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Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 Acidente vascular cerebral QUADRO CLÍNICO DO PACIENTE: - Cefaleia súbita - Perda de força unilateral súbita - Desorientação - Mudança na fala - Alteração visual (diplopia e alteração de campo visual) - Midríase - Boca desvia (lado saudável é o lado que a boca desvia) MANEJO DO PACIENTE: O QUE FAZER? - Ligar para 192 - Checar via aérea do paciente, se está respirando, se não estiver respirando intubar - Avaliar PA, HGT <50 ou HGT>400, FC - Frisar a hora do início dos sintomas para o SAMU e encaminhar para o centro de referência - Nunca deixar o paciente sair da tutela do médico até a SAMU chegar ESTAMOS NA EMERGÊNCIA, PERCEBEMOS QUE É UM AVC, O QUE FAZER? → Chamar um neurologista (se tiver) → Ver se o paciente está estável → Realizar tomografia (obrigatório!) sem contraste → chamar o radiologista → Não se administra nenhum medicamento antes da tomografia → Diferenciar se isquêmico ou hemorrágico (não tem características clínicas que diferenciem, só com imagem) → Laboratoriais → Farmácia - liberação de medicamentos. → Obter: o Acesso venoso periférico (geralmente 2 acessos) o Laboratoriais: hemograma, plaquetas, TP/RNI, KTTP, eletrólitos, glicemia, uréia, creatinina, TGO, TGP → não é prioridade, não atrasa a trombólise. o TC de crânio → necessária antes de iniciar a trombólise o ECG → não atrasa a trombólise o O único exame de sangue que precisa estar registrado para fazer a trombólise é o HGT → Meta é iniciar trombólise em até 30 minutos nos centros de AVC, bom serviço até 1h. EPIDEMIOLOGIA: → 1 em cada 4 pessoas acima de 25 anos terão AVC no decorrer de suas vidas → 1ª causa neurológica de maior impacto no mundo o 8 a 20%: morte em 30 dias o 60%: morte em 5 anos o 70% não retorna ao trabalho o 50% dependente o 30% demência em um ano (incapacidade cognitiva) → 13,7 milhões de novos casos de AVC por dia → 5,5 milhões de mortes todos os anos → 116 milhões de dias de vida saudável são perdidos devido ao AVC todos os anos → 80 milhões de sobreviventes do AVC → 2ª causa de morte no mundo → 2ª causa de morte no Brasil, que está entre os 10 países com maior mortalidade para o AVC → > 45 anos: 17,8% experienciaram sintomas de VC → Infartos silenciosos: 6 a 28% → Risco de recorrência em 5 anos: 20% → Globalmente, todos os fatores de risco modificáveis contribuem com 88,8% do impacto do AVC Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 o Principal fator de risco para AVC: hipertensão arterial TC serve para ver se tem sangramento. Mas nas primeiras 4h tende a ser normal. Só da pra saber se é isquêmico ou hemorrágico pela TC, clinicamente tem os mesmos sintomas. TIPOS DE AVC 1) AIT → Recuperação completa dos sintomas dentro das primeiras 24h, sendo que a maioria recupera na primeira hora. → É um fator de risco, pois tem chance de recorrência. Por isso é tão sério quanto os outros efeitos. → Exame de imagem sem evidência – RNM normal → É o “princípio/ameaça de AVC” 2) AVC ISQUÊMICO → 80 - 85% → Mais comum de aparecer na emergência → Artéria Cerebral média é a mais acometida (irriga núcleos da base e cápsula interna responsável pela fala, linguagem e motricidade da face) → Pode ter sequelas → Alterações no exame de imagem → Conduta de emergência bem definida: anticoagulação 3) AVC HEMORRÁGICO → 12 - 20% → normalmente uma ruptura arterial → Não se faz anticoagulação. → Manejo cirúrgico → Intraparenquimatoso o Malformações arterovenosas, hipertensão o artérias de pequeno calibre → Subaracnoide o Ruptura de aneurisma FATORES DE RISCO → NÃO-MODIFICÁVEIS o Idade: risco dobra a cada ano o Sexo masculino o Raça/etnia: negros fazem mais AVC o História familiar o Doenças genéticas ▪ Jovens que sofreram AVC: pesquisar doenças genéticas e distúrbios de coagulação → MODIFICÁVEIS o Hipertensão arterial sistêmica ▪ Estudos de metanálise têm demonstrado que o controle da PA reduz a incidência de AVC em 30 a 40%. o Dislipidemia ▪ Estatina reduz o risco de AVC em 20%, todos pacientes que tiveram AVC|AIT, tem que tomar o DM e síndrome metabólica o Tabagismo: aumenta o risco em 2-3x o Sedentarismo (150min/semana tem que orientar) o Obesidade: IMC >25, a cada ponto a mais (= 3kg a +), aumenta 5% o risco de AVC o Dieta inadequada o AIT prévio: 30% dos não tratados terá AVC em 5 anos, 10% nos 3 meses seguintes ▪ Melhor oportunidade de intervenção. O cérebro mostrou que existe uma doença vascular grave, mas o paciente não está sintomático ainda. É importante manter o paciente no hospital em monitorização. ▪ No Brasil a investigação ambulatorial é demorada, o ABC score não é útil para liberar o paciente por esse motivo. Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 o Estenose carotídea ▪ Por que o mínimo de 70% de estenose em paciente assintomático? Porque nesse momento que tem um aumento muito significativo do risco de AVC (supera o risco da cirurgia). Em um ano ele tem 10% de risco de ter um AVC. o Apneia do sono ▪ Em apneia de sono tem hipoxemia e pico hipertensivo, o que pode causar um AVC durante a noite. ▪ Se o paciente realizar o tratamento correto reduz em 90% o risco de um novo AVC o Outros: etilismo, lipoproteína a elevada, cardiopatia isquêmica, fibrilação atrial, valvulopatia cardíaca, anticoncepcionais, enxaqueca com aura 10 PASSOS PARA PREVENÇÃO DO AVC 1- Prevenir ou controlar a HAS 2- Cessas tabagismo e evitar exposição passiva ao tabaco 3- Prevenir ou controlar DM 4- Prevenir ou controlar dislipidemia 5- Identificar e tratar fibrilação atrial 6- Evitar ingesta excessiva de álcool 7- Manter dieta balanceada: dieta DASH é muito usada para controle de HAS a. Dieta DASH: Redução do consumo de sódio, aumento de consumo de vegetais, frutas oleaginosas. b. Dieta do mediterrâneo também pode ajudar. 8- Manter um peso saudável (IMC/circunferência abdominal) 9- Fazer exercícios físicos 10- Orientar familiares e amigos AVC ISQUÊMICO: O QUE CAUSA UM AVC ISQUÊMICO? → Obstrução de vasos. → Vasos responsáveis pela vascularização encefálica: → Sistema carotídeo: carótida comum se divide em externa e interna. A ACInterna que origina os vasos intracranianos. → Artéria basilar é intracraniana e é originária da fusão das artérias vertebrais. → A carótida interna origina: cerebral média, cerebral anterior. → Artéria basilar origina: cerebrais posteriores ETIOLOGIA → Classificação TOAST o Aterosclerose de grandes artérias o Cardioembólico o Oclusão de pequenas artérias (infarto lacunar) o Outras etiologias: doenças inflamatórias, genéticas, sífilis o Origem indeterminada Aterosclerose de grandes artérias → O fluxo sanguíneo é, em geral, laminar, não agride a parede endotelial. → As placas tendem a se organizar, nem toda placa forma uma estenose significativa (com turbilhonamento) o Com turbilhonamento, o sangue passa com mais violência, causando dano epitelial. → Triade de Virshow: dano endotelial, hipercoagulabilidade, estase sanguínea → Essa placa pode sofrer ulcerações, formar trombos, que podem desagregar e fazer embolismos, ou pode se completar e ocluir a artéria. → Ter AITs de repetição é chamado de claudicação: quando os pequenos trombos vão ocluindo vasos menores sem causar muito prejuízo. Cardioembolismo → Oclusão de vasos encefálicos por êmbolos cardíacos – relacionado a estase e coagulação. → Lesões em geral corticais ou corticais/subcorticais → Pode ocorrer lesão de múltiplos territórios vasculares → Principal patologia associada: fibrilação atrial Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 → Endocardite também é uma fonte de cardioembolismo que causa bastante sangramento Oclusão de pequenosvasos (infarto lacunar) → Temos os ramos perfurantes, que são finos e delicados da vasculatura cerebral. → Eles são muito sensíveis a diversas doenças o Ex.: microangiopatia, angiopatia amilose cerebral, lipohialinose → Sintomas corticais (linguagem) não tem nesse tipo de AVC → Não temos no infarto lacunar: o Linguagem → afasia o Atenção → heminegligência (ignorar todo o lado esquerdo do seu corpo, não reconhecer seu corpo como seu corpo) o Alterações nos campos visuais: hemianopsia → Temos: o Síndromes motoras puras: só com sintoma motor o Síndromes sensitivas puras: alteração só da sensibilidade o Síndromes motoras-sensitivas: envolvimento de toda a cápsula interna, envolvimento do tálamo (que aí pode causar uma síndrome dolorosa) O território vascular: Ocorrem principalmente na cerebral média ESCALA DE CINCINNATI → Para população e profissionais de saúde tentarem identificar que está tendo um AVC. 1 desses sinais é 80% de chance do paciente ter AVC → Os sintomas do AVC que estão nessa campanha estão relacionados com a circulação carotídea, porque são mais comuns. → Avalia principalmente AVC anterior → Somente pelo quadro neurológico (exame físico) não é possível distinguir se é um AVC isquêmico ou hemorrágico. → Hipoglicemia severa simula um déficit neurológica focal. SEMPRE medir o HGT. → NÃO administrar AAS em paciente sem TC de crânio!! → Se estiver no meio da rua ou em um posto e o paciente chegar com AVC, CHAMA O SAMU. O SAMU é o regulador dos pacientes com AVC. Tempo é cérebro → A cada minuto 2 milhões de neurônios morrem durante o evento isquêmico → Nas primeiras 4h30min pode ser tentado tratamento com trombólise intravenosa → Atualmente, pode-se dispor do tratamento endovascular → Quando mais rápido se age, menor a chance de déficit permanente SINAIS E SINTOMAS DE AVC → Perda súbita de força ou sensibilidade de um lado do corpo (face, membro superior ou inferior) Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 → Dificuldade súbita de falar ou compreender → Perda visual súbita em um ou ambos os olhos → Súbita tontura, perda de equilíbrio ou coordenação (avc posterior) → Dor de cabeça súbita, atingindo o ápice em 1 minuto (ruptura de aneurisma, hemorragia subaracnoide) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE AVC → Crise convulsivas não reconhecidas → Meningite/encefalite → Encefalopatia hipertensiva → Estados confusionais → Distúrbios tóxicos/metabólicos (hipoglicemia) → Migrânea → Neoplasias intracranianas → Hematoma subdural → Paralisia de Bell → Hipo e hiperglicemia VASCULARIZAÇÃO ENCEFÁLICA → Duas redes distintas, com implicações distintas merecem destaque: o Carotídea: art cerebrais ant e médias o Vertebrobasilar: art cerebrais post PEGAR SLIDE → Linguagem: área de Wernick no hemisfério esquerdo o Se tem afasia e hemiparesia à direita, provavelmente o AVC é no hemisfério esquerdo (dominante) o Área da art cerebral média esquerda → Hemiparesia esquerda e heminegligencia esquerda o Heminegligencia é AVC em território não dominante → Somente afasia: AVC na cerebral média → Hemianopsia homônimas (alterações visuais): AVC na região occipital, art cerebral posterior (originada da art basilar) → Paresias de predomínio frontal: cerebral anterior AS SINDROMES VASCULARES DO TRONCO ENCEFÁLICO → Irrigação do tronco encefálico pela circulação posterior (sistema vertebrobasilar) → 3 pares de ramos merecem destaque: o Art cerebelar inferior post (PICA) Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 o Art cerebelar inf ant (AICA) o Art cerebelar superior → As síndromes alternas o Sinais e sintomas de um lado do corpo que são diferentes dos sinais e sintoma do outro lado. o Envolvimento dos nervos cranianos ou de núcleo de nervo craniano ipsilateral à lesão o Envolvimento de trato contralateral à lesão ▪ Trato costicoespinhal, espinotalâmico → vias que ainda não decussaram. o AVC de mesencéfalo ▪ Núcleos de nervos cranianos do mesencéfalo: motricidade ocular – oculomotor → Paralisia facial central (inferior da face) e periférica (de Bell) Caso clínico 1: → Ptose + oftalmoparesia à D: 3º NC (oculomotor) → Hemiparesia à E: trato corticoespinhal → AVC no tronco encefálico, no mesencéfalo à D (NC sempre aponta onde é a lesão) → Síndrome de Weber o Geralmente de etiologia vascular o Estruturas envolvidas: ▪ Tratos corticoespinhal e corticobulbar = hemiparesia contralateral ▪ Núcleo do III: oculoparesia ipsilateral Caso clínico 2: → Paciente com SAAF → Sinal de Bell presente: paralisia periférica → Desvia a comissura labial para a direita: lado paralisado é o esquerdo → AVC na ponte (núcleo do nervo facial) à esquerda → Síndrome de Milliard-Gubler o Envolvimento dos ramos perfurantespontinos o PEGAR SLIDE Caso clínico 3 → Disartria, disfagia: lesão no bulbo → Tontura do tipo vertiginosa → Alteração de sensibilidade no hemicorpo D → Força grau 5 global → Cutaneo plantar expensr bilateral → Hipoestasia termoalgica da hemiface direita e do hemicorpo E → Hemiataxia D → NC: desabamento do palato D (glossofaríngeo e vago inervam o palato – núcleo no bulbo), com desvio da úvula para E, ausência do reflexo do vomito à D → Movimentação ocular extrínseca percebe-se nistagmo inesgotável na mirada horizontal D → Marcha: instabilidade, com tendência à queda para D → Lesão no bulbo ao lado D → Síndrome de Wallenberg → Oclusão da PICA Resumindo Achado no exame → possível vaso envolvido Heminegligência → art cerebral média do hemisf não dominante Afasia → art cerebral média do hemisfério dominante Alt cptais, hemiparesia de predomínio crural → art cerebral ant Alt visuais (hemianopsia homônima) → art cerebral post Síndrome motora/sensitiva pura ou motora-sensitiva → art perfurantes (lacunar) síndrome alternada (sinais nucleares ipsilaterais e de trato contralaterais) → tronco encefálico rebaixamento do sensório → artéria basilar O QUE FAZER NO HOSPITAL? Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 → Primeiro ponto: existem protocolos prontos! Antes de começar a trabalho no hospital é necessário conhecer o protocolo, pois é uma emergência. → O ideal é ter um tempo menor que uma hora para tratar o paciente com AVC isquêmico (desde a chegada no hospital). → O tratamento trombolítico pode ser administrado em até 4h30min após o início dos sintomas. Em até 6h pode ser feito trombectomia (?) na hemodinâmica. NA HORA DO ATENDIMENTO: 1. Sinais vitais (6): a. PA, FC, FR, temperatura b. Dosar HGT c. Vias aéreas/ventilação - saturação e colocar O2 , se necessário 2. Dois acessos venosos calibrosos 3. Nível de consciência - Glasgow 4. Sintomas: a. Quando iniciou? - Devemos tentar ao máximo presumir o tempo do início dos sintomas (Quando foi a última vez que você viu esse paciente bem?) b. Quais? 5. Solicitar exames: TC sem contraste e laboratoriais 6. Medicamentos 7. Comorbidades → Tem que garantir que o paciente tenha estabilidade hemodinâmica para ir fazer uma TC ou qualquer outra intervenção, por isso verificar os SINAIS VITAIS PRIMEIRO. São seis: PA, FC, FR, temperatura, O2 e HGT. → Nível de consciência é para saber se o paciente é confiável ou não para fornecer informações. → O suporte clínico é essencial no manejo do AVC: priorizar vias aéreas e circulação. Se houver necessidade, não hesitar em proceder à intubação orotraqueal. Da mesma forma, evitar aspiração, tratar hipoglicemia ou hiperglicemia, corrigir hipoxemia, evitar hipertermia, hiponatremia etc. → Sempre conhecer os tratamentos disponíveis no serviço. → Em AVC isquêmico e paciente sem comorbidades pode ser tolerada PA até 220/120 mmHg pois é um estado de hipoperfusão cerebral e o organismo tentacompensar aumentando a pressão arterial para chegar mais sangue até o cérebro. Se paciente com comorbidade tolerar até 180/110 mmHg. → Não é comum o paciente chocar com sintomas de AVC isquêmico. Se o paciente chocar: ATENÇÃO pode ser dissecção de aorta, é necessário avaliar o arco aórtico! Em geral esses pacientes apresentam pressão arterial muito baixa. → A FC pode tolerada no AVC é entre 40 e 150. No geral os pacientes têm FC elevada. → Paciente febril, procurar foco infeccioso. Em idosos o AVC pode ser precedido por sepse urinária. Sangramento intracraniano também pode elevar a pressão. → Em geral pacientes chegam com saturação baixa. Em pacientes com AVC manter a saturação superior à 94%, porém cuidar que o excesso é deletério! → Se tiver com HGT alterado, é preciso corrigir. Até 180 ou 200 de glicemia é possível tolerar sem fazer intervenção no caso de suspeita de AVC. → Ocasionalmente, pacientes com hipoglicemia podem ter déficits neurológicos focais que podem simular um acidente vascular encefálico. Confirme a presença de hipoglicemia usando um medidor de glicemia ou reagente em tiras antes de dar 50 mL da solução de dextrose 50%. Os pacientes com acidente vascular encefálico podem ter um pior resultado se a glicemia estiver elevada. NIH ESCALA DE AVC http://www.nihstrokescale.org/Portuguese/2_NIHSS-portugu%C3%AAs-site.pdf ● Valores: ○ 0: sem sinal neurológico ○ 42: pior quadro neurológico possível → A maioria dos protocolos são desenvolvidos para AVC de origem carotídea (anterior). http://www.nihstrokescale.org/Portuguese/2_NIHSS-portugu%C3%AAs-site.pdf Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 → Paciente com demência pode ter reflexo de preensão palmar, então pedimos para o paciente abrir E fechar a mão. → O desvio do olhar está relacionado a maior gravidade. Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 → Paralisia central: atinge o quadrante inferior do rosto. → Paralisia completa: nenhum movimento no rosto (acontece na Paralisia de Bell - benigna - e AVC de tronco - maligno, o núcleo do sétimo nervo craniano é lesado). Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 Testa a sensibilidade em partes proximais, como coxa e parte proximal do braço, porque o paciente pode ter uma neuropatia diabética ou de outra origem que não é o AVC. Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 AVC do hemisfério direito é falta de atenção (atingiu o córtex) extinção unilateral, paciente não percebe os estímulos de um lado. AVC extenso em hemisfério esquerdo: afasia ABORDAGEM AO PACIENTE COM SUSPEITA DE AVC → Duração dos sintomas < 6 horas: avaliar se paciente é elegível para trombólise endovenosa ou trombectomia mecânica Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 → Duração dos sintomas > ou = a 6h: tratar se PAS > 220 e/ou PAD > 120 mmHg; considerar administração de antiplaquetários, profilaxia para tromboembolismo e estatinas. → Exame físico/neurológico o ABC o Sinais vitais o HGT o Saturação de O2 o Peso: para dosagem de medicamentos o NIHSS (National Institutes of Health Stroke Scale) → Aplica a escala depois de verificar os sinais. → NIHSS: o Fornece uma medida quantitativa sobre o déficit neurológico o Originalmente criada para uso em pesquisa o Indicador de severidade do AVC o Preditor do tamanho da lesão e prognóstico a curto e médio prazo o Linguagem comum para informações entre os profissionais o Ajuda a verificar a eficácia do tratamento de trombólise o Realizar os itens do NIHSS em ordem o Registram a performance em cada categoria após avaliação o Não retornar atrás e mudar a pontuação o Range: 0,40 (42) o Sempre gravar a primeira resposta do paciente (Exceto nível de consciência e linguagem) o Pontue o que o paciente faz, e não aquilo que você pensa que ele é capaz de fazer o Caso não complicado: 5 min o Incluir todos déficits, inclusive prévios NEUROIMAGEM → Definir se o AVC é isquemico ou hemorragico, avaliar se o paciente é elegível para trombólise endovenosa. → TC de crânio (preferencial); ASPECTS (Alberta Stroke Program Early CT Score) → RM de crânio (útil em casos de dúvida) → Avaliar se o paciente é elegível para trombectomia mecânica → Estudo de vasos (angio TC ou angio RM) → Contraindicações tomográficas o Sangramento intracraniano (área hiperdensa - branca) o Território extenso bem definido - mais que ⅓ da área cerebral médica (área hipodensa) → considerar técnica endovascular → Contra-indicação de trombólise: mais de 4h30min do início dos sintomas. → Área hiperdensa em parênquima cerebral inalterado: trombo recém deslocado (apontada pela seta). Não é contra- indicação de trombólise. Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 → Perguntas para fazer quando o paciente chega: quando começou e qual foi a última vez que o paciente foi visto bem. → Paciente com tempo indefinido de início dos sintomas/delta: realizar RM e compara sequência flair e sequência de difusão. Se não tiver lesão em flair e lesão na difusão deve ser considerado trombólise. Hipersinal na ressonância NÃO é sangramento. Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 AVC ISQUÊMICOS → Alteplase: medicamento trombolítico. O problema é que tem meia vida curta. (Primeiro infusão em bolus e após infusão ao longo de 1h). Contra-indicado se: distúrbios de coagulação severos (solicitar RNI e esperar TP). COMO AVALIAR SE O PACIENTE É ELEGÍVEL PARA TROMBÓLISE? → Objetivo: tempo porta-agulha ≤ 30 min → quanto antes conseguirmos que a trombólise aconteça, melhor. Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 → Contraindicações absolutas: cobrado em prova de residência o Evidência de hemorragia intracraniana na TC de crânio o Sintomas de AVC iniciado há mais de 4,5 horas do início do previsto da infusão o Paciente recebendo tratamento anticoagulante oral efetivo (varfarina com RNI > 1,7) ou em uso dos novos anticoagulantes orais (NOACS). ▪ Somente a dabigatrana tem como reverter a ação, os outros anticoagulantes não. o Paciente em uso de heparina nas últimas 48 horas com KTTP acima do limite da normalidade o História de AVC recente ou TCE significativo nos últimos 3 meses o História de hemorragia intracraniana, neoplasia intracraniana, aneurisma cerebral ou malformação arteriovenosa. o Infarto extenso com hipodensidade > ⅓ do território da artéria cerebral média na TC de crânio da admissão. o Hipertensão arterial grave refratária ao tratamento (PAS >185 e/ou PAD > 110 mmHg) o Cirurgia extensa ou procedimento invasivo nas últimas 2 semanas o Punção recente (7 dias) de um vaso sanguíneo em sítio não compressível (por exemplo, punção de veia jugular ou subclávia) o Neoplasia com risco de sangramento elevado o Diátese hemorrágica conhecida, TP prolongado (RNI >1,7), KTTP prolongado ou plaquetas < 100 000 o Sangramento grave ativo, recente ou com risco iminente o Cirurgia intracraniana ou da coluna vertebral recente o Massagem cardíaca externa traumática (menos de 10 dias) o Endocardite bacteriana, pericardite, pancreatite aguda o Crianças com menos de 18 anos o Doença hepática grave, incluindo insuficencia hepática, hipertensão portal ( varizes esofágicas) o Sintomas sugestivos de hemorragia subaracnóidea ou dessecção de aorta o Hipersensibilidade conhecida a princípio ativo, gentamicina ou qualquer componente da fórmula. → Contraindicações relativas: o Início dos sintomas desconhecidos o Déficit neurológico mínimo ou sintomas melhorando completa e rapidamente antes do início da infusão o AVCgrave à avaliação clínica (NIHSS > 25) e/ou por técnicas de imagem apropriadas o Infarto do miocárdio recente (3 meses) o Crise convulsiva no inicio dos sintomas o Glicemia <50 ou > 400 o Gravidez o Sangramento gastrointestinal ou uninario → Chegada: o hipoglicemia (<50 mg/dl) ou >400 mg/dl o Melhora rápida dos sintomas → < 1 semana: o punção arterial sítio não compressível → < 2 semanas: o cirurgia de grande porte o Procedimento invasivo → < 3 semanas: o hemorragia TGI ou TGU → < 3 meses: o AVC i ou TCE o IAM (relativa) → Absoluta: o MAV, AVC hemorrágico prévio o Endocardite bacteriana ou êmbolo séptico o gravidez Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 SE O PACIENTE É ELEGÍVEL PARA TROMBÓLISE → Manter PA < 185/110 mmHg → Infusão de alteplase: ○ 0,9 mg/kg até o máximo de 90 mg ○ Bolus (10%) em 1 minuto ○ Infusão do restante em 60 minutos Ex: paciente com 70 kg, dose de alteplase: 63 mg. Se faz 6 mg, sendo que se faz 57 mg em uma hora. Velocidade da bomba: 57 mg/hora O que fazer pelo paciente: → Na rua: SAMU → No ESF: HGT e SAMU O QUE PODE DAR ERRADO DURANTE O TRATAMENTO? → Sangramento, por vários lugares. Exemplo: se sangramento gengival não parar a infusão de alteplase. Se hematuria ou sangramento de TGI (dor abdominal intensa) deve parar a infusão alteplase, sinal de sangramento sistêmico. → Sangramento intracraniano - cefaleia súbita (que não tinha antes) ou muda o sensório (mudança no estado neurológico) → Para o tratamento e pede uma TC . → Reação alérgica → Alteplase: aumenta 30% na chance de melhora neurológica, mas possui risco de sangramento: 6% CUIDADOS DURANTE TROMBÓLISE ENDOVENOSA → Monitorar NIHSS e PA → Interromper trombólise e solicitar TC de crânio se: cefaleia, dispneia, rebaixamento de nível de consciência, aumento de PA, sangramento) → Garantir dois acessos venosos → Solicitar avaliação cirúrgica SE SANGRAMENTO DURANTE E APÓS TROMBÓLISE ENDOVENOSA → Podem acontecer até 36 h depois → Solicitar exames com urgência: o Hemoglobina e hematócrito Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 o TP/KTTP o Plaquetas o Fibrinogênio o Exames pré-transfusionais → Manter paciente monitorado, em unidade de AVC ou semi-intensiva. CUIDADOS APÓS TROMBÓLISE ENDOVENOSA → Monitorar PA: PAS até 185 e PAD até 110mmHg → Monitorar NIHSS → Cuidados gerais: o Manter repouso o Evitar sondagem vesical de alívio o Manter jejum até triagem para disfagia o Evitar punção cutânea e venosa o Manter sem antiagregante plaquetário e sem profilaxia para TVP até TC de controle ▪ Se recebeu alteplase, está sob ação disso nas primeiras 24h, se adicionar antiagregante plaquetário ele corre risco de sangramento o Não passar sonda nasoentérica → só pode ser passada após 24h. O QUE NÃO FAZER COM O PACIENTE? → Não alimentar o paciente (NPO nas primeiras 24h) → primeiras 24h após o AVC são de redução do metabolismo → Não passar sonda (por qualquer lugar!!! nem na uretra nem nasogástrica). o Realizar apenas em casos graves, como bexigoma. o Pode traumatizar o trato, provocar sangramento → No primeiro momento, podemos precrever sintomáticos, como analgésicos. → Monitorar a evolução do status neurológico do paciente e sangramento. → Controle da PA (abaixo de 185/110 mmHg, em cenário com alteplase) → Risco de aspiração: paciente comatoso/sonolento (não ofertar dieta a paciente com rebaixamento de sensório) → Antes de reintroduzir a alimentação verificar se o paciente consegue se manter alerta por no mínimo 15 minutos e consegue realizar sustentação cefálica. → Incoordenação respiratória da função - incoordenação entre a deglutição e a respiração PRESCRIÇÃO PÓS MELHORA EM 24h → Realizar TC de controle sem contraste para avaliar extensão da lesão e sangramento. → Realizar exames laboratoriais → Se não tiver sangramentos na nova TC, pode iniciar prescrições medicamentosas: o AAS, dose varia de acordo com o tratamento de emergência, 100mg o Estatina. ▪ Em geral, sinvastatina 40mg/dia (não prescrever menos) → Profilaxia TVP - heparina fracionada subcutânea ou enoxaparina (contra-indicado em paciente com insuficiência renal crônica) → Estatinas de alta potência: Atorvastatina e Rosuvastatina. → Após a melhora do paciente é necessário realizar investigação da causa do AVC Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 COMO AVALIAR SE O PACIENTE É ELEGÍVEL PARA O TRATAMENTO ENDOVASCULAR? → Objetivo: tempo porta-reperfusão ≤ 90 min → Critérios de inclusão: o Idade ≥ 18 anos o Oclusão de artéria carótida interna ou artéria cerebral média proximal (M1) ▪ Pós angiotomografia o NIHSS ≥ 6 → Faz cateterismo (trombectomia mecânica) porque tem um trombo muito grande → E se o paciente chegar com 5 horas de evolução? Encaminhar para tomografia e angiotomografia, verificar se ele é elegível para trombectomia mecânica. CUIDADOS PARA TODOS OS PACIENTES COM AVC → Triagem para disfagia → Avaliação da fisioterapia – pode começar até 24h depois, quanto antes melhor → Medidas para cessação do tabagismo/etilismo → Guia de orientação ao paciente → Investigação etiológica o Isquêmico: pede pelo menos uma eco de carótidas (se não fez a angiotomografia, obviamente); ecocardiograma; ECG; Holter; Labs (perfil lipídico, focar em LDL, TGC, glicemia jejum, função tireoidiana, vit B12, sorologias) INTERVENÇÕES NÍVEL 1A DE EVIDÊNCIA NO TRATAMENTO AGUDO DO AVC → Manejo de emergência incluindo unidade de AVC monitorada → Tratamento específico do AVC isquêmico com rtPA em uma curta janela de tempo para restaurar a perfusão e preservar a área de penumbra → Uso de AAS nas primeiras 48 horas de AVC isquêmico para evitar um novo evento → Hemicraniectomia descompressiva para infarto maligno de artéria cerebral média → Trombectomia para AVC isquêmico em vasos de grande calibre AVALIAÇÃO FUNCIONAL - ESCALA DE RANKIN MODIFICADA → Para ver se o tratamento deu certo ou não, se tem repercussão funcional. → Até 2 e 3 – bom desfecho para o AVC → Nível 4 – desfecho muito ruim, muito prejuízo funcional → Nível 5 – pior cenário do AVC, tratamento não deu certo. CAUSAS DE AVC: → Cardioembólicos: fibrilação atrial, estenoses, doenças valvares → Aterosclerose Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 → Vasculites do SNC → Trombofilias CLASSIFICAÇÃO DE TOAST- CAUSAS DE AVC: → Aterotrombótico o Eco de carótida → Lacunar o Resultado de vasculopatia crônica: DM, HAS, dislipidemia → Cardioembólico o Solicitar ECG, holter, ecocardio → Outros Avaliação de AVC de causa cardioembólica e aterotrombótico: → Circulação anterior: ecografia de carótidas → Circulação posterior: angiotomografia → ECG → Holter → Ecocardiograma INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL: plaquetas, perfil lipídico, provas inflamatórias (vasculites), sorologias (HIV e sífilis), função hepática (principalmente em pacientes etilistas), glicose (hemoglobina glicada), função tireoidiana, EQU, urocultura, B12 Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1 Neurologia – Nicolle A. Bianchi – Medicina Univates – ATM 2023/1
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