Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 1 PROPEDÊUTICA CARDIACA 2 Conceito: É o procedimento pelo qual o médico analisa a parte cardíaca do paciente, com objetivo de constatar patologias ou anormalidades nesta área (por meio da ausculta e percussão, e constatação de sinais típicos, principalmente). Lembre-se: Antes de qualquer processo, devem-se observar os princípios gerais da conduta médica, sendo imprescindível a higienização das mãos, uso adequado de EPIs e os bons tratos, cordialidade e correta apresentação/abordagem ao paciente/examinando. A Anamnese Cardíaca é o procedimento pelo qual o médico faz a análise do estado cardíaco geral (superfície, conteúdo e anormalidades). O paciente pode reclamar de diversos sintomas cardiovasculares, mas às vezes esses sintomas são descobertos apenas ao se obter um histórico médico cuidadoso e completo. Questões relativas aos sintomas cardiovasculares são componentes chave do histórico da doença atual. Bulhas: Durante as sístoles, a contração dos ventrículos gera um refluxo de sangue em direção aos átrios, contra as válvulas atrioventriculares, fechando-as, de forma que a cordoalha elástica do aparelho valvar fechada faz com que o sangue colida contra elas e seja lançado novamente contra o ventrículo. Essa situação gera um turbilhonamento do sangue e uma vibração das valvas e da parede ventricular, formando ondas que viajam pelos tecidos adjacentes até a parede torácica, onde podem ser auscultadas pelo estetoscópio como a primeira bulha. (B1). Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 2 Dica: B1 – É o som emitido ao fechamento das valvas Tricúspide e mitral. É o TU (na duvida aferir a radial do paciente para pegar o momento da sístole). Aos focos de mitral e tricúspide deve ser bem audível. Ao final da sístole, há o fechamento das valvas semilunares. Nesse momento, ocorre o lançamento do sangue contra a parede das grandes artérias e contra as paredes dos ventrículos. O turbilhonamento do sangue gerado dessa maneira entre a valva e a parede arterial e a valva e a parede ventricular provocam uma vibração que passa pelos tecidos adjacentes e pode ser auscultado como a segunda bulha. (B2). Dica: B2 – É o som emitido ao fechamento das Aórtica e Pulmonar. É o TA (na duvida aferir a radial do paciente para pegar o momento da sístole). Aos focos Aórtico e Pulmonar deve ser bem audível. Como B1 representa o fechamento das valvas atrioventriculares, ele coincide com o início da contração ventricular e, portanto, ocorre logo antes do pulso carotídeo e do impulso apical. Assim, eventos entre B1 e B2 são localizados dentro da sístole e são chamados de eventos ou sons sistólicos. Já B2 representa o fechamento das valvas semilunares, indicando o final da sístole e o início da diástole ocorrendo logo após o impulso apical e o pulso carotídeo. Assim, os sons que acontecem no período entre B1 e B2, são eventos chamados de diastólicos. Posicionamento dos sons cardíacos (timing). Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 3 Holossistólicos: O som pode ocupar uma fase inteira, sendo denominado sons holossistólicos ou holodiastólicos. Note: O som emitido na onda ocupa toda a fase, não sendo possível ouvir com clareza o TU e o TA. Protossistólicos: O som pode durar apenas durante o inicio de uma fase, sendo chamados de protossistólicos ou protodiastólicos. Note: O som emitido na onda ocupa a primeira fase, tendo som diminuído até seu final. Mesossistólicos: O som pode se apresentar apenas no meio do movimento, sendo designados mesossistólicos ou mesodiastólicos. Note: O som emitido na onda ocupa o meio da fase, sendo conhecida também como diamante. Telessistólicos: O som pode se apresentar apenas no final, chamados eventos telessistólicos ou telediastólicos. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 4 Sons encontrados na ausculta cardíaca – B1: Resultado do fechamento das valvas mitral e tricúspide pode ser mais bem auscultada nesses focos (Mitral e Semilunar). Geralmente, é percebida como um som único, mas seus dois componentes, mitral (M1) e tricúspide (T1), podem ser sentidos separadamente em algumas ocasiões. Como o ventrículo esquerdo termina sua contração pouco antes que o direito, o componente M1 ocorre antes e é mais alto, sendo melhor auscultado com o diafragma na área mitral. O tricúspide é menos perceptível e melhor auscultado na área tricúspide. A maior parte das anormalidades de B1 estão relacionadas a sua intensidade. A B2 normalmente deve ser mais alta (maior intensidade) do que a B1 na área aórtica, de forma que a presença de B1 com intensidade aumentada (hiperfonética) é determinada quando ela estiver igual ou mais intensa do que B2 nessa área. Já uma B1 mais baixa que B2 na área mitral pode indicar que B1 está hipofonética. Intensidade de B1: casos de aumento da força de contração do ventrículo (taquicardia, anemia, hipertireoidismo, febre, etc...), situações em que o coração esteja mais próximo da parede torácica (crianças), e em que só folhetos das valvas mitral e tricúspide se fechem a partir de uma posição muito aberta, o que amplifica as vibrações produzidas (estenose mitral reumática). Desdobramento de B1: O desdobramento da B1 pode ser observado em condições de atraso da contração do VD, atrasando o fechamento da valva tricúspide em relação a mitral. Uma causa frequente é o bloqueio do ramo direito. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 5 Sons encontrados na ausculta cardíaca – B2: Som produzido por vibrações geradas no fechamento das valvas aórticas (A2) e pulmonar (P2), no início da diástole ventricular. Normalmente é mais agudo. O desdobramento da B2 é evidenciado durante a inspiração e é chamado desdobramento fisiológico. (Manobra de Rivero – inspiração e aumento de FC). IMPORTANTE: Manobra de Muller: Solicita-se que o paciente realize uma inspiração profunda bloqueada (pede-se que o paciente respire profundamente e segure a respiração) ocorre com isso a amplificação dos fenômenos acústicos produzidos durante a inspiração, decorrente do aumento do fluxo de sangue que vai para atrio e ventrículo direito em virtude da diminuição da pressão intratorácica e aumento do retorno venoso. Após algumas batidas aumenta das câmaras esquerdas. Manobra de Rivero Carvalho: Inspiração profunda não bloqueada com aumento apenas dos fenômenos da câmara direita. Manobra de valsava: (Diminuição de retorno venoso) Expiração forçada com a boca e nariz tampado. ocorre a diminuição tanto dos fenômenos acústicos do coração direito por aumento da pressão intratorácica como do retorno venoso. Nesse caso os sopros diminuem em tempo e intensidade. não fazer em iam recente. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 6 Outras bulhas: B3 - Enchimento passivo do Ventrículo durante no início da diástole. Tem como gênese a desaceleração brusca da coluna liquida contra as paredes ventriculares no final da fase de enchimento rápido ventricular. (Tum Ta Ta) B4 – Enchimento ativo ventricular conforme o átrio contrai na ultima fase da diástole. Por estar relacionado ao fim da diástole, sua localização esta próxima da B1 podendo ser confundida com desdobramento de B1. (Tum Tum Ta). Clique Sistólico: Prolapso: Sons de alta frequência gerados pelo prolapso dos folhetos davalva mitral no AE durante a sístole. Os cliques sistólicos podem ser únicos ou múltiplos, sendo mais bem auscultados na área mitral ou na borda esternal esquerda. Normalmente são meso ou telessistólicos. Ocorre por tensão repentina dos folhetos da valva e das cordas tendíneas alongadas durante a movimentação da valva em seu estado mais alongado (Geralmente é benigno, você morre com prolapso mas não de prolapso). Sopros: Conceito: Trata-se de uma série de vibrações audíveis que surgem em diferentes situações. Podem ser auscultados ou sentidos na forma de frêmito. Eles aparecem em virtude de alterações de diversas naturezas, como as do próprio sangue, da parede do vaso e dos aparelhos valvares. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 7 Classificações: Quanto ao posicionamento no ciclo cardíaco: Sistólicos Diastólicos Contínuos SISTEMA DE CRUZES 1/2: Grau 1- suave. Grau 2 – sopro mais intenso. Grau 3- sopro mais intenso com irradiação. (PROVA) Grau 4 – sopro intenso que pode ser percebido pela sensação tátil (frêmito presente). Grau 5 – audível apenas encostando a borda da membrana do estetoscópio contra a parede torácica do paciente. Grau 6 – sopro tão intenso que não é necessário encostar o estetoscópio sobre o tórax. SISTEMA DE CRUZES 2/2: Grau 1: sopros muito suaves semelhantes aos do sistema anterior. Grau 2: sopro de intensidade maior e que ocupa uma área maior. Grau 3: sopros bastante intensos e que apresentem áreas de irradiação mais extensa. (PROVA) Grau 4: sopro mais intenso e são auscultados até afastando o estetoscópio. Sopro de Still: Também conhecido como sopro inocente, comum em crianças (porque as vias de saída são proporcionalmente mais estreitadas, e as estruturas cardíacas ficam mais próximas da parede torácica, que é mais delgada em comparação ao adulto) é decorrente do fluxo turbulento, originados em áreas de estreitamento na saída dos ventrículos esquerdo (sopro de Still) ou direito (sopro de ejeção Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 8 pulmonar), ou em áreas de ramificações de artérias (sopro supraclavicular), e, no caso do zumbido venoso, à turbulência originada no retorno venoso na confluência das veias inominada, jugular interna e subclávia direita, mas sempre com ausência de outros sinais de doença. Sopros Sistólicos: O sopro sistólico ocorrerá (será audível) entre o início de B1 e desaparecerá antes de B2 (momento da sístole). Descomplicando: O SS acontece no momento da Sistole, por tanto, só pode se decorrente dos eventos relacionados a ela. Pensando nos ventrículos, a sístole é o momento em que o sangue vai sair dos átrios e ser ejetado para Aortica/Pulmonar, assim, o SS pode ser decorrente de duas condições: Estenose de Aorta/Pulmonar: Com o estreitamento dessas vias, o sangue terá dificuldade em ser ejetado (causara o retorno de sangue para os átrios) e manter seu ciclo, logo, terá que fazer mais força para manter o ciclo cardíaco. O SS é o som decorrente dessa alteração. A principal característica dessa condição é o Sopro em diamante! Insuficiência Mitral/tricúspide: Outra possibilidade de um SS é que, no momento da sístole, as valvas Mitral ou Tricúspide não consigam fechar (Insuficiência), dessa maneira, o sangue fará um refluxo (regurgitação) para o átrio, causando o som do SS. Importante: O indicativo de cada condição será a hiperfonese no ponto especifico de cada estrutura. Importante: Sopro Sistólico de grande duração é um sinal ruim. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 9 Sopros Diastólicos: O sopro diastólico ocorrerá (será audível) entre o início de B2 e desaparecerá antes de B1 (momento da diástole). Descomplicando: Usando o mesmo raciocínio do sistólico, o sopro diastólico ocorre no ciclo da diastole, aonde os ventrículos se encherão de sangue, assim, o SD pode ser decorrente de: Estenose mitral/tricúspide: Com o estreitamento dessas vias, o sangue terá dificuldade em chegar aos ventrículos, e a força adicional para vencer a estenose é o que caracteriza o som do SD. Insuficiência Aórtica/Pulmonar: Outra possibilidade de um SD é que, no momento da diástole, as valvas aórtica ou pulmonar não consigam se fechar, causando a regurgitação do sangue para os ventrículos, dessa maneira causando o som do SD. Importante: Sopro Disatólico de grande Intensidade é um sinal ruim. Sopro por patologia: Insuficiência mitral aguda: caracteriza-se pela presença de refluxo agudo do VE para AE durante a sístole, por disfunção súbita da valva mitral. Pode ocorrer por ruptura das valvas tendíneas, endocardite infeciosa e ruptura da musculatura papilar por IAM. Sopro com pico proto ou mesossistólico, em diamante, com termino antes da B2, irradiando para a parede anterior do tórax, a base do coração e pescoço. Insuficiência mitral crônica: caracteriza-se pelo refluxo de sangue para o AE durante a sístole ventricular devido a incompetência do mecanismo de fechamento a valva mitral. Pode ocorrer por prolapso da válvula mitral, cardiopatia reumática crônica, doença isquêmica do coração, calcificação senil do anel mitral, dilatação ventricular esquerda. Presença de B3, sopro sistólico mitral holo ou telessistólico, de Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 10 alta frequência, que pode ser rude, piante (gaivota) com irradiação para axila esquerda e infraescapular esquerda. A doença pode ser considerada mais grave quando há a presença de evento diastólico acompanhando o sopro sistólico da insuficiência. Estenose mitral: Restrição da abertura dos folhetos valvares com redução da área valvar mitral (A cardiopatia reumática crônica e a principal etiologia). Na cardiopatia reumática crônica, pode ocorrer inflamação intensa da valva mitral, espessando-a e gerando turbilhonamento do sangue ao passar pelo orifício valvar. Esse evento pode ser auscultado como um sopro mesodiastólico, similar da EMC, porem transitório, sem estalido de abertura, chamado de carey Coombs. Estenose Aórtica: Restrição à abertura dos folhetos valvares com redução da área valvar aórtica, cuja etiologia pode ser por valva bicúspide congênita, estenose aórtica calcificada e cardiopatia reumática crônica. Caracterizado pelo sopro em diamante. Tríade clássica: O quadro de insuficiência cardíaca (dispneia), angina pectoris e sincope compõe a tríade clássica da estenose aórtica. Insuficiência aórtica: Define-se com refluxo (regurgitação) de sangue para o ventrículo esquerdo durante a diástole ventricular devido à incompetência do fechamento valvar aórtico. Pode ocorrer em virtude de acometimento da aorta ascendente (aterosclerose, artrite sifilítica), ou da valva aórtica (Cardiopata Reumática Crônica). Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 11 Insuficiência Tricuspide (a) e Pulmonar(b): a) Insuficiência tricúspide, ocorre refluxo de sangue do AD, durante a sístole ventricular, devido à incompetência do mecanismo do fechamento da tricúspide e pode ser causada por prolapso da tricúspide, cardiopatia reumática, cardiopatia reumática crônica, endocardites infecciosas ou causas secundarias (HP). b) Insuficiência pulmonar: É definida como refluxo do sangue da pulmonar para o VD por incompetência da valva pulmonar (sopro protossistólico sutil na inspiração. Na presença de hipertensão um sopro holossistólico na aera tricúspide). Estenose Tricúspide:Restrição a abertura dos folhetos valvares com redução da área valvar tricúspide, causada por exemplo, por doença reumática. Sopro diastólico em foco tricúspide, com aumento do som pela manobra de Rivero-Carvalho (ascite, hepatomegalia e edema de membros inferiores – congestão sistemica) de cabeça de pâncreas (Muito maligno pois não causa dor, e quando é encontrado, na maioria dos casos já esta em metástase). Referência: - PORTO, C.C. Semiologia Médica. 7a ed. Rio de janeiro. Guanabara, 2014; - BICKLEY, LINN S. BARBARA BATES – Propedêutica Médica. Guanabara Koogan, 12a edição, 2015 Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 1
Compartilhar