Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Planejamento Estratégico e Marketing Planejamento Estratégico Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria DAYANNA DOS SANTOS COSTA MACIEL AUTORIA Dayanna dos Santos Costa Maciel Olá! Sou formada em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com Mestrado na mesma área pela Universidade Federal da Paraíba – este, com ênfase em Estratégia e Inovação. Também sou mestra em Gestão de Recursos Naturais (UFCG, 2014) com ênfase em Estratégia Ambiental focada em modelos e ferramentas de gestão nas empresas. Tenho experiência técnico-profissional no ensino da Administração, ministrando disciplinas como Planejamento Estratégico, Cultura organizacional e liderança, Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais, entre outras em nível de graduação e pós-graduação. Sou apaixonada por gestão e planejamento, e lecionar esse conteúdo para mim consiste em emergir junto com os discentes em um universo de possibilidades de gestão, no qual a criatividade para traçar estratégias e analisar cenários torna-se o principal ingrediente presente no processo de ensino e aprendizagem, bem como da atuação dos futuros gestores em formação. Adoro transmitir meus conhecimentos e minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Como as Empresas Competem no Mercado?.................................. 10 Análise da Estrutura de Mercado: As Cinco Forças Competitivas .............. 10 Cadeia de Valor ................................................................................................................................. 14 Estratégias Genéricas................................................................................................................... 16 Formulando a Estratégia Competitiva Empresarial ..................... 19 Preparação para Formulação da Estratégia ................................................................ 19 Processo de (Re) Formulação a Estratégia Competitiva: Passos que Antecedem a (Re)Formulação ............................................................................................... 21 Passo 1: Definir a Empresa Almejada .............................................................23 Passo 2: Estruturar o Sistema de Inteligência Competitiva ...........25 Passos 3 e 4: Entender o Negócio, Identificar e Avaliar Oportunidades, Ameaças e Riscos .................................................................26 Formulando Estratégias Corporativas, de Negócio e Funcionais ..............27 Metodologias ou Modelos para Elaboração de Plano Estratégico .....................................................................................................29 Análise SWOT – Etapas de Realização ........................................................................... 31 A Construção e Análise da Matriz SWOT .......................................................................34 Matriz BCG ............................................................................................................................................37 O BSC e o Alinhamento da Estratégia Empresarial .......................40 Perspectiva Financeira ...............................................................................................................43 Perspectiva de Clientes ..............................................................................................................44 Perspectiva de Processos Internos ....................................................................................44 Perspectiva de Aprendizado e Crescimento ..............................................................45 O Mapa do BSC ............................................................................................................................... 46 7 UNIDADE 02 Planejamento Estratégico 8 INTRODUÇÃO Você certamente já ouviu por aí algo parecido com: essa é empresa é competitiva; tal organização é líder do mercado; esta ou aquela se destaca entre as empresas do mesmo setor pela qualidade de seus serviços. Pois bem! É fato que as empresas competem entre si nos mercados em que atuam, mas como elas definem essa estratégia de competição? Como elas formulam e gerenciam essas estratégias? Pare e pense um pouco. Façamos aqui uma analogia: imagine que as pessoas são empresas e a vida é o mercado de atuação. Como você se comporta quanto à vida/ao mercado é a sua estratégia. Pensando assim, você vai notar que muitas vezes na vida você planejou seu comportamento, outras vezes não. Com as empresas é assim, só que elas devem buscar ao máximo planejar seu comportamento no que se refere a previsões de cenários futuros e traçar seu comportamento, ou seja, definir estratégias. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo! O universo da estratégia competitiva e dos planos estratégicos! Planejamento Estratégico 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Exemplificar como as empresas competem no mercado a partir de estratégias genéricas. 2. Desenvolver estratégias empresariais nos níveis coorporativo, de negócio e funcional. 3. Compreender as metodologias e modelos estratégicos mais utilizados para o desenvolvimento de estratégias empresariais. 4. Aplicar as técnicas do Balances Scorecard (BSC) para sumarizar fatores críticos de sucesso da estratégia empresarial a partir de seu gerenciamento. Então? Preparado para continuar a navegar no mar do conhecimento sobre estratégia? Alçar velas e boa viagem! Planejamento Estratégico 10 Como as Empresas Competem no Mercado? OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender em que consiste uma estratégia competitiva e como esta reflete no comportamento das empresas no mercado ou mercados em que atuam. Isso é de suma importância, uma vez que a partir desse conhecimento você poderá definir objetivamente estratégias competitivas genéricas das quais a empresa em que você atua profissionalmente poderá fazer uso para se destacar entre seus concorrentes. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante!. Análise da Estrutura de Mercado: As Cinco Forças Competitivas As empresas atuam em um mercado, certo? Para podermos responder esse questionamento, devemos primeiramente refletir o que é mercado. Quando conversamos sobre mercado comuma pessoa que não possui conhecimentos aprofundados, o que vem à mente delas a priori são mercadorias dispostas para compra em venda em um local físico. Essa é a concepção mais básica e antiga de mercado. VOCÊ SABIA? O mercado como espaço físico destinado a compra e venda de mercadorias surgiu como local de troca de bens e serviços concebidos como valiosos entre os povos antigos. A lógica nesse mercado era satisfazer a necessidade de sobrevivência das pessoas da época trocando o que se tinha em abundância pelo que faltava. Planejamento Estratégico 11 Hoje, o que conhecemos como mercado não se restringe a um local físico. Com a origem e o avanço das tecnologias de informação, compra e venda passam também a ser realizadas virtualmente. Então, como podemos definir o que é mercado? Na visão econômica, podemos definir mercado como um grupo de compradores e vendedores que, estando em contato, efetuam transações de compra e venda. Segundo Sandroni (1999), mercado, dentro de uma perspectiva abrangente, pode ser compreendido como um local teórico (aqui podemos considerar os mercados virtuais) ou não (mercados físicos) do encontro regular de compradores e vendedores de uma determinada economia. Contudo, quando falamos de mercado em relação às empresas, essa definição é redefinida, mantendo seu sentido básico. Para fins de estudos de estratégia empresarial, devemos conceber uma visão mais ampla do que vem a ser mercado. No contexto empresarial, também é preciso considerar compradores potenciais. Desse modo, podemos assumir que mercado, no contexto empresarial, é um conjunto de compradores (reais ou potenciais) e vendedores de produtos ou serviços que têm poder de compra e necessidades não satisfeitas. Uma vez que agora sabemos em essência o que é mercado, o que configura um mercado ser competitivo ou não? Ou melhor, o que é mercado competitivo? DEFINIÇÃO: Mercado competitivo é o mercado em que os vendedores ofertam produtos iguais ou similares para um mesmo grupo (restrito) compradores reais e potenciais, competindo entre si para serem a opção escolhida por esses compradores. No contexto das empresas produtoras, Porter (2006) afirma que o mercado competitivo é afetado pela a estrutura da indústria, e o conhecimento desse mercado é fundamental para a formulação de estratégias empresariais. Nesse sentido, a palavra indústria tem um significado particular. Por hora, buscamos compreender a estrutura dessa indústria. Veja, na Figura 1, como é estruturada por Porter pelo que ele chama de cinco forças competitivas. Planejamento Estratégico 12 DEFINIÇÃO: Indústria é o grupo de empresas fabricantes ou fornecedoras de produtos e serviços semelhantes entre si. Podemos ainda utilizar o termo setor produtivo ou setor econômico para substituir a palavra indústria, haja vista que, no contexto atual das empresas, esses termos têm o mesmo sentido. Figura 1 – As cinco forças que afetam a competitividade na indústria A Internet tende a aumentar o poder de barganha dos fornecedores. A Internet aumenta o poder dos consumidores finais. A Internet cria novas ameaças de substituição. A Internet reduz as barreias de entrada. Poder de barganha dos compradores. Poder de barganha dos fornecedores. Ameaça de produtos subtítulos. Novos entrantes potenciais. Rivalidade entre os concorrentes Fonte: Adaptada de Porter (2001). Note que na figura é dado destaque à Internet como fator que pode aumentar a competitividade das empresas de uma dada indústria. Hoje, com o avanço das tecnologias de informação e o uso contínuo da Internet, as empresas encontram-se em um cenário altamente competitivo visando atender reais e potenciais compradores virtuais e terem que lidar com os reflexos do uso da Internet nas demais forças além da do poder de barganha dos compradores, conforme destacado. Mas, em suma, no que consiste cada uma das cinco forças competitivas Porter? O Quadro 1 apresenta resumidamente cada uma dessas forças. Planejamento Estratégico 13 Quadro 1 – As cinco forças competitivas de Porter FORÇA NO QUE CONSISTE? EXEMPLO Novos entrantes potenciais Consiste nas barreiras do setor que impedem ou dificultam a entrada de novas empresas concorrentes no mercado em questão. Exigências de capital como investimentos de alto risco e economias de escala. Poder de barganha dos compradores Poder de argumentação dos clientes no ato da negociação em relação a exigências para a compra e a relação custo/benefício. Nível de conhecimento e volume de informações quanto ao produto ou serviço que o comprador possui e as opções existentes no mercado. Poder de barganha dos fornecedores Poder de negociação dos fornecedores disponíveis no mercado. Concentração de fornecedores e disponibilidade de fornecedores substitutos refletem esse poder. Ameaça de produtos substitutos Existência e oferta de produtos que podem subsistir o produto da empresa em questão e que estão disponíveis no mercado. Produtos alternativos, a exemplo dos produtos ecológicos, que são uma opção em relação aos tradicionais e têm ganhado espaço com consumidores mais conscientes. Rivalidade entre os concorrentes É a força resultante da soma das quatro forças anteriores, além do custo de diferenciação dos produtos ofertados no mercado. Quanto maiores forem as demais forças, maior a rivalidade entre as empresas concorrentes em um dado mercado. Fonte: Adaptado de Daft (2005). As cinco forças apresentadas devem ser observadas pelos gestores e estrategistas nas empresas a fim de buscar, dentro do contexto de mercado, encontrar formas de adquirir vantagem competitiva. Uma das formas que as empresas podem identificar fontes internas de vantagem competitiva é na realização de suas atividades, que, segundo Porter, podem ser estruturadas em uma cadeia de valor. Planejamento Estratégico 14 Cadeia de Valor DEFINIÇÃO: É a representação gráfica da estrutura das atividades relacionadas e desenvolvidas por uma empresa com o objetivo de satisfazer as necessidades dos seus clientes. A cadeia de valor incorpora todas as atividades desempenhadas pela empresa para garantir a satisfação de seus clientes. Essas atividades, portanto, vão desde a seleção e relacionamento com fornecedores até a chegada do produto ao cliente. O objetivo do conhecimento de análise da cadeia de valor pelos gestores e estrategistas das empresas é identificar os principais fluxos de processo dentro da organização que podem comprometer o nível de satisfação do seu consumidor, bem como originar uma diferenciação no mercado competitivo. A Figura 2 apresenta a cadeia de valor genérica, segundo Porter, uma vez que cada empresa pode desenhar sua própria cadeia de valor diante de suas atividades. Figura 2 – Cadeia de valor Atividades primárias Atividades de apoio Infraestrutura da empresa Gerência de Recursos Humanos Desenvolvimento de tecnologia Aquisição Lo g ís tic a in te rn a O p er aç õ es Lo g ís tic a ex te rn a M ar ke tin g e v e n d as S e rv iç o A q uisição M arg em Fonte: Porter (2001). Planejamento Estratégico 15 SAIBA MAIS: Caso queira conhecer um exemplo que apresenta a relação entre cadeia de valor e as cinco forças competitivas das estratégias empresariais, acesse o artigo A cadeia de valores e as cinco forças competitivas como metodologia de planejamento estratégico clicando aqui. Veja que na cadeia de valor (Figura 2), encontramos dois grupos de atividades: primárias e de apoio. As primárias são as atividades básicas da organização, que garantem seu funcionamento. Genericamente, podemos identificar cinco atividades primárias nas indústrias: logística interna, operações, logística externa, marketing e vendas, e serviço. As atividades secundárias ou de apoio são as que colaboram para o desenvolvimentodas atividades primárias. Elas podem ser classificadas, independentemente do tipo de indústria, em quatro categorias: infraestrutura da empresa, gerência de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e aquisição. Todas as atividades da cadeia de valor são ligadas umas às outras por elos. Os elos são as relações entre as atividades, ou seja, o modo como uma atividade é executada a custo ou desempenho de outra. Na cadeia de valores, esses elos são inúmeros. Agora que você já sabe quais são as forças mercadológicas e as atividades da indústria, está da hora de conhecer algumas estratégias que as empresas podem adotar para atuar em seus respectivos mercados considerando tanto a estrutura da indústria de que faz parte como a sua cadeia de valor. Planejamento Estratégico https://www.researchgate.net/profile/Gilnei_Moura/publication/314431481_A_cadeia_de_valores_e_as_cinco_forcas_competitivas_como_metodologia_de_planejamento_estrategico/links/59d103d74585150177f3cb99/A-cadeia-de-valores-e-as-cinco-forcas-competitivas-como-metodologia-de-planejamento-estrategico.pdf 16 Estratégias Genéricas Ao analisar tanto as cinco forças competitivas como a sua cadeia de valores, as empresas podem genericamente adotar três estratégias: diferenciação, liderança de custo e foco. Antes de definirmos essas estratégias, vejamos na Figura 3 as caraterísticas organizacionais que de praxe são associadas com cada uma dessas estratégias. Figura 3 – Características organizacionais das estratégias competitivas Diferenciação Liderança de custo Foco - Ação flexível. - Capacidade sólida de pesquisa básica. - Talento criativo, “pensar fora da caixa”. - Fortes habilidades de marketing. - Recompensa à inovação dos funcionários. - Reputação corporativa para a qualidade ou liderança tecnológica. - Sólida autoridade central. - Controle severo de custos. - Padronização de procedimentos operacionais. - Tecnologias de manufatura simples. - Sistemas de aquisição e distribuição altamente eficientes. - Supervisão acirrada - Possibilidade de uso de uma combinação das políticas das estratégias de diferenciação e liderança de custo direcionando-as a um alvo estratégico específico. - Valorização da flexibilidade e da intimidade com os clientes. - Medidas de custos para proporcionar serviços e manter a lealdade dos clientes Características organizacionais Fonte: Adaptada de Daft (2005). Agora que você já sabe que cada estratégia está ligada a algumas características da organização que a adota, vamos definir objetivamente cada uma dessas estratégias no Quadro 2. Planejamento Estratégico 17 Quadro 2 – As estratégias genéricas de Porter ESTRATÉGIA COMPETITIVA GENÉRICA DEFINIÇÃO Diferenciação Tipo de estratégia com a qual a organização busca distinguir seus produtos ou serviços dos ofertados pelos seus concorrentes. Liderança de custo Tipo de estratégia com a qual a organização agressivamente busca instalações eficientes, corte de custos e emprego de controles severos de custos para ser mais eficiente do que seus concorrentes. Foco Tipo de estratégia que enfatiza a concentração em um mercado regional específico ou grupo de compradores. Fonte: Daft (2005, p. 186). NOTA: Embora o destaque dado nesta unidade sejam as estratégias competitivas, isto é, as que tem como base competir com outras empresas, existe também outro tipo de estratégia empresarial: as estratégias com base na colaboração. Estratégias colaborativas consistem em parcerias entre empresas da mesma indústria para obterem benefícios mútuos. Um exemplo de estratégia colaborativa são as alianças estratégicas. Além das estratégias competitivas genéricas que acabamos de ver, as organizações podem adotar ainda outras estratégias mais específicas de competição, como: atendimento, prazo, imagem e marca do produto ou serviço, imagem da empresa e responsabilidade social. Contudo, nosso foco de estudo por enquanto são as estratégias genéricas. Planejamento Estratégico 18 RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que as empresas competem em um mercado estruturado por cinco forças competitivas, a saber: entrantes potenciais, poder de barganha de compradores e fornecedores, ameaça de substitutos e rivalidade dos concorrentes. Cada uma dessas forças está relacionada à competitividade da empresa, de modo que, quanto maior for a intensidade de cada força, mais competitiva será a indústria, uma vez que a força da rivalidade entre concorrentes é o somatório das demais forças. Ah, é importante recordarmos que quando falamos de indústria estamos nos referindo a grupos de empresas fabricantes ou fornecedoras de produtos ou serviços semelhantes entre si. Virmos também que além das forças que compõem o mercado competitivo/a indústria, a estratégia da empresa deve considerar a sua cadeia de valor. A cadeia de valor é a representação gráfica da estrutura das atividades relacionadas e desenvolvidas por uma empresa com o objetivo de satisfazer as necessidades dos seus clientes. Uma vez consideradas as forças de mercado e a cadeia de valor da empresa, os gestores e estrategistas podem competir no mercado a partir de estratégias genéricas voltadas para custo, diferenciação ou foco. Planejamento Estratégico 19 Formulando a Estratégia Competitiva Empresarial OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de formular estratégias empresariais nos níveis corporativo, de negócio e funcional, ao atuar como profissional de gestão empresarial. Aqui você aprenderá os diversos níveis de estratégia, bem como será capaz de definir os elementos distintivos de cada um deles. Esses conceitos irão norteá- lo quando em sua prática profissional for necessário analisar, criar ou até mesmo reconfigurar estratégias nas organizações. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante!. Preparação para Formulação da Estratégia Aqui vamos começar destacando o objetivo das estratégias empresariais competitivas. Qual é mesmo? Se você ainda não consegue responder de forma objetiva, vamos ajudá-lo, uma vez que esse objetivo deve estar sempre claro em sua mente. O objetivo da estratégia empresarial competitiva é, em suma, tornar a empresa diferente, destacá- la no mercado competitivo. Assim, temos que, em essência, formular estratégias é escolher como a empresa será diferente, ou seja, as decisões estratégicas são direcionadas a resolver se a organização realizará atividades diferentes, ou similares de forma diferente de seus concorrentes. Planejamento Estratégico 20 EXPLICANDO MELHOR: As decisões estratégicas com foco competitivo nas empresas resumem em fazer diferente ou fazer o mesmo de forma diferente. Vamos a um exemplo: duas empresas fabricam biscoitos tradicionais. Uma delas opta por ofertar biscoitos fabricados da forma mais artesanal possível, já que o processo de produção de seu concorrente é industrial. Nesse caso, essa empresa está fazendo o mesmo (biscoitos tradicionais) de forma diferente (artesanal). Se essa empresa em vez de optar pelo processo artesanal, resolvesse continuar com a produção industrial, mas com uma linha de biscoitos gourmet, ela estaria fazendo diferente de seu concorrente, que oferta apenas biscoitos tradicionais. Dentro do objetivo da estratégia competitiva, vamos pensar sobre o “ser diferente ou fazer diferente” ao longo do tempo. Concorda que o que é diferente hoje pode não ser amanhã se for copiado, reproduzido? As estratégias mudam com o tempo para se adequarem às condições do mercado. Entretanto, para manter a sua competitividade, as empresas devem desenvolver estratégias focadas em suas competências centrais, criando sempre valor para os clientes. As competências centrais, também conhecidas comoessenciais, podem se tornar uma vantagem competitiva se a empresa adquirir a especialização que seus concorrentes não têm. DEFINIÇÃO: “Competência Central é algo que a organização faz especialmente bem em comparação com seus concorrentes” (DAFT, 2005, p. 176). Planejamento Estratégico 21 Agora que temos claro em nossa mente o objetivo das estratégias competitivas, vamos entender como as empresas se preparam para formularem suas estratégias. Como assim, tem que se preparar? Sim, sim! As empresas, antes de formularem suas estratégias, devem ter bem definidos os seguintes fatores: a empresa almejada, a estrutura do sistema de inteligência competitiva, entender seu negócio e identificar e avaliar oportunidades, ameaças e riscos. Esses itens prévios à formulação de estratégias consistem nas primeiras etapas do processo de (re)formulação da estratégia competitiva. Processo de (Re) Formulação a Estratégia Competitiva: Passos que Antecedem a (Re) Formulação Quando a empresa está formulando sua estratégia competitiva, pode estar partindo de dois cenários. Ela pode não ter estratégia alguma formalizada ou ao já possuir essa estratégia, identificar problemas que a leva à reformulá-las. Em ambos os casos, esse processo de (re)formulação deve seguir alguns passos, como ilustra a Figura 4. Planejamento Estratégico 22 Figura 4 – Passos do processo de (re)formulação da estratégia competitiva Passo 1 Definir a empresa almejada 1.Delinear o negócio 2.Fixar os objetivos permanentes Passo 3 Entender o negócio 1.Entender o macroambiente empresarial 2.Entender a estrutura da indústria e identificar os disputantes do sucesso 3.Entender os clientes e os fornecedores 4.Identificar os concorrentes atuais e tentar descobrir de onde surgirão e quem serão os novos concorrentes 5.Entender os concorrentes atuais Passo 2 Estruturar o sistema de inteligência competitiva da empresa Passo 4 Identificar e avaliar oportunidades, ameaças e riscos 1. Identificar oportunidades, ameaças e riscos 2. Analisar a viabilidade de aproveitamento de uma oportunidade Passo 5 Formular alternativas de estratégia competitiva de negócio 1. Identificar o posicionamento competitivo de empresa e dos concorrentes 2. Sugerir alternativas de estratégia competitiva Passo 6 Decidir estratégia competitiva de negócio Passo 7 Definir a estratégia competitiva operacional Passo 8 Implementar a estratégia competitiva Passo 9 Controlar os resultados da estratégia adotada 1. Monitorar e avaliar as respostas dos clientes à nova estratégia 2. Monitorar a avaliar as reações dos concorrentes 3. Alterar a estratégia competitiva de negócio e a operacional conforme as respostas dos clientes e as reações dos concorrentes 4. Retomar o processo sempre que houver um movimento competitivo ou uma alteração no ambiente empresarial Fonte: Contador (2008, p. 344). Planejamento Estratégico 23 Conforme a Figura 4, o processo de formulação de estratégias é composto por nove passos, os quais serão aprofundados no decorres dos nossos estudos em planejamento estratégico. Nesta unidade, vamos focar os Passos 1, 2, 3; 4 e 5, estudados na competência sobre metodologias ou modelos de formulação de estratégias; e, por fim, 6, 7, nos tópicos conseguintes a este. Assim, ficam para estudos futuros os passos 8 e 9. Vamos lá! IMPORTANTE: As empresas basicamente reformulam suas estratégias em circunstâncias relacionas a duas dimensões: momentos e situação. São circunstâncias relacionadas a momento: oportunidade, ameaça, desejo de ser mais competitiva e insatisfação com a situação atual. São circunstâncias relacionas a situação os desejos de: melhorar a sua competitividade no mercado atual com os mesmos produtos que já oferta; entrar em novos mercados com os produtos já ofertados; lançar novas linhas de produtos no seu mercado atual ou ainda em novos mercados. Passo 1: Definir a Empresa Almejada O primeiro aspecto que se deve ter em mente ao iniciar o processo de formulação de estratégias competitivas é: qual a empresa que se deseja ter. Pois é! Para definir o caminho (estratégia), devemos antes saber quem somos e o que queremos ser. Nesse sentido, quando os gestores das organizações definem a empresa almejada, estão basicamente delineando o negócio da empresa e fixando objetivos prementes. Primeiramente, no que consiste delinear um negócio? Segundo Contador (2008): É definir as exigências, as necessidades, as preferências, as expectativas ou anseios do cliente que a empresa pretende satisfazer, consubstanciados nos produtos (bens e/ou serviços) e nos mercados de atuação, e disponibilizar as competências necessárias (CONTADOR, 2008, p. 346). Planejamento Estratégico 24 Assim, o negócio da empresa descreve o que ela de fato faz ou irá fazer estando em funcionamento; é a essência da organização. O negócio da empresa é definido geralmente pelo proprietário tomando como base seus valores, crenças e a imagem da empresa que ele deseja ter. VOCÊ SABIA? O negócio da empresa é definido na sua fundação/ nascimento. Contudo, pode ser redefinido ou alterado em um momento de drástica mudança organizacional. Para ficar mais claro, vejamos uma declaração do negócio de uma empresa do setor de transportes, no Quadro 3. Quadro 3 – Exemplos de declaração de negócio da empresa EMPRESA COMO A EMPRESA DECLARA SEU NEGÓCIO RODOPAN TRANSPORTES “Somos um operador logístico especializado em transporte rodoviário de cargas, armazenagem, movimentação e distribuição”. Fonte: Elaborado pela autora (2021). Analisando a declaração de negócios apresentada, podemos observar que muitas empresas adotam uma declaração objetiva, a fim de que esta fique na mente de seus clientes. Contudo, a delineamento desse negócio é bem mais específico no planejamento estratégico. Além de delinear o negócio para definir a empresa desejada, é necessário fixar objetivos permanentes. Trata-se de objetivos que impulsionam o negócio. Apesar da denominação “objetivo permanente”, essa nomenclatura não tem caráter de imutabilidade, ou seja, eles podem ser mudados. No entanto, o uso da palavra permanente remete à atribuição de longo prazo a questão de mudança. Os objetivos permanentes da organização, segundo Contador (2008), são como um guia de princípios éticos e econômicos da empresa em seu ambiente de atuação e devem refletir no mínimo algumas das características dispostas na Figura 5. Além disso, diferem dos objetivos de planejamento estratégico por não imporem meta numérica nem prazo. Planejamento Estratégico 25 Figura 5 – Características da empresa que devem ser refletidas pelos objetivos permanentes Propósito, a razão de ser, da empresa Grau de perenidade da empresa Rentabilidade atraente no curto, médio e longo prazos Grau de competitividade pretendido Postura de inovação e expansão de negócios Postura quanto à responsabilidade e ética Grau de cooperação com os concorrentes Fonte: Adaptado de Contador (2008, p. 347-348). Passo 2: Estruturar o Sistema de Inteligência Competitiva DEFINIÇÃO: Inteligência competitiva é a capacidade de entender o ambiente e funcionamento da organização, identificar e analisar oportunidades e ameaças para formulação de estratégias. Nas pequenas empresas, geralmente um sistema de inteligência competitiva é composto, na verdade, pelo empresário, que é o responsável por conhecer a empresa e seu ambiente, identificar oportunidades e ameaças e delinear como irá competir com seus concorrentes. Em empresas maiores, um sistema de inteligência competitiva passa a requerer órgãos para a gestão e mais pessoas evolvidas. Isso porque, em empresas maiores, o empresário sozinho já não possui a capacidade Planejamento Estratégico 26 de acompanhar todos os acontecimentos do ambiente interno e externo à empresa que possam ser fontes de oportunidades e ameaças. Então, um sistema de inteligência competitiva passa a ser composto por um órgãodenominado Assessoria de Inteligência Competitiva e outro denominado Comitê de Avaliação (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Em suma, nesses órgãos cabe ao chefe de assessoria ser detentor de conhecimentos teóricos referentes à estratégia competitiva, ter experiência com elaboração de estratégias e conhecer a fundo a empresa e seu ambiente de atuação. Já ao comitê de avaliação cabe colaborar com o chefe de assessoria, tendo entre suas atribuições: avaliar informações, avaliar impactos das estratégias na empresa, analisar estudos de viabilidade técnica e econômica, bem como avaliar alternativas estratégicas. Devido a suas atribuições envolverem conhecimentos variados, recomenda-se que esse órgão seja composto por especialistas em diferentes áreas do conhecimento. Passos 3 e 4: Entender o Negócio, Identificar e Avaliar Oportunidades, Ameaças e Riscos O objetivo do Passo 3 é angariar conhecimento prévio para que a empresa possa, em curtíssimo espaço de tempo, identificar concorrentes, oportunidades, ameaças ou riscos e agir antecipadamente, neutralizando ou minimizando o impacto das ameaças à organização ou aproveitando uma oportunidade antes que outro o faça. Simples assim! Lembra do que estudamos sobre estratégias competitivas genéricas, cadeia de valor e cinco forças da indústria que fazem parte da estrutura do mercado competitivo? Pois bem, é no Passo 3 que você, na prática, vai empregar esses conhecimentos. Esse passo requer do gestor/estrategista as seguintes atividades: entender o microambiente organizacional; entender a estrutura da indústria e os efeitos das forças que a compõe; entender clientes e fornecedores; identificar concorrentes atuais e potenciais; e entender concorrentes atuais. Se você chegou até aqui já possui conhecimento teórico suficiente sobre essas atividades, mas, caso queria rever esses conhecimentos, revise a primeira competência desta unidade. Planejamento Estratégico 27 Quanto ao Passo 4, este tem como atribuições a identificação de oportunidades, ameaças e riscos, bem como analisar a viabilidade de aproveitar oportunidades. Esse passo será o foco da nossa próxima competência, uma vez que esta apresentará as metodologias ou os modelos utilizados para esse fim. Formulando Estratégias Corporativas, de Negócio e Funcionais Nos capítulos anteriores, você adquiriu conhecimento teórico básico suficiente para, em atuação profissional, ser capaz de elaborar mesmo que de forma preliminar estratégias em nível de corporação, unidade de negócio e função. Como assim? Isso mesmo, porque nos três níveis o processo de formulação de estratégias é o mesmo que você aprendeu. Porém, nos Passos 5, 6 e 7, você deve saber diferenciar a abrangência de cada uma dessas estratégias. Então, vamos compreender o que é uma estratégia corporativa, de negócio ou funcional? O Quadro 4 apresenta de forma objetiva a definição dessas estratégias e sobre o que versa cada uma. Quadro 4 – As estratégias corporativas, de negócio e funcionais ESTRATÉGIAS DEFINIÇÃO O QUE ENVOLVE? Corporativa São as estratégias voltadas à corporação como todo, ou seja, só se aplicam a organizações que possuem mais de uma empresa ou um negócio. - Definição do conjunto de negócios em que a corporação pretende atuar. - Definição da relação entre os negócios da corporação. - Alocação de recursos em cada negócio. - Formas de capitalização. - Política de venda e aquisição de novos negócios. De negócios São as estratégias pertencentes a cada unidade de negócio de uma corporação ou as estratégias de uma empresa que não se caracteriza como corporação. - Definição de missão comercial. - Identificação do posicionamento. competitivo da empresa e de seus concorrentes. - Sugestão de alternativas de estratégias para competir no mercado do qual o negócio faz referência. Planejamento Estratégico 28 Funcionais São os planos de ação de cada departamento, que objetivam sustentar a estratégia em nível de negócios. - Definição das ações de marketing, finanças, recursos humanos, pesquisa e desenvolvimento, e outros departamentos da organização em questão. Fonte: Adaptado de Contador (2008) e Daft (2005). RESUMINDO: E agora? Você já se sente capaz de elaborar estratégias competitivas empresariais? Aprendeu mesmo o processo de formulação de estratégias e a diferença entre estratégias corporativas, de negócios e funcionais? Para garantir isso, vamos resumir o que apreendemos aqui. Virmos que o objetivo central da estratégia competitiva empresarial é tornar a empresa diferente de seus concorrentes, seja pela diferenciação ou pela especialização. Aprendemos que o processo de formulação de estratégias competitivas é composto por nove passos (definir a empresa almejada; estruturar um sistema de inteligência competitiva da empresa; entender o negócio; identificar e avaliar oportunidades, ameaças e riscos etc.), contudo, os quatro primeiros passos são preparativos para a formulação da estratégia em si. Esses primeiros passos têm por finalidade permitir que os gestores/ estrategistas tenham o máximo de informações disponíveis ao seu dispor para facilitar o delineamento das estratégias e reduzir o risco das estratégias adotadas não surtirem o efeito esperado. Ainda, aqui aprendemos a diferenciar as estratégias em nível de corporação, unidade de negócio e função ou operação. Podemos concluir, a respeito dessas estratégias, que nem todas as organizações possuem os três tipos, haja vista nem todas serem compostas por mais de uma empresa ou possuir mais de um negócio. Desse modo, as estratégias corporativas só se aplicam a corporações, já as de negócios e funcionais são aplicáveis a qualquer tipo de empresa independentemente do seu porte. Planejamento Estratégico 29 Metodologias ou Modelos para Elaboração de Plano Estratégico OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de compreender como utilizar as duas metodologias ou modelos estratégicos mais empregadas no desenvolvimento de estratégias empresariais. Saber aplicar essas metodologias ou modelos permitirá a você, no desenvolvimento de sua atividade profissional, formular estratégias a partir da metodologia que melhor se adequa às necessidades da organização. E então? Pronto para desenvolver esta habilidade? Então, vamos lá. Avante!. Lembra do processo de formulação de estratégias? Nele vimos que o Passo 4 desse processo remete à identificação e avaliação de oportunidades, ameaças e riscos. Agora, você vai aprender um modelo metodológico que é muito utilizado pelos gestores estrategistas para esse fim: o Modelo SWOT ou FOFA – como também é conhecido em sua tradução para a língua portuguesa. Essa nomenclatura vem da sigla do modelo: S – Strenghs (Forças), W – Weaknesses (Fraquezas), O – Oportunities (Oportunidades), T – Threats (Ameaças). O modelo consiste basicamente na identificação de oportunidades e ameaças do ambiente organizacional externo e as forças e fraquezas do ambiente organizacional interno. Uma vez identificados esses pontos, eles devem ser dispostos em uma matriz que pode ser estruturada conforme a Figura 6. Planejamento Estratégico 30 Figura 6 – Estrutura da Matriz SWOT FORÇAS FRAQUEZAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS ATRAPALHAAJUDA IN T E R N A (O R G A N IZ A Ç Ã O ) E X T E R N A (A M B IE N T E ) Fonte: Adaptada de Santos e Fernandes (2015). Após a montagem da matriz, o gestor ou estrategista deve elaborar estratégias que relacionem forças, oportunidades, ameaças e fraquezas. Para melhor compreensão, vamos detalhar a seguir o melhor quadrante da matriz, começando pelas oportunidades e ameaças. Por último, é importante que você saiba antes de aprender sobre os detalhes desse modelo, que a SWOT tem como objetivos centrais: apontar vantagens competitivas, analisar propensões de venda, lucros e desenvolvimento de novos produtos ou serviços, preparar a empresa paraeventuais problemas e direcionar o desenvolvimento de planos de contingenciamento. ACESSE: Você pode conhecer um pouco mais sobre a utilidade da SWOT nas empresas clicando aqui. Planejamento Estratégico https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/ME_Analise-Swot.PDF 31 Análise SWOT – Etapas de Realização Vamos aprofundar como fazer uso desse modelo. Para realizar uma análise com base na metodologia SWOT, devemos seguir as etapas apresentadas na Figura 7. Figura 7 – Estampas da SWOT 3. Plano de ação e delineamento de estratégias 1. Coleta de informações 2. O que poderá ser? Fonte: Elaborada pela autora (2021). A etapa de coleta de informações requer do indivíduo ou da equipe responsável pela análise a capacidade de ser o mais realista possível, evitando inclusive a modéstia. Planejamento Estratégico 32 DEFINIÇÃO: Pontos fortes são atributos positivos tangíveis e intangíveis internos a uma organização e que estão sob controle desta (HOFRICHTER, 2017). Ainda na etapa 1, são listados pontos fortes e fracos da organização considerando meu ambiente interno. DEFINIÇÃO: Pontos fracos são atributos que estão sob controle da organização, mas influenciam negativamente a sua capacidade de atingimento de metas e objetivos (HOFRICHTER, 2017). Recomenda-se então para a etapa de coleta de informação o uso de técnicas de coleta de dados, como entrevistas, questionários, brainstorming, entre outras. É importante nessa etapa ter uma pessoa que atue como facilitador no ato da coleta, procurando por meio da intuição aprofundar questionamentos para elucidar aspectos que considere importantes. Na etapa 2, deve-se buscar responder esse questionamento: o que pode ser ou ocorrer no ambiente externo à organização que pode afetar positivamente ou negativamente seu desenvolvimento e desempenho no mercado? A resposta a esse questionamento deve vir em forma de uma lista de oportunidades e ameaças. DEFINIÇÃO: Oportunidades são fatores atrativos externos que são a razão de existência e desenvolvimento organizacionais. São oportunidades que existem no ambiente capazes de impulsionar a organização (HOFRICHTER, 2017). Planejamento Estratégico 33 Nessa etapa, duas coisas devemos ter em mente. A primeira é que oportunidades passam, ou seja, elas têm prazos para serem aproveitados. Nesse acaso, o responsável pela SWOT deve identificar esses prazos a fim de que a organização aproveite a oportunidade a tempo, inclusive se antecipando a seus concorrentes. DEFINIÇÃO: Ameaças são fatores externos, fora do controle de uma organização, que poderiam colocar em risco a missão de operação da organização (HOFRICHTER, 2017). A segunda coisa que não podemos esquecer nessa etapa é que as ameaças podem afetar em diferentes graus de severidade a organização, bem como podem ocorrer ou não. Portanto, nessa etapa, deve-se definir também quais ameaças possuem maior e menor probabilidade de ocorrência e severidade, a fim de que os planos de ação e estratégias priorizem aquelas com maior probabilidade e severidade inicialmente. Na terceira etapa, tem-se a elaboração de um plano de ação e delineamento das estratégias organizacionais. Nessa fase, é feita uma avaliação dos pontos identificados nas etapas anteriores, e criado um plano de ação para cada uma das listas de pontos. Em seu plano de ação, devem conter iniciativas e estratégias da organização que: mantenham pontos fortes; corrijam pontos fracos; priorizem o aproveitamento de oportunidades; e neutralizem, minimizem e gerenciem ameaças. Vamos ver exemplos de lista de pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças no tópico seguinte, quando aprofundarmos nossos conhecimentos sobre a construção e análise da Matriz SWOT. Antes, vamos reforçar aqui alguns cuidados nessas etapas que devem ser tomados para a realização de uma boa análise. Para que se possa construir uma Matriz SWOT que represente o mais real possível o cenário da empresa, é necessário tomar os seguintes cuidados: ser realista ao montar as listas de pontos; ser específico, evitando duplas interpretações a respeito do que foi listado ou até mesmo a falta de entendimento futuro; e revisar os pontos listados e refletir. Não adianta Planejamento Estratégico 34 listar, por exemplo, pontos fortes e eles também serem pontos fortes de seus concorrentes. IMPORTANTE: É de suma importância para a qualidade da SWOT a definição de responsáveis pelo processo. Nesse sentido, deve-se buscar definir um grupo de trabalho para esse fim que apresente as seguintes características: autoconfiança, capacidade e vontade de mudar, diversidade de conhecimentos e tempo disponível para dedicação à aplicação da SWOT. A Construção e Análise da Matriz SWOT Uma vez listados os pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças pelos responsáveis do processo, parte-se então para a construção da matriz e sua análise. Vamos compreender mais? Essa fase pode ser resumida objetivamente no desenvolvimento das atividades listadas no Quadro 5. Quadro 5 – Atividades relacionadas à construção e análise da Matriz SWOT ATIVIDADES 1. Montagem do grupo que conduzirá a análise 2. Estabelecimento de horários de reuniões 3. Nas reuniões, deve-se obter análises individuais e discuti-las buscando identificar consensos e divergências 4. Montar a Matriz SWOT e concluir a análise 5. Gerar estratégias organizacionais Fonte: Hofrichter (2017). Planejamento Estratégico 35 Se você chegou até aqui, já possui conhecimento teórico suficiente para realizar em sua prática profissional as atividades 1, 2 e 3. Agora, vamos focar em conhecer mais a fundo o que deve ser considerado no desenvolvimento das atividades 4 e 5. VOCÊ SABIA? A análise SWOT pode ser utilizada nas organizações para diversos fins, ou seja, seu uso não se limita à elaboração de planejamento estratégico. Nesse sentido, ela pode ser utilizada para: seções de oficina de ideias, solução de problemas, planejamento, avaliação de concorrentes, planejamento e desenvolvimento, entre outras finalidades possíveis. Na atividade 4, é montada a Matriz SWOT, que pode ter seu desenho variando conforme a finalidade de uso. Mas, de modo geral, um desenho comumente aceito e utilizado é o disposto na Figura 8. Nela, é apresentado um exemplo de aplicação da análise SWOT em uma rede de lojas de móveis. Veja que a matriz desse modelo dispõe lado a lado e pontuadas as forças e fraquezas (deficiências), oportunidades e ameaças do objeto de análise. Pois bem, tal modelo facilita a análise por meio do cruzamento dos quadrantes da matriz. ACESSE: Você pode ver o exemplo completo da aplicação da SWOT em uma rede de lojas de móveis clicando aqui. Planejamento Estratégico https://www.revistas.unipar.br/index.php/empresarial/article/view/1926/1675 36 Figura 8 – Aplicação da análise SWOT na rede de lojas Victor Móveis Forças Deficiências Vantagens de custos. Recursos financeiros. Fidelidade dos clientes. Público-alvo. Auxílio a entidades beneficentes. Abrangência regional. Marcas conhecidas. Liderança de produtos. Bom armazenamento de produtos. Instalações não próprias. Dificuldade no lançamento de novos produtos. Fluxo de informações. Não oferece desconto maior em alto volume de vendas. Problemas de controle de estoques. Oportunidades Ameaças Incrementar uma nova linha de produtos. Adquirir produtos de empresas que possivelmente permitam trabalhar com exclusividade de representação. Fornecimento de novos cursos aos funcionários. Maximização de propaganda. Provável entrada de novos concorrentes. Lançamento de um novo produto pelo concorrente. Novas políticas governamentais de impostos. Fonte: Appio e Vieira (2006, p. 128). Para construir a matriz conforme o exemplo que vimos, quais pontos da empresa devem ser analisados para identificar pontos fortes e fracos? Vamos lá! Você deve analisar: os recursos humanos, as propriedadesda empresa (intelectual, instalações, equipamentos etc.), os processos organizacionais, recursos financeiros, governança, gestão e liderança, comunicação, produtos, vendas, clientes, fornecedores, mercados etc. E para identificar as oportunidades e ameaças? O que deve ser analisado? Nesse sentido, deve-se analisar os fatores do microambiente organizacional (demográficos, econômicos, políticos, sociais e culturais, tecnológicos etc.). Após a construção da matriz, a sua análise permitirá gerar estratégias organizacionais. Essa análise, bem como a geração de estratégias, é Planejamento Estratégico 37 resultado do cruzamento dos quadrantes da matriz e da análise individual de cada quadrante. O Quadro 6 resume alguns questionamentos que podem direcionar essa análise na geração de estratégias. TESTANDO: Chegou o momento de testar seus conhecimentos sobre a elaboração de uma Matriz SWOT, corra no desafio colaborativo e verifique se você já entendeu a construção de uma Matriz SWOT. Mãos à obra! Quadro 6 – Questões norteadoras para a análise da Matriz SWOT e geração de estratégias Questões Como os pontos fortes colaboram para a exploração de oportunidades? Como os pontos fortes podem ajudar a minimizar ou até mesmo eliminar ameaças? Como os pontos fracos podem dificultar o aproveitamento de oportunidades? Como os pontos fracos podem potencializar o efeito das ameaças na organização? Como eliminar cada ponto fraco? Como explorar cada oportunidade? Como se defender das ameaças? Fonte: Elaborado pela autora (2021). Matriz BCG A análise SWOT que aprendemos anteriormente é uma metodologia mais adequada à elaboração de estratégias em nível de negócio. Já para a elaboração de estratégias em nível de corporação, o modelo mais adequado e utilizado é o da Matriz BCG. Esse modelo é focado na geração de estratégias de portfólio. Planejamento Estratégico 38 DEFINIÇÃO: Estratégias de portfólio é um tipo de estratégia em nível corporativo que se refere a um mix de unidades de negócios e linhas de produtos que combinem entre si e propiciam vantagem competitiva (DAFT, 2005). A Matriz BCG é assim denominada devido às iniciais de sua criadora, a Boston Consulting Group. Ela organiza os negócios, linhas de produtos ou empresas da corporação em quatro quadrantes resultantes do cruzamento de duas variáveis de análise: taxa de crescimento da empresa e participação de mercado, conforme ilustra a Figura 9. Na Matriz BCG, a taxa de crescimento em questão é da indústria como um todo, já a participação de mercado refere-se à unidade de negócio. A matriz classifica os produtos, negócios ou empresas da corporação em quatro categorias distintas: estrelas, pontos de interrogação, vacas leiteiras e cachorros. Esses negócios, empresas e produtos são representados na Matriz BCG por círculos, nos quais seus respectivos tamanhos remetem ao tamanho relativo de cada negócio em relação ao portfólio da empresa. Figura 9 – Estampas da SWOT Estrelas Crescimento rápido e expansão. Pontos de Interrogação Novos empreendimentos. Arriscado — algumas se tornam estrelas, outras são desinvestidas. Vacas Leiteiras Leite para financiar os pontos de interrogação e as estrelas. Cachorros Nenhum investimento. Mantenha se tiver algum lucro. Considere o desinvestimento. Participação no mercadoAlto Alto Taxa de Crescimento da Empresa Baixo Baixo Fonte: Daft (2005, p. 182). Planejamento Estratégico 39 ACESSE: Veja um exemplo da aplicação da BCG em uma rede de lojas de móveis clicando aqui. RESUMINDO: Gostou de entender um pouco mais sobra a elaboração de estratégias por meio da metodologia SWOT e o modelo BCG? Já é capaz de diferenciar os dois e escolher o mais adequado para os diferentes tipos de estratégia? Para garantirmos uma resposta positiva a esses questionamentos, vamos recordar o que virmos aqui. Aprendemos que a SWOT é comumente usada para a elaboração de estratégias em nível de negócio enquanto a BCG tem seu foco nas estratégias corporativas. Vimos que na análise SWOT identificam-se as oportunidades, ameaças externas à empresa e os pontos fortes e fracos da empresa (análise interna). As estratégias que resultam da SWOT são fruto da análise conjunta e do cruzamento dos elementos da matriz. Já a BCG tem foco no crescimento da empresa e participação de mercado, analisando assim os negócios de uma corporação, classificando-os em categorias. Planejamento Estratégico https://www.revistas.unipar.br/index.php/empresarial/article/view/1926/1675 40 O BSC e o Alinhamento da Estratégia Empresarial OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de identificar fatores críticos de sucesso da estratégia empresarial e gerenciá-los por meio do Balanced Scorecard (BSC). Saber reconhecer esses fatores e aprender a gerenciá-los permitirá a você, no desenvolvimento de sua atividade profissional, ter mais controle sobre as estratégias utilizadas pelas empresas para competir no mercado. E então? Pronto para desenvolver esta habilidade? Então. vamos lá. Avante! Medir o desempenho da empresa em relação às estratégias adotadas foi a motivação para a criação da metodologia BSC, que buscou ampliar a visão restrita de se medir desempenho empresarial tomando por base apenas indicadores financeiros. Isso mesmo! Pare e pense um pouco, o sucesso de uma empresa sendo atrelado a suas estratégias empresariais reflete apenas no lucro? O lucro é sempre um único indicador que revela se a empresa está desempenhando bem suas atividades? Vimos ao longo dos nossos estudos que as estratégias empresariais são complexas porque as organizações são complexas. Desse modo, medir desempenho estratégico da organização não é tão simples como medir lucratividade, concorda? Essa medição deve envolver os fatores críticos de sucesso da empresa. Diante disso, surgiu o Balanced Scorecard (BSC). O BSC foi criado e desenvolvido por Robert Kaplan e David Norton, nos anos 1990, como uma parceria entre estudos acadêmicos e realidade empresarial, uma vez que Kaplan era professor de Harvard e Norton executivo principal do Nolan Norton. O BSC originou-se com o objetivo de colocar em prática nas organizações estratégias destinadas a permanecerem no papel antes se sua criação. Planejamento Estratégico 41 DEFINIÇÃO: Balanced Scorecard é uma metodologia que tem por objetivo integrar e balancear todos os principais indicadores de desempenho existentes em uma organização. Compreende, portanto, desde indicadores financeiros e administrativos até os relativos aos processos internos, estabelecendo parâmetros de qualidade (indicadores) para funções e níveis relevantes dentro da empresa (KAPLAN; NORTON, 1997). Então vamos direto ao assunto: se você precisa gerenciar o desempenho empresarial com foco estratégico, é a metodologia mais utilizada para esse fim. O BSC é um mecanismo eficiente para gerenciar o desempenho empresarial e tem como principais objetivos: implementar estratégias efetivas, transformar a estratégia em medidas de ações específicas, comunicar e alinhar a estratégia em todos os níveis da organização, direcionar as mudanças operacionais com a estratégia; e a criar valor para os ativos intangíveis. Assim, podemos considerar que o BSC é uma base para a mensuração de resultados estratégicos. Prontinho! Acredito que você já se deu conta de que essa metodologia é fundamental para a sua atuação profissional. Mas como aplicá-la? Quais são seus passos ou etapas? A Figura 10 lista as etapas básicas metodológicas do BSC, ou seja, o que é necessário para aplicá-lo no contexto das organizações. Figura 10 – Etapas da aplicação do BSC Mobilizar líderes para o processo de mudança cultural requerido pelas estratégias que serão definidas. Traduzir a estratégia e elaborar o mapa estratégico, com indicadores e metas. Alinhar a organização e os seus processos à estratégia definida, focando os diversos níveisdesta. Motivar, conscientizar, educar e direcionar o comportamento das pessoas para o desenvolvimento da estratégia. Monitorar os desempenhos, avaliar a implementação, revisar e ajustar a estratégia. Fonte: Adaptada de Kaplan e Norton (1997). Planejamento Estratégico 42 Nosso foco de estudo aqui é a etapa de tradução e elaboração do mapa estratégico, uma vez que estamos buscando entender a formulação de estratégias organizacionais. As demais etapas da aplicação do BSC serão alvo de estudos futuros, quando iremos aprender sobre implementação e controle de estratégias. Na etapa em questão, o BSC é elaborado e resulta em um mapa estratégico. O BSC possui quatro perspectivas de análise, as quais se alinham com o planejamento estratégico da empresa conforme podemos observar na Figura 11. ACESSE: Conheça um pouco mais sobre os conceitos gerais do BSC clicando aqui. Figura 11 – Perspectivas do BSC Ini cia tiv as Processos Internos Ob jet ivo s Ind ica do re s Me tas Visão e Estratégia “Para satisfazermos nossos acionistas e clientes, em que processos de negócios Devemos alcançar a excelência?” “Para alcançarmos nossa visão, como sustentaremos nossa capacidade de mudar e melhorar?” Ini cia tiv as Ob jet ivo s Ind ica do re s Me tas Aprendizado e Crescimento Ini cia tiv as Cliente Ob jet ivo s Ind ica do re s Me tas “Para alcançarmos nossa visão, como deveríamos ser vistos pelos nossos clientes?” Ini cia tiv as Finanças Ob jet ivo s Ind ica do re s Me tas “Para sermos bem-sucedidos financeiramente, como deveríamos ser vistos pelos nossos acionistas?” Fonte: Kaplan e Norton (1997, p. 10). Planejamento Estratégico http://kcd.com.br/arquivos/3bsc_conceitos_gerais_2008.pdf 43 Veja que a Figura 11 coloca no centro, como direcionador do BSC, a visão estratégica da empresa. Em seguida, essa visão se reflete em estratégias focadas no quadro perspectivas: financeira (acionistas), clientes, processos internos e aprendizado e conhecimento (inovar e crescer). Seguindo a lógica, para cada perspectiva devem-se identificar os fatores críticos de sucesso e definir medidas críticas relacionadas a esses fatores. Para facilitar nosso entendimento, vamos estudar a seguir separadamente cada uma dessas perspectivas. Perspectiva Financeira Em suma, a perspectiva financeira: avalia a lucratividade estratégica; fornece os subsídios de mediação e avaliação de resultados propiciados pelo negócio da empresa avaliada, bem como suas necessidades de crescimento e de desenvolvimento; e permite medir e avaliar a satisfação dos acionistas. São exemplos de indicadores que podem ser utilizados nessa perspectiva: retorno sobre investimento, valor econômico agregado, lucratividade, aumento de receitas, redução de custos, entre outros. Uma vez definidos os objetivos, indicadores e metas financeiras, devem-se então definir iniciativas para atingimento dos objetivos e metas. O Quadro 7 apresenta um exemplo de iniciativas definidas para a implementação do BSC à visão estratégica de um hospital. Quadro 7 – Exemplo de iniciativas financeiras para a implementação do BSC à visão estratégica de um hospital Iniciativas Aprimorar o faturamento Incrementar o controle de custos nas áreas de enfermagem e diagnóstico Realizar o projeto de canalização do oxigênio Fonte: Ceretta e Quadros (2003, p. 12). Planejamento Estratégico 44 Perspectiva de Clientes Em suma, a perspectiva é responsável pela identificação dos segmentos de mercados visados e as medidas para obter êxito ao atuar, e identificação dos fatores considerados importantes na visão dos clientes. Podemos enquadrar os fatores considerados relevantes para os clientes geralmente em quatro dimensões: tempo, qualidade, desempenho e serviço. Como exemplos de indicadores que são comumente utilizados nessa dimensão, temos: participação de mercado, aquisição, retenção, manutenção e fidelização de clientes, redução de reclamações de clientes etc. Quanto a projeções de ações no BSC, o Quadro 8 apresenta um exemplo de iniciativas nessa perspectiva definidas para a implementação do BSC à visão estratégica de um hospital. Quadro 8 – Exemplo de iniciativas na perspectiva clientes para a implementação do BSC à visão estratégica de um hospital Iniciativas Melhorar as condições de hotelaria e instalações físicas Incrementar o sistema de relacionamento com os clientes Realizar melhorias nos registros médicos e de enfermaria Desenvolvimento de treinamentos e campanhas para evitar a infecção hospitalar Reformar a área física e realizar a aquisição de equipamentos Fonte: Ceretta e Quadros (2003, p. 12). Perspectiva de Processos Internos Essa perspectiva considera o que já foi definido nas perspectivas financeira e de clientes. Ela remete aos processos desenvolvidos na organização, ou seja, que têm por objetivo atender às demandas dos clientes e manter o seu funcionamento. Mas o que pode abranger essa perspectiva? Ela pode envolver a análise de processos de: inovação, produção, comercialização, logística, serviços de pós-venda, processo de atendimento a clientes etc. Nessa dimensão, o indicador é o mais objetivo possível: melhoria dos processos internos atuais. Quanto a projeções de ações no BSC, o Quadro 9 apresenta um exemplo de iniciativas nessa perspectiva definidas para a implementação do BSC à visão estratégica de um hospital. Planejamento Estratégico 45 Quadro 9 – Exemplo de iniciativas na perspectiva processos internos para a implementação do BSC à visão estratégica de um hospital Iniciativas Implementação de ações para adequação às exigências dos critérios do PGPQ. Preparação do balanço social. Fonte: Ceretta e Quadros (2003, p. 12). Perspectiva de Aprendizado e Crescimento Por último, no BSC temos a análise aprendizado e crescimento organizacional. Nessa perspectiva, o foco é responder a seguinte questão: como fornecer uma base para o atingimento dos objetivos traçados nas outras perspectivas do BSC? Para tanto, aqui é o momento de analisar a infraestrutura atual da empresa e identificar a infraestrutura requerida. Esta última deve permitir à empresa crescer e implementar melhorias em longo prazo. A infraestrutura envolve as pessoas, os sistemas e os procedimentos da organização. Quanto à questão de indicadores dessa perspectiva, podemos utilizar: nível de satisfação e rotatividade dos trabalhadores da empresa; lucros obtidos por funcionário, participação dos funcionários sugerindo alternativas de redução de despesas e custos, assim como o aumento de receitas. Quanto a projeções de ações no BSC, o Quadro 10 apresenta um exemplo de iniciativas nessa perspectiva definidas para a implementação do BSC a visão estratégica de um hospital. Quadro 10 – Exemplo de iniciativas na perspectiva processos internos para a implementação do BSC à visão estratégica de um hospital Iniciativas Capacitação profissional dos colaboradores. Melhorias no suporte da área de Recursos Humanos aos colaboradores. Realizar ações preventivas de saúde. Fonte: Ceretta e Quadros (2003, p. 12). Planejamento Estratégico 46 Agora que já entendemos o que envolve cada perspectiva do BSC, vamos ao próximo passo, que é a construção de mapa estratégico. O Mapa do BSC DEFINIÇÃO: O mapa estratégico no BSC é uma representação gráfica das quatro perspectivas e a relação entre elas, oferecendo uma visão integrada. Você deve estar pensando: defini objetivos, indicadores, metas e ações para cada perspectiva do BSC e agora? Agora é hora de relacionar as quatro buscando um balanceamento e uma visualização geral. Para isso, vamos à elaboração do mapa estratégico, que consiste na disposição das estratégias. A Figura 12 apresenta um exemplo de mapa estratégico, que foi elaborado para uma indústria de porte médio do segmento de plásticos. IMPORTANTE: Ao integrarmos as quatro perspectivas do BSC, buscamos obter comoresultado o equilíbrio entre: objetivos organizacionais de longo e curto prazos; indicadores financeiros e não financeiros; medições com foco externo e interno; e medições de resultados de esforços passados com reflexo no desempenho organizacional futuro. Planejamento Estratégico 47 Figura 12 – Exemplo de mapa estratégico a partir do BSC Elevar o retomo sobre o investimento Redução de custos e despesas * Retomo sobre o Investimento * Retomo sobre o Patrimônio Líquido P e rs p e ct iv a fin an ce ira Lucratividade * Custo total sobre o faturamento Aumentar vendas e mix de produtos * Margem de lucro líquido Cumprir com os compromissos financeiros * Liquidez Geral * Liquidez Corrente Índice de crescimento das vendas P e rs p e ct iv a d e c lie nt e s Expansão de mercado Melhoria da satisfação dos clientes Identificar novas áreas de atuação (nichos) * Pesquisa de satisfação de clientes * Índice de reclamações * Tempo médio de embarque * Clientes novos * Percentual de devolução * Prazo de pagamento dos clientes * Retenção de clientes / Cliente ativo * Participação de mercado Buscar a satisfação dos clientes Lucratividade e crescimento das vendas P e rs p e ct iv a d o s p ro ce ss o s in te rn o s Disponibilizar informações em tempo hábil Organização Melhoria da qualidade e produtividade dos processos e produtos Investir em informatização e novas tecnologias Incrementar a inovação Competitividade, informação, inovação e tecnologia * Incidência de defeitos * Giro de estoque * Invest. no desenvolvimento de novos produtos * Retrabalho * Desperdício * Automação P e rs p e ct iv a d o a p re nd iz ad o e c re sc im e nt o Manter pessoas qualificadas maximizando a sinergia dentro da organização Incentivar o desenvol- vimento e aperfeiçoa- mento dos funcionários Melhorar o nível de satisfação e motivação dos funcio- nários. Análise ergonômica Remunerar os funcionários com salários compatí- veis com o mer- cado de trabalho e com as funções exercidas. * Investimento em educação e desenvolvimento * N° de melhorias implantadas nos postos de trabalho/ergonomia * Produtividade por funcionário * Rotatividade da mão de obra * N° de horas de treinamento * Índice de investimento em benefícios * Absenteísmo * Índice de acidentes * Avaliação de de- sempenho * Índice de satisfação dos funcionários Valorizar e apoiar o crescimento dos indivíduos, através da habilidade, atitude e conhecimento Fonte: Storch et al. (2004, p. 8). Planejamento Estratégico 48 TESTANDO: Chegou o momento de testar sua compreensão a respeito da elaboração do BSC. Corra lá no banco de questões! RESUMINDO: Chegamos ao final desta unidade, e nesse finalzinho você aprendeu a identificar fatores críticos de sucesso relacionados à estratégia empresarial por meio do BSC. Nesse sentido, os fatores críticos de sucesso de uma estratégia empresarial são fatores atrelados a cada uma das quatro perspectivas do BSC. Agora você já sabe que o Balanced Scorecard é uma metodologia que tem por objetivo integrar e balancear todos os principais indicadores de desempenho existentes em uma organização, desde os financeiros e administrativos até os relativos aos processos internos, estabelecendo objetivos da qualidade (indicadores) para funções e níveis relevantes dentro da empresa. Aprendemos também que o BSC é composto por quatro perspectivas, a saber: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento. Para cada uma delas, que são analisadas na empresa durante a aplicação do BSC, temos que é necessário definir objetivos, indicadores, metas e iniciativas. Ao definir esses elementos para cada uma das perspectivas analisadas, o próximo passo é a construção do mapa estratégico. Por último, vimos aqui que o mapa estratégico é uma representação gráfica das quatro perspectivas e a relação entre elas oferecendo uma visão integrada. Planejamento Estratégico 49 REFERÊNCIAS APPIO, J.; VIEIRA, V. F. Uma aplicação da matriz BCG e a análise SWOT: um estudo de caso. Revista Ciência Empresariais da UNIPAR, Umuarama, v. 7, n. 2, p. 121-138, 2006. CERETTA, P. S.; QUADROS, C. J. Implementação do Balanced Scorecard: um caso prático. Revista Eletrônica de Administração, v. 9, n. 4, p. 1-18, 2003. CONTADOR, J. C. Campos e armas da competição. São Paulo: Saint Paul, 2008. DAFT, R. L. Administração. 6. ed. São Paulo: Thomson, 2005. HOFRICHTER, M. Análise SWOT. Porto Alegre: Simplíssimos, 2021. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: balanced scorecard. 4. ed. Rio de. Janeiro: Campus, 1997 NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. PORTER, M. E. Estrategia Competitiva: técnicas para el análisis de los sectores industriales Y de la competecia. 36. ed. Ciudad de México: Compañía Editorial Continental, 2006. PORTER, M. E. Strategy and the Internet. Harvard Business Review, v. 79, n. 3, p. 62-78, mar., 2001. PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 2005 RODOPAN TRANSPORTES. Nosso negócio. Homepage. Disponível em: http://www.rodoplanvix.com.br/?page_id=15. Acesso em: 2 mar. 2020. SANDRONI, P. Novíssimo Dicionário de Economia. Rio de Janeiro: Editora Best Seller, 1999. SANTOS, M. C.; FERNANDES, M. E. B. A. A ferramenta Análise SWOT no processo de formulação das ações estratégias nas pequenas empresas. Um estudo de caso na empresa empreiteira MAGNU JP São Planejamento Estratégico 50 Paulo LTDA. Revista FATEC Sebrae em debate: gestão, tecnologias e negócios, v. 2. n. 2, p. 111-125, 2015. STORCH, C. R. R. et al. Mapa estratégico, uma representação gráfica do Balanced Scorecard, ferramenta para otimização da tomada de decisões: estudo de caso de uma indústria de porte médio. Revista Produção On-line, v. 4, n. 4, 2004. Planejamento Estratégico Como as Empresas Competem no Mercado? Análise da Estrutura de Mercado: As Cinco Forças Competitivas Cadeia de Valor Estratégias Genéricas Formulando a Estratégia Competitiva Empresarial Preparação para Formulação da Estratégia Processo de (Re) Formulação a Estratégia Competitiva: Passos que Antecedem a (Re)Formulação Passo 1: Definir a Empresa Almejada Passo 2: Estruturar o Sistema de Inteligência Competitiva Passos 3 e 4: Entender o Negócio, Identificar e Avaliar Oportunidades, Ameaças e Riscos Formulando Estratégias Corporativas, de Negócio e Funcionais Metodologias ou Modelos para Elaboração de Plano Estratégico Análise SWOT – Etapas de Realização A Construção e Análise da Matriz SWOT Matriz BCG O BSC e o Alinhamento da Estratégia Empresarial Perspectiva Financeira Perspectiva de Clientes Perspectiva de Processos Internos Perspectiva de Aprendizado e Crescimento O Mapa do BSC
Compartilhar