ser levada em consideração. Sua baixa atividade anti-inflamatória é atribuída ao fato de ser um inibidor fraco de COX. A dose usual é de 500mg a cada 6h ou 750mg a cada 8h, não devendo exceder 4.000mg diários. Além da hepatotoxicidade, exantema cutâneo e outras reações alérgicas podem ocorrer. Corticosteroides A síntese de esteroides, substâncias que correspondem a hormônios adrenocorticoides ou corticosteroides, ocorre no córtex da suprarrenal (ou adrenal) e são liberadas na circulação para que possam exercer sua atividade no organismo. São subdivididas em glicocorticoides e mineralocorticoides, sendo as primeiras responsáveis por efeitos no metabolismo intermediário e as segundas pela regulação sanguínea de eletrólitos. Os esteroides que possuem atividade glicocorticoide são úteis no tratamento de processos inflamatórios e alérgicos, fato que estimulou a pesquisa de corticosteroides sintéticos com ação anti- inflamatória. Estes fármacos facilitam a síntese de lipocortina ao interagirem com receptores intracelulares, resultando na inibição da enzima fosfolipase-A2 e consequente impedimento na formação de ácido araquidônico e dos eicosanoides participantes de processos inflamatórios. Corticosteroides sintéticos apresentam, além de atividade anti-inflamatória, ação antirreumática, antialérgica e ainda ação imunossupressora. Estas outras aplicações se dão por outros mecanismos produzidos no organismo, porém iremos nos ater à sua aplicação na inflamação. A hidrocortisona é um glicocorticoide de ocorrência natural, correspondendo à forma ativa da cortisona, com baixa atividade anti-inflamatória e significativa retenção de sal e água. Por este motivo procurou-se desenvolver outros fármacos que pudessem apresentar maior eficácia nos processos inflamatórios e menor atividade mineralocorticoide. A prednisolona e a prednisona (pró-fármaco) são corticosteroides de ação média, com maior eficácia na inflamação e atividade mineralocorticoide menor quando comparada à que é produzida pela hidrocortisona. A betametasona, assim como a dexametasona, são corticosteroides tidos como de ação longa, apresentando maior efeito anti-inflamatório e baixa atividade mineralocorticoide. Outros corticosteroides que também possuem atividade anti- inflamatória são: beclometasona, budesonida e fluticasona, comumente utilizados no sistema respiratório. A utilização destes fármacos deve ser criteriosamente avaliada quanto aos riscos em relação ao benefício pretendido, devido aos efeitos colaterais que abrangem úlceras, miopatias, tontura e candidíase orofaríngea (no caso dos inalatórios). Além das reações desagradáveis já citadas, há de se considerar a síndrome de Cushing, que é caracterizada por hipertensão arterial, aumento de gordura abdominal, estrias, osteoporose, hiperglicemia, adelgaçamento de membros inferiores e superiores, assim como cicatrização deficiente. Esta síndrome também produz sintomas específicos de gênero. Na terapia corticosteroide sistêmica é necessário acompanhar os pacientes em relação à retenção de sódio, glicosúria e ocorrência de infecções. Sempre que possível, a dose deve ser a menor efetiva, justamente para prevenir qualquer tipo de complicação em decorrência do uso do medicamento. Interações Medicamentosas Nesta parte serão descritas algumas interações envolvendo o uso de fármacos com ação anti-inflamatória que foram apresentados em nosso estudo. Os textos a seguir foram retirados do livro Interação Medicamentosa. Os seguintes fármacos serão incluídos aqui: ácido acetilsalicílico, alopurinol, celecoxibe, diclofenaco, fenilbutazona, indometacina, metotrexato, naproxeno, nimesulida, prednisolona, prednisona e paracetamol. Vale salientar que, sempre que surgirem AINEs ou corticosteroides na descrição de uma interação medicamentosa, outros fármacos do mesmo grupo também precisam ser considerados como potenciais causadores da mesma condição. Ácido Acetilsalicílico X Valproato de Sódio INTERAÇÃO Está relatado em bula o aumento da toxicidade do valproato de sódio quando associado ao ácido acetilsalicílico, devido à maior taxa de deslocamento das proteínas plasmáticas e consequente elevação nos níveis de fármaco em sua forma ativa. Alguns sintomas que poderão surgir em decorrência desta interação são os seguintes: fraqueza, náusea, vômito, sonolência ou dor abdominal. O ajuste na dose pode ser uma medida necessária visando garantir maior eficácia e segurança ao tratamento. Alopurinol X Amoxicilina INTERAÇÃO As bulas de ambos os medicamentos informam que o uso desta associação pode aumentar a probabilidade de se manifestarem reações alérgicas cutâneas, havendo o mesmo risco para a utilização de alopurinol com ampicilina. Recomenda-se administrar, sempre que for possível, uma alternativa que substitua estes antimicrobianos nos pacientes em tratamento com alopurinol e que precisarem cuidar de uma infecção. Celecoxibe X Lítio INTERAÇÃO Em resultados de estudos descritos em bula, foi verificado o aumento nos níveis séricos de lítio em aproximadamente 17% quando feito o uso associado ao celecoxibe. Há a recomendação de se monitorar o paciente em tratamento com lítio quando o celecoxibe for introduzido ou retiradoda terapia. Levando-se em consideração o baixo índice terapêutico do lítio, as alterações séricas são importantes em termos de toxicidade. Diclofenaco X Captopril INTERAÇÃO A administração de diclofenaco (sódico ou potássico) em pacientes hipertensos que fazem uso contínuo de captopril poderá produzir alterações na pressão arterial, fato que se deve à redução da eficácia do anti-hipertensivo. O mesmo efeito é esperado em decorrência do uso de outros AINEs, conforme descrito em bula. Além disso, deve haver atenção com a função renal, especialmente se um diurético estiver combinado no tratamento e o paciente for idoso ou ainda apresentar comprometimento do órgão. Fenilbutazona X Glimepirida INTERAÇÃO A fenilbutazona pode potencializar o efeito de hipoglicemiantes orais, a exemplo da glimepirida, por deslocar competitivamente outros fármacos de suas ligações proteicas. A fim de se evitar o risco de hipoglicemia como consequência da alteração na potência ou duração da atividade da glimepirida, o monitoramento da glicemia é recomendado. O mesmo tipo de interação é esperado em caso de utilização da fenilbutazona com outros fármacos inseridos no grupo das sulfonilureias, tais como a glibenclamida, glicazida ou clorpropamida. Indometacina X Varfarina INTERAÇÃO A associação de varfarina com a indometacina, assim como ocorre com outros anti-inflamatórios, exige cautela devido à possibilidade de potencialização do efeito anticoagulante. Caso exista a necessidade de o paciente em tratamento com varfarina ser medicado com AINEs, há recomendação de se monitorar o tempo de protrombina e ajustar a dose conforme necessidade apontada pelos exames. Metotrexato X Omeprazol INTERAÇÃO Os inibidores da bomba de prótons, tomando como exemplo o omeprazol, podem aumentar os níveis séricos do metotrexato. A consequência desta interação é a de maior exposição do paciente aos efeitos colaterais. A bula do metotrexato relata uma série de reações adversas importantes, de forma que o cuidado não deve ser negligenciado. Diante da impossibilidade de substituição e doses elevadas de metotrexato, há recomendação de se considerar a interrupção temporária do omeprazol. Naproxeno X Fluoxetina INTERAÇÃO A possibilidade de sangramentos, úlcera ou perfuração gastrintestinal é associada ao uso dos AINEs, principalmente em pacientes com histórico, nos quais as doses devem ser as menores para que se evitem problemas. O mesmo risco também é descrito em bula com o uso dos ISRS, de forma que o uso concomitante destes fármacos se torna mais perigoso e exige precaução. Nimesulida X Espironolactona INTERAÇÃO Pacientes que seguem tratamento com a espironolactona e fizerem uso de nimesulida correrão risco de sofrerem hipercalemia e nefrotoxicidade, além de haver redução do efeito diurético na presença do AINE. O mesmo tipo de interação, segundo informação de bula, pode ocorrer no caso de uso concomitante da nimesulida com outros diuréticos poupadores de potássio, tendo como exemplo a amilorida. Prednisolona X Levotiroxina INTERAÇÃO Na administração da levotiroxina, há a necessidade da conversão periférica para tri-iodotironina (T3), a fim de se obter o efeito terapêutico que é pretendido com a reposição hormonal. Glicocorticoides podem inibir esta conversão e reduzir a concentração sérica de T3, possivelmente gerando a necessidade de se rever a posologia. Fármacos com ação beta-simpatolítica, a exemplo do propranolol, também possuem esta capacidade e podem produzir interação, de acordo com o que está descrito em bula. Prednisona X Captopril INTERAÇÃO Corticosteroides como a prednisona podem reduzir a eficácia de anti-hipertensivos por produzirem retenção de sódio, elevando a pressão arterial e interferindo no tratamento com captopril e outros fármacos de mesma indicação terapêutica. Ainda que a prednisona apresente maior atividade anti- inflamatória e menor retenção de sódio quando comparada à hidrocortisona, sua administração por períodos superiores a uma semana de tratamento poderá ocasionar interação. Paracetamol X Fenobarbital INTERAÇÃO O risco existente nesta associação de fármacos é o de ocorrer elevação do potencial hepatotóxico atribuído ao paracetamol, consequente da indução do sistema citocromo P450 produzida pelo fenobarbital. Os pacientes em tratamento com o anticonvulsivante devem ser orientados para que não se submetam ao risco de sofrer danos causados pela interação, principalmente se levarmos em conta que o paracetamol é um medicamento isento de prescrição e muito procurado nas drogarias. Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) Entre as enfermidades crônicas que apresentam risco ao paciente, a hipertensão arterial figura entre as que mais acometem a população. Para se ter uma ideia, estima-se que 15 a 20% dos adultos de todo o mundo apresentem alterações na pressão arterial, as quais tendem a tornar-se mais pronunciadas conforme o aumento na idade. Hipertrofia do ventrículo esquerdo, assim como modificações patológicas nos vasos sanguíneos capilares, são consequências da pressão superior aos valores limítrofes. Os problemas mais sérios que são causados pela hipertensão arterial e que são conhecidos do público geral são o acidente vascular cerebral (AVC) e o infarto agudo do miocárdio, mas também se pode considerar a ocorrência de insuficiência cardíaca, renal ou aneurisma de aorta. É de fundamental importância que pacientes hipertensos em tratamento tenham a pressão arterial monitorada, a fim de verificar- se a eficácia do tratamento prescrito para que não ocorra a progressão da patologia. Tanto nos indivíduos normotensos, hipotensos ou hipertensos, a manutenção dos valores da pressão sistólica e da diastólica são obtidos pela regulação do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. Os baroceptores são sensíveis à pressão e ao estiramento dos vasos, de maneira que sua informação é levada ao tronco encefálico pelo nervo do seio carotídeo. No caso de mudanças na posição corporal, os barorreflexos são os responsáveis pelo rápido ajuste da pressão arterial. O órgão responsável pelo controle da pressão arterial em longo prazo é o rim, ao passo que regula o volume sanguíneo. Este controle renal ocorre por meio do sistema renina-angiotensina- aldosterona (SRAA), o qual atua em sinergismo com o sistema nervoso autônomo simpático e estimula a secreção de aldosterona. A consequência é a maior retenção de sódio e água, aumentando o volume sanguíneo. O SRAA também participa na regulação do tônus vascular e contribui na patogenia da insuficiência cardíaca congestiva e arritmias. A renina é secretada pelo aparelho justaglomerular, constituído pela arteríola aferente, arteríola eferente e túbulo contorcido proximal. Após secretada, a renina atua sobre o angiotensinogênio produzido pelo fígado e origina a angiotensina I. Esta, por sua vez, sofre a ação da enzima conversora de angiotensina (ECA), originando a angiotensina II. Após a obtenção de angiotensina II, os efeitos esperados no organismo são os seguintes: vasoconstrição, aumento da liberação de noradrenalina pelo sistema simpático e também estímulo na secreção de aldosterona, aumentando a reabsorção tubular de sódio e água. A ECA é encontrada nos pulmões, coração, cérebro, rins e músculo estriado. Esta enzima possui a capacidade de inativar a bradicinina, a qual exerce as funções de promover a vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular. A barreira hematoencefálica não protege o cérebro dos efeitos da angiotensina II existente na circulação. O coração apresenta seu próprio sistema renina- angiotensina, assim como receptores de angiotensina II localizados no miocárdio. É possível, segundo experimentos, que a produção local de angiotensina II exerça influência sobre a contratilidade. Além do SRAA, a regulação da pressão arterial é realizada também por outros mecanismos fisiológicos, tais como o reflexo baroceptor,sistema simpático, endotelina e quimioceptores. Estes diversos mecanismos são apenas aqui citados, sem explicação aprofundada, para que não percamos de vista o propósito de um resumo com maior enfoque nos medicamentos. Fatores Envolvidos na Patogenia da HAS Genéticos: A hipertensão é motivada por uma predisposição que o indivíduo apresenta e que poderá agravar-se de acordo com a conduta de vida que este assuma. Quanto às modificações genéticas ou decorrentes do envelhecimento orgânico, podem-se citar três sistemas, a saber: SRAA, sistema nervoso simpático e calicreína-cinina. Obesidade: A obesidade, caracterizada como o excesso de gordura no organismo originado da maior ingestão energética dos alimentos em relação ao gasto calórico, está vinculada aos fatores de risco para o desenvolvimento de hipertensão e doença cardiovascular. Dislipidemia: Condição que é identificada pela concentração excessiva de lipoproteína de baixa densidade (LDL) no plasma, associada à reduzida concentração de lipoproteína de alta densidade (HDL). Alcoolismo: Estima-se que aproximadamente 25% dos casos de hipertensão arterial sejam atribuídos ao consumo do álcool etílico em grandes quantidades. Em termos de valores, é possível dizer que o indivíduo está sob risco de tornar-se hipertenso ao consumir quantidades diárias superiores a 1L de cerveja, 400mL de vinho ou 120mL de bebidas destiladas. Tabagismo: Devido ao elevado número de componentes químicos presentes em um cigarro, o trabalho de identificação das substâncias que são as responsáveis pelo aumento da pressão arterial é dificultado. Entretanto, sabe-se que a nicotina, o monóxido de carbono e também o cádmio participam deste processo. Dieta: Em relação à dieta, o cloreto de sódio é o alvo de atenção de estudos epidemiológicos. Estudos mostram resultados divergentes, porém estima-se que o consumo diário superior a 15g de cloreto de sódio pode ser o responsável pela prevalência da hipertensão. O mecanismo mais importante envolvido é a alteração da função renal. Menopausa: Há o risco aumentado de as mulheres desenvolverem hipertensão arterial após a menopausa, fato que possivelmente atribui-se ao sistema renina-angiotensina-aldosterona. Durante a gravidez, apesar de descrita a elevação de renina e angiotensina II, o aumento da pressão não é rotineiro devido aos mecanismos regulatórios que a gestante apresenta. Fármacos Anti-hipertensivos Tendo em vista a utilidade do aspecto didático, é possível separar os fármacos em quatro grandes grupos de acordo com a proposta de tratamento. A seguir veremos os grupos específicos segundo o mecanismo de ação de seus respectivos representantes. A princípio, e de modo simples, diremos que os anti- hipertensivos poderão atuar da seguinte forma: (1) produzindo alterações na função do sistema nervoso autônomo simpático, (2) interferindo no SRAA, (3) bloqueando seletivamente canais de cálcio ou (4) promovendo diurese. Ao realizarmos o estudo de cada grupo de acordo com seu mecanismo de ação, citaremos os principais fármacos envolvidos no processo, considerando a proposta de um material em formato de resumo. Vasodilatadores Diretos Os fármacos incluídos que são neste grupo diminuem a resistência vascular sistêmica ao produzirem relaxamento da musculatura lisa arteriolar. Possuem a indicação de tratar a hipertensão ou ainda condições associadas a esta patologia, tais como a insuficiência coronariana e a angina. Descreveremos aqui as seguintes substâncias: hidralazina, minoxidil, dinitrato de isossorbida, mononitrato de isossorbida e propatilnitrato. A hidralazina possui efeito mínimo sobre o sistema venoso, apresentando maior eficácia em casos de hipertensão grave. O mecanismo de ação está associado à redução do trifosfato de inositol citoplasmático, responsável pela liberação de cálcio. A dose usual deste fármaco geralmente é de 25mg 2 vezes ao dia e alguns dos efeitos adversos possíveis são: cefaleia, taquicardia, náusea, sudorese e rubor facial. O minoxidil é um fármaco que pode ser empregado em substituição à hidralazina quando a eficácia deste não atinge os objetivos terapêuticos. Trata-se de potente vasodilatador cuja ação ocorre sobre a musculatura lisa dos vasos de resistência. A dose usual de tratamento costuma ser de até 40mg diários e, no caso de gestantes e lactentes, recomenda-se o emprego do fármaco somente quando o benefício justificar o risco. Entre os efeitos adversos estão: taquicardia, dermatite, tontura, vômitos e disfunção sexual. Os três fármacos deste grupo sobre os quais resta-nos apresentar comentários, os nitratos orgânicos, possuem indicação na profilaxia e tratamento da angina e da insuficiência coronariana. O dinitrato de isossorbida pode apresentar resposta hipotensora intensa no início do tratamento, de forma que não é recomendado o início da terapia com dose superior à de 5mg, ajustando-se após conforme a necessidade verificada. As doses serão individualizadas levando-se em consideração tanto a resposta clínica quanto as alterações hemodinâmicas. Entre as reações adversas mais comuns estão: cefaleia, vômitos, hipotensão ortostática e taquicardia. O mononitrato de isossorbida possui ação relaxante direta sobre a circulação coronariana e venosa, além de vasodilatação no sistema arterial periférico, reduzindo a resistência vascular. O comprimido deve ser colocado sob a língua, repetindo-se a dose conforme critério médico. Os efeitos adversos mais comuns são leves, manifestados como cefaleia, hipotensão e náusea. O propatilnitrato induz efeito pouco significativo na redução da resistência vascular periférica em pacientes normotensos. Segundo a bula, este fármaco produziu alívio mais rápido da angina provocada por exercício quando comparado ao dinitrato de isossorbida. Recomenda-se a utilização sublingual quando houver sinais de crise aguda de angina e as reações mais comuns são: cefaleia, tontura, fraqueza e taquicardia. Inibidores da ECA (Enzima Conversora de Angiotensina) São fármacos que inibem a conversão de angiotensina I para angiotensina II, a qual produz vasoconstrição e estimula a produção de aldosterona, um mineralocorticoide que aumenta a retenção hídrica. Deste modo, os IECA promovem vasodilatação e natriurese (maior eliminação de água), tratando assim a hipertensão. Citaremos os seguintes fármacos: captopril, enalapril, lisinopril e ramipril. O captopril foi o primeiro fármaco representante deste grupo a ser introduzido na terapia anti-hipertensiva. Recomenda-se sua administração com 1h de intervalo das refeições, devido à possibilidade de redução na absorção. Atravessa a barreira placentária e é excretado no leite materno, sendo, portanto, contraindicado na gravidez e na lactação. A posologia varia a critério médico e as doses podem ser administradas 2 ou 3 vezes ao dia. Os efeitos adversos mais comuns são tosse seca, erupção de pele e fraqueza, com possibilidade de hipercalemia no uso contínuo. O enalapril corresponde ao segundo IECA disponibilizado no mercado. A presença de alimentos altera de forma pouco significativa a absorção, que precede a hidrólise enzimática para a liberação de enalaprilat, inibidor ativo da ECA. O fármaco pode atravessar a barreira placentária e requer atenção ao ajuste de dose em diabéticos e nos idosos. A dose diária recomendada varia entre 10 e 40mg e alguns efeitos adversos esperados são: tontura, cefaleia, fadiga, astenia, erupções cutâneas e tosse. O lisinopril, além de anti-hipertensivo, apresenta utilidade no tratamento do infarto agudo do miocárdio e da insuficiência cardíaca congestiva, devido à atividade vasodilatadora. A presença de alimento não altera a absorção deste fármaco, cuja posologia recomendada é de 10mg diários iniciais, com possibilidade de modificação a critério médico. As reações adversas identificadas como comuns são semelhantes às dos fármacos anteriormente citados. O ramipril, da mesma forma como ocorre com o enalapril, é um pró-fármaco quesofre hidrólise, liberando inibidor ativo identificado como ramiprilat. A presença de alimentos não interfere na biodisponibilidade do ramiprilat, seguindo exemplo de outros IECA. A dose inicial recomendada é a de 2,5mg, podendo ser ajustada posteriormente. Este fármaco também apresenta dados que indicam sua passagem pela barreira placentária e os efeitos adversos são semelhantes aos dos demais representantes do grupo. Antagonistas dos Receptores de Angiotensina II (ARA) Este grupo de fármacos diferencia-se dos IECA porque não inibem a conversão de angiotensina I para angiotensina II. Seu mecanismo de ação está associado ao antagonismo da angiotensina II por atuação sobre dois subtipos de receptores: AT1 e AT2 (não confundir AT1 e AT2 com angiotensina I e II, pois são subtipos de receptores sobre os quais a angiotensina II exerce sua atividade). São alternativas aos pacientes que não toleram os efeitos adversos atribuídos aos IECA, especialmente tosse e angioedema. Os fármacos sobre os quais trataremos aqui são os seguintes: losartana, valsartana, irbesartana e telmisartana. A losartana apresenta atividade muito maior sobre receptores AT1 em relação aos receptores AT2. Este fármaco apresenta alta ligação às proteínas plasmáticas, fato que deve ser levado em consideração no que diz respeito às interações medicamentosas, uma vez que há possibilidade de deslocamento da fração ativa para o seu sítio de ação. A dose inicial recomendada é a de 50mg diários, podendo ser aumentada ou associada a um diurético, como a hidroclorotiazida. Os efeitos adversos mais comuns são cefaleia, tontura e fadiga, com menor ocorrência de tosse quando comparado a um IECA. A valsartana produz antagonismo seletivo da angiotensina II, atuando sobre os receptores AT1. A presença de alimentos interfere na biodisponibilidade do fármaco, reduzindo a área sob a curva e a Cmáx. Não interfere em sistemas oxidativos dependentes do citocromo P450, fato que reduz a possibilidade de causar problemas com interação no metabolismo hepático. O efeito anti-hipertensivo é obtido com 80 ou 160mg diários deste fármaco, cujos efeitos adversos são raros. Não é recomendada sua administração durante a gravidez. A irbesartana possui atividade não competitiva sobre receptores AT1 e apresenta maior lipossolubilidade em relação à losartana, característica que facilita a sua absorção. A presença de alimentos não influencia a biodisponibilidade deste fármaco, que é biotransformado pela isoenzima CYP2C9 no sistema hepático. A dose habitual inicial é de 150mg, sem a necessidade de ajustes em casos de insuficiência renal ou hepática de leve a moderada. Os efeitos adversos são leves e semelhantes aos dos demais representantes do grupo. A telmisartana apresenta elevada ligação às proteínas plasmáticas, chegando a atingir aproximadamente 99%. Este dado exige atenção quanto à possibilidade de interação com os fármacos que poderão efetuar o deslocamento de sua fração ativa. A dose recomendada é de 40mg, podendo ser aumentada de acordo com critério médico e os efeitos colaterais são mínimos. A redução na depuração deste fármaco é possível em pacientes que apresentarem insuficiência hepática grave ou ainda distúrbios biliares obstrutivos, uma vez que a excreção ocorre em grande proporção pela bile. Bloqueadores Seletivos dos Canais de Cálcio O cálcio é um elemento que participa de forma essencial no sistema cardiovascular, controlando a vasodilatação e também a vasoconstrição. O influxo intracelular de cálcio é considerado o mecanismo mais importante para a contração muscular, de forma que o bloqueio de seus canais inibe o processo de contração do músculo liso. Citaremos aqui estes fármacos: verapamil, diltiazem, nifedipino e anlodipino. O verapamil, primeiro fármaco do grupo disponibilizado à clínica médica, possui a indicação de anti-hipertensivo, antianginoso, profilático de enxaqueca e na cardiomiopatia hipertrófica. Este fármaco atravessa a barreira placentária e é excretado no leite materno, sendo contraindicado em caso de gravidez e na lactação. Há alta ligação de seu metabólito ativo às proteínas plasmáticas, exigindo cuidado no que diz respeito à possibilidade de interações. A dose recomendada é a de 240mg divididos em 2 ou 3 administrações e algumas das reações adversas mais comuns são: edema periférico, bloqueio cardíaco atrioventricular, bradicardia, insuficiência cardíaca congestiva, fadiga e nervosismo. O diltiazem é útil como hipotensor, vasodilatador coronariano, antiarrítmico e antianginoso. A maior parte da excreção deste fármaco ocorre por meio da bile. Nos casos de gestantes, lactentes, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão arterial grave, infarto agudo do miocárdio com congestão pulmonar ou bradicardia intensa, este fármaco é contraindicado. A dose diária pode variar, a partir de 90mg, de acordo com critério médico, e os efeitos adversos mais comuns são: tontura, fraqueza, rubor, distúrbios de ordem gastrintestinal e síndrome de Stevens-Johnson (requer cuidado). O nifedipino apresenta seletividade vascular, com potente ação vasodilatadora periférica e ausência de ação atrioventricular. O fármaco apresenta alta ligação às proteínas plasmáticas e é contraindicado na gravidez e lactação. A dose diária recomendada na hipertensão é de 10mg 3 vezes ao dia ou a critério médico. Os efeitos adversos podem ser os mesmos dos citados para outros fármacos do grupo, além de parestesia, ginecomastia, hiperplasia gengival e visão turva. O anlodipino possui indicação na hipertensão e no tratamento da angina, com ação direta sobre a musculatura vascular lisa. A presença de alimentos não altera a biodisponibilidade deste fármaco, o qual exige atenção diferenciada aos indivíduos que apresentam insuficiência hepática, pois a meia-vida de eliminação é aumentada. O uso na gravidez somente deve ser considerado se não houver alternativa mais segura e a doença acarretar risco à gestante e ao feto. As doses diárias são de 5mg ou 10mg e os efeitos adversos mais relatados são: dor abdominal, fadiga, sonolência, cefaleia e edema. Hipotensores de Ação Neural Fármacos que reduzem a estimulação simpática dos centros vasopressores no tronco cerebral. As opções disponíveis neste grupo são mais reduzidas em relação aos demais, de forma que estudaremos a metildopa e a clonidina. A metildopa atua reduzindo a pressão arterial, principalmente por diminuir a resistência vascular periférica. Este fármaco sofre descarboxilação para formar a alfa- metilnoradrenalina, tida como um “falso mensageiro” que difere da noradrenalina por ser menos ativa em receptores do tipo alfa-1, produzindo menor vasoconstrição, além de apresentar maior atividade em receptores alfa-2. O fármaco atravessa a barreira placentária e é excretado em pequenas doses pelo leite materno. A dose inicial recomendada é de 250mg 2 ou 3 vezes ao dia e alguns dos efeitos adversos possíveis são: reações hemolíticas, hepatotoxicidade, impotência sexual, tontura, fadiga e náuseas. A clonidina possui atividade sobre os receptores alfa-2, tanto no tronco cerebral quanto nos receptores periféricos pós-sinápticos, ativando-os. A ação hipotensora é resultado da queda na resistência vascular periférica e na frequência cardíaca. O fármaco é indicado em todas as formas de hipertensão arterial, profilaxia da enxaqueca e adjuvante na dismenorreia. As contraindicações são descritas nos casos de insuficiência renal e gravidez. A dose usual recomendada é a de 0,100mg ao deitar e os efeitos adversos possíveis são: boca seca, constipação, fraqueza muscular, dor nas articulações e redução da libido. Antagonistas Beta-adrenérgicos (Betabloqueadores) Além de úteis na terapia anti-hipertensiva, os betabloqueadores também são empregados no tratamento da angina, arritmias e infarto do miocárdio (além de glaucoma). São fármacos que diminuem a força de trabalho do coração em decorrência da redução do ritmo cardíaco e da força de contração do miocárdio. Estegrupo de fármacos pode ser subdividido em dois outros, que são os seletivos e os não seletivos. Estudaremos aqui o atenolol, metoprolol (seletivos) e o propranolol (não seletivo). O atenolol é compatível com outros anti-hipertensivos, diuréticos e antianginosos. A dose inicial diária recomendada é de 50mg, podendo ser aumentada a critério médico. Conforme o aumento da dose administrada, a seletividade do fármaco pode ser reduzida, o que deve ser levado em consideração no caso de pacientes portadores de asma. A ligação com as proteínas é baixa e, após alcançar a circulação sistêmica, o efeito persiste durante 24 horas. O risco na gravidez é C e algumas das reações adversas comuns são: bradicardia, extremidades frias, distúrbios gastrintestinais e fadiga. O metoprolol é um fármaco que apresenta biodisponibilidade baixa devido à extensão do efeito de primeira passagem. A bula do fármaco informa que, quando necessário, pode ser coadministrado com um agonista beta-2 em pacientes que apresentam doença pulmonar obstrutiva, além de ser uma opção terapêutica adequada para a profilaxia da enxaqueca. Há o risco de agravamento dos sintomas de arteriopatia periférica com o uso deste fármaco, que apresenta risco C para a gravidez. A dose pode variar entre 50 e 200mg diários e as reações adversas comuns são: bradicardia, cefaleia, alterações posturais, náuseas e dispneia de esforço. O propranolol é um fármaco não seletivo com igual afinidade entre os receptores beta-1 e beta-2, correspondendo ao protótipo deste grupo farmacológico. Além das indicações já citadas para os betabloqueadores, este fármaco também pode ser utilizado no tratamento da estenose subaórtica hipertrófica. É facilmente absorvido devido à alta lipossolubilidade que possui e contraindicado em asmáticos, pelo risco de broncoespasmo, e em diabéticos, devido à possibilidade de elevação da glicemia. No caso específico de diabéticos, os betabloqueadores em geral podem mascarar a taquicardia reflexa da hipoglicemia. O risco na gravidez é C e as doses usuais na hipertensão ficam na faixa de 160mg diários. As reações adversas mais comuns são: sonolência, fadiga, disfunção sexual e fraqueza. Diuréticos Os diuréticos, divididos em diferentes grupos conforme o local e mecanismo de ação, são fármacos com utilidade no tratamento da hipertensão, geralmente associados a um anti- hipertensivo quando este, como monoterapia, não produz os resultados desejados na conduta clínica. Estudaremos os seguintes fármacos, mais comumente prescritos e, ao mesmo tempo, úteis à proposta de estudo em resumo: furosemida, hidroclorotiazida, clortalidona, indapamida e espironolactona. A furosemida é indicada nos quadros de hipertensão leve ou moderada e edemas consequentes de queimaduras, distúrbios cardíacos, hepáticos ou renais, sendo ainda útil na crise hipertensiva. Atua no segmento ascendente da alça de Henle promovendo a excreção de sódio, potássio e outros íons. Pacientes com síndrome nefrótica poderão apresentar proteinúria. Este fármaco, que geralmente é utilizado em doses diárias de 40mg, atravessa a barreira placentária e é excretado pelo leite materno, devendo ser evitado durante a gravidez (risco C). É comum ocorrer hipovolemia, distúrbios eletrolíticos, hipotensão ortostática e crises de gota. A hidroclorotiazida é um tiazídico que, assim como os demais representantes deste grupo, atua no túbulo distal promovendo a excreção de sódio e potássio. Os tiazídicos são conhecidos também como fármacos saluréticos e perdem eficácia quando usados em pacientes com função renal diminuída. São fármacos que atravessam a barreira placentária e são excretados pelo leite materno. Exigem o controle de potássio quando utilizados de forma prolongada, devido à perda constante deste íon. Distúrbios metabólicos podem ocorrer com tiazídicos, que seria o caso de hiperglicemia e glicosúria em diabéticos, além de crises de gota, hiponatremia e hipocalemia. Recomenda-se a restrição de sódio na dieta e atenção à prática de exercícios extenuantes sob sol forte. As doses diárias podem variar no início do tratamento, sendo reduzidas na manutenção. A clortalidona (tiazídico) é indicada na hipertensão arterial essencial, como terapia primária ou combinada, além de edemas de origem específica e profilaxia de cálculos de oxalato de cálcio recorrentes. A dose diária deve ser a mínima possível, sendo a diurese induzida a partir de 12,5mg. O fármaco atravessa a barreira placentária e é excretado pelo leite materno, sendo contraindicado na hiperuricemia sintomática, hipertensão durante a gravidez (risco B), hipocalemia e hiponatremia. Há necessidade de cautela em pacientes com insuficiência renal. Reações adversas comuns são: distúrbios eletrolíticos, vertigem, hipotensão postural, desconforto abdominal e rash cutâneo. A indapamida é fármaco identificado como sulfonamida, sendo farmacologicamente relacionado aos tiazídicos, indicado no tratamento da hipertensão e edema decorrente de insuficiência cardíaca congestiva. Durante a terapia com este fármaco recomenda-se a redução de sal na dieta e abstenção de bebidas alcoólicas, além de maior aporte de potássio. A velocidade da absorção é aumentada na presença de alimentos e a taxa de ligação às proteínas plasmáticas é elevada. A dose usual diária é a de 2,5mg e as contraindicações correspondem à insuficiência renal grave, encefalopatia hepática, hipocalemia e na gravidez sem orientação médica. Alguns efeitos indesejados que podem ocorrer são: alcalose metabólica, hiperglicemia, elevação do colesterol e disfunção sexual. A espironolactona é um antagonista da aldosterona, designado como um poupador de potássio que aumenta a excreção de sódio e água. A taxa de ligação às proteínas plasmáticas é elevada e os metabólitos ativos atravessam a barreira placentária, sendo excretados em pequena quantidade no leite materno. Há contraindicação nos casos de hipercalemia e insuficiência renal grave. O uso na gravidez deve ocorrer somente se o benefício justificar o risco (C). A possibilidade de hipercalemia é elevada em associação aos AINE ou IECA. As indicações aplicam-se à hipertensão essencial, síndrome nefrótica, ascite associada à cirrose e edemas por insuficiência cardíaca congestiva. A dose usual varia entre 50 e 100mg ao dia e as reações adversas são de origem gastrintestinal, neurológica e metabólica. Interações Medicamentosas Nesta parte do estudo estão inseridas algumas interações de fármacos que compõem o presente resumo. Todas as informações a seguir foram retiradas do Blog Interação Medicamentosa, sendo que algumas delas também estão presentes no livro de mesmo nome. Isossorbida X Sildenafila INTERAÇÃO A associação destes fármacos aumenta o risco de redução brusca da pressão sanguínea, de forma que o uso concomitante deve ser evitado. A mesma informação vale para o uso de tadalafila em pacientes tratados com isossorbida. Captopril X Prednisona INTERAÇÃO Corticosteroides podem reduzir a ação dos anti-hipertensivos por produzirem retenção de sódio, elevando assim a pressão arterial e interferindo no tratamento com captopril e também outros fármacos de mesma indicação terapêutica. Metformina X Enalapril INTERAÇÃO Fármacos que agem como inibidores da ECA, tomando como exemplo o enalapril, podem ocasionar redução da glicemia nos pacientes diabéticos tratados com metformina. Em decorrência desta interação, é possível que exista a necessidade de ajuste na dose do hipoglicemiante para evitar descompensações. Este procedimento deve ser levado em consideração durante o uso dos inibidores da ECA ou após sua interrupção. Ramipril X Alopurinol INTERAÇÃO A associação de alopurinol com inibidores da ECA eleva a probabilidade de ocorrência de reações hematológicas, como por exemplo, a eosinofilia (classificada em bula como reação incomum). Recomendam-se avaliações mais frequentes naqueles pacientes que possuem alterações na função renal,lúpus eritematoso ou ainda naqueles que são tratados com outros fármacos que de alguma forma possam alterar o perfil hematológico. Losartana X Fluconazol INTERAÇÃO O uso concomitante destes fármacos pode reduzir a eficácia do anti-hipertensivo, devido à inibição de seu metabólito ativo ocasionada pelo antifúngico. O mesmo tipo de interação pode ocorrer caso forem utilizados outros fármacos antagonistas de receptores de angiotensina II. Assim sendo, recomenda-se o monitoramento da PA nos pacientes durante o tratamento. Valsartana X Lítio INTERAÇÃO De acordo com a bula, foram relatadas alterações séricas do lítio, incluindo casos de toxicidade, durante o uso concomitante com antagonistas dos receptores de angiotensina II, grupo no qual estão incluídos fármacos como a valsartana, losartana e irbesartana. A mesma informação está associada ao uso de lítio em conjunto com inibidores da ECA. Diltiazem X Sinvastatina INTERAÇÃO A associação de bloqueadores dos canais de cálcio com estatinas poderá elevar os níveis plasmáticos destas, fato que predisporá o paciente a reações adversas e necessidade de intervenção no tratamento. Danos hepáticos e miopatias são as reações mais prováveis, incluindo casos de rabdomiólise (ainda que raros), conforme descrição de bula. Nifedipino x Cimetidina INTERAÇÃO A metabolização do nifedipino ocorre por meio de CYP3A4, de forma que fármacos com ação indutora ou inibidora deste sistema enzimático poderão interferir na depuração. Esta é justamente a possibilidade de interação entre o citado antagonista do cálcio e a cimetidina, fármaco inibidor de CYP3A4. Ritmo cardíaco irregular, edema ou queda na pressão arterial são sintomas sugestivos da interação. Atenolol x Clonidina INTERAÇÃO O uso de um betabloqueador associado à clonidina pode exacerbar a hipertensão de rebote que tende a ocorrer após a retirada desta, se feita de forma brusca. Parece não haver distinção quanto à seletividade atribuída ao atenolol ou à ação sobre os receptores beta-1 e beta-2 produzida pelo propranolol, já que na bula de ambos está descrita a interação. Metoprolol X Citalopram INTERAÇÃO O metoprolol, conforme descrito em bula, é um substrato de CYP2D6, isoenzima que tem como um de seus inibidores o citalopram. Foi identificado em estudo o aumento das concentrações de metoprolol quando feito seu uso associado ao citalopram, sem, no entanto, haver aumento significativo no efeito sobre a pressão sanguínea e frequência cardíaca em voluntários sadios. Propranolol x Metformina INTERAÇÃO A bula relata que propranolol modifica a taquicardia da hipoglicemia, assim como pode prolongar a resposta hipoglicêmica à insulina, portanto é sugerida cautela na administração concomitante com a metformina ou outros fármacos hipoglicemiantes. Furosemida x Deflazacorte INTERAÇÃO A retenção de sal e água, além de aumento na excreção de potássio, são características do uso de corticosteroides sistêmicos. Se houver associação de deflazacorte com a furosemida, que é um diurético potente com efeito depletor de potássio, o risco de hipocalemia pode ser elevado. Hidroclorotiazida X Glibenclamida INTERAÇÃO A hidroclorotiazida é um fármaco que pode reduzir a eficácia dos hipoglicemiantes orais ou interferir na necessidade de insulina. O exemplo mencionado foi a glibenclamida, mas o mesmo pode ocorrer com outros fármacos que possuem esta finalidade, sejam sulfonilureias ou pertencentes a um grupo diverso. Indapamida X Digoxina INTERAÇÃO A perda de potássio que é produzida pela indapamida pode ocasionar hipocalemia, a qual, por sua vez, irá favorecer a ocorrência dos efeitos tóxicos associados à digoxina. Há maior risco de esta interação ocorrer em pacientes nas seguintes condições: portadores de deficiências nutricionais, idosos, portadores de doença arterial coronariana e cirróticos que apresentam edemas e ascite. Referências Farmacologia - Uma Abordagem Prática Gustav Schellack Fármacos & Medicamentos Lourival Larini Interação Medicamentosa Leandro Pereira Roque Bulário ANVISA As Bases Farmacológicas da Terapêutica Goodman & Gilman Medicina.net Visite o Blog Interação Medicamentosa www.interacaomedicamentosa.com Leandro Pereira Roque Farmacêutico-Bioquímico Inflamação Eicosanoides Eventos Celulares Efeito Antipirético AINEs Salicilatos - Ácido Acetilsalicílico Ácidos Indolacéticos Derivados Pirazolônicos Derivados de Ácidos Propiônico e Fenilacético Oxicans ou Ácidos Enólicos Seletividade para COX-2 Compostos Diversos Corticosteroides Interações Medicamentosas Ácido Acetilsalicílico X Valproato de Sódio INTERAÇÃO Alopurinol X Amoxicilina INTERAÇÃO Celecoxibe X Lítio INTERAÇÃO Diclofenaco X Captopril INTERAÇÃO Fenilbutazona X Glimepirida INTERAÇÃO Indometacina X Varfarina INTERAÇÃO Metotrexato X Omeprazol INTERAÇÃO Naproxeno X Fluoxetina INTERAÇÃO Nimesulida X Espironolactona INTERAÇÃO Prednisolona X Levotiroxina INTERAÇÃO Prednisona X Captopril INTERAÇÃO Paracetamol X Fenobarbital INTERAÇÃO Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) Fatores Envolvidos na Patogenia da HAS Fármacos Anti-hipertensivos Vasodilatadores Diretos Inibidores da ECA (Enzima Conversora de Angiotensina) Antagonistas dos Receptores de Angiotensina II (ARA) Bloqueadores Seletivos dos Canais de Cálcio Hipotensores de Ação Neural Antagonistas Beta-adrenérgicos (Betabloqueadores) Diuréticos Interações Medicamentosas Isossorbida X Sildenafila INTERAÇÃO Captopril X Prednisona INTERAÇÃO Metformina X Enalapril INTERAÇÃO Ramipril X Alopurinol INTERAÇÃO Losartana X Fluconazol INTERAÇÃO Valsartana X Lítio INTERAÇÃO Diltiazem X Sinvastatina INTERAÇÃO Nifedipino x Cimetidina INTERAÇÃO Atenolol x Clonidina INTERAÇÃO Metoprolol X Citalopram INTERAÇÃO Propranolol x Metformina INTERAÇÃO Furosemida x Deflazacorte INTERAÇÃO Hidroclorotiazida X Glibenclamida INTERAÇÃO Indapamida X Digoxina INTERAÇÃO Referências
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