Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: LABORATÓRIO DE HIDRÁULICA I (2569) Prática 5: PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA Alunos: Bruno Augusto Yoshioka RA: 85637 Lucas Eduardo Cariolando RA: 83444 Roberta de Oliveira Pavão RA: 82774 Professor: Oswaldo Teruo Kaminata Maringá, 24 de Julho de 2015 1. Assunto Perda de carga distribuída em condutos forçados. 2. Objetivos Medida da perda de carga distribuída em tubulações – comparação entre um tubo liso e um rugoso. 3. Fundamentação Teórica O escoamento interno em tubulações sofre forte influência das paredes do tubo e de peças componentes que dissipam energia devido ao atrito. As partículas ao entrar em contato com a parede adquirem a velocidade da parede, isto é, velocidade nula, e passam a influir nas partículas vizinhas através da viscosidade e da turbulência o que causa um abaixamento da pressão total do fluido ao longo do escoamento. Esse fenômeno é denominado perda de carga. (FSA, 2013) A perda de carga pode ser dividida em localizada ou distribuída, dependendo da sua gênese: A perda de carga localizada é causada por acessórios de canalização, em outras palavras, as diversas peças necessárias para a montagem da tubulação e para o controle do fluxo do escoamento. Estas provocam variação brusca da velocidade, em módulo ou direção, intensificando a perda da energia nos pontos onde estão localizadas. Alguns exemplos de acessórios são válvulas, curvas, cotovelos e reduções. (FSA, 2013) A perda de carga distribuída é causada pela perda de pressão distribuída ao longo do comprimento do tubo. Ocorre ao longo dos trechos retos de tubulação devido ao atrito. Esta perda depende do diâmetro e comprimento do tubo, além da rugosidade da parede, massa especifica e da viscosidade do líquido e velocidade do escoamento. A rugosidade da parede depende do material de fabricação do tubo bem como seu estado de conservação. De maneira geral, um tubo usado apresenta uma rugosidade maior do que um novo. (FSA, 2013) No experimento proposto o foco foi a perda de carga distribuída. A expressão para o cálculo da vazão no diafragma de 2” é dada pela Equação 1: (Equação 1) Em que: · = aceleração da gravidade, 9,81 m/s²; · = área da seção transversal do tubo de 2”, em metros quadrados; · = altura aferida no manômetro advinda da vazão no tubo de 2”, em metros; · = peso específico do mercúrio, 13600 N/m³, obtido pela Equação 3; · = peso específico da água é 1000 N/m³, obtido pela Equação 2. (Equação 2) (Equação 3) A perda de carga é obtida pela Equação 4: (Equação 4) Em que: · = Leitura do manômetro para vazão no diafragma de 2’’, em metros; · = peso específico do mercúrio, 13600 N/m³, obtido pela Equação 3; · = peso específico da água é 1000 N/m³, obtido pela Equação 2. A expressão para o cálculo da velocidade nos tubos de 1 ½ “ é dada pela Equação 5: (Equação 5) Em que: · A = área da seção transversal do tubo de 1 ½ “, em metros quadrados; · Q = vazão, em m³/s. O cálculo de Reynolds é feito por meio da Equação 6: (Equação 6) Em que: · valor obtido na Equação 5, em m/s² ; · = diâmetro do tubo, em metros; · = viscosidade dinâmica do fluido . A expressão para o cálculo do fator de atrito nos tubos de 1 ½ “ é dada pela Equação 7. (Equação 7) Em que: · velocidade obtida na Equação 5, em m/s² ; · = diâmetro do tubo, em metros; · = perda de carga obtida na Equação 4, em metros; · = comprimento do tubo, em metros; · = aceleração da gravidade, 9,81 m/s². O cálculo da perda de carga unitária num tubo rugoso pode ser feito pela Equação 8, Equação 9 e Equação 10. (Equação 8) (Equação 9) (Equação 10) O cálculo da perda de carga unitária num tubo liso pode ser feito pela Equação 8, Equação 9 e Equação 11. (Equação 11) Em que: · = diâmetro do tubo, em metros; · fator de atrito obtido na Equação 7; · Q = vazão, em m³/s; · = perda de carga obtida na Equação 4, em metros; · = comprimento do tubo, em metros. A expressão para o cálculo da vazão no diafragma de 1” rugoso é dada pela Equação 12 e a expressão para o cálculo da vazão no diafragma de 1” liso é dada pela Equação 13: (Equação 12) (Equação 13) Em que: · A = área da seção transversal do tubo de 1“, em metros quadrados; · = Leitura do manômetro para vazão no diafragma de 1 ½ ’’, para o tubo rugoso, em metros; · = Leitura do manômetro para vazão no diafragma de 1 ½ ’’, para o tubo liso, em metros. 4. Material Utilizado · Canaleta · Dimensão: 400 cm x 40 cm x 20 cm (comprimento x altura x largura); · Material: Vidro, PVC e aço carbono; · Inclinação variável. · Bomba · Potência: 7,5 CV; · Vazão: 60 m3/h; · Velocidade: 1710 rpm; · Pressão: 15 mca (metro de coluna d’água). · Reservatório · Material: Fibrocimento; · Capacidade: 2000 L. · Caixa d’água · Capacidade: 200 L. · Tubos cilíndricos · Material: PVC; · Dimensão: 1 ½” e 3” de diâmetro; · Liso e rugoso. · Painel · Material: Acrílicro; · Composto por piezômetros e manômetros de mercúrio. · Manômetro · Função: Medir pressão; · Manômetro de mercúrio; · Piezômetro · Função: Medir pressão. · Termômetro · Função: Medir temperatura. · Seringa · Função: Retirar as bolhas presentes nas mangueiras. · Diafragma · Função: Medir a vazão na tubulação. 5. Montagem Para a realização da prática, o primeiro manômetro é conectado ao diafragma de 1” presente no tubo rugoso de 1½”, e o segundo manômetro é conectado ao ponto 1 e ao ponto 2 do tubo rugoso, afim de determinar a perda de carga nesse trecho. Após realizar as medições, o terceiro e o quarto manômetros foram conectados de mesma forma dos anteriores, mas dessa vez para o tubo liso, sendo que o terceiro foi conectado ao diafragma e o quarto ao ponto 1 e o 2 do tubo liso, também visando a determinação da perda de carga no trecho. Para aferir a vazão de entrada, o quinto manômetro foi conectado ao diafragma de 2” presente no tubo de 3”. Os três primeiros manômetros são de 80 cm de mercúrio e o quarto e o quinto são de 40 cm. Todas as conexões são realizadas através de mangueiras. 6. Metodologia Antes de realizar o experimento, mediu-se a temperatura inicial da água no reservatório, e mediu-se também o comprimento do trecho 1 e 2 da tubulação de 1½”, e após isso, ligou-se a bomba e abriu-se parcialmente o registro de 3”. Em seguida, efetuou-se a escorva, retirada do ar presente no piezômetro. · Aplicação da equação da Conservação da Energia para determinar a perda de carga Δh Figura 1 – Figura ilustrativa do sistema de tubulação. Inicialmente, fechou-se o registro do tubo liso e foram aferidos os desníveis dos manômetros relacionados ao tubo rugoso, assim, foram obtidos os valores de ΔhQ (vazão no diafragma de 2”), ΔhQR (vazão no diafragma de 1” do tubo rugoso) e ΔhTR (perda de carga no tubo de 1½”). Foram realizadas 5 leituras das pressões no painel vazão e perda de carga. Em seguida, fechou-se o registro do tubo rugoso, e abriu-se o do tubo liso, e repetiu-se o procedimento anterior para o tubo liso, onde também foram realizadas 5 leituras. A partir dos dados obtidos, calculou-se as pressões para o tubo rugoso, liso e diafragma, e suas vazões. Após o término das medições, mede-se a temperatura final da água, fecha-se totalmente o registro e desliga-se a bomba. A partir da vazão, calcula-se a perda de carga, Equação 4, velocidade nos tubos, Equação 5, o número de Reynolds, Equação 6, o fator de atrito, Equação 7, perda de carga unitária pelas Equações 8, 9, 10 e 11, e coeficientes de correção. Os dados foram encontrados através das fórmulas que se seguem: H = Z1 + P1/γa + V12/2g+ Δh1 + Δhe = Z2 + P2/γa + V22/2g + Δh2 + Δhe Δh = Δh2 - Δh1 = Z1 + P1/γa – Z2 – P2/γa Para tubo horizontal, temos: Z1 = Z2 Portanto a perda de carga Δh é dada pela diferença das respectivas cotas piezométricas: Δh = P1/γa - P2/γa Δh= (P1 - P2)/γa Portanto, Onde: Δh → perda de carga (m); ΔH→ diferença de nível da coluna de mercúrio no manômetro (m); γm→ peso específico do mercúrio (kgf/m3); γa → peso específico da água (kgf/m3). 7. Resultados 7.1 Dados Obtidos Por meio dos experimentos realizados, foram obtidos os dados expressos na Tabela 1, Tabela 2 e Tabela 3: Tabela 1 – Temperatura da água no sistema. TEMPERATURA DA ÁGUA Inicial 20,0° C Final 21,0° C Média 20,5° C Tabela 2 – Dados obtidos experimentalmente, por meio de leitura em manômetros Rugoso Liso Medida δhq (cm) δhqr (cm) δhqtr (cm) δhq (cm) δhql (cm) δhqtl (cm) 1 0,675 11,700 5,050 0,600 11,100 1,350 2 1,425 25,650 12,150 1,750 32,550 3,100 3 2,225 40,550 19,150 2,750 53,350 4,650 4 3,125 55,400 26,000 3,825 73,900 6,300 5 3,725 70,100 33,450 4,900 95,300 8,050 7.2 Cálculos Para calcular os pesos específicos da água () e do mercúrio contido nos manômetros (Hg) por meio da Equação 2 e da Equação 3, tem-se: Para cálculos das vazões (Q) e perda de carga (ΔH) no diafragma para os tubos rugoso e liso, com 2” de diâmetro, foram utilizadas as Equações 1 e 4, respectivamente. Para tanto, foram considerados os dados apresentados na Tabela 2. Os resultados obtidos se apresentam na Tabela 3: Tabela 3 – Dados de vazão e perda de carga no diafragma Rugoso Liso Medida Qr (m³/s) ΔHr (m) Ql (m³/s) ΔHr (m) 1 0,002146147 0,63609534 0,002023407 0,17004529 2 0,003118279 1,5304076 0,003455624 0,39047437 3 0,003896481 2,41212391 0,004331855 0,58571155 4 0,004617772 3,2749463 0,005108851 0,79354468 5 0,005041626 4,21334437 0,005782366 1,01397376 Assim, com a obtenção desses valores, foi possível calcular para os tubos rugoso e liso, a velocidade (V), o Número de Reynolds (Re) e o fator de atrito (f), na tubulação de 1 ½ ”, por meio das Equações 5, 6 e 7, respectivamente. Para o cálculo do Número de Reynolds, foi utilizado o valor da viscosidade cinemática da água para a temperatura média deste experimento (), que foi obtida através da interpolação entre os valores da viscosidade para as temperaturas de 20°C e 31°C.Os resultados são apresentados na Tabela 4: Tabela 4 – Dados de velocidade, número de Reynolds e fator de atrito Rugoso Liso Medida Vr (m/s) Rer fr Vl (m/s) Rel fl 1 1,882 71222,141 0,05961 1,775 67148,8785 0,01793 2 2,735 103483,372 0,06794 3,031 114678,542 0,01412 3 3,418 129308,819 0,06858 3,800 143757,16 0,01347 4 4,050 153245,648 0,06630 4,481 169542,607 0,01312 5 4,422 167311,686 0,07155 5,072 191893,904 0,01309 Dessa forma, utilizando os valores encontrados anteriormente, calculou-se a perda de carga unitária para o tubo rugoso, de três maneiras, utilizando as Equações 8 (Jr1), 9 (Jr2) e 10 (Jr3), e da mesma forma, para o tubo liso, também de três maneiras, utilizando as Equações 8 (Jl1), 9 (Jl2) e 11 (Jl3). Os resultados são apresentados na Tabela 5: Tabela 5 – Dados de perda de carga unitária Rugoso Liso Medida Jr1 (m) Jr2 (m) Jr3 (m) Jl1 (m) Jl2 (m) Jl3 (m) 1 0,28271 0,28284 0,16375 0,07558 0,07561 0,09237 2 0,68018 0,68051 0,33053 0,17354 0,17363 0,23567 3 1,07206 1,07257 0,50248 0,26032 0,26044 0,34999 4 1,45553 1,45623 0,69149 0,35269 0,35285 0,46713 5 1,87260 1,87349 0,81562 0,45066 0,45087 0,58018 Monta-se então gráficos de vazão por perda de carga, para o tubo rugoso e para o tubo liso, representando as três curvas encontradas por meio das três equações de perda de carga unitária. Os gráficos são apresentados as seguir: Gráfico 1 – JxQ para tubo rugoso Gráfico 2 – JxQ para tubo liso Calculou-se então a vazão no diafragma de 1’’ (Qd) utilizando as equações 12 e 13, para o tubo rugoso e liso, respectivamente. Com os valores dessas vazões, foi possível calcular os coeficientes de correção (Cd) para o tubo rugoso e liso, dividindo-se esses valores pelos valores de vazão da tabela 3 e por fim, calculou-se a média desses coeficientes. Os resultados são apresentados na tabela 6: Tabela 6 – Dados de vazão e coeficiente de correção Rugoso Liso Medida Qdr (m³/s) Cdr Qdl (m³/s) Cdl 1 0,002724122 0,78783052 0,002653354 0,76258451 2 0,004033456 0,77310341 0,004543695 0,76053179 3 0,005071414 0,76832227 0,005817024 0,74468564 4 0,005927732 0,77901169 0,006846299 0,74622079 5 0,006667955 0,7560978 0,007774637 0,74374735 Média - 0,77287314 - 0,75155402 8. Conclusão Analisando os resultados obtidos, é possível observar por meio dos gráficos que a perda de carga no tubo rugoso é muito maior do que no tubo liso. Assim, como o fator de atrito e a perda de carga unitária são grandezas diretamente proporcionais tem-se que, no tubo liso o fator de atrite também é menor do que no tubo rugoso. Diferentemente dos casos citados acima, a vazão e a velocidade, por serem inversamente proporcionais a perda de carga, apresentaram no tubo liso valor maior do que no tubo rugoso. Pela análise dos gráficos, nota-se que a perda de carga unitária calculada pelas equações 8 e 9, apresentam valores muito próximos, tanto para o tubo rugoso quanto para o tubo liso, portanto, as curvas se sobrepõem nos gráficos, e ainda, as perdas de carga unitária calculadas pelas equações 10 (rugoso) e 11 (liso), se mostraram divergentes das outras duas, tendo valores menores para o rugoso, e maiores para o liso. Encontrou-se ainda, valores do coeficiente de correção para os dois tipos de tubo, valores estes que se mostraram coerentes com a teoria. 9. Referências FSA, Fundação Santo André. Perda de Carga. 2013. Disponível em: <http://www3.fsa.br/localuser/barral/Op_unit/Perda_de_carga.pdf>. Acesso em: 04/08/2015. RUGOSO (J X Q) Jr1 2.1461466988717329E-3 3.1182788594650997E-3 3.8964806681392834E-3 4.6177724573601368E-3 5.041626362772336E-3 0.28270903960711358 0.6801811546983032 1.0720550709853913 1.4555316890663277 1.8725974999718717 Jr2 2.1461466988717329E-3 3.1182788594650997E-3 3.8964806681392834E-3 4.6177724573601368E-3 5.041626362772336E-3 0.28284392293858179 0.68050567598094425 1.0725665592621465 1.4562261379016095 1.8734909351080324 Jr3 2.1461466988717329E-3 3.1182788594650997E-3 3.8964806681392834E-3 4.6177724573601368E-3 5.041626362772336E-3 0.16374653280825066 0.3305312598475853 0.5024776865668743 0.69148949516888514 0.81561511764944261 Vazão (m³/s) Perda de Carga Unitária (m) LISO (J X Q) Jl1 2.0234065122577676E-3 3.455624485104562E-3 4.3318545418561108E-3 5.1088510157153277E-3 5.782365746798768E-3 7.5575683855367018E-2 0.17354416292713909 0.26031624439070861 0.35268652465837941 0.45065500373015144 Jl2 2.0234065122577676E-3 3.455624485104562E-3 4.3318545418561108E-3 5.1088510157153277E-3 5.782365746798768E-3 7.561174177566049E-2 0.17362696259596111 0.26044044389394166 0.35285479495308231 0.45087001577338304 Jl3 2.0234065122577676E-3 3.455624485104562E-3 4.3318545418561108E-3 5.1088510157153277E-3 5.782365746798768E-3 9.236798143496365E-2 0.23566625550856357 0.34998966162837519 0.46713415068856939 0.58017722812695571 Vazão (m³/s) Perda de Carga Unitária (m)
Compartilhar