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Aula extra
PC-PB (Cargos 2 a 17) Discursiva - 2021
(Pós-Edital) Sem Correção
Autor:
Carlos Roberto, Marcio
Damasceno
14 de Dezembro de 2021
05263283393 - MARIZA COSTA FÉLIX
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
Quarta rodada de temas ........................................................................................................................... 2 
Bloco de temas D – Crimes em geral ......................................................................................................... 2 
Tema D1 – Crimes cibernéticos ............................................................................................................. 2 
Abordagem teórica ............................................................................................................................... 4 
Proposta de solução ............................................................................................................................. 10 
Tema D2 – Tráfico de pessoas .............................................................................................................. 11 
Abordagem teórica .............................................................................................................................. 13 
Proposta de solução ............................................................................................................................. 19 
Tema D3 - Contrabando ....................................................................................................................... 21 
Abordagem teórica .............................................................................................................................. 21 
Proposta de solução ............................................................................................................................ 26 
Tema D4 – Crimes contra jovens .......................................................................................................... 27 
Abordagem teórica ............................................................................................................................. 28 
Proposta de solução ............................................................................................................................. 31 
Tema D5 – “Novo cangaço” .................................................................................................................. 33 
Abordagem teórica .............................................................................................................................. 35 
Proposta de solução ............................................................................................................................. 38 
Tema D6 - Terrorismo .......................................................................................................................... 39 
Abordagem teórica ............................................................................................................................. 40 
Proposta de solução ............................................................................................................................ 42 
Tema D7 - Meio ambiente e crimes ambientais ................................................................................... 44 
Tema D8 - Papel da polícia civil na proteção ao meio ambiente ........................................................... 46 
Abordagem teórica .............................................................................................................................. 47 
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Proposta de solução – Tema D8 ........................................................................................................... 52 
Proposta de solução – Tema D9 ........................................................................................................... 53 
Prática ..................................................................................................................................................... 55 
 
 
QUARTA RODADA DE TEMAS 
BLOCO DE TEMAS D – CRIMES EM GERAL 
Tema D1 – Crimes cibernéticos 
Brasil sofre seu maior ataque hacker da história 
Superior Tribunal de Justiça, Ministério da Saúde e Distrito Federal foram alvos de cibercriminosos, que 
obtiveram acesso a informações sigilosas 
Desde terça-feira, 5, importantes órgãos dos Poderes Executivo e Judiciário foram invadidos por 
cibercriminosos. Inicialmente, imaginava-se que somente o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tivesse sido 
atacado e tido as informações roubadas. Contudo, outras bases de dados foram atacadas. Não se sabe ainda 
se o hackeamento foi orquestrado ou não. Porém, os sistemas do Datasus, do Ministério da Saúde, e do 
Governo do Distrito Federal (GDF) estão fora do ar e o motivo disso está sendo relacionado ao ciberataque. 
Alguns sistemas da Receita Federal também foram alvo da ação. Há risco de se perder as informações. 
Segundo especialistas em segurança cibernética consultados pelo Radar Econômico, este foi o maior ataque 
cibernético já sofrido pelo governo brasileiro em termos de impacto. 
A Polícia Federal iniciou uma investigação e órgãos de tecnologia estão tentando resgatar os dados que 
estão criptografados. Contudo, não se sabe a possibilidade de reavê-los. “Existem técnicas para reverter 
criptografia. A depender da complexidade do algoritmo e do tamanho da chave da criptografia utilizada, 
podem colocar um computador por 200 anos calculando e não se consegue abrir. Mas, caso seja algo menos 
sofisticado, é possível reverter a situação”, afirma Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks, que atua na 
segurança criptográfica do sistema PIX, do Banco Central. 
[...] 
Os órgãos, ao que consta segundo fontes da Polícia Federal, foram alvos de um ataque por meio de 
Ransomware. Esse tipo de crime é quando o hacker sequestra as informações que obteve acesso a partir da 
quebra da segurança virtual por meio de alguém hackeado — sendo esta pessoa, um alto executivo, servidor 
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ou até mesmo um ministro de Estado. A partir disso, ele criptografa as informações e pede um resgate para 
liberá-las. 
Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/radar-economico/brasil-sofre-
seu-maior-ataque-hacker-da-historia/. Acesso em 06 de março de 2021. 
Polícia Federal alerta para ameaças cibernéticas 
Criminosos têm utilizado campanhas falsas para obter dados bancários e informações pessoais para o 
cometimento de crimes durante a crise do Covid-19 
Brasília/DF - Durante a crise sanitária provocada pela Covid-19, a Polícia Federal detectou um aumento 
significativo de ameaças cibernéticas. Os criminosos utilizam campanhas falsas - compostas por meio de e-
mails, links, mensagens por aplicativos, ligações telefônicas e outros canais – para obter dados bancários e 
informações pessoais para o cometimento de crimes cibernéticos. 
Seguem orientações para prevenção: 
- Links: não clique em links enviados por e-mail, SMS ou aplicativos de mensagens em nome de instituições 
bancárias, não preencha dados de cartões de crédito em formulários e nem informe dados de cartões de 
crédito e senha em ligações telefônicas. Procure as informações junto ao seu banco nos canais oficiais. 
- Voucher auxílio emergencial: diversas mensagens disparadas por meio de aplicativos como Whatsapp, 
SMS, e-mails e até telefonemas têm solicitado informações para cadastro dos beneficiários do auxílio 
emergencial aprovado pelo Governo Federal. Não informe os seus dados nesse tipo de mensagem. 
- Aplicativos maliciosos:foram identificados diversos aplicativos que solicitam informações ou se passam 
por órgãos do governo a fim de obter dados pessoais. Fique atento e baixe apenas os aplicativos indicados 
nos sites oficiais. 
- Golpes usando o Whatsapp: solicitações de empréstimos e transferências oriundas de contatos no 
Whatsapp podem ser golpes! Ligue para o seu contato e confirme a solicitação! 
- Boleto falsificado: códigos de barras podem ser facilmente alterados. Fiquem atentos ao nome da empresa 
e valor do pagamento. Qualquer dúvida, entre em contato com o credor e emissor do boleto ou com a sua 
instituição bancária. 
A Polícia Federal orienta que, para garantir que você tenha acesso às informações precisas e atualizadas 
sobre as ações federais em torno da crise sanitária provocada pelo COVID-19, procure os canais oficiais nos 
sites ou mídias sociais do Portal Governo do Brasil (gov.br), Ministério da Justiça e Segurança Pública, 
Ministério da Saúde, Ministério da Economia, Ministério da Cidadania e das instituições bancárias. 
Não seja vítima de fraudes! Verifique a origem e se proteja! 
Disponível em: http://www.pf.gov.br/imprensa/noticias/2020/04-noticias-de-
abril-de-2020/policia-federal-alerta-para-ameacas-ciberneticas. Acesso em 06 
de março de 2021. 
 
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Considerando que os fragmentos de texto acima têm caráter unicamente motivador, redija um texto 
dissertativo acerca do seguinte tema. 
A ESCALADA DOS CRIMES CIBERNÉTICOS E O PAPEL DA POLÍCIA NA REPRESSÃO AO DELITO 
a) fatores que têm proporcionado a escalada dos crimes cibernéticos; 
b) danos sociais gerados por esse tipo de crime; 
c) papel polícia no combate a esse tipo de crime. 
Abordagem teórica 
Crime cibernético ou cibercrime é uma atividade criminosa que tem como alvo, ou faz uso de um 
computador, uma rede de computadores ou um dispositivo conectado em rede. Os cibercrimes geram, 
anualmente, bilhões de reais em prejuízos, afetam as operações das empresas e ameaçam a privacidade 
e a integridade patrimonial das pessoas. Trata-se, pois, de um grave problema que a todos envolve, visto 
que grande parcela da população mundial acessa serviços online e, portanto, correm o risco de terem seus 
dados pessoais roubados ou usados de forma indevida. 
Sob o aspecto penal, trata-se de conduta tipificada no nosso Código Penal, art. 154-A: 
Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) 
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso alheio, conectado ou não à rede de computadores, com o 
fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do usuário do 
dispositivo ou de instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: (Redação dada pela Lei nº 14.155, 
de 2021) 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021) 
§ 1° Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de 
computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. (Incluído pela Lei nº 12.737, 
de 2012) Vigência 
A conduta de invadir equipamentos eletrônicos passou a ser considerada como crime no Direito Penal 
Brasileiro a partir do advento da famosa Lei Carolina Dieckmann (Lei 12.737/2012), que tipificou os delitos 
ou crimes cibernéticos, os quais passaram a ter previsão legal elencada no Art. 154-A do CP, transcrito 
acima. 
De forma bem ampla, os crimes cibernéticos abrangem várias possibilidades, tais como os que envolvem os 
delitos de natureza patrimonial, o cyberbullying, a pornografia infantil, o racismo, o ciberterrorismo, entre 
outros. 
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O crime cibernético custa ao mundo mais de US$ 1 trilhão ao ano, 0,8% do PIB global, segundo o relatório 
do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) e da McAfee1. 
Segundo o FMI (Global Financial Stability Report2), os riscos cibernéticos foram colocados ao lado do 
aumento da desigualdade, das mudanças climáticas, da incerteza política e da redução da confiança nas 
instituições como uma das principais causas capazes de gerar instabilidade financeira em nível global3. 
Apenas por hipótese, imaginem as consequências de uma invasão ao sistema do seu banco, tornando-o 
inoperante por, somente, algumas horas. Além dos problemas causados às pessoas e empresas 
(pagamentos, recebimentos etc.), isso poderia gerar perda de confiança, produzindo um elevado risco 
sistêmico no sistema financeiro e levando o sistema como um todo ao colapso. 
Além disso, pode-se falar que se trata de uma ameaça real e globalizada. Apesar dos avanços 
proporcionados pela intensa difusão das ferramentas tecnológicas, as possibilidades de fraudes virtuais têm 
aumentado e, ao que tudo indica, permanecerão crescendo. Atualmente, a sociedade vive um processo de 
intensificação da bancarização e de inclusão digital4, acelerada pelo distanciamento social e, no caso 
brasileiro, pelo pagamento do auxílio emergencial por contas digitais. Nesse sentido, adentram no universo 
digital pessoas que, por vezes, não possuem muita intimidade com o mundo digital e, por isso, são 
naturalmente mais propensas a serem alvo de golpes. 
Além disso, verificou-se uma grande disseminação do trabalho remoto. Grandes quantidades de dados 
comerciais sigilosos e sensíveis foram transferidas de computadores seguros para notebooks pessoais, 
muitas vezes desprotegidos. Assim, como as redes domésticas são mais expostas que as corporativas, 
abrem-se brechas de segurança para hackers entrarem nas redes de TI, facilitando, portanto, o ataque aos 
sistemas das empresas. Por fim, as pessoas passaram a navegar mais na internet: durante a quarentena, o 
tráfego mundial na internet subiu 20%, alcançando os níveis mais altos da história. Isso, naturalmente, atrai 
a presença de golpistas. Segundo especialistas, o coronavírus fez a vida online acelerar dez anos em seis 
meses e os crimes virtuais seguiram a mesma tendência. 
Diante desses fatores, não se estranhe que, em março, pouco depois do início do isolamento social, os 
crimes virtuais aumentaram 400% no mundo, segundo estimativas da Unisys. No Brasil, as ações 
criminosas contra redes privadas de empresas aceleraram 148% desde o início da quarentena, conforme 
 
1 Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/cibercrimes-terao-impacto-de-mais-de-us-1-trilhao-na-economia-global-
em-2020/. Acesso em 06 de março de 2021. 
2 Disponível em: https://www.elibrary.imf.org/doc/IMF082/25728-9781498302104/25728-
9781498302104/Other_formats/Source_PDF/25728-9781498302173.pdf?redirect=true. Acesso em 06 de março de 2021. 
3 Disponível em: https://valor.globo.com/mundo/blog-do-fmi/post/2020/12/o-risco-cibernetico-e-a-nova-ameaca-a-
estabilidade-financeira.ghtml. Acesso em 06 de março de 2021. 
4 Segundo o Banco Central, cerca de 11,8 milhões de pessoas começaram um relacionamento com uma instituição financeira 
desde o início da pandemia. 
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pesquisa da firma de segurança VMware. Além disso, de fevereiro a abril de 2020, foi de 238% o aumento 
nos ataques direcionados ao setor financeiro no Brasil5. 
O avanço do comércio eletrônico, outro efeito do coronavírus, também atraiu a criminalidade. No Brasil, 
os ataques ao varejo online aumentaram 53,6% em 2020, na comparação com 2019, segundo dados da 
ClearSale, empresade segurança digital. A companhia analisou 106 bilhões de operações digitais e 
identificou 3,5 milhões de tentativas de fraude6. Dados da Federação Brasileira de Bancos mostram que as 
tentativas de assaltos digitais contra as instituições filiadas cresceram 45% do início da pandemia até junho7. 
Uma pesquisa realizada pelo Serasa e o Instituto Locomotiva revelou que mais de 60 milhões de brasileiros 
já sofreram algum tipo de fraude financeira na internet. O levantamento informou ainda que só 35% das 
pessoas que foram vítimas de fraude conseguem recuperar o valor. 
Essa grande quantidade de números coincide com o que a sociedade presenciou no ano de 2020. Foram 
inúmeros tipos de golpes cibernéticos. São exemplos: os "inspetores" do novo coronavírus (pessoas que 
tentam entrar nas residências para realizar uma inspeção para combate ao coronavírus); o agendamento da 
vacina contra a covid-19 pelo “Ministério Público da Saúde”; pesquisas telefônicas fraudulentas e muitas 
outras. Não surpreende, portanto, o fato que, segundo a Kaspersky, o Brasil foi o país da América Latina 
que registrou maior número de ataques cibernéticos durante a pandemia, tanto em ambientes domésticos 
quanto corporativos. 
A impunidade tem alavancado o cometimento de crimes cibernéticos no país, justamente pelo seu elevado 
retorno e baixo risco. Como, em parte dos crimes, a própria instituição financeira realiza o ressarcimento 
dos danos, muitas pessoas não informam a ocorrência à polícia. Além disso, quando a polícia toma 
conhecimento do fato, muitas negociações do crime cibernético ocorrem na conhecida Dark Web, onde o 
anonimato e o uso das criptomoedas (por exemplo, Tor e Bitcoin) dificultam a identificação dos envolvidos. 
Além das dificuldades de identificar o responsável pela fraude, a pena para esses tipos de crime é baixa, 
estimulando o seu cometimento. 
Os crimes cibernéticos possuem como caraterística serem crimes sem violência, pois, diferentemente de 
um roubo, sequestro etc., não há violência direta empregada contra a vítima. Contudo, como ficará 
comprovado nessa exposição, essas fraudes estão diretamente relacionadas com o cometimento de outros 
crimes. Financiam diversas atividades criminosas e, por isso, pode-se falar que esses crimes geram violência 
de uma forma indireta. 
 
5 Disponível em: https://veja.abril.com.br/tecnologia/o-home-office-facilita-a-invasao-de-computadores-por-hackers/. Acesso 
em 06 de março de 2021. 
6 Disponível em: https://veja.abril.com.br/tecnologia/maior-vazamento-de-dados-pessoais-do-pais-expoe-riscos-da-era-
digital/. Acesso em 06 de março de 2021. 
7 Disponível em: https://veja.abril.com.br/tecnologia/o-home-office-facilita-a-invasao-de-computadores-por-hackers/. Acesso 
em 06 de março de 2021. 
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Também possuem como característica a invisibilidade, visto que, muitas vezes, não deixam rastros visíveis 
do seu cometimento. Assim, apesar das perdas bilionárias, esse tipo de crime não gera uma repercussão 
social e midiática tão intensa, se comparado, por exemplo, a uma explosão de caixa eletrônico. 
Apesar de serem mais discretos, as consequências nocivas para a sociedade são as mais diversas: fraudes 
online e crimes financeiros, frequentemente em decorrência do roubo de informações de identificação 
pessoal; custo de se proteger redes, adquirir seguros cibernéticos e pagar pela recuperação de 
ataques cibernéticos; danos à reputação e riscos de responsabilidade jurídica da empresa afetada e sua 
marca; e impactos à segurança pública, uma vez que mobiliza núcleos de policiais e o Poder Judiciário nas 
fases investigativa e processual, além do fato de patrocinar a realização de uma série de outros crimes e 
serem utilizados para lavagem de dinheiro. 
Fechado esse bloco introdutório, tratemos sobre as várias possibilidades de crimes cometidos pela 
internet. Incluem: roubo de dados financeiros ou relacionados a pagamento de cartões, randomware, 
phishing, sequestro de e-mails empresariais, spyware e roubo de criptomoedas. 
Um tipo de fraude bastante comum é a quitação de dívidas de pessoas físicas ou jurídicas. Funciona da 
seguinte maneira: alguém com um boleto (exemplos: contas de água, luz etc.) realiza o seu pagamento com 
recursos de terceiros, ou seja, quita dívida própria com recurso alheio. Assim, por exemplo, uma empresa 
pode adquirir estoques para venda mediante o pagamento feito com recursos de terceiros. 
São de natureza bem semelhante as fraudes em cartões de crédito (clonagem de cartões), em que são 
feitas compras com cartões de terceiro e a abertura de contas com dados alheios, as quais passam a ser 
utilizadas para a realização de compras. Tenho certeza que, pelo menos alguns de vocês, já identificaram 
compra não realizadas na fatura do cartão de crédito ou já tiveram contas abertas em bancos em seus 
nomes. 
O phishing é modalidade também muito comum. Ocorre quando e-mails de spam ou outras formas de 
comunicação são enviadas em massa com a intenção de induzir os destinatários a fazer algo que prejudique 
a segurança deles ou a segurança da organização em que trabalham. As mensagens de campanhas de 
phishing podem conter anexos infectados ou links que redirecionam para sites maliciosos. Nessa fraude, o 
golpista tenta se passar por uma marca famosa, uma instituição financeira ou por instituição governamental 
(exemplos: RFB, INSS, BCB), ofertando um produto ou solicitando uma atualização cadastral. O intuito é 
coletar o máximo de informações pessoais para que depois o criminoso consiga realizar compras ou 
operações em nome da vítima. 
Outra categoria são os ataques de malware. Ocorrem quando um sistema ou uma rede de computadores é 
infectada por um vírus de computador ou outro tipo de malware. Um computador comprometido por 
malware pode ser usado por criminosos cibernéticos para diversos fins, por exemplo, roubar dados 
confidenciais, realizar outros atos criminosos ou causar danos aos dados. Um exemplo famoso de ataque 
de malware foi o ataque do ransomware WannaCry. Ransomware é um tipo de malware usado para 
extorquir dinheiro, pois mantém os dados ou o dispositivo da vítima como reféns em troca de um resgate. 
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Recentemente, têm sido muito comuns os gigantescos vazamentos de dados sigilosos em sistemas 
governamentais e privados decorrentes de ataques dessa natureza. 
Em 2020, os CPFs de 223 milhões de pessoas vivas e falecidas e 40 milhões de CNPJs de empresas 
nacionais vazaram, maior ataque cibernético da história do país. As informações incluíam dados sobre o 
imposto de renda, salário, nível de escolaridade, título de eleitor etc. Agora, em 2021, veio à tona mais um 
vazamento de proporções gigantescas - dessa vez dos registros de mais de 100 milhões de contas de 
celulares, supostamente obtidas do banco de dados das operadoras de telefonia Vivo e Claro. Essas 
informações, extraídas por hackers, possuem valor comercial. Podem ser adquiridas por criminosos, que, 
por meio delas, conseguem realizar empréstimos, clonar cartões, vender bens da vítima e usar a identidade 
alheia para cometer crimes, mas também por empresas, interessadas, por exemplo, em melhor conhecer a 
base de clientes para melhor direcionar as suas campanhas publicitárias. 
Há também a invasão aos sistemas de empresas com o objetivo de criptografar dados, restringir acesso a 
sistemas e, por conseguinte, inviabilizar o funcionamento da empresa. A partir disso, cobram recompensas 
em troca do resgate dos dados. Isso tem acontecido com frequência em empresas de setoresextremamente 
sensíveis como as do setor elétrico (exemplo: Copel, Energisa, Light) e do setor hospitalar. Esse tipo de 
ataque, por meio de ransomware, foi o que também ocorreu na histórica invasão hacker ao site do STJ (ver 
texto motivador). 
Uma discussão de grande relevância refere-se aos crimes cibernéticos e ao financiamento do crime 
organizado. 
Além dos danos sofridos pela vítima do crime, as fraudes eletrônicas − particularmente as com cartão de 
pagamento e conta de pagamento − fornecem um meio confiável e quase ilimitado de financiamento para 
crimes transnacionais muito mais graves. A fraude de pagamento é usada para lavar dinheiro para o crime 
organizado, subsidiar os custos do tráfico de drogas, armas e humanos e fornecer suporte material para 
grupos terroristas. Trata-se de um crime facilitador de uma série de outros crimes hediondos e até mesmo 
de atos terroristas. 
A ampla disponibilidade de informações de pagamento comprometidas e dados de identidade na dark web 
fornecem financiamento quase ilimitado para essas operações de crime transnacional, seja por meio de 
saques em cartões de pagamento roubados, lavagem de fundos ilícitos por meio de contas bancárias 
fraudulentas ou obtenção de novas identidades para vítimas de tráfico humano. Esses criminosos 
arquitetam complexas redes para ocultação de ativos por meio de cartões pré-pagos, contas bancárias de 
laranjas ou mecanismos que envolvam o uso de moedas digitais. 
Para que fique mais claro, vejam esses exemplos retirados do sítio eletrônico da Forbes8: 
Por exemplo, os cartões de crédito roubados desempenharam um papel fundamental em uma trama de 
2005 para explodir o Melbourne Cricket Grounds durante a Grande Final da Australian Football League 
 
8 Disponível em: https://www.forbes.com/sites/forbestechcouncil/2019/03/19/payment-card-fraud-the-ultimate-platform-
crime/?sh=662ab7136a18. Acesso em 06 de março de 2021. 
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entre o Sydney Swans e o West Coast Eagles. A trama, perpetrada por 12 homens e liderada por um certo 
Abdul Nacer Benbrika, envolveu passagens de avião e telefones celulares comprados com cartões de 
crédito roubados comprados de um motorista de táxi local por US$ 10. 
Em outro exemplo do ano passado, a polícia da Alemanha e da Suécia derrubou uma rede de tráfico de 
pessoas administrada por cidadãos sírios que usaram cartões de pagamento roubados para comprar 
centenas de passagens aéreas e de trem para ajudar a contrabandear pessoas do Oriente Médio para a 
Europa. No geral, os cartões roubados foram usados para comprar quase 500 reservas, a maioria passagens 
só de ida de Beirute para vários locais em toda a Europa. O comunicado oficial da Europol disse: “Os 
contrabandistas com experiência em tecnologia evitaram a detecção fazendo as reservas usando cartões 
de crédito corporativos comprometidos e credenciais adquiridas online de outros criminosos que os 
ofereciam para venda”. 
Assim, concluindo essa parte, considerando os efeitos indiretos que produz, a fraude em meios de 
pagamento não pode continuar sendo vista como um crime de menor importância. Por isso, as pessoas que 
forem vítimas desse tipo de crime, além de comunicar o fato à instituição financeira para que seja feito o 
ressarcimento, devem também denunciá-lo às autoridades policiais. 
Por outro lado, os agentes responsáveis pela investigação criminal devem se esforçar para uma 
compreensão mais completa do papel que a fraude virtual desempenha em casos criminais graves. Por meio 
da atividade de inteligência e da organização das informações, poder-se-á rastrear de forma precisa e 
consistente as ligações entre fraude de pagamento e crime transnacional e, com isso, atacar de forma 
qualificada as facções criminosas que atuam por trás dos crimes cibernéticos. 
Para que isso seja possível, é necessário que se invista em treinamento especializado. É necessário 
conhecer os recursos tecnológicos mais utilizados pelos criminosos no ciberespaço, como identificar os 
vestígios digitais, os principais softwares e recursos de buscas eletrônicas que possibilitem a descoberta, a 
aquisição, a preservação e o processamento de dados presentes em ambiente cibernético, entre outros. 
Além disso, os profissionais devem estar prontos para orientar as vítimas e a população em geral sobre 
como se prevenir e se defender em relação aos crimes virtuais. Nesse intuito, são sempre importantes as 
campanhas educativas. 
Outra frente é a criação de delegacias especializadas, assim como ocorre, por exemplo, nos crimes 
cometidos contra a mulher no contexto familiar. Outra frente é o estabelecimento de protocolos de 
cooperação com empresas privadas, detentoras das informações necessárias à apuração do delito. 
Acordos com empresas como a Microsoft e a Google possibilitam que os investigadores consigam as 
informações em tempo menor. 
Nessa linha, igualmente importante é a criação de protocolos com outros países, haja vista a 
transnacionalidade dos delitos. É essencial a cooperação internacional no combate aos crimes cibernéticos, 
pela necessidade de uma ação rápida, em razão da efemeridade das provas, que, muitas vezes, são difíceis 
de serem obtidas por estarem localizadas em provedores de acesso e de serviço fora do território nacional. 
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Às empresas e instituições públicas cabe a criação de sistemas robustos, que dificultem a ocorrência de 
ataques. Ao Legislativo cabe a elaboração de leis que protejam os usuários, responsabilizem de forma 
rigorosa os culpados, exijam a adoção de melhores práticas de segurança da informação das empresas e 
instituições governamentais. 
Aos usuários cabe a busca de informações para não se tornarem alvos fáceis para os criminosos. Deve-se: 
desconfiar sempre de links recebidos, verificar o endereço do site para o qual foi redirecionado, verificar se 
a mensagem é verdadeira visitando o site oficial da empresa ou organização ou nos perfis nas redes sociais 
e usar soluções de segurança confiáveis em seus dispositivos eletrônicos. 
Proposta de solução 
Uma pesquisa realizada pelo Serasa revelou que mais de 60 milhões de brasileiros 
já sofreram algum tipo de fraude financeira na internet. A expressividade desse número 
ressalta o impacto dos danos sociais decorrentes dessas fraudes, contexto agravado pela relação 
entre os crimes cibernéticos e as organizações criminosas. 
Inicialmente, pode-se mencionar que a escalada dos crimes virtuais tem como um 
relevante motivo a maior difusão do uso da internet e das redes domésticas. Atualmente, é 
crescente o número de usuários da internet, os quais a utilizam para entretenimento, 
realização de compras e de operações financeiras. Esse contexto acelerou-se com a pandemia 
da Covid-19, pois, além de as pessoas passarem mais tempo na internet devido ao 
isolamento, houve uma migração massiva para o trabalho em “home office”, o qual tornou 
mais inseguras as redes corporativas. Todos esses fatores tornaram os crimes cibernéticos 
mais atrativos, fato que se constata pelo aumento significativo desse tipo de ocorrência em 
2020. [Tópico 1] 
Outrossim, são graves os danos sociais provocados por esses crimes, visto que afetam as 
operações das empresas e ameaçam a integridade patrimonial e a privacidade das pessoas. Às 
empresas, ocasionam prejuízos de diversas espécies, uma vez que demandam o ressarcimento 
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dos seus clientes, lesados pelas operações fraudulentas, geram paralisações em seus serviços, 
afetando a receita e a imagem dessas empresas, além de requererem altos investimentos em 
proteção contra ataques a seus sistemas digitais. Em relação às pessoas, acarretam prejuízos 
de ordem material pelo uso dos seus dados bancários de forma indevida e pela assunção de 
dívidas decorrentes de aquisições em benefício de terceiros. Ademais, provocam exposição e 
uso inadequado dos seus dados pessoais, os quais podem ser utilizados para a realização de 
compras e, inclusive, para o cometimento de crimes. [Tópico 2] 
Por fim, em face ao cenário de expansão desse tipo de delito, é fundamental a atuação 
da polícia na sua repressão. Nesse sentido, deve-se investir em treinamento e na aquisição 
de tecnologias que permitam à polícia chegar aos responsáveis por esse tipo de crime. Essa 
capacitação deve abranger, inclusive, as instruções sobre como orientar as vítimas e a 
população em geral sobre como se prevenir e se defender em relação aos crimes virtuais. 
Finalmente, é necessário que se estreite o relacionamento com as empresas privadas 
detentoras das informações necessárias à apuração do delito (exemplo: Google) de forma a 
tornar a investigação mais célere e evitar a descaracterização das provas. [Tópico 3] 
 
Tema D2 – Tráfico de pessoas 
“O TSH – Tráfico de Seres Humanos é um atentado contra a humanidade, consubstanciado em uma 
agressão inominável aos direitos humanos, porque explora a pessoa, limita sua liberdade, despreza sua 
honra, afronta sua dignidade, ameaça e subtrai a sua vida. 
[...] 
Crime multifacetado, o TSH advém de uma multiplicidade de questões, realidades e desigualdades sociais. 
Quase sempre, a vítima se encontra fragilizada por sua condição social, tornando-se alvo fácil para a cadeia 
criminosa de traficantes que a ludibria com o imaginário de uma vida melhor. Aproveitando-se de sua 
situação de vulnerabilidade e da ilusão de um mundo menos cruel, transforma a vítima em verdadeira 
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mercadoria. A crise mundial, causa do aprofundamento da pobreza e das desigualdades, cria espaços para 
o fomento das mais diversas formas de exploração mediante o comércio de seres humanos.”. 
Brasil. Secretaria Nacional de Justiça. Tráfico de pessoas: uma abordagem para os direitos humanos / Secretaria Nacional 
de Justiça, Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação; organização de Fernanda Alves dos Anjos ... [et 
al.]. – 1.ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2013.” Disponível em: http://www.justica.gov.br/sua-protecao/trafico-de-
pessoas/publicacoes/anexos/cartilha_traficodepessoas_uma_abordadem_direitos_humanos.pdf. Acesso: 01 de fevereiro 
de 2019. 
Tráfico de pessoas: conheça o variado perfil das vítimas 
O tráfico de pessoas é uma realidade no mundo, mas ainda pouco discutida no Brasil. Segundo o Relatório 
Global sobre Tráfico de Pessoas, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime 
(UNODC) em 2018, quase 25 mil vítimas foram detectadas no mundo em 2016. 
Seguindo as proporções do gráfico, o número tende a aumentar ano após ano. As estatísticas refletem 
apenas os casos registrados, que podem representar apenas uma parte se levados em consideração os ainda 
não detectados. O tema segue sendo acompanhando de perto pelo Ministério da Mulher, da Família e dos 
Direitos Humanos (MMFDH), por meio da Secretaria Nacional de Proteção Global (SNPG). 
A assessora para Assuntos sobre Refugiados, Cláudia Giovannetti, falou sobre o crime. “Nesse crime, os 
traficantes se aproveitam da situação de vulnerabilidade das pessoas para colocá-las em uma situação de 
exploração. As vítimas têm perfis muito variados, podem ser mulheres, crianças, adolescentes, pessoas 
LGBT, imigrantes, homens. O que as une é exatamente a vulnerabilidade, que as expõe a promessas e 
ofertas enganosas”, explicou. 
De acordo com a assessora, as dificuldades exploradas não são apenas econômicas, mas sociais, situacionais 
ou circunstanciais. “Essas vulnerabilidades podem ser decorrentes de uma característica da pessoa, como, 
por exemplo, o fato de ser criança, o seu sexo ou a sua orientação sexual. Também há aquelas situacionais, 
relacionadas e um momento pelo qual a pessoa esteja passando, como o fato de estar indocumentada em 
um país que não é o seu. Já as circunstanciais envolvem situações econômicas, dependência química, entre 
outras”, disse. 
Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/julho/trafico-de-
pessoas-conheca-o-variado-perfil-das-vitimas. Acesso: 22 de janeiro de 2021. 
 
Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo sobre o 
tráfico de pessoas, mencionando, necessariamente os seguintes pontos: 
➢ Explique no que consiste o crime de tráfico de pessoas e mencione três das suas características. 
➢ Desafios e principais iniciativas governamentais para o seu enfrentamento. 
➢ Apresente três sugestões para combater a situação. 
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Abordagem teórica 
Pessoal, como o primeiro tópico questionador tem natureza de tópico introdutório, vou respondê-lo já 
na introdução do nosso texto. Neste caso, o primeiro parágrafo funcionará como introdução e resposta ao 
primeiro tópico questionador. 
1. Aspectos Gerais 
O tráfico de pessoas não é um crime particular à sociedade contemporânea. De acordo com GRECO9 (2017, 
pg. 703), desde a antiguidade, principalmente nas sociedades grega e, posteriormente, romana, a compra 
e venda de pessoas era prática comum, principalmente para efeitos de exploração de sua força laboral, ou 
seja, havia, desde aquela época, o comércio de escravos, que eram tratados como meros objetos. 
O Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transacional 
relativo à Prevenção, à Repressão e à Punição do Tráfico de Pessoa, em especial Mulheres e Crianças, 
também conhecido como Protocolo de Palermo, é o marco legal sobre o tema. Segundo o referido 
diploma, ratificado pelo Brasil, essa conduta criminosa pode ser definida como: 
“O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à 
ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade 
ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o 
consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração, que incluirá, no 
mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou 
serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, à servidão ou à remoção de órgãos.” 
O tráfico de pessoas é considerado uma agressão aos direitos humanos, particularmente, à dignidade 
humana. Compreende condutas deploráveis, tais como: exploração de trabalho ou serviços forçados, 
escravatura ou práticas similares, a servidão por dívida, a exploração sexual e a prostituição forçada, a 
remoção de órgãos, o casamento servil, a adoção ilegal. 
É, ao mesmo tempo, causa e consequência de graves violações de direitos humanos. É causa porque sua 
finalidade é a exploração da pessoa, degradando sua dignidade e retirando seu direito de liberdade. É 
consequência porque tem origem na situação de vulnerabilidade decorrente da desigualdade de gênero, 
social e econômica, na violência doméstica, na desestrutura familiar, no abuso sexual e na ausência de 
perspectivas de profissionalização. 
Outrossim, trata-se de atividadecriminosa complexa, transnacional, de baixos riscos e altos lucros e que 
se manifesta de diferentes maneiras. A capacidade de articulação das organizações criminosas dificulta 
 
9 GRECO, Rogério. Código Penal: comentado / Rogério Greco. – 11. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017. 
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sobremaneira o seu enfrentamento, tornando o comércio de humanos o terceiro negócio ilícito mais 
rentável no mundo, superado apenas pelo tráfico de drogas e contrabando de armas10. 
Estimativas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) indicam que a exploração 
sexual é a forma de tráfico de pessoas com maior frequência (79%), seguida do trabalho forçado (18%), 
atingindo, especialmente, crianças, adolescentes e mulheres. O fato é que o tráfico de pessoas não é um 
problema só dos países de origem das vítimas, mas também dos de trânsito e de destino, que devem coibir, 
principalmente, o consumo de produtos desse crime. 
Segundo o CNJ11, há tráfico de pessoas quando a vítima é retirada de seu ambiente e fica com a mobilidade 
reduzida, sem liberdade de sair de uma situação de exploração sexual ou laboral ou do confinamento para 
remoção de órgãos ou tecidos. A mobilidade reduzida caracteriza-se por ameaças à pessoa ou aos familiares 
ou pela retenção de seus documentos, entre outras formas de violência que mantenham a vítima junto ao 
traficante ou à rede criminosa. 
Os aliciadores são, em grande parte dos casos, pessoas que fazem parte do convívio da vítima ou, até 
mesmo, membros da família. Alguns, como forma de conseguir maior credibilidade e despertar o interesse 
da vítima, apresentam-se como empresários ou se dizem proprietários de casas de show, bares, falsas 
agências de encontros, matrimônios e modelos. Oferecem bons empregos como forma de despertar o 
interesse das vítimas, mas essa promessa se revela uma grande armadilha. 
De acordo com o CNJ12, no tráfico para trabalho escravo, os aliciadores, denominados de “gatos”, 
geralmente fazem propostas de trabalho para pessoas desenvolverem atividades laborais na agricultura ou 
pecuária, na construção civil ou em oficinas de costura. Há casos notórios de imigrantes peruanos, 
bolivianos e paraguaios aliciados para trabalho análogo ao de escravo em confecções de São Paulo. 
Conforme já mencionado, o Brasil é signatário do Protocolo de Palermo, internalizado por meio do Decreto 
5.017/2004. De acordo com o art. 5° do referido decreto, o país se comprometeu a criar as infrações penais 
correspondentes ao crime de tráfico de pessoas nos termos do protocolo, o que somente veio a acontecer 
12 anos depois, com a edição da Lei 13.344/2016, próximo ponto da nossa abordagem. 
2. Aspectos Penais 
O crime de tráfico de pessoas encontra-se previsto no art. 149-A do Código Penal (CP): 
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
 
10 Brasil. Secretaria Nacional de Justiça. Tráfico de pessoas: uma abordagem para os direitos humanos / Secretaria Nacional de 
Justiça, Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação; organização de Fernanda Alves dos Anjos ... [et al.]. – 1.ed. 
Brasília: Ministério da Justiça, 2013. Disponível em: http://www.justica.gov.br/sua-protecao/trafico-de-
pessoas/publicacoes/anexos/cartilha_traficodepessoas_uma_abordadem_direitos_humanos.pdf 
11 Disponível em: https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/assuntos-fundiarios-trabalho-escravo-e-trafico-de-pessoas/trafico-
de-pessoas/. Acesso em:08/01/2020. 
12 Disponível em: https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/assuntos-fundiarios-trabalho-escravo-e-trafico-de-pessoas/trafico-
de-pessoas/. Acesso em:08/01/2020. 
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Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante 
grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
IV - adoção ilegal; ou 
V - exploração sexual. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: 
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
las; 
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; 
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de 
dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, 
cargo ou função; ou 
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. 
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização 
criminosa. 
Anteriormente, o tráfico de pessoas estava topograficamente situado nos arts. 231 e 231-A do CP, contudo 
sua aplicação era restrita à finalidade de exploração sexual. Alinhada aos compromissos assumidos pelo 
Brasil (Protocolo de Palermo), o referido crime passou a abrigar outras condutas, nos termos previstos pela 
Lei 13.344/2016, o que justificou a sua remoção do Título VI - dos crimes contra a dignidade sexual - e 
migração para o Capítulo IV do Título I - dos crimes contra a liberdade individual. 
Segundo CUNHA13 (2017, p. 225/226), o tipo em análise é de conduta mista, constituído de oito verbos 
nucleares (alguns, inclusive, sinônimos), que representam a operação típica, desde o seu princípio com o 
aliciamento da vítima, passando pelo seu transporte e acolhimento no local de destino. Nesse sentido, 
pune-se o agente que agenciar (negociar, comerciar, servir de agente ou intermediário), aliciar (atrair, 
persuadir), recrutar (chamar pessoas), transportar (levar de um lugar para outro), transferir (mudar de um 
lugar para outro), comprar (adquirir a preço de dinheiro), alojar (acomodar) ou acolher (receber, aceitar, 
abrigar) pessoa. 
No que se refere aos meios, esses comportamentos devem ser praticados mediante grave ameaça, 
violência, coação, fraude ou abuso. 
 
13 CUNHA. Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte especial (arts. 121 ao 361) / Rogério Sanches Cunha- 9. ed. rev., ampl 
e atual.- Salvador: JusPODIVM.2017. 
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Por fim, deve estar presente a finalidade específica, qual seja, a remoção de órgãos, tecidos ou partes do 
corpo, a submissão a trabalho em condições análogas à de escravo e a qualquer tipo de servidão, adoção 
ilegal ou exploração sexual. 
3. Política de enfrentamento ao tráfico de pessoas 
O Brasil estruturou uma Política Nacional para combater esse crime, coordenada de forma tripartite entre 
o Ministério da Justiça, a Secretaria de Políticas para as Mulheres e a Secretaria de Direitos Humanos da 
Presidência da República. 
Na esteira dessa política, foram produzidos os seguintes decretos e demais providências que dela derivam: 
− Decreto 5.948/2006: aprovou a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e instituiu 
o Grupo de Trabalho Interministerial com o objetivo de elaborar proposta do Plano Nacional de 
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – PNETP. 
− Decreto 6.347/2008: aprovou o PNETP e instituiu Grupo Assessorde Avaliação e Disseminação do 
referido Plano. 
− Decreto 7.901/2013: instituiu a Coordenação Tripartite da Política Nacional de Enfrentamento ao 
Tráfico de Pessoas e o Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas - CONATRAP. 
A CONATRAP, integrada pelo Ministério da Justiça, pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da 
Presidência da República e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, tem como 
objetivo, por exemplo: conduzir a construção dos planos nacionais de enfrentamento ao tráfico de pessoas 
e coordenar os trabalhos dos respectivos grupos interministeriais de monitoramento e avaliação; mobilizar 
redes de atores e parceiros envolvidos no enfrentamento ao tráfico de pessoas e articular ações de 
enfrentamento ao tráfico de pessoas com estados, Distrito Federal e municípios e com as organizações 
privadas, internacionais e da sociedade civil. 
Ainda em 2013, aprovou-se o II PNETP, reforçando compromisso político, ético e técnico do Estado 
brasileiro em prevenir e reprimir o crime do tráfico de pessoas e garantir a necessária assistência e proteção 
às vítimas, bem como a promoção de seus direitos, de acordo com os compromissos nacionais e 
internacionais estabelecidos. 
 A política, e a sua execução por meio dos Planos Nacionais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, está 
estruturada em três grandes eixos estratégicos, a saber: a) prevenção; b) repressão e responsabilização 
dos autores e c) atendimento à vítima. Esse conjunto de ações representa um marco histórico por 
reconhecer o fenômeno de tráfico de pessoas como um problema cuja dimensão e gravidade exigem uma 
atuação estatal transversalmente articulada com vários ministérios, instituições públicas e sociedade civil. 
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Por fim, como produtos concretos dessas políticas, houve a criação de Núcleos de Enfretamento ao 
Tráfico de Pessoas14, com a finalidade de articular, estruturar e consolidar uma rede interestadual de 
referência e atendimento às vítimas do tráfico de pessoas. 
Por fim, o Decreto 9.440/2018 aprovou o III Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas 
(2018-2022), o qual dá continuidade aos anteriores, assumindo uma importante dimensão de 
transversalidade e colaboração, tanto em sua implementação como em seu monitoramento. 
4. Desafios 
Com a promulgação da Lei 13.344/2016, o crime de tráfico de pessoas, antes diretamente ligado à finalidade 
de exploração sexual da vítima, passou a englobar uma série de práticas criminosas (remoção de órgãos, 
submissão a trabalho em condições análogas às de escravo ou servidão, adoção ilegal ou exploração sexual). 
Isso passou a demandar uma atuação multidisciplinar e coordenada de diversos órgãos, tais como 
Auditores e Procuradores do Trabalho, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, entre outros. 
Faz-se também necessária uma maior articulação entre sociedade civil e diversos setores do Estado. O 
problema deve ser tratado como Política de Estado, haja vista o fato de que o enfrentamento ao tráfico de 
pessoas depende de uma grande mobilização da sociedade e das instituições, demandando ações de 
cooperação, coordenadas e integradas, de diversas áreas como saúde, justiça, educação, trabalho, 
assistência social, turismo, entre outras. 
Além disso, com o fenômeno da globalização e com uma maior facilidade para se estabelecerem redes de 
comunicação internacionais, facilita-se a livre locomoção das pessoas, bem com a organização e 
operacionalização desse crime de caráter transfronteiriço, o que, por certo, dificulta o seu controle e sua 
fiscalização e repressão. 
Outro desafio é tornar a lei conhecida, assim como ocorreu com a Lei Maria da Penha. É importante que 
tanto as autoridades policiais quanto os cidadãos de forma geral conheçam a lei, de maneira que sejam 
capazes de identificar as situações de sua ocorrência e para que as potenciais vítimas tenham condições de 
se prevenir e não se deixarem ser envolvidas pelas redes de aliciamento. 
Também é desafio proporcionar redes de proteção como forma de encorajar às vítimas a denunciarem os 
crimes dessa natureza, superando o silêncio e o medo de denunciar. E, por fim, o maior desafio é prover 
condições sociais adequadas para superar a situação de vulnerabilidade em que se encontram as vítimas, 
evitando que se tornem “presas fáceis” para os aliciadores. 
5. Enfrentamento 
Sem sombra de dúvida, houve um avanço no enfrentamento ao tráfico de pessoas no Brasil, mas essa 
estrutura ainda não é capaz de proporcionar, de forma plena, uma segurança robusta às vítimas (potenciais 
 
14 Segundo informações disponíveis em: https://www.justica.gov.br/sua-protecao/trafico-de-pessoas/redes-de-
enfrentamento/nucleos-de-enfrentamento, atualmente, estão em funcionamento quinze (15) Núcleos. 
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e efetivas). Por esse motivo, é necessário que o Estado envide providências para o seu enfrentamento. De 
forma mais específica, pode-se sugerir a adoção das seguintes medidas: 
− Ampliação e aperfeiçoamento da atuação da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios 
no enfrentamento ao tráfico de pessoas, na prevenção e repressão desse crime, na responsabilização 
de seus autores, na atenção e na proteção dos direitos de suas vítimas. 
− Realização de campanhas informativas e preventivas. É fundamental educar a população para 
desconfiar de propostas de emprego fácil e lucrativo. As ações educativas devem enfatizar que, antes 
de aceitar qualquer proposta de emprego, é importante ler atentamente o contrato de trabalho, 
buscar informações sobre a empresa contratante e, caso haja qualquer desconfiança, procurar auxílio 
da área jurídica especializada. A atenção é redobrada em caso de propostas que incluam 
deslocamentos, viagens nacionais e internacionais. 
− Investimento nas operações de inteligência, necessárias para a identificação do funcionamento das 
redes de aliciamento de pessoas, dando maior efetividade à atividade repressiva. 
− Fomento ao processo de articulação, descentralização e participação de todos os segmentos da 
sociedade, de forma a estabelecer um pacto federativo entre os distintos poderes e níveis de governo, 
torna-se fundamental para que haja um efetivo enfrentamento a esse crime, já que o tráfico de 
pessoas é um crime complexo e transnacional. Daí a necessidade de fortalecimento das Redes de 
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, constituídas pelos núcleos já mencionados. 
− Busca pelo envolvimento e pela atuação coordenada entre diversas instituições, tais como do 
Ministério Público, da Defensoria Pública e do Judiciário, dos órgãos de segurança e serviços de 
inteligência — nacional e internacional —, dos órgãos envolvidos na cooperação internacional, dos 
movimentos sociais, das organizações privadas de defesa dos direitos de grupos vulneráveis ou de 
defesa dos direitos humanos etc., com foco no acolhimento das pessoas em situação de tráfico e 
sua reinserção na sociedade e no mercado de trabalho15. 
− Inserção de conteúdos de direitos humanos nas escolas e formação dos educadores para tratamento 
de crimes contra a dignidade da pessoa humana. 
− Estabelecimento de parcerias entre o Estado e a sociedade civil para formação e capacitação sobre 
tráfico humano de conselheiros tutelares, policiais, membros do Judiciário e do Ministério Público, das 
lideranças comunitárias, profissionais da área de saúde e assistência social, dentre outros16. 
 
15 SOARES, Inês Virgínia Prado. Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas sob a Ótica dos Direitos Humanosno Brasil. Disponível 
em:http://www.justica.gov.br/sua-protecao/trafico-de-pessoas/publicacoes/anexos/cartilha_traficodepessoas _uma 
abordadem_direitos_humanos.pdf 
16 Brasil. Secretaria Nacional de Justiça. Tráfico de pessoas: uma abordagem para os direitos humanos / Secretaria Nacional de 
Justiça, Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação; organização de Fernanda Alves dos Anjos ... [et al.]. – 1.ed. 
Brasília: Ministério da Justiça, 2013. https://www.justica.gov.br/sua-protecao/trafico-de-
pessoas/publicacoes/anexos/cartilha_traficodepessoas_uma_abordadem_direitos_humanos.pdf 
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− Sensibilização e mobilização da sociedade para prevenir a ocorrência, os riscos e os impactos do 
tráfico de pessoas. 
− Combate às causas do crime, como a má distribuição de renda, o desenvolvimento assimétrico entre 
os países e a desigualdade de gênero e de raça. 
6. Bibliografia 
Brasil. Secretaria Nacional de Justiça. Tráfico de pessoas: uma abordagem para os direitos humanos / Secretaria 
Nacional de Justiça, Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação; organização de Fernanda Alves 
dos Anjos ... [et al.]. – 1.ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2013. Disponível em: http://www.justica.gov.br/sua-
protecao/trafico-de-pessoas/publicacoes/anexos/cartilha_traficodepessoas_uma_abordadem_direitos_ 
humanos.pdf. Organizadores: Daniela Muscari Scacchetti, Fernanda Alves dos Anjos, Gustavo Seferian Scheffer 
Machado e Inês Virginia Prado Soares. 
CUNHA. Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte especial (arts. 121 ao 361)/ Rogério Sanches Cunha- 9. ed. 
rev., ampl e atual.- Salvador: JusPODIVM.2017. 
GRECO, Rogério. Código Penal: comentado / Rogério Greco. – 11. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017. 
Proposta de solução 
Inicialmente, esclareça-se que o crime de tráfico de pessoas consiste em negociar, 
aliciar, recrutar, escravizar e explorar vidas humanas, por meio da violência, coação ou 
fraude, com os objetivos de: remoção de órgãos, tecidos ou partes do corpo; submissão a 
trabalho em condições análogas à de escravo e a qualquer tipo de servidão; adoção ilegal 
ou exploração sexual. Tem como características ser um crime altamente rentável, 
atingir, principalmente, categorias mais vulneráveis, como mulheres e crianças, além de 
representar uma grave agressão à dignidade da pessoa humana. [Tópico 1] 
Outrossim, trata-se de um crime que, pela multiplicidade de condutas 
incriminadoras, oferece uma série de desafios ao seu enfrentamento, a começar pela 
necessidade de articulação entre diversas instituições (exemplos: Ministério Público, 
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Defensoria Pública, Judiciário e órgãos de segurança e serviços de inteligência — 
nacional e internacional) e entre essas e a sociedade civil. Outro grande desafio é tornar 
mais conhecida a Lei 13.144/2016, que tipificou a conduta nos termos dos 
tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, como forma de dar maior 
efetividade ao combate desse crime. [Tópico 2-a] 
Ademais, não obstante a complexidade dos desafios, o Governo Federal tem 
envidado esforços para combater o crime de tráfico de pessoas. Nesse sentido, citam-se: 
a publicação da Lei 13.344/2016; a aprovação de uma política de 
enfrentamento, consubstanciada num plano com ações e responsabilidades para diversos 
órgãos envolvidos na sua repressão; e a criação de Núcleos de Enfrentamento, em 
parceria com os governos estaduais, criando uma rede estadual de referência e atendimento 
às vítimas do tráfico de pessoas. [Tópico 2-b] 
Por fim, como forma de combater a situação, sugere-se: a realização de campanhas 
informativas e preventivas, direcionadas aos públicos mais suscetíveis, com foco na 
identificação de situações suspeitas e busca de ajuda especializada, principalmente quando 
incluírem viagens nacionais ou internacionais. Além disso, sugere-se o fortalecimento 
da rede de atenção às vítimas, com foco no acolhimento das pessoas em situação de tráfico 
e sua reinserção na sociedade e no mercado de trabalho, bem como o fomento da 
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cooperação policial e jurídica nacional e internacional para desarticulação das 
organizações criminosas operadoras desse negócio. [Tópico 3] 
 
Tema D3 - Contrabando 
Cespe/Cebraspe – PRF – 2013 
Nas regiões brasileiras de fronteira, o crime de contrabando, tipificado no art. 334 do Código Penal, no 
capítulo referente aos crimes praticados por particular contra a administração geral, ao lado do tráfico de 
entorpecentes e drogas afins, é o que mais importuna a atividade dos poderes públicos, tanto de prevenção 
e fiscalização quanto de repressão ou apuração das responsabilidades penais. O Brasil tem uma 
peculiaridade em relação a esse crime, devido ao fato de possuir milhares de quilômetros de fronteira seca, 
muito difíceis de fiscalizar. 
Enivaldo Pinto Pólvora. Internet: <www.ambito-juridico.com.br> (com 
adaptações). 
 
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto 
dissertativo que atenda, necessariamente, ao que se pede a seguir: 
➢ Defina o crime de contrabando e indique, em linhas gerais, as circunstâncias que integram esse tipo 
penal. 
➢ Comente acerca das principais mercadorias e cargas contrabandeadas no território brasileiro. 
➢ Explane a respeito dos problemas decorrentes do contrabando de mercadorias e cargas para a 
economia nacional e para a saúde pública. 
➢ Sugira medidas e ações efetivas das forças públicas para o combate ao contrabando de mercadorias e 
cargas no país. 
Abordagem teórica 
1. Contrabando 
As ruas das grandes cidades, atualmente, encontram-se congestionadas pelo comércio ambulante, 
geralmente, praticado à margem da lei. Não há garantia sobre a procedência desses produtos, não se sabe 
sobre a sua qualidade nem sobre o seu potencial de causar riscos à saúde, mas, em virtude dos preços 
inferiores, acabam sendo consumidos em larga escala. 
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Além dos consumidores, os comerciantes formais, que pagam seus impostos e adquirem produtos 
originais, de qualidade reconhecida e atestada, também são prejudicados pelo comércio ilegal, fruto do 
contrabando, haja vista que os produtos por eles comercializados, inevitavelmente, terão preços superiores 
aos oriundos do contrabando; o que gera uma concorrência desleal, colocando-os em situação de clara 
desvantagem. 
Um exemplo claro da relevância dessa situação acontece com os brinquedos: para que sejam regularmente 
comercializados, há uma série de normas a serem cumpridas (as NBRs). O cumprimento dessas normas é 
verificado por órgãos certificadores acreditados pelo Inmetro e, caso aprovado em todos os ensaios, esse 
brinquedo pode ser comercializado. Assim, ao se comprar um brinquedo ilegal, que provavelmente não 
passou por esse controle, é possível que se esteja colocando em risco as crianças, expondo-as a, por 
exemplo, elementos de elevada toxicidade. 
Em razão da gravidade dessa situação, houve a necessidade de criminalizar essa conduta, tipificada no art. 
334-A do Código Penal. Acompanhe: 
Contrabando 
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: 
Pena - reclusão,de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: 
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; 
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de 
órgão público competente; 
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; 
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou 
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; 
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. 
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio 
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
Nos termos do que vimos acima, o crime de contrabando pode ser definido como a conduta de exportar 
ou importar mercadoria proibida. Pune-se, portanto, importação ou exportação de mercadorias cuja 
entrada no país, ou saída dele, é absoluta ou relativamente proibida. Importar tem o sentido de trazer para 
dentro do território nacional, ou seja, comercializar uma mercadoria que se encontrava em outro país. 
Exportar significa enviar, comercializar para outro país mercadoria que se encontrava no território nacional. 
Trata-se de norma penal em branco, uma vez que necessita de complementação no sentido de se 
estabelecerem quais seriam as mercadorias proibidas. O governo brasileiro, por intermédio de seus 
Ministérios (Fazenda, Agricultura, Saúde etc.), como regra, é o responsável por determinar quais 
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mercadorias são consideradas proibidas. São exemplos nesse sentido a importação de: cigarros e bebidas 
fabricados no Brasil, destinados a venda exclusivamente no exterior; cigarros de marca que não seja 
comercializada no país de origem; brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se 
possam confundir; espécies de animais da fauna silvestre sem um parecer técnico e licença expedida 
pelo Ministério do Meio Ambiente, mercadorias cuja produção tenha violado direito autoral 
(“pirateadas”)17, etc. 
O § 1° do art. 344-A relaciona algumas figuras típicas, equiparadas ao crime de contrabando. São elas: 
1. Quem pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando: é também norma penal em branco, 
cabendo à lei especial indicar qual é o fato assimilado ao contrabando. 
2. Aquele que importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou 
autorização de órgão público competente: aqui, a mercadoria até é permitida, contudo necessita de 
anuência das autoridades nacionais. Um exemplo é a importação de gasolina de países como a 
Venezuela, ainda que idêntica à comercializada no país18. 
3. Quem reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação. Exemplo típico 
são os cigarros: mesmo se produzidos no país, se destinados à exportação, não poderão ser vendidos 
nem expostos à venda no País. 
4. Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou 
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. 
5. Aquele que adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade 
comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. 
O bem jurídico protegido é a Administração Pública, especialmente a proteção da saúde, da moralidade 
administrativa, do meio ambiente e da ordem pública, como corolário da proibição no território nacional 
da mercadoria importada ou exportada. Outrossim, é importante mencionar que o delito de contrabando 
tem natureza residual, ou seja, somente restará caracterizado se a importação ou exportação de mercadoria 
proibida não configurar crime específico. Exemplo: se a mercadoria for qualquer tipo de droga, configurar-
se-á o crime previsto no art. 33, caput da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas); raciocínio análogo se for arma de 
fogo, hipótese em que se deve recorrer ao estatuto do desarmamento. 
De acordo com o estudo do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf),19 o 
produto mais contrabandeado é o cigarro (67,44%), vindo principalmente do Paraguai. Isso se justifica pelos 
impostos baixíssimos do país, favorecendo a sua produção, e, noutro extremo, a alta carga tributária 
 
17 GRECO, Rogério. Código Penal: comentado / Rogério Greco. – 11. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017. 
18 AgRg no AREsp 348.048/PR. 
19 Disponível em: http://www.etco.org.br/16/wp-content/uploads/O-CUSTO-DO-CONTRABANDO.pdf. Acesso em 01 de julho de 
2020. 
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brasileira sobre esse produto, tornando esse negócio extremamente lucrativo. Ainda segundo o Idesf, a 
lucratividade do cigarro contrabandeado do Paraguai e vendido no Brasil pode atingir 231,15%20. 
Segundo A Folha de São Paulo, metade dos cigarros vendidos hoje no país têm origem no contrabando. O 
fabricado aqui paga, em média, 71% de imposto, e não pode ser vendido por menos de R$ 5. Já o paraguaio 
custa metade do preço. A tributação em seu país de origem é de 16%, a mais baixa do mundo.21 
 
 Entram também nessa lista, sequencialmente, materiais eletrônicos (15,42%), de informática (5.04%), 
vestuário (3,03%), perfumes (2,45%), relógios (2,03%), brinquedos (1,89%), óculos (1,5%), medicamentos 
(0,85%) e bebidas (0,35%). 
Segundo O Globo, em 2018, o Brasil perdeu R$ 193,1 bilhões com o contrabando de mercadorias. Esse 
número é 32% superior ao das perdas de 2017, que foram de R$ 146 bilhões. Foi o maior crescimento anual 
desde 2014. Do total de R$ 193,1 bilhões perdidos no ano passado, R$ 132,3 bilhões se referem às perdas 
produtivas do setor, que deixam de vender seus produtos. Outros R$ 60,8 bilhões são referentes ao 
montante que o poder público deixa de arrecadar com impostos22. 
A prática do contrabando gera elevados prejuízos à economia nacional, tendo em vista a elevada evasão 
fiscal. Segundo número do Idesf, só em relação ao cigarro, o Brasil deixa de arrecadar R$ 4.5 bilhões em 
tributos. Essa evasão implica na redução da capacidade do Governo em investir em saúde, educação, 
segurança, etc. Além disso, devido à concorrência desleal, há impactos negativos também para a indústria, 
com o fechamento das unidades fabris e o enfraquecimento da capacidade de investimento privado no país, 
 
20 Disponível em: http://www.idesf.org.br/2019/09/25/idesf-apresenta-dados-do-contrabando-em-reuniao-do-gsi-em-foz-do-
iguacu/. Acesso em 01 de julho de 2020. 
21 Disponível em: https://temas.folha.uol.com.br/contrabando-no-brasil/uma-muralha-da-china-por-ano/brasil-perde-r-146-3-
bilhoes-para-o-mercado-informal.shtml. Acesso em 01 de julho de 2020. 
22 Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/pais-perde-1931-bilhoes-com-contrabando-de-mercadorias-23519954#: 
~:text=RIO%20%2D%20O%20Brasil%20perdeu%20R,(FNCP)%2C%20foi%20publicado. Acesso em 01 de julho de 2020. 
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promovendo, por conseguinte, perda de empregos formais, aumento do desemprego e a substituição dos 
empregos formais pelos informais. 
Uma outra faceta negativa é a exposição da saúde a riscos, uma vez que se desconhece a qualidadedesses 
produtos. Não se tem nenhuma clareza sobre se tais produtos foram submetidos a exames e ensaios com o 
objetivo de verificar a inexistência de impactos do seu consumo/manuseio à saúde humana, muito menos 
se cumpriram-se os requisitos estabelecidos pelas entidades reguladoras nacionais (Anvisa, Inmetro, 
Anatel, entre outros). Esse problema é bastante crítico em mercadorias como cigarros, bebidas alcóolicas, 
brinquedos e medicamentos. 
Segundo pesquisa realizada em 2013 pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), foram 
encontrados insetos, areia, terra, pelos, coliformes fecais, plásticos e fungos em cinco marcas de cigarros 
frequentemente contrabandeadas para o Brasil. Além disso, em 65% das marcas pesquisadas, foram 
observadas elevadas concentrações de elementos químicos como níquel, cádmio, cromo e chumbo e o 
dobro da concentração média de arsênio encontrado em cigarros legais23. 
O grande volume comercializado assegura alta rentabilidade ao mercado ilegal. Não à toa, o contrabando 
é apenas uma de várias atividades desenvolvidas por redes criminosas organizadas, como tráfico de drogas 
e armas e lavagem de dinheiro. O risco é relativamente baixo: além das brechas fronteiriças e da fiscalização 
falha em pontos de venda, as penas são mais brandas do que as aplicadas para outros crimes praticados por 
essas organizações. Assim, o mercado ilegal de cigarros também contribui para o aumento da violência e 
da criminalidade, não apenas nas regiões de entrada das cargas contrabandeadas, como nas de todos os 
pontos de abastecimento. 
Num país de dimensões continentais como o Brasil, combater o crime de contrabando, certamente, não é 
uma missão fácil. Contudo, caso o combate a esse crime seja escolhido como prioridade, certamente é 
possível que se reduzam os seus impactos danosos sobre a sociedade. Isso é possível por meio da adoção 
de medidas no sentido de reforçar a segurança nas fronteiras, por meio da maior quantidade de agentes 
dedicados à fiscalização, do uso mais intenso de recursos tecnológicos e da ampliação das ações de 
inteligência. Visto ser esse um problema transfronteiriço, é também desejável a realização de operações 
integradas com os países de origem das mercadorias ilegais, de modo a tornar mais efetiva a sua repressão. 
Entendo que essa breve revisão é suficiente para resolver à questão. Mãos à obra. 
 
23 Disponível em: http://www.souzacruz.com.br/group/sites/SOU_AG6LVH.nsf/vwPagesWebLive/DO9YDBCE#:~:text=O% 
20contrabando%20%C3%A9%20um%20problema,mas%2C%20sim%2C%20o%20contrabando. Acesso em 01 de julho de 2020. 
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Proposta de solução 
Inicialmente, esclareça-se que, de acordo com o Código Penal (CP), o crime de 
contrabando pode ser definido como a conduta de exportar ou importar mercadoria 
proibida. Além disso, o CP elenca algumas condutas equiparadas ao contrabando, tais 
como: a importação ou exportação clandestina de mercadoria que dependa de registro, de 
análise ou de autorização de órgão público competente; bem como a reinserção, no território 
nacional, de mercadoria brasileira destinada a exportação. [Tópico 1] 
Outrossim, os dados existentes indicam que o produto mais contrabandeado é o cigarro, 
vindo principalmente do Paraguai. Isso se justifica pelos impostos baixíssimos daquele 
país, que favorecem sua produção, e, noutro extremo, pela elevada carga tributária brasileira, 
o que torna esse negócio extremamente lucrativo. Além do cigarro, são também itens 
bastante contrabandeados: materiais eletrônicos e de informática, roupas, perfumes, 
relógios, brinquedos, óculos, medicamentos, bebidas. [Tópico 2] 
Além disso, a prática do contrabando gera elevados prejuízos à economia nacional, 
tendo em vista a elevada evasão fiscal, que implica diretamente a redução da capacidade de 
o governo investir em saúde, educação, segurança etc. Além disso, devido à concorrência 
desleal, há impactos negativos também para a indústria, com o fechamento das unidades 
fabris e o enfraquecimento da capacidade de investimento privado no país, promovendo, por 
conseguinte, o aumento do desemprego e a substituição dos empregos formais pelos 
informais. [Tópico 3] 
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==11d59d==
 
 
 
 
 
 
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Outra faceta perniciosa é a exposição a riscos contra a saúde dos usuários dessas 
mercadorias, uma vez que não há garantias de que esses produtos sejam submetidos a exames 
e a ensaios com o objetivo de verificar a inexistência de impactos negativos da sua utilização 
à higidez humana. Esse problema é bastante crítico em mercadorias como cigarros, 
bebidas alcóolicas, brinquedos e medicamentos. [Tópico 4] 
Por fim, como medidas e ações efetivas das forças públicas para combate ao 
contrabando, sugere-se o reforço da segurança nas fronteiras, por meio da maior quantidade 
de agentes dedicados à fiscalização, o uso mais intenso de recursos tecnológicos e a ampliação 
das ações de inteligência. Visto ser esse um problema transfronteiriço, é também desejável 
a realização de operações integradas com os países de origem das mercadorias ilegais, 
efetivando-se, pois, a sua repressão. [Tópico 4] 
 
Tema D4 – Crimes contra jovens 
Brasil perde jovens para violência em patamar de países como Haiti, aponta Atlas da Violência 
"A morte prematura de jovens (15 a 29 anos) por homicídio é um fenômeno que tem crescido no Brasil desde 
a década de 1980", aponta estudo recém-divulgado, lembrando que essa é uma idade em que as pessoas 
têm um alto potencial produtivo que acaba sendo desperdiçado. "Além da tragédia humana, os homicídios 
de jovens geram consequências sobre o desenvolvimento econômico e redundam em substanciais custos 
para o país." 
Levantamento da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal de junho de 2018 aponta que o 
Brasil perde cerca de R$ 550 mil para cada jovem de 13 a 25 anos vítima de homicídio, levando-se em conta 
o quanto o país deixa de ganhar com a capacidade produtiva (o trabalho) da vítima e os custos de saúde, 
judiciais e de encarceramento ligados a cada morte. [...] 
Com adaptações. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
48504184. Acesso em 7 de outubro de 2020. 
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A partir das ideias do texto precedente, que tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo 
acerca do seguinte tema: 
JUVENTUDE PERDIDA: O DRAMA DA VIOLÊNCIA ENTRE JOVENS NO BRASIL 
Em seu texto, aborde, necessariamente: 
a) a importância de prevenir a violência entre jovens; 
b) a relação entre as drogas e a violência entre jovens; 
c) iniciativas, de cunho preventivo, com vistas a reduzir os números de jovens vítimas e autores da 
violência. 
Abordagem teórica 
1. Importância de prevenir a violência entre jovens 
Primeiro ponto: a violência é a principal causa de morte de jovens no país. Segundo o Atlas da Violência 
(2020): 
No Brasil, os homicídios são a principal causa de mortalidade de jovens, grupo etário de pessoas entre 15 e 
29 anos. Esse fato mostra o lado mais perverso do fenômeno da mortalidade violenta no país, na medida 
em que mais da metade das vítimas são indivíduos com plena capacidade produtiva, em período de 
formação educacional, na perspectiva de iniciar uma trajetória profissional e de construir uma rede familiar 
própria. 
[...] 
Homicídios foram a principal causa dos óbitos da juventude masculina, responsável pela parcela de 
55,6% das mortes

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