Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A comunicação ou transdução de sinal entre células e tecidos envolve redes de sinalização que garantem a homeostase do organismo inteiro. Estas redes são constituídas de diferentes combinações de reações de sinalização extracelular e intracelular que permitem às células de um órgão ou tecido responder a diversos tipos de mudanças que ocorrem a partir do ambiente e do próprio organismo, garantindo a sua homeostase. A transdução de sinal intercelular envolve a passagem de um sinal para a célula alvo por meio do ambiente extracelular. A transdução de sinal intracelular compreende a decodificação desse sinal pelas células alvo. Este processo envolve a regulação passo a passo de proteínas sinalizadoras intracelulares, resultando na alteração da função das proteínas envolvidas no metabolismo, regulação gênica, transporte através da membrana e motilidade celular. Neste momento abordaremos a identificação dos principais tipos de receptores ligados a enzimas, os mecanismos de ação dos receptores e as interações com as principais proteínas da via de transdução de sinal. OBJETIVOS: identificar os principais tipos de receptores ligados a enzimas; conhecer os mecanismos de ação dos receptores; descrever as interações com as principais proteínas da via de transdução de sinal *** Fatores de crescimento São moléculas que controlam a proliferação das células eucariontes. Cada um deles possui seu receptor específico (ou podem atuar em diversos tipos celulares) e mecanismo de transmissão característico nas células alvo - NGF: fator de crescimento do nervo (neurônios) - EGF: fator de crescimento epidérmico (queratinócitos) - IGF: fator de crescimento semelhante a insulina - FDF: fator de crescimento dos fibroblastos - PDGF: fator de crescimento derivado das plaquetas (tecido conjuntivo) - HGF/SF: fator de crescimento de hepatócito/fator de dispersão - THPO: trombopoietina (plaquetas) - TGF: fator de transformação do crescimento Transdução de sinalização celular - Transdução é um sinal externo sendo efeito dentro da célula. Acontece baseado em fosforilação pelas quinases no alvo, mudando sua conformação para ativá-lo ou reprimi-lo (retirada ou adição de fosfato) - Temos um receptor da molécula sinal específica, presente na membrana celular (a célula alvo expressa o receptor que atrai a molécula sinalizadora). Uma sequencia de eventos gera uma resposta celular em cascata. Na cascata de sinalização é feita uma analogia, em que uma molécula altera outra molécula sequencialmente, até gerar a resposta celular final que podem ser fatores de transcrição resultando em indução gênica ou atuar em moléculas específicas - Temos uma molécula sinalizadora presente na membrana plasmática (externamente à célula), e a partir de uma ligação no receptor ocorre uma transdução de sinal (série de eventos dentro da célula, envolvendo adição e/ou remoção de fosfato, induzindo ou inibindo ações em determinados tipos celulares). A sinalização interna ocorre para que o sinal externo tenha efeito na célula ** - O efeito pode ocorrer diretamente em moléculas citoplasmáticas presentes ou a nível transcricional - O que é necessário para uma proteína ser direcionada e entrar no núcleo? A presença de peptídeo sinal, na extremidade terminal, permitindo que o fator de transcrição entre no núcleo celular; a conformação espacial também tem relação, por ser fundamental para função, torna acessível o domínio do peptídeo sinal. Ao entrar no núcleo eles atuam na expressão genica Julia Jordão Maiara- TXXII Integração de cascatas reguladas por diferentes receptores de superfície - Uma célula não está susceptível a apenas um sinal de via única, mas a diferentes sinais que podem ter vias comuns, independentes ou integradas (em cascatas). Havendo um mecanismo de integração para induzir ou inibir a expressão do RNA que vai configurar determinado grupos de genes (proteínas regulatórias de genes) ou proteínas citosólicas ou de membrana, levando a uma resposta celular Receptores ligados a enzimas - Existem diferentes classificações de receptores, eles podem ter uma atividade catalítica ou associados a moléculas de atividade catalítica (enzimas): - Receptores de fatores de crescimento e hormônios - Proteínas transmembrana com atividade catalítica intrínseca (principalmente fosforilação) - Atividades: proteína quinase, proteína fosfatase ou nucleotídeo fosfodiesterase - Envolvidos no controle da divisão celular, morte celular programada, ou diferenciação celular - Mutações podem gerar início ou progressão de câncer - Formam complexos diméricos (formado por duas porções) ou multiméricos (mais de duas porções) Receptores tirosina quinase (RTK) - Receptor que atua via proteína Ras (possui várias proteínas associadas, envolvidas na transdução após a ativação, direcionando uma sinalização interna que gera uma resposta celular) - O receptor RTK é um dímero que fosforila resíduos de tirosina. Quando não estão ligados a molécula sinalizadora, estão separados e inativos. Quando a molécula sinalizadora (fator de crescimento extracelular) se liga nos domínios específicos das subunidades, há uma aproximação, tornando esse receptor ativo (atividade catalítica quinase- fosforilação), fosforilando resíduos de tirosina presentes nele mesmo- autofosforilação (atrai fosfatos)-, gera uma alteração conformacional; proteínas intracelulares de sinalização passam a ter afinidade e se ligam as tirosinas fosforiladas Ras na ativação por receptor tirosina quinase - Existe um tipo de receptor RTK com várias proteínas Ras; o fator de crescimento se liga ao receptor RTK, que fosforila seus resíduos de tirosina; a proteína adaptadora se liga as tirosinas fosforiladas por afinidade, e a proteína adaptadora ativa a proteína ativadora de Ras, que auxilia na troca do GDP ligado a Ras (inativa) por GTP (ativação) causando mudança conformacional. A proteína Ras ativa induz as vias subsequentes de sinalização, por exemplo Map quinase. Cascata de map quinase após ativação por receptor rtk - A Ras atua num conjunto de quinases (Map), ativando uma cascata das mesmas pela primeira quinase, (até a Map quinase efetora) até mudança rápida de atividade de proteínas citosólicas ou de membrana, ou mudança na expressão de genes Uma molécula sinalizadora se liga ao receptor na superfície, provocando a dimerização do RTK e a auto fosforilação e, dessa forma, ativando a enzima tirosina-quinase, a qual vai atuar fosforilando (utilizando ATP) resíduos de tirosina em um substrato/proteína-alvo. Uma vez fosforilada em alguns de seus resíduos de tirosina, a proteína-alvo torna-se o ponto de nucleação para um complexo de proteínas que leva a mensagem do receptor para os alvos finais no citosol e no núcleo, por meio de uma longa série de proteínas intermediárias (RAS e MAPquinase). RAS é uma GTPase, ou seja, proteína regulatória que liga GTP (regulador critico em proliferação celular). Um fator de crescimento se liga ao receptor (RTK), ocorre a dimerização, fosforilação, então, proteínas adaptadoras se ligam ao RTK que recruta e estimula proteínas ativadoras de RAS. Essas proteínas vão atuar na retirada de GDP e inserção de GTP, dessa forma, ativando RAS. A proteína RAS ativa desencadeia a cascata de MAPquinase. RAS ativo-> 1ª MAPquinase-> 2ª MAPquinase-> 3ª MAPquinase (MAPquinase terminal efetora) A MAPquinase terminal efetora irá fosforilar fatores de transcrição no citosol e no núcleo, regulando a expressão gênica. Sinalização celular por TGF via receptor serina/treonina quinase - Uma molécula sinalizadora promove a ativação do receptor que resulta no domínio serina/treonina quinase autofosforilando a região, que recruta (afinidade) proteínas regulatórias de genes SMAD. A SMAD ativada (fosforilada e com mudança conformacional) dissocia do receptor, liga-se auma SMAD diferente (mudando a conformação dela) e desloca-se para o núcleo (possuem peptídeo sinal e passam pelo poro nuclear), se ligando a promotores de genes alterando a expressão gênica TGF-β - é uma proteína que controla a proliferação, diferenciação celular e outras funções na maioria das células (morfogênica de osso). Formam complexos homodiméricos. Mecanismo: TGF-β se liga ao receptor, o qual se auto fosforila, e em seguida recrutra e fosforila proteínas SMADs, permitindo que as SMADs se desdobrem e formem complexos diméricos com outras SMADs. Esse complexo dimerico de SMADs se desloca do citosol para o núcleo, e se associam a fatores de transcrição, modulando a transcrição de genes envolvidos do desenvolvimento e diferenciação de tecidos. - Sem a sinalização, não há ativação do receptor e sua consequente fosforilação; não há mudança conformacional, e elas não passarão pelo poro nuclear, não alterando a expressão genica. SMAD são fatores de transcrição Sinalização celular por NGF via receptor serina/treonina quinase - Os receptores são sinalizados por citocinas. Eles não possuem atividade de quinase, um domínio de fosforilação de resíduos de aminoácidos; e por isso, utilizam uma quinase associada a eles (tirosina quinase JAK- Janus quinase). Quando a citocina se liga ao receptor, a quinase JAK inativa é ativada e passa a se autofosforilar e fosforilar o domínio no receptor, mudando a conformação, o que atrai (afinidade) proteínas envolvidas na sinalização, regulatórias de genes STAT. As STATs ativadas dimerizam e deslocam-se para o núcleo, onde atuam em um gene alvo (promotor) - Citocinas são polipeptídios secretados que regulam o crescimento e diferenciação celular (células hematopoiéticas). São multiméricas, ou seja, possuem diferentes subunidades. Não possuem atividade enzimática intrínseca. Exemplos: - Interleucinas: são interlocutores de informações entre leucócitos durante a resposta imune e inflamatória - Interferon: interferem nas funções de células e tecidos infectados por vírus e bactéria. A ligação de alta intensidade da citocina, geralmente, requer interação com pelo menos duas subunidades de receptores diferentes. Mecanismo: A citocina se liga aos receptores, desencadeando mudanças conformacionais na porção intracelular do receptor, facilitando a associação com outras enzimas transdutoras de sinal, como quinase SRC e JAKs. As SRC e JAKs são ativadas ao se ligarem a receptores de citocina. Essa ativação fosforila outras subunidades do receptor, gerando sítios de ligação para proteínas regulatórias de gene, os STATs. As STATs ativadas, se dimerizam e deslocam-se para o núcleo, associando-se a outras proteínas regulatórias de genes. Subclasses de proteína G - Receptores acoplados a proteína G (GPCRs) são importantes na sinalização endócrina, sináptica, parácrina em quase todos os tecidos - Cada conjunto desses subtipos de proteína G, possui uma atuação diferente - Proteínas regulatórias heterotriméricas que se ligam a GTP (proteína G) - Alfa: ligação e clivagem do GTP- crítica para a ligação com GPCR. Diferentes subunidades α geram diferentes respostas - Beta e gama: interação da subunidade alfa com GPCR e proteínas efetoras a jusante Receptores acoplados a proteína G (GPCRs) - A proteína G é composta de 3 subunidades (alfa, beta e gama) - Duas principais cascatas sinalizadoras: vias de AMPc ou fosfatidilinositol - A via a ser ativada depende do tipo da subunidade alfa (Gαs- estimula-; Gαi- inibe-; Gαq- regula a atividade da fosfolipase-; Gα12/13) - O GDP está ligado a alfa quando está inativa - Quando o ligante se liga ao receptor muda sua conformação permitindo que a proteína G seja ativada (GDP é trocado por GTP) - A proteína G se dissocia do receptor e das demais subunidades e as subunidades atuam em suas vias - A proteína G é trimérica, ou seja, formada por três subunidade, alfa, beta e gama. A subunidade alfa pode estar ligada à GDP ou à GTP. Quando ligada a GDP, a proteína G está inativa, enquanto ligada a GTP está ativa. Mecanismo da proteína Gs - Gαs liga-se a Adenilato Ciclase (AC) e estimula a produção de AMPc a partir do ATP - Um ligante interage com o receptor metalotrópico, o qual sofre uma alteração conformacional e interage com a proteína G. Nesse momento, a subunidade alfa perde afinidade pelo GDP e ganha afinidade por GTP. Ligada ao GTP, a subunidade alfa se dissocia da proteína G e interage com a adenilato-ciclase (AC), tornando-a ativa. Quando ativa, a adenilato- ciclase converte o ATP em AMPc, o qual atua se ligando a subunidade regulatória da proteína quinase-A, promovendo a dissociação da subunidade catalítica (proteína quinase-A ativa). A proteína quinase-A fosforila outras proteínas (fatores de transcrição e substratos enzimáticos), levando a resposta celular (abertura de canais iônicos, ativação de proteínas transportadoras e regulação da expressão genica). Mecanismo da proteína Gq - Um ligante interage com o receptor metalotrópico, o qual sofre uma alteração conformacional e interage com a proteína G. Nesse momento, a subunidade alfa perde afinidade pelo GDP e ganha afinidade por GTP. Ligada ao GTP, a subunidade alfa se dissocia da proteína G e interage com a fosfolipase-C (PLC). Ao interagir com a PLC, a subunidade alfa-GTP é capaz de ativar essa enzima. Uma vez ativada, a PLC vai transformar o fosfolipídio da membrana em IP3 e DAG. O DAG possui função de ativar a proteína quinase-C, enquanto o IP3 se liga em canais de cálcio presentes no reticulo sarcoplasmático, promovendo a abertura desses canais e o extravasamento de cálcio para o citoplasma. No citoplasma, o cálcio interage com a calmodulina, formando o complexo cálcio- calmodulina, que vai ativar a proteína quinase-C, a qual irá fosforilar proteínas intracelulares, levando a resposta celular. - Via fosfatidilinositol: Gαq/ liga-se a fosfolipase C (PCL) e catalisa a clivagem de fosfatidilinositol 4,5 bifosfato (PIP2) em segundos mensageiros inosito 1,4,5 trifosfato (IP3) e diacilglicerol (DAG). O IP3 vai se ligar ao canal de cálcio do retículo, que vai para o citoplasma. DAG se liga ao PKC que vai fosforilar outros alvos (pode se ligar ao PKC ou atuar em outras vias de sinalização) AMP cíclico é um segundo mensageiro, é diferente do AMP que sofre fosforilação para dar origem ao ATP. Sofreu uma reação de esterificação que não pode ser utilizado fosfato nele. Gs liga-se à AC e estimula a produção a partir de ATP; Gi lig-se à AC e inibe a produção Papel da proteína quinase A na sinalização por AMPc - A molécula sinalizadora ativa a proteína g que ativa adenilato ciclase que ativa por fosforilação a proteína citosólica PKA (e outros alvos com vias de sinalização) que entra no núcleo regulando a expressão dos genes Mecanismo da proteína Gi/G0 - Gαi/o liga-se a AC e inibe a produção de AMPc (atua como segundo mensageiro pois atua dentro da célula a partir de um pirmeiro estímulo) - Um ligante interage com o receptor metalotrópico, o qual sofre uma alteração conformacional e interage com a proteína G. Nesse momento, a subunidade alfa perde afinidade pelo GDP e ganha afinidade por GTP. Ligada ao GTP, a subunidade alfa se dissocia da proteína G e interage com a adenilato-ciclase (Aci), inibindo essa enzima. Dessa forma, não ocorre a conversão de ATP em AMPc, diminuindo a concentração de AMPc no meio intracelular, tendo como consequência a menor taxa de ativação da proteína quinase e, por fim, a redução da resposta celular. As subunidades beta e gama da proteína G interagem com canais de potássio, permitindo a abertura desses canais e a saída de potássio do interior da célula, provocando uma hiperpolarização celular, reduzindo a função celular. Movimentação de Ca2+ - O cálcio também atua na transdução de sinal: contração muscular, secreção dehormônios e neurotransmissores, migração celular e regulação gênica - Retorno do Ca2+: transportador Na+/Ca2+ e transportador Ca2+ Regulação da calmodulina e de proteína quinases reguladas por Ca2+ - Calmodulina (CaM) amplamente expressa - Ativação de diversas proteínas quinases, fosfatase e óxido nítrico sintases - Modula enzimas, canais iônicos, proteínas contráteis e proteínas reguladoras de genes - Cálcio se liga a calmodulina; há uma conformação; ela ativa atua na ativação de diversas proteínas quinases, fosfatase e óxido nítrico sintases; modula enzimas, canais iônicos, proteínas contráteis e proteínas reguladoras de genes Integração de cascatas reguladas por diferentes receptores de superfície - Não temos somente um tipo de receptor para um tipo de molécula sinalizadora; existem diversos sinais que geram diferentes vias de sinalização, que podem se intercomunicar ou não, na atuação em diferentes sinais. Exemplo: sinalização celular por PDGF
Compartilhar