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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Endocrinologia HIPERPARATIREOIDISMO E HIPOPARATIREOIDISMO Introdução: As paratireoides são glândulas endócrinas localizadas na região cervical, anteriormente à glândula tireoide, que têm papel fundamental na regulação da concentração plasmática de cálcio. Elas secretam o paratormônio (PTH) em resposta à redução dos níveis séricos de cálcio com o objetivo de aumentar a calcemia. Nos ossos, o PTH ativa os osteoclastos, aumentando a reabsorção de cálcio (e de fosfato) da matriz óssea para a circulação sanguínea, o que resulta em aumento da calcemia. Nos rins, o PTH estimula a reabsorção tubular de cálcio (túbulo contorcido distal) e inibe a reabsorção tubular de fosfato (túbulo contorcido proximal e túbulo contorcido distal), resultando em sua excreção na urina, além de estimular a ação da enzima 1-α-hidroxilase, que converte a 25-hidroxivitamina D (forma inativa da vitamina D) em 1,25-diidroxivitamina D (forma ativa da vitamina D, também denominada calcitriol). A forma ativa da vitamina D, por sua vez, atua no intestino delgado aumentando a absorção de cálcio da dieta. Portanto, as ações do PTH resultam em aumento da calcemia e em redução da fosfatemia. Hiperparatireoidismo: O hiperparatireoidismo é classificado em: - Primário. - Secundário. - Terciário. Hiperparatireoidismo Primário: O hiperparatireoidismo primário caracteriza- se por aumento da secreção de PTH devido a anormalidades das glândulas paratireoides, resultando em hipercalcemia. A fisiopatologia do hiperparatireoidismo primário caracteriza-se por hiperfunção das paratireoides devido à hiperplasia ou hipertrofia da glândula ou ao aumento do número de receptores de membrana sensíveis ao cálcio (CaR) expressos na superfície celular das paratireoides, havendo perda da supressão da secreção de PTH pelo aumento da calcemia, uma vez que altos níveis séricos de cálcio são necessários para que ocorra sua ligação ao CaR e a consequente supressão da secreção de PTH. O hiperparatireoidismo primário é uma doença multissistêmica caracterizada por hipercalcemia e PTH aumentado, representando a causa mais comum de hipercalcemia em pacientes ambulatoriais. A prevalência do hiperparatireoidismo primário é de 1 caso a cada 500 a 1.000 indivíduos, correspondendo à terceira endocrinopatia mais prevalente, superada apenas por DM e por hipotireoidismo. A incidência da doença varia de 0,4 a 82 casos a cada 100.000 habitantes por ano, aumentando com a idade. A maioria dos casos são assintomáticos ao diagnóstico, visto que a hipercalcemia é detectada em exames de rotina. O hiperparatireoidismo primário é mais frequente em mulheres, sendo que a maioria são mulheres menopausadas, devido à redução da 2 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 concentração sérica de estrogênio e de sua ação de deposição de cálcio nos ossos. As principais causas do hiperparatireoidismo primário: - Adenoma solitário de paratireoide (80% dos casos). - Adenomas múltiplos de paratireoide (5% dos casos). - Hiperplasia das 4 glândulas paratireoides (10-15% dos casos): causada por anormalidades genéticas, como neoplasia endócrina múltipla e hiperparatireoidismo primário isolado familiar. - Carcinoma de paratireoide (< 1% dos casos). - Exposição à radiação ionizante, principalmente durante a infância. - Uso crônico de lítio. As manifestações clínicas do hiperparatireoidismo resultam da ação excessiva do PTH sobre os órgãos-alvo e da hipercalcemia. O excesso de PTH nos rins causa aumento da reabsorção de cálcio e redução da reabsorção de fosfato, além de aumento da produção de 1,25- diixrodivitamina D, que causa aumento da absorção intestinal de cálcio e de fosfato. Nos ossos, o excesso de PTH causa aumento da reabsorção de cálcio e de fosfato principalmente em regiões ricas em osso cortical. As manifestações clínicas dividem-se em sintomas constitucionais resultantes da hipercalcemia, alterações ósseas resultantes da reabsorção excessiva de osso cortical e complicações renais resultantes da hipercalcemia crônica. Os principais achados clínicos são: - Deficiência de vitamina D: → Mais frequente em pacientes com hiperparatireoidismo quando comparada à população geral. → Os possíveis mecanismos fisiopatológicos envolvidos são o aumento da conversão da 25-hidrovitamina D em 1,25-diidroxivitamina D estimulada pelo PTH e a diminuição do tempo de meia-vida da 25-hidroxivitamina D devido ao aumento de sua inativação no fígado. → Correlação inversa entre os níveis séricos de 25-hidroxivitamina D e PTH. → Os níveis séricos reduzidos de 25- hidroxivitamina D causam aumento da secreção de PTH pelas paratireoides e a deficiência crônica de 25-hidroxivitamina D pode, a longo prazo, resultar em hiperplasia das paratireoides e em desenvolvimento de adenoma de uma ou mais glândulas, caracterizado por secreção autônoma de PTH, isto é, independentemente dos níveis de cálcio no plasma sanguíneo. → A reposição de vitamina D exógena pode contribuir para a redução dos níveis séricos de PTH no hiperparatireoidismo primário. → Portanto, a deficiência de vitamina D associada ao hiperparatireoidismo causa piora do quadro clínico dos pacientes, pois resulta em piora da hipercalcemia e da hipofosfatemia, aumento dos níveis séricos de 1,25-diidroxivitamina D e aumento dos níveis séricos de fosfatase alcalina. - Osteoporose: mais comum em pacientes idosos e de baixo peso; associa-se à deficiência de vitamina D. - Fraturas ósseas, principalmente de vértebras, costelas e rádio distal. - Osteíte fibrosa cística: rara. - Manifestações renais: → Hipercalciúria. → Poliúria. → Polidipsia. → Nefrolitíase: ocorre em 10-20% dos casos de hiperparatireoidismo primário; mais comum em pacientes jovens e do sexo masculino; os cálculos renais de cálcio representam a principal manifestação clínica do hiperparatireoidismo no Brasil. → Nefrocalcinose: deposição de cristais de fosfato de cálcio nos túbulos renais. OBS.: As manifestações renais geralmente permanecem como sequelas do hiperparatireoidismo primário mesmo após seu tratamento (paratireoidectomia). - Manifestações gastrointestinais: → Náuseas e vômitos, devido à hipercalcemia. Diabetes insipidus nefrogênico 3 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 → Constipação. → Anorexia. → Úlceras pépticas, devido ao estímulo da hipercalcemia à secreção de gastrina. → Pancreatite. → Doença celíaca: pacientes celíacos têm maior risco de desenvolver hiperparatireoidismo primário, devido à deficiência crônica de vitamina D. - Manifestações neuropsiquiátricas: → O cálcio é fundamental na regulação da liberação de neurotransmissores nas fendas sinápticas. Assim, a hipercalcemia pode influenciar nas transmissões sinápticas. → O PTH apresenta efeitos cerebrovasculares. Assim, o aumento dos níveis séricos de PTH podem alterar funções cognitivas e comportamentais. → Os principais achados são: ansiedade, depressão, disfunção cognitiva, distúrbios do sono, astenia e diminuição da qualidade de vida. → Os sinais e sintomas neuropsiquiátricos tendem a melhorar após o tratamento do hiperparatireoidismo primário (paratireoidectomia). - Manifestações cardiovasculares (secundárias à hipercalcemia crônica): → HAS, irreversível mesmo após paratireoidectomia. → Doença arterial coronariana subclínica. → Doença arterial aterosclerótica subclínica, principalmente de artérias carótidas. → Calcificação valvar. → Hipertrofia ventricular esquerda. - Fadiga muscular, fraqueza muscular, atrofia de fibras musculares, etc. Os achados laboratoriais do hiperparatireoidismo primário são: - Hipercalcemia: geralmente os níveis séricos de cálcio estão levemente aumentados, não ultrapassando 1 mg/dL acima do limite superior da normalidade. OBS.: A dosagem do cálcio iônico é preferível à dosagem do cálcio total, vistoque a concentração de cálcio total pode ser influenciada pela albuminemia. Assim, se for solicitada a dosagem de cálcio total, deve-se solicitar também a dosagem de albumina sérica. - PTH aumentado: geralmente dentro de 2 vezes o limite superior da normalidade. - Hipofosfatemia. - Fosfatase alcalina aumentada: resultante do aumento da reabsorção óssea e do aumento compensatório da deposição óssea. Os exames de imagem não são necessários para confirmar o diagnóstico de hiperparatireoidismo primário, sendo úteis apenas para o planejamento cirúrgico. O exame de imagem de escolha, nestes casos, é a cintilografia, que possibilita identificar a(s) paratireoide(s) hiperfuncionante(s). Em pacientes com nódulos tireoidianos, pode haver resultados falso-positivos no exame de imagem, mais um motivo para que a cintilografia seja utilizada apenas para a avaliação pré-operatória. Os principais diagnósticos diferenciais de hiperparatireoidismo primário são as doenças malignas e as doenças granulomatosas que cursam com hipercalcemia. O principal diagnóstico diferencial é a hipercalcemia da malignidade, caracterizada por pacientes oncológicos que apresentam aumento dos níveis séricos de cálcio associados à diminuição/supressão dos níveis séricos de PTH. OBS.: Em pacientes oncológicos com hipercalcemia que apresentam níveis séricos aumentados de PTH, deve-se sempre suspeitar de adenoma (mais comum) ou de carcinoma de paratireoide secretor de PTH (mais raro), havendo necessidade de realizar cintilografia para avaliação do possível quadro de hiperparatireoidismo primário. Hiperparatireoidismo Secundário: O hiperparatireoidismo secundário caracteriza-se por aumento da secreção de PTH por glândulas paratireoides normais em resposta à hipocalcemia ou à hiperfosfatemia. As principais causas do hiperparatireoidismo secundário são: - Deficiência de vitamina D. 4 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 → A deficiência de vitamina D representa uma das principais causas de hiperparatireoidismo secundário, visto que a deficiência de vitamina D associa-se com hipocalcemia, desencadeando resposta compensatória de aumento da secreção de PTH pelas paratireoides. A deficiência crônica de vitamina D está associada ao desenvolvimento de hiperplasia de paratireoides e de adenoma(s) de paratireoide(s), que causam hipersecreção autônoma de PTH, transformando o hiperparatireoidismo secundário à deficiência de vitamina D (paratireoides normais) em hiperparatireoidismo primário (paratireoides hipersecretoras de PTH). OBS.: A deficiência de 25-hidroxivitamina D, definida como níveis séricos < 20 ng/mL, sempre agrava o hiperparatireoidismo, independentemente de sua causa, visto que estimula o aumento da secreção de PTH pelas paratireoides. - Doença renal crônica em fase inicial: redução da conversão de 25-hidroxivitamina D em 1,25-diidroxivitamina D, causando hipocalcemia e resposta compensatória de aumento da secreção de PTH pelas paratireoides. - Diminuição da absorção intestinal de cálcio. - Hipercalciúria. Hiperparatireoidismo Terciário: O hiperparatireoidismo terciário caracteriza- se por aumento da secreção de PTH por glândulas paratireoides que eram normais mas acabaram desenvolvendo uma transformação tumoral decorrente de estímulo fisiológico intenso e prolongado. Assim, o hiperparatireoidismo terciário resulta da evolução do hiperparatireoidismo secundário não tratado, devido ao desenvolvimento de adenoma e/ou hiperplasia de paratireoides, com secreção autônoma de PTH. As principais causas do hiperparatireoidismo terciário são: - Doença renal crônica de longa evolução. - Pacientes em diálise. - Após transplante renal. Hiperparatireoidismo Primário Normocalcêmico: O hiperparatireoidismo primário normocalcêmico caracteriza-se por aumento da secreção de PTH associado a níveis séricos de cálcio iônico e/ou de cálcio total (corrigido para os níveis de albumina sérica) normais. Para a confirmação diagnóstica, deve-se excluir todas as causas de hiperparatireoidismo secundário, como deficiência de vitamina D e doença renal crônica. Portanto, os níveis séricos de cálcio iônico, cálcio total, 25-hidroxivitamina D, creatinina e ureia devem estar normais e deve-se excluir hipercalciúria para a confirmação do diagnóstico de hiperparatireoidismo primário normocalcêmico. O hiperparatireoidismo primário normocalcêmico pode preceder o hiperparatireoidismo primário hipercalcêmico em 0,6-19% dos casos. O diagnóstico geralmente é suspeitado e confirmado após evento clínico como fratura óssea ou nefrolitíase. Os principais achados laboratoriais do hiperparatireoidismo primário normocalcêmico são: - Normocalcemia. - PTH aumentado: níveis semelhantes ou levemente mais baixos do que no hiperparatireoidismo primário hipercalcêmico. - Normofosfatemia. - 1,25-diidroxivitamina D aumentada: níveis mais baixos do que no hiperparatireoidismo primário hipercalcêmico. Tratamento: - Hiperparatireoidismo primário e terciário: paratireoidectomia. - Hiperparatireoidismo secundário: tratamento da causa de base, geralmente com suplementação de vitamina D. - Cinacalcet: → É uma droga calcimimética, ou seja, que mimetiza a ação do cálcio, ligando-se aos receptores CaR da paratireoide e inibindo a secreção de PTH ao exercer um mecanismo de feedback negativo. 5 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 → A redução dos níveis séricos de PTH resulta em aumento da excreção renal de cálcio e em diminuição de sua concentração plasmática. → Pode ser utilizada em pacientes não elegíveis para cirurgia de paratireoidectomia, mas que têm indicação de redução da calcemia e aumento da densidade mineral- óssea. → Indicada para o tratamento de hiperparatireoidismo secundário em pacientes com insuficiência renal crônica em estágio terminal. Hipercalcemia Hipocalciúrica Familiar: Doença genética de herança autossômica dominante caracterizada por hipercalcemia associada à diminuição da fração de excreção de cálcio na urina (< 1%). Deve-se investigar história de hipercalcemia na família e atentar que a fração de excreção de cálcio na urina também pode estar reduzida em pacientes com hiperparatireoidismo associado à deficiência de vitamina D e com insuficiência renal, que também cursam com hipocalciúria. Resumo! - Cálcio aumentado e PTH aumentado: hiperparatireoidismo. → Excluir uso de lítio e/ou de diurético tiazídico. → Excluir hiperparatireoidismo terciário associado à insuficiência renal de longa evolução. → Excluir hipercalcemia hipocalciúria familiar. - Cálcio aumentado e PTH baixo ou indetectável: hipercalcemia da malignidade. - Cálcio aumentado e PTH aumentado em paciente oncológico: hiperparatireoidismo primário concomitante, devido à adenoma de paratireoide (mais comum) ou carcinoma de paratireoide secretor de PTH (raro). Hipoparatireoidismo: Definição: O hipoparatireoidismo caracteriza-se por redução da secreção do PTH pelas glândulas paratireoides, resultando em hipocalcemia. A principal etiologia da doença é o pós-operatório de tireoidectomia ou paratireoidectomia. Etiologia: As principais causas do hipoparatireoidismo são: - Pós operatório de tireoidectomia ou de paratireoidectomia: → Definitivo (hipoparatireoidismo > 1 ano). → Transitório (hipoparatireoidismo < 1 ano). - Doenças autoimunes das paratireoides: → Síndrome poliglandular autoimune tipo I: associação entre insuficiência adrenal, candidíase mucocutânea e hipoparatireoidismo. - Doenças genéticas (raras). - Doenças infiltrativas ou de depósito: → Hemocromatose. → Amiloidose. → Doença de Wilson. → Talassemia. → Metástases. - Pós-ablação de tireoide com iodo- radioativo. Doença Cálcio PTH Fosfato Hiperparatireoidismo Primário Aumentado Aumentado Reduzido Hiperparatireoidismo Secundário Reduzido Aumentado Reduzido (deficiênciade vitamina D) Aumentado (doença renal crônica) Hiperparatireoidismo Terciário Aumentado Aumentado Aumentado (insuficiência renal) Normal (pós-transplante renal) Hiperparatireoidismo Primário Normocalcêmico Normal Aumentado Normal Hipercalcemia Hipocalciúrica Familiar Aumentado Normal ou aumentado Normal 6 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - Exposição à radiação, principalmente durante a infância. - Hipoparatireoidismo funcional: → Hipermagnesemia. → Hipomagnesemia. - Hipoparatireoidismo idiopático. Diagnóstico: O diagnóstico do hipoparatireoidismo baseia-se nos achados clínicos (anamnese + exame físico) e nos achados laboratoriais. Os principais achados clínicos do hipoparatireoidismo são: - Presença de cicatriz de tireoidectomia em região cervical (hipoparatireoidismo pós- cirúrgico). - Presença de insuficiência adrenal e de candidíase mucocutânea (síndrome poliglandular autoimune tipo I). - Hiperexcitabilidade neuromuscular: presença dos sinais de Trousseau e Chvostek. → Sinal de Trousseau: espasmo doloroso do carpo após oclusão da circulação do membro superior por meio de um esfigmomanômetro insuflado 20 mmHg acima da PAS durante 3 minutos; sinal mais específico de hipocalcemia. → Sinal de Chvostek: percussão do nervo facial na região zigomática que desencadeia contração involuntária (espasmo) dos músculos faciais ipsilaterais; sinal menos específico de hipocalcemia, visto que pode ser positivo em até 15% dos indivíduos normocalcêmicos. - Hipocalcemia aguda: parestesias, espasmos musculares, tetania e convulsões. - Hipocalcemia e hiperfosfatemia crônica: catarata por calcificações do cristalino e sintomas extrapiramidais (parkinsonismo) por calcificações dos núcleos da base no SNC. Os principais achados laboratoriais do hipoparatireoidismo são: - PTH baixo ou indetectável (PTH < 15 pg/mL). - Hipocalcemia (cálcio iônico < 4 mg/dL ou cálcio total corrigido para albumina sérica < 8 mg/dL). - Hiperfosfatemia (fosfato > 5 mg/dL). - 1,25-diidroxivitamina D baixa. - Hipermagnesemia ou hipomagnesemia (hipoparatireoidismo funcional). Diagnóstico Diferencial: Os principais diagnósticos diferenciais do hipoparatireoidismo são doenças que também cursam ou podem cursar com hipocalcemia: - Deficiência de vitamina D. - Insuficiência renal crônica. - Insuficiência hepática. - Uso de medicamentos anticonvulsivantes ou antituberculosos. - Doenças genéticas. - Uso de quelantes de cálcio. - Infecção por HIV. - Pancreatite aguda grave. - Sepse. - Choque. Tratamento: O tratamento do hipoparatireoidismo baseia- se na reposição de cálcio e de vitamina D. Para a reposição de cálcio, geralmente utiliza-se o carbonato de cálcio. Para a reposição de vitamina D, geralmente utiliza- se o colecalciferol (vitamina D3), entretanto a droga de escolha deveria ser o calcitriol (forma ativa da vitamina D), que tem menor risco de intoxicação, mas é pouco utilizado devido ao seu alto custo. Outra alternativa para a reposição de vitamina D é o alfacalcidol, análogo sintético da vitamina D3, que necessita de uma única hidroxilação hepática para ser transformado em sua forma ativa, o calcitriol. 7 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 No tratamento da hipocalcemia aguda grave, que é caracterizada por tetania, convulsões e/ou prolongamento do intervalo QT no ECG, utiliza-se gliconato de cálcio ou cloreto de cálcio EV em ambiente intra-hospitalar. Após a correção do quadro agudo, pode-se substituir as drogas EV por carbonato de cálcio VO e vitamina D VO para o tratamento de manutenção. Pseudo-hipoparatireoidismo: Doença genética rara caracterizada por resistência tecidual à ação do PTH, resultando em hipocalcemia associada a níveis séricos normais ou aumentados de PTH. O diagnóstico do pseudo- hipoparatireoidismo baseia-se nos seguintes achados laboratoriais: - Hipocalcemia (cálcio iônico < 4 mg/dL ou cálcio total corrigido para albumina sérica < 8 mg/dL). - PTH normal ou aumentado. - Hiperfosfatemia (fosfato > 5 mg/dL). - TFG > 60 mL/min/1,73m2.