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FISIOLOGIA CARDÍACA VISÃO GERAL Do ponto de vista funcional, a circulação sistêmica pode ser compreendida levando-se em conta seus quatro principais componentes: a bomba cardíaca, o sistema arterial de resistência, o sistema venoso de capacitância e a rede capilar. 1. Bomba cardíaca - Consiste no coração agindo como bomba hidráulica - Produz a pressão que deve vencer a resistência imposta pelo atrito de escoamento - Acelera a coluna de sangue em direção aos tecidos 2. Sistema arterial de resistência - Abriga 30% do volume sanguíneo do organismo - Produz a pressão da coluna de sangue - Se dá pelo tônus arterial - É uma semi contração constante da musculatura lisa arterial 3. Sistema venoso de capacitância - Possui alta complacência - Capacidade de acomodar volume - Abriga 70% do sangue corpóreo 4. Rede capilar - Constitui a microcirculação - É responsável pela perfusão tecidual - nutrientes e troca de gases REGULAÇÃO DO BOMBEAMENTO CARDÍACO ● Visão geral - Em repouso - 4-6 litros de sangue por minuto - Durante exercícios intensos - Pode bombear de 4-7 vezes o volume de repouso - Mecanismos - Regulação cardíaca intrínseca do bombeamento - Ocorre em resposta às variações no volume sanguíneo - Controle da FC e força de bombeamento - É feita pelo SNA ● Regulação intrínseca - Determinação da quantidade de sangue bombeada por minuto - Se dá pelo retorno venoso - Volume de sangue que flui das veias para o átrio direito - Ou seja, automaticamente o coração bombeia o sangue, restabelecendo o circuito - Mecanismo de Frank-Starling - Consiste na capacidade intrínseca do coração de se adaptar aos volumes variáveis de sangue - Quanto maior a distensão do coração durante seu enchimento (diástole), maior a força de contração - Quanto maior a força de contração, mais sangue é bombeado para a circulação Dentro dos limites fisiológicos, o coração bombeia todo o sangue que nele chega, sem permitir o represamento excessivo de sangue nas veias ● Propriedades do músculo cardíaco - Excitabilidade - Capacidade das células responderem aos estímulos elétricos, químicos e mecânicos - Automaticidade - Capacidade do miocárdio de iniciar impulso elétrico espontâneo - Nodo sinoatrial e atrioventricular - Condutividade - Capacidade do miocárdio de disseminar um pulso elétrico - Contratilidade - Resposta ao estímulo elétrico - Período refratário - Ocorre inexcitabilidade após a contração Cronotropismo Frequência Dromotropismo Condução Inotropismo Contração ● Controle cardíaco pelo sistema autônomo simpático e parassimpático - SNA simpático - Pode estimular o coração, aumentando o débito cardíaco para mais de 100% - Débito cardíaco = quantidade de sangue bombeada por minuto - SNA parassimpático - Pode reduzir o débito cardíaco - Ocorre pela estimulação vagal ● Estímulo simpático - Mecanismos - A noradrenalina aumenta a permeabilidade aos íons Na+ e Ca2+ - Aumenta permeabilidade de Na+ no nodo sinusal, acelerando a auto-excitação - Aumento da FC - Maior permeabilidade ao Ca2+ - Maior força de contração - Alterações - Aumenta a FC - De 70 bpm para 120-180 - Aumenta a força de contração - Eleva a pressão de ejeção e o volume de sangue bombeado - Sua inibição pode - Diminuir o bombeamento cardíaco em grau moderado ● Estimulação do parassimpático ou vagal - As fibras vagais estão dispostas em maioria nos átrios - Por isso, seu efeito é maior sobre a FC e não sobre a contratilidade - Mecanismos - Liberação de Ach - Aumenta a permeabilidade das membrana ao K+ - Ocorre vazamento de K+ e hiperpolarização - O tecido torna-se menos excitável - Função - Diminuição da força de contração - Em 20-30% - Menor FC - Se estimulação for intensa e contínua - Pode interromper os batimentos cardíacos por alguns segundos ● Cálcio e potássio no funcionamento cardíaco - K+ - De forma geral, têm efeito acentuado sobre os potenciais de membrana - Normalmente localizado no LIC - A maior [] no LEC causa dilatação e flacidez do coração - Menor FC - Pode bloquear a condução de impulso dos átrios para ventrículos - As alteração do LEC ocorrem pela diminuição do potencial de repouso das membranas - Ca2+ - De forma geral, têm efeito na ativação da contração muscular - Normalmente localizado no LEC - Efeito direto do Ca2+ no processo de contração - Deficiência de cálcio causa flacidez cardíaca - Excesso de cálcio causa contração espástica Ca2+ → Contratilidade K+ → Frequência cardíaca DÉBITO CARDÍACO DC = FC x VOLUME SISTÓLICO - É expresso em litros/min - É proporcional à superfície corpórea - Varia com o nível de atividade do corpo - Nível de metabolismo - Exercício - Idade - Tamanho corporal - DC média em jovens - 5,6 L/min VOLUME SISTÓLICO - É o volume de sangue que o coração ejeta em cada batimento - Varia em torno de 70 mL - É determinado por - Contratilidade cardíaca - Pré-carga - Volume de sangue que chega ao coração, antes da contração - Pós-carga - Resistência que o sistema circulatório impõe à ejeção do sangue ● Volume diastólico final (VDF) - Quantidade de sangue no ventrículo ao final da diástole - O enchimento ventricular depende de - Retorno venoso - O retorno venoso é a quantidade de sangue que flui das veias para o átrio direito a cada minuto - O retorno venoso e o débito cardíaco devem ser iguais um ao outro - Condução da diástole - Se houver aumento das variáveis, há aumento do VDF ● Volume sistólico final (VSF) - Quantidade de sangue no ventrículo após a sístole - O esvaziamento ventricular depende de - Força de contração ● Pré-carga - Corresponde ao comprimento das fibras do miocárdio no fim da diástole, logo antes da sístole - Volume de sangue pré-sístole - Fatores de aumento - Constrição venosa - Contração muscular - Ingestão líquida - Posição de Trendelenburg (cabeça mais baixa que o nível das pernas) - Transfusão sanguínea - Albumina - MAST - Meias-calças de compressão pneumática, causando aumento da pressão nos MMII - Fatores de diminuição - Diuréticos - Flebotomia - Pelo sangramento - Desidratação - Dilatação venosa - Sangue fica “estocado” na periferia - Aumento da pressão intratorácica - Se elevada - Indica insuficiências cardíacas ou hipervolemia - Se reduzida - Hipovolemia ● Pós-carga - Corresponde a tensão que a parede ventricular exerce contra a resistência vascular sistêmica - Influenciada por - Pressão aórtica e diastólica - Complacência do sistema arterial - Resistência vascular periférica - Volume sanguíneo circulante - Integridade da valva aórtica - Fator que aumenta a pós-carga - Estenose aórtica - Vasoconstrição - Hipertensão - Epinefrina - Norepinefrina - Fator que diminuem a pós-carga - Anti-hipertensivos ● Contratilidade - É a força ou capacidade de contração do miocárdio - É influenciada por - Medicamentos - Balanço eletrolítico - Volume de fluidos corporais - Fator que aumentam - Estimulação simpática via receptor beta 1 - Hipercalcemia - Hipertireoidismo - Medicamentos inotrópicos positivos - Digitálicos - Dobutamina - Fatores que diminuem - Hipocalcemia - Inibidores de beta 1 CONTROLE DA FC - Regulação - Sistema nervoso autônomo - Barorreceptores e quimiorreceptores aórticos - Regulação intrínseca ● SNA simpático - Aumenta - Automatismo - Contratilidade (inotropismo) - Velocidade de condução - Cronotropismo (FC) - Mediada por adrenalina e noradrenalina - Ativação - Estresse, ansiedade e excitação - Exercício ● SNA parassimpático - Diminui - Automatismo - Contratilidade (inotropismo) - Velocidade de condução - Cronotropismo (FC) ● Centro cardíaco regulatório - Possui dois subcentros - Inibitório - Reduz a FC pelo nervo vago - Acelerador - Aumenta FC pelo SNA simpático ● Barorreceptores - Localizados na aorta, seios carotídeos, pulmonares e átrio esquerdo - Estímulo - Estiramento da parede arterial - É enviado sinal para centro vasomotor - Aumenta ou diminui FC ● Quimiorreceptores aórticos - Estímulos - Alteração de pH, PaCO2 e PaO2 - Causa aumento ou diminuição da FC e FRREGULAÇÃO DO DC ● Regulação humoral da circulação - Consiste na regulação bioquímica, ou seja, por substâncias secretadas ou absorvidas nos líquidos corporais, como hormônios e íons 1. Agentes vasoconstritores ● Epinefrina e norepinefrina - Norepinefrina - Hormônio vasoconstritor potente - Liberada durante o exercício - Excita - Coração - Artérias - Veias - Estimula adrenal - Secreção de epinefrina e norepinefrina - Epinefrina - Menor poder vasoconstritor - Pode causar ligeira vasodilatação das coronárias ● Angiotensina - É um dos mais potentes vasoconstritores - Causa - Contração das arteríolas, portanto, aumento da resistência periférica - Elevação da PA ● Vasopressina - É mais potente que a angiotensina na vasoconstrição - Produzido no hipotálamo - Estímulo - Hemorragias graves - Aumenta reabsorção de água nos túbulos renais - Aumento da PA ● Endotelina - Estímulo - Lesão de vaso sanguíneo → liberação local 2. Agentes vasodilatadores ● Bradicinina - Substâncias denominadas “cininas” causam potente vasodilatação - São peptídeos que causam - Dilatação arteriolar - Aumento da permeabilidade capilar ● Histamina - É liberada por praticamente todos os tecidos corporais em caso de lesão, inflamação ou reação alérgica - Maioria dos mastócitos teciduais e basófilos no sangue - Função - Vasodilatação de arteríolas - Aumento da permeabilidade vascular Efeitos iônicos e fatores químicos ● Ca2+ - Vasoconstrição - O cálcio estimula a contração do músculo liso ● K+ - Vasodilatação - Inibição da contração do músculo liso ● Mg2+ - Vasodilatação - Inibição da musculatura lisa ● H+ - Seu aumento causa diminuição do pH, provocando - Dilatação arteriolar - Redução da constrição - Causa intensa vasodilatação ● CO2 - Vasodilatação - Moderada nos tecidos - Pronunciada no cérebro - Atua no centro vasomotor do cérebro ● Acetato e citrato - Vasodilatação - Agem diretamente nos vasos sanguíneos CIRCULAÇÃO SISTÊMICA ● Transmissão dos pulsos de pressão - Sístole ventricular - Representa o maior foco da pressão arterial - A medida com que a distensão progride por vasos menores, há amortecimento dos pulsos de pressão - A pulsação da radial, por exemplo, reflete a PA na aorta, considerando as proporções - Resistência ao movimento dos sangues no vaso - Pequena quantidade de sangue tem que fluir para diante à frente da onda de pulso - Complacência do vaso - Maior a quantidade de sangue à frente da onda de pulso ● Papel das veias na circulação sanguínea - São reservatórios sanguíneos com capacidade de contração e dilatação - Bomba venosa - Coração diastólico de Barlon - Compressão venosa causada pela contração muscular - Regula o retorno venoso e o DC ● Pressão venosa central - É a pressão equivalente à pressão no átrio direito - Determinantes da PVC - Capacidade de bombeamento do AD - Tendência do sangue de retornar ao AD - Valor normal → 0 mmHg - Limite inferior de -3 a -5 mmHg - Significa elevação da DC ou desidratação - Se >0 - Indica acúmulo de sangue no átrio direito - Aumenta a PAD pela transmissão retrógrada - Aumenta se - Insuficiência cardíaca grave - Infusão sanguínea volumosa - Pode aumentar em vasos com tendência ao colabamento - Veias do braço, pela angulação aguda - Veias do pescoço, pela pressão atmosférica - Veias abdominais pela pressão intra-abdominal e dos órgãos ● Veias como reservatórios - Compõe 60% de todo o sangue do sistema circulatório - Perda de sangue - Causa reflexo nervoso no seio carotídeo e desencadeia reflexo simpático - Causa constrição venosa e mantém a pressão, mesmo com 20% da perda sanguínea - Baço 100 mL - Fígado 200-300 mL - Grandes veias abdominais (300 mL) - Plexos venosos cutâneos (400mL) - Coração (50-100 mL) - Pulmões (100-200 mL) ● Pressão hidrostática no sistema vascular - É a pressão resultante do peso da água - Posição ortostática - PAD é de 0 mmHg - O coração bombeia todo o excesso de sangue para as artérias, que tendem a se acumular no AD - PAD nos pés é de 90 mmHg pelo peso hidrostático ● Microcirculação - Local onde ocorrem as mais importantes funções da circulação - Transporte de nutrientes para os tecidos - Remoção de produtos da excreção celular - Troca de nutrientes - Coleta de catabólitos - Funcionalidade - O VE ejeta a coluna de sangue conferindo a esta energia potencial (pressão) e energia cinética (velocidade) - Na medida em que o sangue flui em direção à rede capilar, tanto sua pressão quanto sua velocidade vão decaindo, em virtude do atrito do sangue com a parede das artérias e do atrito entre as próprias células que o compõem - Assim, o sangue chega à rede capilar sob baixa pressão e baixa velocidade - É importante que isso ocorra, pois caso chegasse sob alta pressão, os capilares se romperiam, já que a parede capilar é extremamente delgada - Paralelamente, caso chegasse a alta velocidade, não haveria tempo suficiente para que as trocas gasosas e de nutrientes ocorressem de forma satisfatória - Apesar da pressão nos capilares ser baixa, sua existência é fundamental; - Caso contrário, não ocorreria troca de gases e nutrientes entre o sangue e os tecidos, levando a um quadro de má perfusão tecidual - Chamamos essa pressão nos capilares de pressão hidrostática ou pressão de enchimento capilar (PEC) e seu valor varia para cada tecido e também em função de diferentes condições fisiológicas (temperatura corporal, repouso, estresse etc) - Arteríolas - Musculares - Metarteríolas - Túnica muscular intermitente - Esfíncter pré-capilar - Regulação do fluxo - Capilares verdadeiros - Não possuem túnica muscular - Capilares preferenciais - Possuem túnica muscular - Vênulas - Túnica muscular enfraquecida ● Histologia sistema vascular CONTROLE RENAL DA PA ● Sistema renal - líquido corporal - Equilíbrio dinâmico - É determinado entre a ingestão e a excreção de água e sódio - Rins - Regulam o volume extracelular - Depende do volume ingerido - Consiste no mecanismo mais potente para o controle de volume sanguíneo - Diurese de pressão - Natriurese de pressão - A ingestão de água e excreção urinária são equilibradas ● Pressão arterial x Débito urinário - Diurese de pressão - Resultado de - Aumento da PA - Aumento do TFG - Aumento do débito urinário - Equilíbrio do LEC - Um pequeno aumento da PA dobra a excreção renal de água - Natriurese de pressão - Resulta de - Aumento da PA - Aumento do TFG - Aumento da natriurese - Equilíbrio do LEC - Pequeno aumento da PA dobra a excreção de sódio ● Sistema renal-líquido x Controle da PA - Aumento do volume circulante → aumento do DC (depende do retorno venoso) → aumento da PA → Aumento do débito urinário - Causa diminuição da PA e da DC - Em condições normais, com o aumento do volume corrente, primeiramente, o coração se adapta ao grande retorno venoso (mecanismo de Frank-Starling) e, em segundo lugar, o rim elimina o excesso por meio da diurese ● Pressão arterial e ponto de equilíbrio - Há um ponto de equilíbrio entre o DU, a ingestão de água e Na+ - As linhas cruzam quando a PAM é de 100 mmHg - Quando o ponto de equilíbrio é perdido, o organismo age pelo princípio do ganho infinito - PAM >100 mmHg - DU aumenta, para diminuir perda de líquido - Causa balanço negativo, reduzindo a PA - PAM <100 mmHg - O DU fica menor que a ingestão - Causa retenção de líquido e balanço positivo, aumentando a PA ● Estabelecimento do novo ponto de equilíbrio - Ocorre pela alteração de um ou ambos pontos determinantes do nível da PA em longo prazo, curva de DU e linha de ingestão - Por exemplo, em casos de anormalidade renal, há um desvio da curva de DU para direita (50 mmHg) e desvio do ponto de equilíbrio para 50 mmHg - A ingestão aumentada de água e sal 4x o normal, causa o desvio do PE para 160 mmHg - Com o desvio da linha de ingestão, a pressão arterial eleva-se para 160 mmHg para manter o equilíbrio entre a ingestão e a excreção de água e sal, não alterando o volume do LEC ● SRAA - Há duas maneiras de prevenir a redução da pressãoarterial: - Uma a curto prazo - Estímulo simpático para aumentar a frequência cardíaca e estimular a vasoconstrição - Alongo prazo - Por meio do SRAA) - A curto prazo, a atividade simpática ativa os receptores β1 do coração (aumenta a frequência cardíaca e o DC) e receptores α1 do músculo liso dos vasos sanguíneos (causando vasoconstrição, aumentando a resistência vascular periférica), com o intuito de aumentar a pressão - Já no SRAA, que é uma resposta mais demorada, quando há uma redução da pressão arterial e da volemia, essa queda é captada por receptores na artéria renal - Com isso, há a liberação de renina pelas células diferenciadas do glomérulo renal, que inicia a cascata de reações do SRAA - Essa renina converte o angiotensinogênio em angiotensina I (substância hipertensiva). - Essa angiotensina I é clivada pela enzima ACE ou ECA (enzima conversora de angiotensinogênio), secretada pelos pulmões, formando angiotensina II, substância que tem duas ações: - Uma direta, que promove a vasoconstrição (aumento da resistência periférica) - Indireta, pois ela é responsável por estimular a secreção de aldosterona, responsável por reter sódio e água em nível dos túbulos renais - Todo esse processo, ao final, desencadeia um aumento da resistência periférica e um aumento do volume sanguíneo corrente - Renina - Enzima proteolítica, que quebra o angiotensinogênio em angiotensina I - É sintetizada no aparelho justaglomerular - Estímulo - Baixa [] de Na+ na máculo densa - Aldosterona - Promove reabsorção de Na+ e excreção de K+ - Provoca reabsorção de água - Sua secreção é controlada pela angiotensina II - Angiotensina II
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