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P E D IA T R IA MÓDULO PEDIATRIA CLÍNICA- 5º P. MEDICINA UNIFTC Thaís Silva Sumário 1. Febre sem sinais localizatórios 2. Dor abdominal 3. Diarreia 4. Doença falciforme 5. Dores recorrentes em membros 6. Adenomegalias 7. Parasitoses intestinais 8. Violência na infância 9. Dermatopatias 10. Doenças exantemáticas 11. Infecções do trato urinário 12. Pneumonias comunitárias 13. Seguimento ambulatorial do pré-maturo 14. Febre reumática PEDIATRIA GERAL A febre é a elevação da temperatura corpórea que, ultrapassa a variação diária normal, em resposta a uma variedade de estímulos, isso será medido e controlado pelo SNC. A medida da temperatura corpórea mais confiável é aquela tomada por via oral ou retal (Temperatura retal: 38,3º / Temperatura oral: 38º/ Temperatura axilar: 37,8º). A Febre sem sinais localizatórios é uma febre com menos de 7 dias sem identificação de causa após avaliação médica (anamnese, exame físico e avaliação laboratorial), em uma criança em bom estado geral. Não confundir com febre prolongada de origem obscura (FPOO): que é caracterizada por febre de existência indiscutível, duração mínima de 3 semanas, com um quadro clínico inconcluso e que permanece sem diagnóstico após a realização do conjunto de exames e procedimentos indicados inicialmente para aquele caso particular. As doenças infeciosas são a causa mais comum identificável em crianças, seguidas pelas doenças reumatológicas. As doenças neoplásicas são menos comuns e costumam ter outras manifestações associadas. A maioria dessas crianças apresentam uma doença infecciosa aguda autolimitada ou está no pródromo de uma doença infecciosa benigna; poucas têm uma infecção bacteriana grave ou potencialmente grave. O grande desafio dos pediatras, no atendimento das crianças com FSSL, reside na diferenciação dos processos febris de uma doença benigna autolimitada daqueles poucos que podem ter uma infecção bacteriana grave Importante ressaltar que FSSL não é sinônimo de criança com febre e exame físico normal, pois a elucidação da causa da febre pode estar na história, por exemplo, em uma criança com disenteria e febre. Epidemiologia o A maioria está associada a uma doença viral benigna autolimitada; o 20% dos casos de febre não se identifica um foco; o Corresponde a 25% dos casos de febre nos neonatos; 6 a 15% de lactentes jovens; 5 a7% de 3 a 36 meses de idade. Febrefobia: há muito desconhecimento acerca da febre nem sempre é um sinal de algo negativo, muitas vezes ocorre para sinalizar uma cascata inflamatória em resposta a alguma coisa. Nem toda febre precisa de medicação; é necessário acompanhar a evolução da febre; Cuidado com: o Uso abusivo de antipiréticos; o Prescrição médica sem estar de acordo com evidencia cientifica; o Uso adequado do antipirético: dipirona e ibuprofeno são mais seguras para crianças acima de 1 ano e o paracetamol é recomendado para menores de 1 ano. Dipirona não é recomendado para menores de 1 ano devido ao risco de alteração das discrasias sanguíneas. Ibuprofeno é um antinflamatorio não esteroidal, então é preciso evitar em algumas situações como por exemplo, se a criança estiver desidratada ou em um quadro de arbovirose. Etiologia Principais agentes etiológicos das doenças bacterianas graves Pensando em doenças bacterianas graves (são aquelas que tem uma morbimortalidade aumentada: meningite, pneumonia, artrite séptica, osteomielite, enterite e bacteremia oculta); *Em recém nascidos: atenção para enterococos e estreptococo do grupo B. A vacinação é responsável pela diminuição da frequência de doenças bacterianas graves, tem para Hemophilus influenzae, Streptococus pneumoniae, Neisseria meningitidis. Existem 3 tipos de vacinas pneumocócica (10 fornecida no SUS e protege contra 10 sorotipos,13 é particular e protege contra 13 sorotipos, dentre eles, o sorotipo 19A e a 23 que é indicada para os idosos ou crianças com algum problema respiratório). AVALIAÇÃO DA CRIANÇA FEBRIL A avaliação da criança febril começa por uma anamnese detalhada, passa por um exame físico completo, destacando- se a presença ou ausência de sintomas e sinais que possam ser utilizados para prever o grau de risco História clínica e exame físico Buscar a história da febre, a frequência e intervalo da febre, graduar a temperatura mais alta; analisar presença de sintomas associados; história com contactente; medicações; vacinação; outras comorbidades associadas. Triangulo pediátrico O triangulo pediátrico é uma ferramenta de diagnóstico, possibilita ter uma impressão geral da criança, estabelecer a gravidade da apresentação e a categoria da fisiopatologia e Febre sem sinais localizatórios determinar o tipo e urgência da intervenção. Resume os achados “instintivos”. DOENÇAS BACTERIANAS GRAVES ITU o Corresponde à 80% das FSSL; o O atraso no diagnóstico de ITU coloca em risco a função renal do paciente, principalmente para os menores de 3 anos, que dificilmente tem sintomas localizados; o Mais comum em meninos não postectomizados, brancos e com temperatura acima de 39º, sem foco possível após avaliação, e em meninas abaixo de 1 ano com temperatura maior que 39º com duração maior que 48h sem foco provável. o O diagnostico é feito com o sumario de urina e urocultura – não é necessário esperar o resultado da urocultura para tratar. Bacteremia Oculta o Presença de bactéria em hemocultura, em uma criança febril, sem infecção localizada e com pouco ou nenhum achado clínico na anamnese e exame físico. Quando a investigação não releva um diagnóstico de ITU, meningite, pneumonia e a hemocultura vem positiva; o A hemocultura será realizada em crianças acima de 3 meses que a investigação não revela foco; o Embora a maioria dos episódios de bacteremia oculta tenha resolução espontânea, às vezes podem ocorrer complicações sérias, como pneumonia, meningite, artrite séptica, osteomielite, sepse e morte. Meningite o Pode levar a óbito em 24h. Houve uma redução da meningite C com a vacinação. Não raramente a criança vai repetidas vezes na emergência e só é diagnosticado em uma segunda/terceira vez; o Indicação de liquor: pacientes com sintomas neurológicos; recém nascidos; pacientes de 29 dias a 3 meses que sejam de alto risco; e pacientes toxemiados. o O liquor normal tem poucos leucócitos e predomínio de linfócitos, glicose acima de 50 ou 75% da glicemia sérica e pouca proteína. Na meningite bacteriana vai ter o aumento de leucócitos com predomínio de neutrófilos, redução da glicose e aumento de proteína. Na meningite viral tem apenas um discreto aumento do número de leucócitos com predomínio de neutrófilos. o É possível ter sinais de meningite em crianças com fontanela fechada, com a fontanela aberta não vai ser feito a rigidez de nuca e sim o abaulamento de fontanela com a palpação mais rígida. Pneumonia oculta Na investigação não tem achados respiratórios sugestivos de pneumonia (tosse, alteração da ausculta respiratória, tiragem) mas o diagnostico radiológico revela uma imagem compatível com a pneumonia. Caiu muito com a vacinação, representando menos que 3% das doenças bacterianas graves nas FSSL. Quando realizar o raio x? O raio x só é feito para crianças de alto risco abaixo de 3 meses, ou para crianças de 3 a 36 meses quando a temperatura for acima de 39º com sumario de urina normal e hemograma com leucocitose. Caso o raio x esteja alterado é pneumonia oculta, caso contrário é bacteremia oculta. Exames complementares 1. Hemograma: ideal para afastar a bacteremia oculta; 2. Exame parcial de urina e urocultura; avaliar contagem de leucócitos na urina (acima de 10 indica leucocituria); bacterioscopia e nitrito (sensibilidade de50% e especificidade de 99%) positivo – ITU. Na urocultura tem que ter mais de 100 mil ufc de uma única bactéria. 3. Proteína C reativa: para fase aguda. Produzida depois de um estímulo inflamatório seja por estimulo inflamatório ou infeccioso. Para elevação da PCR é necessário no mínimo 12h, pico é em 48h, os valores a serem considerados são acima de 6 positivo. o Até 40: doença viral o Entre 40 e 80: não afasta doença bacteriana, mas não afirma o Acima de 80: doença bacteriana grave. 4. Procalcitonina: para fase aguda. Peptidio que surge em quadros sépticos em cerca de 3h a elevação e o pico em 12h - aplicabilidade restrita. 5. Raio x de tórax 6. Punção lombar: recém nascidos, pacientes de alto risco entre 29 dias a 3 meses, toxemiados ou sinais de menigismo. 7. Hemocultura: caso não tenha a suspeita de ITU e risco para doença bacteriana grave. FLUXOGRAMA DA FSSL Fluxograma 1 De 0 a 36 meses, o primeiro passo é fazer o triangulo pediátrico e avaliar se tem toxemia: Sim: solicitar internação e exames complementares; entrar com antibiótico empírico, na primeira hora. Não: dividir entre as faixas etárias o 0 a 29 dias: solicitar internação e exames complementares; entrar com antibiótico empírico, na primeira hora. o 29 dias a 3 meses: solicitar sumario de urina, urocultura, hemograma para avaliar se é de baixo ou alto risco. - Se for baixo risco: antitérmico e avaliação de 12 a 24h - Se for alto risco: internar e solicitar exames (urina, urocultura, hemocultura, LCR, raio x de tórax) entrar com antibiótico empírico o 3 a 36 meses: avaliar a temperatura: - Menor ou igual a 39º: antitérmico e reavaliar em 24h; se na anamnese houver suspeita de ITU solicitar sumario de urina e urocultura; - Maior que 39º: solicitar sumario de urina e urocultura; se for negativo para ITU (urina sem nitrato urinário ou leucocultura < 100.000UI/ml), solicitar hemograma e hemocultura, se o hemograma vem normal ou com leucócitos < 20.000/mm³ ou o total de neutrófilos < 10.000/mm³ reavaliar em 24h e prescrever antitérmico. Caso os leucócitos > 20.000/mm³ ou o total de neutrófilos > 10.000/mm³, pode ter o risco para BO ou pneumonia, realizar então o raio x de tórax. Caso o raio x venha normal é indicação de BO, avaliar então o cartão vacinal, se ele não estiver completo ou com pelo menos 2 doses entrar com antibiótico (cefalosporina de 3ª geração) e reavaliar diariamente até a hemocultura vir positiva. Possibilidades de avaliar a cultura de vírus: Padrão ouro: cultura viral (é inviável na pratica clinica para diagnostico pela demora do resultado) Teste rápido de detecção de antígeno (tem uma sensibilidade baixa, depende da carga viral) Imunofluorescência indireta (custo elevado) Reação em cadeia de polimerase (aplicabilidade restrita devido ao custo elevado; complexo por faz a detecção do DNA viral) PVR - Painel viral o Adenovírus o Influenza o Parainflenza o Rhinovírus o VSR o HHV-6 o Coxsackie o Covid -19 o Fluxograma 2 ▪ Para pacientes toxemiados e recém nascidos fazer o PVR inclui a pesquisa viral no ato do internamento; ▪ Pacientes de 1 a 3 incluir o PVR no momento da hemocultura e sumario de urina; ▪ Pacientes de 3 a 36 meses, no ato do internamento, vai depender da atualização vacinal; ▪ O PCR é solicitado no mesmo momento do hemograma. TRATAMENTO Antipirético Cefalosporina de 3ª geração mais usado é o ceftriaxona. O uso intercalado de antipirético é raro uma vez que a febre medicada é com mal estar associado. TABELAS DO TRATADO DE PEDIATRIA Fluxograma 1: Estratégia para avaliação e seguimento das crianças de até 36 meses com febre sem sinais localizatórios. Atb: antibioticoterapia; BO: bacteriemia oculta; Hib: Haemophilus influenzae tipo b; Hmc: hemocultura; Hmg: hemograma; IM: intramuscular; IU: infecção urinária; LCR: líquido cefalorraquidiano; meningo: meningococo; nl: normal; pneumo: pneumococo; Rx: radiografia, Tax: temperatura axilar; UI: sedimento urinário; Uroc: urocultura. Fluxograma 2: Proposta atual para avaliação e seguimento de crianças de até 36 meses com febre sem sinais localizatórios. Atb: antibioticoterapia; BO: bacteriemia oculta; Hib: Haemophilus influenzae tipo b; Hmc: hemocultura; Hmg: hemograma; IM: intramuscular; IU: infecção urinária; nl: normal; LCR: líquido cefalorraquidiano; meningo: meningococo; pneumo: pneumococo; PVR: pesquisa de vírus respiratório (quando disponível); Rx: radiografia, Tax: temperatura axilar; UI: sedimento urinário; Uroc: urocultura; *Vacinação completa: pelo menos 2 doses das vacinas para hemófilos, pneumococo e meningococo. PEDIATRIA GERAL A dor abdominal pediátrica é um problema comum que, muitas vezes, representa um dilema diagnóstico. A maioria dos episódios é benigna e autolimitada, mas a dor abdominal persistente pode significar uma patologia subjacente que requer intervenção urgente. A avaliação e a intervenção em tempo hábil são essenciais em crianças que apresentam dor abdominal. A dor é um mecanismo de defesa que sinaliza que há algo de errado. o Corresponde a 4% das consultas pediátricas de emergências; o 10 a 20% das crianças e adolescentes vão ter queija de dor abdominal durante infância; o Mais frequente no sexo feminino. Classificação Aguda: de curto prazo, aproximadamente 21 dias, quando passa disso fica persistente; estão mais associadas a doenças orgânicas e normalmente vem associado a outros sinais e sintomas a exemplo do vomito e da febre; Crônica: duração mais de 2 meses; pode ser constante ou intermitente (em surtos), não tem uma característica bem definida, as pessoas podem apresentar diferentes padrões de dor; mais comum entre as faixa etárias de 4-6 anos e 7-12 anos. DOR ABDOMINAL AGUDA / ABDOME AGUDO Tem início súbito e pode apresentar características diversas quanto à localização, à intensidade e aos sintomas associados. Na pediatria, o desafio da dor abdominal aguda é ainda maior, pois a reduzida capacidade de cooperação dos pacientes e a grande variedade de etiologias podem dificultar o diagnóstico preciso. A dor abdominal é sintoma inicial de doenças de apresentação grave. O objetivo principal é afastar as emergências cirúrgicas. As patologias clínicas podem ser divididas entre causas intra e extra- abdominais. Ou, ainda, as etiologias podem ser divididas entre causas gastrointestinais e outras causas, como demonstra a Tabela. O que avaliar? Idade do paciente; Anamnese e exame físico minucioso, sinais de alarme; Observação clínica; Exames subsidiários disponíveis; Tentar definir qual o tipo de dor: de origem intrabdominal ou de origem extra-abdominal, se é sistêmica ou funcional. Sinais de alarme: podem ser procurados no momento em que se caracteriza a dor, avaliar se ela começou subitamente, se começou durante o sono, ou alguma brincadeira, se esta acompanhada de choro = a intensidade é maior. Se tem vomito, quando os vômitos começaram, avaliar sintomas sistêmicos associados, sinais de toxemias, aumento da FC, da FR, má perfusão, alterações físicas, presença de diarreia, etc. Medidas iniciais: o Se o paciente está instável: Estabilização respiratória e circulatória: - Avaliar intervenção cirúrgica imediata; - Principais: apendicite aguda/perfuração intestinal; o Exames laboratoriais e de imagem Na fase inicial do quadro, é frequente encontrar certa dificuldade em definir sua causa precisa. Nessas situações, a faixa etária do paciente pode auxiliar no estabelecimento do diagnóstico, pois a prevalência de cada etiologia pode variar de acordo com a faixa etária. Faixa etária para o diagnostico diferencial Observações: Menores de 2 anos: o Dificilmente vão verbalizar, se mostram mais irritados e chorosos; no exame físico é interessante buscar sinais e peritonite e massas; o Nessa idade considerar para emergências cirúrgicas: volvo, intussuscepção, hernia, obstrução; o Volvo: “nó” nas alças intestinais; o Intussuscepção: os vasos sanguíneos ficam presos entre as camadas do intestino, o que causa redução do suprimento de sangue, edema, estrangulação intestinal e gangrena. Por conseguinte, podem ocorrer sepse, choque e óbito. o O mais comum nessa faixa etária são gastroenterite, constipação e infecção urinaria (que não são causas cirúrgicas). Entre 2 e 5 anos: o Mais fácil de diferenciar causas cirúrgicas e clinicas; buscar sinais de peritonite ou massas que vão sugerir uma causa cirúrgica; o Começam a surgir os traumas. Entre 5 e 12 anos: o Atenção maior para os traumas; Acima de 12 anos o Se atentar ao desenvolvimento puberal; perguntar sobre a vida sexual da criança. Além da faixa etária, a sistematização da abordagem do paciente também pode facilitar o diagnóstico. Alguns autores propõem a abordagem do paciente em alguns passos: ▪ primeiro passo: afastar emergências cirúrgicas; ▪ segundo passo: descartar causas obstrutivas; ▪ terceiro passo: avaliar a possibilidade de afecções infecciosas; ▪ quarto passo: investigar doenças hepatobiliares; ▪ quinto passo: identificar possíveis doenças funcionais DOR ABDOMINAL CRÔNICA Classificação Funcional: ocorre na ausência de um dano tecidual. Não há lesão/alteração de órgão alvo. Após criteriosa avaliação Dor abdominal na infância médica, os sintomas não podem ser atribuídos a qualquer outra condição médica. Os critérios de Roma IV são utilizados para classificar a dor como funcional ou não. Orgânica: dor que tem lesão de órgão, alteração sistêmica. Os sintomas são potencialmente causados por enfermidades orgânicas, as, quais, por usa vez são definidas como anormalidades anatômicas, inflamatórias, neoplásicas e/ou bioquímicas. Classificação da dor abdominal crônica História clínica e exame físico da criança com DAC Características da dor: Localização, intensidade, frequência, periodicidade, relação com alimentação, dor noturna, interferência com as atividades habituais. (a dor muitas vezes é avaliada em pontos de acordo com a face de dor que criança tem); Sintomas gastrintestinais associados: Pirose, saciedade precoce, empachamento pós-prandial, náuseas, vômitos, diarreia, constipação, tenesmo, sangramentos digestivos, icterícia. Sinais/sintomas de outros sistemas: Sintomas urinários, cefaleia, sonolência após as crises de dor, artralgias/artrites, tosse crônica, asma, respiração bucal. Sinais de comprometimento orgânico: Perda de peso, retardo no crescimento, retardo puberal, palidez cutâneo- mucosa, febre. Medicações em uso ou utilizadas: Antibióticos, anti- inflamatórios, corticosteroides. História alimentar: Consumo de leite e produtos lácteos, consumo de sucos naturais e artificiais, bebidas gaseificadas, consumo de balas e chicletes, alimentos irritantes gástricos (alimentos industrializados, condimentos picantes), conteúdo de fibra na dieta. História familiar: Parentes com doenças do TGI ou de outro sistema e que evolua com dor abdominal, enxaqueca, manifestações alérgicas, tuberculose, quadros depressivos. Antecedentes pessoais: Infecção viral recente, trauma abdominal, intervenção cirúrgica prévia. Perfil psicológico e comportamental da criança. Conhecimento de situações geradoras de ansiedade. Exame físico: Peso, estatura, velocidade de crescimento, estágio puberal. Exame abdominal detalhado: localização da dor, massas, fígado, baço, loja renal. Avaliação perianal e toque retal. DOR FUNCIONAL CRÔNICA Transtornos gastrointestinais funcionais nas crianças e adolescentes 1. Transtornos funcionais de náuseas e vômitos o Síndrome dos vômitos cíclicos: vômitos intensos, paroxísticos o Náusea funcional e vomito funcional o Síndrome de ruminação 2. Transtornos da dor abdominal funcional o Dispepsia funcional o Síndrome do intestino irritável o Enxaqueca abdominal o Dor abdominal funcional inespecífica 3. Transtornos funcionais de evacuação o Constipação funcional o Incontinência fecal não retentora Síndrome dos vômitos cíclicos: o 0,2% a 1% das DAC o Idade mediana dos sintomas varia dos 3,5 aos 7 anos Critérios diagnósticos da síndrome dos vômitos cíclicos o A ocorrência de dois ou mais episódios de vômitos intensos, paroxísticos, sem remissão, durando de horas a dias dentro de um período de seis meses; o Episódios são estereotipados para cada paciente; o Episódios são separados por semanas ou meses com retorno a condição basal de saúde entre os episódios; o Após avaliação médica apropriada os sintomas não podem ser atribuídos a outra condição clínica. Náusea funcional e vômito funcional Podem estar associados a sintomas autonômicos – transpiração, tonturas, palidez e taquicardia. Critérios diagnósticos para náusea funcional e vômito funcional a) Náusea funcional Necessita incluir todos os seguintes sintomas ocorridos nestes últimos dois meses: o Náuseas incomodante como sintoma predominante, ocorrendo pelo menos duas vezes por semana e geralmente não relacionada com as refeições o Consistentemente não associada com vômito o Após avaliação apropriada, a náusea não pode ser totalmente explicada por outra condição médica. b) Vomito funcional Devem incluir os sintomas que seguem: o Em média um ou mais episódios de vômitos por semana o Ausência de vômito auto-induzido o a existência de algum critério para um transtorno alimentar ou ruminação o Após avaliação apropriada o vomito não pode ser totalmente explicado por outra condição médica - Critérios preenchidos por pelo menos 2 meses antes do diagnóstico. Síndrome de ruminação o Regurgitação repetitiva, desprovida de esforço acompanhada de reingestão e/ou o ato de cuspir o alimento no prazo de alguns minutos após ter iniciado a alimentação o Transtorno psiquiátrico causado principalmente por privação social-depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo estresse pós traumático, transtorno comportamental e transtorno de déficit de atenção-hiperatividade o Adolescentes do sexo feminino Critérios diagnósticos para síndrome de ruminação Devem incluir todos os sintomas que sequem: 1. Regurgitação repetitiva e remastigação ou expulsão do alimento: inicia-se logo após a ingestão de um alimento; não ocorre durante o sono 2. Não é precedido de eructação 3. Após avaliação apropriada os sintomas não podem ser explicados por outra condição médica. Algum outro transtorno alimentar deve ser descartado - Critérios preenchidos por pelo menos dois meses antes do diagnostico Aerofagia Ingestão de ar é excessiva o gás preenche o lumem gastrointestinal, resultando em eructações excessivas, distensão abdominal, eliminação de flatus e dor = distensão abdominal Critérios diagnósticos para aerofagia Devem inclui todos os sintomas que seguem: 1. Excessiva ingestão de ar 2. Distensão abdominal devido ao ar intraluminal, cuja distensão aumenta durante o dia 3. Eructações repetitivas e/ou aumento da eliminação de flatus 4. Após avaliação apropriada, os sintomas não podem ser totalmente explicados por outra condição médica Critérios preenchidos por pelo menos 2 meses antes do diagnóstico Dispepsia funcional o Anormalidades da função gástrica motora, hipersensibilidade visceral devido a sensibilização central ou periférica o Acomodação gástrica prejudicada, determinada pela diminuição da capacidade de relaxamento do estomago, em resposta ao alimento Critérios diagnósticos para dispepsiafuncional Deve incluir um ou mais dos seguintes sintomas ao menos 4 dias por mês: 1. Plenitude pós-prandial 2. Saciedade precoce 3. Dor epigástrica que não se associa à defecação 4. Após avaliação adequada, os sintomas não podem ser plenamente explicados por outra doença. Estes critérios devem ocorrer por pelo menos 2 meses antes do diagnóstico Os seguintes subtipos estão agora adotados dentro da Dispepsia Funcional: 1. Síndrome de dificuldade pós-prandial inclui desconforto da plenitude pós-prandial ou saciedade precoce que impede o término da refeição regular. Os critérios de suporte incluem distensão abdominal superior, náusea pós-prandial ou eructações excessivas. 2. Síndrome de dor epigástrica, que inclui todos os seguintes sintomas: dor ou queimação (grave o suficiente para interferir com as atividades) localizada no epigástrio. A dor não pode ser generalizada, nem pode se localizar em outra parte do abdômen ou tórax e não é aliviada pela evacuação ou eliminação de flatos. Os critérios que suportam o diagnóstico podem incluir: (a) dor tipo queimação, mas sem o componente retroesternal e (b) a dor comumente é induzida ou aliviada pela ingestão de uma refeição, mas pode ocorrer durante o jejum. Síndrome do intestino irritavel o Transtorno do eixo cérebro/trato digestivo o Diarreia ou constipação com dor intensa e estresse psicossocial o Disturbio funcional mais comum o Pode haver presença de muco nas fezes. Criterios diagnosticos para sindrome do intestino irritavel Deve incluir todos os critérios a seguir: 1. Dor abdominal ao menos 4 dias por mês associada com um ou mais dos seguintes sintomas: a. relação com a evacuação b. alteração na frequência das fezes c. alteração na aparência das fezes 2. Em crianças com constipação, a dor pode não resolver com a resolução da constipação (crianças nas quais a dor resolve, têm constipação funcional e não síndrome do intestino irritável) 3. após avaliação adequada, os sintomas não podem ser plenamente explicados por outra condição médica. Estes critérios devem ocorrer por pelo menos 2 meses antes do diagnóstico Enxaqueca abdominal o Mecanismos deflagradores – estresse, fadiga e viagem. o Podem estar associados a sintomas – anorexia, náuseas e vômitos. o Fatores de alivio, a saber, repouso e sono o 1 a 4% das crianças de 7 a 12 anos o Historia familiar de enxaqueca o Precursora de cefaleia na vida futura Critérios diagnósticos para enxaqueca abdominal Deve incluir todos os seguintes sintomas ocorrendo ao menos duas vezes: 1. Episódios paroxísticos de dor abdominal intensa, aguda e periumbilical, na linha média ou difusa, durando 1 hora ou mais (deve ser o sintoma mais grave e aflitivo) 2. Episódios intervalados por semanas ou meses 3. A dor é incapacitante e interfere com as atividades normais 4. Padrões estereotipados e sintomas individualizados para cada paciente 5. A dor está associada a dois ou mais dos seguintes sintomas: a. anorexia b. náusea c. vômito d. cefaleia e. fotofobia f. palidez 6. Após avaliação adequada, os sintomas não podem ser plenamente explicados por outra condição médica. Estes critérios devem ocorrer por pelo menos 6 meses antes do diagnóstico Dor abdominal funcional inespecífica o Se diferencia da SII pela ausência de hipersensibilidade retal Critérios diagnósticos para dor abdominal inespecífica Deve ser preenchido ao menos 4 vezes por mês e incluir todos os seguintes sintomas: 1. Dor abdominal episódica ou contínua que não ocorre exclusivamente durante eventos fisiológicos (ex: alimentação, menstruação) 2. critérios insuficientes para síndrome do intestino irritável, dispepsia funcional ou enxaqueca abdominal 3. após avaliação adequada, a dor abdominal não pode ser plenamente explicada por outra condição médica. Estes critérios devem ocorrer por pelo menos 2 meses antes do diagnóstico Constipação funcional Potenciais sinais de alarme na constipação - Eliminação de mecônio após 48 horas do nascimento - Constipação que se iniciou no primeiro mês de vida - Historia familiar de doença de hishsprung - Fezes em fita - Fezes contendo sangue na ausência de fissura anal - Vômitos bilosos - Distensão abdominal intensa - Anormalidade na tireoide - Posição anormal do anus - Ausência de reflexo anal ou cremastérico - Diminuição do reflexo torácico das extremidades inferiores - Ondulação sacral - Tufo de pelos na coluna vertebral - Desvio da fenda glútea - Cicatriz anal. Critérios diagnósticos para constipação funcional Devem incluir dois ou mais dos seguintes sintomas que ocorrem pelo menos uma vez por semana por um período mínimo de um mês, com critérios insuficientes para o diagnostico de SII. 1. Duas ou menos evacuações por semana em criança com idade de desenvolvimento de pelo menos 4 anos; 2. Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana; 3. História de comportamento de retenção ou retenção voluntária excessiva de fezes; 4. História de evacuações dolorosas ou duras; 5. História de fezes de grande diâmetro que podem obstruir o vaso sanitário; 6. Presença de grande massa fecal no reto. 7. Após avaliação apropriada os sintomas não podem ser totalmente explicados por outra condição médica. Incontinência fecal não retentora o Frequencia de evacuação e parametros de motilidade clonica e anorretal normais o Diferenciar de escape fetal o Melhor tratamento: terapia comportamental Cirtérios diagnosticos para incontinencia fecal não retentora Os seguintes sintomas, com dração de um mês em uma criança com idade de desenvolvimento de 4 anos ou mais: 1. Evacuaçoes em lugares inapropriados dentro do contexto sociocultural 2. Ausencia de evidencias de retenção fecal 3. Após avaliação médica apropriada, a IFNR não pode ser explicada por outra condição médica. Regurgitação do lactente o Retorno involuntário do alimento previamente deglutido para a boca ou para o meio externo. É fisiológico. Vomito é definido como um reflexo do sistema nervoso central que envolve a musculatura autonômica e esquelética, no qual o conteúdo do estomago é expelido para a boca em um movimento coordenado de intestino delgado, estomago, esôfago e diafragma. Critérios diagnósticos para regurgitação do lactente Devem incluir todos os seguintes sintomas em um lactente até então sadio com idades que variam de 3 semanas a 1 meses: 1. Regurgitação duas ou mais vezes por dia, durante 3 ou mais semanas; 2. Ausência de eructação e hematêmese, aspiração apneia “failure to thrive”, dificuldades para alimentação ou deglutição ou postura anormal. Cólica do lactente o Choro inconsolável, prolongado, após a alimentação, distensão abdominal, flatulência, flexão das pernas, sintomas que não são ecessariamente indicativos de dor ou doença. o Lactentes de até 4-5 meses de idade sem siais de alteração do sistema nervoso central ou do desenvolvimento, com exame físico normal e bom ganho pôndero-estatural. Critérios diagnósticos para cólica do lactente Devem incluir todos os seguintes sintomas nos lactentes desde o nascimento até os 4 meses de idade: 1. Irritabilidade paroxística, irritação ou choro que se inicia e finaliza sem uma causa obvia 2. Episódios com duração de 3 ou mais horas por dia e que ocorrem pelo menos 3 dias por semana, com inicio de pelo menos há uma semana 3. Ausência de “ failure to thrive” DOR ABDOMINAL CRÔNICA ORGÂNICA Sinais e sintomas de alerta: - História familiar de doença inflamatória intestinal, doença celíaca ou doença péptica - Dor persistente em quadrante superior ou inferior direito - Disfagia - Odinofagia - Vômitos persistentes - Sangramento gastrointestinal - Diarreia noturna - Diarreia crônica grave - Artrite - Icterícia- Doença perianal - Perda ponderal involuntária - Desaceleração do crescimento linear - Atraso da puberdade - Febre sem explicação - Sangue nas fezes Causas na infância: Esofagite de refluxo o Dor: processo inflamatório mucoso secundário à exposição acida ou alcalina: contrações descoordenadas durante a ingestão; o Dor em queimação, localizada em abdômen superior e ou retroesternal; o Pode estar associada a regurgitação ou vomito, eructações ou soluços excessivos, sintomas otorrinolaringológicos, sintomas repiratórios; o Indicar EDA quando tiver presença de: hematêmese, melena, disfagia, odinofagia, pera de peso, aversão alimentar e anemia ferroptiva inexplicada ou refratários ao tratamento empírico. Gastrite, duodenite e ulcera pelvica o Lesão da mucosa do estomago ou do duodeno o Dor em abdômen superior ou periumbilical no caso de crianças menores o Pode ter sintomas associados o Ulcera pélvica: infecção H pylori o Também é um diagnóstico clinico então indicar EDA apenas quando tiver presença de: hematêmese, melena, disfagia, odinofagia, pera de peso, aversão alimentar e anemia ferropriva inexplicada ou refratários ao tratamento empírico. Intolerância a lactose o Redução da enzima lactase o Dor abdominal tipo cíclica, distensão abdominal, flatulência ou diarreia após ingestão de lactose o Geralmente se inicia na fase préescolar o Secundária – infecção, alergia alimentar, doença celíaca Doença inflamatória intestinal *clinica depende do local e extensão do acometimento inflamatório Apresentações: o colite indeterminada: quando não é nem doença de crohn nem retocolite; o Retocitose ulcerativa - Perda de peso, sangramento retal, diarreia com muco e dor abdominal tipo cólica; - Envolve reto e área proximais e tem acometimento contínuo, atingindo mucosa e submucosa; o doença de crohn - Insidiosa, dor abdominal, diarreia e perda de peso - Mais comum manifestações extraintestinais (25, 35% dos casos) - Qualquer porção do trato gastrointestinal de maneira salteada, com inflamação transmural, podendo apresentar fístulas, úlceras, granulomas e vasculite Doença celíaca doença sistêmica imunomediada induzida por glúten – autoanticorpos específicos diarreia, alteração do crescimento, anemia e distensão abdominal manifestações extraintestinais – dermatológicas, endocrinológica, hematológica, hepática, óssea, ginecológica, neurológica, reumatológica, cardiovascular, renal e psiquiátrica. Dosagem de IgA antitransglutaminase humana e Antiendomísio ABORDAGEM PARA DOR ABDOMINAL o Dependerá da hipótese diagnóstica o Causa orgânica: especifico para cada doença quando houver suspeita de uma causa orgânica o Tratamento deverá ser individual e as metas da terapêutica visarão diferentes aspectos, nas diferentes doenças o Assegurar o paciente e a família quanto à benignidade do quadro. Abordagem dietética o Carboidratos fermentáveis não absorvíveis (FODMAPs) são de mais difíceis digestão, então é importante avaliar se existe alguma piora com esses carboidratos e então indicar a substituição desses FPDMAPs por alimentos que sejam mais pobres nesses carboidratos. o Em portadores de doença celíaca avaliar a sensibilidade ao glúten não celíaca o Aditivos alimentares o Em casos de DAC associada à distensão abdominal e diarreia = retirada de lactose pode ser considerada o Dispepsia funcional= cafeína, picantes, gosdurosos podem aumentar a sensação de queimor Abordagem farmacológica o Manipulação do microbioma intestinal é um potencial alvo terapêutico: lactobacillus rhamnosus GG, Lactobacillus reuteri DSM 17938 e o VSL#3 (não disponível no Brasil) o Anticolinérgicos: escopolamina, na suspeita de abdome agudo não é interessante o uso de anticolinérgicos por que eles atuam parando o trânsito intestinal. o Antidepressivos: diminuindo o trânsito intestinal, tratando a depressão, melhorando o sono, induzindo analgesia o Enxaqueca abdominal: ciproheptadina, amitriptilina, propranol, pizotifeno e flunarizina (avaliar caso a caso) o Dispepsia funcional: bloqueio ácido com antagonistas dos receptores de histamina (H2) ou inibidores da bomba de prótons Abordagem psicológica o Boa relação medico-paciente familia o Fatores psicologicos o Terapias, suporte familiar, terapia cognitivo comportamental e psicoterapia PEDIATRIA GERAL A diarreia consiste em uma perda anormal de água e eletrólitos pelas evacuações, que se apresenta com diminuição da consistência do bolo fecal ou aumento da frequência e volume das evacuações. Podemos defini-la como: volume acima de 10 ml/kg/dia em lactentes e acima de 200g/dia em crianças mais velhas. Clinicamente é caracterizada pela ocorrência de 3 ou mais evacuações líquidas ou amolecidas em um período de 24h. Atenção o A conceituação de diarreia baseada na frequência das eliminações em crianças é discutível, pois varia conforma a idade. Lactentes em aleitamento materno exclusivo, por exemplo, podem evacuar de 8 a 10 vezes ao dia (“passarinho” = come e caga), sem que isso signifique diarreia, ou podem passar até 10 dias sem evacuar que também é normal; o Desinteria: diarreia com sangue, muco e/ou pus; Classificação Ela pode ser classificada de acordo com a duração, com a localização intestinal e o mecanismo etiopatogênico. Em algumas situações, há sobreposição desses mecanismos, podendo a diarreia, nesses casos, apresentar mais de uma forma clínica. Duração: o Aguda: duração de até 14 dias (etiologia infecciosa é a principal); o Persistente: duração em torno de 14 a 30 dias; o Crônica: duração superior maior que 30 dias. Localização intestinal: o Alta: alteram a absorção no intestino delgado; costumam promover evacuações volumosas; o Baixa: alteram a absorção no cólon; promovem diarreia com evacuações menos volumosas. Mecanismo etiopatogênico: o Osmótica Predomina nos quadros virais. Deve-se ao acumulo de substâncias osmoticamente ativas no interior da luz intestinal que exercem uma pressão osmótica capaz de reter liquido no lúmen da alça, causando uma diarreia líquida. O vírus provoca lesões focais em membrana apical o que leva ao surgimento de células imaturas e consequente diminuição da produção de muco, da liberação de lizoenzimas, lactoferrina, além de uma redução da capacidade de absorção dos nutrientes, principalmente dos carboidratos. Esse carboidrato não digerido leva ao aumento da pressão osmótica capaz de reter líquido no lúmen, causando uma diarreia líquida (ou semilíquida). O quadro é caracterizado por um volume fecal alto, porém, menor que os encontrados no quadro de diarreia secretória, de caráter explosivo (que se deve ao acumulo de gases) amareladas, e com grande perda hidroeletrolítica. Risco para desidratação e para o distúrbio eletrolítico, na maioria dos casos os vômitos estão associados. Quando há febre ela pode ser um pouco mais alta, como toda infecção viral. o Secretória Pode ocorrer por lesão da mucosa ou presença de enterotoxinas. Acontecem quando os sistemas de transporte de solutos no epitélio intestinal apresentam-se em um estado de secreção ativa que pode ser desencadeada pela presença de agentes secretagogos (como as enterotoxinas) que aumentam a concentração intracelular de mediadores de secreção, os nucleotídeos cíclicos (AMP e GMP) e do cálcio iônico, isso leva à secreção de ânios (principalmente cloreto e bicarbonato) pelas células intestinais, como consequência, à diminuição da absorção de agua e íons, ou seja, vai ter aumento do efluxo de sódio e água para o lúmen. O quadro é caracterizado por uma diarreia volumosa (grande volume de água e eletrólitos), e que persiste mesmo durante o jejum. Hápoucos sintomas sistêmicos, a febre está ausente ou é baixa e os vômitos surgem com a desidratação. São exemplos típicos desse tipo de diarreia a ETEC e o Vibrio cholerae. o Funcional Absorção e secreção estão normais, nesse caso o problema é que não há tempo suficiente de contato com a mucosa para ocorrer uma absorção correta. o Gordurosa Se associa a algum distúrbio que promova disabsorção de lipídeos no intestino delgado. DIARREIA AGUDA Eliminação anormal de fezes amolecidas ou líquidas com uma frequência igual ou maior a três vezes por dia e duração de até 14 dias. Epidemiologia o Crianças menores de 5 anos tem uma maior capacidade de promover uma morbidade pois estão mais suscetíveis à desidratação portanto representam maior morbidade; o A taxa de mortalidade é maior nas crianças entre 5 e 1 anos e é maior nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento; o No Brasil, segundo publicação oficial do Datasus, a proporção de óbitos por diarreia aguda em menores de 5 anos caiu de 10,8% em 1990 para 1,6% em 2011. As regiões Norte e Nordeste ainda concentram os maiores índices de mortalidade; o Em países desenvolvidos existe a predominância de diarreias infecciosas virais, já as diarreias infecciosas causadas por bactérias e protozoários são mais características de países sub e em desenvolvimento e têm pico de incidência nas estações chuvosas e quentes; o Causas por bactérias tem maior morbidade. Etiologia Infecciosas: São as principais causas, os principais agentes são os vírus, bactérias e protozoários; Não infecciosas: Alergias, intolerâncias e erros alimentares, além de certos medicamentos. Diarreia Aguda Particularidades dos principais agentes: o Retrovírus: principal causa diarreia grave em menores de 2 anos. o E.coli: - Enterotoxigênica: diarreia dos viajantes; principal causa de diarreia bacteriana em países em desenvolvimento; - Enteropatogênica: pode causar diarreia persistente em menores de 2 anos; - Êntero-hemorragica: pode causar disenteria sem febre; associa-se com síndrome hemolítico-urêmica. o Salmonella: causa diarreia aguda aquosa ou disenteria; pode causar doença disseminada em grupos de risco (< 3 meses. Imunodeprimidos, portadores de doenças hemolíticas); o Vírus são os principais causadores das diarreias infecciosas (são altamente infectantes e necessitam de baixa carga viral para causar doença), os mais prevalentes são os rotavírus, os calicivírus, os astrovírus e os adenovírus entéricos. o Os norovírus são os principais agentes de surtos epidêmicos de gastroenterites virais transmitidos por água ou alimentos, ocorrendo em todas as faixas etárias. Adenovírus causam, com mais frequência, infecção do aparelho respiratório, mas, dependendo do sorotipo, podem causar quadros de gastroenterite. o Os agentes parasitários mais frequentes são: Cryptosporidium parvum, Giardia intestinalis, Entamoeba histolytica e Cyclospora cayetanensis. Quadro 1: principais características, quadro clinico e mecanismo de ação dos agentes bacterianos. Transmissão Os enteropatógenos que levam ao quadro de gastroenterite aguda chegam ao tudo digestivo atreves de alimentos, água, fômites ou contato com mãos contaminadas com material fecal. A transmissão vai depender do agente. Modo de transmissão da maioria dos patógenos envolvidos na etiologia da diarreia aguda. Fisiopatologia O pH ácido gástrico, a flora bacteriana normal, o peristaltismo intestinal, as mucinas presentes na camada de muco que reveste a superfície luminal dos enterócitos, fatores antimicrobianos como lisozimas e lactoferrina e o sistema imune entérico compõem a barreira de defesa do sistema digestório potencializado em crianças que usam leite materno exclusivo. Para que ocorra diarreia aguda infecciosa, os microrganismos precisam romper essa barreira e aderir à superfície mucosa, mecanismo este comum a todos os patógenos. Diagnóstico O diagnóstico da diarreia aguda é clínico, por meio de história e um exame físico detalhados. Anamnese: duração da diarreia, características das fezes, número de evacuações diarreicas por dia, vômitos (número de episódios/dia), febre, diurese (volume, cor e tempo decorrido da última micção), uso de medicamentos, sede, apetite, tipo e quantidade de líquidos e alimentos oferecidos após o início da diarreia, doenças prévias, estado geral, presença de queixas relacionadas a outros sistemas, viagem recente, contato com pessoas com diarreia e ingestão de alimentos suspeitos, além do uso prévio recente de antibióticos. Exame físico: deve incluir avaliação nutricional (desnutrição é fator de risco para quadros mais graves e evolução para diarreia persistente. Exames complementares: O hemograma completo deve ser solicitado para avaliar anemia e padrão leucocitário; ionograma, ureia e creatinina, nos casos com distúrbio hidreletrolítico grave e impacto na função renal. A principal complicação da diarreia aguda é a desidratação, que nos casos de maior gravidade pode levar a distúrbio hidroletrolítico e acidobásico, choque hipovolêmico e até morte. As crianças menores de 1 ano são as mais vulneráveis. Percentual de perda de peso: utiliza-se a variação de perda de peso para saber o grau de desidratação. ▪ Até 5% - perda de 350g: desidratação leve (reposição de 50 mL/kg) ▪ Entre 5 e 10% - perda de 350 a 700g: desidratação moderada (reposição de 50 a 100 mL/kg) ▪ Mais de 10% - perda de mais de 700g: desidratação grave (reposição de mais de 100 mL//kg) Avaliação do estado de hidratação 1 – Para avaliar o enchimento capilar, a mão da criança deve ser mantida fechada e comprimida por 15 segundos. Abrir a mão da criança e observar o tempo no qual a coloração da palma da mão volta ao normal. A avaliação da perfusão periférica é muito importante, principalmente em desnutridos nos quais a avaliação dos outros sinais de desidratação é muito difícil. Quadro 2: Avaliação do estado de hidratação segundo orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) Plano terapêutico Plano B: compreende a Terapia de Reidratação Oral, que deve ser realizada na Unidade de Saúde. Gastróclise: alimentação enteral contínua através de bomba de infusão e uma sonda introduzida via oral ou nasogástrica Sais de reidratação oral: Mistura de glicose, sódio e outras substancias, que é dissolvida em água. Quadro 3 Composição das soluções de reidratação oral (SRO) Plano C: consistem em hidratação venosa e destina-se ao tratamento das crianças com desidratação grave ou em casos de falha do plano B. Caso a criança consiga ingerir líquidos, enquanto a hidratação venosa é providenciada, deve ser oferecida a SRO por via oral. Para entender melhor o plano C: O MS propõe duas fases de hidratação venosa, uma fase rápida de hidratação e uma fase de manutenção e reposição. A fase rapida vai ser cosiderada de acordo com a idade (menores e maiores que 5 anos). E a fase de manutenção e reposição são todas as faixas etárias. A presença de edemas indica que o paciente está sendo hidratado demais, sendo necessário reduzir a hidratação. Avaliar o paciente continuamente. Se não houver melhora da desidratação, aumentar a Velocidade de infusão: o Quando o paciente puder beber, geralmente 2 a 3 horas após o início da reidratação venosa, iniciar a reidratação por via oral com SRO, mantendo a reidratação venosa. o Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder ingerir SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado. A quantidade de SRO necessária varia de um paciente para outro, dependendo do volume das evacuações. o Lembrar que a quantidade de SRO a ser ingeridadeve ser maior nas primeiras 24 horas de tratamento. o Observar o paciente por pelo menos seis (6) horas. Os pacientes que estiverem sendo reidratados por via endovenosa devem permanecer na unidade de saúde até que estejam hidratados e conseguindo manter a hidratação por via oral. Exemplos de casos com diarreia aguda: (Para os cálculos utilizamos o peso atual). 1. Quanto repor de liquido em um paciente de 17kg? Terapia do plano c: fase de manutenção e reposição: Manutenção: 1000mL (corresponde a 10kg) + 7kg x 50mL/kg = 1350mL 2. Quanto repor de líquido em paciente com 24kg? Manutenção: 1) 1000mL (corresponde a 10kg) + 500mL (corresponde aos outros 10kg) + 4ml x 20mL/kg = 1580mL 2) Do volume total, é preciso montar uma solução 4:1 (4 partes de soro glicosado à 5% para 1 parte de soro fisiológico). Para isso, basta dividir volume total de necessidade hídrica do paciente por 5, daí obtém-se uma parte do soro fisiológico e depois, ao multiplicar por 4 obtém-se as 4 partes do soro glicosado. O volume total de necessidade hídrica de um paciente de 24kg é 1580mL: 1580ml dividido por 5 é 316mL (corresponde ao soro fisiológico). Ao multiplicar esse resultado por 4, temos 1264mL de soro glicosado. 3) É necessário ainda adicionar o KCl à solução para evitar um distúrbio hidroeletrolítico. *Existem 2 tipos de KCl, um a 10% (que corresponde a 2mL para cada 100mL) e um a 19,1% (que corresponde a 1mL para cada 100mL – é a metade pois é mais concentrado); para calcular basta pegar a necessidade hídrica e dividir pelo volume correspondente à porcentagem do KCl que você pretende obter, ou seja, se for usar o KCl de 10% basta dividir 1580 por 100ml que vamos obter 15,8mL (aproximadamente 16mL). Logo: Para o paciente de 24kg vai ser necessário adicionar 16mL de KCl (se for usado o KCl 19,1%) e 32mL (se for usado o KCl 10%). Reposição: 1580 mL/kg + 24kg multiplicado por 50mL/kg/24h (então a reposição será de 1580mL/kg + 1200mL/kg = 2780) Outro exemplo: Paulinho, 1 ano e 9 meses, com relato de diarreia explosiva, sem sangue ou muco, cerca de 7 episódios nas últimas 24 horas, associado a 3 episódios de vômitos nas últimas 2 horas. Ao exame paciente prostado, com abertura ocular ao chamado, choro sem lágrima, saliva espessa, tempo de enchimento capilar em 4 segundos, sinal da prega em desfaz entre 1-2 segundos. Peso antes do episódio de diarreia: 11,4Kg / Peso Atual: 10,1Kg. Calcule: 1. Volume a ser resposto tendo em vista o percentual de perda de peso: Paciente com desidratação grave –> Perda de peso: 11,4% (Superior a 10%) Volume mínimo a ser resposto(>100mL/Kg): >1010mL 2. Terapia do plano C: Fase rápida, Manutenção e Reposição: Fase Rápida (Paciente menor que 5 anos apenas soro fisiológico 0,9%): SF0,9% - 10,1Kg(Peso atual) x 20mL = 202mL em 30min (Até 3x) Fase de Manutenção 4:1: TH 100% - 1005mL em 24horas (10Kg = 1000mL + 0,1Kg x 50mL) SG5% --------- 804mL (1005 x 4/5) SF0,9% ------- 201mL (1005 x 1/5) KCl a 10% ---- 20mL [2 x (1005/100 – 2mL a cada 100mL)] Ou SG5% ------------- 804mL (1005 x 4/5) SF0,9% ----------- 201mL (1005 x 1/5) KCl a 19,1% ---- 10mL [1 x (1005/100 – 1mL a cada 100mL)] Reposição Solução 1:1(Se necessário): 50mL/Kg/dia: 10,1 x 50mL 505mL SG5% --------- 252,5mL (505ml x1/2) SF0,9% ------- 252,5mL (505ml x1/2) 3. Volume de reposição quando paciente apresentar melhora da desidratação (Plano A): 100 a 200mL (Entre 1 e 10 anos). Tratamento farmacológico o Zinco: nas crianças que vivem nos países em desenvolvimento, o uso do zinco oral deve ser recomendado na dose de 20 mg por dia, durante 10 dias; e nos lactentes menores de 2 meses, na dose de 10 mg por dia, também durante 10 dias, para o tratamento da diarreia aguda. o Vitamina A: Reduz o risco de hospitalização e mortalidade por diarreia e tem sido administrada nas zonas mais carentes do norte e nordeste. Indicada para diarreias persistentes. o Antiemético: Caso a ordem dos eventos tenha sido diarreia seguida por vomito vai ser indicativo de um sinal de desidratação, então não tem indicação do uso de antieméticos. Caso tenha vômitos persistentes e precise medicar é necessário escolher qual antiemético usar. Têm efeitos sedativos, o que pode atrapalhar a TRO; entretanto, alguns estudos indicam que crianças com vômitos persistentes, tratadas com a ondansetrona (zofran), apresentam menor risco de admissão hospitalar. Diminidrato (dramim): antiemético de efeito central, vem associado à sonolência, os efeitos colaterais podem ser fatores que cofundem a avaliação clínica. o Probióticos: pode ser usado de forma profilática, também podem ser úteis para reduzir a gravidade e a duração da diarreia aguda infecciosa infantil, abreviando em cerca de 1 dia a sua duração, principalmente nas diarreias de etiologia viral o Antiperistálticos: não são recomendados para tratar crianças, pois aumentam a gravidade e as complicações da doença, particularmente em crianças com diarreia invasiva. (loperamida). Pode prolongar o tempo de doença. o Racecadotrila: é uma droga antissecretora que inibe a encefalinase intestinal sem reduzir o trânsito intestinal ou promover o supercrescimento bacteriano. A medicação reduz a duração da diarreia e o volume de fezes. Racecadotrila pode ser usado associado à SRO. o Uso racional de antibióticos: evita o aparecimento de complicações, bem como de resistência bacteriana, sendo excepcionalmente indicados. A introdução do antibiótico é indicada na presença de fezes com odor fétido, presença de sangue nas fezes com comprometimento sistêmico, e em pacientes menores de 4 meses também está indicado o uso de antibióticos, nesses primeiros meses tem um maior risco de infecção bacteriana, geralmente o metronidazol, sulfametronidazol. O uso de plasio é proibido na pediatria, com algumas exceções. Prevenção o Aleitamento materno exclusivo durante os 6 primeiros meses e após esta idade; o Alimentação complementar adequada para a idade; o Água tratada, de alimentos adequadamente preparados e acondicionados; o Esgotamento sanitário; o Habito de lavar as mãos; o Vacinação. Covid -19 - Manifestações gastrointestinais o Prevalência de cerca de 10% das crianças e podem evoluir com manifestações gastrointestinais; o Manifestação gastrointestinal mais frequente nas crianças do que em adultos; o Diarreia em 17% a 39,6%; o Pode estar associado a dor abdominal, náuseas e vômitos; o Não há dados de viabilidade do SARS-CoV-2 nas fezes para definir uma transmissão fecal-oral ou não. https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk0362gchCTzscqU2NddcK4RCoDYFwQ:1629563676848&q=sulfametronidazol&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwin_uLgxcLyAhXelZUCHQRTA5wQkeECKAB6BAgBEDU&cshid=1629563886727656 TABELAS DO TRATADO DE PEDIATRIA: Quadro 1: principais características, quadro clinico e mecanismo de ação dos agentes bacterianos. Modo de transmissão da maioria dos patógenos envolvidos na etiologia da diarreia aguda. Quadro 2: Avaliação do estado de hidratação segundo orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) Quadro 3 Composição das soluções de reidratação oral (SRO) PEDIATRIA GERAL Doença falciforme é a patologia hematológica hereditária mais frequente. Constitui-se em um grupo de doenças genéticas caracterizadas pela predominância da hemoglobina (Hb) S nas hemácias, sendo a anemia falciforme (Hb SS) o genótipo mais frequente. A doença falciforme é o termo utilizado para definir um grupo de alterações genéticas caracterizadas pelo predomínio da hemoglobina S (HbS). Essas alterações incluem a anemia falciforme (HbSS), as duplas heterozigoses, ou seja, as associações de HbS com outrasvariantes de hemoglobinas, como HbD e HbC, e as interações com talassemias (HbS/B talassemia, HbS/B+ talassemia, HbS/alfa- talassemia). A anemia falciforme é uma doença autossômica recessiva, onde ocorre síntese da hemoglobina anômala HbS. A forma heterozigota é chamada traço falciforme (HbAS) e a homozigota anemia falciforme (HbSS). A heterozigose para HbS (traço falciforme) não é doença, é considerada uma condição benigna. Epidemiologia o No Brasil, a Bahia é o Estado brasileiro que apresenta a maior prevalência da doença no País; o A prevalência média de heterozigotos (traço) é de cerca de 4%, desses, 2% no Sudoeste; mas esse valor sobe entre os afrodescendentes; o Cerca de 50.000 pessoas vão apresentar a homozigose (anemia falciforme) ou alguma hemoglobinopatia (SC, SE, SD, SBetaTAL; o 2.500/ano crianças portadoras de doença falciforme; A taxa de mortalidade para os menores de 5 anos diminuiu muito desde de 2001 com o advento da triagem neonatal aliado ao acompanhamento especializado, antes disso, 20% das crianças não conseguiam chegar aos cinco anos de idade. Fisiopatologia A HbS é uma Hb anormal, resultante da troca de ácido glutâmico pela valina na posição 6 da cadeia beta do gene da globina A. A hemoglobina S vai promover a distorção dos eritrócitos (polimerização), formando hemácias em formato de foice. 1. Acontece a alteração dos polímeros da membrana celular – toda hemácia será mais enrijecida. Em seguida, haverá efluxo de potássio e influxo de cálcio intracelular. O tempo médio de vida reduz (45 dias); 2. Por ser mais endurecida a hemácia apresentará microlesões que possibilitaram o recrutamento de leucócitos, granulócitos e plaquetas na região; 3. O processo inflamatório, de depleção do óxido nítrico, de ativação da cascata de coagulação (fator de Van Willebrand), resultará em eventos de: Adesão de eritrócitos e plaquetas no endotélio vascular; e processos inflamatórios crônicos. 4. A produção desses intermediários inflamatórios como citocinas e alterações no metabolismo do óxido nítrico vão favorecer as complicações da anemia falciforme; 5. O resultado desse processo é um estado de hipercoagulabilidade e um processo inflamatório crônico. Diagnóstico O diagnóstico é feito após a triagem neonatal. Primeiro realiza-se o teste do pezinho através da cromatografia – ele não é confirmatório, mas indica suspeita de anemia falciforme. A presença de hemoglobina fetal altera a porcentagem de hemácias falcizadas. Menos que 50% das hemácias falcizadas: traço falciforme; Mais que 50%: anemia falciforme A suspeita é confirmada com a eletroforese de hemoglobina associada a dosagem de Hb fetal. Seguida de análise laboratorial completa – hemograma. É necessário reavaliar laboratorialmente após o sexto mês de vida. Se o paciente foi submetido há alguma transfusão sanguínea é preciso reavaliar após 3 meses pois o sangue da transfusão permanece integro nesse período que é o tempo de vida da hemácia. Complicações / eventos agudos Crises de dor (álgica) o Podem durar de 4 a 6 dias, ou até mais tempo, podendo ser sentidas em qualquer parte do corpo, são mais comuns nos braços, pernas, articulações, tórax, abdômen e costas; o A dor aguda é causada por dano tecidual isquêmico, resultante da oclusão do leito microvascular por hemácias falcizadas durante a crise e dano tissular secundário. A vaso oclusão resulta em hipóxia e acidose, o que pode exacerbar o processo de falcização aumentando o dano isquêmico. Doença falciforme o Em casos de dor leve e ausência dos fatores de risco uso de analgésico comum e hidratação, na presença de algum fator de rico torna-se necessário realizar uma avaliação imediata em unidade de emergência com avaliação laboratorial (febre, regular estado geral, dor abdominal ou dor torácica ou qualquer outro sintoma respiratório, cefaleia, ou quando o paciente não responde aos analgésicos simples e a ingesta de líquidos). o Se houver dor lombar: pensar em pielonefrite e solicitar exame de urina, urocultura com antibiograma. No exame físico avaliar sinais que sugerem síndrome torácica aguda (tosse, simbilancia, queda de saturação), comprometimento abdominal (aumento de baço, fígado), acometimento articular. Na investigação laboratorial: hemograma (avaliar número de hemácias, pois o aumento do número de hemácias falcemicas levam a crises dolorosas) e contagem de reticulócitos (reticulocitose ou reticulopenia). Tratamento o Monitoramento da dor até o desaparecimento do sintoma; o Sempre estimular aumento da ingesta de líquidos; o Prevenção de mudanças bruscas de temperatura; o Aquecimento das articulações quando estas estiverem acometidas. Primeiro usamos dipirona, tilenol de resgate e como última opção os opioides. Crise vaso-oclusiva o Dano tissular isquêmico secundário à obstrução do fluxo sanguíneos pelas hemácias falciformes; ocorre uma interrupção do fluxo sanguíneo, e consequente hipoxia dessa região associada a uma acidose. Duram em torno de 4 a 6 dias; o Fatores predisponentes: frio, febre, desidratação, quadro infeccioso; Tratamento É a base de hidratação, eliminação dos fatores predisponentes, repouso do membro e analgesia adequada (escalonamento do analgésico simples para os opioides, utilizar em curto espaço de tempo de maneira otimizada). Febre o Frequentemente pode ser sinal de infecção bacteriana ou estar associada a outras condições, como a STA e crises vaso-oclusivas; o Na doença falciforme, o baço tem seu funcionamento prejudicado, fazendo com que o organismo fique mais sujeito a infecções que constituem causa importante de mortalidade em sinais de febre precisamos nos ater as causas infecciosas; o Risco de septicemia ou de meningite por Streptococcus pneumoniae: 400x maior Para pacientes esplenectomizados: protocolo especifico de imunizações para reduzir as chances de infecções dos pacientes. Protocolo de febre para crianças com menos de 5 anos Exame físico: avaliar sinais que indiquem infecção (desconforto respiratório, icterícia (sinaliza maior depleção de hemácias – quadro infecciosos virais podem levar a icterícia), sepse ou meningite, AVC, alterações osseas, pielonefrite, aumento de baço, sinais neurológicos de infarto cerebral, pesquisar pulsos e enchimento capilar, gradientes térmicos. Exames complementares: hemograma com contagem de reticulócitos; hemocultura, urocultura, copocultura (se tiver diarreia), sorologia para Mycoplasma pneumoniae, radiografia do tórax, punção lombar (em pacientes menores de um ano com sinais mínimos sugestivos de meningite e toxemia), radiografia do esqueleto com cintilografia (alterações e dor óssea), USG abdominal. Tratamento Internar os menores de 3 anos com temperatura acima de 38,3° C e iniciar antibioticoterapia venosa na sala de emergência (preferencialmente o ceftriaxone). Acima de cinco anos vai depender da suspeita e do quadro clínico do paciente: o Se a suspeita for de osteomielite: o agente frequente é staphylococcus aureus ou Salmonella sp.: cefuroxima. o Síndrome torácica aguda: fazer associação de eritromicina com cefalosporina. Se não for detectada nenhuma etiologia devo manter os antibióticos por 72 horas e suspender apenas quando a hemocultura for negativa. Alta após 72 horas com antibiótico oral caso o paciente esteja afebril, sem toxemia e com nível de Hb seguro. Crise de sequestração esplênica o Aumento súbito do volume esplênico + queda nos níveis de Hb + reticulocitose. Acontece um sequestro do sangue para o baço, isso faz com que o órgão fique aumentado. Quando o sangue é puxado para dentro do baço acontece uma queda de pelo menos 2 g/dl em relação ao valor basal da hemoglobina. O normal do valor basalcostuma variar de 8 a 9 g/dl. Essa alteração associada aos valores de reticulócitos são indicativos de crise do sequestro esplênico; o O quadro cínico vai ser compatível com aumento do baço, taquicardia, taquipneia, queda da hemoglobina; astenia, descompensação hemodinâmica que vão evoluir para o choque hipovolêmico; Tratamento Correção da hipovolemia, com transfusão de hemácias para aumentar a Hb para 9 a 10 g/dl. Orientar a família quanto à palpação do baço para diagnóstico precoce do aumento súbito e socorro imediato. Crise aplástica o Ocorre quando a medula deixa de produzir as 3 series: brancas, vermelhas e plaquetas, ou seja, vai ter anemia, leucopenia e plaquetopenia; é autolimitada e tem uma duração de 7 a 10 dias. o Para o paciente falcêmico vai ocorrer após processos infecciosos, quando muito intensos costumam ser resultado de infecção por parvovírus B 19; Diferença laboratorial da crise aplástica para o sequestro esplênico: ▪ Crise aplástica: ocorre a ausência de atividade medular – reticulopenia; ▪ Sequestro esplênico: aumento da produção de hemácias – reticulocitose. Tratamento Prevenção: tratar os sintomas, correção da anemia quando houver repercussão clínica (taquicardia, taquipneia, baixa perfusão, etc), em casos de sangramento fazer a transfusão de plaquetas e manter em observação até a melhora. Síndrome torácica aguda o Acometimento respiratório em paciente falcêmico, pode ser uma febre associada à dispneia/ taquipneia, tosse, dor torácica, hipoxemia, novo infiltrado pulmonar na radiografia (sugere algo crônico); o Crianças menores de 10 anos vão apresentar febre, tosse e sibilancia (muito semelhante aos quadros de pneumonia). Em pacientes com história prévia de asma vai ter uma maior frequência de sibilos, e aumenta a probabilidade de recorrência da STA. Tratamento Internar e solicitar exames complementares; Hemograma, contagem de reticulócitos, hemoculturas, gasometria arterial (se a saturação de O2 < 96% ou decréscimo de 25% do basal), tipagem sanguínea ABO e Rh, raio X de tórax, sorologia para Mycoplasma pneumoniae. Avaliar a necessidade de USG de tórax, tomografia de tórax ou cintilografia pulmonar. o Oxigenoterapia: manter a saturação de O2 acima de 92% - suporte ventilatório; o Analgesia: pode ocorrer sedação e depressão respiratória – se eu prescrevo uma infusão lenta o risco é baixo. o Antibioticoterapia venosa: bactérias encapsuladas; cefalosporinas de segunda ou terceira geração; associação com eritromicina. o Uso de broncodilatadores: em pacientes com sibilância; o Tratamento de suporte: fisioterapia respiratória; manter o paciente monitorado e com suporte adicional necessário. Vasculopatia cerebral o Etiologia indefinida, acredita-se que há uma maior chance de lesão vascular associada ao estado hipercoagulabilidde devido uma hiperplasia da camada mais superficial dos vasos (intima) dos grandes vasos com progressiva estenose para artérias cerebrais. o Principais complicações: acidente vascular encefálico, infarto cerebral silencioso, déficits cognitivos, cefaleia aguda e crônica. Acidente vascular cerebral Entupimento dos vasos sanguíneos e redução da corrente de sangue no cérebro, causando derrame. o Quadro clinico: hemiparesia, hemiplegia, alteração do campo visual, afasia, disartria, paralisia de nervos cranianos. Quando mais graves pode ter convulsões e coma. o A recuperação pode ser completa ou pode restar dano cerebral e sequelas neurológicas graves. Em alguns casos podem levar até a morte. o O AVC hemorrágico, mais comum em adultos, 5% dos casos e apresenta mais morbimortalidade. AVC isquêmico ocorre principalmente em crianças e em pacientes com HbSS, raro naqueles com HbSC e S/talassemias. o Incidência de aproximadamente 11% nos indivíduos com HBSS até os 18 anos de idade. Pode ser reduzido para 1% se feita a triagem com doppler transcraniano e aplicar medidas preventivas. o Prevenção: antes dos 18 anos fazer uma ressonância com Doppler transcraniano para avaliar a perfusão cerebral, áreas de estenose, áreas de risco, ou pre- infartadas e definir qual a melhor conduta. Tratamento Internar em UTI; A avaliação laboratorial deve conter hemograma, contagem de reticulócitos, %HBS, tipagem sanguínea, função renal, hepática e eletrólitos; Com até 4horas e meia pode fazer uma transfusão simples ou a transfusão com troca; Medidas de suporte: exames de imagem nas primeiras 6 horas após estabilização do paciente. Estabelecer acompanhamento com hematologista e neurologista pediátrico. Após o quadro agudo é preciso manter o paciente em regime crônico de transfusões com intuito de reduzir a concentração de HBS para menos de 30%. Pacientes menor de 2 anos que apresente febre e crise convulsiva, ou qualquer paciente que apresente febre e cefaleia pode ser um quadro de meningite. Infarto silencioso cerebral Vão ocorrer por oclusão, estenose ou até mesmo hipoxia com pequenas áreas de morte cerebral. Os pacientes são assintomáticos, fazendo áreas focais de isquemia. o Mais comum em crianças, principalmente lactentes e pré-escolares. o Fatores de risco: sexo masculino, hemoglobina basal baixa, hipertensão, convulsões prévias e evidência de doença cerebrovascular. o A frequência é de 25% dos menores de seis anos e 39% até os 18 anos. Não há tratamento, o que pode ser feito e reduzir as chances de um novo episódio. Cefaleia o Cefaleia aguda: sintoma inicial de um AVC. A hipoxemia crônica vai resultar no quadro de cefaleia mais agudo; Habitualmente estão associados a situações que requerem conduta médica imediata (AVE hemorrágico, isquêmico ou trombose dos seios venosos). o Cefaleia crônica ou recorrente: associada a hipoxemia crônica e/ou de vasculopatia cerebral. Tratamento: analgésico simples e hidratação rigorosa. Priapismo Ereção dolorosa e prolongada do pênis não acompanhada de desejo ou estímulo sexual, que persiste por mais de 4 horas. Classificação: ▪ Pode ser de alto fluxo (menos vigorosa, não causa dor, sem lesão isquêmica) ou baixo fluxo (ereção vigorosa, rígida e dolorosa; com lesão isquêmica, mais comum); ▪ Menor: episódios isolados ou raros, duração menor que 3 horas; ▪ Recorrente: vários episódios com duração menor que 3 horas por semana, durante 4 semanas. ▪ Prolongado: duração maior de 3 horas o Complicação nos meninos maiores de dez anos. Se não for tratado em até seis horas pode levar a uma disfunção erétil permanente. Tratamento Até duas horas: analgesia simples, aumento da ingesta hídrica, caminhada, micção e banho morno; TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS As transfusões sanguíneas estão indicadas em situações em que a anemia determine repercussões clínicas, como: na queda da Hb de 2 g/dL ou mais do valor basal com repercussão hemodinâmica, na crise aplástica, no sequestro esplênico, na STA, na hipóxia crônica, no cansaço e dispneia com Hb abaixo do nível basal e na falência cardíaca, infecção grave deficiência de múltiplos órgãos, cirurgia, sequestro hepático esplênico. Indicações controversas: episódios frequentes de crise álgica, ou de síndrome torácica aguda, ou na prevenção da hipertensão pulmonar, ou do priapismo. Qual volume de sangue? ▪ 10 a 15 mL/Kg de concentrado de hemácias filtradas e fenotipadas; ▪ Hiperviscosidade deve ser evitada: <10g/dl; ▪ Solicitar sempre hemoglobina pré e pós transfusional. IMUNIZAÇÕES o Processos vaso-oclusivos repetidos no baço vai levar a uma asplenia funcional. O paciente passa a ter uma menor capacidade de produção de anticorpos, redução imunológica, menor sinalização de patógenos, dificuldade de opsonização. Pode haver uma redução no tamanho do baço que vai regredir e perder a função; o Podem necessitarde transfusões sanguíneas; o Vacinação precoce para evitar uma crise esplênica; o Programa vacinal + penicilina profilática (oral e intramuscular) Profilaxia com penicilina G benzantina ou penicilina via oral: 3 meses até 5 anos Via oral I. Lactentes 200.000 unidades 2 x ao dia II. Pré-escolares: 400.000 unidade 2x ao dia G benzantina I. Lactentes 300.000 unidades a cada 28 dias II. Pré-escolares 600.000 unidades a cada 28 dias. o Pacientes alérgicos: usar eritromicina Pacientes pediátricos com doenças hematológicas benignas durante a pandemia de COVID-19: doença falciforme Predispoem à (STA): aumento da taxa de internação hospitalar/ uso de ventilação mecânica; Aumento de hipóxia, desidratação ou acidose; A infecção viral pode favorecer infecção bacteriana secundária ou infecções virais pulmonares; Apresentações mais graves em pacientes com hipertensão pulmonar ou a doença; Uso da hidroxiureia pode interferir na imunidade, contudo o benefício é superior a suspensão; Passado de doença neurológica (AVC) sugere maior risco: infecção respiratória com hipóxia pode desencadear o acidente vascular cerebral. PEDIATRIA GERAL Não é considerada uma doença, é uma síndrome dolorosa em membros, com evolução crônica ou recorrente. O conceito utilizado no diagnóstico é o mesmo para as dores de outras localizações: pelo menos três episódios de dor, de intensidade suficiente para interferir nas atividades habituais da criança, por um período de pelo menos três meses. Não é indicação de doença reumática futura. Epidemiologia o A frequência maior de queixas de dor muscular é entre 4 a 10 anos com discreto predomínio no sexo feminino; o A maior dificuldade é diferenciar as causas orgânicas das síndromes de amplificação dolorosa (funcionais/mecânicas); o Existem 5 grupos de causas orgânicas (doenças inflamatórias, hematológicas, oncológicas, metabólicas e mecânicas) e um grupo de causas funcionais; o 4 a 15% das consultas pediátricas; o 25% das queixas são causas reumatológicas. Diagnóstico Na anamnese obter: caracterização da dor (localização, tempo de duração, variação da intensidade, fatores de melhora e piora, uso de analgésicos, etc), manifestações sistêmicas (queda do estado geral, perda de peso, febre, lesão de pele, linfonodo, fraqueza muscular), envolvimento de outros órgãos e sistemas, história patológica pregressa, histórico familiar, distúrbios emocionais, queixas previas ou concomitantes de cefaleia e/ou dor abdominal recorrente. No exame físico é essencial avaliação do aparelho locomotor, com avaliação da postura, marcha, semiologia articular – verificar se há artralgia, edema, rubor, calor articular. Avaliar também se há manifestações cutâneas, pulsos periféricos, analise de força muscular e dos reflexos tendinosos. pGALS – manobras de screening Trata-se de uma abordagem mínima (perguntas e exame físico) que objetiva avaliar o sistema musculoesquelético em crianças, e identificar alterações de marcha (Gait), membros: braços (Arms) e pernas (Legs), e coluna (Spine). O objetivo final é a detecção precoce de doenças. Manobras de screening 1. Observe a criança de pé (de frente, de costas e dos lados): avaliação da postura; lesões de pele; diferença de comprimento de membros; desvios da coluna (escoliose, cifose, lordose), alinhamento das pernas (genu valgo e varo); edema de articulações, hipotrofia muscular, pés planos; 2. Criança andando normalmente, sobre os calcanhares e nas pontas dos pés: Tornozelos, pés, pequenas articulações dos pés Posição do arco plantar (pés planos; modificação quando nas pontas dos pés); 3. Colocar os braços e mãos estendidas à sua frente: Tornozelos, pés, pequenas articulações dos pés. Posição do arco plantar (pés planos; modificação quando nas pontas dos pés); 4. Colocar os braços e mãos estendidas à sua frente: Extensão dos cotovelos, punhos e das pequenas articulações dos dedos; 5. Virar suas mãos e as feche com força: Supinação dos punhos e cotovelos. Flexão das pequenas articulações das mãos; 6. Encostar os seus dedos indicadores nos polegares: Coordenação motora, concentração e movimentos das pequenas articulações do primeiro dedo (polegar) e segundo dedo (indicador). Capacidade de pinça; 7. Tocar as pontas de cada um dos seus dedos com o polegar: Coordenação motora, concentração e movimentos das pequenas articulações do polegar e dos dedos; 8. Apertar as articulações metacarpofalangeanas para detectar dor ou desconforto: Articulações metacarpofalangeanas; 9. Juntar as palmas de suas mãos: Flexão de cotovelos. Flexão dorsal de punhos. Extensão das pequenas articulações das mãos; 10. Juntar as costas das suas mãos: Flexão ventral de punhos; 11. Levantes seus braços e olhe para o teto: Extensão dos cotovelos. Extensão dos punhos. Extensão da coluna cervical Abdução do ombro; 12. Colocar suas mãos atrás do pescoço: Abdução do ombro. Rotação externa dos ombros. Flexão dos cotovelos; 13. Tentar encostar sua orelha no ombro: Rotação lateral da coluna cervical; 14. Abrir bem a sua boca e colocar 3 dedos dentro dela: Articulação tempomandibular; 15. Palpar o joelho e pressione a patela (sinal da tecla): Derrame na articulação do joelho; 16. Flexionar e extender o joelho; palpe durante o movimento para pesquisar crepitações: Extensão e flexão do joelho 17. Com o joelho a 90º rodar a perna para fora (rotação interna do quadril) e para dentro (rotação externa do quadril): Flexão do quadril e rotação interna e externa do quadril; Dores funcionais recorrentes em membros 18. Dobrar a coluna sem dobrar os joelhos. Até onde consegue ir?: Flexão coluna toracolombar. Pesquisa de escoliose. Quanto à exames complementares: se fazem necessários apenas em casos de dúvidas diagnósticas: solicitar hemograma completo, provas de atividade inflamatória – velocidade de hemossedimentação e proteína C reativa – e radiografias bilaterais da região referida como dolorosa. Diagnóstico diferencial Alterações ortopédicas, neoplasias, doenças hematológicas, metabólicas, endocrinológicas, nutricionais, infecciosas, reumatológicas, síndromes dolorosas idiopáticas, dentre outros. Para a faixa etaria pediatrica chama-se a atenção para a dor associada a má postura de causa mecanica que foi intensificada pela pandemia (a criança passa mais tempo frente à TV, ou no computador com posturas inadequadas). Tratamento Não existe tratamento universalmente padronizado. A terapia busca restauração funcional e alivio da dor. Algoritmo de abordagem da dor musculoesquelética. As dores de crescimento, fibromialgia, distrofia simpático- reflexa e o reumatismo psicogênico representam as principais causas funcionais de dores nos membros. Dores do crescimento São a causa mais comum de dores nos membros, ocorrendo em pré-escolares e escolares com prevalência de 35 a 40%. Existem 3 teorias que explicam seu aparecimento o Fadiga (em resposta ao superuso) o Fatores anatômicos (pés planos, genu recurvatum) o Fatores psicológicos (dores funcionais) o As DC são intensas, recidivantes, difusas, localizadas em MMII (face anterior das coxas e tíbias, próximo aos joelhos, panturrilhas), de duração breve e resolução espontânea ou com massagens, vespertinas ou noturnas de evolução benigna e autolimitada. Cursam com exame físico e complementares normais O tratamento consiste na pratica de exercícios físicos, calor local, massagens e, sobretudo, identificação e eliminação dos possíveis conflitos emocionais subjacentes, além de tranquilização da família. Distrofia simpático reflexa Também conhecida como síndrome da dor complexa regional, é uma condição que causa dor forte sem melhora. Características da dor:
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