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Saúde do Adulto I 1 Farmacologia HAS Doença crônica não transmissível Principal importância: uso de medicação para o resto da vida Multifatorial: genético, ambientais, sociais Caracterizada por elevação persistente da PA, ou seja, PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva HAS fator de risco para vários outros problemas Fatores de risco para HAS: Genética Idade (65% indivíduos ↑ 60 anos são hipertensos) Sexo (PA é ↑ nas mulheres) Etnia (sem diferença entre negros e brancos) Condições sócio econômica e de hábitos de vida Sobrepeso/obesidade e sedentarismo Consumo excessivo de álcool Apneia obstrutiva do sono Consumo de sódio (↑ da PA) OBS: alta afinidade pela água, portanto, dos sais é o que tem maior possibilidade de aumentar a volemia. ↑ volemia ↑ débito ↑PA Consumo de potássio (↓ da PA) DIAGNÓSTICO CLASSIFICAÇÃO TERAPIA DA HAS Não farmacológica x farmacológica A junção dos dois tratamentos que vai promover os maiores benefícios para o paciente FARMACOTERAPIA DA HAS Objetivos do tratamento: HA é fator de risco para: ✓Doenças cardiovasculares ✓Doença renal crônica ✓Morte prematura Atenção!!! (a avaliação inicial de um paciente com HA inclui): ✓Confirmação do diagnóstico ✓Suspeita e identificação de causa secundária ✓Avaliação do risco cardiovascular (RCV) ✓Lesões de órgão-alvo (LOA) ✓Doenças associadas também devem ser investigadas Controle adequado da PA com farmacoterapia ✓↓ 37% para acidente vascular encefálico (AVE) ✓↓ 22% para doença arterial coronariana (DAC) ✓↓ 46% para insuficiência cardíaca (IC) ✓↓ 20% para mortalidade CV ✓↓ 12% para mortalidade total Saúde do Adulto I 2 Princípios gerais: Principais classes de medicamentos: Diuréticos tiazídicos IECA/ BRA BCC Bloqueadores beta-adrenérgicos ou beta- bloqueadores OBS: não é considerado medicamento de 1º linha para tratamento de HAS, exceto: Paciente com quadro de taqui arritmia associado ICC estável ”Cardiopatia isquêmica”: angina estável e profilaxia secundária o IAM Outras classes de medicamentos: Alfabloqueadores Simpaticolíticos de ação central: gestantes Antagonistas da aldosterona Vasodilatadores (hidralazinha, nitroprussiato de sódio, nitroglicerina): emergência hipertensiva DIURÉTICOS São medicamentos que aumentam a taxa de fluxo de urina CLASSIFICAÇÃO Tiazídicos e similares: atuam nos túbulos contorcidos distais Alça: atuam na alça de Henle Poupadores de K+: atuam nos ductos coletores Essas drogas atuam inibindo a reabsorção de sódio, após esse sódio ser filtrado pelo glomérulo ↑Na nos túbulos proximais, porém esses medicamentos não atuam nos túbulos proximais ↑Na alça ↑túbulos distais ↑ductos coletores; à medida que esse sódio vai percorrendo ele vai sendo reabsorvido Alça tem a maior capacidade de inibir a reabsorção de sódio, pois é la que tem a maior concentração de sódio Os poupadores de K+, atuam poupando K+ no organismo, ou seja, esses medicamentos se caracterizam por desencadearem como consequência o acumulo de potássio no organismo do paciente, que se traduzem hipercalemia Características ✓Capacidade de reduzir taxas de morbidade e mortalidade CV ✓Ser eficaz por via oral ✓Ser bem tolerado ✓Administrado preferencialmente em dose única diária ✓Pode ser usado em associação ✓Ter controle de qualidade em sua produção Recomendações importantes ✓Utilizar por um período mínimo de 4 semanas, antes de modificações, salvo em situações especiais ✓Evitar utilizar medicamentos manipulados, pois não são submetidos a controle da farmacocinética e farmacovigilância ✓O paciente deverá ser orientado sobre a importância do uso contínuo da medicação anti-hipertensiva, da eventual necessidade de ajuste de doses, da troca ou da associação de medicamentos e ainda dos eventuais efeitos adversos ✓Não há evidências suficientes para a recomendação rotineira da administração noturna de fármacos anti-hipertensivos, exceto em condições especiais Atenção!!! ✓ Reduzem PA e diminuem taxas de morbidade e mortalidade CV Saúde do Adulto I 3 Tiazídicos e similares perdedores de potássio, que se caracterizam por hipocalemia Problema do potássio alto ou baixo, arritmia cardíaca Como esses poupadores são muito fracos como diuréticos, as duas principais finalidades de uso deles: controlar o remodelamento vascular e ajudar no desequilíbrio de potássio MECANISMO DE AÇÃO Mecanismo dual Curto prazo → efeitos natriuréticos, com diminuição do volume circulante e do volume extracelular Longo prazo (4-6 semanas) → volume circulante praticamente normaliza-se, e ocorre redução da resistência vascular periférica (RVP) A curto prazo o principal fator que vai contribuir para a redução da PA é a redução do débito cardíaco, em decorrência da excreção de sódio e água A longo prazo o principal fator responsável pelo controle da PA, é a vasodilatação 1. Tiazídicos e similares: Hidroclorotiazida clortalidona indapamida 1º opção na hipertensão Podem ser usados 1 ou 2x ao dia (tempo de meia vida longa) Reduz a PA de forma mais suave OBS: HA resistente, é um quadro de hipertensão onde só é possível controlar essa PA com no mínimo 3 drogas (tiazídicos, IECA e bloqueadores de canais de cálcio) 2. Alça: Furosemida, bumetanida Não é a primeira escolha, pois tem uma meia vida curta, usado 2,3 vezes ao dia Por ser mais potente, reduz essa PA de forma mais abrupta Ambientes hospitalar Furosemida- EV 3. Poupadores de K+: Espironolactona, triantereno e amilorida Indicação → costumam ser utilizados em associação aos tiazídicos ou de alça Fracos como diuréticos Manter o equilíbrio do potássio Antagonizar as ações da aldosterona, sobretudo sobre a espironolactona OBS: Nos pacientes que não consegue controlar com 3 drogas, muita das vezes a falta de controle se dá em decorrência desse quadro de aumento da aldosterona Principais medicamentos!!! Tiazídicos e similares: Clortalidona e Hidroclorotiazida Alça Furosemida Poupadores de K+ Espironolactona, triantereno e amilorida Clortalidona vs hidroclorotiazida ✓ Clortalidona → ↑ potência, ↑ meia vida e ↑ efeitos indesejáveis ✓HA resistente → clortalidona é preferível Indicações Condições clínicas com retenção de sódio e água, como: ✓ Insuficiência renal (creatinina > 2,0 mg/dL ou filtração glomerular estimado ≤ 30 mL/min/1,73m2 ) ✓ Situações de edema (IC, síndrome nefrítica) Espironolactona ✓ Antagonista da aldosterona ✓ 4º medicamento a ser associado nos casos de hipertensão resistente Saúde do Adulto I 4 Efeitos indesejáveis: Se for administrar furosemida EV, tentar usar a menor dose possível, infundir de forma lenta e evitar associação com outras drogas ototoxica (vancomicina) IECA/BRA Angiotensionogênio sofre ação da renina e se transforma em angiotensina I, que por sua vez sofre ação da ECA, e se transforma em angiotensina II. Essa angiotensina II ativa seu principal receptor, que é o receptor AT1, desencadeando aumento da reabsorçãode sódio Angiotensina II, desencadeia várias ações que vão implicar no aumento da PA Contraindicação: Nas gestantes, pode levar a má formação do feto. Pois inibem a ação da angiotensina II, e ela é importante para o feto Nos pacientes com estenose de artéria renal de um ou de ambos os rins OBS: pois o paciente com estenose da artéria renal, verifica-se diminuição do fluxo sanguíneo, tendo como consequência diminuição do fluxo sanguíneo nos capilares, ou seja, diminuindo a pressão sanguínea nos capilares glomerulares, diminuindo a filtração glomerular. Para tentar diminuir o dano, o organismo aumenta a produção de angiotensina II, essa angiotensina II vai causar a contração na arteríola eferente, fazendo assim com que o sangue se acumule, aumentando a pressão intra glomerular, consequentemente melhora a taxa de filtração glomerular Se o paciente usar IECA ou alisquireno, as ações da angiotensina II vão ficar comprometidas, essa contração na arteríola eferente não vai acontecer, o sangue vai fluir normalmente, isso vai reduzir a filtração glomerular e o paciente tende a evoluir com insuficiência renal Tiazídicos ✓Hipovolemia, hiponatremia, hipocloremia, hipocalemia, hipomagnessemia, alcalose metabólica ✓Hipercalcemia, hiperuricemia, hiperglicemia e hiperlipidemia ✓Disfunção erétil, câibras musculares, fraqueza Alça ✓Idêntico aos dos tiazícos, exceto hipocalcemia ✓Ototoxicidade (pode ser irreversível) → zumbido, surdez, vertigem, sensação de ouvido entupido, mais comum em ↑ doses, uso EV rápido e associação com drogas ototóxicas Poupadores de K+ ✓Hipovolemia, hiponatremia, hipocloremia ✓Hipercalcemia, hiperuricemia, hipercalemia, acidose metabólica, hipermanessemia ✓Espironolactona (+ginecomastia) Atenção!!! ✓Hipocalemia (efeito mais comum) e hipomagnessemia → arritmias ventriculares ✓Hipocalemia → ↓ liberação de insulina → ↑ glicemia, ↑ intolerância à glicose e ↑ risco de desenvolver diabetes melito tipo 2 Saúde do Adulto I 5 Medicamentos que atuam na cascata: Inibidores direto de renina (alisquireno) IDR Inibidores da ECA (captopril, inalapril) IECA Bloqueadores da angiotensina II (losartana) BRA IECA é preferível a BRA 1. IECA/BRA Hipertensão ICFEr Efeito antirremodelamento cardíaco pós- IAM Retarda o declínio da função renal em pacientes com doença renal do diabetes OBS: Paciente hipertenso e diabético Tosse seca (5-20% pacientes) Trocar IECA por BRA Hipercalemia: principalmente em pacientes com insuficiência renal, sobretudo nos diabéticos 2. BRA Nas contraindicações de IECA Efeitos indesejáveis: Incomuns Hipercalemia Contraindicado na gestante Pacientes com estenose de artéria renal 3. BCC Atuam bloqueando canais de cálcio no músculo liso e cardíaco Consequência vasodilatação Di-hidropiridínicos vs não di- hidropiridínicos Atenção!!! ✓Pacientes com insuficiência renal → piora inicial da função renal, habitualmente discreta (↑ ureia e creatinina séricas) ✓Essa piora inicial da função renal é um mecanismo protetor, pois evita a hiperfiltração glomerular e reduz a progressão da doença renal crônica Fármacos!!! Losartano (cp) Valsartano (cp) Candesartano (cp) Irbesartano (cp) Telmisartano (cp) Olmesartano (cp) Atualmente é prudente não considerar BRA como 1ª escolha no manejo da hipertensão ✓Viés corporativo ✓Inertes na prevenção de mortalidade cardiovascular ✓Riscos renais em estudos recentes Não di-hidropiridínicos ✓Verapamil ✓Diltiazem ✓Obs: ↓ condução do nó atrioventricular (tratamento das taquiarritmias supraventriculares) Atuam principalmente bloqueando canais de cálcio no tecido cardíaco, ou seja, essas drogas causam menos vasodilatação. E a principal indicação de uso dessas drogas é no tratamento das taquiarritimias supraventriculares em nível atrial. Elas não têm como principal indicação tratamento de HAS Di-hidropiridínicos (tradicionais) ✓Anlodipino ✓Nifedipino ✓Felodipino Di-hidropiridínicos (novos) ✓São melhor tolerados ✓Manidipino, lercanidipino, lacidipino (lipofílicos) ✓Levanlodipino (em ↓ dose) Atuam principalmente bloqueando canais de cálcio nos vasos, tendo como consequência principal vasodilatação. Principal indicação- tratamento de hipertensão Nifedipino: Adalat Adalat convencional Adalat retarde Adalat oros Saúde do Adulto I 6 OBS: Se for prescrever nifedipino, não escolher a apresentação convencional. Pois é absorvido de forma muito rápida, atinge a circulação sanguínea de forma muito rápida e a PA cai de forma muito rápida também Efeitos indesejáveis: Cefaleia, tontura Rubor facial Edema Taquicardia reflexa BETA-BLOQUEADORES Principal alvo de ação do beta bloqueador: coração Efeitos: gonotropicos, inotrópicos, cronotrópicos negativos ↓FC, força de contração, velocidade de condução dos impulsos Atuam nas células glomerulares Diminui secreção de renina: diminuição na formação de angiotensina I, consequentemente na II CLASSIFICAÇÃO Beta 1: presentes no coração Beta 2: presentes nos pulmões, a ação dessas drogas nos pulmões gera como consequência broncoespasmo Broncoespasmo mais comum com as drogas não seletivas Com as drogas seletivas beta 1, a tendência é que esse broncoespasmo seja menos pronunciado Contraindicação: Beta bloqueadores deve ser evitado em pacientes com asma e DPOC Efeitos indesejáveis: Broncoespasmo Bradicardia Insônia, pesadelos, depressão, astenia e disfunção sexual Intolerância à glicose (pode induzir diabetes melito) Hipertrigliceridemia, ↑ LDL-c ↓ HDL-c BB + DIU → potencializa hiperglicemia 1ª geração (não seletivos beta - 1 e 2) ✓Propranolol → útil em pacientes com tremor essencial, prolapso de válvula mitral, síndromes hipercinéticas (hipertireoidismo e síndrome do pânico), cefaleia de origem vascular e hipertensão portal (cada vez menos utilizado no tratamento de HÁ) ✓Nadolol e pindolol → atividade simpatomimética intrínseca, age como agonista adrenérgico parcial e produz ↑ frequência cardíaca noturna (pouquíssimo usado) 2ª geração (seletivos beta-1) ✓Atenolol ✓Metoprolol ✓Bisoprolol 3ª geração (ações adicionais) ✓Carvedilol (não seletivo beta e vasodilatação) ✓Nebivolol (beta-1 seletivo e vasodilatação Atenção!!! (vantagens dos BB de 3ª geração) ✓Impacto neutro ou até podem melhorar o metabolismo da glicose e lipídico, possivelmente pelo efeito vasodilatador, com diminuição da resistência à insulina e melhora da captação de glicose pelos tecidos periféricos ✓ Nebivolol → ↓ disfunção sexual, possivelmente em decorrência da síntese de NO endotelial Importância do uso ✓Pós-infarto agudo do miocárdio (IAM) ✓Angina do peito ✓IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr) ✓Controle da frequência cardíaca (FC) ✓Mulheres com potencial de engravidar Atenção!!! ✓Estudo de metanálise com mais de 130 mil pacientes com hipertensão primária comparou BB a outros anti-hipertensivos, a placebo ou sem tratamento ✓Comparativamente com os demais anti- hipertensivos (DIU, BCC, IECA, BRA) → BB ↑ em 16% o risco de AVE ✓Quando comparados com placebo ou pacientes sem tratamento → BB ↓ AVE, mas apenas metade do queseria esperado para ↓ pressórica observada ✓ Atenolol → comparado com os demais anti- hipertensivos, ↑ risco de AVE em 26% e mortalidade geral em 8% Saúde do Adulto I 7 Saúde do Adulto I 8