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Anamnese obstétrica 1. Fecundação É a união do óvulo com o espermatozoide. A cada 28 dias, em média, um óvulo maduro é liberado do ovário, cai na cavidade abdominal e é aspirado pelas fímbrias da região distal da tuba uterina. Ademais, a fecundação ocorre na ampola, que corresponde à região mais dilatada da tuba. 2. Fecundação e Transporte ovular A fecundação ocorre na porção ampolar da trompa O espermatozoide ascende pela vagina e pelo colo do útero e se aloja na região distal da trompa, onde irá penetrar no óvulo De acordo com os critérios religiosos (Igreja Católica), considera-se como vida a partir da fecundação. Por sua vez, de acordo com critérios jurídicos e médicos, considera-se como vida a partir da nidação (quando o feto penetra na cavidade endometrial e ali se fixa). Após a fecundação, o ovo se divide em 2, 4, 8, 16, 32, 64 (mórula), 128 células. É transportado por 4 a 5 dias através da trompa. O ovo passa por um mecanismo chamado transporte ovular, que dura em torno de 4 a 5 dias, no qual vai sair da região ampolar e migrar até a cavidade endometrial. No 5-6º dia, o ovo chega à cavidade endometrial – blastocisto. O ovo dá origem à mórula, a qual forma uma cavidade em seu interior (que posteriormente contribuirá para a formação da cavidade amniótica) e, então, passa a ser chamada de blastocisto. 3. Nidação (6° ao 9° dia) O blastocisto atinge a cavidade endometrial no 5-6º dia após a fecundação (19º dia do ciclo) A nidação ocorre em até 7 dias, na região fúndica do útero (decídua basal). A nidação corresponde à fixação do ovo na cavidade endometrial. Quando a nidação não ocorre na região fúndica do endométrio, pode haver algum problema na evolução da gravidez. Decídua: endométrio secretor (↑ glicoproteína) – basal, capsular e parietal O blastocisto vai se fixar em uma área do endométrio que sofre ação da progesterona e é chamada de decídua endometrial. Tal área é rica em glicogênio e corresponde à região mais vascularizada do útero, portanto, é a região mais apropriada para que o ovo se fixe no endométrio e comece a penetrar nas suas camadas superficiais. Vale dizer que existem vários tipos de decídua e o local em que há fixação do ovo corresponde à decídua basal, a qual se localiza na região fúndica do endométrio. Trofoblasto: nutrição fetal até 12º dia Uma vez que ocorreu a nidação, o blastocisto se insere na decídua (camada do endométrio estimulada pela progesterona) e começa a emitir projeções, que são chamadas de trofoblasto e, posteriormente, irão produzir o hormônio da gravidez. Formação do cito e sinciciotrofoblasto (nutrição histotrófica). O blastocisto irá formar duas camadas principais: citotrofoblasto (camada interna) e sinciciotrofoblasto (camada externa que é responsável pela produção do βHCG – hormônio gonadotrofina coriônica). Ambas camadas são genericamente chamadas de trofoblasto, cuja função é originar a placenta e contribuir para a nutrição fetal no início da gravidez. Nesse estágio, percebe-se que o ovo ainda não possui conexão com os vasos sanguíneos. Portanto, a nutrição do feto se dá através da difusão dos nutrientes pelo trofoblasto, sendo denominada nutrição histotrófica. Até este momento, não existe circulação materno-fetal. 4. Saco vitelino (9° ao 12° dia) Conforme a gravidez evolui, o ovo penetra completamente na camada externa do endométrio e passa a fazer conexões com os vasos sanguíneos. A partir desse momento, há conexão entre o sangue materno e o sangue fetal. 5. Período pré-viloso Há a formação de um espaço entre o trofoblasto e os vasos sanguíneos, sendo que, posteriormente, eles irão se conectar, permitindo a troca sanguínea. 6. Vilosidades coriônicas e decídua basal, capsular e parietal Consiste em uma fase mais evoluída da gestação, na qual é possível visualizar as projeções do trofoblasto que vão se aderir aos vasos sanguíneos endometriais e a formação das decíduas (basal, capsular e parietal). A decídua basal corresponde à decídua formada na região fúndica do útero, que é o local onde ocorre a nidação do feto geralmente. A decídua capsular e a decídua parietal correspondem, respectivamente, à decídua que recobre o feto e àquela que reveste o endométrio. O endométrio não-grávido é chamado apenas de endométrio. Por sua vez, o endométrio grávido, que é estimulado pela progesterona, é chamado de decídua. Ademais, o endométrio antes da ovulação é chamado de endométrio secretor e após, é chamado de endométrio proliferativo. A progesterona se mantém em níveis elevados até o 23º dia do ciclo menstrual e, a partir daí, seu nível começa a cair até que no 28º dia o endométrio começa a se desfazer e a mulher vai menstruar. Durante a gravidez, o sinciciotrofoblasto produz o hormônio gonadotrofina coriônica (βHCG), cujos níveis elevados estimulam o ovário a manter a produção de progesterona elevada além do 23º dia. Isso permite que as células do endométrio se proliferem e adquiram grande quantidade de glicogênio. Dá-se o nome de decídua à região do endométrio estimulada pela progesterona. No 14º dia do ciclo menstrual, a mulher ovula e, quando isso ocorre, a cápsula do ovo passa a se chamar corpo lúteo, o qual produz progesterona durante 10 dias, ou seja, até o 23º dia. Se no 23º dia não houver estímulo do βHCG (mulher não engravidou), o corpo lúteo começa a regredir, então, o nível de progesterona reduz e a mulher menstrua. O endométrio é formado por três camadas. As camadas superficial e intermediária são eliminadas na menstruação, ao passo que a camada basal é responsável pela proliferação do endométrio para o próximo ciclo menstrual, a partir do estrogênio. 7. 28° dia Início da atividade cardíaca fetal e da troca de sangue materno-fetal (nutrição hemotrófica). A partir do momento em que as células do trofoblasto começam a ter conexão com o sangue materno na camada profunda do endométrio, inicia-se a nutrição hemotrófica, ou seja, a nutrição do feto se dá através do sangue materno. Vale lembrar que antes disso era a nutrição histotrófica. O feto possui DNA do pai que é visto como um corpo estranho para a mãe. Por isso, a reação antígeno-anticorpo é uma das principais causas de aborto. 8. Diagnóstico de gravidez Gravidez: é considerada após a implantação do ovo no útero. Ela dura em média 280 dias ou 40 semanas ou 10 meses lunares A partir do momento em que ocorre a nidação do feto, ele começa a produzir βHCG, então, considera-se gravidez em termos médicos. Ovo → até 2 semanas após a niidação → embrião → 3ª semana até 8ª semana → feto → após 8ª semana 9. Tempo de gravidez: ACOG 2013 Definition of term pregnancy. Committee Opinion No. 579. American College of Obstetricians and Gynecologists. Obstet Gynecol 2013;122:1139–40. Em relação à idade de gestação: Gestação pré-termo: < 37 semanas Os fetos prematuros apresentam maior risco de desconforto respiratório e necessidade de UTI e intubação. Termo precoce: ≥ 37 semanas até 38 semanas e 6 dias Termo completo: ≥ 39 semanas até 40 semanas e 6 dias Aproximadamente, 90% dos partos acontecem entre 39 e 40 semanas. A data provável de parto é sempre considerada em relação às 40 semanas de gestação, visto que corresponde ao momento ideal para o nascimento do feto. Termo tardio: ≥ 41 semanas até 41 semanas e 6 dias Pós-termo: após 42 semanas Vale lembrar que termo está relacionado à maturidade do feto. Subjetivo Atraso menstrual (chama atenção da mulher), mastalgia (dor ou inchaço como se estivesse no período pré-menstrual) e aumento do volume abdominal Náuseas com ou sem vômitos, em torno de 6 semanas de gestação Aversão ou desejo por alimentos – relacionados às mudanças hormonais As náuseas e as alterações referentes à alimentação estão relacionadas aos níveis elevados de gonadotrofina coriônica. O βHCG apresenta níveis extremamenteelevados até a 12ª semana. Prisão de ventre devido à diminuição do peristaltismo intestinal, que está relacionado às altas concentrações de progesterona Variações de humor Hipotensão A formação de shunt arteriovenoso entre a mãe e o embrião causa uma região de baixa pressão e desvio sanguíneo, resultando na liberação de alguns hormônios que causam hipotensão materna. Desmaios e vertigens Temperatura basal elevada Objetivo βHCG → +11 dias após o pico do LH ou 9 dias após a ovulação ou entre 7 a 10 dias após a niidação. Na prática, de 3 a 5 dias de atraso menstrual. No ciclo menstrual, a mulher ovula no 14º dia e, aproximadamente, dois dias antes disso ocorre o pico do LH. Na prática, espera-se um mês de atraso menstrual, pois, caso a mulher esteja grávida, ela apresentará níveis elevados de hormônio. Ultrassonografia: após a 4ª/5ª semanas, visualiza-se a vesícula vitelínica A partir da 4ª semana, é possível visualizar algo na cavidade uterina, mas não é possível ter certeza que se trata de um embrião. O ideal é realizar o ultrassom a partir da 6ª semana, pois permite a visualização dos sinais de gravidez intra-uterina. Ausculta fetal (batimentos cardíacos fetais (BCF) a partir da 14-16ª semana) e palpação uterina (na região suprapúbica) Modificações gravídicas: mamas (aumento das mamas, alteração na coloração dos mamilos e do alvéolo mamilar), aumento do útero, arroxeamento da vulva e vagina, pele (alteração de oleosidade e de coloração, manchas na face – cloasma gravídico), marcha Os sintomas gravídicos se iniciam após a 6ª semana de gestação. 10. Anamnese obstétrica Identificação Idade Considera-se como pré-natal de alto risco todas as mulheres abaixo de 18 anos e acima de 35 anos Cor Naturalidade Procedência Questões relacionadas às condições sociodemográficas da paciente, interferindo na qualidade do pré-natal e no acesso aos serviços de saúde Endereço Dados Socioeconômicos Instrução Quanto maior a instrução da paciente, maior é seu entendimento sobre a importância do pré-natal, orientações sobre hábitos de vida, medicações e repouso. Por exemplo, uma gestante diabética precisa seguir uma dieta alimentar rigorosa para diminuir o risco de malformação fetal, prematuridade e outras complicações. Profissão/ocupação Algumas profissões estão expostas ao risco de malformação fetal, por exemplo, técnica de raio X e anestesista que usa halogenados. Situação conjugal Uma gravidez planejada e com acompanhamento do parceiro apresenta melhor adesão ao pré-natal. Por sua vez, uma gravidez não-planejada ou indesejada apresenta pior adesão, principalmente por parte das adolescentes. Número e idade de dependentes As multíparas tendem a fazer menos consultas Renda per capta Está relacionada à acessibilidade médica. O ideal é ter uma avaliação da assistente social a respeito da renda econômica. Condições de saneamento Algumas situações, como anemia e parasitoses, provocam repercussões fetais. Queixas Queixa principal Questionar se a paciente tem alguma queixa (na maioria das vezes, é dor) e relacionar com o ciclo gravídico HPMA - Dor: tipo, localização, intensidade, duração, irradiação, fatores de melhora ou piora e fatores acompanhantes A dor tipo cólica na região de hipogástrio ou dor em baixo ventre que melhora com Buscopan é característica da gestante. - Perdas de secreções ou líquidos: quantidade, cor, odor, viscosidade e fatores acompanhantes → todas as perdas precisam ser caracterizadas As perdas de secreções ou líquidos podem ser: secreção vaginal fisiológica (há aumento na gravidez), corrimento patológico, sangramento vaginal, urina (a gestante perde urina inconscientemente devido aos altos níveis de progesterona que relaxam a musculatura lisa da uretra e da bexiga, predispondo à perda urinária), líquido amniótico (em casos de gestação mais avançada). - Contrações: intensidade (forte, moderada ou fraca), frequência (de quanto em quanto tempo), duração (quanto tempo dura) e fatores acompanhantes (quando levanta, senta, anda – contrações estimuladas por atos mecânicos) O trabalho de parto é caracterizado por 3 contrações fortes em menos de 10 minutos. Ademais, as contrações são mais comuns no 3º trimestre, a partir da 28ª semana de gravidez. Antecedentes pessoais Doenças prévias: HAS e DM (tendem a piorar durante a gravidez), cardiopatias (podem estar relacionadas à má-formação cardíaca fetal), renais (principalmente à direita, ocorre obstrução do ureter entre a 16ª e 20ª semana de gestação – a presença de cálculo renal aumenta as chances da mulher ter pielonefrite; doença renal prévia à gravidez pode piorar a capacidade renal; a gravidez em pacientes renais crônicas também prejudica o funcionamento renal), pulmonares (aumento da frequência de asma na gravidez), colagenoses (lúpus (é a mais comum), artrite reumatoide e polimiosite – são endoarterites que pioram durante a gravidez), tireoide (tendência ao hipotireoidismo durante a gravidez), doenças congênitas (ex.: lábio leporino), neuropsiquiátricas (a pressão social acerca da gestação pode piorar uma doença de base, por exemplo, um quadro depressivo pode piorar em um ambiente hostil), anemias, viroses (predisposição a processos infecciosos, principalmente virais), alergias (piora da asma e da bronquite durante a gravidez), uso de medicações (alguns medicamentos são proibidos, pois possuem ação deletéria, como os anti inflamatórios), gestação planejada, hábitos, tabagismo e drogadição (prejuízo para o feto), traumas e fraturas (ex.: fratura de bacia e AVC hemorrágico são indicações de cesárea), cirurgias ginecológicas (ex.: suspensão da bexiga por causa de incontinência urinária (a principal causa é o parto normal) é indicação de cesárea), etc As pacientes com lúpus descontrolado possuem altas chances de hipertensão e aborto. O diabetes mellitus é a principal causa de malformação congênita. As pacientes com diabetes e lúpus são nefropatas, visto que a imunidade prejudica a função renal. Se a gestante possui uma IST ativa, por exemplo úlcera vulvar de herpes, é necessário mudar a via obstétrica de parto normal para cesárea, devido ao risco de contaminação do feto. Calendário vacinal: H1N1 (influenza), dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto que imuniza contra difteria, tétano e coqueluche – a mãe toma a vacina dTpa e passa a imunidade para o feto) e hepatite B (risco de contaminar o feto, além de ser uma IST altamente letal) Antecedentes obstétricos Número de gestações: Gestação Paridade Aborto Cesariana – G P A C Em gestantes (se a mulher está grávida atualmente): G2P1A0C0: segunda gestação, um parto normal anterior, nenhum aborto e nenhuma cesárea G3P2A0C2: terceira gestação, dois partos, sendo duas cesáreas G3P2A0C1: terceira gestação, dois partos, sendo uma cesárea e nenhum aborto G6P5A0C0: sexta gestação, cinco partos normais, nenhum aborto, nenhuma cesárea G4P0A3C0: quarta gestação, nenhum parto, três abortos, nenhuma cesárea G3P1A1C1: terceira gestação, um parto, sendo uma cesárea e um aborto (se não fosse aborto, seria P2) G2P2A0C0 (gemelar): segunda gestação, dois partos normais (parto gemelar), nenhum aborto, nenhuma cesárea Em mulheres não-grávidas: G1P1A0C0: uma gestação, um parto normal, nenhum aborto e nenhuma cesárea G2P2A0C2: duas gestações, dois partos, sendo duas cesáreas e nenhum aborto G5P4A1C2: cinco gestações, quatro partos, sendo dois partos normais, duas cesáreas e um aborto G3P4A0C3 (gemelar): três gestações, quarto partos, sendo três cesáreas (gestação gemelar) → se tem parto (P) a mais do que gestação (G), pensar em gemelaridade Abortos (quantas semanas) e cesarianas (causas) Os abortos são divididos em aborto precoce (abaixo de 12 semanas) e aborto tardio (acima de 12 semanas). É importante saber com quantas semanasocorreu o aborto, visto que cada um possui suas causas. Também se deve questionar a respeito de quantas cesarianas a mulher teve e quais os motivos para isso (ex.: bacia estreita e pouca dilatação são indicações para cesariana). A partir de 2 cesarianas, é indicado fazer cesariana nas gravidezes subsequentes. Números de filhos vivos, peso dos RN (recém-nascidos) anteriores, partos prematuros (quantas semanas) Os fetos acima de 4 Kg estão relacionados à diabetes mellitus gestacional. Uma mulher que já teve um parto prematuro possui 15% de chance de ter outro parto prematuro. Nesses casos, é importante orientar a mãe que, em torno de 34 semanas de gestação, procure uma cidade que tenha infraestrutura com hospital com UTI para que o bebê prematuro tenha condições de nascimento. Intervalos entre as gestações (intervalo mínimo de um ano entre as gestações), mortes neonatais (natimorto – nasceu morto ou neomorto – nasceu e morreu) Recomenda-se um intervalo mínimo de 12 meses entre as gestações, para diminuir os riscos da gravidez, como ruptura uterina, trabalho de parto prematuro, aborto, hipertensão e diabetes. Ex.: Mulher que teve um parto em janeiro e engravidou em novembro: é uma gestação de alto risco com chances de complicações É necessário saber as causas das mortes neonatais Malformações anteriores, intercorrências clínicas durante e no pós- parto Antecedentes ginecológicos Ciclo menstrual: duração, intervalo e regularidade Uso de métodos contraceptivos DST (doença sexualmente transmissível – ex.: sífilis e herpes) – IST é o termo mais adequado atualmente. A existência de DST ativa, até 4 semanas antes do parto, muda a via de parto! Nesses casos, a mulher não pode ter parto normal e precisa fazer cesárea. É comum o aparecimento de herpes durante a gravidez devido à imunossupressão. Cirurgias ginecológicas prévias Doenças da mama Papanicolaou – citologia oncótica Antecedente familiares Hipertensão Diabetes As filhas de mães hipertensas e diabéticas tem maior chance de desenvolver hipertensão arterial e diabetes mellitus durante a gravidez. Doenças congênitas (podem ter caráter familiar) Gemelaridade: risco de gemelaridade é aumentado se a gestante é filha de mães gêmeas, é filha de pais gêmeos ou possui irmã gêmea. Câncer Consanguinidade A consanguinidade diminui a variabilidade genética, aumentando o risco de malformações fetais. Interrogatório dos diversos aparelhos (IDA) Perguntar sobre outras queixas, não necessariamente relacionadas à gravidez Apesar de ser uma consulta de pré-natal, é necessário perguntar a respeito das outras queixas da mulher (ex.: micose, enxaqueca, outros), bem como trata-las. Cálculo da idade gestacional (IG) e data provável de parto (DPP) Data da última menstruação (DUM): 1º dia da menstruação = 1º dia do ciclo A gestação tem duração de 40 semanas lunares ou 280 dias. Os cálculos referentes à IG e DPP são feitos com base na gestação de 40 semanas. Idade gestacional (IG): Σ da DUM até a data da consulta ÷ 7 Exemplo: DUM: 18/12/2020 Soma do número de dias entre o dia 18 de dezembro (DUM) até o dia 04 de agosto (data da consulta) e divide por 7 13 (dezembro) + 31 (janeiro) + 29 (fevereiro) + 31 (março) + 30 (abril) + 31 (maio) + 30 (junho) + 31 (julho) + 04 (agosto) = 230 230 dias ÷ 7 = 32 semanas e 6 dias O resultado da divisão é dado em semanas (número inteiro) e dias (resto da conta) e corresponde à idade gestacional Data provável do parto (DPP): regra de Naegele: soma-se 7 aos números de dias e subtrai-se 3 do mês (ou some 40 semanas) da DUM, exceto quando a soma dos dias ultrapassar o mês, subtrai-se 2 do mês DUM: 15/12/2020 → DPP: 22/09/2021 15 (número de dias) + 7 = 22 (dia) 12 (mês – dezembro) – 3 = 9 (mês – setembro) Então, a DPP é 22/09/2021 DUM: 28/10/2020 → DPP: 04/08/2021 28 (número de dias) + 7 = 35 → ultrapassa o número de dias do mês → avança para o mês seguinte → 4 (dia) 10 (mês – outubro) – 2 = 8 (mês – agosto) Então, a DPP é 04/08/2021 Exemplo: 04/08/2021 Cálculo pela ultrassonografia: utilizar a mais precoce Obs.: O ultrassom mais precoce não é o mais recente! Entre um ultrassom de 12 semanas e um de 20 semanas, deve-se optar pelo ultrassom de 12 semanas para o cálculo da idade gestacional. Quanto mais velho é o feto, mais alterações ele apresenta (peso, comprimento, morfologia), logo, menos fiel é o ultrassom. DUM = ??? (desconhecida) É comum que as pacientes não se lembrem da data da última menstruação. Idade gestacional (IG) pela ultrassonografia: Σ do US mais precoce até a data da consulta ÷ 7, somado às semanas e dias informados no ultrassom US: 10/01/2021 = 12 semanas 3 dias IG: 04/08/2021 = ? Soma o número de dias entre o dia 10 de janeiro (US mais precoce) até o dia 04 de agosto (data da consulta) e divide por 7 Σ 21 (janeiro) + 29 (fevereiro) + 31 (março) + 30 (abril) + 31 (maio) + 30 (junho) + 31 (julho) + 04 (agosto) = 207 Depois da divisão, soma as semanas e os dias já considerados no ultrassom 207 ÷ 7 = 29 semanas 4 dias + 12 semanas 3 dias (ultrassom) = 41 sem 7 dias IG: 04/08/2021 = 42 semanas 11. Exame físico geral Peso e avaliação nutricional Quanto maior o peso, maior o risco de hipertensão e diabetes. Na mulher obesa, a placenta possui atividade alterada, podendo desencadear a liberação de substâncias hipertensivas, além de possuir a atividade da glândula suprarrenal aumentada. As mulheres obesas possuem dificuldade para engravidar, visto que o excesso de hormônios periféricos interfere na ovulação adequada. As mulheres obesas possuem resistência periférica à insulina e, além disso, os hormônios lactogênio placentário, estrogênio e progesterona são diabetogênicos, predispondo o desenvolvimento de diabetes na gestação. Por sua vez, as mulheres muito magras ou anoréxicas são tidas como desnutridas e, se engravidarem, o feto pode ter escassez de nutrientes, consequentemente, óbito por restrição do crescimento intra-uterino. Nesse sentido, o peso da mulher deve ser ideal (IMC entre 20 e 25) para que ela tenha uma gestação adequada. Pressão arterial: sentada após repouso de 10 minutos, com o braço esquerdo a nível do coração Estatura: IMC Mucosas: anemia, icterícia A gestante tende à anemia ferropriva (hipocrômica e microcítica) e à hemodiluição (o aumento do plasma diminui o hematócrito). Cardiorrespiratório A gestante tem sobrecarga cardíaca, visto que há aumento da volemia em 50% durante a gestação, pois parte do sangue materno é desviado para o feto. Nesse sentido, mães cardiopatas podem descompensar durante a gravidez, no parto ou no puerpério. Além disso, o diafragma se retifica, pois há aumento da pressão intra-abdominal, provocando dispneia. Por fim, também há aumento da frequência de asma, bronquite e DPOC na gravidez. Tireoide Durante a gestação, há aumento fisiológico da tireoide em decorrência do aumento da gonadotrofina coriônica e da tendência ao hipotireoidismo. Abdome Observar presença de cicatrizes e dor à palpação MMII: edema, perfusão, varizes As gestantes possuem 20 vezes mais risco de terem trombose venosa em relação às mulheres não-gestantes. Nesse sentido, é necessário heparinizar as pacientes com quadros de edema, má perfusão e varizes, devido ao risco elevado de trombose na gravidez, o qual pode ser extremamente letal (ex.: tromboembolismo pulmonar). Além disso, o risco de trombose pode ser reduzido pelo uso de meias elásticas até o tornozelo, no mínimo, uso de medicamentos vasodilatadores e elevação dos membros. Exame físico Exame mamário: tamanho, simetria, características dos mamilos (protruso ou não – interferência na amamentação), palpação (atenção para o câncer de mama) e expressão (compressão do complexo aréolo-mamilar observando se há saída de secreção) Palpação obstétrica: Leopold(principal técnica de palpação do abdome gravídico) A palpação obstétrica, aliada à medida da altura uterina, permite inferir informações a respeito do tamanho do feto. Em caso de dúvidas, pode-se solicitar um ultrassom, o qual é um excelente método para avaliação do peso do feto. O médico visa fetos com peso abaixo de 4 kg, visto que acima disso são considerados como fetos patológicos. Geralmente, esses fetos são filhos de mães diabéticas e possuem maior risco de mortalidade durante o parto, visto que eles podem ficar encalacrados na vagina, indicando-se cesariana. Medida da altura uterina: da borda superior da sínfise púbica ao fundo uterino A altura uterina de uma gestação de 40 semanas corresponde de 36 a 38 cm. A altura uterina está relacionada à idade gestacional e é aceitável um erro de -2 ou +2 cm. Por exemplo, uma paciente com idade gestacional de 28 semanas deve ter altura uterina entre 26 e 30 cm. Caso ela apresente altura uterina fora desses valores, como 23 cm ou 35 cm, é necessário investigar. A altura uterina maior do que o esperado pode estar relacionada com mioma (tumor benigno do útero) e com gestação gemelar. A altura uterina evidencia fetos com macrossomia (ex.: filhos de mães diabéticas) e também com restrição de crescimento intra uterino (ex.: filhos de mães hipertensas). Nesses casos, deve- se solicitar o ultrassom a fim de avaliar o peso fetal. Ausculta do BCF (batimentos cardíacos fetais): +/- 14 a 16ª semana Os batimentos cardíacos fetais podem ser auscultados pelo estetoscópio de Pinard e pelo doppler. Exame ginecológico: observa genitais externos Deve-se realizar o exame ginecológico completo, inclusive com a coleta do Papanicolaou e com o teste de ácido acético e teste de Schiller. Especular: corrimento, avaliar o colo e lesões Toque vaginal (bimanual): posição, consistência, esvaecimento e dilatação Na gestante, é preciso avaliar a posição do colo que geralmente é posteriorizado. Vale lembrar que 60% das mulheres possuem o útero anterovertido (voltado para a frente), enquanto 40% das mulheres possuem o útero retrovertido (voltado para trás). O colo não gravídico é mais endurecido e possui consistência semelhante à ponta do nariz. Durante a gravidez, há aumento da circulação sanguínea, então ocorre amolecimento do colo do útero (é um dos sinais gravídicos) que possui consistência semelhante aos lábios durante um assovio. Durante a gravidez, o colo vai esvaecendo (afinando), pois isso permite maior dilatação 13. Estática fetal- palpação Técnica: decúbito dorsal ou a 45º O examinador deve se posicionar à direita da mulher. O ideal é realizar a palpação e observar a cara da paciente simultaneamente, pois se ela fizer careta é um sinal de dor, a qual precisa ser explorada e investigada. Palpação: técnica alemã de Leopold 1º tempo: exploração do fundo uterino Com as mãos unidas e posicionadas no fundo do útero (mudança em sua posição de acordo com a evolução da gravidez), deve-se realizar a sua palpação. Entre 20 e 22 semanas, o fundo do útero se encontra na cicatriz umbilical, ao passo que ao final da gravidez, ele estará localizado embaixo do processo xifoide. 2º tempo: exploração do dorso Consiste na exploração do dorso fetal, que pode estar à direita ou à esquerda da mãe 3º tempo: mobilidade cefálica ou apresentação Avaliação de qual polo fetal está localizado na bacia materna, podendo ser a cabeça (apresentação cefálica), a pelve (apresentação pélvica) ou os ombros (apresentação córmica) 4º tempo: exploração do estreito superior – confirma a apresentação Técnica de Leopold Palpação obstétrica: reconhecer a atitude (feto em semiflexão generalizada), situação fetal intrauterina (relação do maio eixo fetal com o maior eixo materno; geralmente, é longitudinal), a posição (localização do dorso à direita ou à esquerda materna) e a apresentação (parte fetal localizada na bacia) 1º tempo de Leopold: palpação do fundo do útero, com as duas mãos unidas 2º tempo de Leopold: palpação do dorso fetal O médico deve manter as mãos separadas por uma distância de 15 cm aproximadamente, na linha hemiclavicular da mãe, para percorrer toda a extensão do útero com as mãos paralelas. O dorso do feto é sólido e pode ser sentido como uma palpação contínua; se o examinador perceber que palpou algo pontudo seguido de um espaço é um indício de que o dorso fetal está do outro lado. 3º tempo de Leopold: avaliação da mobilidade cefálica e da apresentação do feto A apresentação fetal corresponde ao polo do bebê localizado na bacia materna. Para que seja identificada, o médico deve fazer uma pega com a mão em garra e segurar o polo fetal, que pode ser a cabeça, a pelve ou o ombro. 4º tempo de Leopold: confirmação da apresentação fetal 13a. Estática fetal: altura uterina (AU) e ausculta Técnica: decúbito dorsal ou a 45º Altura uterina: da borda superior da sínfise púbica ao fundo uterino. Cresce +/- 4 cm a cada 28 dias Para medir a altura uterina, o médico deve palpar a borda superior da sínfise púbica e, com a outra mão espalmada, atingir o fundo do útero. A altura uterina é coincidente com a idade gestacional, considerando-se um erro de -2 a +2 cm, principalmente após a 28ª semana de gestação. Quando a cabeça do bebê “encaixa”, há diminuição da altura uterina, indicando que o momento do parto está se aproximando. Ausculta obstétrica: da linha pectínea ao umbigo, no terço médio – linha de Ribemont-Dessaignes (linha imaginária), nas cefálicas, sobre o dorso fetal Para auscular os batimentos cardíacos fetais, é necessário determinar em qual lado está o dorso do bebê, pois a ausculta é feita través da escápula anterior do feto. Ex.: Feto em apresentação cefálica com dorso à esquerda: traçar uma linha imaginária entre a espinha ilíaca antero- superior esquerda e o umbigo da mãe para localizar o local da ausculta fetal → no terço médio dessa linha estará o coração do feto Possíveis locais para se fazer a ausculta cardíaca fetal É possível auscultar os batimentos cardíacos fetais a partir da 14ª/16ª semana 14. Atitude fetal Atitude fetal: é a relação das diferentes partes fetais entre si → flexão da coluna → cabeça fletida e queixo sobre o tórax → coxas fletidas sobre a bacia → braços fletidos sobre o tórax → formando-se dois polos: o cefálico e o pélvico O feto está em atitude de semiflexão generalizada, pois corresponde à posição em que ele ocupa menos espaço no útero. Posição Posição (escola alemã): é a orientação do dorso fetal → direita ou esquerda em relação à mãe Situação fetal Situação: é a relação entre o maior eixo uterino (corpo uterino – sentido crânio-caudal) e o maior eixo fetal (coluna) → longitudinal (quando o maior eixo materno e o maior eixo fetal estão paralelos → o bebê vai nascer por parto normal) e transversa (o maior eixo materno e o maior eixo fetal não estão paralelos , formando-se um ângulo entre eles → o bebê vai nascer por cesariana) Na situação longitudinal, o feto pode estar em apresentação cefálica ou apresentação pélvica, ao passo que na situação transversa, ele vai estar em apresentação córmica Situação longitudinal (à esquerda) e situação transversa (à direita) Apresentação Apresentação: é o polo fetal que se coloca no estreito superior da bacia Cefálica: quando o feto está com a cabeça na bacia da mãe; 97% das gestações possuem apresentação cefálica Pélvica: quando o feto está com a pelve na bacia da mãe; 3% das gestações possuem apresentação pélvica Córmica (ombro): quando o feto está com o ombro na bacia da mãe Na apresentação cefálica, é possível sentir a curvatura arredondada da cabeça do feto, o qual não se movimenta. Já na apresentação pélvica, é perceptível a movimentação do bebê e, ao palpar o fundo do útero, é possível sentir a cabeça do feto.
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