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Prévia do material em texto

Eliane Ferreira Campos Vieira
Vivian Mendes Hermano
Geografia Política
Montes Claros/MG - 2012
Geografia Política
Eliane Ferreira Campos Vieira
Vivian Mendes Hermano
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089 - Telefone: (38) 3229-8214
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© - EDITORA UNIMONTES - 2012
Universidade Estadual de Montes Claros
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VICE-REITORA
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DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
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EDITORA UNIMONTES
Conselho Editorial
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Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes.
Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU.
Profª Maria Geralda Almeida. UFG
Prof. Luis Jobim – UERJ.
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Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes
Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.
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Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.
Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.
Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP.
REVISÃO LINGUÍSTICA
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Arlete Ribeiro Nepomuceno
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Luci Kikuchi Veloso
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Maria Lêda Clementino Marques
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REVISÃO TÉCNICA
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Cláudia de Jesus Maia
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Karen Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida
Káthia Silva Gomes
Marcos Henrique de Oliveira
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE 
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Clésio Robert Almeida Caldeira
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Francielly Sousa e Silva
Hugo Daniel Duarte Silva
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Magda Lima de Oliviera
Sanzio Mendonça Henriques
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Tátylla Ap. Pimenta Faria
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Wendell Brito Mineiro
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor.
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Ministro da Educação
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Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Artes
Maristela Cardoso Freitas
Autoras
Eliane Ferreira Campos Vieira
Professora do Departamento de Geociências do Centro de Ciências Humanas da 
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes - Especialista em Geoprocessamento 
– Universidade Federal de Minas Gerais e Mestre em Geografia com ênfase em Análise 
Ambiental – UFMG.
Email: elianefcvieira@yahoo.com.br
Vivian Mendes Hermano
Professora do Departamento de Geociências do Centro de Ciências Humanas da 
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes - Bacharel e Licenciada em Geografia – 
UFU. Mestre em Desenvolvimento Social - Unimontes.
Email: vivanhermano@yahoo.com.br 
mailto:elianefcvieira@yahoo.com.br
mailto:vivanhermano@yahoo.com.br
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
A evolução epistêmica em Geografia Política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1 Política e Geografia Política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Poder e política; política e espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.3 Qual é o objeto de estudo da Geografia Política? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
1.4 Geografia política: evolução epistêmica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
1.5 Território: um conceito básico em Geografia Política. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
Estado e Fronteiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
2.1 Estado e espaço. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
2.2 O Estado-nação: formação e atualidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
2.3 Fronteiras: velhos e novos significados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
3. Globalização em perspectiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
3.1 A questão do desenvolvimento, o livre mercado e globalização. . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
3.2 O Estado na nação e território na nova ordem mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
3.3 A nova ordem mundial e a formação de blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
Áreas de conflitos no espaço geográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
4.1 Fragmentação territorial e as teorias da Geopolítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
4.2 O papel do Estados Unidos na Geopolítica mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3 Áreas de conflitos no mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.4 Áreas de instabilidade na América Latina e no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69
Referências básicas, complementares e suplementares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71
Atividade de Aprendizagem (AA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75
9
Geografia - Geografia Política
Apresentação
Caro (a) Acadêmico (a),
Bem-vindo (a) à disciplina Geografia Política que se dedica ao estudo dos conceitos relacio-
nados às implicações políticas sobre os territórios e estados no contexto da globalização. Em ou-
tras palavras, esta disciplina, tratará do processo atual de expansão do capitalismo na atualidade 
e de como ele fragiliza o poder dos estados e traz novas dimensões para as questões territoriais, 
como os conflitos entre nações e povos. 
Entendemos que os conhecimentos que serão compartilhados são de extrema importância 
para os acadêmicos do curso de Geografia, pois eles serão os responsáveis por ensinar noções 
como território, nação, globalização, conflitos, entre tantos outros fundamentais para a aquisição 
de noções mais aprofundadas sobre a realidade socioespacial da contemporaneidade e as impli-
cações para a vida do cidadão. 
 Neste sentido, estudar geografia é desvendar o espaço produzido pelas sociedades em 
suas múltiplas dimensões. O espaço geográfico é um conceito fundamental da Geografia e é 
nele que se realizam as manifestações da natureza e as atividades humanas. Compreender a or-
ganização e as transformações sofridas por esse espaço é essencial para a formação do cidadão 
consciente e crítico do mundo em que vive.
 Desde as últimas décadas diversas transformações afetam o meio ambiente impondo à so-
ciedade desafios até então desconhecidos. As mudanças nas sociedades, a mundialização das 
relações internacionais, juntamente com a expansão do neoliberalismo interferem no cotidiano 
das nossas vidas e também no contexto escolar (PONTUSCHKA et al, 2007). As transformações 
recentes requerem respostas de vários campos que se adaptem a tais demandas. 
Neste contexto, a formação de professores demanda conhecimentos específicos e atualiza-
dos sobre determinadas ciências, como política, sociologia, filosofia, história. Nesta direção cami-
nha a disciplina Geografia Política que objetiva proporcionar fundamentação teórica consistente 
e atualizada sobre o estudo das relações do poder político e de seus resultados.
 Para atender a esse propósito, a disciplina com uma carga horária de 90 horas/ aula 
dedica-se ao estudo da seguinte ementa: A evolução do pensamento em Geografia Po-
lítica. Espaço e poder. Estado: estrutura e poder. Fronteiras: velhos e novos significados. A 
questão do desenvolvimento, o livre mercado e globalização. Globalização e fragmentação no 
mundo contemporâneo. A nova ordem mundial. Áreas de conflitos e áreas de valor estratégico 
no espaço geográfico.
Em relação ao conteúdo descrito, podemos destacar os seguintes objetivos: 
Objetivo geral: Apresentar as origens e a evolução da Geografia Política, seus temas e con-
ceitos principais.
Objetivos específicos: 
•	 Compreender as relações entre Geografia 
•	 Política e Geopolítica; 
•	 Analisar as abordagens recentes sobre espaço e política; 
•	 Mostrar as relações entre espaço e poder, com ênfase na escala global ou mundial; 
•	 Analisar o atual sistema internacional do mundo pós-guerra fria (a globalização e o estado-
-nação, a questão das identidades e dos conflitos); 
•	 Analisar as relações entre espaço e poder nas escalas nacional, regional e local. 
 Todo o conteúdo será apresentado nas quatro unidades que compõem o caderno. Cada 
unidade está dividida em tópicos ou subunidades, em que inserimos textos complementares, 
dicas de estudos e sugestões para acessar bibliotecas virtuais na web, e ainda hipertextos para 
serem lidos que compõem a base para a realização das atividades. 
Para iniciar nossa discussão nos meandros da Geografia Política, selecionamos um texto 
bem interessante sobre a importância da política na vida do cidadão comum. Vamos refletir?
O Analfabeto Político - Bertolt Brecht
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos aconteci-
10
UAB/Unimontes - 8º Período
mentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, 
do sapato e do remédio. Dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a políti-
ca. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, 
e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas 
nacionais e multinacionais.
Bons estudos!
Os autores.
11
Geografia - Geografia Política
UnidAdE 1 
A evolução epistêmica em 
Geografia Política
Eliane Ferreira Campos Vieira
Introdução
Nesta unidade, vamos discutir a evolu-
ção do pensamento em Geografia Política 
desde a Geografia Clássica que tinha como 
tema central o Estado até a discussão con-
temporânea, nesta área de conhecimento, 
que investiga como as relações entre es-
paço e poder se materializam no território 
e suas implicações. Para nós, é um prazer e 
também uma grande responsabilidade apre-
sentar os pressupostos da Geografia Política 
para aqueles que deverão construir com os 
estudantes do ensino fundamental e médio 
as bases sobre o poder e a política sob a óti-
ca da Geografia. 
Nesta unidade, abordamos um pouco 
sobre as perspectivas históricas da Geogra-
fia Política como ciência. Retomamos um 
pouco o pensamento de um dos principais 
nomes da Geografia Política: Friedrich Rat-
zel e a importância de seus estudos para 
a estruturação da Geografia Política como 
Ciência. Discutimos também o conceito de 
Geopolítica e tentamos delimitar o comple-
xo e amplo campo de estudos em Geografia 
Política. Ao final da Unidade, apresentamos 
algumas ideias sobre o território e a impor-
tância de sua abordagem no ensino de Ge-
ografia. 
Para o acadêmico do curso de Geogra-
fia, acreditamos que quanto mais informa-
ções e conhecimento ele dispuser sobre 
uma determinada área, mais compreensão 
terá a respeito da importância do trabalho a 
ser desenvolvido com os alunos dos ensinos 
fundamental e médio.Assim, esta unidade é composta pelos 
seguintes tópicos: 1.1 Conceito de poder e 
política; 1.2 Política e espaço; 1.3 Qual é o ob-
jetivo de estudo da Geografia Política?; 1.4 
Geografia Política: evolução epistêmica; 1.4.1 
Os primórdios da Geografia Política; 1.4.2 Da 
Geografia Política a Geopolítica; 1.4.3 A geo-
grafia Política hoje e 1.5 Território: um concei-
to básico em Geografia Política. 
Ao final da unidade, é esperado que 
você tenha compreendido noções sobre a 
Geografia Política clássica, passando pelo 
conceito de Geopolítica, além dos temas 
atuais que compreendem uma área ampla, 
complexa e necessária. 
1 Política e Geografia Política
Bertold Brechet no texto “O analfabeto político”, que aparece na apresentação geral deste 
caderno didático, cita as consequências dos cidadãos desconhecerem questões políticas, como 
pobreza, exclusão social, corrupção, desconfiança que minam cada vez a possibilidade de ajudar 
quem tem pouco ou quase nada. Considerando o texto, observe a charge, a seguir:
12
UAB/Unimontes - 8º Período
Na charge de 2007 podemos perceber um significado sobre a política ou sobre os políti-
cos no Brasil. A negociação de cargos em troca de apoio político, financiamentos de campanha 
em troca de contratos de prestação de serviços ou apoio a reeleição. Essas questões contribuem 
para formar no imaginário social uma imagem negativa da política e dos políticos e têm como 
consequência a apatia e o desinteresse da população pela atividade política tão importante e 
necessária num país democrático. Ao ler o texto de Brechet surge a seguinte questão: qual é 
mesmo o significado da palavra política?
Chauí (1995:368), ao abordar a vida política, comenta os significados dessa palavra. Para a 
autora, é possível “distinguir entre o uso generalizado e vago da palavra política e um outro mais 
específico e preciso”. Para esclarecer apresenta três significados:
1. O significado de governo, entendido como direção e administração do poder político, sob 
a forma de Estado. A política, nesse sentido, refere-se à ação dos governantes que detêm 
a autoridade para dirigir a coletividade organizada em Estado.
2. O significado de atividade realizada por especialistas – os administradores e profissionais 
– os políticos – pertencentes a um certo tipo de organização sociopolítica – os partidos 
que disputam o direito de governar, ocupando cargos e postos no Estado.
3. O significado, derivado do segundo sentido, de conduta duvidosa, não muito confiável, 
um tanto secreta, cheia de interesses particulares dissimulados e freqüentemente con-
trários aos interesses gerais da sociedade obtidos por meio ilícitos ou ilegítimos (CHAUÍ, 
1995, p. 368 – 369).
O texto de Brecht e a charge destacam a importância da política e os problemas da política. 
Numerosos exemplos no nosso dia a dia, inclusive o que aparece na charge acima, contribuem 
para a construção de uma visão pejorativa da política. Ocorre que até mesmo “a apatia social é 
uma forma passiva de fazer política” (CHAUÍ, 1995, p.371). As práticas políticas referem-se “ao 
modo de participação no poder, aos conflitos e acordos na tomada de decisões e na definição 
das leis e de sua aplicação, no reconhecimento dos direitos e das obrigações dos membros de 
uma comunidade política (...)”(CHAUÍ, 1995, p.371). Dessa forma, podemos dizer que nas relações 
em que existam poder e autoridade, envolvem relações políticas. 
Considerando estes conceitos, ressaltamos que a Geografia Política trata das relações políti-
cas, ou seja, relações em que existem atores exercendo poder e autoridade, o que muitas vezes 
pode gerar conflitos e divergências. Pela natureza da Geografia, abordam-se conflitos entre ato-
res (movimentos populares, os narcotraficantes, as empresas transnacionais, os governos de cer-
tos países, entre outros) em que há um caráter espacial. No conjunto desses conflitos, podemos 
incluir conflitos entre nações e povos, conflitos urbanos, conflitos de natureza ambiental. 
Para compreender essas questões, precisamos realizar um aprofundamento teórico-concei-
tual. Vamos começar pelo conceito de poder e política.
▲
Figura 1: Charge de 
Benett publicada em 
2007.
Fonte:
http://www.charge-o-
-matic.blogger.com.
br/2007_03_01_archi-
ve.html, acesso em 
19/09/2011.
http://www.charge-o-matic.blogger.com.br/2007_03_01_archive.html
http://www.charge-o-matic.blogger.com.br/2007_03_01_archive.html
http://www.charge-o-matic.blogger.com.br/2007_03_01_archive.html
http://www.charge-o-matic.blogger.com.br/2007_03_01_archive.html
13
Geografia - Geografia Política
1.1 Poder e política; política e 
espaço
Um dos mais importantes autores que conceituou a questão do poder em Geografia é o 
francês Paul Claval (1979, p 12-13) que afirmou que a 
“vida social se inscreve no espaço e no tempo. É feita de ação sobre o meio am-
biente e de interação entre os homens... coloca em relação seres diferentes, o 
poder se traduz, nas relações, pelo aparecimento de assimetrias e desequilí-
brios”. 
Poder alguma coisa é estar em condições de realizá-la. Poder não é apenas estar em con-
dições de realizar por si mesmo as coisas, é também ser capaz de fazer com que sejam realiza-
das por outros, daí surge à política. Segundo Claval (1979), podem-se distinguir vários níveis de 
poder:
1. poder puro: a relação é perfeitamente assimétrica, aquele que ordena nada deve aos que 
dirige. 
2. autoridade: o exercício do poder é facilitado quando os que a ele estão submetidos acei-
tam a situação como natural e reconhecem a natureza legítima da autoridade.
3. jogos de influência: a assimetria nem sempre é tão marcada; ela surge nas relações em 
que cada qual dá e recebe, mas de maneira desigual .
4. dominação inconsciente: a liberdade de alguns é reduzida sem que eles percebam, são 
casos em que o desequilíbrio não é percebido pelos atores.
Essa tipologia demonstra que em todas as situações sociais, desde a formação histórica 
mais remota da sociedade, envolveram as relações de poder. Trata-se de um fato quase natural 
da humanidade, consequência da desigualdade intrínseca dos seres.
A política é, portanto, a capacidade de exercer o poder sobre uma pessoa ou grupo com seu 
consentimento. É claro que esse consentimento é altamente influenciado por fatores objetivos: como 
a robustez das ideias ou a análise legitimada de uma realidade. Todavia, atualmente, novos fatores, 
por vezes subjetivos, também são colocados em pauta como a imagem apresentada pelos meios de 
comunicação, a capacidade de persuasão na hora da apresentação das ideias ou mesmo um jogo de 
interesse individual que possa favorecer determinados indivíduos ou grupos (CLAVAL, 1979).
Todas essas características denotam que o poder e a política estão nas diversas modalida-
des das relações sociais. As pessoas, em sua vasta amplitude social, possuem uma ou mais bases 
de poder e de relação política, seja ela na família, no trabalho, nas instituições religiosas, enfim 
onde existe uma relação de indivíduos existe o poder e a política. Mas qual a relação entre a polí-
tica e o espaço? E a pergunta que iremos responder na seção a seguir.
Qualquer tipo de poder ou forma de política inscreve-se em algum ponto do espaço. Quem 
manda, manda em alguém, em algum lugar. A relação entre o poder e esse lugar é que deno-
minamos território, que é o foco de discussão da Geografia Política. Dessa forma, seu principal 
objeto de estudo é a relação entre política e espaço.
De acordo com Claval (1979, p. 15 a 21), o espaço intervém de várias maneiras na vida social 
e no jogo do poder:
1. é o apoio da vida e da atividade e intervém então, pela extensão. O mesmo espaço de terra 
pode servir a várias utilizações sem inconvenientes, porém a valorização e a sua utilização 
implicam um mínimo de ordem. A definição dos direitos de posse e uso da terra e de outros 
bens raros traduz num esforço coletivo de organização e dá aos que deles se beneficiam 
mais direitos que aos outros.
2. é obstáculo a vida de relação.O espaço torna oneroso o transporte de bens, ele cria opaci-
dade difícil de penetrar, podendo dificultar a transmissão de informações. Os que estão situ-
ados nos pontos nevrálgicos da rede estão mais bem colocados do que os outros.
3. serve de base a atividade simbólica: os sistemas codificados que permitem a comunicação 
parecem a cada pessoa como limites impostos dos exterior, os quais convêm conformar-se 
para serem compreendidos. O espaço é um dos apoios privilegiados da atividade simbólica 
é precedido e valorizado de forma diversa pelos que o habitam ou lhe dão valor.
14
UAB/Unimontes - 8º Período
A partir das ideias apresentadas, podemos desenvolver várias inferências. Se referindo à 
questão do obstáculo, é fato que a questão das fronteiras é um dos desafios na organização 
social de diversos grupos no mundo. Você conhece ou se lembra de um fato que retrata essa 
condição?
No que diz respeito às atividades simbólicas, a cultura é hoje uma das principais temáticas 
abordadas na mídia e nos meios de comunicação. Qual a relação, por exemplo, entre as olimpía-
das, o patriotismo e a formação territorial? Existe uma simbologia? 
A partir dessas prerrogativas, podemos concluir que o poder tem uma dimensão espacial 
marcante. Assim, é valorizada a visão do geógrafo nas análises das relações políticas sociais. Ape-
sar de outros profissionais, como os sociólogos, economistas, também discutirem a temática, 
compete ao Geógrafo à capacidade de discutir a dimensão espacial das questões políticas.
O espaço geográfico então pode ser analisado segundo diversas dimensões interdependen-
tes. Uma delas é a dimensão política. Segundo Costa (1999): 
“a dimensão política impregna tantos as formas espaciais quanto, naturalmente, o 
arranjo destas. Mais do que isto, a política e sua prática interferem marcantemente 
na vida intelectual e na própria visão de mundo”. (COSTA, 1999, p.25).
Então, podemos concluir que apesar das ideias negativas que temos a respeito da política, 
esta é de fundamental importância para diversas questões que permeiam a nossa realidade. En-
tre essas questões, encontra-se a importância entre a política e o espaço que passaremos a defi-
nir no tópico seguinte.
1.3 Qual é o objeto de estudo da 
geografia política?
O objeto de estudo da Geografia Política é as relações entre o espaço e o poder ou o estudo 
geográfico da política. Esses estudos têm sua origem na obra de Ratzel, publicada em 1987, inti-
tulada Politische Geographie. No início, o principal agente que exercia poder sobre o território era 
o Estado. 
Atualmente em Geografia Política também estão incluídas as análises de questões ambien-
tais como é o caso da água, que assume uma importância política muito grande, visto que é uma 
fonte de riqueza e de conflitos, que gera da sociedade espaços de participação dentro dos pro-
cessos de gestão (RIBEIRO, 2008). Costa (2010, p.26) esclarece que
“são de suma importância as análises das formas de distribuição do poder no 
espaço nacional, regional etc e os modos de repartição desse poder no interior 
da sociedade, cada vez mais territorializada em suas práticas sociais cotidianas”. 
O campo de atuação da Geografia Política compreende a relação entre a Política - entendi-
da como expressão e modo de controle dos conflitos sociais - e o território - definido como base 
material e simbólica da sociedade (CASTRO, 2005).
Você saberia citar alguns exemplos de temas de estudo da Geografia Política?
Diversos exemplos de temas de interesse da Geografia Política incluem a Geografia eleito-
ral, na qual se investiga o interesse territorial nas disputas políticas; a politização da religião em 
países de periferia; a globalização e sua influência decisiva no mercado, na empresa, no trabalho, 
no Estado e no território. 
Um exemplo também muito interessante da relação entre poder e espaço é descrito por 
Gomes (2002) quando discute a cidade como metáfora do futebol. Segundo o autor, os compor-
tamentos territoriais que as torcidas organizadas estabelecem no estádio se “reconfiguram em 
outras esferas da vida social”. “As bandeiras desenroladas, os gritos de guerra, as músicas, os fo-
gos e os deslocamentos de grupos seguem assim um comando, uma estratégia [...] uma territo-
rialidade. (GOMES, 2002, p. 242). 
15
Geografia - Geografia Política
Dessa forma, nunca é demais repetir, em questões em que se verificam relações entre o poder 
e determinado espaço, temos territorialidades que são interesse de estudo da Geografia Política.
1.4 Geografia política: evolução 
epistêmica
No seio da Geografia, em relação à Geografia Política, há quase um consenso entre os espe-
cialistas de que essa disciplina teria sido fundada ou pelo menos redefinida por Friedrich Ratzel, 
que viveu entre os anos de 1844 e 1904, período em que importantes acontecimentos marcavam 
a relação entre os grandes impérios da época. Segundo Costa (2010), Ratzel faz parte da Geogra-
fia Política Clássica. 
Ratzel aparece como um grande intelectual que fundamentou teoricamente os propósitos 
do líder de sua nação, o primeiro-ministro prussiano Otto Von Bismarck (Leia o Box1). Suas ideias 
surgiram num momento histórico em que os ideais nacionalistas se entrelaçavam com o início 
do capitalismo, dos avanços da industrialização, solidificando o período neocolonial. As ideias de 
Ratzel foram uma ferramenta de grande apoio para a expansão territorial daquele império. 
BOX 1
O papel de Bismarck na unificação alemã
Nos diversos Estados da Confederação Germânica tomavam corpo ideias de caráter na-
cionalista, elaboradas por intelectuais que desejavam a união étnica e cultural dos povos ger-
mânicos sob a tutela de um só Estado. A primeira tentativa de unificação fora empreendida 
pela Prússia em 1850, mas fracassara devido à interferência da Áustria. 
Na segunda metade do século XIX, a Prússia passou a liderar firmemente o processo de 
unificação dos Estados alemães. Em 1862, o rei prussiano Guilherme I nomeou como seu pri-
meiro-ministro Otto Von Bismarck (1815-1898), conhecido como o Chanceler de Ferro. 
Com determinação e diplomacia, Bismarck coordenou o processo de unificação da Ale-
manha, o que, para ele, se concretizaria pela força militar. Assim, organizou-se um poderoso 
exército e conduziu-se, sob a liderança da Prússia, guerras contra a Dinamarca (1864), a Áustria 
(1866) e a França (1870). Ao final dessas lutas, em 18 de janeiro de 1871, Guilherme I foi procla-
mado, em Versalhes, imperador da Alemanha. 
Figura 02: A unificação 
alemã em meados do 
século XIX
Fonte: COTRIM, Gilberto. 
História Global: Brasil e Ge-
ral. São Paulo: Ed. Saraiva, 
2005.
16
UAB/Unimontes - 8º Período
Acelerando o processo de industrialização, o país tornou-se uma das economias mais 
fortes do mundo. O crescimento de sua produção industrial exigia a ampliação dos mercados 
consumidores. Isso levou a Alemanha a disputar regiões coloniais antes dominadas pela Ingla-
terra e pela França.
 Conforme Moraes (1999, p.67), “a geografia de Ratzel foi um instrumento poderoso de legi-
timação dos desígnios expansionistas do Estado Alemão recém-constituído”. Desta maneira, de-
monstra a grande importância da compreensão do espaço e sua relação com a política, se apre-
sentado como uma ferramenta de grande apoio para expansão territorial de um determinado 
país. Na figura 3, vemos uma imagem de Ratzel.
Ratzel enfatizou que a existência de uma sociedade está representada em território, ou seja, 
a perda de território aponta a decadência de uma sociedade, e para a sociedade progredir, avan-
çar, ela precisaria conquistar novas terras (MORAES, 1999, p.67). Assim, com base nessa ideia, os 
ideais bismarckianos são justificados pela geografia ratzeliana.
A aplicação ou interpretação incorreta das ideias de Ratzel é uma das diversas fontes de crí-
ticas ao seu trabalho. Segundo Carvalho (1997:1): 
São comuns os reducionismos e simplificações do pensamento ratzeliano, que 
em alguns casos é resumido apenas à lembrança dos possíveisequívocos co-
metidos, pelo pensador alemão, ao teorizar sobre as relações homem-nature-
za, ou ao defender suas crenças sobre a evolução dos processos civilizatórios.
Outros autores ressaltam a contribuição do pensamento de Ratzel, como Castro (2005, p. 67) 
ao afirmar que:
Ratzel era um intelectual do seu tempo e, para ele, o nacionalismo como estra-
tégia de consolidação do império alemão, era bem mais importante do que a 
adesão à ética política de defesa dos povos e dos Estados mais fracos. 
A fim de dirimir interpretações errôneas sobre as ideias de Ratzel, Castro (2005:67) susten-
ta que “o geógrafo alemão Ratzel foi quem melhor compreendeu e explicitou a importância 
do território como um suporte duradouro para o poder das instituições políticas”. Para Castro 
(2005:69), “a Geografia Política de Ratzel tinha, portanto, como tarefa demonstrar que o Estado 
é fundamentalmente uma realidade humana que só se completa sobre o solo do país”. O lega-
do de Ratzel é muito maior do que se reconhece na Geografia. Hussy apud Castro (2005, p. 71) 
valoriza o trabalho de Ratzel e dá-nos uma nova dimensão da importância do seu trabalho em 
Geografia Política. Segundo o autor:
“sua preocupação era compreender este poder que faz mover o mundo, que 
abre as rotas e desenvolve o comércio, joga as nações uma contra as outras, 
empurra as armas para frente e finalmente engendra desequilíbrios de todos 
os tipos, verificado em cada escala das relações.”
Outro autor de destaque na Geografia política foi La Blache, ao qual se atribui a ideia do 
possibilismo, teoria segundo a qual o homem tem a possibilidade de intervir no meio. Para La 
Blache, o autor afirma que
a geografia política constitui, em sentido estrito, um desenvolvimento especial 
da geografia humana. (...) nas aplicações da geografia ao homem, trata-se sem-
pre do homem por sociedades ou por grupos, de modo que se pode crer auto-
rizado a dar ao nome de geografia política um sentido mais amplo, e estendê-
-lo ao conjunto da geografia humana. Moraes (1999, p.67)
Mais do que o debate sobre o Estado, fortemente presente na análise de Ratzel, a afirmação 
de La Blache enfatiza a sociedade, os grupos humanos e sua relação com o espaço e não, de for-
ma mais específica, as relações entre o Estado e o espaço, como defendia Ratzel.
Diferentemente do período de Ratzel, que evidenciava a importância do Estado na manu-
tenção do poder, na atualidade, a Geografia Política experimenta novos temas, com as análises 
muito mais centradas em problemas relativos ao poder em geral e às suas formas de manifesta-
ção e exercício do que exclusivamente do poder estatal, como no passado (GOMES, 2002). 
O que podemos dizer sobre a Geografia política na atualidade?
▲
Figura 03: Geógrafo 
alemão Friedrich Ratzel. 
Fonte: http://
search.babylon.
com/?s=img&babsrc=NT_
bb&q=ratzel, acesso em 17 
de setembro de 2011.
PArA SABEr MAiS
Leia o texto: RATZEL: 
RELEITURAS CONTEM-
PORÂNEAS: UMA REA-
BILITAÇÂO? Carvalho 
(1997) disponível em 
< http://www.ub.edu/
geocrit/b3w-25.htm> 
Elabore um resumo 
sobre as contribuições 
de Ratzel para Geogra-
fia Política. 
http://www.ub.edu/geocrit/b3w-25.htm
http://www.ub.edu/geocrit/b3w-25.htm
17
Geografia - Geografia Política
1.4.2 Da geografia política a geopolítica
Costa (2010) discute a Geopolítica. Para o autor, a geopolítica é um subproduto e um redu-
cionismo técnico e pragmático da Geografia Política, na medida em que se apropria de parte de 
seus postulados gerais para aplicá-los na análise de situações concretas, interessando ao jogo de 
forças estatais projetado no espaço. Costa é muito crítico ao afirmar que “a Geopolítica represen-
ta um inquestionável empobrecimento teórico em relação à análise geográfico-política de Ratzel 
e tantos outros” (COSTA, 2010, p.65).
O pioneiro da Geopolítica foi Rudolf Kjellen, a quem se atribui o termo geopolítica “para ex-
pressar as suas concepções sobre as relações entre o Estado e o território”. “Kjellen não escondia 
sua admiração pelo Estado Maior alemão e sem o desejo de que a Europa viesse a ser unificada 
sob um imenso império germânico” (COSTA, 2010, p.57). Suas ideias tiveram muito sucesso junto 
aos círculos de poder de diversos países. 
A Kjéllen Costa (2010) atribui-se uma notável influência sobre os militares na América Latina, 
entre eles, destaca-se o General Augusto Pinochet do Chile (Figura 04). A ditadura do general 
Augusto Pinochet no Chile, que se prolongou de 1973 a 1990, causou mais de 9800 vítimas de 
detenção ilegal e tortura do que se pensava até agora, o que aumenta para mais de 40.000 o nú-
mero de vítimas do regime militar.
Segundo Costa (2010), o surgimento da Geografia Política e, sobretudo, da Geopolítica são 
um produto do contexto europeu na virada do século XIX para XX, marcados pela emergência 
das potências mundiais e o imperialismo como forma histórica de relacionamento internacional. 
Muitas pessoas pensam que a Geopolítica é abreviação de Geografia Política, porém, Vesen-
tini (1986, p.65) afirma que os geopolíticos consideram-na uma ciência (entre a geografia e a ci-
ência política) e uma técnica que visa estabelecer fundamentos para a ação do Estado sobre o 
espaço. 
De forma mais simplificada, a Geopolítica se distingue da Geografia Política, pois a primeira 
é mais específica focada na atuação territorial estatal direta, por outro lado a Geografia Política é 
mais ampla e tem como foco outros atores além do Estado, como movimentos sociais, grupos ra-
dicais, entre outros. A Geopolítica de forma clássica preocupa-se em compreender os diferentes 
conflitos que existem na posse e dominação territorial. Na verdade é um tipo instrumento analí-
tico focado nas divergências territoriais. Trata-se de uma ciência do conflito.
Como demonstrado a Geopolítica é um ciência da ação e sua principal ferramenta é a estra-
tégia. De acordo com Castrogeovane (2007, p.11),” toda estratégia tem uma dimensão espacial e 
outra não-espacial”. A espacial é a leitura do espaço enquanto possibilidade de poder, de domi-
nação, é também conhecido como geoestratégia. A outra se preocupa com quem e como vai ser 
comandada a ação para se atingir este poder, esta dominação.
◄ Figura 04: General 
Augusto Pinochet, 
Chile. 
Fonte: http://s.glbimg.
com/jo/g1/f/origi-
nal/2011/08/17/pinochet.
jpg, acesso em 14 de 
setembro de 2011.
18
UAB/Unimontes - 8º Período
A geopolítica se apropria da geoestratégia nas suas práticas, pois tem como preocupação 
básica a correlação de forças entre os estados ou os agentes atuantes em determinado confli-
to. A geopolítica clássica tinha uma ótica militar de domínio territorial e, portanto, a geoestraté-
gia na busca da expansão territorial era uma necessidade. Hoje, a Geografia política lida com o 
domínio econômico, cultural, social e técnico-científico-informacional, no âmbito territorial com 
ênfase na ideia de espaço global (VESENTINI, 2007). Algumas teorias geopolíticas são abordadas 
na unidade 4.
1.4.3 A geografia política hoje
A Geografia política desenvolvida no século XIX apresenta muitas diferenças da Geografia 
Política do século XXI. No caso dos estudos de Ratzel descritos anteriormente, podemos perce-
ber, conforme Castro (2005, p.77) que “a opção de elaborar um aparato conceitual que legitimas-
se a forma do Estado territorial nos moldes dos interesses alemães da época, não responde mais 
ao contexto espaço-temporal do século XXI.”
Costa (2010) aborda com profundidade sobre as tendências e perspectivas atuais da Geo-
grafia Política, que experimenta uma tendência a interdisciplinaridade com uma aproximação 
cada vez maior entre Geografia Política, Ciência Política e economia, pois “não há política e po-
der dissociados da economia” (CASTRO, 2005, p.317) . Para o autor, existe um amplo campo de 
pesquisa para a Geografia Política, compreendido por temas como:
•	 o Estado Moderno e o seu significado atual;
•	 as fronteiras, seus velhos e novos significados;
•	 o debate recorrente sobre a questãodas nações e as nacionalidades. 
Para Castro (2005), não quer dizer que o Estado não seja importante como ator territorial e 
que sua abordagem deva ser abolida. Quer dizer que, na atualidade, além do Estado, outros ato-
res econômicos financeiros e sociais atuam na constituição do território. A tirinha, a seguir, ilustra 
de forma irônica como o Estado é subordinado a outros agentes internacionais. 
A geografia política do século XXI é mais ampla e é composta por agentes que não se dei-
xam aprisionar pelos limites institucionais do Estado (CASTRO, 2005). Muita coisa mudou com a 
ampliação do capitalismo, que foi acompanhada de guerras e conquistas de mercados, territó-
rios, povos e nações (COSTA, 2010). Essas transformações alteram tanto a relação entre os Esta-
dos como também dentro dos Estados. 
Na atualidade, os estudiosos são unânimes em reconhecer que o Estado perdeu força e o 
princípio da soberania nacional e as fronteiras como conteúdo militar não possui grande senti-
do, “restando apenas os conteúdos: legal, aquele ligado ao conjunto das leis de um país, o fiscal, 
relacionado aos acordos tarifários; e o de controle, especialmente o controle de migrações” (COS-
TA, 2010, p.282). A Figura 06 ilustra a materialização do controle entre as fronteiras entre o Méxi-
co e os Estados Unidos, apesar da globalização e a integração dos mercados.
Figura 05: O Estado 
e os outros agentes 
territoriais.
Fonte: http://www.ribei-
raomerececoisamelhor.
com.br/2010/11/mais-de-
-mafalda.html, acesso em 
01 de novembro de 2011.
▼
http://www.ribeiraomerececoisamelhor.com.br/2010/11/mais-de-mafalda.html
http://www.ribeiraomerececoisamelhor.com.br/2010/11/mais-de-mafalda.html
http://www.ribeiraomerececoisamelhor.com.br/2010/11/mais-de-mafalda.html
http://www.ribeiraomerececoisamelhor.com.br/2010/11/mais-de-mafalda.html
19
Geografia - Geografia Política
Sobre o debate relativo às nações e nacionalidades, observamos que é cada vez mais fre-
quente este tipo de debate e nele estão envolvidos identidades culturais e políticas, autonomias 
nacionais, autodeterminação dos povos, soberania do Estado-nação, cujos temas pareciam ador-
mecidos, mas agora reconquistam a atenção e demonstram sua natureza recorrente desde o fi-
nal do século XVIII. Veja a manchete a seguir:
A manchete acima se refere ao acontecimento que teve causas relacionadas à atuação de 
partidos e grupos de centro-direita, na Europa, contaminados com posições extremistas nos últi-
mos anos, irradiando ideias extremistas e xenófobas entre políticos e grupos que não são histori-
camente radicais.
No interior desses três grandes temas de estudo, Costa (2010, p. 315) observa uma “multipli-
cidade de abordagens em Geografia Política e fora dela que reflete essa complexidade atual e 
aponta tendências e perspectivas bastante diversificadas”. Concordando com essa tendência de 
complexidade dos temas e problemas em Geografia Política, Castro (2005, p. 81) considera que 
 o paradigma mais amplamente aceito por algumas correntes da Geografia po-
lítica contemporânea, em que se examina a Globalização e seu impacto sobre 
localidades, encontra-se na teoria de sistemas-mundo de Immanuel Wallers-
tein, com forte influência na elaboração da chamada “ Nova Geografia Política”. 
Dessa forma, a Globalização como questão – histórica, econômica, política e geográfica 
– passa a ser vista e analisada como complexa e articulada entre as múltiplas escalas de “ocor-
rência dos fenômenos políticos, nem sempre sincrônicos, e o modo como cada um reflete em 
◄ Figura 06: Charge sobre 
a fronteira separando 
Estados Unidos e 
México. 
Fonte: http://www.diadia.
pr.gov.br/tvpendrive/ar-
quivos/Image/conteudos/
imagens/2espanhol/4
globa.jpg, acesso em 19 de 
setembro de 2011.
◄ Figura 07: Manchete 
sobre Massacre na 
Noruega. 
Fonte: goo.gl/Clv52 , 
acesso em 27 de agosto 
de 2011.
http://www.diadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/2espanhol/4globa.jpg
http://www.diadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/2espanhol/4globa.jpg
http://www.diadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/2espanhol/4globa.jpg
http://www.diadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/2espanhol/4globa.jpg
http://www.diadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/2espanhol/4globa.jpg
20
UAB/Unimontes - 8º Período
escalas territoriais diferenciadas” (CASTRO, 2005, p. 83). A autora considera que os fenômenos 
políticos podem ser além de globais, nacionais, regionais ou locais. 
Na unidade III, veremos um pouco mais sobre a Globalização e sua influência nos fenôme-
nos políticos. Para finalizar, recorremos, mais uma vez, às contribuições de Castro (2005) sobre a 
Geografia Política. Segundo a autora, é necessário a Geografia política
incorporar os fenômenos políticos, identificando os modos como eles se ter-
ritorializam e recortam espaços significativos das relações sociais, dos seus 
interesses, solidariedades, conflitos, controle, dominação e poder.(CASTRO, 
2005,p.91) 
Como se vê é complexa, ampla e necessária a agenda dos debates nesta subárea do conhe-
cimento. 
1.5 Território: um conceito básico 
em Geografia Política
A Geografia estuda as relações entre a natureza e a sociedade e as consequências dessa re-
lação no espaço geográfico. Para dar conta deste amplo campo de investigação, a geografia con-
ta com cinco conceitos-chave ou categorias analíticas principais que buscam abordar as diferen-
tes dimensões da realidade: o espaço, o lugar, a paisagem, o território e a região.
Essas categorias ou conceitos-chave representam diferentes abordagens sobre o espaço a 
partir de diferentes perspectivas, influenciadas por diferentes correntes do pensamento geográ-
fico. É importante ressaltar que “cada conceito expressa uma possibilidade de leitura de espaço 
geográfico delineando, portanto, um caminho metodológico.” (SUERTEGARAY, 2001, p.1) 
A categoria fundamental em geografia é o espaço. Dessa forma, o espaço é complexo tem 
várias dimensões, ou âmbitos diferentes. Esse espaço é definido mais em função das condições 
técnicas e organizacionais do que em função das características naturais. As categorias expres-
sam diferentes dimensões que podem ser escolhidas para o estudo do espaço geográfico. Daí, 
temos as outras categorias: o lugar, a paisagem, o território e a região. Do ponto de vista da Geo-
grafia política, a categoria que mais nos interessa é o território. 
O conceito de território faz parte da esfera da política, refere-se ao espaço geográfico a par-
tir de uma concepção que privilegia o político ou a dominação-apropriação. “O território é parte 
de uma extensão física do espaço [...] uma parcela do terreno utilizada como forma de expressão 
e exercício do controle (GOMES, 2002, p. 12). 
Para exemplificar o conceito de território, tomemos o território como um campo de futebol. 
Figura 08: O conceito 
de território e o campo 
de futebol.
Fonte: http://worlds-
ports.bravehost.com/
images/800px-Campo_
de_futebol_medidas.jpg, 
acesso em 29 setembro 
de 2009.
►
21
Geografia - Geografia Política
Observe a figura 08, podemos dizer que o campo de futebol é um território, pois, numa par-
tida de futebol, é o seu controle que está em jogo. Aquele que controla e se mantém no campo 
do adversário é quem impõe o seu poder sobre o outro (GOMES, 2002). A disputa que move os 
diferentes é a vitória, mas essa meta só é alcançada quando um time invade e controla o territó-
rio do seu adversário.
O território também pode ser entendido como espaço delimitado e apropriado, de forma 
mais ou menos consciente, por uma comunidade. O termo território traz implícita a sensação de 
pertencimento de uma pessoa ou grupo a um determinado espaço, para o qual seus ocupantes 
estão afetivamente ligados e prontos a defendê-lo em caso de necessidade. Na construção do 
território, um dos principais agentes é o Estado, conforme Ferreto (2009, p. 4):
“o planejamento territorial executado tanto peloEstado, foi e é um grande ins-
trumental de implementação das formas-conteúdo ligadas à racionalidade que 
possibilita a reprodução capitalista-acumulação, competitividade e desigual-
dades socioespaciais. Assim, os lugares vão se caracterizando pelas densidades 
e usos que abrigam isso cria o embate da desigualdade de usos do território.”
Apesar de ser um dos principais agentes, o Estado não é o único na construção do território. 
Vejamos o que Raffestin (1933) defende sobre os agentes que produzem o território: 
“Do Estado ao indivíduo, passando por todas as organizações pequenas ou 
grandes, encontram-se atores sintagmáticos que produzem o território. De 
fato, o Estado está sempre organizando o território nacional por intermédio de 
novos recortes, de novas implantações e de novas ligações. O mesmo se passa 
com as empresas ou outras organizações, para as quais o sistema precedente 
constitui um conjunto de fatores favoráveis e limitantes. O mesmo acontece 
com um indivíduo que constrói uma casa ou, modestamente ainda, para aque-
le que arruma um apartamento. Em graus diversos, em momentos diferentes e 
em lugares variados, somos todos atores sintagmáticos que produzem territó-
rios.”( RAFFESTIN, 1993, p. 152).
A partir das contribuições de Raffestin (1993), podemos concluir que todos nós (o Estado, os 
indivíduos, os grupos econômicos ou empresariais) produzimos, de alguma forma, territórios em 
diferentes escalas de ação e de intensidade. Cada um desses agentes elabora estratégias de pro-
dução, que, muitas vezes, se chocam com outras relações de poder.
Teoricamente, o Estado exerce um papel determinante na formação dos territórios e sua 
principal função é a de manter a ordem e a segurança no interior do país e nas áreas de fronteira. 
Um exemplo interessante de questões ligadas ao território diz respeito a Reserva Raposa Serra 
do Sol, localizada no estado de Roraima, que ilustra a luta dos povos indígenas pela demarcação 
de uma terra constitucionalmente reconhecida como deles. A esse respeito, leia o Box 2 sobre a 
demarcação da terra indígena em Roraima. 
BOX 2
Entenda o julgamento sobre a demarcação da Raposa/Serra do Sol
O STF (Supremo Tribunal Federal) julga ação popular que questiona a legalidade da de-
marcação em área contínua da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, na divisa 
com Venezuela e Guiana. Além dos índios, o território, de 1,7 milhão de hectares, também 
abriga produtores rurais que reivindicam seu direito de permanecerem na reserva. 
[...] Cerca de 19 mil índios de cinco etnias vivem na região da reserva agrupados em qua-
se 200 aldeias, chamadas de malocas. O maior grupo é da etnia macuxi, que convive com wa-
pichana, taurepang, ingaricó e patamona. 
22
UAB/Unimontes - 8º Período
História 
Em 1917, o governo do Amazonas destinou, por meio de lei, as terras compreendidas en-
tre os rios Surumu e Cotingo para a ocupação e usufrutos dos índios macuxi e jaricuna. A de-
marcação física, no entanto, só começa dois anos depois, quando o território já começava a 
ser invadido por fazendeiros. O trabalho é interrompido sem ser finalizado. 
Após inúmeras tentativas de delimitar a área, a reserva é demarcada em 1998, durante o 
governo de Fernando Henrique Cardoso, e é homologada em 2005, durante a gestão de Luiz 
Inácio Lula da Silva, quando começou a retirada dos não-índios da região. [...]
Fonte: Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u535588.shtml.17/03/2009 - 21h50. Acesso em 14 
de setembro de 2011.
Neste caso emblemático, vemos duas coalizões conforme Silva ( 2007, p.8) que identificou 
os agentes políticos do conflito. Entre os que defendiam a área contínua estavam: 
a. a maioria dos indígenas moradores da região da Raposa Serra do Sol; 
b. a Igreja Católica, representada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), organismo 
vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), apoiado principalmente por 
setores progressistas da Igreja e muito atuante nas questões indígenas; 
c. organizações ambientalistas, defensores dos direitos indígenas, tanto no nível local como 
nos níveis nacional e internacional, sendo o principal o Conselho Indígena de Roraima - 
CIR, organização não-governamental roraimense, bastante influente na defesa da de-
marcação e homologação das TI’s (terras indígenas) no estado, que atua inclusive na re-
alização de serviços de saúde nas áreas indígenas, por meio de convênio com a FUNASA 
- Fundação Nacional de Saúde (SILVA, 2007, p.8).
Na coalizão rival encontravam-se: 
a. uma parcela menor dos indígenas, moradores da área da Raposa, que preferia a demarca-
ção em ilhas, pois defende o intercâmbio entre índios e não-índios; 
b. os produtores de arroz e fazendeiros que atuavam na área19; 
c. o governo, uma grande parcela dos políticos estaduais e a maioria esmagadora da popu-
lação urbana do estado; 
d. os garimpeiros – os quais estão proibidos de atuar em terras indígenas, até que seja apro-
vada legislação específica pelo Congresso Nacional; 
e. os habitantes dos municípios de Uiramutã e Pacaraima, antigas vilas de garimpo, que 
após a homologação tiveram sua área reduzida ao perímetro urbano que ocupavam, sen-
do proibida a sua expansão futura;
Figura 09: Localização 
da Reserva Raposa 
Serra do sol, em 
Roraima. 
Fonte: http://lh4.ggpht.
com/_5ZVfrqNx7ZM/
S7JKkQQcoSI/
AAAAAAAAQEc/1O_8f7
prBtw/Reserva%20Rapo-
sa%20Serra%20do%20
Sol.%5B9%5D.jpg, acesso 
em 19 setembro de 2011.
►
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u535588.shtml.17/03/2009 - 21h50
http://lh4.ggpht.com/_5ZVfrqNx7ZM/S7JKkQQcoSI/AAAAAAAAQEc/1O_8f7prBtw/Reserva Raposa Serra do Sol.%5B9%5D.jpg
http://lh4.ggpht.com/_5ZVfrqNx7ZM/S7JKkQQcoSI/AAAAAAAAQEc/1O_8f7prBtw/Reserva Raposa Serra do Sol.%5B9%5D.jpg
http://lh4.ggpht.com/_5ZVfrqNx7ZM/S7JKkQQcoSI/AAAAAAAAQEc/1O_8f7prBtw/Reserva Raposa Serra do Sol.%5B9%5D.jpg
http://lh4.ggpht.com/_5ZVfrqNx7ZM/S7JKkQQcoSI/AAAAAAAAQEc/1O_8f7prBtw/Reserva Raposa Serra do Sol.%5B9%5D.jpg
http://lh4.ggpht.com/_5ZVfrqNx7ZM/S7JKkQQcoSI/AAAAAAAAQEc/1O_8f7prBtw/Reserva Raposa Serra do Sol.%5B9%5D.jpg
http://lh4.ggpht.com/_5ZVfrqNx7ZM/S7JKkQQcoSI/AAAAAAAAQEc/1O_8f7prBtw/Reserva Raposa Serra do Sol.%5B9%5D.jpg
http://lh4.ggpht.com/_5ZVfrqNx7ZM/S7JKkQQcoSI/AAAAAAAAQEc/1O_8f7prBtw/Reserva Raposa Serra do Sol.%5B9%5D.jpg
23
Geografia - Geografia Política
f. o Exército, que sempre foi um dos fortes opositores à demarcação da TIRSS (Terra Indí-
gena Raposa Serra do Sol) de forma contínua, especialmente porque esta ocupa extensa 
área na faixa de fronteira, considerada pelos militares fundamental para a segurança na-
cional, conforme explicitado anteriormente. (SILVA, 2007, p.8)
No julgamento da demarcação da Terra indígena Raposa Serra do Sol, no Supremo Tribunal Fede-
ral (STF), estavam abertamente em disputa a autonomia dos territórios, os direitos indígenas e a função 
do Estado. A vitória do processo de reconhecimento das terras dos índios foi uma clara reafirmação de 
direitos garantidos pela Constituição aos povos indígenas. Apesar de eles terem ganhado aquela causa, 
ainda está muito longe de se resolver a mazela desses povos que continuam sendo o lado mais frágil 
dessa queda de braço. Na verdade, eles ocupam aproximadamente 13% do território nacional – di-
reito reconhecido só após a Constituição de 1988 e, frequentemente, questionado por “obstruir” 
o desenvolvimento do país (PERES, 2009).
Como é visível, no caso citado, o território compreende um campo da ação política ou da 
dominação e da apropriação. No caso, vimos também que o território envolve uma teia de rela-
ções sociais projetadas no espaço. Por parte dos indígenas, percebemos relações estabelecidas 
com a terra que estão intrinsecamente ligadas a sua própria existência. Toda a sua cultura e co-
nhecimento estão ligados a existência de um território. Por outro lado, os não indígenas, tam-
bém se estabeleceram, nesta terra, apropriando-se do território, também para produção, como é 
o caso dos rizicultores.Desse conjunto de forças demandando um mesmo espaço, estabelece-se o conflito. 
Como trabalhar o conceito de território?
Para trabalhar o conceito de território em sala de aula, o professor de Geografia, segundo 
Ferreto (2009), deve considerar que o território:
•	 abrange aspectos econômicos, sociais e culturais;
•	 está em constante transformação e construção no espaço geográfico; 
•	 é tratado como político-administrativo (poder e fronteira) articulado a uma organização. 
Para trabalhar essa categoria, Ferreto (2009, p.4) afirma que é preciso “conhecer e compre-
ender o território ao qual está vinculado permite que o aluno interprete as suas características e 
valorize-as, pois elas constituem parte da sua história pessoal”.
Em relação a essa questão, Ferreto (2009) descreve um trabalho que realizou com alunos do 
Ensino Fundamental tendo como foco a abordagem do conceito de território. Segundo a autora, 
procurou-se “desenvolver a observação dos processos de formação e transformação dos terri-
tórios, tendo em vista as relações de trabalho, a incorporação de técnicas [...]”. Nesse sentido, o 
trabalho desenvolvido objetivava
tornar viável a análise e a comparação, interdisciplinar, das relações entre pre-
servação e degradação no meio ambiente, tendo em vista o conhecimento de 
sua dinâmica e a mundialização dos fenômenos culturais, econômicos, tecno-
lógicos e políticos, nas diferentes escalas (partindo do local, regional, nacional 
e global).
O trabalho contou com as seguintes etapas:
•	 passeio pelo bairro onde a escola está inserida, o que permitiu que os alunos pudessem ob-
servar e debater como a sociedade influencia na constituição do território e na identidade 
da comunidade;
•	 produção de desenhos sobre o bairro e a comunidade em que vivem, dando prosseguimen-
to ao processo de interpretação do conceito de território e identidade; 
•	 comparação de mapas com diferentes aspectos territoriais; 
•	 atividades de fixação sobre o conceito, em sala de aula, que consistiu no desenvolvimento 
de leitura, interpretação e construção de mapas e sua exposição.
A abordagem desse tema deve considerar novas situações que aparecem cada dia, como 
o projeto de criação dos estados de Tapajós e de Carajás a partir do desmembramento do Es-
tado do Pará. Nesse sentido, uma sugestão da Revista Nova Escola tem o objetivo de verificar 
como ocorreu a criação de alguns estados e territórios federais brasileiros, através da abordagem 
do conteúdo “Estados e Territórios federais do Brasil”. Através dessa atividade é possível discutir 
com os alunos que o surgimento de um estado não é algo arbitrário e sim o fruto de processos 
históricos que geraram identidades políticas e culturais singulares. 
24
UAB/Unimontes - 8º Período
Essas duas sugestões objetivam orientar sobre as atividades que podem ser trabalhadas, 
lembrando que não existem receitas prontas e que cada professor deve adaptar as atividades à 
realidade de sua turma, ou seja, ao estágio de desenvolvimento dos seus alunos. É fundamental 
que o professor tenha clareza dos objetivos ao propor alguma atividade, que ela seja um ele-
mento mediador e não um fim na construção das habilidades.
Referências 
CARVALHO, Marcos B. de. ratzel: releituras Contemporâneas. Uma reabilitaçâo?. Biblio 3W. 
Revista Bibliográfica de Geografia y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9796] 
Nº 25, 23 de abril de 1997. Disponível em < http://www.ub.edu/geocrit/b3w-25.htm>. Acesso em 
29 de novembro de 2011.
CASTRO, Iná Elias. Geografia e política: território, escalas de ação e instituições. Rio de Janei-
ro: Bertrand Brasil, 2005. 
CASTROGEOVANE, Carlos Antonio. É preciso ter medo da geopolítica? Jornal Mundo Jovem. 
Ano 45, n° 373, fevereiro de 2007, p.11.
CHAUÍ, Marilena. Um convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 1995.
CLAVAL, Paul. Espaço e poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
COSTA, Wanderley Messias da. Políticas territoriais brasileiras no contexto da integração sul-ame-
ricana. revista território, ano lV, n°7, Rio de Janeiro, 1999, p.24-49.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. São Paulo: Ed. Saraiva, 2005.
FERRETO, Letícia. Trabalhando o conceito de território no ensino fundamental. Encontro na-
cional de prática de ensino em geografia, 10., 2009, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre: Agb, 2009. 
Disponível em: <www.agb.org.br/XENPEG/artigos/Poster/P%20(39).pdf> Acesso em: 14 set. 2011.
GOMES, Paulo César da Costa. A condição urbana: ensaios de geopolítica da cidade. Rio de 
Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
MORAES, Antônio Carlos Robert (ORG.) RATZEL – Coleção grandes cientistas sociais. nº59, São 
Paulo, Ed. Ática S/A. 1990.  
PERES, Cristina. Povos indígenas isolados: entre a Bíblia e a motosserra. São Paulo: Le Mon-
de Diplomatique Brasil, 05 maio 2009. Disponível em: <http://diplomatique.uol.com.br/artigo.
php?id=502> Acesso em: 14 set. 2011.
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: 
Ática, 1993.
RIBEIRO, Wagner Costa. Geografia Política da Água. São Paulo, Annablume, 2008.
SILVA, Marcelle Ivie da Costa. Raposa Serra do Sol: agentes políticos, conflitos e questões inter-
nacionais na Amazônia brasileira. In: I SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNA-
CIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS (UNESP, UNICAMP E PUC-SP), 1., 2007, São Paulo. 
Anais... . São Paulo: San Tiago Dantas, 2007. p. 1 - 20. Disponível em: <http://www.santiagodan-
tassp.locaweb.com.br/br/arquivos/nucleos/artigos/marcele.pdf>. Acesso em: 14 set. 2011.
SUERTEGARAY, Dirce Maria Antunes. Espaço Geográfico: Uno e Múltiplo. Scripta Nova REVISTA 
ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES. Universidad de Barcelona , 2001. Disponível 
em < http://www.ub.es/geocrit/sn-93.htm>, acesso, 10 de janeiro de 2010. 
VESENTINI, José William. A capital da Geopolítica. São Paulo: Ática, 1986
VESENTINI, José William. novas Geopolíticas. São Paulo: Contexto, 2007.
diCA
Para mais detalhes 
sobre as atividades, leia 
os textos:
Trabalhando o con-
ceito de território no 
ensino fundamental, 
disponível em www.
agb.org.br/XENPEG/
artigos/Poster/P%20
(39).pdf, acesso em 14 
de setembro de 2011 e 
Novos estados e terri-
tórios federais no Brasil 
revista nova escola, 
disponível em: http://
revistaescola.abril.com.
br/ensino-medio/no-
vos-estados-territorios-
-federais-brasil-627778.
shtml, acesso em 14 de 
setembro de 2011. 
http://www.ub.edu/geocrit/b3w-25.htm
http://www.ub.es/geocrit/sn-93.htm
http://www.agb.org.br/XENPEG/artigos/Poster/P (39).pdf
http://www.agb.org.br/XENPEG/artigos/Poster/P (39).pdf
http://www.agb.org.br/XENPEG/artigos/Poster/P (39).pdf
http://www.agb.org.br/XENPEG/artigos/Poster/P (39).pdf
25
Geografia - Geografia Política
Vídeo sugerido para debate
Título: O Senhor das Armas. Duração: 122 min.
Sinopse: Yuri Orlov (Nicolas Cage) é um traficante de armas que realiza negócios nos mais varia-
dos locais do planeta. Estando constantemente em perigosas zonas de guerra, Yuri tenta sempre 
se manter um passo a frente de Jack Valentine (Ethan Hawke), um agente da Interpol, e também 
de seus concorrentes e até mesmo clientes, entre os quais estão alguns dos mais famosos ditado-
res do planeta.
Orientações de utilização do filme conforme o objetivo e o conteúdo: O filme, além de abor-
dar sobre o comércio de armas, critica a intervenção dos EUA no Iraque e questiona, nas entreli-
nhas, a atuação da nação Americana nos conflitos mundiais, como o maior comerciante de armas 
do mundo, e a do exército dos Estados Unidos da América.
27
Geografia - Geografia Política
UnidAdE 2
Estado e fronteiras
Vivian Mendes Hermano
Introdução
O Estado é um dos principais atores na organização do espaço, tanto em relação ao mundo 
quanto na esfera nacional. Possui um papel fundamental na estruturação e manutenção dos ter-
ritórios, até meados do século XX. Esteve praticamente sozinho na organização social, atualmen-
te convive com outras formas de poder.
A unidade que sesegue procura apresentar a relação entre o Estado e o espaço, discutindo 
a questão do Estado-nação e o processo de formação e manutenção das fronteiras. O estudo 
sobre tais processos é complexo, e, aqui, pretendemos apresentar uma apresentação síntese das 
principais ideias e autores dessa temática, buscando sempre a participação do personagem mais 
importante, dessas histórias, você nosso caro (a) leito r(a).
Essa unidade é composta de três seções, na primeira, discutiremos o Estado e espaço; na 
segunda, o Estado-nação: formação e atualidades e, por último, as fronteiras: velhos e novos sig-
nificados 
Ao final dessa unidade, esperamos que você acadêmico (a) possa compreender melhor qual 
a relação do Estado-nação e sua espacialidade, analisando como a demarcação das fronteiras e 
dos limites é um processo complexo. Buscamos assim, destacar os principais autores e ideias des-
sa temática, além de apontar novos caminhos de leitura e pesquisa para compreensão do papel 
do Estado e das fronteiras.
2.1 Estado e espaço
A relação entre o Estado, uma das entidades políticas mais antigas e consolidadas da so-
ciedade, e o espaço, entendido como território, palco das ações políticas, é muito estreita e in-
tegrada. Vlach (1999, p.98-99) afirma que “o principio de territorialidade se constitui no instru-
mento político por excelência das nações européias”. A autora destaca que na política interna 
tal princípio tornou-se o fundamento da soberania dos Estados-nações, e , na política externa, 
o direito público europeu (futuro direito público internacional) fundamentou-se e se consolidou 
com base no respeito e reconhecimento da soberania territorial dos Estados na cena europeia (e 
internacional).
Esse modelo europeu de constituição política estruturado nas bases dos elementos do 
Estado-nação (soberania, povo e território) se expandiu praticamente em todos os continentes, 
servindo de modelo aos demais governos, tanto os consolidados quanto os emergentes, como 
o exemplo do Estado brasileiro. O Estado se tornou um elemento fundamental ao sistema não 
apenas político, mas também econômico.
Para Hobsbawn (1990, p.198), o Estado é necessário ao sistema por três motivos: 
a. é o maior responsável pela penetração das inovações e pela criação de condições de su-
cessos dos investimentos;
b. por seus próprios investimentos, o Estado participa de uma divisão de atividades que atri-
bui aos grandes capitais os benefícios maiores e os riscos menores;
c. cumpre um papel de criador da ideologia de modernização. 
O autor ressalta a importância estatal na condução das atividades econômicas como pro-
dutor e como regulador do fluxo comercial, destacando também sua importância na orientação 
28
UAB/Unimontes - 8º Período
política social. Outro autor destaca ainda que “o Estado procura fazer conhecer seus produtos 
e busca proteger-se contra a concorrência procedente do exterior, pelos direitos aduaneiros ou 
pelos continentes armados”. (CLAVAL, 1979: p.209).
Podemos perceber que a ação estatal é fortemente evidenciada em momentos de ocorrên-
cia de desastres naturais (enchentes, terremotos) ou crises econômicas (1929 ou 2002). Entretan-
to, a todo o momento, e em diversos setores, no dia a dia da sociedade, é possível reconhecer a 
ação do Estado e seus governos em seus diferentes espaços.
São exemplos de ações do Estado sobre os espaços:
1. Satisfação das necessidades locais, cuja resposta é dada segundo níveis diferentes de 
qualidade e quantidade;
2. Satisfação das necessidades do tipo regional, cuja resposta é dada em um ponto preciso 
desse espaço regional;
3. Necessidades nacionais, cuja satisfação interfere na organização do espaço. (CLAVAL, 
1979)
Além dos exemplos apresentados, é possível perceber que o Estado interfere diretamente 
na comercialização local, tais como na qualidade das estradas ou na política de impostos. A li-
mitação da margem de manobra, no mercado de importação e exportação, dá-se em função da 
prerrogativa do liberalismo econômico, que desde os séculos Vlll e lX vem criando condições ao 
funcionamento do livre mercado. Os principais idealizadores da doutrina liberal foram Smith, Lo-
cke, entre outros.
A liberdade mercadológica é a priori combatente das ações protecionistas de mercado, bus-
ca abertura constante das fronteiras. Entretanto, essa doutrina não é plenamente praticada por 
todos os governos, levando a posturas divergentes, esse fato gera conflito nas disputas pelos 
mercados mundiais.
Será que os países desenvolvidos praticam realmente a abertura de mercado? Existe uma 
guerra nas relações comerciais?
Para esses perguntas existem algumas respostas, mas um fato pode ser considerado funda-
mental: por vezes as relações políticas ou comerciais desiguais podem levar os diferentes países 
a disputas que podem extrapolar o campo das negociações. São momentos em que os Estados 
se utilizam da sua força militar, na defesa de interesses considerados cruciais. 
De acordo com Claval, “o uso da força é um dos elementos da vida internacional”. Nos Esta-
dos, o governo dispõe do monopólio legal do recurso a violência e o utiliza para tornar impos-
sível o uso privado da coação física. “A paz é apenas a continuação da guerra por outros meios.” 
(CLAVAL, 1979 p.203).
Vamos refletir um pouco! O que significa afirmar que a paz, estado de relacionamento con-
siderado modelo de interação entre países, é também um tipo de guerra? Analise a figura 11, 
PArA rEFLETir
A Agência Brasileira de 
Promoção de Exporta-
ções e Investimentos 
(Apex-Brasil) tem a 
missão de promover as 
exportações de produ-
tos e serviços brasilei-
ros, contribuir para a 
internacionalização das 
empresas brasileiras e 
atrair investimentos es-
trangeiros diretos para 
o Brasil. Instância de 
formulação estratégica, 
a Apex-Brasil é uma 
agência do governo 
brasileiro vinculada ao 
Ministério do Desen-
volvimento, Indústria 
e Comércio Exterior 
(MDIC).
Qual a sua opinião 
sobre a atuação do go-
verno na economia de 
mercado globalizada?
◄ Figura 10: Foto da 
Agência Brasileira 
de Promoção de 
Exportações e 
Investimentos (Apex-
Brasil). 
Fonte: http://www.brazil-
machinery.com/site.aspx/
Apresentacao-Apex. Data 
de acesso: 04/05/2011.
29
Geografia - Geografia Política
intitulada “A paz mundial”. Ela retrata um jogo de forças entre grupos diferentes. Você concorda 
que a paz é apenas a continuação da guerra por outros meios? 
Para além de suas funções militares, um fato marcante é que o Estado se sobrepõe, ao mes-
mo tempo, a esfera política e as esferas da sociedade civil, o que multiplica as exigências as quais 
está sujeito. O fardo da sua responsabilidade é contabilizado pela cobrança de impostos e tari-
fas territoriais (imposto de circulação de mercadorias, licenças de funcionamento entre outros). 
A conta não fecha, e a sociedade, muitas vezes, o considera ineficiente, levando ao surgimento 
das seguintes perguntas: o Estado está em crise? Ocorre o enfraquecimento da sua influência na 
dinâmica moderna?
Becker (2005, p. 274) afirma que “novas territorialidades entendidas como estratégias que 
visam influir em ações a partir do controle de territórios surgem acima e abaixo da escala do Es-
tado”. Esses novos atores desafiam os fundamentos do poder nacional e a possibilidade de de-
senvolvimento autárquico. 
Para esta autora significa que o Estado não é mais a única representação do político nem a 
única escala de poder, mas certamente é uma delas, mantendo-se ainda, embora com novas for-
mas e funções. Trata-se, portanto, não do fim do Estado, mas de uma mudança em sua natureza, 
e seu papel, entendendo-se que ele não é uma forma acabada, é um processo. Em sua opinião o 
Estado está se fortalecendo ou enfraquecendo?
No caso do mundo subdesenvolvido, a presença do Estado torna-se hoje cada vez mais ne-
cessária devido ao agravamento crescente de contradições nas relações externas, ocasionadas 
pela crise do sistema e nas relações internas ainda fragilizadas.E um dos elementos fundamen-
tais desse processo são a formação e a consolidação do Estado-nação, que será abordado na se-
ção a seguir.
2.2 O Estado-nação: formação e 
atualidades
Você já deve ter percebido como o nacionalismo tem sido um sentimento marcante na his-
tória da humanidade. Em nome de um país ou de uma bandeira, exércitos se formam, pessoas se 
identificam ou obras grandiosas são erguidas. Toda essa vultosa estrutura pode ser denominada 
como Estado-nação.
◄ Figura 11: Charge sobre 
a paz mundial.
Fonte: goo.gl/Vx3o7. Data 
de acesso: 22/06/2011.
GLOSSÁriO
De acordo com o di-
cionário Aurélio p.201 
(1986), autárquico sig-
nifica poder absoluto, 
entidade autônoma, 
auxiliar e descentrali-
zada da administração 
pública.
30
UAB/Unimontes - 8º Período
BOX 3
Entenda o poder central do Estado
O poder central do Estado é baseado num grande movimento sincretista entre a onipre-
sença do Estado e do sentimento da sua incomensurável capacidade de fazer o bem e de fazer 
o mal. Esse movimento tem como objetivo central fundir o povo na consciência da unidade na-
cional e no sentimento profético de um alto destino histórico. Esse objetivo só será alcançado 
por um Estado soberano, incontrastável, centralizado, unitário, capaz de impor-se a todo país. 
Fonte: Francisco Jose Oliveira Viana, no livro: O problema da unidade nacional e a missão do poder central (1979).
Em razão da organização territorial que se formou o Estado-nação moderno, é que esse de-
tém o controle sobre o território e seus conteúdos, pessoas e terras. Ele é fundador, em todas 
as sociedades, de organizações sociais políticas complexas. A centralidade territorial do poder 
político só foi possível pela submissão e controle do território, destacando-se o principal meio 
utilizado: a racionalização do direito ou força militar profissional permanente.( GUIBERNAU,1997).
Essa característica básica é independente do tipo de organização política (estados liberais, 
democráticos, comunistas). Todas elas possuem um exército, um território, uma bandeira e o sen-
timento de pertencimento das pessoas que ali vivem. É claro que essa estrutura não esta com-
pletamente definida em todos os Estados e também se percebe uma diversidade de formas de 
estruturação.
Segundo Castro (2005, p.124), identificam-se dois modelos básicos de Estado-nação: 
a. O estado unitário e centralizado: melhor exemplo é a França, em que existe um alto grau 
de homogeneidade interna e coesão e a administração se exerce somente a partir da ca-
pital;
b. O estado federalista: o melhor exemplo são os Estados Unidos, que se funda na diversida-
de e têm sua origem na aliança ou pacto de coexistência, e a administração é diferenciada 
para cada estado membro.
Atualmente diversos países, além dos citados, também podem ser classificados em alguma 
dessas categorias. Como podemos classificar a organização do Estado-nação brasileiro? Por quê? 
Fundamentados na teoria acima citada, é possível considerar que o Brasil é um Estado centrali-
zado aproximando-se do modelo francês como outros países latinos como a Argentina e o Uru-
guai. Já, o modelo norte-americano é menos difundido. O que ambos possuem em comum é a 
presença marcante do Estado nas diversas esferas de interesse da sociedade desde a política a 
econômica. 
Assim, como condição atual onipresente, os governos têm como princípio a formação do 
Estado-nação. Esta é uma formação socioeconômica por excelência, tanto pela necessidade e 
complexidade das relações exteriores, quanto pelas necessidades emergentes das sociedades 
locais.
O fato de ser o único intermediário possível entre o modo de produção em escala interna-
cional e a sociedade nacional, renova o papel do estado no período atual. 
Um Estado-nação é essencialmente formado por três elementos:
1) território 2) povo 3) soberania (HOBSBAWN,1990).
Na falta de algum desses elementos, a estrutura não se forma por completo. Um caso de 
povo sem soberania é a questão dos curdos no Oriente Médio, na ausência de território destaca-
-se, na história, o caso dos judeus antes da 2° guerra mundial, e em relação ao fator povo, que 
se fundamenta na formação cultural e histórica de cada lugar, é com certeza uma das temáticas 
mais discutidas. Os exemplos acima apenas destacam como a falta de algum elemento (povo, 
soberania e território) influencia na consolidação do Estado-nação.
Dos três elementos fundamentais, daremos destaque à questão do povo. O sentimento do 
povo, é de suma importância no processo de reconhecimento estatal, e é denominado nacionalis-
mo. O nacionalismo pode ser definido de várias formas, porém todas se referem ao sentimento de 
identidade, de pertencimento. De acordo com Guibernau (1997, p.55), “o nacionalismo dá forma ao 
Estado moderno e é uma das maiores fontes de identidades para os indivíduos contemporâneos”. 
Existem duas posições principais sobre a origem da nação e do nacionalismo: a primeira su-
põe que a nação é uma coisa natural. Como se o mundo fosse dividido naturalmente entre do-
mínios étnicos ou nações muito antigas como, por exemplo, a nação chinesa, representada na 
figura 12:
ATiVidAdE
Você já observou a im-
portância das decisões 
governamentais no 
fluxo de investimentos 
internacionais? Cons-
tantemente na mídia 
por meio de jornais 
impressos ou transmi-
tidos pela televisão, so-
mos informados sobre 
taxas de juros, valor do 
dólar, crises políticas. 
Faça o registro de uma 
notícia dessa temática 
e de desenvolva uma 
discussão relacionando 
e o fato registrado e as 
teorias apresentadas 
nesse caderno. Esta é 
a Atividade de Apren-
dizagem da questão 
número 09.
31
Geografia - Geografia Política
A segunda hipótese sobre o nacionalismo afirma que esse fenômeno é típico do período 
moderno, e está associado ao surgimento das sociedades industriais. Essa abordagem destaca 
que a nação pertence exclusivamente ao período particular e historicamente recente. Segundo 
Hobsbaw (1990, p. 19), “a nação é uma entidade social apenas quando relacionada a uma certa 
forma de Estado territorial moderno, o Estado-nação, e não faz sentido discutir nação e naciona-
lidade fora dessa relação”.
Analisando as duas abordagens, podem-se fazer as seguintes considerações:
A teoria baseada na naturalidade restringe-se ao fato da nação estar relacionada apenas a 
uma formação histórica antiga, correspondendo a uma etnia bem definida, ou seja, uma entida-
de fechada e sem possibilidade de transformação. Tal visão tradicional e conservadora, baseada 
no naturalismo pode ser percebida, de forma radicalizada, em visões racistas ou xenofobistas de 
grupos como os skinheads na Alemanha, que tem como bandeira ideológica a “pureza de raça” 
e a não miscigenação.
PArA rEFLETir
Você se considera na-
cionalista? Qual é o seu 
sentimento em relação 
ao nosso país?
◄ Figura 12: Exercito 
Chinês.
Fonte: goo.gl/AL8oy. Data 
de acesso: 18/08/2011.
◄ Figura 13: Skinheads na 
Alemanha.
Fonte: goo.gl/CjZmP
32
UAB/Unimontes - 8º Período
 PArA SABEr MAiS
Segundo o site www.brasilescola.com , Skinheads é uma subcultura juvenil que possui 
tanto aspecto musical como também estético e comportamental. Os skinheads se originaram 
na década de 1960, no Reino Unido, constituído em sua maioria por brancos e negros (imi-
grantes jamaicanos), reunidos pela música (reggae, rude boys, etc.). 
Um skinhead pode ser tanto um garoto quanto uma garota que tem afinidades e se sen-
te bem com essa cultura. Apesar de a expressão skinhead ser traduzida como “cabeça pela-
da”, há skins que não seguem esse estereótipo, podem ter mais cabelo do que muitos que 
não são skins e se vestir totalmente contrário ao estilo mostrado pela mídia. 
A cultura skinheads da década de 60 ficou famosa por promover confrontos nos está-
dios de futebol (confronto entre as torcidas dos times rivais, conhecido na Inglaterra como 
hooliganismo) e por alguns skins demonstrarem animosidade para com os paquistaneses e 
asiáticos. Mesmo tendo apatia

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