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NUTRIÇÃO, SUPLEMENTAÇÃO E FITOTERAPIA ESPORTIVA CIÊNCIA E PRÁTICA

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NUTRIÇÃO, SUPLEMENTAÇÃO 
E FITOTERAPIA ESPORTIVA: 
CIÊNCIA E PRÁTICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Donatto, Felipe Fedrizzi
Nutrição, suplementação e fitoterapia esportiva :
ciência e prática / Felipe Fedrizzi Donatto. --
São Paulo : All Print Editora, 2018.
Bibliografia.
ISBN 978-85-411-1433-2
1. Aptidão física - Aspectos nutricionais
2. Atletas - Nutrição 3. Fitoterapia 4. Hábitos
alimentares 5. Suplementos dietéticos I. Título.
18-14739 CDD-613.2024796
Índices para catálogo sistemático:
1. Nutrição esportiva 613.2024796
Maria Paula C. Riyuzo - Bibliotecária - CRB-8/7639
NUTRIÇÃO, SUPLEMENTAÇÃO 
E FITOTERAPIA ESPORTIVA: 
CIÊNCIA E PRÁTICA
PhD. FeliPe FeDrizzi Donatto 
NUTRIÇÃO, SUPLEMENTAÇÃO E FITOTERAPIA ESPORTIVA:
CIÊNCIA E PRÁTICA
Copyright © 2018 by Felipe Fedrizzi Donatto
O conteúdo desta obra é de responsabilidade 
do autor, proprietário do Direito Autoral.
Proibida a venda e reprodução
parcial ou total sem autorização.
Projeto gráfico, editoração e impressão:
www.allprinteditora.com.br
info@allprinteditora.com.br
(11) 2478-3413
Foto da frente
Chaoss/Shutterstock.com
Foto do verso
Lebedev Roman
Olegovich/Shutterstock.com
Foto Felipe Donatto
Johnny Duarte
Arte final de capa
Victor Gaite
5
agraDecimentos e DeDicatória
Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus e aos meus pais, Luiz 
e Estela, por terem me possibilitado o dom da vida. Obrigado a Fabiane 
e Marcela pela irmandade ao longo da vida. Agradeço também a todos 
os meus senseis do judô, que contribuíram enormemente não só para a 
minha formação como atleta, mas, sobretudo, como ser humano. Sem o 
aprendizado que obtive com esses mestres eu não teria todas as bases ne-
cessárias para construir o que construí até agora na minha vida.
Um agradecimento especial a todos os meus amigos da época do 
mestrado em Educação Física, os atualmente PhD Jonato Prestes, Chris-
tiano Bertoldo, Denis Foschini e Gerson Leite, que lutaram junto comigo 
na difícil fase da vida acadêmica.
Agradecimento à equipe BFeventos, em especial ao Brunno Falcão, 
por sempre ter acreditado no meu potencial e por contribuir constante-
mente para a melhora da qualidade do ensino da nutrição no Brasil.
Agradecimento especial ao Dr. Euclésio, Filipe Bragança e Carlos To-
maiolo, por acreditarem em minha capacidade técnico-científica para agregar 
conhecimento no mercado da nutrição e suplementação esportiva brasileira. 
Um muito obrigado a Adriana Almeida e Karlos Brasilia, pela edição do 
texto e assessoria técnica, pois nessa vida, quem tem amigos, tem tudo.
Por fim, dedico este livro à minha amada esposa Drucilla, por todo 
amor e dedicação ao longo destes 11 anos juntos, e ao meu filho Kalel, 
meu tesouro, pois sem a base e apoio da minha família este livro não teria 
sido escrito.
sumário
Introdução à consulta nutricional ...................................................................9
Comportamento alimentar x controle do sistema nervoso central ......... 12
Avaliação bioquímica nutricional .................................................................. 16
O perfil genético e a interação com a dieta ................................................. 25
Avaliação antropométrica .............................................................................. 35
Bioenergética do exercício e cálculo do gasto calórico ............................. 41
Cálculo das necessidades nutricionais .......................................................... 46
Carboidratos na dieta: perda de peso x hipertrofia x performance ......... 50
Necessidade proteica conforme a individualidade do atleta ..................... 56
Lipídios: bioquímica, classificação e fontes dietéticas ............................... 63
Vitaminas, minerais e nutracêuticos ............................................................. 70
Imunonutrição: alimentando o sistema imunológico ............................... 74
Dieta cetogênica .............................................................................................. 79
Jejum intermitente ........................................................................................... 83
Dietas restritas em carboidratos (low carb) ................................................. 89
Dieta do mediterrâneo ................................................................................... 91
Dieta flexível .................................................................................................... 93
Prescrição da dieta pelo biótipo corporal: ectomorfo, endomorfo, 
mesomorfo ....................................................................................................... 96
Organização nutricional para os treinos ...................................................... 99
Estratégias nutricionais para o aumento de massa muscular .................. 101
Posicionamento do ISSN sobre dietas e composição corporal ............. 105
Classificação dos suplementos alimentares (ISSN) .................................. 107
Suplementos nutricionais no mercado brasileiro ..................................... 116
Fitoterapia no esporte .................................................................................. 120
Referências bibliográficas ............................................................................. 127
9
introDução à consulta nutricional
Em treze anos atuando como nutricionista, meus primeiros conta-
tos com atletas e pessoas fisicamente ativas foram no estágio de nutrição 
na Secretaria de Esportes de Piracicaba – SP, quando eu era atleta bolsista 
e lutava judô em campeonatos, jogos regionais e abertos representando a 
minha cidade natal. Nessa época aprendi a importância da contagem dos 
nutrientes e do uso da balança para ajustar corretamente a quantidade dos 
alimentos previamente calculados, pois em lutas existe o enquadramento 
em categorias de peso e na época eu poderia pesar no máximo 81kg. Entre 
3 e 4 semanas antes dos campeonatos eu calculava uma dieta hipocalórica 
para perder em torno de 3-4kg até o dia da pesagem.
Esse conhecimento de causa ajuda muito no dia a dia do consultó-
rio, pois contribui para a percepção de como direcionar o tratamento nu-
tricional para pessoas que possuem diferentes objetivos. Assim, uma dica 
que deixo para estudantes e profissionais da saúde é tentar fazer a própria 
dieta e se autoconhecer em relação aos efeitos agudos e crônicos da dieta 
e da mudança do hábito de vida.
A consulta nutricional pode ser resumida em uma entrevista na qual 
o nutricionista tem o objetivo de obter o maior número de informações 
relacionadas ao estado nutricional do paciente, como por exemplo: hábitos 
alimentares, histórico familiar de doenças, exames bioquímicos, avaliação 
antropométrica e frequência e intensidade da prática de exercícios físicos.
Dessa forma, entendemos o estilo de vida do paciente e sua ligação 
com os aspectos relacionados à alimentação. Com o tempo, o nutricionista 
que trabalha no consultório consegue distinguir as pessoas fisicamente ati-
vas, que já possuem hábitos nutricionais mais coerentes, das que não têm 
o hábito de se exercitar e se alimentam de forma desregrada.
No consultório, costumamos nos deparar com uma série de situa-
ções, como por exemplo, pessoas que realizam quase todas as suas refei-
ções fora de casa ou que não tem o hábito de tomar um café da manhã 
adequado, pois sempre acorda “atrasada” ou não “sente fome”. Temos 
ainda as que não costumam comer nada no intervalo da manhã e, quando 
comem, a escolha é sempre por lanches que não têm nenhum valor nutri-
cional. No almoço, vemos pouco interesse por saladas e legumes, sendo 
10
que a maioria tem grande preferência pela ingestão de carboidratos refina-
dos e frituras, que costumam estar acompanhados de sobremesa e pouca 
proteína. No fim da tarde, com a queda da glicemia pela ausência de uma 
refeição após o almoço, ocorre que essas pessoas sentem a necessidadede 
comer qualquer doce que veem pela frente, porém, como esse tipo de ali-
mento geralmente não possui efeito de saciedade e acaba que no período 
noturno elas consomem a maior parte das calorias do dia, saciando a fome 
com fast foods ou comidas gordurosas dos mais diversos tipos.
Como esse ciclo alimentar diário vai se repetindo, a pessoa começa 
a acumular gordura corporal, o que explica a clássica frase: “Mas eu não 
como muito durante o dia. Não sei porque engordo!”. E quando chega o 
fim de semana, as coisas pioram ainda mais com relação aos horários das 
refeições, à quantidade de “comfort foods” (mistura de açúcar e gorduras em 
geral) consumida, à quantidade de álcool ingerida – que pode, sozinha, 
alcançar a necessidade calórica total do dia. Esses hábitos costumam ser 
mantidos por muito tempo e são difíceis de mudar, já que se estruturam 
em fortes relações afetivas e sociais. Matematicamente falando, a perda 
de peso fica impossível de acontecer pois o balanço médio calórico da 
semana acaba sendo positivo, piorando ainda mais com o baixo nível de 
atividade física – quando realizado. O ganho de peso com esse tipo de 
hábito pode ser entre 5kg-10kg ao ano.
Balanço calórico semanal
11
O propósito da consulta nutricional é justamente o de promover a 
mudança da bioquímica e da composição corporal da pessoa, independen-
temente do objetivo, se estético ou saúde. Como nosso corpo não sabe 
diferenciar a segunda-feira do domingo, o sucesso da dieta acaba depen-
dendo de apenas um componente: aderência à novos hábitos alimentares 
e hábitos de vida mais saudáveis, como deixar de fumar, controlar o con-
sumo de álcool e se exercitar regularmente.
Quando se trata de atletas de elite, amadores ou de pessoas fisi-
camente ativas, o conhecimento de toda a preparação física é extrema-
mente importante para se estimar o gasto calórico total, bem como o 
acompanhamento bioquímico constante ao longo de todo o período de 
treinamento do atleta. Dessa forma, é possível controlar do ponto de vista 
nutricional o fornecimento necessário de nutrientes para o exercício físico, 
bem como para a recuperação do organismo. Normalmente, esses indiví-
duos são mais disciplinados pois sabem que a dieta faz total diferença no 
desempenho atlético.
Minha definição de dieta: organização nutricional qualitativa e quantita-
tiva diária envolvendo horários das refeições, peso em gramas dos ali-
mentos prescritos, suplementos fitoterápicos e dietéticos voltados para 
a individualidade genética, bioquímica e antropométrica do indivíduo. O 
nutricionista possui ferramentas matemáticas, bioquímicas, genéticas e 
antropométricas para realizar a prescrição da dieta independente de qual 
seja o objetivo do paciente.
12
comPortamento alimentar x 
controle Do sistema nervoso central
Quando comparamos nossos hábitos alimentares atuais com o de 
nossos ancestrais, notamos claramente uma grande diferença no tocante à 
variedade de alimentos ofertados e quantidade disponível. E o fato de não 
precisarmos mais de caçar, plantar e colher os alimentos que ingerimos con-
tribuiu para que nosso gasto calórico corporal passasse a ser menor. E para 
ajudar a agravar ainda mais essa situação, nos tornamos sedentários, já que 
os adventos da tecnologia acabaram contribuindo para nossa dependência 
de “agentes” facilitadores do dia a dia como os meios de transportes, esca-
das rolantes, controles remotos e tantas outras comodidades disponíveis ao 
nosso redor, a menos de um passo.
Além desse fator comportamental, tivemos uma mudança nos tipos de 
alimentos consumidos ao longo dos anos, principalmente depois da segun-
da guerra mundial, quando a indústria alimentícia cresceu exponencialmente 
oferecendo opções de alimentos práticos e de fácil preparação, porém, feitos 
com ingredientes que nossos ancestrais não encontravam na natureza como 
estabilizantes, edulcorantes, moduladores de pH e outras químicas, além de 
farinhas refinadas, gorduras trans e açúcar branco. Entre os alimentos que 
entram na lista dos “práticos” estão as carnes processadas, os enlatados, os 
embutidos e o famigerado macarrão instantâneo.
Outro advento que contribuiu para a mudança comportamental alimen-
tar foi o conceito de fast food. A rede mais conhecida, McDonalds, foi criada na 
década de 50 por imãos que vendiam cachorro-quente na Califórnia, e o mo-
delo de negócio desenvolvido por eles foi tão exitoso que as franquias, após 
terem se consolidado nos EUA, foram propagadas ao redor do mundo. Seus 
sanduíches são exemplos de alimentos processados com misturas de carne e 
gorduras na forma de hambúrguer, queijos ricos em gordura saturada, além 
do acompanhamento de refrigerantes, porções de frituras e sorvetes. Existem 
até vídeos na internet demonstrando que seus lanches não apodrecem mesmo 
depois de terem sido feitos há meses! Se nem fungos e bactérias aceitam esse 
“alimento”, porque eu vou? Quais são os efeitos em nosso sistema nervoso 
central se ingerirmos esses tipos de alimentos de forma crônica? Existe uma 
13
ligação com o vício em comida? Por que essas empresas direcionam suas cam-
panhas de marketing para crianças e adolescentes?
Essas questões são levantadas para tentar explicar o crescimento 
mundial, da obesidade. De uma forma geral, as pessoas obesas lidam com 
um fator em comum: comem de forma exagerada e sem controle, além de 
usarem o alimento como ferramenta para diminuir a ansiedade. Os gatilhos 
para esses ataques costumam ser diversos e podem estar relacionados a uma 
perda na família, uma briga com o cônjugue, uma decepção no trabalho e, 
até mesmo por puro entretenimento.
Em nosso hipotálamo temos grupos de neurônios com diferentes 
funções, entre eles, os que estimulam nossa fome e os que despertam nossa 
saciedade. Por conta disso, um desbalanço em um desses grupos pode de-
sencadear um descontrole geral das funções vitais de uma pessoa, levando-a 
à obesidade (SPIEGEL ET AL., 2005).
Esses neurônios, por sua vez, possuem receptores para alguns peptí-
deos, como a leptina (que é produzida pelo tecido adiposo e tem função de 
reduzir o consumo de alimentos) e a grelina (peptídeo do trato gastrointesti-
nal que ativa os centros de fome). Já se sabe que as pessoas obesas secretam 
grandes quantidades de leptina, proporcional à quantidade de tecido adipo-
so que possuem, contudo, essa informação excessiva através da leptina faz 
com que não se tenha a sensação de saciedade nos neurônios específicos 
pelo mecanismo hormonal de feedback negativo.
Ação leptina e grelina nos neurônios hipotalâmicos
14
Atualmente, pesquisas científicas têm demonstrado que alguns tipos 
de alimentos possuem a capacidade de modular nossos neurotransmissores 
e, dessa forma, podem criar uma relação dopamina/vício pelo sistema de re-
compensa hipotalâmico (VOLKOW, 2005; VOLKOW, 2012). Assim, alimen-
tos feitos com carboidratos refinados, gorduras trans e saturadas fazem com 
que a secreção de dopamina aumente para estimular a sensação de prazer. Já 
o hábito contínuo de consumir esse tipo de alimento faz com que a pessoa 
fique dependente de tal mistura, criando pontes neurais comportamentais 
de vício. Mas não só isso, como nesse processo também ocorre a apotose 
(morte celular) dos neurônios que controlam a saciedade, isso faz com que a 
pessoa não tenha mais controle sobre a alimentação no longo prazo.
Um dos manejos nutricionais conhecidos para evitar a constante se-
creção de grelina (sinalizadora de fome) ao longo do dia é a mistura de 
determinados tipos de alimentos com o fim de promover o esvaziamento 
gastrointestinal de forma mais lenta, estimulando assim o Glucagon Like 
Peptideo-1 (GLP-1), responsável por sinalizar a saciedade para o sistema 
nervoso central. Esse efeito é alcançado quando existe a mistura de pro-
teínas, gorduras e vegetais nas refeições, o que faz com que a digestão seja 
mais demorada, estimulando assim o GLP-1 e diminuindo a grelina (FOS-
TER ET AL., 2008).
Metabolismo do álcool no organismo
15Com relação ao consumo de álcool, temos um outro ponto a ser 
analisado no tocante ao hábito dos pacientes. Bioquimicamente, o álco-
ol possui 7kcal vazias por grama, não sendo classificado como nutriente 
posto que precisa ser oxidado no fígado em outros metabólitos (sobras 
das reações bioquímicas), que participam da nova produção de lipídios 
hepáticos (Lipogenese denovo) e atrapalham o metabolismo muscular, tal 
como demonstra a figura do metabolismo do álcool.
Esse processo de inibição de lipólise do tecido adiposo e redução 
da oxidação de gordura nos músculos faz com que fique mais fácil estocar 
gordura no corpo do que usa-lá como fonte energética, seja em repouso ou 
durante o exercício. Além disso, existe o aumento do catabolismo (quebra) e 
redução do anabolismo (construção) dos músculos, dificultando mais ainda 
o aumento da massa muscular (MAHMOUD et al., 2005).
Essas informações ajudam o nutricionista a compreender que 
existem pessoas nessa situação e que o trabalho para mudar esse tipo de 
comportamento é longo e árduo. A atuação do próprio paciente, se cons-
cientizando de que precisa mudar certos hábitos alimentares se quiser ter 
saúde e qualidade de vida, é a base do tratamento.
16
avaliação bioquímica nutricional
Atualmente, o trabalho nutricional é acompanhado de ferramentas 
importantes para qualquer tipo de paciente. A análise bioquímica, por exem-
plo, pode ajudar na detecção de intercorrências nutricionais, indicar o com-
prometimento de órgãos importantes, excesso de nutrientes ou fármacos, 
bem como acompanhar a adaptação do indivíduo durante o treinamento.
Em relação à função celular, podem ocorrer alterações por hipoxia, 
produtos químicos e drogas, agentes físicos, agentes microbiológicos, meca-
nismos imunológicos, defeitos genéticos, desequilíbrio nutricional e envelhe-
cimento. Em especial, o desequilíbrio nutricional pode ocorrer pela deficiência 
proteico-calórica, hipovitaminoses, radicais livres e excessos nutricionais.
Ainda, existem dúvidas por partes dos nutricionistas se nossa ca-
tegoria tem permissão para a solicitação de exames laboratoriais, mas se 
procurarmos no Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) encontramos a 
seguinte lei:
Lei nº 8.234, 17 setembro de 1991
Art. 4º Atribuem-se, também, aos nutricionistas as seguintes atividades, desde 
que relacionadas com alimentação e nutrição humanas:
I - elaboração de informes técnico-científicos;
II - gerenciamento de projetos de desenvolvimento de produtos alimentícios;
III - assistência e treinamento especializado em alimentação e nutrição;
IV - controle de qualidade de gêneros e produtos alimentícios;
V - atuação em marketing na área de alimentação e nutrição;
VI - estudos e trabalhos experimentais em alimentação e nutrição;
VII - prescrição de suplementos nutricionais, necessários à complementação da dieta;
VIII - SOLICITAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS NECESSÁRIOS AO 
ACOMPANHAMENTO DIETOTERÁPICO;
Dessa forma, sempre que possível, pode e deve solicitar exames bio-
químicos para monitorar seu paciente (NELZIR ET AL., 2012; BENOIST 
ET AL., 2015; BASTOW, 1986). A seguir, modelo de guia e tabelas de 
referências que podem contribuir para o trabalho do profissional da saúde.
17
Exemplo de solicitação de exames bioquímicos
Tabela de valores de referências: hemograma série vermelha
Parametro analisado Homens(acima 16 anos)
Mulheres
(acima 16 anos)
Eritrócitos (milhões/mm3) 4,30 - 5,730 3,90 - 5,00
Hemoglobina (g/dL) 13,5 - 17,5 12,0 - 15,5
Hematócrito (%) 39,0 - 50,0 35,0 - 45,0 
Hemoglobina corpuscular média (pg) 26,0 - 34,0 26,0 - 34,0
VCM fL 81,0 - 95,0 82,0 - 98,0 
Concentração de hemoglobina
corpuscular (g/dL) 31,0 - 36,0 31,0 - 36,0 
RDW (%) 11,9 - 15,5 11,9 - 15,5
Ferritina (ng/ml) 30-400 13-150
Tabela de valores de referências: hemograma série branca
Parâmetro analisado Homens e Mulheres
Leucócitos %/ul 100% / 3.500 - 10.500cel
45% - 73,5% / 1.600 - 7.700cel
2% - 10% / 100 - 1.000cel
0 - 4,4% / 0 - 300cel
23% - 47% / 900 - 3.900cel
0 - 1% / 0 - 300cel
150.000 - 450.000
Neutrófilos %/ul
Monócitos %/ul
Eosinófilos %/ul
Linfócitos %/ul
Basófilos %/ul
Plaquetas ul
18
Tabela de valores de referências: lipidograma
Parâmetro analisado Homens e Mulheres
Colesterol total (mg/dL) <190
<129
<30
>40
< 150 mg/dL
LDL-c (mg/dL)
VLDL-c (mg/dL)
HDL-c (mg/dL)
Triglicérides 
Tabela de valores de referências: vitaminas
Parâmetro analisado Homens Mulheres
Vitamina B12 (pg/ml) 174 - 878
>30 até 60
360 - 1,200
3 - 17
Vitamina D ng/ml
Vitamina A ug/L
Ácido fólico ng/ml
Tabela de valores de referências: minerais e eletrólitos
Parâmetro analisado Homens Mulheres
Cálcio Iônico (mcmol/L) 1,12 - 1,40
40 - 180
70 - 140
50 - 120
135 - 145
3,5 - 5,0
2,5 - 5,6
1,4 - 2,3 
Ferro sérico mcg/dL
Cobre μg%
Zinco μg%
Sódio (mmol/L)
Potássio (mmol/L)
Fósforo (mg/dL)
Magnésio (meq/L)
Tabela de valores de referências: marcadores inflamatórios e enzimáticos
Parâmetro analisado Homens Mulheres
Proteína C-reativa (mg/dL) < 0,5
<15Homocisteína (mcmol/L)
Creatina fosfoquinase - MM-CK U/L 35 - 232 21 - 215
Tabela de valores de referências: função hepática
Parâmetro analisado Homens Mulheres
AST/TGO <38 U/L <32 U/L
ALT/TGP <41U/L <32 U/L
Fosfatase alcalina <65-300 U/L <65-300 U/L
Gama GT <11-50 U/L <8-41 U/L
Bilirrubinas totais 0,2-1,2mg/dL 0,2-1,2mg/dL
Bilirrubina direta >0,3mg/dL >0,3mg/dL
Bilirrubina indireta >0,9mg/dL >0,9mg/dL
19
Tabela de valores de referências: hormônios
Parâmetro analisado Homens Mulheres
Hormônio luteinizante (LH) (mUl/ml) 13 a 70 anos: 1.5 a 9.3
13 a 70 anos: 
1.9 a 12.5 
Hormônio folículo-estimulante (FSH) 
(mUI/ml) De 1,1 a 8,0 De 1,5 a 8,0 
Testoterona total ng/100 ml 241 a 827 14 a 76 
Globulina de ligação de hormônios sexuais 
(SHBG) (nmol/L)
20 a 50 anos:
de 13,2 a 89,5 
20 a 46 anos:
de 18,2 a 135,7 
Testosterona livre (pg/ml) 8,69 a 54,69 0,46 a 2,48 
Cortisol (ng/ml) às 8 horas:43 a 224 
às 8 horas:
43 a 224 
Prolactina (ng/ml) 2.1 a 19.0 2.83 a 30.0
DHEA-S (mcg/dl)
16 a 29 anos: 
280 a 640
30 a 39 anos: 
120 a 520
40 a 49 anos: 
95 a 530 
16 a 29 anos: 
65 a 380
30 a 39 anos: 
45 a 270
40 a 49 anos: 
32 a 240 
Parâmetro analisado Homens Mulheres
Estradiol (pg/ml) < = 54 10 a 183 
Estrona (pg/ml) 10 a 90 37 a 138 
Hormônio tireoestimulante (TSH) 
(mU/L) 0,4 to 4,5 0,4 to 4,5 
T4 (ng/dl) 0.7-1.8 0.7-1.8
Insulina (mcU/ml) 2-25 2-25
Paratohormônio (PTH) (pg/ml) 10 a 70 10 a 70 
Tabela de valores de referências: metabolismo proteico
Parâmetro analisado Homens Mulheres
Uréia plasmática (mg/dL) 10-50 10-50
Creatinina sanguínea (mg/dL) 0,60 a 1,10 0,60 a 1,10 
Filtração Glomerular (ml/min) 80-120ml/min 60-120ml/min
20
HEMOGRAMA
O sangue é composto por uma parte líquida denominada plasma, 
onde se encontram os elementos celulares (glóbulos vermelhos, glóbulos 
brancos e plaquetas). Os glóbulos vermelhos (hemácias) têm origem na 
medula óssea e desempenham a função de carregar a hemoglobina. A he-
moglobina representa de 90% a 95% da parte sólida das hemácias, sendo 
2/3 delas compostas por água.
Em atletas de endurance ou lutadores em fase de redução de peso, é 
importante analisar a relação do hematócrito, hemácias e hemoglobina, bem 
como associar os níveis de ferro sérico e ferritina. A redução desses parâme-
tros é mais evidente em atletas mulheres, com possíveis sinais de amenorreia 
(ausência de menstruação). Já o aumento dos marcadores celulares sinaliza 
uma maior viscosidade do sangue, que pode ser agravado com o uso de 
diuréticos – prática comum por lutadores que desejam secar para a luta e de 
outras modalidades cujos atletas façam uso de esteroides anabolizantes para 
aumentar a massa muscular ou melhorar a performance atlética.
LEUCOGRAMA
Os leucócitos totais representam todas as células brancas circulantes 
(granulócitos neutrófilos, eosinófilos e basófilos, monócitos e linfócitos). 
A dieta pode influenciar o sistema imune, sendo que os principais com-
bustíveis, glicose e aminoácidos, além de vitaminas e minerais,dependem 
da qualidade dos alimentos ingeridos. Uma restrição severa alimentar acar-
reta em imunossupressão (queda do número e atividade celular), pois a 
redução da glicemia, principalmente pelo corte de carboidrato, resulta em 
um aumento dos níveis de cortisol (que deixa o sistema imune mais estres-
sado e inflamado), além de reduzir os níveis de testosterona.
Com relação às células do sistema imune, quando existe uma queda 
do número celular damos o nome de “leucopenia”, já ao aumento das 
mesmas, denominamos “leucocitose”. Essas variações podem acontecer 
em processos inflamatórios ou infecciosos e também pela prática do exer-
cício físico, pois este tem a capacidade de modular as respostas do sistema 
imune, tanto para a melhora quanto para a piora da resposta imunológica, 
porém, isso depende da capacidade individual, do volume e da intensidade 
da atividade física. De uma forma geral, o exercício físico moderado bene-
ficia as respostas imunológicas.
21
GLICEMIA E INSULINA BASAL
Atualmente, o controle glicêmico é um dos parâmetros para se ava-
liar o nível de saúde de um indivíduo, pois a manutenção glicêmica dentro 
dos valores de referência requer um controle da gordura corporal e me-
lhora da sensibilidade à insulina em conjunto com o exercício físico. Dessa 
forma, associar os níveis de insulina basal pode ajudar o nutricionista a 
prescrever uma dieta com quantidades e tipos de carboidratos ideais para 
a situação. Para associar os exames bioquímicos aos hábitos alimentares, 
analisa-se o tipo de alimento e a maneira como ele é ingerido, por exemplo: 
comer 1 maçã sozinha implica em um comportamento glicêmico diferente 
de quando se ingere a mesma maçã em conjunto com uma fonte proteica. 
O controle da carga glicêmica que se dá pela mistura dos macros responde 
positivamente nos níveis de insulina basal e glicemia pós-prandial. Com 
relação aos níveis de insulina basal, esses podem demosntrar como está 
o funcionamento do hormônio, sendo que um nível em jejum acima de 
13mcU/L pode indicar uma dificuldade em estimular a lipólise do tecido 
adiposo (liberação de gordura do depósito), dificultando a queima de gor-
dura em repouso. Dessa forma, níveis entre 2-10 mcU/L são encontrados 
em pessoas eutróficas que não possuem resistência periférica à insulina. 
Um dos cálculos possíveis para estimar um possível problema com esse 
hormônio é o Índice Homeostasis Model Assessment (HOMA-IR).
HOMA-IR = Glicemia de jejum x 0,05 x insulina de jejum/22,5
Os valores menores que 3,4 são considerados dentro da normalidade
Ex: 99 glicemia x 0,05 x 20 insulina/22,5 = 4,4 (acima da normalidade)
METABOLISMO PROTEICO
A observação dos marcadores relacionados ao metabolismo protei-
co pode indicar se há uma ingestão baixa ou alta de proteínas na dieta. Pelo 
metabolismo hepático de proteínas, temos a produção de uréia, sendo que 
este marcador é usado para verificar a quantidade proteina ingerida na 
dieta, por exemplo um homem que gosta de churrasco, e come muita pro-
teína na dieta, este indicativo pode chegar a 60mg/dL. Se o nutricionista 
perceber que o indivíduo exagera na quantidade de proteína, pode ser uma 
ferramenta útil para adequar a quantidade proteica do paciente. A filtração 
glomerular acompanha o trabalho dos rins sendo que acima de 60ml/min 
22
indica boa função renal, porém se o paciente nao tem uma hidratação cor-
reta, estes parâmetros podem mudar. Sobre a creatinina, o uso de creatina 
como suplemento naturalmente aumenta os níveis plasmáticos, mas não 
é indicativo de excesso proteico, tendo mais relação com o metabolismo 
muscular.
LIPIDOGRAMA
Analisar as concentrações plasmáticas dos diferentes tipos de lipídios 
circulantes é imprescindível para uma prescrição dietética acertada. Devem ser 
relacionados os níveis de triacilglicerol, colesterol total, bem como as lipopro-
teínas plasmáticas (VLDL-c, LDL-c, HDL-c). É importante o nutricionista 
se atentar ao equilíbrio entre as lipoproteínas, sendo que existe a possibilidade 
de calcular a relação entre elas e entender qual será o direcionamento da dieta 
a partir disso. Na literatura temos o Indice de Castelli 1, que relaciona o Co-
lesterol Total e o HDL-c (CT/HDL-c) com valores abaixo de 4,5.
EX1: CT = 200 / 40 HDL-c = 5 (alto)
EX2: CT 200 / 50 HDL-c = 4 (normal)
Por outro lado, temos o Índice de Castelli II, que relaciona o LDL-c 
e o HDL-c, sendo que esses valores devem ser menores que 2,9 para um 
equilíbrio considerado saudável.
EX1: 130 LDL-c / 40 HDL-c = 3,2 (alto)
EX2: 130 LDL-c / 50 HDL-c = 2,6 (baixo)
O uso de lipídios essenciais consegue modular o perfil das lipopro-
teínas mais saudáveis (HDL-c) sobre as mais aterogênicas (LDL-c). O uso 
de diferentes formas de ômegas 3, 6 e 9 auxilia na saúde arterial, muscular 
e hormonal das pessoas fisicamente ativas.
CONTROLE DE CÁLCIO – VITAMINA D – PTH
A solicitação de cálcio iônico, concentrações de vitamina D e para-
tohormônio (PTH) nos exames ajuda no entendimento do consumo dos 
nutrientes, se eles estão de acordo com os níveis considerados saudáveis. 
Com tais dados, é possível avaliar os níveis de cálcio e da vitamina D 
23
na perda de massa óssea (osteopenia). É comum na população brasileira 
baixos níveis de vit D plasmáticos, sendo que o ideal é manter acima de 
30pg/ml. O aumento dos níveis de PTH, por exemplo, além de reduzir a 
fixação do cálcio nos ossos, também contribui para um maior depósito de 
gordura corporal. Com dados desse tipo em mãos, o nutricionista pode 
atuar de forma nutricional ou solicitar suplementação para fazer os devi-
dos ajustes desses índices, quando necessário.
ENZIMAS HEPÁTICAS – PCR – HOMOCISTEÍNA
A maior atividade das enzimas hepáticas (AST, ALT, GGT) detecta-
das no sangue pode ter correlação com um processo inflamatório agudo, 
sendo detectado com os aumentos da proteína C-reativa hepática (PCR) e 
das concentrações de homocisteína. Se o efeito for crônico e em conjunto 
com a resistência à insulina, dislipidemia e circunferência de risco, pode-
mos ter a esteatose hepática não alcoólica. Isso pode ser detectado por um 
ultrassom abdominal solicitado por um médico. Na parte nutricional, a re-
dução de peso deve ser o primeiro objetivo, em conjunto com ajustes nutri-
cionais de ácido fólico, vitaminas do complexo B e cianocobalamina (B12).
VITAMINAS E MINERAIS
A análise desse exame vai depender de particularidades atreladas a 
cada paciente, por exemplo, mulheres têm a correlação mais baixa de ferro 
e ferritina; um atleta que come pouca proteína pode ter uma queda nos 
níveis de zinco; ou um indivíduo que não ingere frutas, verduras e legumes 
pode ter deficiência de vitamina C. Por outro lado, baixos níveis de selênio, 
manganês e cromo podem ser oriundos da falta de variedade alimentar.
RELAÇÃO CORTISOL/TESTOSTERONA-SHBG
Atualmente, a população que vive em grandes centros urbanos sofre 
de constante estresse diário, seja com o trânsito, a poluição, os desafios no 
trabalho, o pouco tempo com a família, etc. A exposição a situações desse 
tipo pode levar a uma secreção exacerbada de cortisol que, por sua vez, 
pode chegar a níveis crônicos. O aumento do cortisol pode estar relacio-
nado a redução dos níveis de testosterona. A mudança começa no siste-
ma nervoso central, no qual o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio 
24
folículo-estimulante (FSH) são os indutores para a produção de hormô-
nios sexuais e espermatozoides.
Hoje em dia não é difícil detectar a redução de testosterona plasmá-
tica em pacientes jovens, que possuem gordura corporal acima da média. 
Além disso, níveis de prolactina, progesterona, estradiol e de globulina de 
ligação de hormônios esteroidais (SHGB) podem indicar menor ligação 
tecidual com seus efeitos no aumento da gordura corporal e na redução 
de massa muscular, chamado de hipogonadismo associado à obesidade. 
Outro fator que pode diminuir os níveis hormonais é o excesso de tecido 
adiposo que ajuda a converter testosterona em estrógenos, pela ação da 
enzima aromatase.Por outro lado, em mulheres que usam anticoncepcional, os níveis 
de SHBG são tão elevados que a testosterona chega a ficar indetectável 
nos exames, acarretando em sérias dificuldades em mudar a composição 
corporal e também no prejuízo da saúde sexual.
CREATINA KINASE E NÍVEL DE ESFORÇO FÍSICO
Um dos marcadores plasmáticos indiretos da intensidade do treino 
é a enzima creatina kinase, que é responsável pela tarefa de transformar a 
creatina em creatina fosfato (CP) às custas de uma molécula de ATP. O au-
mento dessa enzima muscular (fração MM) no sangue demonstra lesão de 
sarcolema e extravazamento da enzima para a corrente sanguínea. Quan-
do solicitar esse marcador para uma pessoa que se intitula “treinada” e 
encontrá-lo dentro do valor de referência, provavelmente a pessoa “acha” 
que treina. Indique um treinador para ajudá-la a se exercitar corretamen-
te. Para atletas de alto rendimento, o aumento dietético de carboidratos 
ajuda a poupar a participação do metabolismo proteico contribuindo para 
a recuperação do glicogênio muscular que, indiretamente, auxilia na recu-
peração muscular.
OUTROS TIPOS DE AVALIAÇÃO
O exame de urina pode ser útil na detecção de perda de nutrientes 
(glicosúria, proteinúria), bem como mostrar a capacidade de depuração 
urinária corporal. O exame de fezes pode detectar algum tipo de parasita 
intestinal, explicando uma infecção sem origem aparente. Fica à cargo do 
nutricionista solicitar ou não esses tipos de exames complementares.
25
o PerFil genético 
e a interação com a Dieta
De forma simplificada, quando somos fecundados, temos uma 
“mistura” das características genéticas do nosso pai e mãe constituindo o 
nosso genótipo. Por sua vez, o genótipo pode ser influenciado pelas carac-
terísticas do meio ambiente em que vivemos, como por exemplo: tipo de 
dieta seguida, poluição, medicamentos ingeridos, estilo de vida sedentário 
ou ativo, entre outros. A junção do genótipo com o meio ambiente acaba 
resultando na seguinte equação:
Genótipo + Meio Ambiente = Fenótipo
Com a dieta personalizada por meio da análise genética, temos o 
conceito de nutrigenética. Assim, quando um nutricionista tem a capa-
cidade de interpretar os polimorfismos genéticos, ou seja, as variações/
mutações na sequência de bases nitrogenadas de um gene específico que 
formam isoformas diferentes do mesmo gene de uma pessoa, ele conse-
gue prescrever nutrientes e compostos bioativos específicos com alvo na 
expressão dos genes alterados, podendo usar essa estratégia nutricional 
como forma de prevenção à doenças específicas, o que já faz parte da 
área de atuação da nutrigenômica.
Atualmente, com o avanço da biologia molecular e o mapeamento 
do nosso genoma é possivel individualizar a dieta conforme as variações 
de genes ligados às repostas aos macronutrientes, o metabolismo de vita-
minas e minerais, o comportamento e preferências alimentares, as respos-
tas fisiológicas a determinados tipos de exercícios físicos e predisposição à 
doenças crônicas degenerativas não transmissíveis como obesidade, resis-
tência à insulina, doenças cardíacas e fisiologia hormonal.
26
O Conselho Regional de Nutrição – região 3 (CRN-3), através do 
parecer técnico Nº 09/2015, esclarece e orienta:
• Testes de Nutrigenética são preditivos e não diagnósticos, não 
devem substituir outros exames e avaliações necessários ao trata-
mento e devem ser utilizados apenas como ferramenta adicional à 
prescrição nutricional;
• O nutricionista deve pautar sua atuação no Código de Ética e es-
tar capacitado a interpretar os testes de nutrigenética e a orientar 
adequadamente seus clientes;
• É extremamente importante ressaltar que a interpretação equivo-
cada dos testes de nutrigenética pode causar prejuízos ao cliente;
• A recomendação de suplementos baseada em testes de nutrigené-
tica não possuem evidências científicas suficientes até o momento, 
devendo o nutricionista enfatizar ao paciente a importância do 
consumo dos alimentos;
• Os nutricionistas deverão estar capacitados/especializados para soli-
citar e interpretar corretamente tais testes, bem como para aplicá-los 
da forma mais adequada e racional em sua rotina de atendimento.
GENES RELACIONADOS AO METABOLISMO LIPÍDICO
ADIPOQ
Gene que controla a produção da proteína adiponectina, adipocina que 
participa do controle de peso e da reesterificação de gordura no tecido 
adiposo. Indivíduos com polimorfismo rs17300539 e com genótipo A/A 
e A/G são mais propensos à obesidade e diabetes.
APOA2
É o gene que controla a produção da proteína apolipoproteína AII, sen-
do que o polimorfismo rs5082, genótipo C/C promove maior associação 
com o Índice de massa corporal (IMC) e o consumo de alimentos.
FTO-rs9939609
O FTO (do inglês fat mass and obesity-associated gene) é conhecido como o “gene 
da obesidade”. Além de possuir forte ligação no fenótipo da obesidade, também 
27
está relacionado com o gene da diabetes. Com mais de 10 tipos diferentes de 
polimorfismos SNPs, o rs9939609 foi eleito como o representante de análise. 
Os indivíduos heterozigotos com genótipo A/A têm maior risco de desenvolver 
doenças como obesidade e diabetes. Os indivíduos com genótipo T/T já foram 
estudados com relação ao padrão de alimentação adotado e respondem melhor 
às dietas hiperglicídicas e hipolipídicas, demonstrando menor índice HOMA e 
menor queda na taxa metabólica em repouso na dieta hipocalórica. Por outro 
lado, Zhang e colaboradores (2012), observaram uma melhora da composição 
corporal em indivíduos com o alelo rs1558902, submetidos a dois anos de dieta 
hiperproteica.
LIPC
O gene codifica a lipase dos triglicerídeos hepáticos, que é expressa no 
fígado. O LIPC tem as funções de hidrolase de triglicérides e fator de 
ligação para a captação de lipoproteína mediada por receptor. Conside-
ra-se que o indivíduo portador do SNP rs1800588 genótipo T/T pode 
influenciar os níveis do “bom colesterol”, as lipoproteínas de alta densi-
dade (HDL-c).
MMAB
O gene MMAB codifica uma enzima que está envolvida na formação de 
um composto chamado adenosilcobalamina (AdoCbl). O AdoCbl, que 
é derivado da vitamina B12 (também conhecida como cobalamina), é 
necessário para a função normal de outra enzima conhecida como me-
tilmalonil CoA mutase. Essa enzima ajuda a quebrar algumas proteínas, 
gorduras (lipídios) e colesterol, e está presente nas mitocôndrias, organe-
las que atuam como centros produtores de energia. Os indivíduos com 
o SNPrs224120 podem ter dificuldade em perder peso e desenvolver 
deficiência da B12 quando a alimentação não supre corretamente suas 
necessidades.
PPARG
Esse gene codifica os membros da subfamília do receptor, ativado pelo 
proliferador de peroxissoma (PPAR) dos receptores nucleares. Os PPAR 
formam heterodímeros com receptores de retinoide X (RXR) e esses 
heterodímeros regulam a transcrição de vários genes. São conhecidos 
28
três subtipos de PPAR: PPAR-alfa, PPAR-delta e PPAR-gama. A prote-
ína codificada por esse gene é PPAR-gama, que atua como regulador da 
diferenciação de adipócitos e da b-oxidação lipídica. Adicionalmente, a 
PPAR-gamma tem tido implicação na patologia de numerosas doenças, 
incluindo obesidade, diabetes, aterosclerose e câncer. Os indivíduos por-
tadores do SNP rs1801282 com genótipo G/G têm maior chance de de-
senvolver uma síndrome metabólica.
GENES RELACIONADOS AO COMPORTAMENTO 
ALIMENTAR
LEPR
Esse gene codifica uma família gp130 de receptores de citocinas que 
são conhecidos por estimularem a transcrição de genes através das 
proteínas citosólicas STATs. Essa proteína é um receptor de leptina 
(um hormônio específico dos adipócitos que regula o peso corporal) e 
está envolvida na regulação do metabolismo das gorduras. Alguns SNP 
rs2025804 desse gene têm sido associados com obesidade e disfunção 
pituitária.
NMB
Esse gene codifica neuropeptídeos, tipo bombesina, que regula negativa-
mente o comportamento alimentar. Por regular a contração do músculo 
liso do cólon através da ligação ao seu receptorneuromedina B (NMBR), 
os polimorfismos desse gene rs1051168 podem estar associados com o 
descontrole da saciedade, o ganho de peso e a obesidade.
TAS2R38-rs1726866
Esse gene codifica um receptor acoplado à proteína G de sete tipos de 
proteínas transmembranas que controlam a capacidade de reconhecer 
glucosinolatos, compostos de sabor amargo encontrados em plantas bras-
sicas sp. Esses receptores têm grande ligação com os tipos de alimentos 
ingeridos pois podem desempenhar a detecção da composição química 
do conteúdo gastrointestinal, principalmente com amargura via ligação 
gustducina.
29
ANKK1/DRD2-rs1800497
Esse gene codifica a proteína do receptor D2 do neurotransmissor do-
pamina. Esse receptor acoplado à proteína G inibe a atividade da enzima 
da adenilato ciclase. O receptor de dopamina cuja atividade é mediada 
por proteínas G tem relação direta com o prazer e o consumo alimentar. 
É estudado com fins de se relacionar o consumo de açúcar e o vício em 
alimentos.
SLC2A2-rs5400
Esse gene codifica a glicoproteína de transporte de glicose tipo 2 (GLUT2) 
que pode ser encontrada no fígado, nas células beta dos ilhéus, no intes-
tino e no epitélio renal. Devido a sua baixa afinidade pela glicose, tem 
sido sugerido como um sensor de glicose. As mutações nesse gene estão 
associadas à algumas doenças, incluindo a síndrome de Fanconi-Bickel e 
diabetes mellitus não insulino-dependente.
GENES RELACIONADOS AO METABOLISMO DE 
NUTRIENTES
CYP1A2-rs762551
Esse gene codifica um membro da superfamília das enzimas citocromo 
P450. As proteínas do citocromo P450 são monooxigenases que catali-
zam muitas reações envolvidas no metabolismo de drogas e síntese de 
colesterol, esteroides e outros lipídios. A proteína codificada por esse gene 
localiza-se no retículo endoplasmático e sua expressão é induzida por al-
guns hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP), alguns dos quais são 
encontrados na fumaça do cigarro. No entanto, é capaz de metabolizar 
alguns PAHs para intermediários carcinogênicos e outros substratos xe-
nobióticos como a cafeína e aflatoxina.
TAS1R3-rs35744813
A proteína codificada por esse gene é um receptor acoplado à proteína 
G, envolvido nas respostas ao sabor. A proteína codificada pode formar 
um receptor heterodimérico com o TAS1R1 para provocar a resposta ao 
sabor umami, ou pode ligar-se à TAS1R2 para formar um receptor para a 
resposta ao sabor doce.
30
MCM6
O gene MCM6 fica próximo ao gene da produção de lactase LCT, 
sendo que a variante rs4988235 tem mostrado a função de regular os 
níveis da enzima que digere o açúcar do leite, a lactose. Indivíduos com 
o genótipo C/C em rs4988235 têm uma possibilidade maior de serem 
intolerantes à lactose, enquanto indivíduos com outros genótipos têm 
uma possibilidade menor. Essa variante parece estar associada à into-
lerância à lactose em caucasianos, enquanto outras variantes podem 
exercer uma função importante em outras etnías, como a africana e a 
asiática.
ALDH2-rs671
É o gene que codifica a enzima aldeído-desidrogenase 2 (ALDH2) e possui 
um importante papel no metabolismo do álcool em nosso organismo, pois 
atua como catalisador no processo de oxidação do acetaldeído (substância 
tóxica resultante da metabolização do etanol) para acetato, diminuindo sua 
concentração e efeitos tóxicos.
Cerca de 40% da população do Leste Asiático apresenta um polimorfis-
mo dessa enzima que acaba por gerar uma variante inativa, acarretando 
aos portadores do SNP da enzima um acúmulo do acetaldeído no sangue 
após a ingestão de álcool. Essa reação, também conhecida como “síndro-
me asiática do rubor facial induzida pelo álcool”, ocorre após o consumo 
de uma única dose de bebida alcoólica e é responsável pela aversão ao 
álcool observado em alguns indivíduos portadores desse polimorfismo 
genótipo G/G.
GENES RELACIONADOS AO METABOLISMO DE 
VITAMINAS E MINERAIS
MTHFR-rs1801133
A proteína codificada por esse gene catalisa a conversão de 5,10-meti-
lenotetrahidrofolato em 5-metiltetrahidrofolato, um cosubstrato para a 
remetilação de homocisteína, a metionina. A variação genética influen-
cia a suscetibilidade à doença vascular oclusiva, defeitos no tubo neural, 
câncer do cólon e leucemia aguda. E as mutações com genótipo T/T es-
tão associadas à deficiência da enzima metilenotetrahidrofolato redutase, 
31
dificultando o metabolismo do ácido fólico e, consequentemente, aumen-
tando a homocisteína plasmática.
BCMO1-rs7501331
O gene que codifica a enzima chave responsável pela conversão de be-
tacaroteno em retina é a 15,15’-monooxigenase de betacaroteno. Uma 
vez que foi relatado que a conversão de betacaroteno em vitamina A é 
altamente variável em até 45% dos indivíduos saudáveis, observa-se que 
os indivíduos portadores do genótipo T/T e C/T tem menor conversão 
de retinol.
SLC23A1-rs33972313
A absorção de vitamina C em nosso organismo e sua distribuição aos 
órgãos requer dois transportadores dependentes de sódio, sendo que esse 
gene codifica um dos dois transportadores. A proteína codificada é ativa 
no transporte de vitamina C envolvendo superfícies epiteliais.
GC-rs2282679
A proteína codificada por esse gene pertence à família da albumina. É uma 
proteína multifuncional encontrada no plasma, no fluído ascítico, no líqui-
do cefalorraquidiano e na superfície de muitos tipos de células. Liga-se à 
vitamina D e aos seus metabólitos plasmáticos, transportando-os para os 
tecidos-alvo, sendo que o genótipo C/C é o que mais demonstra níveis 
plasmáticos diminuídos de vitamina D.
CLOCK
Esse gene codifica uma proteína que desempenha um papel central na 
regulação dos rítmos circadianos. A proteína codifica um fator de trans-
crição da família hélice-espiral-hélice básica (bHLH) e contém uma en-
zima acetiltransferase de ligação de DNA à DNA. Os polimorfismos 
nesse gene podem estar associados às mudanças comportamentais em 
determinadas populações e à obesidade e síndrome metabólica. Para 
resumir, quando se tem um sono de má qualidade, isso pode acarretar 
em uma mudança do ciclo circadiano hormonal, aumentando o risco 
de depósito de gordura corporal e todos os problemas associados.
32
LISTA DE GENES DE INTERESSE DO NUTRICIONISTA
GIPR
É o gene que codifica o receptor polipeptídico insulinotrópico dependente 
de glicose, sensor responsável por estimular de forma rápida a liberação de 
insulina na presença de glicose sanguínea. Indivíduos que possuem o alelo 
T (rs2287019) e submetidos a uma dieta baixa em gordura tiveram maior 
perda de peso e maiores diminuições na glicemia de jejum, insulina em 
jejum e HOMA-IR. Assim, os indivíduos portadores do alelo Trs2287019 
do gene GIPR podem apresentar mais facilidade para perder de peso e 
melhor homeostase da glicose em comparação com aqueles que não pos-
suem esse alelo, quando submetidos a uma dieta de baixo teor de gordura, 
rica em carboidratos e fibras.
APOA5
A apolipoproteína A5 é uma proteína determinante no controle dos ní-
veis de triglicerídeos plásmaticos. Em uma dieta de baixo teor de gordura 
(20% de lípidos do total energético), os indivíduos portadores do alelo G 
apresentaram maiores reduções no colesterol e LDL-colesterol do que os 
não-portadores. No grupo submetido a uma dieta rica em gordura (40% 
de gordura do total), os participantes com o alelo G apresentaram maior 
aumento do colesterol HDL do que os participantes sem esse alelo. Assim, 
a longo prazo, houve melhora nos perfis lipídicos da dieta com baixo teor 
de gordura nos indivíduos com o alelo APOA5 G.
IRS-1
É o gene que codifica o receptor de insulina. Está localizado em vários 
tecidos, promovendo a ligação entre o hormônio e sua atividade intrace-
lular. Entre os participantes portadores do alelo A, as taxas de reversão da 
síndrome metabólica foram maiores no grupo que recebeu uma dieta com 
alto teor de gordura do que no grupo com dieta com baixo teor de gor-
dura em uma intervenção de dois anos. Entretanto, não houve diferenças 
nos indivíduos que não possuíam o alelo A. Nesse caso,dietas com maior 
teor de gordura podem ser mais eficazes na gestão do metabolismo da 
síndrome metabólica.
33
PPM1K
Esse gene está envolvido na decodificação do complexo enzimático desi-
drogenase de ácido alfaceto de cadeia ramificada (BCKD), reponsável pela 
catálise dos aminoácidos de cadeia ramificada. No grupo de controle com 
dieta hiperlipídica, os indivíduos portadores do alelo C tiveram menor per-
da de peso e menor diminuição da insulina sérica e HOMA-IR, enquanto 
efeito oposto foi encontrado no grupo sem o alelo C. Dessa forma, o 
ajuste da dieta depende da presença do polimorfismo da PPMK1.
CRY2 / MTNR1B
Ambos os genes estão envolvidos na codificação do receptor 1b da mela-
tonina e do criptocromo2, proteínas que regulam nosso ciclo circadiano e 
têm interferência direta no coeficiente respiratório e taxa metabólica basal. 
Foi observado que essas duas proteínas atúam na perda de peso e no me-
tabolismo basal, sendo modificadas por alterações no tipo e quantidade de 
gordura na dieta.
NPY
É o gene que codifica a produção do neuropeptídeo Y (NPY), um potente 
estimulador no sistema nervoso para a ingestão de alimentos. Indivíduos 
com polimorfismo no alelo C (rs16147) tiveram uma redução da circun-
ferência da cintura depois de seis meses de dieta controlada. Além disso, 
os genótipos apresentaram uma interação com a gordura da dieta provo-
cando mudanças na composição corporal, sendo essa mudança estatistica-
mente mais forte em indivíduos que possuíam alto consumo de gordura, 
quando comparado aos que consumiam menor quantidade. Depois de 
dois anos, a perda permaneceu estatisticamente significante para o gru-
po com dieta rica em gordura, embora a interação gene-gordura dietética 
não foi significativa. Além disso, o genótipo rs16147 alelo T teve maior 
interação genótipo-gordura dietética, alteração do tecido adiposo abdo-
minal total, do tecido adiposo visceral e subcutâneo, sendo que é o alelo 
com mudanças mais adversas na deposição de gordura abdominal em uma 
dieta rica em gordura. Dessa forma, os genótipos NPY rs16147 merecem 
intervenções dietéticas específicas com fontes lipídicas de boa qualidade 
para se obter uma redução de gordura corporal.
34
Genes relacionados ao exercício físico e saúde articular
LIPC-rs1800588 LPL-rs328 PPARD--rs20165
INSIG2-
-rs7566605
PPARG-
C1Ars8192678
MMP3-rs679620 FTO-rs11219 EDN1-rs5370 PPARD-rs2016520 LPL-rs328
Genes relacionados à obesidade
FTO-rs9939609 MC4R-rs1778231 ADIPOQ-rs17300
LEPR-
rs8179183
ADIPOQ-
rs17
Genes relacionados à colesterolemia
ABCG8-
rs6544713 
CELSR2-
rs12740374
HNF1A-
rs2650000 
LDLR-
rs6511720 
NCAN-
rs10401969 
APOB-
rs515135
HMGCR-
rs3846663 
INTERGENI-
Crs1501908
MAFB-
rs6102059 
PCSK9-
rs11206510
Genes relacionados à produção de HDL-c
ABCA1-
rs1883025 
FADS1-
rs174547 
GALNT2-
rs4846914 
HNF4A-
rs1800961 
KCTD10-
rs2338104 
ANGPTL4-
rs2967605 
LCAT-
rs2271293 
LIPC-
rs10468017 LIPG-rs4939883 LPL-rs12678919 
CETP-rs247616 PLTP-rs7679 TTC39B-rs471364 
ZNF259-
rs964184 
Genes relacionados à produção de triglicérides
ANGPTL3-
-rs10889353 
APOB-
-rs7557067 FADS1-rs174547 
GCKR-
-rs1260326 LPL-rs12678919 
MLXIPL-
rs714052 PLTP-rs7679
TRIB1-
-rs2954029 
XKR6-
-rs7819412 
ZNF259-
rs964184 
Genes relacionados ao metabolismo da glicose
ADCY5-
rs11708067 
ADRA2A-
rs10885122 
CRY2-
rs11605924 
FADS1-
rs174550 G6PC2-rs560887 
GCK-
rs4607517 
GCKR-
rs780094 
GLIS3-
rs7034200 
MADD-
rs7944584 MTNR1Brs10830963
PROX1-
rs340874 
SLC2A2-
rs11920090 
TCF7L2-
rs7903146 
35
avaliação antroPométrica
Para um bom acompanhamento nutricional é imprescindível rea-
lizar uma boa avaliação física/antropométrica pois, dessa forma, o nu-
tricionista é capaz de estimar a quantidade de cada tecido corporal (ex: 
massa magra e massa gorda) e sua participação no peso e gasto energé-
tico total do atleta. E o velho ditado vale: o que não é medido, não pode 
ser controlado.
O primeiro passo é a escolha da metodologia de avaliação da com-
posição corporal. Didaticamente, temos métodos indiretos e duplamen-
te indiretos. A tabela abaixo detalha os métodos considerados “padrão 
ouro”. No entanto, por conta do alto custo dos aparelhos, o nutricionista 
pode recorrer à bioimpedância elétrica, à adipometria ou ao método de 
ultrassom manual para realizar a avaliação dos compartimentos corporais. 
Não se tem o objetivo aqui de discorrer sobre a melhor metodologia para 
a realização de tal análise, mas sim, de elucidar de forma simples as ferra-
mentas que o nutricionista tem à disposição para efetuar uma boa análise 
antropométrica.
Métodos avançados de avaliação antropométrica
Método de avaliação Descrição Limitações
Pesagem Hidrostática
Pessoa sentada em uma 
cadeira sendo submergida 
completamente. A densi-
dade corporal se dá pela 
divisão do peso antes de 
entrar na água e do peso 
perdido dentro da água.
Não pode ser usada em 
pessoas que não conse-
guem ser submergidas. As 
validações foram feitas 
apenas com caucasianos.
Pletismografia
Pessoa sentada dentro de 
uma câmara, sendo que o 
volume corporal é calcula-
do pela subtração do volu-
me de ar da câmara vazia 
com o da câmara com a 
pessoa dentro.
Aparelho caro e necessi-
dade de um técnico trei-
nado para avaliar. Boa 
correlação com DEXA 
mas não se tem padroni-
zação de indivíduos com 
menos de 40kg.
36
Tomografia 
computadorizada
O raio-x oferece uma ima-
gem com resolução a partir 
das diferentes densidades 
dos tecidos. Permite a se-
paração de gordura, mas-
sa muscular e osso para 
o cálculo da composição 
corporal.
Expõe o indivíduo à radia-
ção ioinizante. Não é fei-
ta em crianças e grávidas. 
Aparelho caro e há ne-
cessidade de um avaliador 
treinado.
Ressonância 
magnética
Radiação eletromagnética 
que age no núcleo da cé-
lula, formando uma ima-
gem. Permite a separação 
de gordura, massa muscu-
lar e osso para o cálculo da 
composição corporal.
Sem conhecimento sobre 
riscos para a saúde. Acesso 
ao aparelho é limitado e há 
necessidade de um avalia-
dor treinado.
Dexa
Baixas doses de raio-x 
produzem a imagem de 
ossos e outros tecidos, po-
dendo-se calcular a com-
posição corporal.
O aparelho é caro, mas 
pode ser usado em uma 
grande variedade de pes-
soas, exceto grávidas. Pes-
soas muito altas ou obesas 
não cabem no aparelho.
Com o avanço da tecnologia, o uso da bioimpedância elétrica 
cresceu entre os profissionais de saúde que necessitam conhecer a 
composição corporal de seus pacientes. Tradicionalmente, em traba-
lhos científicos que estudam as aplicações desse método em diferentes 
populações, costuma-se utilizar o modelo tetrapolar de 4 eletrodos, 
sendo a avaliação feita com o indivíduo deitado em uma maca. No 
entanto, é crescente o comércio de balanças modernas que possuem 
a bioimpedância acoplada, porém, a reprodutibilidade é questionável 
pela inconstância de resultados, que pode ser causada pelo fato de a 
pessoa ficar em pé e sem realizar o protocolo prévio de preparação 
para a realização do teste.
37
Outro complicador é a diferença entre aparelhos que fazem a avalia-
ção com os eletrodos nas mãos (membros superiores) daqueles que pos-
suem os eletrodos apenas nos pés (membros inferiores). Segundo Dittmar 
(2004), já foi demonstrado que existe diferença no resultado da avalia-
ção da mesma pessoa quando feita em aparelhos com diferentes tipos 
de eletrodos. De forma geral, quando é realizado o protocolo prévio de 
avaliação de bioimpedância e o resultado da porcentagem de gordura é 
comparado com a metodologia de dobras cutâneas, realizada por um ava-
liador experiente e usando a equação de predição adequada, temos uma 
boa correlação entre os métodos.
Atualmente, existe também a opção de se adquirir um aparelho de 
ultrassom manual para se obter a porcentagem de gordura subcutânea, 
sendo de fácil manuseio por profissionais iniciantes, ele contribui para di-
minuir a diferença nos dados, muito comum de ocorrerem nas avaliações 
antropométricas. Nesse caso, o ultrassom éposicionado no mesmo ponto 
anatômico das dobras cutâneas, porém sem “apertar” o tecido adiposo.
Esquema da avaliação por ultrassom manual
Adaptado (Ulbricht et al., 2012).
38
Para se obter a validação do aparelho, foram comparadas as dobras 
cutâneas de sessenta militares do sexo masculino utilizando-se o ultrassom 
manual. As dobras foram medidas em 9 pontos: tríceps, subescapular, bí-
ceps, tórax, axilar média, abdominal, supra-ilíaca, coxa e panturrilha, sen-
do usada a equação de Pollock (1978). Segundo os autores, houve variação 
mínima entre as análises, podendo-se dizer que os resultados em mm de 
cada ponto anatômico obtidos com o ultrassom manual podem ser usados 
nas equações de predição de adipometria de forma adaptada.
Para a avaliação básica realizada tradicionalmente em consultórios de-
ve-se possuir: balança calibrada, fita métrica enelástica e adipômetro, sendo 
possível aferir com esses instrumentos o peso corporal, a altura e a circun-
ferência de membros e dobras cutâneas, respectivamente. O primeiro passo 
é escolhar qual equação de predição será usada para calcular a porcentagem 
de gordura. Na literatura temos uma grande variedade, mas é necessário 
adequar a equação às características do indivíduo. O mais indicado é padro-
nizar a equação para cada paciente e usar sempre o mesmo protocolo nas 
avaliações futuras. Se o nutricionista tiver dúvidas sobre qual equação é a 
mais indicada, ele pode fazer um comparativo entre duas ou mais equações e 
também utilizar uma média dos resultados. Na literatura temos alguns tipos 
de equações melhor indicadas para pessoas fisicamente ativas e atletas.
Equações de predição para adipometria
Protocolo Equação
Jackson & Pollock 1978
(Homens 18-29 anos)
DC Homens Adultos = 1,11200000 - 
[0,00043499 (SD) + 0,00000055 (SD)²] - 
[0,0002882 (idade)]
(subescapular, tricipital, abdominal, supra-ilíaca, 
coxa, peitoral e axiliar média)
G% = [(4,95/Densidade Corporal) - 4,50] x 100
Jackson et al., 1980
(Mulheres 18-29 anos)
DC Mulheres Adultas = 1,0970 - [0,00046971 
(SD) + 0,00000056 (SD)²] - [0,00012828 (idade)]
(tríceps + supra-ilíaca + coxa)
G% = [(4,95/Densidade Corporal) - 4,50] x 100
Withers et al., 1987
(Homens 15-39 anos)
DC = 1,17484 0,07229 log10 (tríceps + subesca-
pular + supra-espinhal + panturrilha)
G% = [(5,01)/DC) 4,57] X 100
39
Protocolo Equação
Withers et al., 1987
(Mulheres 11-41 anos)
DC = 1,0988 0,0004 (tríceps + subescapular + bí-
ceps + supra-espinhal + abdominal + coxa medial 
+ panturrilha)
G% = [(4,95/DC) 4,50] X 100
Equações de Guedes (1985)
(Estudantes universitários de 
17 a 27 anos de idade)
D = 1,1714 – 0,0671 Log10 (tríceps + supra-ilíaca 
+ abdominal)
G% = (498/D) – 453
Equações de Guedes (1985) 
(Estudantes universitárias de 
17 a 29 anos de idade)
D = 1,1665 – 0,0706 Log10 (coxa proximal + 
supra-ilíaca + subescapular)
G% = (505/D) – 462
Equações de Petroski (1995)
(Homens do sul do Brasil de 18 
a 61 anos de idade)
D = 1,10726863 – 0,00081201 (subescapular + 
tríceps + supra-ilíaca + panturrilha medial) + 
0,00000212 (subescapular + tríceps + supra-ilíaca + 
panturrilha medial) 2 – 0,00041761 (idade em anos)
G% = (495/D) – 450
Equações de Petroski (1995)
(Mulheres do sul do Brasil de 
18 a 61 anos de idade)
D = 1,1954713 – 0,07513507 Log10 (axilar média 
+ supra-ilíaca + coxa + panturrilha medial) – 
0,00041072 (idade em anos)
G% = (503/D) – 459
Uma dica é pegar essas equações e coloca-las em planilhas no ex-
cel para facilitar o cálculo, mas aqui vou demonstrar como era feito anti-
gamente. Uma das equações mais utilizadas para indivíduos fisicamente 
ativos é a de Jackson & Pollock (1978), sendo indicada para homens de 
18 a 29 anos. Essa equação contém sete dobras cutâneas em seu cálculo: 
subescapular, axilar média, tríceps, coxa, supra-ilíaca, abdominal, peito-
ral e, por fim, a soma de todas as dobras (SD). Para as mulheres entre 
18 e 29 anos, Jackson e colaboradores (1980) consideram as dobras dos 
tríceps, supra-ilíaca e coxa. Com a SD é possível calcular a Densidade 
Corporal (DC), conforme a tabela. E, após encontrar a DC, é possível 
calcular a porcentagem de gordura do indivíduo pela equação de Siri: 
G% = [(4,95/Densidade Corporal) - 4,50] x100.
40
Segue um exemplo:
Homem fisicamente ativo, 25 anos, com 85kg, 1,75m.
Somatório das dobras cutâneas = 68
DC Homens Adultos = 1,11200000 - [0,00043499 (68) + 0,00000055 (68)²] - [0,0002882 (25)]
1,11200000 - [0,02957932+0,0025432]-[0,007205]
1,11200000 - 0,03212252-0,007205
1,11200000 - 0,02491752
DC = 1,08708248
Assim:
G% = [(4,95/Densidade Corporal) - 4,50] x 100
G% = [(4,95/1,08708248) - 4,50] x 100
G% = [4,55 - 4,50] x100
G% = 0,05 x 100
Porcentagem de gordura = 5%
Encontrada a G% fica mais fácil de estimar a quantidade de cada 
tecido corporal: 85kg total x 5% de gordura= 4,25 kg de gordura subcu-
tânea. Para encontrar o peso de massa muscular, ossos e vísceras: 85kg 
total – 4,25kg de gordura subcutânea = 80,75kg.
Além de estimar a quantidade dos compartimentos corporais, o nu-
tricionista deve utilizar os valores encontrados para calcular as necessida-
des nutricionais do paciente e também usar os valores como referência em 
avaliações antropométricas futuras, comparando assim ganhos ou perdas 
de cada compartimento corporal, possibilitando ao cliente uma melhor 
visualização dos resultados alcançados com a dieta que está seguindo.
41
bioenergética Do exercício 
e cálculo Do gasto calórico
Umas das disciplinas mais importantes para o nutricionista é a bio-
química e sua associação com a bioenergética, sendo que o entendimento 
e domínio desse conhecimento é primordial para saber qual é a melhor 
estrutura dietética para cada atleta. O nutricionista deve entender de bio-
energética do exercício, pois seu trabalho é pautado na prescrição dos 
nutrientes necessários para as vias energéticas com vistas a aumentar o 
rendimento esportivo de atletas de qualquer modalidade.
A compreensão dos diferentes sistemas energéticos (ATP-CP, gli-
cólise anaeróbia, glicogenólise e beta-oxidação) que participam do meta-
bolismo aeróbio e que atuam nos mais diferentes esportes é a chave para 
ajustar a prescrição dietética. Um fator determinante é a composição de 
fibras musculares predominantes no atleta, sendo que as fibras que têm 
maior capacidade de metabolizar oxigênio com a mistura de glicose e áci-
dos graxos são as do tipo I, ou seja, as fibras vermelhas. Elas possuem 
maior quantidade de mioglobina (mitocôndrias e enzimas antioxidantes), 
que ajuda a sustentar tempos mais prolongados do exercício físico. Exem-
plos de atletas: maratonistas, ciclistas de longa distância, nadadores de tra-
vessia marítima e triatletas.
Por outro lado, temos as fibras musculares do tipo II, que pos-
suem a característica anaeróbia, ou seja, utilizam o sistema energético 
ATP-CP com alta capacidade glicolítica. Essas fibras são acionadas em 
situações de movimentos de alta intensidade, contudo, são sustentadas 
por poucos segundos. As fibras glicolíticas contêm maior concentração 
de enzimas glicolíticas, glicogênio muscular, estoque de CP e quantida-
de de carnosina (tamponante proteico). Exemplo de atletas: lutadores, 
bodybuilders, atletas de 100-400m rasos, nadadores especialistas em 50m 
livres e atletas de crossfit.
42
Tipos e características das fibras musculares
Características Tipo I Tipo IIa Tipo IIx
Inervação Pequena Grande Grande
Frequência de ativação Baixa Alta Alta
Velocidade de contração Lenta Veloz Veloz
Metabolismo Oxidativo Oxid / Glic Glicolítico
Mioglobina Alta Intermed. Baixa
Densidade mitocondrial Alta Intermed. Baixa
Atividade antioxidante Alta Intermed. Baixa
Fatigabilidade Baixa Intermed. Alta
Hipertrofiabilidade Baixa Intermed. Alta
Para o nutricionista que não possui muitos recursos para avaliar o gas-
to energético de seu paciente de forma direta, cálculos indiretos são a saída 
e, quando aplicados, podem estimar o gasto das atividades do indivíduo de 
forma prática. Existe um “Compendium de AtividadeFísica”, publicado 
em 2000 por Ainsworth e colaboradores no qual os autores revisaram e atu-
alizaram os valores e códigos do equivalente metabólico do treino (METs). 
Os valores demonstrados nas tabelas do valores de METs podem ser utili-
zados para calcular o gasto pelo peso e tempo da atividade em questão.
Gasto Calórico = METs x Peso (kg) tempo (min)
Exemplo:
Homem fisicamente ativo, 25 anos, com 85kg, 1,75m.
Vai ao banco a pé e leva aproximadamente 20 minutos para chegar até a agência. Contan-
do a ida e a volta, são 40 minutos de caminhada.
GC caminhada = 3,3* x 85 x 0,4 = 112 kcal
85kg
0,4 = 40 minutos de caminhada.
*Tabela dos valores de METs
Agora é necessária uma observação importante no cálculo: quando 
vemos na tabela o METs, ele representa o gasto calórico equivalente a 1 
hora. Isso é motivo de crítica, pois ele não considera o peso, a idade, o 
gênero e muito menos a aptidão física do indivíduo.
43
O ideal então é calcular de forma mais detalhada. Se pensarmos em 
um treino de musculação, em que o indivíduo despende 1 hora na acade-
mia, podemos contabilizar entre 20 e 30 minutos de exercício propriamen-
te dito, já que temos que considerar as séries, o descanço entre as séries, 
além do tempo gasto com beber água, ir ao banheiro, conversar.
Exemplo de 1 hora de exercício de força:
GCcmusculação = 6,0* x 85 x 0,6 = 306 kcal
85kg
0,6 = 1h de musculação
*Tabela dos valores de METs
Exemplo de 20 minutos de exercício de força:
GCcmusculação = 6,0* x 85 x 0,2 = 102 kcal
85kg
0,2 = 20 minutos de musculação
*Tabela dos valores de METs
Chamo atenção a essa questão pois isso influencia na somatória fi-
nal de calorias. No cálculo “geral”, a caminhada + a musculação do ban-
cário ficaria em 418 kcal. Já na adaptação do cálculo, considerando todas 
as variáves intrínsecas às atividades realizadas, o resultado seria 316 kcal. A 
diferença nos valores calóricos pode parecer pequena, mas em determina-
dos pacientes essa diferença pode atrapalhar o resultado esperado. Se você 
considera, por exemplo, um paciente que tem o objetivo de perder peso 
e “adiciona” 300 kcal ao dia ao invés de restringir, no fim da semana ele 
consumiu 2.100 kcal a mais do que o necessário.
Tabela. Valores dos METs por tipo de exercício fisico
Exercício físico MET Exercício físico MET
Alongamento 2 Corrida 14km/h 15
Balé 4,8 Futebol 8
Caminhada 3,3 Hidroginástica 4
Caminhada moderada (6km/h) 5 Judô 10
Ciclismo 4 Jiu-jitsu 10
Corrida trote 10 Musculação 6
Natação 7 Surfe 3
Skate 5 Pular corda 10
Tênis 7 Volei 7
Equitação 6,5 Tai chi chuan 4
(Ainsworth et al., 2000)
44
Uma coisa que aprendi na prática é assitir os treinos dos pacientes 
quando possível, pois isso oferece uma noção do treino realmente feito, 
contribuindo para que o cálculo do gasto calórico seja o mais preciso 
possível.
Mais um exemplo para a prática clínica: no caso, um judoca que 
treina 2 horas por dia no tatame. Sabe-se que dentro do treino existem 
diferentes etapas: alongamento, aquecimento, técnicas de golpes e a luta 
(handori). Cada luta no judô dura 5 minutos, dessa forma, vamos estipular 
que em um treino de 2 horas o atleta faça 10 lutas, somando 50 minutos 
de judô.
Gasto de um lutador de judô com 70kg
Exemplo de 2 horas de treino de judô:
GCjudô = 10,0* x 70 x 1,2 = 804 kcal
70kg
1,2 = 2h de treino
*Tabela 1
Gasto de um lutador de judô com 70kg
Exemplo de 50 minutos lutando judô:
GCjudô = 10,0* x 70 x 0,5 = 350 kcal
70kg
0,5 = 50 minutos de luta
*Tabela 1
No conceito do gasto calórico por minuto, Katch & McArdle (1996) propõem o cálculo 
(kcal/kg/min) conforme a Tabela 2, abaixo.
Tabela. Valor de METs para diferentes modalidades esportivas
Exercício físico kcal/kg/min
Vôlei 0,05
Surfe 0,08
Natação 0,156
Judô 0,195
Corrida 0,163
Ciclismo 0,100
Tênis 0,108
45
Quando utilizamos os valores da Tabela 2:
Gasto de um lutador de judô com 70kg
Exemplo de 50 minutos lutando judô:
GC = 0,195 x 70 x 50 = 350 kcal
Concluindo, o nutricionista deve personalizar o cálculo levando em 
conta a individualidade de seu paciente. Foram oferecidos exemplos de 
cálculos usando o METs como uma ferramenta prática para estimar o gas-
to calórico de uma pessoa a partir do tipo de exercício físico que ela adota. 
Com esses exemplos, espero ter demonstrado o uso dos METs como uma 
ferramenta prática para estimar o gasto energético dos pacientes, dimi-
nuindo a possibilidade de erro nos cálculos.
46
cálculo Das 
necessiDaDes nutricionais
Feita a avaliação antropométrica e bioquímica, é possível realizar o 
cálculo das necessidades nutricionais. Dentro dele estão contidos: o valor 
calórico total, bem como a participação dos macronutrientes (carboidra-
tos, proteínas e lipídios) e dos micronutrientes.
Para deixar o tema mais didático e de fácil entendimento, pode-se 
calcular primeiro a necessidade energética total do indivíduo. Para isso, a 
literatura especializada disponibiliza equações feitas considerando popula-
ções específicas e levando em conta o fator atividade física.
O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) em conjunto 
com a Associação dos Nutricionistas do EUA (ADA) publicaram em 2009 
um posicionamento no qual indicam a equação do Instituto de Medicina 
(DRI, 2005) como a mais adequada para atletas e pessoas fisicamente ati-
vas, pois foi feita pela técnica de água marcada, considerada padrão ouro.
A DRI leva em consideração a idade, peso, altura e o fator atividade 
física (FA):
Equação - Homens:
NE= 662 - 9,53 (idade em anos) + FA [15,91 (peso em kg) + 539,6 (altura em metros)]
Equação - Mulheres:
NE= 354 - 6,91 (idade em anos) + FA [9,36 (peso em kg) + 726 (altura em metros)]
FATOR ATIVIDADE FÍSICA
1,0 - 1,39 = sedentário e atividades leves diárias
1,4 - 1,59 = pouco ativo com atividades leves diárias + 30-60 minutos de exercícios físi-
cos moderados
1,6 – 1,89 = ativo com atividades diárias + 60 minutos de exercícios físicos moderados
1,9 – 2,5 = muito ativo com atividades diárias + 90-120 minutos de exercícios físicos 
moderados
Exemplo:
Homem fisicamente ativo, 25 anos, com 85kg, 1,75m.
Bancário, serviço leve (computador), intelectual, atendimento ao público.
Atividade física: 1 hora de musculação.
Objetivo: aumento de massa magra.
Necessidade Energética Diária
47
Necessidade Energética Diária
NED = 662 - 9,53 (25) + 1,6 [15,91 (85) + 539,6 (1,75)]
NED = 662 - 238,25 + 1,6 [1.325 + 944,3]
NED = 662 - 238,25 + 1,6 [2.269,3]
NED = 662 - 238,25 + 3.630
NED = 423,75 + 3.630
NED = 4053 kcal
Existem novas propostas de cálculo nutricional formuladas a partir 
da quantidade de massa magra do indivíduo, pois essa equação leva em 
consideração o compartimento mais metabolicamente ativo tanto em re-
pouso como durante o exercício.
A equação de Cunningham (1991) pode ser utilizada para se avaliar 
o gasto energético de repouso e considera o peso da massa muscular como 
fator na equação.
GER = 370 + 21,6 (MM)
Exemplo:
Homem fisicamente ativo, 25 anos, com 85kg, 1,75m.
Massa magra: 80,75kg
GER = 370 + 21,6 (80,75)
GER = 370 + 1.744
GER = 2.114
Levando em consideração que a equação de Cunningham se refere à Taxa Metabólica 
de Repouso, e se usarmos uma adaptação do FA proposto pela DRI (2005), temos o 
seguinte resultado:
GER = 2.114 x 1,6
GER = 3.382,4 kcal
Pensando na comparação entre os dois resultados, 3.206 kcal pela 
DRI (2005) e 3.382,4 kcal por Cunningham (1991), são 176 kcal de dife-
rença. Fica a critério do nutricionista usar uma ou outra equação. Com a 
quantidade calórica total em mãos, o nutricionista tem a capacidade de 
estipular qual vai ser a quantidade para cada macronutriente. Uma estra-
tégia clássica é se basear em porcentagens: 65%-55% de carboidratos, 
15%-35% de proteínas e 20-25% de lipídios. Agora, a quantidade de cada 
48
macronutriente para um determinado objetivo atlético, estético ou de saú-
de, fica à cargo do nutricionista.
Se considerarmos uma necessidade de 3.500 kcal por dia para um 
indivíduo fisicamente ativo pesando 80kg, teremos 60% de carboidratos 
(2.100Kcal), 20% de proteínas (700 kcal) e 20% lipídios (700 kcal). Porém, 
se considerarmos essas porcentagens transformadas em gramas de nu-
trientes, temos: 2.100 kcal/4kcal = 525g/80kg = 6,5g/cho/kg/dia. Com 
relação à proteína, 700kcal/4kcal = 175g/80kg = 2,18g/prot/kg/dia. Já 
os lipídios, 700 kcal/9 = 77,7g /80kg = 0,97g/lip/kg/dia.
Notamos então que escolhendo uma porcentagem de proteína 
(20% - que está dentro das recomendações clássicas) para um atleta de 
80kg, a quantidade total foi de 2,18g/kg/dia. Agora, vamos considerar 
um atleta de 70kg que possa ter a mesma necessidade calórica, os mesmos 
20% de proteína transformados no cálculo g/kg resultam em 2,5g/kg/
dia. Ou seja, para ajustar melhor os cálculos, deve-se partir do princípio 
de que a quantidade calórica é proporcional à quantidade dos nutrientes 
em gramas. Dessa forma, fica possível calcular a quantidade em g/kg/dia 
a partir da avaliação antropométrica.
Em 2016, a ADA e o ACSM publicaram o mais recente posiciona-
mento sobre diretrizes da Nutrição Esportiva. Nesse artigo há uma nova 
proposta para calcular a necessidade calórica de atletas de elite: Necessi-
dade Energética Total (NET), que é igual à somatória da taxa metabólica 
basal com o Efeito Térmico dos Alimentos (ETA) e o Efeito Térmico das 
Atividades Físicas (ETAF).
NET = TMB + ETA + ETAF
Sendo que o ETAF é a somatória do Gasto do Exercício Planejado 
(GEP), com as Atividades Físicas Espontâneas (AFE) diárias e a Atividade 
Termogênica Não Exercitada (ATNE).
ETAF = GEP + AFE + ATNE
Todo esse ajuste de cálculo serve para se obter de forma mais pre-
cisa o dispêndio de energia de todas as formas, exercitadas ou não, com 
o fim de se chegar a um cálculo na NET o mais próximo da realidade do 
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atleta de elite. Assim, evita-se o overtraining, que, somado ao consumo caló-
rico inadequado, acaba resultando em maior gasto energético, gerando um 
déficit calórico e desencadeando um desbalanço bioquímico, hormonal e 
psicológico nos atletas.
Finalmente, para se saber o consumo calórico por massa magra 
(massa muscular, ossos e vísceras), Kcal/kg MM/dia, se calcula a Dispo-
nibilidade Energética (DE) a partir da Ingestão Energética (IE) subtraída 
do GEP, que pode ser estimado pela metodologia dos equivalentes meta-
bólicos (METS) de cada bloco de exercício.
DE = EI – GEP
Um exemplo para ficar didático:
Indivíduo de 90kg com 10% de gordura.
(81kg de massa magra e 9kg de gordura)
Ingestão energética: 2.500 kcal
Gasto Exercício Planejado: 500 kcal
DE = 2.500 - 500 = 2.000 kcal/81kg
DE = 24,7 kcal/kgMM/dia
Partindo do pressuposto de que um atleta de elite não pode ter uma 
DE menor do que 30kcal/kgMM, o indivíduo usado como exemplo corre 
sérios riscos de perder desempenho físico dada a menor disponibilidade 
de energia observada no cálculo proposto. O aumento para 3.000 - 3.500 
kcal poderia ajudar a chegar acima dos 30kcal/kgMM.
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carboiDratos na Dieta: PerDa De Peso x 
hiPertroFia x PerFormance
Atualmente vivemos uma “carbofobia”, ou seja, medo de comer 
os alimentos fontes de carboidratos. Grande parte disso tem a ver com 
o terrorismo nutricional promovido nas mídias sociais por pessoas sem 
conhecimento técnico que acabam confundindo as pessoas leigas. Esse 
medo é eliminado quando a pessoa passa por um profissional gabaritado 
que consegue calcular a quantidade justa dos nutrientes considerando a 
sua necessidade individual.
Na prática clínica do nutricionista existe uma metodologia de cál-
culo dos nutrientes, em especial para os macronutrientes, com estratégias 
nutricionais para a modulação da quantidade de carboidrato do indivíduo 
pautada em sua rotina de treinos. É claro que a necessidade de carboidrato 
de pessoas sedentárias é menor e nesse caso é melhor calcular as quantida-
des em g/kgMM, considerando apenas a massa magra (músculos, órgãos 
e esqueleto) com o objetivo de manutenção de peso corporal. Exemplo de 
cálculo, abaixo:
Mulher, 48 anos, 75kg, 1,65m e 35% de gordura.
(26,2kg de gordura corporal e 48,8kg de massa magra)
Considerando 48,8 x 2g de CHO = 97g totais
24,2g de carboidrato divididos em 4 refeições ao dia.
Observando o cálculo, é possível entender que o consumo popula-
cional de carboidratos é excessivo, principalmente por pessoas sedentárias. 
E para piorar, tem a questão do tipo de carboidrato que essas pessoas 
ingerem, sendo a maior parte composta por farinha branca, refrigerantes e 
doces em geral, o que explica os altos índices de obesidade.
A habilidade que um determinado alimento tem de elevar os níveis 
de glicose sanguínea é conhecida como “índice glicêmico”. Esse índice 
refere-se à velocidade com que os carboidratos aparecem na corrente san-
guínea, e essa velocidade varia de acordo com o tipo de carboidrato e 
como ele é digerido e absorvido pelo nosso organismo.
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 O índice glicêmico, proposto por Jenkins e colaboradores (1981), é 
um sistema numérico que serve para medir a taxa de glicemia induzida por 
um determinado alimento, quando relacionado à glicose. A taxa normal 
de glicose no sangue para indivíduos em restrição alimentar de 3 a 4 ho-
ras deve ser de 90mg/dl, aproximadamente, não ultrapassando 140mg/dl. 
Caso haja aumento nesse valor, há a possibilidade de que o indíviduo seja 
portador do diabetes mellitus, já que o nível de glicemia é regulado pelos 
hormônios pancreáticos insulina e glucagon. Abaixo, alguns exemplos de 
alimentos e seus respcetivos IG.
Alimentos com alto índice glicêmico
Alimentos com médio indice glicêmico
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Alimentos com baixo índice glicêmico
A sacada é o nutricionista conseguir reduzir a velocidade de absor-
ção da glicose para evitar uma rápida sinalização da secreção de insulina 
na corrente sanguínea, controlando assim o índice glicêmico da refeição. 
O que importa é o controle da quantidade do carboidrato a ser ingerido e 
a constituição nutricional do prato como um todo. Sendo assim, deve-se 
buscar incluir alimentos com fibras solúveis e insolúveis (folhas e vege-
tais), proteínas de boa qualidade e fontes lipídicas associadas (azeite, aba-
cate, castanhas, gema de ovo), se for o caso.
O nutricionista esportivo consegue ajustar as quantidades pelo tipo 
de treino e biotipo corporal do paciente. Imagine, por exemplo, um indi-
víduo que se dedica no treino de força, mas não possui regularidade de 
treino, tem um percentual de gordura alto e conta com tipo corporal en-
domorfo. Se for calculada a mesma quantidade de CHO por dia, sem levar 
em consideração a porcentagem de gordura e intensidade de treino, posso 
acabar aumentando a porcentagem de gordura desse indivíduo.
A tabela abaixo explica essa técnica da oscilação de carboidrato.
Quantidade de carboidrato individualizada por dias de treino
Treino de 
pernas/ 
panturrilhas
Treino de 
Bíceps/
Tríceps
Treino 
Ombro
Treino 
Peito/Costas
Dia sem 
treino/
abdominais
3g/kg/dia 2g/kg/dia 2g/kg/dia 3g/kg/dia 1g/kg/dia
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Assim, o nutricionista deve ter sensibilidade para prescrever a quan-
tidade certa para cada tipo de paciente ou atleta. Quando se trabalha com 
atletas de elite, que possuem um engajamento nos treinos por motivos 
competitivos, a quantidade de carboidrato acaba sendo proporcional à 
quantidade de horas de treinamento.
Com relação aos atletas de endurance, que dependem dos estoques de 
glicogênio para a manutenção do exercício por longos períodos como é o 
caso do triatlon, maratona, ciclismo de longa distância, travessia aquática, 
etc., há a necessidade de se ingerir grande quantidade de carboidrato ao 
dia, o qual deve estar distribuído entre o pré-treino, durante e pós-treino. 
Outra questão importante é a velocidade de absorção do carboidrato que 
deve ser pensada para maximizar a produção de glicogênio através da gli-
cogênio sintetase.
As recomendações de CHO no esporte são variáveis pois são de-
terminadas pela modalidade, intensidade do esforço, do volume do trei-
namento e composição corporal do indivíduo. Dessa forma, o ACSM 
(2016) preconiza quantidades diferentes de carboidratos

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