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Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato INTRODUÇÃO doença inflamatória crônica autoimune do tecido conjuntivo que acomete cerca de 1% da população mundial. Tem um QC característico e patogênese complexa→ alterações predominantes ocorrem nas estruturas articulares, periarticulares e tendíneas. Seu substrato anatômico é a membrana sinovial. Tem caráter sistêmico envolvendo sinais e sintomas gerais como febre, mal-estar, emagrecimento, adinamia, e comprometimento de outros órgãos ou sistemas. Afeta articulações periféricas de forma simétrica e aditiva, podendo evoluir para incapacidade física e significativo prejuízo da qualidade de vida. Sua etiologia continua desconhecida, apesar da descoberta de alguns fatores que podem participar do desencadeamento e da perpetuação da doença. EPIDEMIO é a artropatia inflamatória crônica mais comum, -prevalência= 1% no mundo; EUA, de 0,5 a 1% da população caucasiana, com taxas mais baixas entre os descendentes de asiáticos e africanos; Reino Unido, 1,16% em mulheres e de 0,44% em homens; América Latina, 0,4%; Brasil, 1% na Pop adulta- 0,46% (estudo em Montes Claros-MG) -prevalência e incidência são influenciadas por fatores genéticos e ambientais→ variação entre grupos étnicos e regiões. -Sexo= F>M 3:1; na américa latina, 8:1→ HORMONAL: uso de ACO é fator protetor→ oscilações hormonais tem implicações na doença: maior incidência da doença em mulheres, no período da pré-menopausa ou pós- parto, além da melhora dos sintomas observada durante a gestação. -Idade= 30-50 anos, mas pode iniciar em qualquer idade. Na América Latina, a idade média de início é aos 40 anos, 10 anos mais cedo do que na população caucasiana da Europa e dos EUA. -Genética= parente de 1º grau tem de 2-10X mais chance de ter. Gêmeos monozigotos> dizigóticos e não gêmeos→ risco 30 vezes maior entre gêmeos monozigóticos, 6 vezes entre dizi e não gêmeos. Tem um caráter hereditário poligênico→ o risco familiar de recorrência é pequeno em comparação com outras doenças autoimune. A associação com o complexo maior de histocompatibilidade (CMH) pertencente ao antígeno leucocitário humano (HLA) lócus DRB1 (HLA-DRB1) foi a 1ª associação genética descrita em relação ao risco de AR. Estudos de associação genômica identificaram mais de 30 loci genéticos associados com AR= proteína tirosina fosfatase N22 (PTPN22), proteína 3 induzida por fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa-IP3), fator 1 associado ao receptor do TNF (TRAF1), ativador de transcrição e transdutor de sinal do tipo 4 (STAT4), receptor 6 de quimioquina (CCR6) e PXK - multifatorial= resulta da interação de fatores genéticos e ambientais, como o tabagismo, que contribuem para sua ocorrência e expressão. - morbidade, mortalidade, efeitos adversos na qualidade de vida e custos econômicos (indiretos como interrupção do trabalho: na América latina, em cerca de 2 anos após o início da doença, a maioria dos pacientes que realizavam trabalhos manuais interrompe as suas atividades)→ impacto na sociedade. LIMITAÇÃO NA CAPACIDADE FUNCIONAL E LABORAL→As pessoas são 30% mais propensas a precisar de ajuda em cuidados pessoais e apresentam limitações nas atividades diárias de modo 2X + que os indivíduos sem doença. - constitui um fator de risco independente para mortalidade precoce, associada a maior risco de morte por doenças cardiovasculares (principal causa de mortalidade-50%). redução da expectativa de vida em 3 a 10 anos. ETIOLOGIA -Predisposição genética= explica 15% da suscetibilidade à AR→ Vários genes estão relacionados com a AR, com evidências mais estabelecidas para a doença soropositiva [fator reumatoide (FR) ou anticorpos contra proteínas e peptídios citrulinados [CPA). -HLA= As moléculas do antígeno leucocitário humano relacionadas ao antígeno D (HLA-DR) são proteínas Artrite Reumatoide Referências: clinica médica volume 5; reumatologia diagnóstico e tto; MS. Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato receptoras de superfície celular codificadas pelo complexo maior de histocompatibilidade de classe II (MHC-II) e que fazem parte da estrutura de ativação linfocitária durante a apresentação de antígenos pelas células apresentadoras (APC). São formadas por uma unidade alfa e uma unidade beta. A variação na unidade beta ocorre porque diferentes genes podem ser responsáveis por sua codificação e assim se tem: HLA-DRB1, HLA-DRB3, HLA-DRB4 ou HLA-DRB5→ O principal predisponente genético é o HLA-DRB1. Seus alelos relacionados à AR contêm uma sequência de cinco aminoácidos, QKRAA ou QQRAA ou KKRAA (Q: glutamina, K: lisina, R: arginina, A: alanina) na região 70 a 74, chamada epítopo compartilhado. A prevalência de dois alelos suscetíveis em um único indivíduo confere maior suscetibilidade genética à AR, além de marcar pacientes com doença de evolução grave, e esse fenômeno parece relacionar-se com seleção de linfócitos T, apresentação antigênica, alteração da afinidade peptídica, mímica molecular com antígenos microbianos e aceleração da apoptose linfocitária. Pacientes portadores do epítopo compartilhado HLA- DRB1 são aqueles em que o tabagismo e a exposição à sílica, entre outros fatores ambientais, parecem determinar risco maior de aparecimento da AR, especificamente o subgrupo positivo para os anticorpos antipeptídio cíclico citrulinado. Nos portadores do HLA- DRB1, há favorecimento da apresentação e a ativação das células T, o que aumenta significativamente o risco de evolução para AR. A ativação das células T tem como consequência a ativação das células B e a produção de anticorpos contra as proteínas com resíduos citrulinados. Esses anticorpos estão presentes por anos antes do início de sintomas de AR, evidenciando a autoimunidade que precede a doença clínica. a presença do alelo HLA-DRB1 que contém a sequência DERAA (D: ácido aspártico, E: ácido glutâmico, R: arginina, A: alanina), e que está expressa nos HLA- DRB1*0103, *0402, *1102, *1103, *1301, *1302 e *1304, co nfere proteção ou determina doença reumatoide menos grave do que a dos indivíduos DERAA negativos. Recentes descobertas têm mostrado que mesmo genes HLA maternos não herdados são capazes de exercer influência na suscetibilidade à AR. Indivíduos HLA-DRB1 DERAA negativos cujas mães são HLA-DRB1 contendo a sequência DERAA estariam menos suscetíveis à AR. As explicações para esse fenômeno envolvem a migração de células maternas para a corrente sanguínea do feto durante a gestação, as quais então induziriam uma alteração no repertório das células T da criança, resultando em indução de tolerância pelas células T e B. - genes não HLA relacionados com a AR= o protein tyrosine phosphatase, non-receptor type 22 (PTPN22) e o cytotoxic T-lymphocyte-associated antigen-4 (CTLA4) estão entre os mais importantes. -Epigenética= metilação do DNA e acetilação e desacetilação de histonas, são descritos em AR, e seus resultados incluem aumento ou diminuição da transcrição genética. Recentemente, o papel dos sinoviócitos fibroblasto-símile (SFS) na AR tem sido esclarecido, mostrando que essas células ocupam lugar de destaque na destruição cartilaginosa articular ao produzirem MMP, quimiocinas e citocinas inflamatórias. Alterações epigenéticas (metilação do DNA) tornam os SFS resistentes a apoptose e aumentam sua expressão de MMP e IL-6. -Oscilação hormonal; - tabagismo= influencia no aparecimento, gravidade, manifestações extra-articualres→A exposição pulmonar a agentes tóxicos, entre eles fumaça do cigarro, partículas da sílica, e agentes microbianos ativam os receptores Toll, em particular TLR4→ expressão da enzima peptidil-arginina deiminasetipo 4 (PAD4) + acúmulo e ativação das APC no pulmão→ citrulinização a nível brônquico (arginia-> citrulina) mediado por PAD4→ citrulina tem perda de tolerância, favorece uma reação contra proteínas citrulinadas, dando origem aos anticorpos antiproteínas e peptídeos citrulinados (ACPA), que podem ser identificados pela pesquisa de anticorpos antipeptídio citrulinado (anti- CCP). Carbamilação= resíduos de lisina são modificados pós- translacionalmente a homocitrulina→ reconhecida pelos anticorpos antiproteínas carbamiladas (anti- CarP). 16 a 30% dos pacientes anti-CCP negativos são anti- CarP positivos. - infecções causadas por EBV, parvovírus B-19 e três bactérias (M. tuberculosis, Escherichia coli e Proteus mirabilis), têm sido implicados como agentes desencadeadores da doença→ durante a infecção por esses agentes, a formação de imunocomplexos pode determinar o aparecimento do FR. -Doença periodontal= tem maior incidência de AR→infecção pela bactéria Porphyromonas gingivalis, que expressa a enzima PAD4, faz citrulinização de proteínas→ presença de anticorpos contra o peptídio citrulinado e o desenvolvimento posterior da doença clínica. Os TLR das células do sistema inato podem ser estimulados por padrões moleculares associados a patógenos (PAMP) e por padrões moleculares associados a dano endógeno (DAMP). Sua estimulação, por sequências proteicas bacterianas, ligantes virais ou fragmentos teciduais danificados→ ativa os macrófagos, responsáveis pela produção de TNF-alfa, IL-1, 6, 12, 15, 18 e 23, apresentação de antígenos e fagocitose. - estresse e a dieta também já foram estudados e parecem contribuir para a gravidade da doença. FISIOPATOLOGIA patogênese complexa, com a participação de fatores genéticos, hormonais e ambientais. Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato - interação do sistema imune inato (células apresentadoras de antígeno) e o sistema adaptativo (linfócitos T CD4 + e linfócitos B) é central na patogênese da doença + Desequilibrio de citocinas anti e pro inflamatórias→ autoimunidade, inflamação e destruição articular. -Membrana sinovial= é o alvo primário da inflamação e sofre intensa transformação. Normalmente, ela é constituída de tec conjuntivo frouxo e 1 ou 2 camadas de célukas revestindo internamente→ na AR, ela torna- se espessa, devido ao aumento de células (sinoviócitos do tipo A, semelhantes a macrófagos; e tipo B, semelhantes a fibroblastos, responsáveis pela síntese do líquido sinovial), e pela invasão de células do sistema linfo-hematopoiético→ hiperplasia e proliferação vascular, neoangiogênese e um infiltrado inflamatório intenso→ formação do PANNUS→Esse tecido inflamatório tem o potencial de invadir e induzir degradação do tecido conjuntivo por enzimas proteolíticas (metaloproteinases), perda de condrócitos e erosões ósseas, por meio da estimulação da sobrevida e da atividade de osteoclastos sobre a matriz óssea. Os folículos linfoides observados na sinóvia da AR são ricos em células T CD4. Macrófagos são encontrados tanto nos folículos como ao seu redor. As células T CD8+, assim como outras células plasmáticas, são mais frequentes entre os neovasos. Linfócitos B são mais raros nas camadas profundas da sinóvia. A maioria destas células está em sua forma ativada, isto é, expressam, na membrana, moléculas ou antígenos do CMH tipo II (50%), receptores de TNF-alfa (80%), entre outros. -o (TNF-alfa) e as interleucinas IL-1-beta e IL-6, são as principais responsáveis pelo processo inflamatório crônico + IL-23, IL-17A e (IFN-gama), também desempenham papéis cruciais na patogênese da AR. IL-4 e IL-10, têm sido identificadas como citocinas anti- inflamatórias. Na fase inicial pré-articular→ perda da autotolerância e consequente autoimunidade, traduzidas por ativação linfocitária e produção de autoanticorpos. fase caracterizada pelo desequilíbrio entre citocinas pró e anti-inflamatórias e recrutamento articular de macrófagos, neutrófilos, células T, B e (NK), além de ativação de fibroblastos, osteoclastos e condrócitos→ Fatores neuroendócrinos, genéticos e ambientais determinam o aparecimento das manifestações articulares. Esse influxo celular é responsável por inflamação sinovial crônica, cujos mediadores principais são a interleucina (IL) 1,17 e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), assim como prostaglandinas e metaloproteinases (MMP). -O HLA nas células apresentadoras→ ativa células T CD4+. Os linfócitos T continuariam a responder aos antígenos próprios, perpetuando o processo inflamatório, mesmo sem a persistência da exposição ao antígeno. As citocinas 6, 21, 23, a IL-1-beta e o (TGF- beta) produzidos pelos macrófagos estimulam a diferenciação do linfócito Th17→ produz as IL-17A, 17F, 21 e 22 e o TNF-alfa. A IL-17 e o TNF-alfa agem sinergicamente para ativar fibroblastos e condrócitos, e inibem a diferenciação dos linfócitos reguladores. Ativados, os linfócitos estimulam os monócitos, os macrófagos e os fibroblastos sinoviais a produzirem mais citocinas, como IL-1, IL-6 e TNF-alfa, fundamentais no processo de inflamação da AR, além de MMP. O TNF- alfa→ proporciona estímulo aos fibroblastos da sinóvia para a síntese da colagenase (enzima proteolítica) e estímulo à reabsorção óssea. O RANKL também influencia na erosão óssea, pois estimulam a diferenciação de osteoclastos→expressam peptídios citrulinados em sua superfície, em decorrência da ação da PAD (processo fisiológico)→ gera peptídeos citrulinados→ OC alvo de anticorpos anti-CCP, que fazem diferenciação de OC e contribuem p erosão óssea// OC ativados expressam IL-8→ tem efeito autócrino para os osteoclastos e exacerba a diferenciação mediada pelos anti-CCP + estimula nociceptores articulares, podendo explicar o fenômeno de artralgia associada à presença do anti-CCP. FR= Os linfócitos T CD4+ estimulam células B a produzir imunoglobulinas, incluindo o FR, um autoanticorpo direcionado contra a porção Fc da imunoglobulina classe G (IgG). O FR promove a ativação do complemento por meio da formação de imunocomplexos estimulando a inflamação e a sinovite crônica. O FR pode ser de qualquer classe de imunoglobulina (IgM, IgG ou IgA), principalmente IgM. Embora não seja específico para AR, sua presença simultânea com o anti-CCP constitui forte preditor para o desenvolvimento da AR e títulos mais elevados de FR têm sido relacionados com doença mais grave. Os resultados histopatológicos são a destruição da cartilagem articular e a erosão óssea mediadas por fibroblastos, condrócitos e osteoclastos, e o resultado clínico, ocorrência das deformidades e incapacidade funcional. Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato indivíduos portadores de alelos do HLA-DRB1 ou polimorfismos genéticos recebem os efeitos de fatores ambientais como infecções e tabagismo. O resultado é a perda da autotolerância e a autoimunidade (primeiro sinal). Com um segundo sinal, ocorre o recrutamento articular de linfócitos T CD4+, previamente ativados, e consequente deflagração do processo inflamatório que caracteriza a sinovite da doença reumatoide. HISTOLOGIA Sinovite reumatoide= 3 fases → exsudação, de infiltração celular e, formação de um tecido de granulação. -Exsudação= a congestão e o edema são mais acentuados na superfície interna da membrana sinovial, particularmente próximo às bordas da cartilagem articular. Sua contrapartida é a formação de derrame no espaço articular. -Infiltração= a célula predominante é o linfócito T, com predominância de (células CD4+). -Granulação= a membrana sinovial hiperplasiada, com a formação de um tecido de granulação que recobre a cartilagem e o osso subcondral (pannus). O pannus é um tecido invasivo composto por células que produzem grandes quantidades de enzimas destrutivas que progressivamentesubstitui a cartilagem hialina (com células gigantes, fibroblastos e macrófagos,. O novo tecido apresenta uma rica formação vascular, a angiogênese, que é fundamental para o desenvolvimento e a manutenção da fase crônica. O tecido conjuntivo recém-formado tem capacidade de maturação pluripotencial e pode apresentar metaplasia em tecido sinovial, cartilaginoso hialino, fibroso ou ósseo. O resultado final é a anquilose fibrosa ou óssea. -Líquido sinovial= está alterado na AR, com aumento de volume e celularidade. As células mais abundantes no líquido sinovial são os polimorfonucleares, que raramente são encontrados na membrana sinovial, seguidos de células T, macrófagos, células dendríticas e células B. QUADRO CLÍNICO É uma doença de evolução insidiosa e progressiva na maioria das ocasiões, levando de semanas a meses até o seu estabelecimento completo. -quadro articular característico da doença frequentemente é precedido por sintomas sistêmicos como fadiga, febre baixa e mialgia difusa. Os sintomas iniciais podem ser articulares e/ou sistêmicos. Em alguns pacientes, consistem em astenia, fadiga, mal-estar, febre baixa ou dores musculoesqueléticas vagas antes do início das queixas articulares. Em outros pacientes, as consistem em uma poliartrite aditiva, simétrica, associada a edema e rigidez articular→ as articulações metacarpofalângicas (MCF) e interfalângicas proximais (IFP) das mãos, interfalângicas dos polegares, os punhos e as articulações metatarsofalângicas (MTF) são as mais acometidas na enfermidade precoce. -15 a 30% dos pacientes, o início da doença se dá de maneira aguda ou subaguda. Os sintomas articulares clássicos desenvolvem-se em um período de poucos dias a algumas semanas, e não é infrequente a presença de mialgia, fadiga, febre baixa, hiporexia, emagrecimento e depressão. MANIFESTAÇÕES ARTICULARES as articulações mais frequentemente envolvidas no início da enfermidade são os punhos, as MCF, as IFP, as MTF, os ombros e os joelhos→ Com a evolução da doença, outras articulações costumam ser afetadas: tornozelos, cotovelos, IFP dos pés, coluna cervical, esternoclaviculares, temporomandibulares, coxofemorais, cricoaritenóideas e, com menos frequência, as articulações entre os ossículos dos ouvidos e as interfalângicas distais (IFD) de mãos e pés. -O acometimento articular se dá de maneira aditiva e simétrica→REGRA →Dor= é moderada na maioria dos casos, permitindo que o paciente realiza suas atv de vida diária. Mas depende da fase evolutiva da doença, se muito ativa ou compensada; do psiquismo do paciente; da gravidade do acometimento articular e da presença de instabilidades articulares e deformidades. a dor é de ritmo inflamatório (pior pela manhã e à noite) e, em geral, o paciente se queixa de rigidez articular ao se levantar pela manhã e após períodos de imobilização prolongada. A duração dessa rigidez matinal constitui um bom parâmetro para se avaliar a atividade da enfermidade, isto é, o grau de inflamação e a eficácia do tratamento. Em geral, quanto maior a duração, maior é a atividade da doença. E, é parâmetro importante para o diagnóstico, já que são pouco frequentes as moléstias reumáticas inflamatórias em que esse sintoma tenha duração maior que 60 min, como na AR. →Outros sinais flogísticos= calor, edema com ou sem efusão (derrame articular), rubor (geralmente leve) e limitação de movimentos articulares. →Instabilidades articulares e deformidades= pode ocorrer em casos de evolução mais longa ou quando o tratamento não se realizou de modo adequado→A doença articular resulta, em última análise, de alterações locais e periarticulares, cujo aspecto é bastante peculiar. Em mãos e punhos, pode-se observar tumefação das articulações MCF, em especial da segunda e da terceira, bem como tumefação dos punhos. Essas alterações associam-se frequentemente a uma hipotrofia dos músculos interósseos do dorso das mãos. Esse conjunto de alterações denomina-se “mãos em dorso de camelo”. Outra característica da mão reumatoide é a semiflexão dos punhos, com saliência da cabeça da ulna/// e o desvio ulnar dos dedos, ligado a um afrouxamento dos meios de contenção das Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato articulações MCF. Ocorre subluxação das articulações MCF e dos tendões extensores dos dedos nos espaços intermetacarpais. OUTRAS: -Cotovelos= tumefeitos e dolorosos pela presença de inflamação, podem apresentar-se em rigidez viciosa: semiflexão com semipronação de antebraços. -Ombros= tendem a uma posição de adução e rotação interna, levando à dificuldade na execução de tarefas da vida diária, como usar o toalete, pentear os cabelos e vestir-se. -Pés e tornozelos= inicialmente acometidas as articulações MTF e as do tarso. A retificação, ou desabamento, do arco anterior (metatarsal) cria um pé plano anterior seguido por calosidades localizadas nas regiões de apoio sob as cabeças metatarsais luxadas→ levam à queixa de dor ao pisar e deambular, em que o paciente diz que se sente como “andando sobre pedregulhos”. Podem ocorrer, ainda, hálux valgo e calos sobre as articulações IFP, que muitas vezes se encontram em hiperflexão. O acometimento dos tornozelos e das articulações subtalares→ claudicação durante a marcha. O acometimento da articulação subtalar→ redução da inversão e eversão do pé, precedendo e ocorrendo de modo mais frequente que o acometimento da articulação do tornozelo, responsável pelos movimentos de flexoextensão do pé. A sinovite das articulações subtalar e talonavicular causa dor e rigidez. À medida que ocorrem perda da cartilagem e erosão óssea, aparece a deformidade em valgo com progressivo achatamento do arco plantar longitudinal. -Joelhos= acometidos precocemente e quase sempre apresentam efusões articulares de intensidade variável. A posição de repouso e alívio da dor é a semiflexão, tornando-se necessário impedi-la, por ser naturalmente incompatível com a marcha normal. A artrite ativa e persistente dessas articulações, somada às atitudes viciosas, pode resultar em relaxamento das formações ligamento-tendíneas e em deformidades do tipo valgo ou varo. -Articulações coxofemorais= é mais raro na AR. A artrite dessa articulação tende a levar a uma atitude de semiflexão e adução, muito incapacitante para a marcha, para a relação sexual e para o parto. Mão reumatoide mostrando semiflexão e tumefação do punho com saliência da cabeça da ulna e hipotrofia da musculatura interóssea. Mão reumatoide mostrando dedos em pescoço de cisne, polegar em Z e desvio ulnar dos dedos. o terceiro e o quarto dedo em botoeira, e o segundo e o quinto em pescoço de cisne. Pés reumatoides mostrando pé plano anterior, calosidades plantares e hálux valgo bilateral. Pé plano valgo reumatoide. aumento de volume dos joelhos, hipotrofia dos quadríceps e desvio em valgo. Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato -Coluna Vertebral= na maioria das vezes, limitado à coluna cervical, em sua porção superior. Pode haver envolvimento da articulação sinovial entre o ligamento transverso do atlas (C1) e o aspecto posterior do processo odontoide de C2. O ligamento transverso impede que ocorra o deslizamento anterior de C1 sobre C2, e a sinovite dessa articulação pode comprometê- lo, levando ao aparecimento de subluxação ou luxação→ dores cervicais altas, rigidez do pescoço e, às vezes, sinais neurológicos de compressão medular. A compressão, dependendo do seu grau, pode ser potencialmente fatal. As articulações interapofisárias podem também ser acometidas, nas partes mais superiores *** A presença de subluxação atlas-áxis pode ser avaliada na radiografia de coluna cervical em perfil com flexão máxima. Se a distância entrea apófise odontoide do áxis (C2) e o arco anterior do atlas (C1) for ≥ 3 mm, considera-se presente a subluxação. -Articulações temporomandibulares= dor local e dificuldades na mastigação. Ocasionalmente, a articulação cricoaritenóidea pode ser acometida, levando a rouquidão. MANIFESTAÇÕES PERIARTICULARES são resultantes da extensão do processo inflamatório articular para outras estruturas do tecido conjuntivo. •Tenossinovite estenosante estilorradial (tenossinovite de De Quervain): inflamação do tendão do extensor curto e abdutor longo do polegar e de suas respectivas bainhas •Tenossinovite estenosante dos flexores dos dedos das mãos (“dedos em gatilho”) •Síndrome do túnel do carpo e do tarso •Rupturas dos tendões extensores nas mãos, levando à impotência na extensão dos dedos •Bursites e cistos sinoviais= quando vistos na região posterior dos joelhos (fossa poplítea), são denominados cistos de Baker. Formam-se na porção medial dos músculos gastrocnêmio e semimembranoso e podem se comunicar com a articulação. Sua ruptura leva a uma invasão dolorosa das partes moles da panturrilha pelo líquido sinovial e, nesse caso, impõe-se o diagnóstico diferencial com tromboflebite ou trombose venosa profunda da panturrilha. PADRÃO POLINDRÔMICO A artrite é mono ou oligoarticular, e o início dos sintomas é súbito, habitualmente de forte intensidade e acompanhado por calor, edema e rubor. O quadro articular perdura, em média, de 12 h a alguns dias e evolui por crises, com períodos de remissão variando de dias a vários meses. Esse quadro pode ser semelhante à artrite gotosa aguda. Pacientes em remissão não apresentam sintomas e os níveis dos reagentes de fase aguda são normais. MANIFESTAÇÕES EXTRAARTICULARES A frequência e a gravidade das manifestações extra- articulares (MEA) da AR variam muito com a duração da doença e sua intensidade de acometimento. As suas complicações podem ser fatais. A presença de MEA está associada ao aumento da morbidade e à mortalidade prematura. →Pele= hipotrofias, eritemas, alterações secundárias a vasculites e, com menos frequência, fenômeno de Raynaud. As unhas quebradiças. →Nódulos reumatoides subcutâneos= MEA + comuns (20-40%), 90% dos indivíduos com AR e nódulos subcutâneos são positivos para o FR, e 40% de todos os pacientes com AR soropositiva apresentam nódulos subcutâneos. São preditores de artrite + grave e erosiva, pacientes com NR tem evolução mais tormentosa e maior índice de manifestações extra-articulares viscerais e vasculite. -são firmes, não dolorosos e móveis no tecido subcutâneo; também podem ser aderidos a estruturas subjacentes, como periósteo, fáscia e tendões. Apresentam-se de tamanho variado, de alguns milímetros a vários centímetros de diâmetro. Podem aumentar ou regredir, recorrer ou persistir indefinidamente. A maioria dos nódulos subcutâneos é encontrada sobre proeminências ósseas, superfícies extensoras, áreas submetidas à pressão ou adjacentes a articulações. Eles são mais frequentemente encontrados nas superfícies extensoras da ulna proximal e olécrano, articulações IFP e MCF, tuberosidades isquiáticas, articulações no pé e sacro. Ocasionalmente, manifestam-se também em esclera, orelhas, coração, cordas vocais, pulmões, sistema nervoso, parede abdominal e músculos. -Aspecto histológico= apresentam-se como uma reação granulomatosa não caseosa em paliçada. Os nódulos maduros possuem uma estrutura clássica de três camadas de células e material acelular.Pode ser identificado um foco de necrose fibrinoide central circundado por fibroblastos. -Etiologia= exata é desconhecida, acredita-se que sejam o resultado de vasculite de pequenos vasos. Especula-se que uma série de eventos que começam com trauma vascular local e agrupamento de imunocomplexos contendo FR seria responsável pela sua formação, mas outros fatores podem estar envolvidos. →Vasculite reumatoide= complicação temida da doença e sua expressão clínica é de natureza proteiforme. manifestação menos comum e costuma Nódulo reumatoide em superfície extensora de cotovelo, na região lombar e na parede lateral do tórax. Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato estar associada à AR grave, ativa e com anos de evolução. -um processo inflamatório clinicamente heterogêneo que afeta vasos sanguíneos de pequeno a médio calibre. Pode haver um envolvimento orgânico generalizado, e sua presença está associada a um prognóstico ruim. O curso da VR pode ser grave e associado a outras MEA, incluindo nódulos e fibrose pulmonar. É a complicação extra-articular mais grave da AR, com até 40% dos pacientes morrendo dentro dos 5 anos de início da manifestação. -Fatores predisponentes= certos haplótipos de HLA, sexo masculino, tabagismo e doença erosiva nodular soropositiva de longa data. A vasculite cutânea e a neuropatia vasculítica são as formas mais comuns. -clínica= arterite ou vasculite; ulceração cutânea (acomete vasos de pequeno calibre); pioderma gangrenoso, formação de pequenos pontos hemorrágicos nos cantos das unhas, gangrena, osteólise digital, púrpura palpável, neuropatia periférica e acometimento de órgãos internos (oração, pulmões, intestinos, rins, fígado, baço, pâncreas, linfonodos e testículos) →Neuropatia periférica= é secundária à vasculite dos vasa-nervorum, varia de uma forma sensorial discreta a uma neuropatia mista (mononeurite múltipla) de grave evolução. As formas de acometimento do sistema nervoso incluem nódulos no sistema nervoso central, mielopatia cervical e compressões nervosas periféricas. →Coração= pericardite, miocardite pela formação de granulomas ou vasculite (habitualmente n causam sintomas, mas pode ser visto na ecocardiografia, efusão e/ou espessamento pericárdico em até 30% dos pacientes), distúrbios do sistema de condução, endocardite e arterite coronariana. O risco de cardiopatia isquêmica tb está aumentado. -eventos CV isquêmicos ocorrem 1 década + cedo em AR, sugerindo que, assim como o diabetes melito, essa doença é um fator de risco independente e significativo para doença arterial coronariana (DAC). A etiologia da aterosclerose tem influencia de fatores de risco tradicionais e não tradicionais para DAC, como a inflamação persistente. Estudos têm demonstrado que indivíduos com AR possuem risco até 3 vezes maior de novo evento cardiovascular quando comparados com indivíduos sem doenças inflamatórias, mesmo após correção para fatores de risco tradicionais para DAC. Além disso, pacientes com manifestações extra-articulares, geralmente associadas a maior inflamação sistêmica, apresentam maior mortalidade por DCV. →Pulmonares= podem ser as iniciais da doença, sendo responsáveis por 10 a 20% das mortes. Pode ocorrer o acometimento de qualquer um dos componentes do trato respiratório, principalmente na forma de pleurite com ou sem derrame, nódulos pulmonares, fibrose intersticial e pneumonite com ou sem vasculite. -Pleurite e derrame pleural= são mais comuns em homens, com FR em altos títulos e nódulos subcutâneos. Derrame pleural assintomático pode estar presente em até 70% dos pacientes, enquanto sintomas estão presentes somente em 5%. o acometimento é unilateral. O derrame pleural da AR é um exsudato com pH baixo (< 7,3), glicose baixa (< 50% do nível sérico), desidrogenase láctica elevada (> 700 UI/ℓ) e dosagem do FR elevada. A pleurite pode ocorrer isoladamente ou em associação com doença pulmonar intersticial. -Doença pulmonar intersticial fibrosante= teve prevalência com TC em 30 a 60% dos pacientes. a doença clinicamente significativa é menos comum (10% dos indivíduos, maior em homens). Tem QC semelhante a DPI idiopática. O padrão mais comum é a pneumonia intersticial usual (PIU). -Doenca de vias aéreas= é comum na AR e pode ser a manifestaçãopulmonar mais precoce. Podem ocorrer bronquiectasias, bronquiolite constritiva (bronquiolite obliterante) e bronquiolite folicular. -Nódulos pulmonares= ocorre mais raramente. nódulos redondos que podem cavitar. Histologicamente, são semelhantes aos nódulos encontrados nos tecidos subcutâneos. Vale lembrar que é muito mais comum que as infecções atípicas (fúngicas, micobacterianas) causem nódulos pulmonares em pacientes reumatoides, por isso, devem estar no diagnóstico diferencial de nódulos necrobióticos. -Síndrome de Caplan= ocorre em pacientes com AR e pneumoconiose. Caracteriza-se pelo aparecimento, juntamente às anormalidades típicas da pneumoconiose, de nódulos pulmonares arredondados, localizados sobretudo na periferia, que podem cavitar. →Renal= ocorre doença renal devido a amiloidose secundária e medicações nefrotoxcias. Nos países desenvolvidos, a AR é a causa mais comum de amiloidose secundária, embora sua incidência tenha diminuído nas últimas décadas, devido ao maior nível de conscientização sobre o risco relacionado à persistência da inflamação sistêmica por períodos prolongados e a disponibilidade de tratamentos eficazes e mais agressivos para o controle da AR. // glomerulonefrite e nefropatia por IgA são raros →Olhos= 15 a 25% dos casos. As complicações oculares afetam mais o segmento anterior do que o posterior. acometimento do segmento anterior inclui Ulceração cutânea em vasculite reumatoide. Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato ceratoconjuntivite seca, ceratite ulcerativa periférica, episclerite e esclerite anterior. Já no segmento posterior pode haver esclerite posterior e, raramente, vasculite retiniana. -A ceratoconjuntivite seca é a manifestação ocular mais comum da AR, afetando de 10 a 45% dos pacientes. É uma doença multifatorial que reduz a produção e altera a composição das lágrimas, o que resulta em instabilidade do filme lacrimal, acompanhada de aumento da osmolaridade das lágrimas e inflamação da superfície ocular. Um ciclo vicioso de hiperosmolaridade e inflamação crônica leva ao aumento da fricção e ao eventual dano da superfície ocular. Os sintomas são variáveis e incluem desconforto, dor, coceira ou queimação, sensação de corpo estranho ou areia nos olhos, fotofobia, visão borrada intermitente, presença de resíduos aderidos aos cílios, cílios escassos ou quebradiços e secreção nos cantos dos olhos, secundárias à redução da camada aquosa média do filme lacrimal, secretada pelas glândulas lacrimais. Quando, o quadro ocular, associa- se um comprometimento inflamatório das glândulas salivares, cuja tradução mais comum é a xerostomia, tem-se a síndrome de Sjögren secundária. A AR é a doença mais comumente associada a essa síndrome. Frequentemente, encontram-se também ressecamento difuso das mucosas, evidências sorológicas de autorreatividade (positividade dos anticorpos fator antinuclear [FAN], anti-SSA/Ro e anti-SSB/La) e infiltração linfocitária tecidual. - Outras manifestações oculares= esclerite, a episclerite, a ceratite em faixa, as paralisias transitórias de nervo oculomotor, a miosite orbitária e a paralisia transitória do músculo oblíquo superior (síndrome de Brown). A uveíte anterior—> deve-se à extensão do processo inflamatório em casos de esclerite mais grave. A ceratite ulcerativa periférica (CUP) é uma manifestação rara da AR que se caracteriza por um afilamento progressivo da córnea periférica→ ceratólise, que pode ocorrer com ou sem ulceração. A CUP necrosante pode ocorrer em períodos em que as demais manifestações da AR se encontram controladas. A esclerite é uma condição ocular incomum, mas extremamente dolorosa, que potencialmente pode levar à perda da visão. Faz parte do diagnóstico diferencial do olho vermelho. ocorre em 1 a 6% dos pacientes com AR e em até 14% dos pacientes com vasculite reumatoide. pode ser difusa ou nodular, anterior ou posterior e necrosante ou não necrosante. A esclerite anterior necrosante com inflamação observada no contexto da AR está associada ao aumento da mortalidade. -Medicamentos= antimaláricos podem se depositar na retina e na córnea, e os corticosteroides podem provocar o aparecimento de catarata e glaucoma. →síndrome de Felty = poliartrite crônica (AR) + esplenomegalia + leucopenia (neut). ocorre caracteristicamente em pacientes com doença de anos de evolução, com FR em títulos elevados, nódulos e deformidades. Podem apresentar também positividade para outros autoanticorpos, e outras MEA (vasculite e síndrome seca). O tamanho do baço é variável, podendo surgir esplenomegalia maciça. Do ponto de vista hematológico, aparecem leucopenia, principalmente à custa de granulocitopenia, anemia de intensidade variável e trombocitopenia. verifica-se a presença de úlceras em membros inferiores, hiperpigmentação cutânea e anticorpos antinucleares. →Infecções graves= apresentam um aumento no risco basal para infecções graves em comparação com a população em geral, sendo a presença de MEA um importante preditor da sua ocorrência. SINTOMAS SISTÊMICOS No início da enfermidade, são frequentemente encontrados astenia, hiporexia, ansiedade, mialgia e emagrecimento leve. Pode haver também, mais raramente, linfadenopatia e febre baixa a moderada. Esses sintomas podem preceder ou acompanhar o início das manifestações articulares. A AR grave é frequentemente associada a anemia de doença crônica. DOENÇA DE STILL DO ADULTO é uma doença multissistêmica rara, considerada uma síndrome autoinflamatória complexa (multigênica). A etiologia é desconhecida e o diagnóstico é difícil, por causa da ampla gama de diagnósticos diferenciais. No entanto, um diagnóstico precoce pode melhorar o prognóstico dos pacientes. -QC= febre em 60 a 100% dos pacientes, habitualmente acima de 38,5°C, com um padrão cotidiano de 1 a 2 picos diários. As temperaturas mais altas geralmente ocorrem à noite. É comum a febre preceder o aparecimento das outras manifestações.0 Em 60 a 80% dos pacientes, pode ocorrer um eritema róseo evanescente, por vezes pruriginoso, macular ou maculopapular, que piora com a febre. é predominantemente encontrado na região proximal dos membros e no tronco. Em geral, os pacientes não desenvolvem nódulos subcutâneos. A dor articular é o sintoma mais comum. Artralgia e artrite envolvem sobretudo punhos, joelhos e tornozelos. A coluna cervical Esclerite bilateral em paciente reumatoide apresentando hiperemia ocular localizada à direita no quadrante inferior e à esquerda no aspecto temporal do olho. Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato é mais frequentemente acometida que nas formas iniciais da AR. Embora a artrite seja inicialmente leve e transitória, ela pode evoluir para uma poliartrite simétrica erosiva crônica. Dor de garganta pode ser um sintoma inicial da DSA. Pode ter mialgia, linfadenopatia, esplenomegalia, hepatomegalia, serosites e perda de peso. -Laboratório= aumento de VHS e PCR; leucocitose neutrofilia; anemia e trombocitose; ferritina elevada em um nível 5X maior; aumento leve a moderado de transaminases; estudos sorológicos para FR, anticorpos anti-CCP e anticorpos antinucleares são habitualmente negativos. -Diagnóstico= como nenhum teste clínico ou laboratorial é específico, o diagnóstico da DSA continua sendo de exclusão. Muitos pacientes são submetidos a extensa propedêutica, sobretudo para o diagnóstico diferencial com doenças infecciosas, neoplásicas e autoimunes, que devem ser descartadas antes de se considerar o diagnóstico de DAS. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da AR é basicamente clínico, não existindo exame complementar, seja laboratorial, de imagem ou histopatológico, que isoladamente possa confirmá-lo ou descartá-lo. O diagnóstico é estabelecido considerando-se as manifestaçõesclínicas e os exames complementares. O diagnostico deve ser feito o mais cedo possível dentro de 12 semanas desde o inicio dos sintomas e não aguardar o preenchimento dos critérios da ACR Quando a AR se apresenta em sua forma bem definida, com todos os achados típicos, o reconhecimento é facilitado. Contudo, na fase inicial da doença, o diagnóstico pode ser difícil, já que as alterações sorológicas e radiográficas características muitas vezes estão ausentes. O paciente típico apresenta-se com uma poliartrite de início recente, rigidez matinal e testes laboratoriais alterados, como elevação da PCR e VHS. Infelizmente, essa apresentação não é específica para AR. Outras causas de artrite devem ser consideradas, como artrite reativa, osteoartrite, artrite psoriásica, artrite infecciosa (viral ou bacteriana, e doença de Lyme dependendo da região geográfica), ou outras condições autoimunes, como doenças do tecido conjuntivo, se estiverem presentes sinais ou sintomas adicionais sugestivos (erupção cutânea, úlceras orais, alopecia, fenômeno de Raynaud, sintomas secos, anticorpos antinucleares, enzimas musculares elevadas). Na verdade, para muitos pacientes, nenhum diagnóstico específico pode ser feito logo na apresentação, situação que deve ser considerada como de artrite indiferenciada→ importante porque mesmo q se mude o diagnostico para todas as artrites o tto modificador do curso da doença é o mesmo. →CRITÉRIOS DE 1987 Precisa apresentar no mínimo 4 de 7; Os critérios de 1 a 4 devem estar presentes por um período mínimo de 6 semanas, e pacientes com 3 ou 2 critérios clínicos não são excluídos (AR possível ou provável). sua sensibilidade varia de 91 a 94% e a especificidade é cerca de 85%. No entanto, esses critérios incluem características menos frequentes na AR de início recente (pacientes com menos de 1 ano de sintomas) como alterações radiográficas e nódulos, sendo considerados menos adequados para a identificação de indivíduos com AR inicial (baixa sensibilidade e especificidade). →CRITÉRIOS DE 2010 Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato Foi desenvolvido com o objetivo de aumentar, principalmente, a sensibilidade do diagnóstico em fases mais precoces da doença. Pontuação ≥ 6 é necessária para a classificação definitiva da enfermidade de um paciente como AR. Somente devem ser avaliados pelos critérios de 2010 os indivíduos que apresentem pelo menos uma articulação com sinovite clínica definida (edema) que não seja mais bem explicada por outra doença. O domínio do acometimento articular refere-se a qualquer articulação dolorosa ou inchada (excluindo interfalângicas distais do pé ou mão, primeira metatarsofalângica e primeira carpometacarpal). Evidência adicional obtida por exames de imagem, como US e RM, pode ser utilizada para confirmação dos achados clínicos. Consideram-se como pequenas articulações, para fins de classificação, as MCF, IFP, MTF (da segunda até a quinta), primeira interfalângica e punhos; e como grandes articulações, ombros, cotovelos, coxofemorais, joelhos e tornozelos. Articulações adicionais (temporomandibular, esternoclavicular, acromioclavicular) podem ser contadas na avaliação de “mais de 10 articulações”, desde que ao menos 1 pequena articulação esteja acometida. ***Não há recomendação para que se substituam os critérios de 1987 pelos de 2010, podendo ambos ser utilizados ou um dos dois para fins de classificação. É importante ressaltar que nenhum dos critérios é diagnóstico, mas, sim, classificatório, tendo sido desenvolvidos com a finalidade de definir populações homogêneas para inclusão em estudos clínicos. esses critérios formais podem servir como guias para o estabelecimento do diagnóstico clínico ALTERAÇÕES LABORATORIAIS As alterações laboratoriais na AR carecem de especificidade, mas há habitualmente um conjunto de achados que – adicionados à história clínica, ao exame físico e aos dados de exames de imagem – auxiliam na formulação do diagnóstico. -Hemograma= anemia moderada, normocítica e hipocrômica ou normocrômica, encontrada nas formas mais ativas da doença, e cujo mecanismo envolve a produção de hepicidina pelo fígado, que impede a utilização do ferro medular e dificulta a absorção do ferro pela mucosa intestinal. Ferro sérico baixo, enquanto a ferritina pode estar elevada por ser um reagente de fase aguda. leucocitose (correlação com atividade de doença, vasculite, infecção ou uso de corticosteroide), eosinofilia e trombocitose (correlação com atividade de doença e presença de manifestações clínicas extra-articulares). -Provas inflamatórias= avaliar a atividade da doença e a resposta terapêutica. Usa-se VHS e PCR→ variam com a idade e o sexo, na presença de infecção, e a VHS pode sofrer a influência dos níveis de hemoglobina, gravidez e hipoalbuminemia. -Autoanticorpos= FR e anti-CCP. O FR encontra-se positivo em 70 a 80% dos pacientes com AR e é constituído por autoanticorpos de diferentes classes de imunoglobulinas (IgM, IgG e IgA) dirigidos contra determinantes antigênicos do fragmento Fc das IgG. Individualmente, sua utilidade como teste diagnóstico é limitada, já que 30 a 50% dos pacientes, no início do quadro, podem ser soronegativos para esse autoanticorpo. Também é encontrado em outras patologias como síndrome de Sjögren; lúpus; em pacientes com várias doenças infecciosas crônicas e infestações, (AIDS), Chagas, esquistossomose, endocardite bacteriana, leishmaniose, tuberculose, sífilis, hanseníase, hepatite crônica, sarcoidose; em outras doenças do tecido conjuntivo; e em 5 a 10% de pessoas saudáveis, sobretudo em idosos→ a negatividade do FR não exclui o diagnóstico de AR, e sua positividade deve ser cuidadosamente interpretada de acordo com os achados clínicos. Níveis mais elevados associam-se a doença agressiva, presença de nódulos reumatoides e manifestações extra- articulares. -ACPA= anticorpo mais especifico para AR. sensibilidade semelhante e especificidade superior à do FR. podem ser detectados em aproximadamente 70 a 80% dos soros de pessoas com AR com especificidade de 90 a 98%. Raramente são detectados em outras doenças, embora já tenham sido descritos em baixos títulos, em outras doenças reumáticas e até em quadros infecciosos. Podem aparecer precocemente durante a evolução da doença, sendo sua detecção útil no diagnóstico em fases iniciais da enfermidade, especialmente naqueles casos em que há dúvida diagnóstica e o FR é negativo. Existe evidência de que a presença de anticorpos anti-CCP tem correlação com evolução mais grave da AR, de modo que eles podem ser usados como indicadores de progressão e prognóstico. →Exames importantes para diagnóstico diferencial= FAN (diferencia com lúpus, embora possa ser positivo em 40% das pessoas com AR; A presença desses anticorpos no paciente com AR não apresenta valor prognóstico, e os casos que se associam à síndrome de Sjögren cursam, com maior frequência, com positividade para os anticorpos antinucleares, e com a presença dos típicos marcadores imunológicos da síndrome: anti-SSA e anti-SSB. →Análise do líquido sinovial= O derrame articular que pode ocorrer como manifestação de artrite corresponde ao filtrado de plasma, portanto, um exsudato rico em proteínas. É útil para excluir gota e infecção. No líquido sinovial normal, as referências são: 0 a 200 células/mm3, 20% ou menos de polimorfonucleares (PMN), 80% de mononucleares, 1 a 3 g/dℓ de proteínas, glicose semelhante ao plasma (60 a 99 mg/dℓ), 232 a 430 U/ℓ de desidrogenase láctica (LDH) e ausência de cristais e bactérias. A análise do líquido sinovial na AR pode revelar redução de sua viscosidade, aspecto turvo e leucocitose em níveis inflamatórios, normalmente de 2 a 30 mil células/mm3, embora casos acima de 50 mil/mm3 nãosejam raros, Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato ocorrendo às custas de neutrofilia e/ou monocitose. A concentração de proteína pode estar elevada e a glicose, diminuída (40 mg/dℓ de diferença para o plasma). DIAGNÓSTICO POR IMAGEM são importantes no diagnóstico e na avaliação da progressão de doença.--> a identificação de dano estrutural, a avaliação prognóstica e o monitoramento do tratamento. • Radiografia -Técnica= O ideal é que cada mão e cada pé seja radiografado individualmente em PA, e que o feixe de raios X esteja posicionado na terceira MCF e terceira MTF, com os dedos estendidos (sem causar desconforto) e em repouso ao longo da superfície do aparelho. -Seguimento= Na prática clínica, indica-se a realização de radiografias de mãos/punhos e antepés como avaliação básica e, depois do diagnóstico, 12 meses seria o período recomendado para o acompanhamento radiográfico. -Manifestações radiográficas= •Simetria: constitui importante critério diagnóstico •Osteopenia: alteração característica e precoce. No início, é periarticular e, com a evolução, torna-se mais difusa. •Aumento de partes moles: traduz acometimento periarticular ou efusões intra-articulares. É uma alteração precoce •Redução do espaço articular: deve-se à destruição progressiva da cartilagem articular •Erosões ósseas: indicam destruição da cartilagem articular e ocorrem em casos mais avançados da doença •Cistos ósseos: são representados por áreas translúcidas subcondrais e devem-se à invasão da cartilagem e do osso pelo pannus reumatoide •Deformidades e instabilidades: relacionam-se com as lesões tendíneas, como frouxidão e rupturas, e, às vezes, têm relação direta com destruição cartilaginosa ou óssea, como a protrusão acetabular. • US -método não invasivo e de custo acessível, capaz de detectar sinovite, acúmulo de fluido articular e erosão óssea na AR. Os transdutores de US de alta frequência permitem a avaliação de articulações pequenas além de outras estruturas, como cartilagem, superfície óssea, bainhas tendíneas e proliferação sinovial. Contudo, o diagnóstico por US não fornece informações úteis sobre o acometimento intraósseo (edema ósseo). A utilização do Doppler colorido permite avaliar a vascularização sinovial, cujos achados podem ser muito úteis no monitoramento terapêutico, visto que há hiperfluxo durante fase ativa da doença. • RM mais sensível que a radiografia simples para identificar erosões cartilaginosas e ósseas. é possível identificar e estimar o volume de tecido sinovial hipertrofiado, que, por sua vez, correlaciona-se com o desenvolvimento futuro de dano cartilaginoso e erosões ósseas. Em pacientes com artrite inflamatória indiferenciada, os achados de sinovite, tenossinovite de flexores e erosão ou edema ósseos estão relacionados com maior risco de evolução para AR. Preconiza-se a realização da RM em um lado somente→ reduz tempo, custo e desconforto para o paciente. O estudo do lado mais acometido é rotineiramente usado, e as áreas de interesse são punho e articulações MCF e IFP. O uso do contraste intravenoso (gadolínio) é necessário para estimar o grau de inflamação sinovial e para auxiliar na diferenciação entre o aumento da sinóvia e o edema dos tecidos ao redor da articulação. O edema ósseo, definido como lesão trabecular sem margens definidas e caracterizado por hiperintensidade de sinal em T2 e realce pelo contraste, representa infiltração inflamatória na medula óssea e, diferentemente das erosões, é um achado inicial na AR e que pode ser reversível quando abordado de maneira adequada e precoce. a sinovite é definida pelo espessamento sinovial com realce pelo meio de contraste e espessura > 1 mm, e a erosão óssea como uma lesão justarticular de margens regulares e visível em dois planos, com ruptura da cortical vista pelo menos em um plano -Imagem de ressonância magnética em paciente do sexo feminino de 54 anos com artrite reumatoide e acometimento de punho: imagem axial (A) e coronal (B) ponderada em T1 com supressão de gordura sem contraste mostra a erosão no osso piramidal. Sinovite é vista em punho (setas e ponto). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Radiografia de mão reumatoide em (PA) em que se observam: osteopenia periarticular; redução dos espaços articulares das articulações interfalângicas proximais, das metacarpofalângicas, dos ossos do carpo e da articulação radiocarpal; erosão periarticular na segunda articulação metacarpofalângica, cistos ósseos na primeira, segunda e quarta articulações metacarpofalângicas. Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato engloba toda a gama de diagnósticos possíveis de uma poliartrite. Inclui quadros infecciosos crônicos, como uma doença gonocócica disseminada, hepatites virais crônicas e outras doenças autoimunes. A faixa etária do paciente é um dado importante para o diagnóstico. Por exemplo, pessoas idosas podem ter osteoartrose nodal de mãos com características muito inflamatórias. Mulheres jovens em idade fértil são mais propensas aos quadros de autoimunidade, como lúpus, síndrome de Sjögren; ou doenças infecciosas. No entanto, para todos estes casos de poliartrites, existem características marcantes de cada doença que, reveladas durante anamnese, exame físico e exames complementares, permitem o diagnóstico correto. -LES= dentre as colagenoses é a doença que mais mimetiza AR, em especial nas suas formas evolutivas iniciais. O acometimento articular e periarticular no LES pode levar a deformidades semelhantes às observadas na AR, mas a radiologia das articulações envolvidas não mostra as erosões vistas na AR. O médico assistente deve ter sempre em mente as outras manifestações clínicas e sorológicas do LES quando estiver diante de um paciente com poliartrite crônica. -Reumatismo palindrômico= enfermidade caracterizada por artrite de uma ou várias articulações acometidas de modo sequencial, em um espaço de algumas horas a vários dias, com período livre de sintomatologia, variando de alguns dias a vários meses. O termo palindrômico faz referência a este padrão episódico e recorrente de evolução clínica. Muitos pacientes apresentam a mesma predisposição genética que aqueles com AR típica e têm anticorpos anti-CCP positivos. Entretanto, somente a minoria (cerca de 30%) evolui para um quadro de AR ou outra doença definida. O envolvimento das articulações IFP e punhos, sexo feminino e idade avançada conferem maior probabilidade de evolução para AR. As articulações mais comumente afetadas são as IFP, punhos e joelhos; no entanto, outras articulações geralmente estão também acometidas. Apesar da ocorrência de ataques frequentes, a artrite do reumatismo palindrômico caracteristicamente não é deformante. (olhar outros no reumato diagnostico e tto se der tempo). TTO O tratamento da AR deve incluir educação dos pacientes e familiares sobre a doença, uso de medicamentos específicos, terapias físicas (fisioterapia, terapia ocupacional) e, quando necessário, infiltrações intra-articulares e procedimentos cirúrgicos. As metas do tratamento são o controle da dor, a redução da inflamação, a proteção e a preservação das estruturas articulares, evitando deformidades e controle de envolvimento sistêmico. O controle da doença evita a perda funcional e de qualidade de vida. Nenhuma das intervenções terapêuticas é curativa e muitas geram efeitos colaterais significativos, MAS possibilitam, de modo geral, o perfeito controle da doença. O seguimento dos enfermos e a terapia devem ser realizados de modo individual, caso a caso, já que a história natural da doença é, com frequência, imprevisível. O médico deve considerar o impacto da doença para o indivíduo dentro de sua comunidade, com as devidas implicações no seu ambiente familiare de trabalho, além dos aspectos sociais e financeiros. Na avaliação inicial, devem-se determinar a atividade da AR, a intensidade da progressão da artrite e os fatores que poderiam influenciar o prognóstico, como manifestações viscerais e outras enfermidades associadas. O tratamento deve ser ajustado sempre que necessário, em reavaliações clínicas frequentes, a intervalos de 30 a 90 dias. Estratégias terapêuticas baseadas em metas específicas produzem melhores desfechos quanto a atividade de doença e capacidade funcional, com menor dano estrutural radiográfico, em comparação com tratamentos convencionais. A meta a ser alcançada é a remissão ou pelo menos baixa atividade de doença, avaliada por índices compostos da atividade de doença (ICAD), considerando-se também a resposta obtida em termos de redução no escore de ICAD. As medicações atualmente utilizadas para tratamento da AR no Brasil são as seguintes: ▪ MMCD sintéticos convencionais: metotrexato, leflunomida, antimaláricos (difosfato de cloroquina e hidroxicloroquina) e sulfassalazina; ▪ MMCD biológicos: anti-TNF (adalimumabe, certolizumabe pegol, etanercepte, golimumabe, Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato infliximabe), bloqueador da coestimulação do linfócito T (abatacepte), antirreceptor IL 6 (tocilizumabe), anti-CD20 (rituximabe); ▪ MMCD sintético alvo específico: tofacitinibe. Antes do início das drogas imunossupressoras, em especial dos MMCD biológicos, deve ser feito adequado rastreamento para processos infecciosos estabelecidos ou latentes (especialmente tuberculose cutânea – TBC – e hepatites). Durante todo o tratamento o paciente deve ser acompanhado para monitorização de possíveis efeitos colaterais. O tratamento adequado das comorbidades, especialmente das doenças cardiovasculares, deve ser realizado em conjunto com o tratamento da AR. AMPARO PSICOLOGICO O primeiro objetivo é tornar o paciente feliz como indivíduo produtivo e em sintonia com o seu ambiente; que não seja uma pessoa que usa a enfermidade para ganhos secundários; que auxilie a sociedade, em vez de sobrecarregá-la; e que tenha uma vida normal, a despeito da doença. Esse objetivo, mesmo considerado impossível por alguns, deve ser perseguido por médico e paciente. Um ponto fundamental para essas conquistas está na relação médico/paciente e, quando necessário, o médico assistente deve ter a percepção suficiente para indicar, no momento oportuno, auxílio psicoterápico e/ou o uso de medicações antidepressivas. TTO SINTOMÁTICO -Repouso= é uma das medidas mais efetivas no combate à dor e à inflamação, sendo particularmente útil após o almoço e de duração variável, segundo a atividade da doença. -As articulações inflamadas devem ser deixadas em repouso, evitando-se posições viciosas antálgicas, o que se consegue pelo uso de órteses→ melhoram o quadro doloroso, atuam na redução do espasmo muscular. Uma vez cessada a inflamação, desaparece a tendência às contraturas, e o uso das órteses pode ser suspenso. -Hospitalização= indicada para pacientes com comprometimento mais acentuado do estado geral, febre e complicações viscerais, ou quando suas condições clínicas não permitam terapia física em regime ambulatorial. Medicamentos -Para o combate à dor e à inflamação por via sistêmica, são utilizados os medicamentos analgésicos e os anti- inflamatórios não hormonais (AINH) de modo individualizado. -Analgésicos= Os comuns e opioides podem ser necessários para alguns pacientes, mas são administrados por curtos períodos. -AINES= Em fases ativas da doença, os pacientes com AR geralmente precisam de doses plenas de AINH que devem ser reduzidas ou interrompidas em caso de controle da doença. Ter especial atenção para evitar efeitos colaterais, sobretudo gastrointestinais e cardiovasculares, sendo de maior risco os pacientes com idade avançada, em uso de corticosteroides ou anticoagulantes orais, história de úlcera gastrointestinal, hipertensão arterial e insuficiência renal. O uso concomitante de terapia inibidora de bomba de prótons é recomendado. todos os AINH devem ser empregados em menor dose e tempo necessários. -indometacina (100 a 150 mg/dia), diclofenaco (100 a 150 mg/dia), naproxeno (1.000 mg/dia), cetoprofeno (100 a 150 mg/dia), piroxicam e tenoxicam (20 mg/dia). Entre os inibidores seletivos, são usados nimesulida (200 mg/dia) e meloxicam (15 mg/dia), e entre os inibidores específicos, o celecoxibe (200 mg/dia). -Corticoides= podem ser usados para pacientes que principiam o uso de medicações remissivas, até que estas realizem sua atividade terapêutica (TERAPIA DE PONTE), ou em períodos de piora da doença→ a dose da medicação não deve, idealmente, ultrapassar o equivalente a 10 mg/dia de prednisona. Sempre que possível, e de maneira lenta, a dose do esteroide deve ser reduzida e suspensa, embora alguns pacientes necessitem de uma dose pequena de manutenção por período prolongado e variável. Alguns estudos sugerem que o uso dos corticosteroides retardaria a progressão de erosões articulares. pode ser usado na vigência de manifestações sistêmicas extra-articulares da doença, como as vasculites e o envolvimento pulmonar, administrados em dose diária oral ou na forma de pulsoterapia venosa de metilprednisolona.. Os pacientes que usarão glicocorticoides por tempo prolongado (mais de 3 meses) devem receber suplementação de cálcio (1.500 mg/dia de cálcio elementar) e vitamina D3 (400 a 800 UI/dia) e ser avaliados quanto à possibilidade de desenvolvimento de osteoporose. Se necessário, o uso de agentes antirreabsortivos deve ser considerado. -As punções articulares de alívio devem ser realizadas sempre que indicadas, e as infiltrações periarticulares e intra-articulares de esteroides estão indicadas para os casos de mono ou oligoartrites persistentes, com triancinolona hexacetonida. AGENTES MODIFICADORES DO CURSO DA DOENÇA -os MMCD devem ser indicados a partir do estabelecimento do diagnóstico. Os MMCD dividem-se, hoje, em três categorias. Os medicamentos sintéticos convencionais (MMCDsc- Metotrexato, leflunomida, antimaláricos, e sulfassalazina), os sintéticos alvo-específico (MMCDsae- tofacitinibe ) e os biológicos (MMCDb- Adalimumabe, certolizumabe, etanercepte, golimumabe, infliximabe, abatacepte, rituximabe e tocilizumabe). Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato Metotrexato inibidor seletivo da enzima dihidrofolato redutase (DHFR) e de outras enzimas folato-dependentes, como a AICAR transformilase (AICAR T’ase). O mecanismo de ação do MTX na AR não é totalmente conhecido. A inibição das enzimas folato-dependentes, reduziria o acúmulo de leucócitos nos sítios inflamatórios e interferiria na síntese das interleucinas, IL-1 e IL-6, e do TNF-alfa. -é considerado o MMCD de primeira escolha, principalmente na AR moderada a grave. O MTX é a medicação “âncora” para a associação dos demais MMCD. Ele é capaz de reduzir sinais e sintomas de atividade da AR, melhorar o estado funcional, além de bloquear a progressão das lesões radiográficas. Pode ser usado isoladamente ou associado a outros medicamentos, como os antimaláricos, a sulfassalazina, a leflunomida e a ciclosporina A. -Dose= 12,5 a 15 mg/semana VO, SC ou IM→ se não tiver melhora clínica ou controle da doença, aumentar progressivamente a dose, após cada 2 a 4 semanas de tratamento, até se alcançar a dose máxima (20 a 30 mg). É administrado em 2 a 3 tomadas, com intervalos aproximados de 12 h. As vias subcutânea (SC) ou intramuscular podem ser indicadas àqueles com intolerância gastrintestinal ou resposta inadequada com a via oral. seus efeitos terapêuticos são esperados em 4 a 12 semanas. -Bem tolerado no longo prazo, deve ser monitorado, principalmente, por sua toxicidade hepática, renale hematológica. -Contraindicações= pacientes hepatopatas ou alcoólatras, na presença de insuficiência renal e àqueles com supressão da medula óssea. Não deve ser administrado durante a gravidez, por ser teratogênico. As mulheres em idade fértil devem, portanto, realizar anticoncepção. Pacientes que referem astenia, fadiga ou outros eventos adversos com o uso do MTX terão esses efeitos minimizados com o uso de ácido fólico, 1 a 2 mg/dia ou 5 a 10 mg/semana, 24 a 48 h após a administração. Antimaláricos Medicamentos de baixo custo, seguros e efetivos, têm seu uso recomendado como esquema inicial no tratamento da AR associados aos AINH e aos corticosteroides. Apresentam efeitos anti-inflamatórios com a inibição da síntese de IL-1, a proliferação de linfócitos e a apresentação e o processamento de antígenos. Os antimaláricos inibiriam a ação de determinadas enzimas proteolíticas pela alteração do pH do interior de organelas lisossomais. As melhores respostas são obtidas nos pacientes em fase inicial da doença e cuja artrite é de leve intensidade, e os resultados são obtidos, em média, após 3 a 6 meses de uso. -Dose: 3 a 4 mg/kg/dia para o difosfato de cloroquina (máximo de 250 mg/dia) e de 6 mg/kg/dia para a hidroxicloroquina (máximo de 400 mg/dia). -Contraindicações= pacientes que apresentem alterações retinianas e de campo visual. É obrigatória a avaliação oftalmológica antes da introdução dos antimaláricos, para descartar maculopatia preexistente. A triagem anual é recomendada após 5 anos de uso para pacientes em doses aceitáveis e sem fatores de risco. -Ef. Colaterais= náuseas, dor epigástrica e rash cutâneo. Embora cruzem a barreira placentária, parece não haver efeitos colaterais para o feto, podendo ser utilizada na gravidez. Não há contraindicação para a amamentação. SULFASSALAZINA uso regular nas doenças inflamatórias intestinais, tem importantes efeitos anti-inflamatórios e imunomoduladores, inibindo a síntese de IL-1-alfa e IL-1-beta e TNF-alfa, a proliferação de células B e a migração de leucócitos. -é menos eficaz que o MTX e quase tão eficaz quanto os sais de ouro e a D penicilamina, e seus benefícios se fazem notar entre a 4a e a 12a semana do início de sua utilização. Pode também ser utilizada em associação ao MTX ou aos antimaláricos, e estudos mostram que essa associação tríplice apresenta melhores resultados do que quando as associações ocorrem isoladamente. Pode ser utilizada durante a gravidez, pesando risco beneficio -Dose= varia de 1 a 3 g/dia, habitualmente em 2 tomadas diárias, após as principais refeições. Parece que os seus efeitos terapêuticos persistem apenas enquanto a medicação é utilizada. efeitos colaterais gastrintestinais constituem um fator limitante ao seu uso em doses adequadas→náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia. Está contraindicada a pacientes com história de hipersensibilidade a sulfas e salicilatos. LEFLUNOMIDA É um inibidor de síntese de pirimidina que reduz a proliferação de células T por meio do seu metabólito ativo, a teriflunomida. A leflunomida é bem absorvida VO, e a teriflunomida tem uma meia-vida de aproximadamente 15 dias. Ela é eliminada pela urina e pelo trato gastrintestinal em proporções semelhantes. Em razão da extensa recirculação ênterohepática da teriflunomida, ela pode persistir em níveis plasmáticos > 0,02 Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato mg/ℓ por até 2 anos→ mulheres com potencial para engravidar devem fazer uso de contraceptivos por igual período. Está indicada na AR, pois melhora a atividade de doença e a qualidade de vida e reduz a progressão radiográfica -DOSE= 20 mg/dia, em uma única tomada. Doses de ataque ao início do tratamento não são mais indicadas. A dose de 20 mg em dias alternados pode ser empregada para pacientes que apresentam eventos adversos ou para a manutenção terapêutica. Pode ser usada na AR moderada e/ou grave, isoladamente, naqueles pacientes que não respondem ao tratamento com o MTX ou ainda podem ser utilizadas ambas as medicações em associação. -EF.COLATERAIS= rash cutâneo, alopecia reversível, náuseas, diarreia, hipertensão arterial, neuropatia periférica (habitualmente reversível), leucopenia e elevação de enzimas hepáticas. Quando associada ao MTX, a leflunomida pode potencializar os efeitos tóxicos dessa medicação sobre a medula óssea, podendo levar à pancitopenia. → nos primeiros meses, seriam interessantes a realização de hemograma e o monitoramento dos níveis de albumina e das enzimas séricas hepáticas a cada 1 ou 2 meses. -CONTRAINDICAÇÕES= absolutamente contraindicada na gravidez ou para mulheres com potencial de gravidez por sua teratogenicidade, importante fator limitante ao seu uso. Além de, insuficiência renal e as hepatopatias. Em caso de intoxicação, pode ser usada a colestiramina, na dose de 8 g, 3 vezes/dia, durante 11 dias. Como alternativa, pode-se administrar o carvão ativado (50 g, 4 vezes/dia) durante o mesmo período. Caso não se administre a colestiramina, pode ser necessário um período de até 2 anos para que se consiga um baixo nível da medicação no sangue. CICLOSPORINA Difunde-se pela membrana celular e, por mecanismos de inibição enzimática, reduz a síntese de IL-2 e outras citocinas com redução da proliferação de linfócitos T e da ativação de linfócitos B. Pode ser usada no tratamento de pacientes reumatoides isoladamente ou em associação ao MTX -DOSE= 2,5 a 5 mg/kg/dia, e o monitoramento é cuidadoso para nefrotoxicidade e mielossupressão. -CONTRAINDICAÇÕES= pacientes com alteração da função renal, hipertensão não controlada e malignidade. Se houver o desenvolvimento de hipertensão e aumento de creatinina em 30% do valor basal, deve ser realizada redução de 25 a 50% da dose→Persistindo, o tratamento deve ser descontinuado. É um medicamento de alto custo e com importante potencial de efeitos colaterais, sendo utilizado como medicação de exceção. SAIS DE OURO Os preparados intramusculares, nas formas de aurotioglicose e aurotiomalato, são eficazes mas o uso no Brasil é restrito por não se encontrar disponível no comércio, havendo a necessidade de importação do produto. Classicamente, são utilizados em esquemas semanais de 50 mg até uma dose total de 1.000 mg. Posteriormente, os intervalos entre as injeções vão aumentando gradualmente para cada 2 a 4 semanas, de acordo com a eficácia e a tolerância clínica. Entre os efeitos colaterais, os mais comuns são: reações vasomotoras pós-injeção, dermatite (geralmente pruriginosa), paladar metálico, hematúria, proteinúria (leve e transitória), síndrome nefrótica (eventual), citopenias, eosinofilia, depósito corneano do ouro (benigno e dose-dependente) etc. Os sais de ouro não são recomendados para a mulher grávida ou em lactação. AZATRIOPINA E CICLOFOSFAMIDA Indicadas para pacientes que não respondem aos tratamentos anteriores e para os que apresentam vasculite sistêmica ou doença pulmonar intersticial, a azatioprina é convertida na 6-mercaptopurina (6-MP), seu princípio ativo. A 6-MP interfere na síntese do DNA, com redução da proliferação de linfócitos B e, talvez, linfócitos T. Dose= 0,5 a 2,5 mg/kg/dia e seus efeitos terapêuticos são observados em 2 a 3 meses. Regularmente, os pacientes devem ser avaliados para supressão da medula óssea, sobretudo leucopenia e neutropenia. A ciclofosfamida é um agente alquilante que atua cindindo o DNA e afetando as células em todas as fases de seu ciclo de crescimento→ redução dos níveis circulantes de anticorpos e imunocomplexos. Pode ser usada VO na dose de 1 a 2 mg/kg/dia ou por via intravenosa (IV) na dose de 500 a 1.000 mg/m2. Sua utilização VO tem sido decrescente, entretanto, é cada vez mais utilizada em pulsoterapia, na qual se observamenor incidência de efeitos colaterais; entre tais efeitos, os mais comumente observados são mielossupressão (neutropenia), disfunção gonadal (oligospermia e disfunção ovariana), hematúria, alopecia e intolerância gastrintestinal (náuseas e vômitos). AGENTES BIOLOGICOS estão indicados para os pacientes que persistem com atividade da doença, apesar do tratamento com pelo menos 2 dos esquemas propostos anteriormente, incluindo MTX, com exceção do rituximabe que deve ser utilizado após falha de pelo menos um outro biológico. Os agentes biológicos devem ser utilizados em associação a um MMCD, preferencialmente com MTX. Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato -CONTRAINDICAÇÕES= Em relação à gravidez, o uso dos anti-TNF são seguros, sendo que o certulizumabe é o que apresenta menor transporte placentário no terceiro trimestre. Os outros agentes biológicos são contraindicados na gravidez e na amamentação, por falta de dados suficientes para conclusão. Os anti-TNF são contraindicados na insuficiência cardíaca congestiva classes III e IV, na vigência de infecção ativa ou para pacientes com alto risco para o desenvolvimento de infecções (úlcera crônica de membros inferiores, artrite séptica nos últimos 12 meses), infecções pulmonares recorrentes, esclerose múltipla e aqueles com doenças malignas atuais ou passadas (ocorridas há menos de 5 anos). Em pacientes com suscetibilidade ou história prévia de tuberculose→devem ser utilizados com cautela, recomendando-se radiografia de tórax e teste tuberculínico (PPD) antes do início da terapêutica. O risco é maior para os pacientes que farão uso de anti- TNF, em especial anticorpos monoclonais. Aqueles que apresentem PPD ≥ 5 mm, alterações radiográficas compatíveis com tuberculose prévia ou que tiveram contato íntimo com indivíduos com tuberculose ativa devem fazer tratamento profilático com isoniazida na dose de 5 a 10 mg/kg/dia, até a dose máxima de 300 mg/dia, durante 9 a 12 meses. Nesses pacientes, o agente biológico pode ser introduzido após 1 mês de uso de isoniazida. É obrigatória a pesquisa de hepatites virais B e C, além de HIV, antes do uso do agente biológico, devendo ser evitado na presença dessas infecções virais. O agente biológico pode ser utilizado em associação ao tratamento antiviral em casos excepcionais de hepatite C. Há grande controvérsia no uso dos agentes biológicos nos pacientes com antecedentes de doenças malignas. A indicação do medicamento depende do tipo de doença que o paciente apresentou. Aos casos de doença maligna sólida ou câncer de pele não melanoma (carcinoma epidermoide ou escamocelular), recomenda-se qualquer um dos agentes biológicos se o tratamento ocorreu há mais de 5 anos. Caso o paciente tenha sido tratado há menos de 5 anos, o rituximabe é o biológico recomendado. Aos pacientes que tiveram melanoma de pele ou doença linfoproliferativa, previamente tratados, o rituximabe também é o biológico recomendado para o tratamento da AR. Laryssa Barros – Med – P7 – Reumato
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