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Síntese Unidade 02

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
 INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
 Departamento de Geografia
	Disciplina: GEOGRAFIA POLÍTICA 
	Aluno: João Lucas Anselmo Eleutério – 3º Período (TNB)
	Professor: Célio Augusto da Cunha Horta
Síntese do artigo “GEOGRAFIA POLÍTICA E SUAS MÚLTIPLAS ABORDAGENS - O SISTEMA TERRITORIAL E UMA PRECISÃO TEÓRICO-CONCEITUAL DAS FRONTEIRAS”.
GONÇALVES, I. M.; LIBERATO, R. de C. Geografia política suas múltiplas abordagens – o sistema territorial e uma precisão teórico-conceitual das fronteiras. In: Ágora. Vol. 17, n°1. Santa Cruz do Sul/SP; p. 87-97, jan/jun 2015.
A discussão acerca dos estudos e análises no campo da Geografia Política é ampla e importante. Nesse contexto, Lacoste (1988) afirma que tais estudos devem considerar as dimensões físicas e humanas que favorecem a ocorrência de fenômenos geográficos que podem ser especializados no globo terrestre, privilegiando as configurações espaciais dos fenômenos referidos. Sendo assim, o autor ainda ressalta a importância de considerar a política nos estudos geográficos, uma vez que as relações humanas são políticas, e, portanto, de poder. 
A Geografia Política se insere nas relações conflituosas entre os atores sociais que almejam o poder nas sociedades capitalistas, em que a ocupação dos espaços é desigual. Tal disciplina possibilita a análise efetiva em todas as escalas, desde a tradicional, onde o principal objeto é o Estado Nação, ou seja, população, território e seus recursos. Nesse sentido, na população reside a capacidade de transformação, sendo a origem do poder. O território é categoria de análise geográfica, sendo onde o poder se concretiza. Por fim, os recursos são o motivo pelo qual ocorre disputa por determinada área. 
Ressalta-se que autores como o alemão Haushofer defendiam que a Geografia Política e a Geopolítica formam um conjunto de conhecimentos vinculados somente ao poder e ação dos Estados Nacionais. Entretanto, outros autores como Bertha Becker pensam de forma diferente. Para esses autores, a Geografia Política e a Geopolítica não estão restritas a atuação dos Estados, podendo analisar relações políticas em que seres sociais atuam de modo decisivo, fazendo emergir novas territorialidades que vão muito além dos Estados Nacionais. 
Portanto, ressalta-se que organizações de poder e outras territorialidades merecem ser efetivadas no âmbito dos trabalhos em Geografia Política e Geopolítica, e nesse contexto, o território apresenta-se como conceito chave no âmbito da ampliação desses. Salienta-se que o território não deve ser reduzido somente como figura do Estado. A partir da década de 1970, através das literaturas, tal palavra teve sua conceituação ampliada nas mais diferentes dimensões. Na Geografia Política o território é o espaço concreto em si, com atributos naturais e socialmente construídos. Com a ocupação desses espaços, há a criação de enraizamento e identidade, que resulta na imposição da identidade socioeconômica e cultural.
Salienta-se que território não é sinônimo de espaço, portanto, a conceituação de ambos se faz necessária. Raffestin (1993) afirma que o território sucede o espaço, sendo resultante de uma ação conduzida por um ator que realiza um programa em qualquer nível, não sendo, portanto, somente no nível do Estado Nacional. Sublinha-se que o espaço é um campo onde classes sociais travam disputas objetivando a sua apropriação, e que quando isso acontece, tais atores sociais “territorializam” o espaço. 
De acordo com Raffestin (1980) na análise territorial a distância e a acessibilidade são dois fatores fundamentais para os seres humanos, sendo que a distância se refere à disposição em determinada hierarquia, já que resulta da interação entre os sujeitos sociais localizados em pontos distintos da estrutura hierárquica e tem a desigualdade como pressuposto, e a acessibilidade está relacionada a possibilidade dos atores sociais de partilharem o mesmo espaço, onde fica evidente que a demarcação territorial é suficiente para indicar quais indivíduos e/ou grupos sociais dele fazem parte. Dessa forma, o território é portador da identidade dos seus ocupantes, sendo o acesso condicionado ao compartilhamento com os valores, as visões de mundo, interesses, etc. com os que nele atuam.
Segundo Liberato (2007) o território se constitui através da construção e apropriação espacial, se configurando como uma ação política de identidade e resistência, mantendo assim a especificidade do espaço. O território não é apenas o local onde se encontra os recursos naturais e a população, devendo ser analisado através dos processos físicos ou simbólicos que o formaliza. A temporalidade é um elemento central da constituição territorial, já que as modificações nas configurações espaciais/territoriais ocorrem ao longo do tempo, podendo ser, duradouras ou efêmeras, transitórias ou definitivas. Sendo assim, as análises territoriais devem ser realizadas a partir da produção do espaço e de suas delimitações.
A produção do espaço envolve ao mesmo tempo dois processos: (i) territorialização; (ii) desterritorialização. A territorialização qualifica, distingue e identifica (diferença e alteridade) gerando raízes de identidade, enraizamento e controle, já a desterritorialização, quantifica, homogeneíza, gera desigualdade, distinção e mobilidade. De acordo com Haesbaert (1995) a territorialização está ligada a segregação socioespacial, enquanto que a desterritorialização gera exploração, desintegração e instabilidade.
Ao considerar as delimitações espaciais deve-se levar em conta a ideia de limite, fronteira e divisa, portanto, tais conceituações se fazem necessárias. Segundo Moodie (1992) a fronteira se distingue do limite, já que é natural e remete, portanto, à Geografia, enquanto o limite é artificial e remete diretamente ao Estado. Sendo assim, o limite designa o fim de uma unidade político-territorial, sendo assinalado por marcos visíveis ou não, no próprio território, sendo definido na maioria das vezes por cursos d’água, linhas de trem, rodovias, cristas montanhosas, coordenadas geográficas ou outras linhas geodésicas. Já as fronteiras são estruturas espaciais imateriais, não podendo ser captadas pelos meios amplamente utilizados, como fotografias aéreas ou imagens de satélite. O conceito de fronteira ultrapassa o de limite, já que sua delimitação não impede a interação dos atores sociais, enquanto que, o limite aparta as unidades territoriais em suas diversas escalas (internacionais, nacionais, municipais, locais, grupais). A divisa se constituiu no aspecto visível do limite, pois é um ou mais pontos fixados pelo homem numa determinada área. 
Síntese do artigo “QUEM TEM MEDO DAS FRONTEIRAS NO PERÍODO DA GLOBALIZAÇÃO?”.
CATAIA, M. Quem tem medo das fronteiras no período da globalização?. In: Terra Livre. Vol. 1, n°40. São Paulo/SP; p. 65-80, jan/jun 2013.
As fronteiras são um tema central para a geografia política, tanto as fronteiras externas, chamadas “nacionais”, quanto as fronteiras internas, também interpretadas como limites político-administrativos. As fronteiras políticas, que circunscrevem os territórios, são as formas que os limites tomam quando os territórios são social e intencionalmente usados. 
A estrutura analítica de fronteira é centrada em três esferas: (i) política; (ii) cultural; e, (iii) econômica. Ressalta-se que as três, desde o processo de globalização, sofreram grandes transformações, apesar de não haver paralelismo entre elas. Na esfera política as linhas fronteiriças tornaram-se mais porosas, já que passaram a serem marcadas pela “guerra econômica”, representada pela globalização, que aumentou de forma significativa a importância das redes transacionais e do fluxo de capital que não são controlados pelos Estados nacionais. Na esfera cultural, a mundialização colocou em causa o território nacional como sendo a unidade de realização de diversas culturas nacionais. A esfera econômica apresenta ao menos três alterações geográficas:(i) a gestação de uma nova geografia econômica, que exigiu complementaridades territoriais; (ii) a constituição de novos regionalismos, com a criação de blocos econômicos continentais; e, (iii) surgimento do globalismo, que se refere a livre troca entre as nações.
Ressalta-se que a fronteira é uma forma jurídica que impõe um desenho ao território. Embora as fronteiras tomem forma física de um elemento natural, elas são frutos de uma escolha social. As fronteiras são caracterizadas como elementos técnicos da configuração territorial, entretanto, essa configuração é resultante das interações sociais e por isso é uma forma-conteúdo, caracterizando por serem construções políticas e culturais. Santos (1994) afirmou que não é o território em si, base física e material, que se aplicam as fronteiras, mas o território usado socialmente. 
Salienta-se que as fronteiras têm relação estreita com os limites culturais. Ribeiro (2005) observou que devido a globalização houve uma inversão de discursos, pois, até os anos 1960/70 os movimentos de resistência e revolucionários lutavam pelo fim das fronteiras e pela unidade dos povos oprimidos, hoje a resistência é alicerçada a partir da afirmação dos lugares e reconhecimento dos limites onde as diferentes culturas estão postas. A ascensão da globalização mercantilizou os aspectos de vida de todos, e certos limites foram rapidamente abolidos pela decisão de grandes organismos internacionais, que culminou no desmonte dos direitos sociais, que por sua vez, indicou que o domínio político foi submetido ao domínio econômico.
Latouche (2012) afirma que mesmo nos países centrais do sistema capitalista, o espaço nacional que se impunha como lugar por excelência das regulamentações que deveriam ser obedecidas pelas empresas em 
nome de uma convivência social mais harmônica, hoje, atua em consonância com a oligarquia mundializada sem fronteiras. Nos países da América Latina, onde se inclui o Brasil, as divisões político-administrativas onde se deram através da constituição de “territórios como recursos” (aqueles que servem como recursos para grandes empresas), em que o Estado dividiu para reinar. Em um primeiro momento para a economia de colonização, posteriormente, para uma economia opressora, e atualmente, para uma economia da globalização, em que territórios grandiosos são produzidos somente para a atuação de grandes empresas. Nesses países, o Estado social não foi plenamente construído, a abertura dos territórios nacionais ocorreu simultaneamente com os processos de redemocratização. A redemocratização era a promessa de dar um fim aos “territórios como recursos” e propor uma nova convivência interna (entre regiões pobres e ricas, e classes sociais) e externa (procurando outra forma de inserção na divisão internacional do trabalho), estabelecendo assim os “territórios como abrigos” (aqueles que servem como abrigo para todos).
Em alguns territórios essa promessa foi frustrada e resultou em lutas de muitos grupos sociais fortemente territorializados em busca do reconhecimento de seu direito ao território, que evidentemente, só pode ser possível com o estabelecimento de fronteiras, já que permitem o uso do território mais afeito aos lugares e menos alienados ao mundo da globalização hegemônica do mundo capitalista. Atualmente, existe um movimento na América Latina que tenciona o reconhecimento cultural e legal dos grupos subalternizados, que lutam por mais fronteiras, contrapondo a globalização ilimitada das grandes empresas que não respeitam limites e fronteiras representativos de culturas. Esses grupos reafirmam suas identidades locais dentro de seus territórios nacionais. 
Ao analisar as fronteiras no período atual nota-se que a globalização é uma força de unificação que que esvazia os territórios nacionais de suas estruturas sociais herdadas, entretanto, as estruturas territoriais locais e regionais são revalorizadas. Sublinha-se que as ordens globais provenientes dos agentes hegemônicos, não podem atingir os lugares impunemente, sendo, portanto, necessária a construção de um sistema de limites que consiga assegurar a autonomia dos lugares. A globalização sem limites é fonte de desordens territoriais locais e nacionais. 
Existem outras formas de compartimentos territoriais que não servem apenas a lógica de dominação hegemônica. Santos (2000) chama tais formas de personalidades das horizontalidades, que são obtidas através das solidariedades sociais, culturais e econômicas, fazendo com que grupos vivam em harmonia. Dessa forma, as fronteiras podem ser pensadas sob outro aspecto: para estabelecer a justiça social. Nesse contexto, nota-se que quem não tem medo das fronteiras no sentido geográfico são os povos fortemente territorializados. 
Os povos supracitados buscam ressignificar o sentido de limites em face à globalização imperativa, que tornam as fronteiras mais porosas. Como salientou Latouche (2012), recriar limites, neste período não significa somente exorcizar violências desse período, mas reencontrar um mundo comum, sendo possível fazer das diferenças existentes entre os atores sociais, a riqueza que permitirá construir projetos comuns. Nota-se que atualmente as fronteiras são necessárias por transformar “territórios como recurso” em “territórios como abrigo” e assim superar as desigualdades impostas pela mundialização do espaço geográfico.
Dessa forma, a principal indagação é: 
Quem tem medo das fronteiras no período da globalização?

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