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TCC Paulo Correção 1

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A GESTÃO DA CARGA DE TRABALHO NO FUTEBOL ASSOCIADA À MELHORIA DO RENDIMENTO E UM INDICE REDUZIDO DE LESÃO
Paulo Henrique de Sousa Nerys[footnoteRef:0] [0: Acadêmicos do curso de Educação Física Bacharel da Faculdade Linear, Goiânia- GO/ 2021.] 
Hellen Cassia A. B. Brasil[footnoteRef:1] [1: Orientadora Professora Especialista em Fisiologia do Esporte Treinamento e Performance pelo Instituto Passo I- Uniasselvi. Especialista em Prescrição de Treinamento Para Grupos Especiais pelo Instituto Passo I - Uniasselvi. email oihellen@hotmail.com.
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RESUMO
Este estudo teve como valoração a importância de gerir a carga de treinamento dos atletas de futebol de forma que seja minimizado os índices de lesões e potencializando assim o rendimento do atleta devido a prescrição adequada e bem direcionada. Por sua vez o estudo visa colaborar com treinadores e preparadores físicos de forma que este profissionais possam ter um cronograma de treinamentos baseados nas competições a serem disputadas, para que o jogador tenha um maior tempo atuante sem que seja acometido por lesões. Este estudo tem o objetivo de correlacionar a análise e gestão da carga de trabalho no futebol de forma cautelosa, progressiva evolutiva, eficiente, preventiva e a diminuição dos índices de incidência de lesão por excessos ou mesmo pela falta de uma carga de treinamento adequada que atuará de forma preventiva, proporcionando ao atleta um maior tempo de atuação na temporada e até mesmo em sua carreira. Baseando-se na rápida adaptação sofrida por parte do jogador a estratégia seria então realizar alterações ou variações sistemáticas e graduais na carga de treinamento objetivando uma alteração da homeostase tendo em vista que cargas muito altas ou mesmo alterações muito significativas na carga pode aumentar os riscos de lesão, entretanto sem esquecer de que cargas moderadas-altas podem servir como prevenção de lesão. Segundo Windt et al (2017), a gestão inadequada das cargas de treinamento é um dos fatores de risco que predispõe atletas a lesões. No entanto “erros” na gestão da carga de treinamento aumentam a probabilidade de lesão em um grupo de atletas mais que em outros. As características que permitem aos atletas suportar/tolerar a carga de treinamento e minimizar seus efeitos prejudiciais, foram definidas como moderadores.
PALAVRAS-CHAVE: Carga Interna. Carga externa. Risco de lesão.
MANAGEMENT OF WORKLOAD IN SOCCER ASSOCIATED WITH IMPROVED INCOME AND A REDUCED INJURY INDEX
ABSTRACT
This study had as value the importance of managing the training load of soccer athletes so that injury rates are minimized and thus enhancing the athlete's performance due to adequate and well-directed prescription. In turn, the study aims to collaborate with coaches and physical trainers so that these professionals can have a training schedule based on the competitions to be disputed, so that the player has a longer active time without being affected by injuries. This study aims to correlate the analysis and management of the workload in football in a cautious, progressive, efficient, preventive manner and the reduction of injury incidence rates due to excesses or even the lack of an adequate training load that will act preventively, giving the athlete a longer time in the season and even in his career. Based on the rapid adaptation suffered by the player, the strategy would then be to make systematic and gradual changes or variations in the training load aiming at a change in homeostasis, considering that very high loads or even very significant changes in the load can increase the risks of injury, however without forgetting that moderate-high loads can serve as injury prevention. According to Windt et al (2017), the inadequate management of training loads is one of the risk factors that predisposes athletes to injuries. However, “mistakes” in training load management increase the probability of injury in one group of athletes more than in others. The characteristics that allow athletes to support / tolerate the training load and minimize its harmful effects were defined as moderators.
PALAVRAS CHAVE: External Charge. Internal Charge. Risk of injury.
INTRODUÇÃO
O futebol, desde o seu surgimento foi se moldando e seus praticantes se adaptando de acordo com cada época. Em se tratando de futebol cabe ressaltar que há a necessidade de uma preparação por parte dos atletas de alto rendimento na modalidade, porem o futebol jogado por jogadores de épocas anteriores eram indivíduos com características diferente do que se tem atualmente no futebol mundial, pois a parte física se tornou uma das mais importantes dentro do cenário do futebol.
Sendo o futebol um esporte coletivo de alto rendimento e que no cenário em que se encontra está cada vez mais competitivo, sem mencionar o quão lucrativo se tornou, onde cada vez mais se vendem atletas por valores cada vez mais astronômicos onde se busca cada vez mais cedo atletas com um melhor desempenho nas competições e treinos. Portanto tem-se a necessidade de aumentar ao máximo o rendimento do atleta e preservá-lo para possíveis lesões posteriores, mantendo um atleta mais saudável e mais atuante.
Diante deste cenário, sentiu-se a necessidade de aprofundar os estudos na área afim de aprimorar e contribuir mais e assim tornar cada vez mais competitiva com a utilização de variáveis nos treinamentos e contudo planificando-as para a analises futuras de um jogador em específico ou mesmo o um grupo de jogadores.
Este presente estudo é de suma importância para os profissionais de Educação Física direcionados ou afins à área desportiva do Futebol, contribuindo para que este possa melhor gerir a carga de treinamento no futebol aplicando uma quantificação adequada a cada jogador levando em conta fatores como: idade, posição ocupada, tipo de competição e estado físico do jogador, com o objetivo de provocar a melhoria do rendimento do atleta ou equipe de forma que este tenha um menor índice no risco de lesão em treinamentos ou mesmo competições, ou seja, melhora os níveis físicos sem aumentar exponencialmente o risco de lesão.
A carga de treinamento segundo Gonzáles Badillo e Ribas Serna, 2002. A carga de treinamento alude ao estresse ou estimulo ao qual o atleta é submetido durante o processo de treinamento. Essas atividades ou estímulos apresentam dois grandes componentes - volume e intensidade -, cujo o resultado origina o valor da carga. A carga externa refere-se a natureza da atividade desenvolvida pelo atleta, enquanto o conceito de carga interna representa o estresse gerado no organismo na realização dessa atividade. Deste modo a carga interna é condicionada diretamente pela carga externa.
Nos últimos anos, estudiosos renomados vem realizando estudos, que ainda são bem reduzidos sobre a Gestão da carga de trabalho no futebol, beneficiando assim os profissionais da área com o conhecimento sobre a planificação das sessões de treinamento e em conjunto os atletas que terão um máximo de desempenho com um risco de lesão reduzido. Por isso, o estudo, analise e desenvolvimento desta área tornará cada vez mais o futebol em um esporte ainda mais competitivo e o mais importante, sem que haja um alto custo para a saúde dos atletas, tornando maior o seu tempo de atuação em sua carreira.
Este estudo tem o objetivo de correlacionar a análise e gestão da carga de trabalho no futebol de forma cautelosa, progressiva evolutiva, eficiente, preventiva e a diminuição dos índices de incidência de lesão por excessos ou mesmo pela falta de uma carga de treinamento adequada que atuará de forma preventiva, proporcionando ao atleta um maior tempo de atuação na temporada e até mesmo em sua carreira.
Desta forma fica demostrado que o processo metodológico assume uma grande importância na tomada de decisões no processo de treinamento com o objetivo de potencializar o rendimento dos jogadores e em contrapartida minimizando o risco de lesões, tendo em vista que ao gerir a carga de treinamento sabemos como o jogador está fisicamente e para que estapreparado fisicamente.
Todavia, a relação entre a carga de treinamento e a incidência de lesões, para muitos autores não pode ser vista e analisadas de forma tão isolada. Portanto deve-se estudar estruturas temporais mais amplas para que desta forma seja analisado esta relação a longo prazo, a fim de fazer comparações posteriores. Tendo em vista que o processo de lesão é multifatorial, há de se falar que o processo de lesão pode se dar devido a outros diversos fatores além da carga de trabalho, tais como: idade, tempo, tipo de competição, posição ocupada, partida disputada.
Ao estudar a sessão de treinamento a fim de realizar uma comparação inter-jogadores e relativizar com as exigências do jogo é de suma importância. Os dados da tabela 1, são dados não publicados de um atleta de futebol semi profissional nas semanas com 6 dias entre jogos. Foram incluídos apenas valores de treinamento, sendo excluído semanas com jogos de competição. Foi possível observar que os valores ultrapassam as exigências de um jogo nas variáveis de distância total percorrida, distância em aceleração e desaceleração de alta intensidade, em contrapartida não são alcançados valores de jogo para as variáveis distância percorrida em alta velocidade e distância percorrida em sprint.
Figura 1: Gestão da carga de trabalho no futebol
Fonte: Barcelona Hub Universitas
Contudo, a carga competitiva apresenta grande importância dentro do processo de gestão da carga de trabalho no futebol. Um estudo realizado por Steves, De Ruiter, Twisk, Savelbergh e Beek (2017) relatou que a carga imposta aos dois durante diferentes tipos de semana, comparativamente à exigência competitiva. Na figura 1 é possível observar que a duração em minutos e o número de acelerações de alta intensidade alcançam valores próximos aos dos 4 jogos, ao passo que a distância percorrida em alta velocidade só alcança valores próximos ao de 2 jogos.
Figura 2: Análise de carga semana e números de partidas
Fonte: Stevens et al., 2017, p. 4.
A exigência do jogo foi incluída na análise. A Sessão MD-4 é a realizada 4 dias antes do jogo competitivo, assim como as demais sessões MD-3, MD-2, MD-1.
Este mesmo grupo de autores apresenta os valores dos titulares em relação aos reservas, nas semanas com um jogo e na semana com dois jogos. Se o foco forem os jogadores titulares, nota-se que todas as variáveis apresentam valores inferiores quando há dois jogos na semana, exceto na variável de distância percorrida em alta velocidade, que é maior nesse tipo de semana.
Da mesma maneira, se o foco forem os jogadores reservas, há um decréscimo importante no nível de carga quando há dois jogos na semana, em comparação à semana com um jogo. Todavia, todas as variáveis apresentam níveis superiores aos correspondentes a um jogo, exceto na semana com dois jogos e para jogadores reservas.
As diferenças entre as cargas impostas aos jogadores reservas apresentam maiores diferenças em relação aos titulares quando há dois jogos na semana. A distância percorrida em alta velocidade é a que apresenta maior diferença.
FIGURA 3: Carga semanal para diferentes variáveis em relação ao jogo de jogadores titulares e reservas.
Figura 3: Gestão da carga de trabalho entre as sessões de treinamento e a competição
FONTE: Stevens et al., 2017, p.6.
O princípio da especificidade deve ser levado em consideração tendo em vista que a gestão da carga de trabalho deve estar em harmonia entre as sessões de treinamento e a competição. Malone et al. (2017) realizaram um estudo com dois times de primeiro nível europeu e encontraram um aumento significativo nas probabilidades de lesões a medida que se incrementa o nível de carga na pré-temporada, fazendo a probabilidades triplicarem quando a carga supera o valor de 3.200 unidades arbitrárias (UA: obtida por meio do método Sessão - Percepção Subjetiva de Esforço – PSE) em comparação à uma carga inferior a 1.500 UA. Em se tratando da fase competitiva a relação entre a carga e o risco de lesão apresenta forma de U, apresentando menor probabilidade de lesão quando as cargas estão moderadamente altas (entre 2.120 e 3.200 UA) e consideravelmente maiores quando a carga ultrapassa 3.200 UA. Em consonância com as cargas altas (> 3.200 UA) a probabilidade de lesão é maior na pré-temporada do que na fase competitiva.
Na figura 4 é possível observar a relação entre o nível de carga de treinamento semanal e a probabilidade de lesão na pré-temporada e na fase competitiva.
Figura 4: Período de pré-temporada e temporada.
Fonte: Malone et al., 2017.
Os seres humanos e consequentemente os atletas se adaptam rapidamente às cargas de treinamento devido ao princípio da adaptação individual. Estudos mostraram que cargas diferentes da semana anterior alteram o estado de homeostase do organismo e que grandes mudanças semanais na carga podem aumentar a probabilidade de lesão do atleta.
Recentemente (Gabbett, 2016) sublinha a necessidade não somente de quantificar a carga em termos absolutos (ou pontuais) mas de também avaliar a percentagem de mudança realizada.
No entanto, realizar comparações inter-jogadores pode não ser um método válido, pois assim pode-se superestimar ou subestimar as cargas impostas aos atletas fazendo com que haja mudanças muito bruscas na quantificação de carga semanal. Na figura 5 é possível observar as mudanças de carga em níveis absolutos, evidenciando ainda mais as mudanças de carga, seja através de resultado positivo ou negativo.
Figura 5: Mudança semanal expressa em valores absolutos – Distância percorrida em (m).
 
 Fonte: Barça Universitas Hub
Todavia, a forma mais precisa para estudar a magnitude da mudança de carga semanal entre diferentes atletas é necessário relativizar essas mudanças e realizar o cálculo em porcentagem, através da fórmula: 
MUDANÇA SEMANAL (%) = ((Carga semana atual – Carga semana anterior) / Carga semana anterior) *100
Neste cenário é possível estabelecer a variação na porcentagem de carga suportada por cada atleta baseada na média dos 4 últimos microciclos, possibilitando observar o estímulo excessivo ou depressivo sofrido pelo atleta. Isto é possível obter através da fórmula: 
Microciclo atual – (média 4 últimos microciclos)) / (média 4 últimos microciclos)
Desta maneira é possível avaliar a % de mudança de carga semanal é suportada pelo jogador. Tendo em vista que alguns jogadores tiveram resultados positivos, ao contrário de outros que tiveram resultados negativos. Aqueles que obtiveram resultados positivos, significa que treinaram mais em relação à semana anterior, ao passo que aqueles que obtiveram resultados negativos, treinaram menos em relação à semana anterior. Valores acima de 20–30% ou abaixo de -20 -30% (Gabbett, 2016) podem servir de alerta para avaliar a presença de sobrecarga ou falta de estímulo, respectivamente.
Ao levar-se em consideração tudo isso e com o objetivo de minimizar o risco de lesão, os aumentos semanais de carga não devem ser maiores que 10% (Gabbett, 2016). Na figura 6 é possível observar diferentes tipos de carga aplicados durante a semana.
Figura 6: Probabilidade de lesão com diferentes mudanças na carga de treinamento.
Fonte: Gabbett, 2016, p.5.
Essa figura tão didática foi elaborada em função dos diferentes achados encontrados em diferentes trabalhos realizados em diferentes esportes. Cross et al. (2016), em jogadores de rúgbi, utiliza como medida de carga o indicador obtido por método de percepção subjetiva de esforço e encontra que uma mudança de 2 desvios entre semanas aumenta substancialmente a probabilidade de lesão.
Malone, Owen, Newton, Mendes, Collins & Gabbett, em jogadores de futebol, encontram que se a mudança é grande (entre 351 e 455m na distância percorrida em alta velocidade ou entre 75 e 105 m na distância percorrida em sprint) a probabilidade de lesão se multiplica por 3 a 5 vezes, respectivamente. Consubstancialmente parece que evitar grandes aumentos em especial na distância percorrida em sprint (evitar mudanças superiores a 50m) pode ser a solução para manter reduzidas as probabilidadesde lesão.
METODOLOGIA
Este estudo é realizado com atletas de futebol de alto rendimento de modo que correlacionando a gestão da carga de trabalho no futebol com a diminuição dos índices de lesão por parte dos atletas desta modalidade, onde serão quantificados Volume, Intensidade da carga de treinamento através do uso de equipamento de monitoramento específico GPS para quantificação da carga externa (sessão de treinamento que o atleta foi submetido), cálculo da carga interna através da Sessão- PSE (Percepção Subjetiva de Esforço), e também serão aplicados questionários de respostas subjetivas, como o Índice Hooper que mede o estado físico e mental do atleta antes de cada sessão de treinamento, podendo ser assim detectado sinais de pré-fadiga individuais confrontando as cargas de treinamento aplicadas.
Dentro do monitoramento da carga externa através do uso de GPS específico, ficando registrada a carga externa da sessão de treinamento onde será quantificado volume e intensidade de cada sessão de treinamento sendo que a intensidade será quantificada pelo método PSE (Percepção Subjetiva de Esforço) calculando a nota subjetiva dada pelo atleta em resposta a sessão de treinamento multiplicando pelo tempo da sessão (PSE x duração(min)).
Sabendo que o processo de lesão é tido como multifatorial, ou seja que não depende somente da falta ou excesso de treinamento ou mesmo grande volume em partidas, será aplicado um questionário de bem-estar (Wellness Questionarie) que detecta sensações de fadiga, qualidade do sono, estado muscular em geral, dor, nível de estresse e estado de ânimo. Aplicando estes questionários de respostas subjetivas é possível detectar possíveis alterações biológicas possibilitando ao treinador tomar decisões acerca desse indivíduo seja por um déficit ou por excessos o treinador irá dar mais ou menos descanso para este determinado jogador.
Visto que o atleta se adapta muito rápido e facilmente, para isso é necessário que haja uma variação proposital na carga de treinamento para assim alterar o estado de homeostase do organismo. Os técnicos e preparadores físicos devem levar em consideração que cargas altas incrementam o risco de lesão (Gabbett, 2016), em contrapartida modificações substanciais nas doses de treinamento microciclo a microciclo também são um fator a levar em consideração (Cross, Williams, Trewartha, Kemp e Stokes, 2016; Piggott, Newton e MacGuigan, 2009).
Para saber qual a porcentagem da mudança semanal será realizado o cálculo através da fórmula:
Mudança semanal (%) = ((carga semanal atual – carga semana anterior) / carga semana anterior) * 100 
Assim será possível relativizar e fazer melhor comparação interindivíduos evitando que haja subestimação ou mesmo superestimação das cargas de trabalho. 
Segundo Gabbett (2016), com o objetivo de minimizar o risco de lesão, os aumentos semanais de carga de trabalho não deve ser maior que 10%, ou seja, deve-se elaborar estratégias em que haja um controle de fadiga associadas a uma planificação adequada para que unindo as estratégias possa promover um menor risco de lesão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A utilização da PSE (Percepção Subjetiva de Esforço) dentro das tarefas de treinamento é extremamente comum devido ser uma forma prática, fácil, baixo custo e não se pode deixar de mencionar que se trata de um método válido e confiável também para esportes coletivos (Impellizzeri, Rampinini, Coutts, Sassi e Marcora, 2004). 
Dentro da prescrição da carga externa é de suma importância que a carga de trabalho seja aplicada de acordo com a resposta dada segundo o resultado do cálculo da PSE, pois esta será individualizada bem como a prescrição da carga externa de treinamento. Segundo (Castagna et al. 2011; Impellizzeri et al. 2005; e Manzi et al. 2013) é importante assinalar que a mesma carga externa submetida a dois corpos diferentes, podem provocar cargas internas diferentes e, portanto, adaptações individuais, levando em consideração alguns fatores como estatura, peso, idade, etc. 
Mesmo apresentando características e capacidades parecidas, indivíduos diferentes apresentam resultados diferentes. Na figura abaixo é possível notar que dois indivíduos diferentes expostos a uma mesma carga externa (Teste da Universidade de Montreal), onde no mesmo nível de velocidade os dois apresentam respostas diferentes em seu organismo. O atleta B apresenta uma frequência cardíaca de reserva superior diante de qualquer velocidade e finaliza a prova progressiva antes que seu colega. A velocidade final para o atleta A é de 18km/h, enquanto que para o atleta B é de 15 km/h.
Ao relacionar o nível de carga com o rendimento e as lesões é possível analisar que essas variáveis se correlacionam entre si. Para Busso (2003) a relação entre o nível de carga de trabalho e o rendimento alcançado tem forma de U invertido. Assim deve-se buscar o ponto mais alto (ou próximo) do U invertido, ou seja, o ponto ideal de carga aguda.
Figura 7: Velocidade de corrida
Fonte: Buchheit, M. (2008).
Em contrapartida, segundo estudos, nem todas as variáveis que parecem se anexar ao nível da carga de treinamento nem sempre apresentam a mesma relação, onde a resposta por incidência de lesão apresentada pelo atleta no gráfico tem forma de U (não invertido). Sendo assim é sensato que de trabalhe com carga não muito altas nem tampouco muito baixas, pois fazendo isso o jogador estará entrando em uma zona risco de incidência de lesões, podendo ser notado na figura abaixo:
Figura 8: Velocidade de corrida
Fonte: Buchheit, M. (2008).
FONTE: Gabbett, (2016), p. 5
O processo de lesão foi definido de forma consensual onde é um processo complexo, dinâmico, multifatorial e depende também do contexto (Windt J, Zumbo B, Sporer B, MacDonald K e Gabbett TJ, 2017). Também são fatores a serem levados em conta, sendo os principais a idade, somatótipo e histórico de lesões.
Entretanto, não se pode deixar de mencionar que existem fatores de risco externos como lesões por choque ou contato e também fatores de risco como a predisposição a sofrer certo tipo de lesão. Neste sentido, dois atletas que são submetidos a uma mesma carga externa de treinamento podem apresentar diferença no grau de índice de lesão.
Com o objetivo de minimizar o risco de lesões deve-se fazer incrementos na carga de trabalho semanal, porém, essas alterações devem ser graduais e sistematizadas, não excedendo valores maiores do que 10% desta carga (Gabbett, 2016). Dentro desta análise, recomenda-se que se faça um bom planejamento e aplicação da carga de trabalho realizando uma boa recuperação de fadiga para os jogadores que estão com um melhor estado fitness e por sua vez dando descanso para os jogadores que apresentam um pior estado fitness.
Figura 9: Probabilidade de lesão com diferentes mudanças na carga de treinamento
FONTE: Gabbett, (2016), p. 5.
Quando a mudança é grande (entre 351 e 455m na distância percorrida a alta velocidade ou entre 75 e 105m na velocidade de Sprint) a probabilidade de lesão multiplica por 3 a 5 respectivamente (Mallone, Owen, Newton, Mendes, Collins & Gabbett, 2016). Diante dessa afirmação deve-se evitar mudanças maiores do que 50m na velocidade de sprint, assim será possível minimizar as probabilidades de lesão.
Dentro deste cenário, evitando o erro na prescrição da carga de treinamento, deve-se periodizar baseado no calendário competitivo, evitar quedas abruptas na carga de treinamento e, caso haja uma redução é recomendado que se aumente a intensidade trabalhando a especificidade de cada jogador, monitorar a carga de treinamento mesmo no período de férias recessos como período natalino e utilizar estratégias de mudanças reduzidas ou moderadas entre as semanas de treinamento para minimizar o risco de lesão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que, com uma precisa coleta de dados, carga de trabalho adequada sem que haja uma variação abrupta em cada sessão, aplicando questionários subjetivos através do Índice Hooper, sessões de treinamento individualizadas de acordo com a posição ocupada. Sendo assim tem-seum melhor resultado final, pois assim os jogadores não serão submetidos a altas cargas de trabalho, nem tampouco cargas mais baixas visto anteriormente que esse desequilíbrio de carga pode aumentar os índices de lesão.
Primeiramente é preciso montar um planejamento para em seguida realizar a coleta de dados com o intuito de mensurar o nível fitness de cada jogador, posteriormente será aplicada a carga de trabalho adequada a cada jogador, a fim de melhorar cada vez mais o condicionamento evitando que haja uma subestimação da carga (quando o atleta treina menos do que tem capacidade) ou mesmo uma superestimação da carga (quando o atleta treina mais do que precisa).
Portanto sabe-se que quando o jogador atinge níveis de carga moderada-alta este por sua vez aumenta seus níveis de condicionamento físico e em contrapartida minimiza os riscos de lesão por excesso ou baixas cargas de treinamento. Sendo assim é necessário que se elabore a planilha de treinamento de forma equilibrada buscando o ponto mais alto do “U” invertido da curva da carga de treinamento evitando o acometimento de um overtraining ou mesmo um destreino devido ao volume reduzido sem que haja uma intensidade significativa.
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