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RESUMO - AMINOÁCIDOS, PEPTÍDEOS E PROTEÍNAS BIOQUÍMICA BÁSICA 2021.2 PROTEÍNAS São as moléculas biológicas mais abundantes Ocorrem em todas as células, e em todas as partes das células Formadas por aminoácidos ligados entre si por ligações covalentes TODAS as diferentes proteínas são formadas pela combinação de 20 tipos de aminoácidos comuns Forma mais direta pela qual a informação genética se expressa (síntese proteica) DNA -> pequena porção (gene) -> transcrição pelo RNA mensageiro -> junção de vários aminoácidos no ribossomo (RNA transportador) -> formação de uma sequência de aminoácidos -> proteína -> toma uma forma específica (conformação) -> exerce uma função no organismo (expressão gênica) FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS Enzimática - enzima anidrase carbônica Sustentação/Estrutural - colágeno, na pele e nos ossos Reguladora - hormônio insulina Transporte - hemoglobina (Hb) Comunicação - proteínas de membrana (receptores de outras moléculas) Defesa - proteínas anticorpo AMINOÁCIDOS São as unidades fundamentais das proteínas Fórmula estrutural comum (ionizada, em pH neutro): Carbono central - alfa, quiral (*se todos os outros grupos forem diferentes entre si) Liga-se a: Grupo carboxila (COO-) Grupo amino (H3N+) Cadeia lateral (R - porção variável ou radical, que diferencia um aminoácido de outros) Um átomo de hidrogênio (H) Exceções: Aminoácido SEM carbono alfa quiral: Glicina Aminoácido cíclico: Prolina AMINOÁCIDOS QUIRAIS No caso dos aminoácidos com um carbono central (alfa) quiral: Possuem estereoisômeros L- e D- Exemplo: Alanina São moléculas oticamente ativas - desviam a luz polarizada jogada sobre elas para a esquerda ou para a direita Referência: estrutura dos estereoisômeros do gliceraldeído No L-gliceraldeído, a hidroxila está à ESQUERDA do carbono alfa, e por isso, leva o prefixo L- No D-gliceraldeído, a hidroxila está à DIREITA do carbono alfa, e por isso, leva o prefixo D- Nos aminoácidos, em vez de um grupo hidroxila (-OH), levamos em consideração o grupo amino (-N+H3) e o átomo de hidrogênio (H) Quando o grupo amino está à ESQUERDA - L- aminoácido, e vice-versa Por regra geral, são os L-aminoácidos que são encontrados formando a maioria das proteínas - apenas os aminoácidos que seguem a orientação do L-gliceraldeído (D-Aminoácidos apenas presentes em algumas bactérias e antibióticos) CLASSIFICAÇÃO PELO GRUPO RADICAL (R) O grupo radical dos aminoácidos serve também como critério de classificação, assim como ditam parte de suas propriedades e funções nas moléculas de peptídeos e proteínas Podem ser classificados em: Grupos R não-polares ou apolares, alifáticos (sem anéis aromáticos na estrutura) Grupos R não-polares ou apolares, aromáticos (com anéis aromáticos na estrutura) Grupos R polares, não-carregados (sem cargas) Grupos R polares, com cargas positivas Grupos R polares, com cargas negativas AMINOÁCIDOS ESPECIAIS (RAROS) Encontrados em algumas proteínas Todos derivados de aminoácidos comuns Modificados por reações de modificação, que adicionam grupos funcionais extra (em rosa) Modificações reversíveis - regulam a função das proteínas Tipo mais comum: Fosforilação (adição de um grupo fosfato ao aminoácido) Não encontrados em proteínas, mas presentes em etapas importantes do metabolismo ZWITTERION - AÇÃO DE ÁCIDO E BASE Aminoácidos podem, ao mesmo tempo, agir como ácidos e bases em uma determinada solução aquosa Grupo carboxila (-COO-) pode RECEBER um próton (age como BASE) Grupo amino (-N+H3) pode DOAR um próton (age como ÁCIDO) Apesar de conhecermos -COOH normalmente como um ácido, e -NH2 como uma base, estes são válidos apenas para a forma não-iônica Quando o aminoácido está em solução, ou seja, na sua forma ionizada (zwitteriônica), os grupos ionizados “invertem” suas funções da forma não-iônica, atuando como ÁCIDOS CONJUGADOS ou BASES CONJUGADAS. Em um meio aquoso BÁSICO (excesso de OH-), o CÁTION AMÔNIO doa prótons para a solução (centro ÁCIDO) Em um meio aquoso ÁCIDO (excesso de H+), o ÂNION CARBOXILATO recebe os prótons da solução (centro BÁSICO) Ponto isoelétrico ou pH isoelétrico: valor de pH de uma solução aquosa em que as cargas elétricas do aminoácido dissolvido se igualam e se anulam (positiva e negativa, equilíbrio ânion carboxilato <-> carboxila e cátion amônio <-> amino) Ex.: curva de titulação da glicina Espécies iônicas principais (pontos-chave) acima do gráfico Adiciona-se, de pouco em pouco, uma base (NaOH) para que o pH seja gradualmente elevado (ácido para básico) As moléculas de glicina perdem seus prótons para o meio cada vez mais básico Regiões em azul: maior tamponamento, ou maior força tamponante pI = ponto isoelétrico = pH 5,97 PEPTÍDEOS E PROTEÍNAS Peptídeos: moléculas formadas por aminoácidos ligados entre si, mas com tamanho limitado até 10.000 daltons de massa molecular; têm sequências mais curtas, com menos aminoácidos Proteínas: também são moléculas formadas por aminoácidos ligados entre si, mas têm 10.000 ou mais daltons de massa molecular (macromoléculas); tem sequências muito longas, com mais aminoácidos Ligação peptídica - reação entre dois aminoácidos, para que sejam ligados em uma sequência Junção do primeiro aminoácido com o segundo -> reação de condensação, formação de um dipeptídeo (2 AAs) e liberação de molécula de água Molécula de água + dipeptídeo -> quebra do dipeptídeo nos dois aminoácidos anteriores *Resíduo de aminoácido - a estrutura do aminoácido que restou contida no peptídeo ou proteína, após a ligação (perde os elementos que formaram a água, -OH e -H) Ex.: Pentapeptídeo (5 AAs) - seril-glicil-tirosil- alanil-leucina OU Ser-Gly-Tyr-Ala-Leu OU SGYAL (nomenclaturas possíveis baseadas nos nomes, abreviações e iniciais dos resíduos de aminoácido) ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL DAS PROTEÍNAS PRIMÁRIA Sequência LINEAR de aminoácidos, ligados por meio de ligações COVALENTES (peptídicas) entre os resíduos de aminoácidos -> CADEIA POLIPEPTÍDICA SECUNDÁRIA Arranjos espaciais estáveis dos resíduos de aminoácidos Geram certos padrões estruturais que são reconhecidos entre as diferentes proteínas Alfa-hélice – aminoácidos unidos enrolados ao redor de um eixo, formando uma “escada” helicoidal (estrutura estável, mantida por pontes de hidrogênio) Folha beta-pregueada – ligações de hidrogênio entre aminoácidos em diferentes segmentos de uma mesma cadeia, distantes entre si TERCIÁRIA Todos os aspectos do dobramento tridimensional de um polipeptídio -> formação da estrutura total da proteína Filamentar / Fibrilar - colágeno e muitas outras proteínas estruturais Globular - enzimas, receptores e outras proteínas com funções diversas Várias interações fracas entre os aminoácidos formam a conformação de uma proteína Pontes de hidrogênio, ligações iônicas, pontes dissulfeto, interações hidrofóbicas entre resíduos apolares Podem ser alteradas e reversíveis - permite que a forma da proteína seja “flexível”, dinâmica QUATERNÁRIA Associação de dois ou mais unidades de polipeptídio, tridimensionais Forma complexos proteicos Ex: subunidades da hemoglobina (Hb), alfa e beta Hierarquia de estruturas (resumindo): Desnaturação de proteínas Toda proteína tem sua estrutura nativa (forma estrutural desejada ou sítio catalítico ativo, quando a proteína exerce sua função) Pode ser destruída (desnaturada) pelos seguintes fatores: Alterações de temperatura Alterações de pH Outros compostos presentes no meio (ex.: álcool) A forma nativa é alterada (perdida) e com isso, sua função e atividade biológica também Algumas proteínas, se devolvidas ao seu ambiente original, podem voltar à forma anterior desejada Em outras proteínas, a mudança pode ser irreversível (maioria dos casos) Ex: desnaturação (e renaturação) da proteína ribonuclease pela ureia e mercaptoetanol - rompimento e reformação de ligações dissulfeto FUNÇÃO PROTEICA Forma segue função - as estruturas biológicas sempre têm uma forma que remete à sua função no organismo Acontece também a nível molecular, por isso,conhecer a estrutura de uma proteína, e como ela “se movimenta” é fundamental para entender como ela funciona Uma molécula de proteína pode mudar seu funcionamento ao expor ou ocultar locais ativos em sua estrutura Pode atrair outras moléculas, entre suas dobras estruturais Podem ser afetadas por muitos estímulos químicos e físicos Ex.: Sensação de calor e a proteína TRPV1 Proteínas TRPV1, compostas por cerca de 800 aminoácidos, presentes nas membranas das células nervosas humanas - quatro proteínas formam uma unidade funcional (complexo proteico): um canal para íons na célula Quando os canais TRPV1 detectam temperaturas acima de cerca de 40 °C, ou 104 graus Fahrenheit, as moléculas mudam de forma Criam um poro (“buraco”) na membrana, permite que íons carregados entrem na célula, criando um sinal que viaja pela célula nervosa até o cérebro A temperatura ativa a TRPV1, mas moléculas como a capsaicina (substância picante da pimenta) também alteram a estrutura da proteína e ativam a resposta de calor para o cérebro Função Hormonal de Proteínas Alguns hormônios cruciais no funcionamento do corpo humano são proteínas, como: Insulina Prolactina Hormônio do crescimento humano (HGH) Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) Vasopressina ou hormônio antidiurético (ADH) Oxitocina Somatostatina Todos estes hormônios viajam no sangue e, por serem muito grandes para entrar nas células (ao contrário de outros hormônios que veremos adiante), ativam outras proteínas que estão embutidas nas membranas celulares das células-alvo (receptores, que identificam e reconhecem moléculas específicas) Interações entre proteínas e ligantes regulam o metabolismo de uma célula, e permitem que esta reconheça modificações no meio externo, para que possa gerar uma resposta intracelular às mudanças percebidas pelos receptores -> cascatas de regulação - série de reações em cadeia Ex.: esquema de atuação da insulina em uma célula Estrutura e Função Dinâmica das Proteínas Proteínas podem se ligar reversivelmente a outras moléculas = LIGANTES Permite uma resposta rápida a novas condições do ambiente (modificações ambientais ou novas condições metabólicas no corpo) SÍTIO DE LIGAÇÃO = região da estrutura da proteína em que o ligante consegue “se encaixar” e interagir com a molécula: deve ser COMPLEMENTAR em tamanho, forma, carga, e afinidade ou não à água, de acordo com as propriedades da molécula ligante Até hoje, só conseguimos visualizar facilmente o complexo proteína-ligante como se fosse uma “foto”, mas sabemos que a estrutura de uma proteína é dinâmica, e não rígida (uma boa metáfora: tentar entender um peru vivo observando um Chester de natal congelado) Ex.: enzima anidrase carbônica com o medicamento celecoxibe no seu sítio ativo (de ligação) Mesmo assim, o sítio de ligação seleciona moléculas específicas (discrimina) - interações são ESPECÍFICAS Uma proteína pode ter um sítio de ligação flexível, que permite a ligação de algumas moléculas específicas, com diferentes graus de afinidade Encaixe induzido - adaptação estrutural de uma proteína para fixação de um ligante no sítio atívo (induzida por ele) As mudanças na forma de uma proteína são essenciais para sua função (forma segue função) Mudança ALOSTÉRICA - um ligante se liga a outro sítio ativo em sua estrutura, causando mudança na conformação: pode ser tão drástica que o outro sítio ativo não se liga mais às moléculas de antes (importante na regulação da função de proteínas) Outras mudanças na proteína também regulam sua função (reações de fosforilação ou glicosilação) Em complexos de proteínas com várias subunidades, uma mudança na forma de uma delas pode afetar a conformação das outras Hemoglobina e Mioglobina Provavelmente as moléculas mais estudadas do mundo Primeiras a terem sua estrutura tridimensional conhecida Fazem reações reversíveis de ligação ao gás oxigênio (O2) Hemoglobina (Hb) Como o oxigênio é pouco solúvel, em uma solução aquosa (neste caso, o sangue), as proteínas de hemoglobina cumprem a função de carregar a molécula e fazer seu transporte Presente em massa nas hemácias/eritrócitos, células especializdas no transporte de O2 (34% do peso total é Hb) Proteína tetramérica - formada por 4 subunidades (2 cadeias alfa, 2 cadeias beta) Quase esférica Possui 4 grupos heme Grupo heme - parte não-proteica que constitui parte da estrutura quaternária destas proteínas, e é capaz de se ligar ao oxigênio molecular, carregando-o dentro da proteína Como não existem cadeias laterais de aminoácido capazes de se ligar ao oxigênio, precisamos do grupo heme (com um metal de transição, o ferro) para fazer esta ligação Metais de transição se ligam facilmente ao oxigênio, mas se estivessem livres, gerariam espécies reativas de hidrogênio que causariam oxidação e destruição de estruturas no organismo (!) O monóxido de carbono tem mais afinidade à hemoglobina do que o oxigênio - toma o espaço da ligação, inutiliza a hemoglobina, e pode causar um tipo de asfixia GRUPO PROSTÉTICO - composto associado permanentemente a uma proteína, essencial para sua função O grupo heme é um anel de protoporfirina, com um átomo de ferro complexado (ligado) ao seu centro Mioglobina Encontrada no tecido muscular de mamíferos, armazena O2 para situações em que o influxo de oxigênio da respiração não é suficiente para manter o movimento Comparação entre a mioglobina e a subunidade beta da hemoglobina Ambas têm o grupo heme no interior da molécula Mecanismo de Funcionamento da Hemoglobina Como a Hemoglobina é uma proteína alostérica, os ligantes desta proteína causam mudanças na sua forma geral A hemoglobina possui dois tipos de estados conformacionais: Tenso (T) e Relaxado (R) A ligação do O2 às subunidades da Hb no estado Tenso desencadeia a mudança para o estado Relaxado A interação com este ligante altera as propriedades de ligação de outros sítios da mesma proteína A Hb também carrega o gás dióxido de carbono (CO2), de forma inversamente proporcional à ligação com o O2 CO2 liga-se como um grupo carbamato ao grupo amino do fim N-terminal Carbamatos formam pontes salinas adicionais - auxiliam na fização do estado Tenso e promovem a liberação do O2 (conforme a concentração de cada gás no sangue) 2,3-bifosfoglicerato (BPG) Também se liga à Hb para impedir a ligação do O2 Presente em alta concentração nos eritrócitos 1 BPG ligado para cada Hb - estabiliza o estado Tenso Excesso de BPG - hipóxia (deficiência de oxigênio no cérebro) e funcionamento inadequado dos pulmões Efeito do BPG sobre a ligação do O2 à Hb:
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