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2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA AGRÍCOLA PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA Relatório sobre perda de carga distribuída, parte da avaliação obrigatória da disciplina FA059 – Práticas de Hidráulica Aplicadas à Engenharia, sob responsabilidade do Prof. Dr. José Euclides Stipp Paterniani. CAMPINAS ABRIL DE 2014 3 SUMÁRIO Sumário Introdução ......................................................................................................... 4 Revisão Bibliográfica ....................................................................................... 4 Escoamento em condutos forçados ................................................................ 4 Perda de carga ................................................................................................ 4 Perda de carga distribuída .............................................................................. 5 Número de Reynolds ...................................................................................... 6 Material e Métodos ........................................................................................... 6 Resultados e discussão .................................................................................. 7 Conclusão ......................................................................................................... 9 Referência Bibliográfica ................................................................................ 10 4 INTRODUÇÃO E QUESTÕES Nesse experimento será demonstrada a influência do número de Reynolds para o estudo da perda de carga distribuída, além do importante papel da rugosidade interna das tubulações. Todas as estruturas físicas estão sujeitas ao fenômeno do envelhecimento. Este pode se revelar pela redução da resistência mecânica, pela modificação da coloração da superfície, pelo aumento da rugosidade superficial, entre outras. No caso das tubulações em geral, após algum tempo, os tubos vão se tornando mais rugosos em consequência de efeitos da corrosão ou da incrustação nas paredes internas (Vennard, 1963). No regime turbulento, o valor do fator de perda de carga (f) é dependente do número de Reynolds e da rugosidade relativa, em se tratando da transição. No regime turbulento pleno, o número de Reynolds não tem influência, mas apenas a rugosidade relativa. A rugosidade relativa é a relação entre a rugosidade do material e seu diâmetro. Assim é importante conhecer a rugosidade interna de uma tubulação para se determinar em projetos, qual será a perda de carga distribuída. Mas qual a importância da perda de carga distribuída? O cálculo da perda de carga em condutos forçados é de extrema importância para o avanço nas pesquisas hidráulicas que avaliam o atrito do fluido em escoamento nas tubulações e as perdas decorrentes pelos componentes instalados nos sistemas. Alguns exemplos de pesquisas incluem desde sistemas de irrigação até usinas hidrelétricas. Para se determinar o valor de f é preciso destacar a influência do número de Reynolds. Tratando-se de condutos forçados, o número de Reynolds diferencia os regimes de escoamento em: laminar e turbulento, além da faixa de transição. Para o cálculo de f existem equações específicas para cada tipo de escoamento, sendo assim, de suma importância a determinação do regime de escoamento na determinação da perda de carga distribuída. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS Tendo em vista a pressão de funcionamento, os condutos hidráulicos podem se classificar em: Condutos forçados: nos quais a pressão interna é diferente da pressão atmosférica. Nesse tipo de conduto, as seções transversais são sempre fechadas e o fluido circulante as enche completamente. O movimento pode se efetuar em qualquer sentido do conduto; Condutos livres: nestes, o líquido escoante apresenta superfície livre, na qual atua a pressão atmosférica. A seção não necessariamente apresenta perímetro fechado e quando isto ocorre, para satisfazer a condição de superfície livre, a seção transversal funciona parcialmente cheia. O movimento se faz no sentido decrescente das cotas topográficas. PERDA DE CARGA A perda de carga é classificada em perda de carga contínua, linear ou distribuída (ΔHD) e em perda de carga singular ou localizada (ΔHS). As perdas de carga distribuídas ocorrem devido 5 ao escoamento em trechos retilíneos de tubulação, enquanto que as singulares são originadas em trechos curvos, em peças e dispositivos especiais instalados na linha em estudo. As perdas distribuídas ocorrem devido ao atrito entre as diversas camadas do escoamento e ainda ao atrito entre o fluido e as paredes do conduto (efeito da viscosidade e da rugosidade). A razão entre a perda de carga distribuída (ΔHD) e o comprimento do conduto L, representa o gradiente ou a inclinação da linha de carga e é denominada perda de carga unitária j. PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA As primeiras experiências (por volta de 1850) sobre o escoamento da água em tubos longos retos e cilíndricos indicam que a perda de carga varia (aproximadamente) diretamente com a carga cinética (V2/2g ) e com o comprimento do tubo (L), e inversamente com o diâmetro do tubo (D). Usando um coeficiente de proporcionalidade (f), denominado de fator de atrito, Darcy, Weisback e outros propuseram a seguinte equação para cálculo da perda de carga ΔH: em que, ΔH = perda de carga, m; f = fator de perda de carga; L = comprimento da tubulação, m; D = diâmetro da tubulação, m; G = aceleração da gravidade, m s-2. V = Velocidade média do escoamento, m s-1. O valor do fator de perda de carga (f) varia em função do tipo de escoamento, do fluido e da rugosidade da tubulação. Para o cálculo do fator de atrito existem equações específicas para cada tipo de escoamento. Na hipótese de regime laminar, f é independente da rugosidade relativa (e/D) e é unicamente função do número de Reynolds: No regime turbulento, o valor de f é dependente do número de Reynolds e da rugosidade relativa, em se tratando da transição. No regime turbulento pleno, o número de Reynolds não tem influência, mas apenas a rugosidade relativa. A rugosidade relativa é a relação entre a rugosidade do material e seu diâmetro. A Tabela 1 fornece a rugosidade de alguns materiais comumente usados. 6 Tabela 1 - Valores da rugosidade média (e) dos materiais empregados em condutos forçados. Tipo de material e ( mm ) Ferro fundido novo 0,26 – 1 Ferro fundido enferrujado 1 - 1,5 Aço comercial 0,046 Cimento bruto 1 – 3 Alvenaria de pedra bruta 8 – 15 Madeira não aplainada 1,0 - 2,5 Plástico 0,06 NÚMERO DE REYNOLDS A expressão que caracteriza o regime de escoamento é: Em que: Re = é conhecido como número de Reynolds, adimensional; V= a velocidade média de escoamento, m s-1 ; D = o diâmetro da canalização, m; e ν= a viscosidade cinética do fluido, m2 s-1 (νágua= 1,02 x 10-6 m2 s-1) Para definir o regime, basta calcular o número de Reynolds e caracterizá-lo pelos limites. Se R e ≤ 2.000 - regime laminar Se Re≥ 4.000 - regime turbulento Se 2.000 < Re< 4.000 - zona de transição Na zona de transição não se pode determinar com precisão a perda nas canalizações. MATERIAS E MÉTODOS O experimento foi realizado em um módulo didático onde existem dois tubos de PVC de 1 ½” de diâmetro e 2,2 m de comprimento, porém com rugosidades internas diferentes, um liso e outro rugoso. Os tubos foram ensaiados individualmente, seguindo o roteiro abaixo. Com todos os registros fechados, ligava-se a bomba. As mangueiras do manômetro de mercúrio estavam conectadas às duas tomadas de pressão do tubo liso. O registro de alimentação do tubo liso foi totalmente aberto, mantendo-se os demaisregistros fechados. O registro do tubo principal de alimentação foi aberto em sequencia. Observou-se a presença de bolhas a serem retiradas. O registro foi mudado de posição, para se obter vazões distintas, cinco vezes, em que a deflexão no manômetro de mercúrio ligado ao medidor de orifício oi anotada. O registro do tubo liso foi fechado e então aberto o registro do tubo rugoso e repetido o procedimento. 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO As dimensões das tubulações, 2,20 metros de comprimento e 0,038 metros de diâmetro interno, foram dadas e através das mesmas obtidas a área da seção transversal da tubulação, Tabela 2. Para o cálculo da área, tanto para o tubo liso quanto para o tubo rugoso, foi usada a seguinte equação com todas as grandezas no SI: Onde A é a área da seção dos tubos e D o diâmetro interno. Tabela 2 – Dados tubulações Tubo liso Tubo rugoso Comprimento 2,2 m 2,2 m Diâmetro 0,038 m 0,038 m Área 0,001134115 m² 0,001134115 m² Foi observada a diferença no manômetro de mercúrio para a vazão e para as tubulações, apresentados na Tabela 3. Figura 1 – Ensaio realizado em aula. Tabela 3 – Medições experimentais. 8 TUBO LISO ΔH de vazão (cmHg) ΔH de perda de carga (cmHg) ΔH de perda de carga (mca) 0,6 1,6 0,217536 1,2 2,1 0,285516 1,9 3,3 0,448668 3,1 5,1 0,693396 4,7 8 1,08768 TUBO RUGOSO ΔH de vazão (cmHg) ΔH de perda de carga (cmHg) ΔH de perda de carga (mca) 0,3 6,75 0,91773 0,4 3,1 0,421476 1,2 10,4 1,413984 1,5 14 1,90344 2,2 20,5 2,78718 Conhecida a deflexão no manômetro de mercúrio ligado ao medidor de orifício, determinou-se a Vazão (Q) através da equação: Tabela 4 – Vazões calculadas. Q Tubo liso (m³s-¹) Q Tubo rugoso (m³s-¹) 1 0,001781572 0,001259762 2 0,002519524 0,001454648 3 0,003170331 0,002519524 4 0,004049568 0,002816913 5 0,004986281 0,003411451 Variando a vazão do registro e observada à deflexão no manômetro de mercúrio que quantificava a perda de carga (ΔH), se obteve os dados necessários para a equação de Darcy- Weisbach (fórmula universal da perda de carga), determinando, assim, o valor de f. , ou seja, Tabela 4 – Valores de f calculados. f Tubo liso f Tubo rugoso 1 0,029874 0,252065 9 2 0,019605 0,086822 3 0,019458 0,097092 4 0,018431 0,10456 5 0,019069 0,10439 Foram realizadas cinco medições de vazão e perda de carga para cada tubo (liso e rugoso) e calculado o número de Reynolds, através da equação: Tabela 5 – Valores de Reynolds calculados. Re Tubo liso Re Tubo rugoso 1 5,97E+04 4,22E+04 2 8,44E+04 4,87E+04 3 1,06E+05 8,44E+04 4 1,36E+05 9,44E+04 5 1,67E+05 1,14E+05 Com os dados obtidos pelas Tabelas 4 e Tabela 5, plotou-se um gráfico de Fator de Atrito (f) x número de Reynolds para o tubo liso e para o tubo rugoso. Figura 1 - Fator de Atrito (f) x Reynolds para o tubo liso. y = -8E-08x + 0,0303 R² = 0,512 0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0 50000 100000 150000 200000 Tubo Liso f Linear (f) 10 Figura 2 - Fator de Atrito (f) x Reynolds para o tubo rugoso. Conforme os resultados obtidos, percebeu-se que quanto maior é a vazão do escoamento, maior é igualmente a perda de carga, portanto são diretamente proporcionais. Com exceção do primeiro valor dos ensaios dos dois tubos é possível identificar esse padrão de proporcionalidade. No caso do tubo liso, todos os regimes de escoamento se enquadram no regime turbulento, corroborando com o gráfico da Figura 1, onde o fator de perda de carga não depende de Reynolds. O mesmo acontece no tubo rugoso. CONCLUSÃO A proporcionalidade do número de Reynolds com o fator f se dá apenas no regime laminar. Quando o regime de escoamento é classificado como turbulento é possível encontrar essa razão com outros parâmetros, como a proporcionalidade inversa do valor de f com o valor da vazão, identificada claramente no tubo liso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO NETTO, J.M. – Manual de Hidráulica, Ed. Edgard Blucher, 1977 2V MACINTYRE, A.J. – Bombas e Instalações de bombeamento, Ed. Guanabara S/A, 1987, 782p. SILVESTRE, P. – Hidráulica Geral, Ed. Livros Técnicos e Científicos S/A, 1979, 310p. FOX, Robert W., MCDONALD, Alan T., PRITCHARD, Philip J. Introdução a Mecânica dos fluidos. 6° edição. Editora LTC. y = -1E-06x + 0,2244 R² = 0,303 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0 50000 100000 150000 Tubo Rugoso f Linear (f)