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54 Unidade II Unidade II 3 FERRAMENTAS E MODELOS UTILIZADOS NA GESTÃO ESTRATÉGICA Dando sequência ao nosso itinerário no mundo da estratégia, vamos sair do ambiente de TI e nos voltar novamente para o ambiente corporativo de forma geral, abordando as principais ferramentas e modelos utilizados na gestão estratégica, notadamente na função planejamento. Começaremos com a análise SWOT, que é uma das ferramentas mais conhecidas e utilizadas no processo de planejamento estratégico. Depois, exploraremos outros modelos, tais como: diagrama de foco estratégico; matriz de relacionamentos; matriz BCG (Boston Consulting Group); matriz GE (Grupos Estratégicos); matriz produto-mercado; modelo do ciclo de vida do produto. Neste capítulo não pretendemos esgotar o estudo sobre o ferramental utilizado na gestão estratégica, mas apenas relatar os mais utilizados. Nos próximos capítulos, apresentaremos a aplicação de muitos deles no processo de planejamento estratégico e também uma pequena adaptação para o uso na área de TI. 3.1 Análise SWOT 3.1.1 Conceito e histórico da análise SWOT A sigla SWOT, que nomeia a ferramenta que estudaremos a seguir, vem do inglês Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). No Brasil, a análise SWOT é chamada por alguns autores de diagrama PFOA (Potencialidades, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças). Observação Embora seja pouco comum em administração, podemos traduzir livremente a análise SWOT como análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças). A origem da análise SWOT é um pouco controversa e alguns autores, como Tavares (2008), mencionam uma conferência em 1971, em que o pesquisador Kenneth Andrews a utilizou pela primeira vez no contexto estratégico. No entanto, já encontramos no livro A arte da guerra referências ao uso da análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, por parte do estrategista militar Sun Tzu. 55 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI A análise SWOT é considerada uma ferramenta multidisciplinar e consiste na construção de uma matriz, na qual relacionamos aspectos internos e externos em colunas, e aspectos positivos e negativos em linhas. O resultado obtido é um conjunto de fatores positivos e negativos originados das relações de cenários. Segundo Thompson et al. (2011, p. 127): “A análise SWOT é uma ferramenta simples, porém poderosa, para estimar a capacitação e as deficiências das oportunidades de mercado e ameaças externas impeditivas a uma situação futura favorável da empresa”. A figura a seguir apresenta a matriz SWOT. Análise interna N eg at iv o Po sit iv o Análise externa Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças Figura 16 – Matriz SWOT Dessa forma, da análise interna encontramos as forças (fatores positivos) e as fraquezas (fatores negativos), e da análise externa encontramos as oportunidades (fatores positivos) e as ameaças (fatores negativos). De posse desses fatores, as organizações podem trabalhar os seguintes aspectos: • maximização dos seus pontos fortes ou forças; • minimização dos seus pontos fracos ou fraquezas; • aproveitamento das oportunidades; • proteção diante de ameaças. 3.1.2 Cenário externo A análise do ambiente externo ou de variáveis incontroláveis leva em consideração os fatores externos (exógenos) ao negócio, como os políticos, os econômicos, os de mercado, entre outros. Eles são classificados como oportunidades ou ameaças. 56 Unidade II As oportunidades são situações, tendências, fenômenos ou fatores positivos que influenciam o negócio. Entre alguns exemplos genéricos de oportunidades, podemos citar: crescimento do potencial mercado consumidor; estabilização econômica; aspectos sociais; estabilização política; evoluções tecnológicas; incentivos fiscais dados pelos governos. Na análise das oportunidades, as organizações devem se perguntar: • Quais são as oportunidades para a corporação no mercado? • Onde estão essas oportunidades? • Há novas tendências emergindo no mercado? Oliveira (2018) classifica as oportunidades em: • Naturais: incorporadas à natureza da empresa. • De evolução: proporcionadas à empresa por meio da formação e consolidação gradativa das condições e circunstâncias que tenderão a concretizar uma vantagem competitiva. • Sinérgicas: proporcionam situações complementares e adicionais para a empresa. • De inovação: normalmente modificam características econômicas fundamentais e a capacidade da empresa. As ameaças remetem aos fatores negativos externos (exógenos) aos negócios, que geram desafios indesejáveis para as empresas. Essas ameaças podem tolher o crescimento da empresa dentro do mercado. Entre alguns exemplos de ameaças, podemos citar: aumento da concorrência; problemas de estabilidade política; problemas na economia local e mundial; aumento de impostos. Na análise das ameaças, as organizações devem se perguntar: • Quais ameaças (leis, regulamentos, concorrentes) podem prejudicar a corporação? • Quais são os pontos fortes dos concorrentes que representam uma ameaça para a corporação? Oliveira (2018) classifica as ameaças em: • Naturais: são incorporadas à natureza da empresa. • Aceitáveis: aceitas pela característica do negócio ou estilo de direção. • Inaceitáveis: aquelas que atentam contra a perenidade dos negócios. 57 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI De acordo com Gamble e Thompson (2012, p. 74), são exemplos de fatores externos: • Oportunidades em potencial de mercado: — Atender aos grupos de clientes ou segmentos de mercado adicionais. — Expandir para novos mercados geográficos. — Expandir a linha de produto da empresa para atender a uma gama mais ampla de necessidades do cliente. — Utilizar habilidades ou conhecimento tecnológico previamente existentes para introduzir novas linhas de produto ou novos negócios. — Romper barreiras comerciais em mercados estrangeiros atraentes. — Adquirir empresas concorrentes ou com conhecimentos tecnológicos ou competências atraentes. • Ameaças externas em potencial às perspectivas da empresa: — Aumento da intensidade da concorrência no setor, o que pode apertar as margens de lucro. — Lentidão no crescimento de mercado. — Provável entrada de novos e fortes concorrentes. — Crescimento do poder de negociação de clientes e fornecedores. — Mudanças nas necessidades e preferências do comprador, afastando-o do produto do setor. — Mudanças demográficas adversas que ameaçam reduzir a demanda pelo produto do setor. — Vulnerabilidade a forças propulsoras desfavoráveis no setor. — Políticas de comércio restritivas por parte de governos estrangeiros. — Novas exigências regulatórias onerosas. 3.1.3 Cenário interno A análise do ambiente interno ou de variáveis controláveis leva em consideração os fatores internos ao negócio, como os organizacionais, humanos e tecnológicos. Nessa análise, também são avaliados recursos financeiros, vantagens em custo, além da imagem que a empresa tem no mercado. A análise consiste em examinar as forças e as fraquezas. 58 Unidade II As forças ou pontos fortes representam as competências nos mais diversos níveis hierárquicos e os recursos tecnológicos, humanos e organizacionais que agregam valor aos negócios. Normalmente, as forças são ou estão relacionadas às qualidades da empresa. Entre alguns exemplos de pontos fortes, é possível citar: reconhecimento da marca; tempo que a empresa atua no mercado; estrutura organizacional; tradição; credibilidade. Na análise de suas forças, as empresas devem se perguntar: • O que fazemos bem? • O que temos de melhor para oferecer ao mercado? • Em que somos melhores em relação aos nossos concorrentes? • O que, em nossos produtos e serviços, desperta maior interesse dos nossos clientes? As fraquezas ou pontos fracos representam aquilo que está na dimensão interna da empresa e que diminui as vantagens competitivas, agindo negativamente na operação do negócio. Entre alguns exemplos de fraquezas, é possível citar: indefinição de papéise responsabilidades; profissionais com pouca capacitação; baixo investimento em tecnologia. Os questionamentos a seguir compõem uma análise de fraquezas: • O que não fazemos bem? • Quais produtos e serviços estão aquém das expectativas do mercado? • O que, dentro do ambiente interno, diminui as nossas vantagens competitivas? Segundo Gamble e Thompson (2012, p. 74), são exemplos de fatores internos: • Pontos fortes e competências competitivas potenciais: — Competências essenciais em uma das funções empresariais (por exemplo: marketing). — Forte condição financeira; amplos recursos financeiros para desenvolver os negócios. — Forte nome/imagem/reputação da marca da empresa. — Economia de escala e/ou curva de aprendizagem e experiência sobre concorrentes. — Tecnologia superior/habilidades tecnológicas superiores/patentes importantes. — Vantagens de custo sobre os concorrentes. 59 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI — Capacidade para inovação de produto. — Capacidade comprovada nos processos de aprimoramento da produção. — Boa capacidade gerencial da cadeia de suprimento. — Boa capacitação no atendimento ao cliente. — Melhor qualidade do produto em relação aos concorrentes. — Ampla cobertura geográfica e/ou forte capacidade de distribuição global. — Alianças/joint ventures com outras empresas que fornecem acesso a tecnologia, competências valiosas e/ou mercados geográficos atraentes. • Recursos fracos em potencial e deficiências competitivas: — Ausência de direção estratégica clara. — Falta de competências essenciais comprovadas, bem desenvolvidas. — Balanço patrimonial fraco, carregado de alto endividamento. — Custos unitários gerais mais altos, em comparação a concorrentes importantes. — Bem/serviço com especificações e atributos inferiores aos dos concorrentes. — Linha de produto limitada demais em relação aos concorrentes. — Fraca imagem da marca ou reputação. — Rede de revendedores mais fraca que a dos principais concorrentes. — Defasagem na qualidade do produto, P&D e/ou conhecimento tecnológico. — Falta de profundidade gerencial. — Recursos financeiros escassos para fazer o negócio crescer e empreender iniciativas promissoras. 60 Unidade II Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre a análise dos ambientes internos e externos, leia o capítulo 4 do livro indicado a seguir: GAMBLE, J. E.; THOMPSON JR., A. A. Administração estratégica: a busca pela vantagem competitiva. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. 3.1.4 Desdobramentos da análise SWOT Para uma boa análise SWOT dentro do contexto do planejamento estratégico, é necessário determinar em primeiro lugar a matriz SWOT com os fatores internos e externos. Para sua confecção, pode-se utilizar com o grupo convidado para a reunião de planejamento estratégico a técnica de brainstorming (tempestade de ideias) a fim de colher as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças e colocá-las na matriz SWOT, conforme figura a seguir. Análise interna N eg at iv o Po sit iv o Análise externa Força 1 Força 2 Força 3 Força N Fraqueza 1 Fraqueza 2 Fraqueza 3 Fraqueza N Oportunidade 1 Oportunidade 2 Oportunidade 3 Oportunidade N Ameaça 1 Ameaça 2 Ameaça 3 Ameaça N Figura 17 – Itens da matriz SWOT Observação No conceito de estratégia, encontramos uma relação muito forte entre a análise de cenários externos e internos. Levando em consideração que uma análise SWOT contempla uma integração de fatores, devemos estabelecer uma relação entre elementos da análise interna e elementos da análise externa. Os relacionamentos podem ser vistos na figura a seguir. 61 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Oportunidades Fr aq ue za s Fo rç as Ameaças – Alavancagem – Aproveitamento – Ações ofensivas – Limitações – Melhoria – Políticas de manutenção – Vulnerabilidade – Enfrentamento – Ações defensivas – Problemas – Desativação – Políticas de saída Figura 18 – Relacionamento na matriz SWOT • 1º quadrante (relação entre forças e oportunidades): combina-se o que é importante e o que é eficaz, gerando ações de aproveitamento e alavancagem para a corporação. • 2º quadrante (relação entre ameaças e forças): vulnerabilidades que podem ser enfrentadas e vencidas pelas potencialidades internas. • 3º quadrante (relação entre fraquezas e oportunidades): processos de melhoria para que futuramente a corporação aproveite essas oportunidades. • 4º quadrante (relação entre ameaças e fraquezas): fatores de risco para as operações do negócio, em que é necessário refletir muitas vezes se o melhor é apenas se defender ou repensar a estratégia. Após essa análise integrada e a determinação de ações de alavancagem, enfrentamento, melhorias, entre outras, estabelecem-se prazos, responsáveis e importância de cada ação estratégica, bem como sua interligação com os objetivos estratégicos da corporação. Exemplo de aplicação A análise SWOT pode e deve ser utilizada não somente no ambiente empresarial, mas também na nossa própria vida e desenvolvimento pessoal. Faça uma análise SWOT considerando a sua vida profissional e/ou acadêmica. 3.1.5 Análise PEST-SWOT O termo Pestel é formado pelas iniciais das palavras em inglês: political; economic; social; technological; environment; legal. A análise Pestel é um modelo que favorece uma melhor compreensão dos fatores externos a partir das variáveis políticas, econômicas, sociais, tecnológicas, ambientais e legais. O quadro a seguir apresenta um exemplo de análise Pestel da empresa Netshoes. 62 Unidade II Quadro 7 – Exemplo de análise Pestel Fatores Variável Cenário Políticos Políticas governamentais O apoio do governo brasileiro ao comércio eletrônico possibilita um maior crescimento da Netshoes. As empresas de varejo on-line chinesas, por exemplo, com o apoio do governo, conseguem expandir suas operações Segurança cibernética Os governos estão investindo cada vez mais no combate do cibercrime e das fraudes eletrônicas. Assim, a Netshoes tem maior segurança para expandir suas atividades Econômicos Crescimento econômico Uma situação de crescimento econômico no Brasil poderia aumentar o ritmo de expansão da empresa Sociais Aumento do hábito de compras on-line A Netshoes pode se beneficiar da popularização das compras on-line, por parte do consumidor brasileiro, já que o acesso à internet é cada vez maior Tecnológicos Aumento da eficiência de TI A maior eficiência da Tecnologia da Informação (TI) permite à Netshoes maximizar sua produtividade e reduzir seus custos operacionais Ambientais Investimento em programas ambientais A Netshoes pode investir em programas ambientais e se destacar no aspecto sustentável junto aos clientes Legais Regulação de exportação Uma maior flexibilização nas normas de exportação permitiria uma maior expansão das operações no âmbito continental, ou até global Fonte: Abdalla, Conejero e Oliveira (2019, p. 90). Além da análise Pestel, há a PEST, que não considera os fatores ambientais e legais. Atualmente, alguns autores ainda partem dessa ideia; por exemplo, em Abdalla, Conejero e Oliveira (2019) temos uma relação entre a análise PEST e a análise SWOT, resultando na análise PEST-SWOT, a qual possibilita uma análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças a partir de fatores políticos, econômicos, sociais e tecnológicos. O quadro a seguir apresenta um exemplo da análise PEST-SWOT. Quadro 8 – Exemplo de análise PEST-SWOT Análise PEST-SWOT: rede A Político-legal Econômico Social Tecnológico Pontos fortes Possuía vários projetos socioambientais em andamento, apoiados por políticos locais Possuía mais de uma loja nas cidades, atendendo a diferentes públicos-alvo Possuía uma marca forte e tradicional no mercado, e maior conhecimento das necessidades dos clientes Possuía tecnologia avançada, tanto para gerir a rede quanto para garantir maior comodidade aos clientes durante as compras Pontos fracos – A rede A não competia em nível de preços, já que não comprava diretamente daindústria A rede A não oferecia nenhuma forma de lazer durante as compras – 63 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Análise PEST-SWOT: rede A Político-legal Econômico Social Tecnológico Ameaças – A rede B, por ser maior, teria maior poder de barganha com os fornecedores, e, consequentemente, menores preços A rede B trouxe shopping centers para as cidades, e sempre se localizava dentro deles, aumentando as opções de lazer antes ou após as compras – Oportunidades Investir em mais projetos, melhorando a imagem da empresa, em parceria com os políticos que já eram parceiros em outros projetos Desenvolver campanhas promocionais, que atingissem diversos segmentos, reduzindo o espaço para que a rede B crescesse Mover a competição para o nível de marca e serviços aos clientes Investir mais em aspectos tecnológicos que aumentassem o conforto dos clientes durante sua permanência nas lojas da rede Fonte: Abdalla, Conejero e Oliveira (2019, p. 91). 3.2 Outras ferramentas 3.2.1 Diagrama de foco estratégico As corporações que trabalham com planejamento estratégico normalmente definem o seu foco de atuação no mercado e como se posicionar de modo competitivo em relação aos clientes, aos fornecedores, aos concorrentes, enfim, a todo o mercado. Lembrete As três estratégias competitivas genéricas são: diferenciação; liderança em custo; foco. Algumas empresas têm o foco no atendimento ao cliente, preservando sempre a qualidade de seus produtos e dos serviços prestados. Elas mantêm uma fidelização do cliente através de um relacionamento estreito e eficaz, que possibilita a perenidade dos negócios. Outras empresas têm foco na eficiência operacional, tentando sempre atingir seus objetivos estratégicos com o menor emprego de recursos, garantindo, assim, preços competitivos. Há, ainda, aquelas que trabalham com maior atenção na qualidade do produto, independente do cliente que venha a adquirir seus entregáveis, focando, assim, numa liderança no produto ou no serviço prestado. 64 Unidade II No entanto, uma empresa não consegue direcionar o seu foco a mais de uma estratégia das descritas anteriormente, devido às sérias dificuldades em oferecer um produto de alta qualidade, ter atendimento excepcional a clientes e possuir uma alta excelência. O diagrama de foco estratégico sintetiza o nível de foco em cada estratégia, seja esta baseada no atendimento aos clientes, na eficiência operacional ou na qualidade do produto ou serviço. O quadro a seguir apresenta um exemplo de um diagrama de foco estratégico. Quadro 9 – Diagrama de foco estratégico Sem foco Foco baixo Foco alto Produto X Atendimento X Eficiência X Adaptado de: Foina (2013, p. 55). 3.2.2 Matriz de relacionamentos Toda empresa mantém relacionamentos com diversas outras a fim de atingir os seus objetivos estratégicos. Esses relacionamentos, também conhecidos como parcerias de negócios, são fundamentais para o dia a dia das operações e precisam receber uma grande atenção no planejamento estratégico. Para fazer uma boa análise desses relacionamentos e conhecer eventuais desequilíbrios, utilizamos uma ferramenta conhecida como matriz de relacionamentos, que classifica o grau de importância das parcerias na visão de ambos os lados, conforme visto na figura a seguir. – I m po rt ân ci a at rib uí da p el os p ar ce iro s + – Importância atribuída pela empresa + Quadrante de oportunidades Parceiro A Parceiro B Quadrante de conveniência Quadrante de parcerias Quadrante de riscos Figura 19 – Matriz de relacionamento Adaptada de: Foina (2013). 65 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Para construir essa matriz é necessário saber o grau de importância que o parceiro atribui ao relacionamento com a empresa, bem como o grau de importância que a empresa atribui ao relacionamento com o parceiro. Após isso, os parceiros são lançados em um gráfico, sendo enquadrados em um dos seguintes campos: • Oportunidades: esses relacionamentos são os mais importantes para a empresa e necessitam ser preservados. • Parcerias: relacionamentos equilibrados, em que tanto a empresa quanto o parceiro ganham; também conhecidos como relação ganha-ganha. • Conveniência: relacionamentos pouco importantes, mas que é necessário manter. • Riscos: relacionamentos de risco muito alto para a empresa. Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre o diagrama de foco estratégico e a matriz de relacionamentos, leia a parte 2 do livro indicado a seguir: FOINA, P. R. Tecnologia da Informação: planejamento e gestão. São Paulo: Atlas, 2013. 3.2.3 Matriz BCG Foi em 1970 que a consultoria Boston Consulting Group desenvolveu a matriz BCG, uma ferramenta de análise gráfica, objetivando a análise de portfólio de produtos ou unidades de negócios em uma empresa. Conhecida também como matriz crescimento × participação, ela considera as dimensões crescimento de mercado e participação relativa de mercado, permitindo uma comparação de percentuais de participação de produtos e negócios corporativos. A figura a seguir apresenta a matriz BCG e os quatro quadrantes resultantes da relação participação relativa de mercado e crescimento de mercado. 66 Unidade II Estrelas Alta participação no mercado e alto crescimento do mercado Fluxo de caixa modesto Pontos de interrogação Baixa participação no mercado e alto crescimento do mercado Fluxo de caixa negativo Vacas leiteiras (cash cow) Alta participação no mercado e baixo crescimento do mercado Fluxo de caixa negativo Bichos de estimação Baixa participação no mercado e baixo crescimento do mercado Fluxo de caixa modesto ?? Alta Participação relativa no mercado Ta xa d e cr es ci m en to d o m er ca do Baixa Baixa Alta Figura 20 – Matriz BCG Fonte: Chiavenato e Sapiro (2020, p. 188). No quadrante representado por uma estrela, encontramos os negócios com alta participação relativa de mercado e alto crescimento de mercado, dotados de grande potencial e também da necessidade de investimentos consideráveis. No quadrante representado por uma vaca leiteira, temos os negócios com alta participação relativa de mercado e baixo crescimento de mercado, nos quais não são necessários investimentos consideráveis. No quadrante representado por um sinal de interrogação, que indica questionamento, encontramos os negócios com baixa participação relativa de mercado, mas com grande potencial de crescimento. Devido à dúvida em relação ao futuro, esses negócios são representados por um ponto de interrogação, além de serem necessários investimentos que possibilitem o aumento de sua participação de mercado. No quadrante representado por um bichinho de estimação, vemos os negócios com baixa participação relativa de mercado em um mercado com baixas taxas de crescimento. Esses negócios normalmente acarretam prejuízo e só não são encerrados por um apego semelhante ao que se tem por um animal de estimação. Em determinadas situações são necessários para a composição do portfólio da empresa, mesmo não sendo tão lucrativos. Observação O quadrante bichinho de estimação é também chamado de quadrante abacaxi. Isto se dá pelo fato de atribuirmos situações difíceis, popularmente falando, à fruta abacaxi. 67 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Sobre a dinâmica que envolve produtos (negócios) entre os quadrantes, Chiavenato e Sapiro (2020, p. 189) declaram: Existe uma dinâmica que explicaria a movimentação dos produtos entre os quadrantes, como se houvesse um círculo virtuoso – uma empresa sistematicamente deveria transferir caixa produzido por suas vacas leiteiras, aplicando os recursos no lançamento de pontos de interrogação em mercados de grande ascensão que com o tempo devem arrefecer. A empresa deveria, nesse tempo, fazer com que seus produtos pontos de interrogação ganhem parcelas de mercado, transformando, assim, seus pontos de interrogação em produtos estrelas, que com o tempo,com o arrefecimento no crescimento do mercado, passarão a ser vacas leiteiras, reiniciando o ciclo virtuoso. Numa sequência de decisões competentes, o portfólio de produtos apresentará um perfil equilibrado, com geração contínua de caixa e sistemática política de inovação. A figura a seguir apresenta essa dinâmica de tomada de decisão considerando a matriz BCG. Consolidação ?? Ordenha Abandono Alta Participação relativa no mercado Ta xa d e cr es ci m en to d o m er ca do Baixa Baixa Alta Seleção Seleção Oti mi zaç ão do flu xo de cai xa Figura 21 – Dinâmica de tomada de decisão estratégica na matriz BCG Fonte: Chiavenato e Sapiro (2020, p. 190). Observação Os negócios considerados como estrela devem ser cada vez mais consolidados; em contrapartida os negócios considerados como bichinho de estimação devem ser, em muitas situações, abandonados ou ressignificados. 68 Unidade II 3.2.4 Matriz GE A matriz Grupos Estratégicos (GE), também conhecida como matriz McKinsey, é uma ferramenta que tem o objetivo de avaliar a atratividade e a competitividade de um mercado. Ela foi utilizada entre as décadas de 1960 e 1970 na análise de desafios estratégicos da empresa General Electric. Ela divide-se em nove campos a partir de uma matriz 3 × 3, com dois eixos (atratividade do mercado e força do negócio no mercado). Nela são inseridos cada um dos negócios a fim de avaliá-los estrategicamente a partir de um diagnóstico que relaciona força e atratividade. O quadro a seguir apresenta a matriz GE. Quadro 10 – Matriz GE Força do negócio Forte Média Fraca Atratividade do mercado Alta Investir Crescer Ganhos Média Crescer Ganhos Colher Baixa Ganhos Colher Desinvestir Adaptado de: Chiavenato e Sapiro (2020, p. 130). Observamos nessa matriz que os negócios com grande força e atratividade setorial devem receber ações de investimentos. Em contrapartida, aqueles negócios com capacidade competitiva baixa e com baixa atratividade devem receber desinvestimentos e políticas de saída. O quadro a seguir apresenta uma matriz GE com mais exemplos de ações. Quadro 11 – Exemplo de matriz GE Forte Média Fraca Atratividade setorial Alta — Crescer — Procurar o domínio — Maximizar investimentos — Avaliar o potencial — Identificar fraquezas — Construir forças — Buscar especialização — Procurar nichos de mercado — Considerar aquisições Média — Identificar segmentos em crescimento — Investir firme — Manter posição em outra parte — Identificar segmentos em crescimento — Especializar — Investir seletivamente — Especializar — Procurar nichos de mercado — Considerar saídas Baixa — Manter posição em toda parte — Buscar fluxo de caixa — Investir em níveis de manutenção — Cortar produtos supérfluos — Minimizar investimentos — Renunciar a posição de mercado — Confiar na diplomacia do líder de mercado — Gerar caixa — Considerar tempo de saída e renúncia de posição Fonte: Chiavenato e Sapiro (2020, p. 130). 69 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI 3.2.5 Matriz produto-mercado A matriz produto-mercado é uma ferramenta muito utilizada no traçado das estratégias de crescimento de uma empresa. Ela apresenta quatro tipos de estratégias (representadas nos quadrantes) que podem ser executadas a partir de uma reflexão sobre o tipo de mercado (existente ou novo) e o tipo de produto (existente ou novo). Para a perspectiva produto, é possível também considerar o serviço. Esse modelo foi criado em 1965 por Igor Ansoff. Por isso, é também conhecido como matriz Ansoff. O quadro a seguir apresenta essa matriz. Quadro 12 – Matriz produto-mercado Produtos/serviços Existentes Novos Mercados Existentes Penetração de mercado Desenvolvimento de produtos/serviços Novos Desenvolvimento de mercado Diversificação Fonte: Chiavenato e Sapiro (2020, p. 181). A primeira estratégia encontrada na matriz produto-mercado é a penetração de mercado, caracterizada por uma ação em um mercado existente e por meio de um produto ou serviço existente. Os objetivos principais desse quadrante incluem uma busca pelo aumento das receitas de vendas de produto ou serviço através de ações de marketing e comerciais. Um bom exemplo seria a ação de uma empresa de telefonia móvel celular junto aos clientes para aumentar o seu pacote de dados utilizado mensalmente. A segunda estratégia é conhecida como desenvolvimento de mercado e é estabelecida para mercados novos por meio de produtos ou serviços já existentes. As ações estratégicas concentram-se na procura de novos clientes oferecendo o mesmo serviço ou produto. Como exemplo, é possível citar uma empresa prestadora de serviços de TI com operações na região Sudeste que pretende abrir novas unidades de negócio na região Norte do país. A terceira estratégia é chamada de desenvolvimento de produtos/serviços e se dá quando estamos oferecendo produtos ou serviços novos para mercados já existentes. O sucesso dessa estratégia consiste em descobrir desejos e necessidades dos atuais clientes, que até então desconhecemos. Um bom exemplo seria a oferta de novos cursos de graduação voltados para a área de saúde em uma faculdade caracterizada pela oferta de cursos de tecnologia. A quarta estratégia é chamada de diversificação e é utilizada quando pretendemos oferecer um novo produto ou serviço em um novo mercado. Chiavenato e Sapiro (2020) consideram que essa é uma das estratégias com maior risco, devido à falta de dependência dos produtos que a organização já oferece para os seus clientes atuais. 70 Unidade II 3.2.6 Modelo do ciclo de vida do produto Os produtos comercializados pelas organizações normalmente têm um tempo de vida útil. Por exemplo, um smartphone é fabricado para um tempo ou ciclo de vida entre 3 e 6 anos; após esse período percebemos uma obsolescência do produto e a necessidade da compra de um novo. Observação A ideia de ciclo de vida do produto pode ser estendida também para os serviços, considerando que eles passam por um período de concepção, desenho, transição, operação e obsolescência. Segundo Chiavenato e Sapiro (2020, p. 182): O ciclo de vida retrata desde o nascimento até a morte de um produto. Esse modelo consiste em cinco estágios na vida de um produto: introdução, crescimento, maturidade, saturação e declínio. O conceito de vida do produto deve ser aplicado a uma categoria genérica de produto (como fornos de micro-ondas e microprocessadores, por exemplo) e não a marcas específicas (como Sharp e Intel, respectivamente). A figura a seguir apresenta o desenho da curva do ciclo de vida do produto. Introdução Crescimento Maturidade Saturação Declínio Tempo Vo lu m e de v en da s Figura 22 – Gráfico do ciclo de vida do produto Fonte: Chiavenato e Sapiro (2020, p. 183). 71 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI O primeiro estágio, conhecido como introdução, marca o lançamento do produto a ser comercializado. Esse é o momento em que os custos são relativamente altos e o volume de vendas normalmente é baixo, resultando em uma lucratividade inicial negativa. Ele é considerado o estágio com maior grau de risco. O segundo estágio é chamado de crescimento, no qual percebemos o aumento substancial do volume de vendas a partir da criação do interesse do mercado no produto. Os objetivos estratégicos nesse estágio se concentram na maximização da participação do mercado. No terceiro estágio chegamos à maturidade, que é considerado o ponto mais alto de destaque na história da oferta desse produto pela empresa. Aqui o conhecimento sobre o produto já está difundido e os custos já chegaram a um nível aceitável, cooperando com a maior lucratividade verificada no ciclo de vida do produto. O quarto estágio é conhecido como saturação e se dá quando a quantidade de vendas do produto começa a dar sinais de redução, prenunciando a chegada do quinto e último estágio, o declínio, no qual experimentamos uma queda drástica das vendas. Essa queda ocorre por diversos motivos, entreeles: surgimento de novos produtos e identificação de pontos fracos (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre ferramentas e modelos de gestão estratégica, leia o capítulo 6 do livro indicado a seguir: CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento estratégico: da intenção aos resultados. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2020. 4 BALANCED SCORECARD Em nossa jornada nos caminhos da gestão estratégica, estudamos diversas ferramentas no capítulo anterior. Dedicamos agora um capítulo inteiro para o estudo do balanced scorecard, também conhecido pelo seu acrônimo em inglês BSC. Primeiramente, apresentaremos um histórico do BSC, seus conceitos e objetivos fundamentais, além das suas perspectivas: financeira, dos clientes, de processos internos e de aprendizado e crescimento. Na segunda parte do capítulo, abordaremos os mapas estratégicos criados pelos idealizadores do BSC. 4.1 Introdução ao balanced scorecard 4.1.1 Histórico do BSC Com a chegada da Era da Informação, as formas de compreender e de agir inerentes à Era Industrial (período compreendido entre 1850 e 1975) encontravam-se ultrapassadas. Sobre esse contexto histórico que deu vazão para novas perspectivas, inclusive na administração estratégica, Borba (2011, p. 9) declara: 72 Unidade II Com o advento da Era da Informação, tornaram-se obsoletas muitas das premissas da concorrência industrial. As empresas passaram a não mais obter vantagens somente com alocações de novas tecnologias e ativos físicos. O impacto da Era da Informação tem sido revolucionário para as empresas – principalmente dos setores de transporte, serviços públicos, financeiro e assistência médica. Na sociedade da informação e do conhecimento, as mudanças e as inovações tecnológicas e a consequente invasão de informações ocorrem em um ritmo muito acelerado, tornando-se necessário gerir também o conhecimento das pessoas nas organizações. Motivado por essas mudanças, na década de 1990, o executivo principal do Instituto Nolan Norton, David Norton, liderou um estudo junto com seu consultor acadêmico, Robert Kaplan, sobre a medição de desempenho de empresas nesse novo contexto da Era da Informação. A ideia de Norton e Kaplan era desenvolver uma nova forma de mensurar a performance das organizações. Primeiro Norton e Kaplan promoveram uma pesquisa de campo intitulada “Measuring performance in the organization of the future” com pelo menos 12 empresas de diversos ramos e setores, colhendo estudos de caso sobre métodos inovadores de mensuração de desempenho. Entre as empresas estudadas, aquela que mais atraiu a atenção foi a Analog Devices. Nela Kaplan e Norton encontraram uma forma de medição de desempenho utilizando um scorecard corporativo composto por itens bem abrangentes, que contemplavam não apenas os aspectos financeiros, mas também os prazos de entrega ao cliente, a qualidade e o ciclo de processos de produção, bem como a eficácia no desenvolvimento de novos produtos (KAPLAN; NORTON, 1997). Além das ideias surgidas do estudo de caso da Analog Devices, várias outras foram desencadeadas depois de todo um ano de estudo, levando a uma ampliação do scorecard multidimensional como ferramenta, conhecida como balanced scorecard (BSC). Alguns participantes desse amplo estudo implementaram de forma experimental o BSC em algumas áreas do ambiente organizacional e, em dezembro de 1990, ao final do estudo, documentaram a viabilidade e os benefícios do método. Em 1992, os resultados foram publicados na Harvard Business Review, no artigo “The balanced scorecard: measures that drive performance”, que tornou o método um pouco mais conhecido e utilizado por diversos executivos em suas empresas, como a Rockwater e a FMC Corporation. Esse novo modelo de medição foi organizado em torno de quatro perspectivas: financeira; cliente; interna; inovação e aprendizado. Essas perspectivas refletiam o equilíbrio entre os seguintes itens: objetivos (curto prazo e longo prazo); métricas (financeiras e não financeiras); indicadores (de tendências e de resultado); e expectativas (internas e externas). Nesse momento, o BSC não era mais visto como um painel de indicadores, mas como um comunicador de novas estratégias e um instrumento de contínuo alinhamento entre as áreas das empresas. Depois, as experiências com o uso do BSC foram evoluindo, de modo que ele passou a ser considerado a principal 73 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI ferramenta organizacional para processos gerenciais: estabelecimento de metas individuais e de equipe, remuneração, alocação de recursos, planejamento e orçamento, e feedback e aprendizado estratégico. Todo esse progresso foi descrito num outro artigo da Harvard Business Review intitulado “Using the balanced scorecard as a strategic management”. Ainda continuando com as suas pesquisas, entre 2001 e 2004, Kaplan e Norton perceberam que as organizações estavam trabalhando com uma relação de causa-efeito entre os indicadores das perspectivas de aprendizado e crescimento, processos internos, clientes e financeira. Essa relação, conhecida como mapa estratégico, implicava um modo de enxergar a estratégia empresarial, além de gerar o alinhamento e a comunicação efetiva da estratégia e de seus desdobramentos. Lembrete O conceito de estratégia nos remete sempre à ideia de estabelecimento de objetivos e de indicadores. 4.1.2 Conceitos e objetivos do BSC O conceito de BSC, desde a sua criação, tem sofrido muitas mudanças e evoluções. Inicialmente era uma ferramenta para mensurar o desempenho, mas passou a ser considerado um sistema e modelo de gestão estratégica integrada. A figura a seguir apresenta essa evolução. Ferramenta de implementação da estratégia Ferramenta de mensuração Sistema de gestão estratégica Modelo de gestão estratégica integrada FísicoRestrito 1990 1992 1996 2004 IntelectualAmplo Ca pi ta l Es co po d o BS C Figura 23 – Evolução do conceito de BSC Fonte: Borba (2011, p. 9). 74 Unidade II Assim, com cunho moderno, podemos afirmar que o BSC é um modelo de gestão estratégica integrada para as empresas, baseado em indicadores que vão além dos relacionados às questões econômicas, financeiras e contábeis. Os objetivos e as métricas desse modelo, consequência da visão e da estratégia empresarial, são descritos de forma clara em quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento. Segundo Fernandes e Abreu (2014), o BSC, como sistema de gestão de estratégia, tem por objetivos: • manifestar as ações estratégicas da empresa em termos operacionais; • favorecer o alinhamento estratégico empresarial; • desdobrar a estratégia para todas as áreas; • converter a estratégia num processo não apenas estático, mas também dinâmico; • mobilizar a mudança por meio da liderança executiva. Dessa forma, o BSC não se limita a um sistema contendo indicadores, mas atua como um instrumento para uso em sistemas de gestão estratégica, habilitando processos gerenciais considerados críticos para as corporações, conforme demonstra a figura a seguir. Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia – Esclarecendo a visão – Estabelecendo o consenso Estabelecimento de metas – Estabelecendo metas – Alinhando iniciativas estratégicas – Alocando recursos – Estabelecendo marcos de referência BSC Comunicar e estabelecer vinculações – Comunicando e educando – Estabelecendo metas – Vinculando recompensas a medidas de desempenho Feedback e aprendizado estratégico – Articulando a visão compartilhada – Fornecendo feedback estratégico – Facilitando a revisão e o aprendizado estratégico Figura 24 – BSC como um sistema gerencial Adaptada de: Kaplan e Norton (1997, p. 160). 75 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI O esclarecimento e a tradução da visão e da estratégia é o primeiro processo crítico da gestão estratégica e um dos mais importantes, porque visa exprimir a estratégia em objetivos estratégicos específicos.Para esse primeiro passo é necessária a busca de um consenso, em que todos os participantes do processo dão a sua contribuição. Na comunicação e no estabelecimento de vinculações, a corporação toma ciência dos objetivos estratégicos e das métricas do BSC, em que o diálogo e todos os meios de comunicação corporativos devem ser utilizados. O estabelecimento de metas é fundamental na gestão estratégica com o BSC porque habilita a corporação à quantificação de resultados esperados de longo prazo, além de estabelecer referenciais de curto prazo para medidas financeiras e não financeiras. O feedback e o aprendizado estratégico criam um ambiente de aprendizado organizacional e de melhoria do processo, no qual se buscam continuamente a eficácia e a eficiência da estratégia. 4.1.3 Perspectivas do BSC O BSC tem como pilares as perspectivas, que estabelecem entre si uma relação de causa e efeito, equilibrando objetivos, indicadores, metas e iniciativas. Conforme visto na figura a seguir, as perspectivas são: financeira, de clientes, de processos internos e de aprendizado e crescimento. Financeira Para sermos bem-sucedidos financeiramente, como deveríamos ser vistos pelos acionistas? Aprendizado e crescimento Para alcançarmos nossa visão, como sustentaremos nossa capacidade de mudar e melhorar? Visão estratégica Clientes Para alcançarmos nossa visão, como deveríamos ser vistos pelos nossos clientes? Processos internos Para satisfazermos nossos acionistas e clientes, em que processo de negócios devemos alcançar excelência? Figura 25 – Perspectivas do BSC Adaptada de: Kaplan e Norton (1997, p. 185). A perspectiva financeira existe não só por questões históricas, mas porque é fundamental para demonstrar impactos econômicos de curto, médio e longo prazo de ações consumadas. Os indicadores de desempenho dessa perspectiva apontam se a estratégia adotada pela corporação está contribuindo 76 Unidade II para a melhoria dos resultados financeiros. Os questionamentos são voltados para a lucratividade, o crescimento econômico e a eficiência operacional. A perspectiva dos clientes identifica os segmentos de clientes, os mercados em que as áreas de negócio desejam competir e a proposição de valor para esses clientes. As métricas utilizadas nessa perspectiva incluem a satisfação dos clientes, a retenção deles, a aquisição de novos e a lucratividade dos clientes. Nela os questionamentos têm foco na confiança do cliente, bem como na visão que ele tem da corporação. Na perspectiva de processos internos são identificados processos internos críticos que precisam ser continuamente melhorados, no intuito de se alcançar a excelência. Normalmente esses processos têm como foco a proposição de valor para os clientes e a satisfação das expectativas dos acionistas. Os questionamentos são voltados para o aperfeiçoamento operacional dos processos. No aprendizado e crescimento como quarta perspectiva, procura-se identificar os ativos críticos, como as habilidades, as competências organizacionais e a infraestrutura, que servem de base para o crescimento e a melhoria em longo prazo da empresa, bem como para sua perenidade e competitividade. Nessa perspectiva os questionamentos se voltam para novas habilidades, conscientização e tecnologias. Observação Durante muito tempo, a perspectiva aprendizado e crescimento não foi vista como estratégica por parte das empresas. Como consequência, diversas delas perderam fatia de mercado ou praticamente sumiram dele. 4.2 Mapas estratégicos e o BSC para TI 4.2.1 Mapas estratégicos do BSC Os mapas estratégicos do BSC representam um recurso de grande importância para os estrategistas. Eles apresentam de forma visual relações de causa e efeito entre os objetivos estratégicos, nas perspectivas estratégicas, que demonstram como as organizações criam valor (KAPLAN; NORTON, 1997). Segundo Martins et al. (2012, p. 34): Estes mapas são fundamentais para o sucesso da estratégia porque identificam algumas medidas críticas que guiam o modelo, ou seja, as forças motrizes do sucesso. Eles têm a função de comunicar a estratégia para todos na organização, proporcionando maior alinhamento. Além disso, facilitam o processo de orçamentação, por estabelecerem um padrão e critérios para a apropriada alocação de recursos. O mapa estratégico, como um mapa rodoviário normal, mostra o caminho para determinado destino. A rota no mapa estratégico é estabelecida a partir do “cascateamento” dos que conduzirão a organização à execução da estratégia de maneira eficaz e eficiente. 77 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Um mapa estratégico genérico do BSC contém, além dos objetivos demonstrados numa relação de causa e efeito, as medidas de resultado e os indicadores de tendências, com suas respectivas metas, acompanhadas de ações estratégicas que darão suporte ao alcance dos objetivos. A figura a seguir apresenta a primeira parte de um mapa estratégico, contemplando a relação dos causa e efeito. Perspectiva financeira Retorno sobre o capital empregado Lealdade dos clientes Pontualidade das entregas Perspectiva do cliente Capacidades do funcionário Perspectiva do aprendizado e crescimento Qualidade dos processos Ciclo dos processosPerspectiva de processos internos Figura 26 – Relação de causa e efeito Adaptada de: Cruz (2019a, p. 35). Esse exemplo demonstra através de um simples diagrama que as capacidades dos funcionários dão suporte ao ciclo dos processos e à sua qualidade. Os processos bem-sucedidos gerarão uma pontualidade nas entregas, com uma consequente satisfação e lealdade do cliente. E, por fim, há o retorno sobre o capital empregado como efeito de todas as causas apontadas. É possível criar diversos outros elementos no mapa estratégico apresentado na figura anterior. No entanto, é importante compreender a necessidade de interligação dos elementos dentro do diagrama de causa e efeito, de forma a não existirem objetivos, indicadores, metas e ações desconectados da estratégia organizacional como um todo. Para complementar o mapa estratégico, consideramos o diagrama de causa e efeito apresentado na figura anterior e agregamos objetivos, indicadores, metas e ações para cada um dos elementos da relação de causa e efeito descrita, conforme pode ser visto no quadro a seguir. 78 Unidade II Quadro 13 – Objetivos, indicadores, metas e ações de um mapa estratégico Perspectiva Objetivos Indicadores Metas Ações Financeira Aumentar a lucratividade Valor de mercado da corporação Aumento de 20% em 2 anos Implantar uma nova gestão de custos e despesas Cliente Reter clientes Ser pontual nas entregas aos clientes Número de clientes recorrentes Percentual de entregas dentro do prazo Aumento de 30% em 3 anos Criar uma central de atendimento telefônico para o cliente Processos internos Melhoria da qualidade dos processos Tempo de resposta de solicitações internas 30 minutos Rever todos os processos de negócios Aprendizado e crescimento Desenvolvimento de habilidades necessárias Número de profissionais treinados 50% no primeiro ano e 100% no segundo ano Criar programa de treinamento interno contínuo Para melhor detalhar um mapa estratégico, o quadro a seguir apresenta um exemplo de uma empresa de aviação low cost, low fare. Nele encontramos 10 objetivos espalhados pelas perspectivas, além de indicadores, metas e iniciativas que permitem a busca do sucesso nas estratégias. Quadro 14 – Mapa estratégico de uma empresa de aviação low cost, low fare Alinhamento da tripulação Cargo estratégico Despachante operacional Sistemas estratégicos Programação da tripulação Lucro e retorno sobre o ativo Atrair e reter mais clientes Reabastecimento rápido no solo Aumento da receita Serviços pontuais Preços mais baixos Menos aviões — Rentabilidade — Aumento da receita — Menos aviões Objetivos Perspectiva financeira Perspectiva do cliente Perspectiva dos processosinternos Perspectiva do aprendizado e crescimento Processo: gestão operacional Tema: reabastecimento no solo — Valor de mercado — Receita por assento — Custo do leasing do avião Indicadores — 30% ↑ ano — 20% ↑ ano — 5% ↓ ano Meta Iniciativas Investimentos — Reabastecimento rápido no solo — Tempo de permanência no solo — Partidas pontuais — 30 minutos — 90% — Otimização do ciclo em solo — $ XXX — Atrair e reter mais clientes — Pontualidade dos voos — Preços mais baixos — N. de clientes habituais — N. de clientes — Posição no ranking de pontualidade da Agência Federal de Aviação (EUA) — Avaliação dos clientes — 70% — Aumentar 12% ao ano — #1 — #1 — Implementar sistema de CRM — Gestão da qualidade — Programa de fidelização dos clientes Investimento total — $ XXX — $ XXX $ XXX — Desenvolver as habilidades necessárias — Desenvolver sistemas de apoio — Tripulação de solo alinhada com a estratégia — Prontidão dos cargos estratégicos — Disponibilidade dos sistemas de informação — Conscientização estratégica — % de tripulantes que são acionistas — 100% — 100% — Treinamento da tripulação de solo — Lançamento do sistema de programação da tripulação — Programa de comunicação — Plano de aquisição de ações pelos empregados — $ XXX — $ XXX — $ XXX — $ XXX Fonte: Abdalla, Conejero e Oliveira (2019, p. 128). 79 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Exemplo de aplicação De forma livre, imagine uma empresa fictícia de qualquer ramo e tente montar um mapa estratégico simplificado contemplando as quatro perspectivas do BSC. 4.2.2 BSC adaptado para a TI O BSC e o mapa estratégico corporativo podem e devem ser desdobrados para o uso em cada área de uma organização. Na área de TI, esse tipo de desdobramento favorecerá o alinhamento entre TI e negócio, fazendo com que os objetivos estratégicos da TI suportem os objetivos estratégicos do negócio. A figura a seguir apresenta esta ideia: o BSC de TI pode também ser desdobrado em outros BSCs para as subáreas de TI, como desenvolvimento de sistemas, operação e serviços de TI, gestão e governança de TI. BSC corporativo BSC adaptado para uso da TI BSC de desenvolvimento de sistemas BSC de operação de serviços de TI BSC de gestão e governança de TI Figura 27 – Desdobramento do BSC Adaptada de: Fernandes e Abreu (2014, p. 476). Alguns frameworks, como o Cobit, utilizam o BSC no processo de construção do seu modelo de governança de TI. Na figura a seguir, encontramos um BSC desdobrado de Fernandes e Abreu (2014) para uso na área de TI. 80 Unidade II Clientes – Satisfação dos usuários com os serviços e sistemas da TI Processos internos – Disponibilidade de aplicações – Disponibilidade de infraestrutura – Qualidade das aplicações Financeira – Retorno de investimentos dos projetos de TI – Receita vinda de soluções de TI Aprendizado e crescimento – Treinamento e certificação dos profissionais – Satisfação dos empregados TI criando valor para o negócio Figura 28 – BSC desdobrado para uso na TI Adaptada de: Fernandes e Abreu (2014, p. 478). O quadro a seguir apresenta um exemplo de objetivos, indicadores, metas e iniciativas construídos para um exemplo de BSC de TI. Quadro 15 – Complementação do BSC de TI Objetivos estratégicos Medição de resultado (lag indicator) Meta Indicador de desempenho (lead indicator) Meta Iniciativa estratégica Diminuir o custo de retrabalho em sistemas Esforço de retrabalho Reduzir em 20% Esforço do retrabalho sobre o esforço total do projeto Até 20% Implantar mecanismo de controle de horas alocadas Implantar SQA externo aos projetos Implantar revisão por pares Envolver o usuário na definição dos requisitos Número de projetos com envolvimento Aumentar em 30% Número de projetos sem envolvimento sobre os com envolvimento Até 35% Implantar processo de desenvolvimento de requisitos Treinar os usuários para definirem conjuntamente os requisitos e regras de negócio Melhorar a gestão dos requisitos Número de projetos com gestão de requisitos Aumentar em 30% Número de projetos sem seguir o processo sobre os que seguem o processo Até 50% Implantar processo de gestão de requisitos de acordo com o CMMI Implantar ferramenta de gestão de requisitos Capacitar os profissionais em gestão dos requisitos Número de profissionais treinados em gestão de requisitos Aumentar em 30% Percentual de profissionais treinados sobre o total de profissionais de desenvolvimento Até 20% Criar um programa de treinamento em gestão de requisitos para analistas Criar um programa de treinamento em gestão de requisitos para usuários Fonte: Fernandes e Abreu (2014, p. 479). 81 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI É possível utilizar o BSC em TI com as perspectivas adaptadas, como demonstra a próxima figura, na qual: • a perspectiva orientação ao futuro se volta a como a TI está posicionada para atender às demandas futuras do negócio, se existe política de desenvolvimento de competências, retenção de talentos, entre outras; • a perspectiva excelência operacional trata dos processos internos da TI, sobre sua eficiência, eficácia, qualidade e padronizações; • a perspectiva orientação ao usuário ocupa-se da imagem da TI diante dos usuários e clientes, e das entregas de serviços e apoio que a TI dá aos processos desenvolvidos pelo usuário; • a perspectiva contribuição para o negócio trata dos custos e investimentos habilitados pela TI e do retorno adequado que o negócio espera da TI. BSC corporativo Financeira Processos internos Cliente Aprendizado e crescimento Contribuição para o negócio Excelência operacional Orientação ao usuário Orientação ao futuro BSC adaptado para uso na TI Figura 29 – Adaptação das perspectivas do BSC 4.2.3 Implementação do BSC Fernandes e Abreu (2014) afirmam a importância de implementação do BSC em nove passos distintos. São eles: • Passo 1 (visão): é a determinação do contexto futuro desejado, ou seja, aonde a organização quer chegar. • Passo 2 (perspectivas): é a decomposição da visão nas quatro perspectivas do BSC (financeira, cliente, processos internos e aprendizado e crescimento). • Passo 3 (objetivos estratégicos): é o expressar da visão, por meio dos objetivos, dentro de cada uma das perspectivas do BSC. 82 Unidade II • Passo 4 (métricas): é a determinação dos indicadores de resultado e dos indicadores de desempenho relacionados aos objetivos estabelecidos no passo 3. • Passo 5 (relações de causa e efeito): é a representação das relações de causa e efeito entre os objetivos determinados no passo 3. • Passo 6 (metas): é a determinação de metas relacionadas aos objetivos descritos em cada uma das perspectivas. • Passo 7 (plano de ação): é a criação e o estabelecimento de ações que permitirão atingir os objetivos e as metas estabelecidos. • Passo 8 (implantação): é a comunicação do BSC para toda a organização. • Passo 9 (melhoria): é o processo de manutenção e evolução do sistema de gestão estratégica construído por meio do BSC. Thompson et al. (2011) abordam os elementos fundamentais de sucesso quando se opta pela utilização do BSC como ferramenta de gestão estratégica. Estes elementos estão descritos no quadro a seguir. Quadro 16 – Elementos fundamentais de sucesso do BSC N. Elemento Lição 1 Entenda que o balanced scorecard faz parte de um processo maior que se inicia com a estratégia Tenha em mente que incorporar o BSC em um processo de gerenciamento de desempenho iniciado com a criação da estratégia de negócios ativa a formação do alinhamento estratégico desde o princípio 2 Considere crucial o envolvimento da alta administração A falta de apoio da alta administração pode destruir sua iniciativa de balanced scorecard. Desse modo, não prossiga em sua empreitada sem esse suporte 3 Inicie com uma visão clara de seu balanced scorecard Estabeleça sua visão do BSC cedo e use-a parao roteiro da gestão do desempenho de seu negócio 4 Maximize a utilização do balanced scorecard aplicando-o plenamente em todos os níveis da organização Implemente o BSC em todos os níveis da organização para maximizar o alinhamento e a execução organizacionais 5 Comunique, comunique, comunique Certifique-se de planejar e fazer o orçamento das atividades de comunicação de BSC, porque a experiência mostra que essas atividades são críticas e precisam ser realizadas, e elas não serão executadas sem um sólido planejamento e financiamento exclusivo 6 Amplie o BSC e transforme-o na “maneira de trabalharmos” Melhore o seu sistema integrado de gestão de desempenho dos negócios até que o BSC deixe de ser apenas uma estrutura de medição e passe a ser uma estrutura pela qual opera Fonte: Thompson et al. (2011, p. 480). 83 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI 4.2.4 Cruzamento BSC-SWOT É possível efetuar um cruzamento das perspectivas do BSC com os fatores utilizados na análise SWOT. Essa possibilidade permite um melhor diagnóstico estratégico nas empresas, atribuindo profundidade à análise e estabelecendo objetivos com grau de detalhamento mais abrangente. Lembrete A análise SWOT é uma ferramenta para diagnóstico estratégico baseada numa concepção de cenários internos (contendo forças e fraquezas) e externos (contendo oportunidades e ameaças). O quadro a seguir apresenta o cruzamento BSC-SWOT. Quadro 17 – Cruzamento BSC-SWOT Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças Finanças Consumidor Processos internos Aprendizagem e crescimento Fonte: Martins et al. (2012, p. 34). Por exemplo, consideremos uma empresa em que uma das fraquezas é a baixa capacidade de investimento. Poderíamos apontar esse item da análise SWOT ligado à perspectiva financeira (finanças) do BSC. Tendo em vista agora o cenário externo, poderíamos compreender o surgimento de uma nova tecnologia como uma oportunidade, relacionando-a à perspectiva aprendizagem e crescimento do BSC. 84 Unidade II Resumo O foco desta unidade foi a apresentação do ferramental utilizado na administração estratégica dentro das organizações. No terceiro capítulo, abordamos as principais ferramentas e modelos, com ênfase inicial na análise SWOT, na qual tratamos o mapeamento de cenários internos e externos, a partir das forças, das fraquezas, das oportunidades e das ameaças. Ainda neste capítulo apresentamos os modelos de diagrama de foco estratégico; matriz de relacionamentos; matriz BCG (Boston Consulting Group); matriz GE (Grupos Estratégicos); matriz produto-mercado; modelo do ciclo de vida do produto. Cada um deles representa um grande aliado na fase planejamento das estratégias corporativas. No capítulo 4 apresentamos o BSC, que é mais do que uma ferramenta, é um sistema de gestão estratégica para as organizações. Na primeira parte do capítulo, trabalhamos o contexto histórico do surgimento do BSC e as suas perspectivas (financeira, clientes, processos internos e aprendizagem e crescimento). Na segunda parte do capítulo, iniciamos os estudos sobre mapas estratégicos, envolvendo as relações de causa e efeito, além dos objetivos, dos indicadores, das metas e dos planos de ação contidos no modelo de gestão estratégica. Finalizamos com um passo a passo para a implementação do BSC, bem como com uma adaptação para uso na TI. 85 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Exercícios Questão 1. (Enade 2015) Uma empresa vende assinaturas de transmissões on-line de eventos esportivos e culturais exclusivamente para smartphones. Em meio a diversas mudanças tecnológicas e de hábitos de consumo, como o advento da televisão pay-per-view e o crescimento do mercado de smartphones e tablets, os executivos dessa empresa realizaram uma pesquisa de mercado que apontou que as pessoas não compram mais de uma mídia para um mesmo evento. Um diagnóstico estratégico, realizado por meio de uma análise SWOT, identificou as forças, fraquezas, ameaças e oportunidades para a empresa nesse cenário. Com base nessa situação hipotética, avalie o diagnóstico estratégico, realizado por meio de análise SWOT, descrito nas afirmativas a seguir. I – A televisão pay-per-view é uma concorrente da empresa e representa uma ameaça ao seu negócio. II – A atuação da empresa com a venda de assinaturas de transmissões on-line para smartphones representa uma oportunidade para seu negócio. III – O crescimento do mercado de smartphones é um ponto forte para a empresa. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: como a televisão pay-per-view é um aspecto externo à empresa e pode tirar clientes, ela deve ser considerada uma ameaça ao negócio da organização. 86 Unidade II Vale destacar que a matriz SWOT é uma ferramenta de análise que pode ser utilizada para a determinação dos pontos fortes e dos pontos fracos de uma organização e para o estabelecimento das ameaças e das oportunidades existentes. A figura a seguir apresenta um esquema de matriz SWOT. Fatores positivos Fatores negativos Fatores internos S Strengths (Forças) W Weaknesses (Fraquezas) Fatores externos O Opportunities (Oportunidades) T Threats (Ameaças) Figura 30 – Matriz SWOT Na matriz SWOT: • as linhas representam os aspectos internos (linha superior) e os aspectos externos (linha inferior) à organização; • as colunas representam o que é bom (coluna da esquerda) e o que é ruim (coluna da direita) para a organização. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: a venda de assinaturas de transmissões on-line para smartphones é o negócio da empresa. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: o crescimento do mercado de smartphones é um aspecto externo à empresa. Como o negócio da empresa é a venda de assinaturas de transmissões on-line para smartphones, o aumento desse mercado representa uma oportunidade de negócio. 87 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Questão 2. O método chamado de balanced scorecard (BSC) foi aprimorado com a utilização dos mapas estratégicos. O objetivo do uso desses mapas é melhorar a visualização estratégica e as relações de causa e efeito entre as perspectivas, proporcionando a integração dos objetivos organizacionais. Por meio do mapa estratégico, é possível começar a estruturar um plano de execução, tendo em vista a missão, a visão e os valores da empresa e os objetivos estratégicos que ela quer atingir. Sobre o mapa estratégico do balanced scorecard (BSC), assinale a alternativa correta: A) O BSC cria dificuldade para a organização obter o feedback institucional, comprometendo, assim, o aprendizado organizacional. B) Com a aplicação do BSC, o papel da liderança deixa de ser essencial, já que ocorre melhora da comunicação e motivação na organização. C) O BSC é voltado para o sistema de gerenciamento operacional. D) O BSC não funciona como sistema de comunicação da estratégia organizacional. E) O BSC representa a opção estratégica da organização em forma de diagrama. Resposta correta: alternativa E. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: o mapa estratégico BSC é uma ferramenta usada para traduzir visualmente o planejamento estratégico de uma empresa. Nessa imagem, estão presentes a missão e a visão da empresa, as quais se desdobram em metas e objetivos claros, que envolvem todos os níveis da organização, do gerencial ao operacional. Assim, o BSC facilita o aprendizado organizacional. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o papel da liderança é enfatizado pelo mapa estratégico BSC na medida em que ficam claros as metas e os objetivos institucionais. C) Alternativa incorreta. Justificativa: o mapa estratégico BSC envolve todos os níveis da organização: do gerencial ao operacional. 88 Unidade II D) Alternativa incorreta. Justificativa: o mapa estratégico BSC é uma ferramenta usada para traduzir visualmenteo planejamento estratégico de uma empresa. Ele é uma ferramenta da comunicação da estratégia organizacional. E) Alternativa correta. Justificativa: por ser simples e funcional, o mapa estratégico BSC permite às empresas comunicar seus objetivos estratégicos para stakeholders (colaboradores e clientes). É um diagrama que mostra como os objetivos estão conectados, deixando claras as relações de causa e efeito.
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