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PEDIATRIA GERAL

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T
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IA
MÓDULO PEDIATRIA CLÍNICA- 5º P. MEDICINA UNIFTC 
 Thaís Silva 
Sumário 
1. Febre sem sinais localizatórios 
2. Dor abdominal 
3. Diarreia 
4. Doença falciforme 
5. Dores recorrentes em membros 
6. Adenomegalias 
7. Parasitoses intestinais 
8. Violência na infância 
9. Dermatopatias 
10. Doenças exantemáticas 
11. Infecções do trato urinário 
12. Pneumonias comunitárias
13. Seguimento ambulatorial do pré-maturo
14. Febre reumática 
PEDIATRIA GERAL 
 
A febre é a elevação da temperatura corpórea que, ultrapassa a variação diária normal, em resposta a uma variedade de estímulos, 
isso será medido e controlado pelo SNC. A medida da temperatura corpórea mais confiável é aquela tomada por via oral ou retal 
(Temperatura retal: 38,3º / Temperatura oral: 38º/ Temperatura axilar: 37,8º). 
 
A Febre sem sinais localizatórios é uma febre com 
menos de 7 dias sem identificação de causa após avaliação 
médica (anamnese, exame físico e avaliação laboratorial), em 
uma criança em bom estado geral. 
 
Não confundir com febre prolongada de 
origem obscura (FPOO): que é caracterizada por 
febre de existência indiscutível, duração mínima de 
3 semanas, com um quadro clínico inconcluso e que 
permanece sem diagnóstico após a realização do 
conjunto de exames e procedimentos indicados 
inicialmente para aquele caso particular. 
 
As doenças infeciosas são a causa mais comum 
identificável em crianças, seguidas pelas doenças 
reumatológicas. As doenças neoplásicas são menos 
comuns e costumam ter outras manifestações associadas. A 
maioria dessas crianças apresentam uma doença infecciosa 
aguda autolimitada ou está no pródromo de uma 
doença infecciosa benigna; poucas têm uma infecção 
bacteriana grave ou potencialmente grave. O grande desafio 
dos pediatras, no atendimento das crianças com FSSL, reside 
na diferenciação dos processos febris de uma doença benigna 
autolimitada daqueles poucos que podem ter uma infecção 
bacteriana grave 
 
Importante ressaltar que FSSL não é sinônimo de 
criança com febre e exame físico normal, pois a 
elucidação da causa da febre pode estar na história, 
por exemplo, em uma criança com disenteria e 
febre. 
 
Epidemiologia 
o A maioria está associada a uma doença viral benigna 
autolimitada; 
o 20% dos casos de febre não se identifica um foco; 
o Corresponde a 25% dos casos de febre nos neonatos; 6 
a 15% de lactentes jovens; 5 a7% de 3 a 36 meses de 
idade. 
 
Febrefobia: há muito desconhecimento acerca da febre 
nem sempre é um sinal de algo negativo, muitas vezes 
ocorre para sinalizar uma cascata inflamatória em 
resposta a alguma coisa. Nem toda febre precisa de 
medicação; é necessário acompanhar a evolução da 
febre; 
 
Cuidado com: 
o Uso abusivo de antipiréticos; 
o Prescrição médica sem estar de acordo com evidencia 
cientifica; 
o Uso adequado do antipirético: dipirona e ibuprofeno são 
mais seguras para crianças acima de 1 ano e o 
paracetamol é recomendado para menores de 1 ano. 
Dipirona não é recomendado para menores de 1 ano 
devido ao risco de alteração das discrasias sanguíneas. 
Ibuprofeno é um antinflamatorio não esteroidal, então é 
preciso evitar em algumas situações como por exemplo, 
se a criança estiver desidratada ou em um quadro de 
arbovirose. 
 
Etiologia 
 
Principais agentes etiológicos das doenças bacterianas graves 
 
Pensando em doenças bacterianas graves (são aquelas que 
tem uma morbimortalidade aumentada: meningite, 
pneumonia, artrite séptica, osteomielite, enterite e 
bacteremia oculta); 
 
*Em recém nascidos: atenção para enterococos e estreptococo do 
grupo B. 
A vacinação é responsável pela diminuição da frequência de 
doenças bacterianas graves, tem para Hemophilus influenzae, 
Streptococus pneumoniae, Neisseria meningitidis. 
 Existem 3 tipos de vacinas pneumocócica (10 fornecida 
no SUS e protege contra 10 sorotipos,13 é particular e 
protege contra 13 sorotipos, dentre eles, o sorotipo 
19A e a 23 que é indicada para os idosos ou crianças 
com algum problema respiratório). 
 
AVALIAÇÃO DA CRIANÇA FEBRIL 
A avaliação da criança febril começa por uma anamnese 
detalhada, passa por um exame físico completo, destacando-
se a presença ou ausência de sintomas e sinais que possam 
ser utilizados para prever o grau de risco 
 
História clínica e exame físico 
Buscar a história da febre, a frequência e intervalo da febre, 
graduar a temperatura mais alta; analisar presença de 
sintomas associados; história com contactente; medicações; 
vacinação; outras comorbidades associadas. 
 
Triangulo pediátrico 
O triangulo pediátrico é uma ferramenta de diagnóstico, 
possibilita ter uma impressão geral da criança, estabelecer a 
gravidade da apresentação e a categoria da fisiopatologia e 
Febre sem sinais localizatórios 
determinar o tipo e urgência da intervenção. Resume os 
achados “instintivos”. 
 
 
 
DOENÇAS BACTERIANAS GRAVES 
ITU 
o Corresponde à 80% das FSSL; 
o O atraso no diagnóstico de ITU coloca em risco a função 
renal do paciente, principalmente para os menores de 3 
anos, que dificilmente tem sintomas localizados; 
o Mais comum em meninos não postectomizados, brancos 
e com temperatura acima de 39º, sem foco possível após 
avaliação, e em meninas abaixo de 1 ano com 
temperatura maior que 39º com duração maior que 48h 
sem foco provável. 
o O diagnostico é feito com o sumario de urina e 
urocultura – não é necessário esperar o resultado da 
urocultura para tratar. 
 
Bacteremia Oculta 
o Presença de bactéria em hemocultura, em uma criança 
febril, sem infecção localizada e com pouco ou nenhum 
achado clínico na anamnese e exame físico. Quando a 
investigação não releva um diagnóstico de ITU, 
meningite, pneumonia e a hemocultura vem positiva; 
o A hemocultura será realizada em crianças acima de 3 
meses que a investigação não revela foco; 
o Embora a maioria dos episódios de bacteremia oculta 
tenha resolução espontânea, às vezes podem ocorrer 
complicações sérias, como pneumonia, meningite, 
artrite séptica, osteomielite, sepse e morte. 
 
Meningite 
o Pode levar a óbito em 24h. Houve uma redução da 
meningite C com a vacinação. Não raramente a criança 
vai repetidas vezes na emergência e só é diagnosticado 
em uma segunda/terceira vez; 
o Indicação de liquor: pacientes com sintomas 
neurológicos; recém nascidos; pacientes de 29 dias a 3 
meses que sejam de alto risco; e pacientes toxemiados. 
o O liquor normal tem poucos leucócitos e predomínio 
de linfócitos, glicose acima de 50 ou 75% da glicemia 
sérica e pouca proteína. Na meningite bacteriana vai ter 
o aumento de leucócitos com predomínio de 
neutrófilos, redução da glicose e aumento de proteína. 
Na meningite viral tem apenas um discreto aumento do 
número de leucócitos com predomínio de neutrófilos. 
o É possível ter sinais de meningite em crianças com 
fontanela fechada, com a fontanela aberta não vai ser 
feito a rigidez de nuca e sim o abaulamento de fontanela 
com a palpação mais rígida. 
 
Pneumonia oculta 
Na investigação não tem achados respiratórios sugestivos de 
pneumonia (tosse, alteração da ausculta respiratória, 
tiragem) mas o diagnostico radiológico revela uma imagem 
compatível com a pneumonia. 
Caiu muito com a vacinação, representando menos que 3% 
das doenças bacterianas graves nas FSSL. 
 
Quando realizar o raio x? 
O raio x só é feito para crianças de alto risco abaixo de 3 
meses, ou para crianças de 3 a 36 meses quando a 
temperatura for acima de 39º com sumario de urina normal 
e hemograma com leucocitose. 
 
Caso o raio x esteja alterado é pneumonia oculta, caso 
contrário é bacteremia oculta. 
 
Exames complementares 
1. Hemograma: ideal para afastar a bacteremia oculta; 
2. Exame parcial de urina e urocultura; avaliar contagem de 
leucócitos na urina (acima de 10 indica leucocituria); 
bacterioscopia e nitrito (sensibilidade de50% e 
especificidade de 99%) positivo – ITU. Na urocultura 
tem que ter mais de 100 mil ufc de uma única bactéria. 
3. Proteína C reativa: para fase aguda. Produzida depois de 
um estímulo inflamatório seja por estimulo inflamatório 
ou infeccioso. Para elevação da PCR é necessário no 
mínimo 12h, pico é em 48h, os valores a serem 
considerados são acima de 6 positivo. 
o Até 40: doença viral 
o Entre 40 e 80: não afasta doença 
bacteriana, mas não afirma 
o Acima de 80: doença bacteriana grave. 
4. Procalcitonina: para fase aguda. Peptidio que surge em 
quadros sépticos em cerca de 3h a elevação e o pico em 
12h - aplicabilidade restrita. 
5. Raio x de tórax 
6. Punção lombar: recém nascidos, pacientes de alto risco 
entre 29 dias a 3 meses, toxemiados ou sinais de 
menigismo. 
7. Hemocultura: caso não tenha a suspeita de ITU e risco 
para doença bacteriana grave. 
 
FLUXOGRAMA DA FSSL 
 
 Fluxograma 1 
De 0 a 36 meses, o primeiro passo é fazer o triangulo 
pediátrico e avaliar se tem toxemia: 
 Sim: solicitar internação e exames complementares; 
entrar com antibiótico empírico, na primeira hora. 
 Não: dividir entre as faixas etárias 
o 0 a 29 dias: solicitar internação e exames 
complementares; entrar com antibiótico empírico, 
na primeira hora. 
 
o 29 dias a 3 meses: solicitar sumario de urina, 
urocultura, hemograma para avaliar se é de baixo 
ou alto risco. 
- Se for baixo risco: antitérmico e avaliação de 12 
a 24h 
- Se for alto risco: internar e solicitar exames 
(urina, urocultura, hemocultura, LCR, raio x de 
tórax) entrar com antibiótico empírico 
 
 
o 3 a 36 meses: avaliar a temperatura: 
- Menor ou igual a 39º: antitérmico e reavaliar em 24h; se 
na anamnese houver suspeita de ITU solicitar sumario de 
urina e urocultura; 
- Maior que 39º: solicitar sumario de urina e urocultura; se 
for negativo para ITU (urina sem nitrato urinário ou 
leucocultura < 100.000UI/ml), solicitar hemograma e 
hemocultura, se o hemograma vem normal ou com 
leucócitos < 20.000/mm³ ou o total de neutrófilos < 
10.000/mm³ reavaliar em 24h e prescrever antitérmico. Caso 
os leucócitos > 20.000/mm³ ou o total de neutrófilos > 
10.000/mm³, pode ter o risco para BO ou pneumonia, 
realizar então o raio x de tórax. Caso o raio x venha normal 
é indicação de BO, avaliar então o cartão vacinal, se ele não 
estiver completo ou com pelo menos 2 doses entrar com 
antibiótico (cefalosporina de 3ª geração) e reavaliar 
diariamente até a hemocultura vir positiva. 
 
Possibilidades de avaliar a cultura de vírus: 
 Padrão ouro: cultura viral (é inviável na pratica 
clinica para diagnostico pela demora do resultado) 
 Teste rápido de detecção de antígeno (tem uma 
sensibilidade baixa, depende da carga viral) 
 Imunofluorescência indireta (custo elevado) 
 Reação em cadeia de polimerase (aplicabilidade 
restrita devido ao custo elevado; complexo por faz 
a detecção do DNA viral) 
 
PVR - Painel viral 
o Adenovírus 
o Influenza 
o Parainflenza 
o Rhinovírus 
o VSR 
o HHV-6 
o Coxsackie 
o Covid -19 
 
o Fluxograma 2 
 
▪ Para pacientes toxemiados e recém nascidos fazer o 
PVR inclui a pesquisa viral no ato do internamento; 
▪ Pacientes de 1 a 3 incluir o PVR no momento da 
hemocultura e sumario de urina; 
▪ Pacientes de 3 a 36 meses, no ato do internamento, vai 
depender da atualização vacinal; 
▪ O PCR é solicitado no mesmo momento do 
hemograma. 
 
TRATAMENTO 
 Antipirético 
 
Cefalosporina de 3ª geração mais usado é o ceftriaxona. 
 
O uso intercalado de antipirético é raro uma vez 
que a febre medicada é com mal estar associado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELAS DO TRATADO DE PEDIATRIA 
 
Fluxograma 1: Estratégia para avaliação e seguimento das crianças de até 36 meses com febre sem sinais localizatórios. Atb: antibioticoterapia; BO: 
bacteriemia oculta; Hib: Haemophilus influenzae tipo b; Hmc: hemocultura; Hmg: hemograma; IM: intramuscular; IU: infecção urinária; LCR: líquido 
cefalorraquidiano; meningo: meningococo; nl: normal; pneumo: pneumococo; Rx: radiografia, Tax: temperatura axilar; UI: sedimento urinário; Uroc: 
urocultura. 
 
Fluxograma 2: Proposta atual para avaliação e seguimento de crianças de até 36 meses com febre sem sinais localizatórios. Atb: antibioticoterapia; BO: 
bacteriemia oculta; Hib: Haemophilus influenzae tipo b; Hmc: hemocultura; Hmg: hemograma; IM: intramuscular; IU: infecção urinária; nl: normal; LCR: 
líquido cefalorraquidiano; meningo: meningococo; pneumo: pneumococo; PVR: pesquisa de vírus respiratório (quando disponível); Rx: radiografia, Tax: 
temperatura axilar; UI: sedimento urinário; Uroc: urocultura; *Vacinação completa: pelo menos 2 doses das vacinas para hemófilos, pneumococo e 
meningococo. 
PEDIATRIA GERAL 
 
A dor abdominal pediátrica é um problema comum que, muitas vezes, representa um dilema diagnóstico. A maioria dos episódios é benigna e 
autolimitada, mas a dor abdominal persistente pode significar uma patologia subjacente que requer intervenção urgente. A avaliação e a 
intervenção em tempo hábil são essenciais em crianças que apresentam dor abdominal. 
A dor é um mecanismo de defesa que sinaliza que há algo de errado. 
o Corresponde a 4% das consultas pediátricas de emergências; 
o 10 a 20% das crianças e adolescentes vão ter queija de dor 
abdominal durante infância; 
o Mais frequente no sexo feminino. 
 
Classificação 
 Aguda: de curto prazo, aproximadamente 21 dias, quando 
passa disso fica persistente; estão mais associadas a doenças 
orgânicas e normalmente vem associado a outros sinais e 
sintomas a exemplo do vomito e da febre; 
 Crônica: duração mais de 2 meses; pode ser constante ou 
intermitente (em surtos), não tem uma característica bem 
definida, as pessoas podem apresentar diferentes padrões de 
dor; mais comum entre as faixa etárias de 4-6 anos e 7-12 anos. 
 
DOR ABDOMINAL AGUDA / ABDOME AGUDO 
Tem início súbito e pode apresentar características diversas quanto 
à localização, à intensidade e aos sintomas associados. Na pediatria, 
o desafio da dor abdominal aguda é ainda maior, pois a reduzida 
capacidade de cooperação dos pacientes e a grande variedade de 
etiologias podem dificultar o diagnóstico preciso. A dor abdominal 
é sintoma inicial de doenças de apresentação grave. 
O objetivo principal é afastar as emergências cirúrgicas. 
As patologias clínicas podem ser divididas entre causas intra e extra-
abdominais. Ou, ainda, as etiologias podem ser divididas entre 
causas gastrointestinais e outras causas, como demonstra a Tabela. 
 
O que avaliar? 
 Idade do paciente; 
 Anamnese e exame físico minucioso, sinais de alarme; 
 Observação clínica; 
 Exames subsidiários disponíveis; 
 
Tentar definir qual o tipo de dor: de origem intrabdominal ou de 
origem extra-abdominal, se é sistêmica ou funcional. 
 
 Sinais de alarme: podem ser procurados no momento em 
que se caracteriza a dor, avaliar se ela começou subitamente, 
se começou durante o sono, ou alguma brincadeira, se esta 
acompanhada de choro = a intensidade é maior. Se tem 
vomito, quando os vômitos começaram, avaliar sintomas 
sistêmicos associados, sinais de toxemias, aumento da FC, da 
FR, má perfusão, alterações físicas, presença de diarreia, etc. 
 
Medidas iniciais: 
o Se o paciente está instável: Estabilização respiratória e 
circulatória: 
- Avaliar intervenção cirúrgica imediata; 
- Principais: apendicite aguda/perfuração intestinal; 
o Exames laboratoriais e de imagem 
Na fase inicial do quadro, é frequente encontrar certa dificuldade 
em definir sua causa precisa. Nessas situações, a faixa etária do 
paciente pode auxiliar no estabelecimento do diagnóstico, pois a 
prevalência de cada etiologia pode variar de acordo com a faixa 
etária. 
Faixa etária para o diagnostico diferencial Observações: 
Menores de 2 anos: 
o Dificilmente vão verbalizar, se mostram mais irritados e 
chorosos; no exame físico é interessante buscar sinais e 
peritonite e massas; 
o Nessa idade considerar para emergências cirúrgicas: volvo, 
intussuscepção, hernia, obstrução; 
o Volvo: “nó” nas alças intestinais; 
o Intussuscepção: os vasos sanguíneos ficam presos entre as 
camadas do intestino, o que causa redução do suprimento de 
sangue, edema, estrangulação intestinal e gangrena. Por 
conseguinte, podem ocorrer sepse, choque e óbito. 
o O mais comum nessa faixa etária são gastroenterite, 
constipação e infecção urinaria (que não são causas cirúrgicas). 
Entre 2 e 5 anos: 
o Mais fácil de diferenciar causas cirúrgicas e clinicas; buscar 
sinais de peritonite ou massas que vão sugerir uma causa 
cirúrgica; 
o Começam a surgir os traumas. 
Entre 5 e 12 anos: 
o Atenção maior para os traumas; 
Acima de 12 anos 
o Se atentar ao desenvolvimento puberal; perguntar sobre a vida 
sexual da criança. 
 
 
Além da faixa etária, a sistematização da abordagem do paciente 
também pode facilitar o diagnóstico. Alguns autores propõem a 
abordagem do paciente em alguns passos: 
▪ primeiro passo: afastar emergências cirúrgicas; 
▪ segundo passo: descartar causas obstrutivas; 
▪ terceiro passo: avaliar a possibilidade de afecções 
infecciosas; 
▪ quarto passo: investigar doenças hepatobiliares; 
▪ quinto passo: identificar possíveis doenças funcionais 
 
 
DOR ABDOMINAL CRÔNICA 
Classificação 
 Funcional: ocorre na ausência de um dano tecidual. Não há 
lesão/alteração de órgão alvo. Após criteriosa avaliação 
Dor abdominal na infância 
médica, os sintomas não podem ser atribuídos a qualquer 
outra condição médica. Os critérios de Roma IV são utilizados 
para classificar a dor como funcional ou não. 
 Orgânica: dor que tem lesão de órgão, alteração sistêmica. 
Os sintomas são potencialmente causados por enfermidades 
orgânicas, as, quais, por usa vez são definidas como 
anormalidades anatômicas, inflamatórias, neoplásicas e/ou 
bioquímicas. 
 
Classificação da dor abdominal crônica 
História clínica e exame físico da criança com DAC 
 
 Características da dor: Localização, intensidade, frequência, 
periodicidade, relação com alimentação, dor noturna, 
interferência com as atividades habituais. (a dor muitas vezes 
é avaliada em pontos de acordo com a face de dor que criança 
tem); 
 Sintomas gastrintestinais associados: Pirose, saciedade 
precoce, empachamento pós-prandial, náuseas, vômitos, 
diarreia, constipação, tenesmo, sangramentos digestivos, 
icterícia. 
 Sinais/sintomas de outros sistemas: Sintomas urinários, 
cefaleia, sonolência após as crises de dor, artralgias/artrites, 
tosse crônica, asma, respiração bucal. 
 Sinais de comprometimento orgânico: Perda de peso, 
retardo no crescimento, retardo puberal, palidez cutâneo-
mucosa, febre. 
 Medicações em uso ou utilizadas: Antibióticos, anti-
inflamatórios, corticosteroides. 
 História alimentar: Consumo de leite e produtos lácteos, 
consumo de sucos naturais e artificiais, bebidas gaseificadas, 
consumo de balas e chicletes, alimentos irritantes gástricos 
(alimentos industrializados, condimentos picantes), conteúdo 
de fibra na dieta. 
 História familiar: Parentes com doenças do TGI ou de outro 
sistema e que evolua com dor abdominal, enxaqueca, 
manifestações alérgicas, tuberculose, quadros depressivos. 
 Antecedentes pessoais: Infecção viral recente, trauma 
abdominal, intervenção cirúrgica prévia. 
 Perfil psicológico e comportamental da criança. 
 Conhecimento de situações geradoras de ansiedade. 
 Exame físico: Peso, estatura, velocidade de crescimento, 
estágio puberal. 
Exame abdominal detalhado: localização da dor, massas, fígado, 
baço, loja renal. Avaliação perianal e toque retal. 
 
DOR FUNCIONAL CRÔNICA 
 
Transtornos gastrointestinais funcionais nas crianças e 
adolescentes 
1. Transtornos funcionais de náuseas e vômitos 
o Síndrome dos vômitos cíclicos: vômitos intensos, paroxísticos 
o Náusea funcional e vomito funcional 
o Síndrome de ruminação 
2. Transtornos da dor abdominal funcional 
o Dispepsia funcional 
o Síndrome do intestino irritável 
o Enxaqueca abdominal 
o Dor abdominal funcional inespecífica 
3. Transtornos funcionais de evacuação 
o Constipação funcional 
o Incontinência fecal não retentora 
 
 Síndrome dos vômitos cíclicos: 
o 0,2% a 1% das DAC 
o Idade mediana dos sintomas varia dos 3,5 aos 7 anos 
 
Critérios diagnósticos da síndrome dos vômitos cíclicos 
o A ocorrência de dois ou mais episódios de vômitos intensos, 
paroxísticos, sem remissão, durando de horas a dias dentro de 
um período de seis meses; 
o Episódios são estereotipados para cada paciente; 
o Episódios são separados por semanas ou meses com retorno 
a condição basal de saúde entre os episódios; 
o Após avaliação médica apropriada os sintomas não podem ser 
atribuídos a outra condição clínica. 
 
 Náusea funcional e vômito funcional 
Podem estar associados a sintomas autonômicos – transpiração, 
tonturas, palidez e taquicardia. 
 
Critérios diagnósticos para náusea funcional e vômito funcional 
a) Náusea funcional 
Necessita incluir todos os seguintes sintomas ocorridos nestes 
últimos dois meses: 
o Náuseas incomodante como sintoma predominante, 
ocorrendo pelo menos duas vezes por semana e geralmente 
não relacionada com as refeições 
o Consistentemente não associada com vômito 
o Após avaliação apropriada, a náusea não pode ser totalmente 
explicada por outra condição médica. 
b) Vomito funcional 
Devem incluir os sintomas que seguem: 
o Em média um ou mais episódios de vômitos por semana 
o Ausência de vômito auto-induzido o a existência de algum 
critério para um transtorno alimentar ou ruminação 
o Após avaliação apropriada o vomito não pode ser totalmente 
explicado por outra condição médica 
- Critérios preenchidos por pelo menos 2 meses antes do 
diagnóstico. 
 
 Síndrome de ruminação 
o Regurgitação repetitiva, desprovida de esforço acompanhada 
de reingestão e/ou o ato de cuspir o alimento no prazo de 
alguns minutos após ter iniciado a alimentação 
o Transtorno psiquiátrico causado principalmente por privação 
social-depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo 
estresse pós traumático, transtorno comportamental e 
transtorno de déficit de atenção-hiperatividade 
o Adolescentes do sexo feminino 
 
Critérios diagnósticos para síndrome de ruminação 
Devem incluir todos os sintomas que sequem: 
1. Regurgitação repetitiva e remastigação ou expulsão do 
alimento: inicia-se logo após a ingestão de um alimento; não 
ocorre durante o sono 
2. Não é precedido de eructação 
3. Após avaliação apropriada os sintomas não podem ser 
explicados por outra condição médica. Algum outro 
transtorno alimentar deve ser descartado 
- Critérios preenchidos por pelo menos dois meses antes do 
diagnostico 
 Aerofagia 
Ingestão de ar é excessiva o gás preenche o lumem gastrointestinal, 
resultando em eructações excessivas, distensão abdominal, 
eliminação de flatus e dor = distensão abdominal 
 
Critérios diagnósticos para aerofagia 
Devem inclui todos os sintomas que seguem: 
1. Excessiva ingestão de ar 
2. Distensão abdominal devido ao ar intraluminal, cuja distensão 
aumenta durante o dia 
3. Eructações repetitivas e/ou aumento da eliminação de flatus 
4. Após avaliação apropriada, os sintomas não podem ser 
totalmente explicados por outra condição médica 
Critérios preenchidos por pelo menos 2 meses antes do 
diagnóstico 
 
 Dispepsia funcional 
o Anormalidades da função gástrica motora, hipersensibilidade 
visceral devido a sensibilização central ou periférica 
o Acomodação gástrica prejudicada, determinada pela 
diminuição da capacidade de relaxamento do estomago, em 
resposta ao alimento 
 
Critérios diagnósticos para dispepsiafuncional 
Deve incluir um ou mais dos seguintes sintomas ao menos 4 dias 
por mês: 
1. Plenitude pós-prandial 
2. Saciedade precoce 
3. Dor epigástrica que não se associa à defecação 
4. Após avaliação adequada, os sintomas não podem ser 
plenamente explicados por outra doença. 
Estes critérios devem ocorrer por pelo menos 2 meses antes do 
diagnóstico 
Os seguintes subtipos estão agora adotados dentro da Dispepsia 
Funcional: 
1. Síndrome de dificuldade pós-prandial inclui desconforto da 
plenitude pós-prandial ou saciedade precoce que impede o 
término da refeição regular. Os critérios de suporte incluem 
distensão abdominal superior, náusea pós-prandial ou 
eructações excessivas. 
2. Síndrome de dor epigástrica, que inclui todos os seguintes 
sintomas: dor ou queimação (grave o suficiente para interferir 
com as atividades) localizada no epigástrio. A dor não pode ser 
generalizada, nem pode se localizar em outra parte do 
abdômen ou tórax e não é aliviada pela evacuação ou 
eliminação de flatos. Os critérios que suportam o diagnóstico 
podem incluir: (a) dor tipo queimação, mas sem o componente 
retroesternal e (b) a dor comumente é induzida ou aliviada 
pela ingestão de uma refeição, mas pode ocorrer durante o 
jejum. 
 
 Síndrome do intestino irritavel 
o Transtorno do eixo cérebro/trato digestivo 
o Diarreia ou constipação com dor intensa e estresse 
psicossocial 
o Disturbio funcional mais comum 
o Pode haver presença de muco nas fezes. 
 
Criterios diagnosticos para sindrome do intestino irritavel 
Deve incluir todos os critérios a seguir: 
1. Dor abdominal ao menos 4 dias por mês associada com um ou 
mais dos seguintes sintomas: 
 a. relação com a evacuação 
b. alteração na frequência das fezes 
c. alteração na aparência das fezes 
2. Em crianças com constipação, a dor pode não resolver com a 
resolução da constipação (crianças nas quais a dor resolve, têm 
constipação funcional e não síndrome do intestino irritável) 
3. após avaliação adequada, os sintomas não podem ser 
plenamente explicados por outra condição médica. 
Estes critérios devem ocorrer por pelo menos 2 meses antes do 
diagnóstico 
 
 Enxaqueca abdominal 
o Mecanismos deflagradores – estresse, fadiga e viagem. 
o Podem estar associados a sintomas – anorexia, náuseas e 
vômitos. 
o Fatores de alivio, a saber, repouso e sono 
o 1 a 4% das crianças de 7 a 12 anos 
o Historia familiar de enxaqueca 
o Precursora de cefaleia na vida futura 
 
Critérios diagnósticos para enxaqueca abdominal 
Deve incluir todos os seguintes sintomas ocorrendo ao menos duas 
vezes: 
1. Episódios paroxísticos de dor abdominal intensa, aguda e 
periumbilical, na linha média ou difusa, durando 1 hora ou mais 
(deve ser o sintoma mais grave e aflitivo) 
2. Episódios intervalados por semanas ou meses 
3. A dor é incapacitante e interfere com as atividades normais 
4. Padrões estereotipados e sintomas individualizados para cada 
paciente 
5. A dor está associada a dois ou mais dos seguintes sintomas: 
 a. anorexia 
 b. náusea 
 c. vômito 
 d. cefaleia 
 e. fotofobia 
f. palidez 
6. Após avaliação adequada, os sintomas não podem ser 
plenamente explicados por outra condição médica. 
Estes critérios devem ocorrer por pelo menos 6 meses antes do 
diagnóstico 
 
 Dor abdominal funcional inespecífica 
o Se diferencia da SII pela ausência de hipersensibilidade retal 
 
Critérios diagnósticos para dor abdominal inespecífica 
Deve ser preenchido ao menos 4 vezes por mês e incluir todos os 
seguintes sintomas: 
1. Dor abdominal episódica ou contínua que não ocorre 
exclusivamente durante eventos fisiológicos (ex: alimentação, 
menstruação) 
2. critérios insuficientes para síndrome do intestino irritável, 
dispepsia funcional ou enxaqueca abdominal 
3. após avaliação adequada, a dor abdominal não pode ser 
plenamente explicada por outra condição médica. 
Estes critérios devem ocorrer por pelo menos 2 meses antes do 
diagnóstico 
 
 Constipação funcional 
Potenciais sinais de alarme na constipação 
- Eliminação de mecônio após 48 horas do nascimento 
- Constipação que se iniciou no primeiro mês de vida 
- Historia familiar de doença de hishsprung 
- Fezes em fita 
- Fezes contendo sangue na ausência de fissura anal 
- Vômitos bilosos 
- Distensão abdominal intensa 
- Anormalidade na tireoide 
- Posição anormal do anus 
- Ausência de reflexo anal ou cremastérico 
- Diminuição do reflexo torácico das extremidades inferiores 
- Ondulação sacral 
- Tufo de pelos na coluna vertebral 
- Desvio da fenda glútea 
- Cicatriz anal. 
 
Critérios diagnósticos para constipação funcional 
Devem incluir dois ou mais dos seguintes sintomas que ocorrem 
pelo menos uma vez por semana por um período mínimo de um 
mês, com critérios insuficientes para o diagnostico de SII. 
1. Duas ou menos evacuações por semana em criança com idade 
de desenvolvimento de pelo menos 4 anos; 
2. Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana; 
3. História de comportamento de retenção ou retenção 
voluntária excessiva de fezes; 
4. História de evacuações dolorosas ou duras; 
5. História de fezes de grande diâmetro que podem obstruir o 
vaso sanitário; 
6. Presença de grande massa fecal no reto. 
7. Após avaliação apropriada os sintomas não podem ser 
totalmente explicados por outra condição médica. 
 
 Incontinência fecal não retentora 
o Frequencia de evacuação e parametros de motilidade clonica 
e anorretal normais 
o Diferenciar de escape fetal 
o Melhor tratamento: terapia comportamental 
 
Cirtérios diagnosticos para incontinencia fecal não retentora 
Os seguintes sintomas, com dração de um mês em uma criança com 
idade de desenvolvimento de 4 anos ou mais: 
1. Evacuaçoes em lugares inapropriados dentro do contexto 
sociocultural 
2. Ausencia de evidencias de retenção fecal 
3. Após avaliação médica apropriada, a IFNR não pode ser 
explicada por outra condição médica. 
 
 Regurgitação do lactente 
o Retorno involuntário do alimento previamente deglutido para 
a boca ou para o meio externo. É fisiológico. 
 
 Vomito é definido como um reflexo do sistema nervoso 
central que envolve a musculatura autonômica e esquelética, 
no qual o conteúdo do estomago é expelido para a boca em 
um movimento coordenado de intestino delgado, estomago, 
esôfago e diafragma. 
 
Critérios diagnósticos para regurgitação do lactente 
Devem incluir todos os seguintes sintomas em um lactente até 
então sadio com idades que variam de 3 semanas a 1 meses: 
1. Regurgitação duas ou mais vezes por dia, durante 3 ou mais 
semanas; 
2. Ausência de eructação e hematêmese, aspiração apneia “failure 
to thrive”, dificuldades para alimentação ou deglutição ou 
postura anormal. 
 
 Cólica do lactente 
o Choro inconsolável, prolongado, após a alimentação, distensão 
abdominal, flatulência, flexão das pernas, sintomas que não são 
ecessariamente indicativos de dor ou doença. 
o Lactentes de até 4-5 meses de idade sem siais de alteração do 
sistema nervoso central ou do desenvolvimento, com exame 
físico normal e bom ganho pôndero-estatural. 
 
Critérios diagnósticos para cólica do lactente 
Devem incluir todos os seguintes sintomas nos lactentes desde o 
nascimento até os 4 meses de idade: 
1. Irritabilidade paroxística, irritação ou choro que se inicia e 
finaliza sem uma causa obvia 
2. Episódios com duração de 3 ou mais horas por dia e que 
ocorrem pelo menos 3 dias por semana, com inicio de pelo 
menos há uma semana 
3. Ausência de “ failure to thrive” 
 
DOR ABDOMINAL CRÔNICA ORGÂNICA 
Sinais e sintomas de alerta: 
- História familiar de doença inflamatória intestinal, doença celíaca 
ou doença péptica 
- Dor persistente em quadrante superior ou inferior direito 
- Disfagia 
- Odinofagia 
- Vômitos persistentes 
- Sangramento gastrointestinal 
- Diarreia noturna 
- Diarreia crônica grave 
- Artrite 
- Icterícia- Doença perianal 
- Perda ponderal involuntária 
- Desaceleração do crescimento linear 
- Atraso da puberdade 
- Febre sem explicação 
- Sangue nas fezes 
 
Causas na infância: 
 
 
 
 Esofagite de refluxo 
o Dor: processo inflamatório mucoso secundário à exposição 
acida ou alcalina: contrações descoordenadas durante a 
ingestão; 
o Dor em queimação, localizada em abdômen superior e ou 
retroesternal; 
o Pode estar associada a regurgitação ou vomito, eructações ou 
soluços excessivos, sintomas otorrinolaringológicos, sintomas 
repiratórios; 
o Indicar EDA quando tiver presença de: hematêmese, melena, 
disfagia, odinofagia, pera de peso, aversão alimentar e anemia 
ferroptiva inexplicada ou refratários ao tratamento empírico. 
 
 Gastrite, duodenite e ulcera pelvica 
o Lesão da mucosa do estomago ou do duodeno 
o Dor em abdômen superior ou periumbilical no caso de 
crianças menores 
o Pode ter sintomas associados 
o Ulcera pélvica: infecção H pylori 
o Também é um diagnóstico clinico então indicar EDA apenas 
quando tiver presença de: hematêmese, melena, disfagia, 
odinofagia, pera de peso, aversão alimentar e anemia 
ferropriva inexplicada ou refratários ao tratamento empírico. 
 
 Intolerância a lactose 
o Redução da enzima lactase 
o Dor abdominal tipo cíclica, distensão abdominal, flatulência ou 
diarreia após ingestão de lactose 
o Geralmente se inicia na fase préescolar 
o Secundária – infecção, alergia alimentar, doença celíaca 
 
 Doença inflamatória intestinal 
*clinica depende do local e extensão do acometimento inflamatório 
Apresentações: 
o colite indeterminada: quando não é nem doença de crohn nem 
retocolite; 
o Retocitose ulcerativa 
- Perda de peso, sangramento retal, diarreia com muco e dor 
abdominal tipo cólica; 
- Envolve reto e área proximais e tem acometimento contínuo, 
atingindo mucosa e submucosa; 
o doença de crohn 
- Insidiosa, dor abdominal, diarreia e perda de peso 
- Mais comum manifestações extraintestinais (25, 35% dos 
casos) 
- Qualquer porção do trato gastrointestinal de maneira 
salteada, com inflamação transmural, podendo apresentar 
fístulas, úlceras, granulomas e vasculite 
 
 Doença celíaca 
 
doença sistêmica imunomediada 
 
induzida por glúten – autoanticorpos específicos 
 
diarreia, alteração do crescimento, anemia e distensão 
abdominal 
 
manifestações extraintestinais – dermatológicas, 
endocrinológica, hematológica, hepática, óssea, ginecológica, 
neurológica, reumatológica, cardiovascular, renal e 
psiquiátrica. 
 
Dosagem de IgA antitransglutaminase humana e 
Antiendomísio 
 
ABORDAGEM PARA DOR ABDOMINAL 
o Dependerá da hipótese diagnóstica 
o Causa orgânica: especifico para cada doença quando houver 
suspeita de uma causa orgânica 
o Tratamento deverá ser individual e as metas da terapêutica 
visarão diferentes aspectos, nas diferentes doenças 
o Assegurar o paciente e a família quanto à benignidade do 
quadro. 
 
Abordagem dietética 
o Carboidratos fermentáveis não absorvíveis (FODMAPs) são 
de mais difíceis digestão, então é importante avaliar se existe 
alguma piora com esses carboidratos e então indicar a 
substituição desses FPDMAPs por alimentos que sejam mais 
pobres nesses carboidratos. 
 
 
 
o Em portadores de doença celíaca avaliar a sensibilidade ao 
glúten não celíaca 
o Aditivos alimentares 
o Em casos de DAC associada à distensão abdominal e diarreia 
= retirada de lactose pode ser considerada 
o Dispepsia funcional= cafeína, picantes, gosdurosos podem 
aumentar a sensação de queimor 
Abordagem farmacológica 
o Manipulação do microbioma intestinal é um potencial alvo 
terapêutico: lactobacillus rhamnosus GG, Lactobacillus reuteri 
DSM 17938 e o VSL#3 (não disponível no Brasil) 
o Anticolinérgicos: escopolamina, na suspeita de abdome 
agudo não é interessante o uso de anticolinérgicos por que 
eles atuam parando o trânsito intestinal. 
o Antidepressivos: diminuindo o trânsito intestinal, tratando a 
depressão, melhorando o sono, induzindo analgesia 
o Enxaqueca abdominal: ciproheptadina, amitriptilina, propranol, 
pizotifeno e flunarizina (avaliar caso a caso) 
o Dispepsia funcional: bloqueio ácido com antagonistas dos 
receptores de histamina (H2) ou inibidores da bomba de 
prótons 
 
Abordagem psicológica 
o Boa relação medico-paciente familia 
o Fatores psicologicos 
o Terapias, suporte familiar, terapia cognitivo comportamental e 
psicoterapia 
 
 
 
 
 
PEDIATRIA GERAL 
 
A diarreia consiste em uma perda anormal de água e eletrólitos pelas evacuações, que se apresenta com diminuição da consistência 
do bolo fecal ou aumento da frequência e volume das evacuações. Podemos defini-la como: volume acima de 10 ml/kg/dia em 
lactentes e acima de 200g/dia em crianças mais velhas. Clinicamente é caracterizada pela ocorrência de 3 ou mais evacuações 
líquidas ou amolecidas em um período de 24h. 
 
 
 Atenção 
o A conceituação de diarreia baseada na frequência das 
eliminações em crianças é discutível, pois varia conforma 
a idade. Lactentes em aleitamento materno exclusivo, 
por exemplo, podem evacuar de 8 a 10 vezes ao dia 
(“passarinho” = come e caga), sem que isso signifique 
diarreia, ou podem passar até 10 dias sem evacuar que 
também é normal; 
o Desinteria: diarreia com sangue, muco e/ou pus; 
 
Classificação 
Ela pode ser classificada de acordo com a duração, com a 
localização intestinal e o mecanismo etiopatogênico. Em 
algumas situações, há sobreposição desses mecanismos, 
podendo a diarreia, nesses casos, apresentar mais de uma 
forma clínica. 
 Duração: 
o Aguda: duração de até 14 dias (etiologia infecciosa é a 
principal); 
o Persistente: duração em torno de 14 a 30 dias; 
o Crônica: duração superior maior que 30 dias. 
 
 Localização intestinal: 
o Alta: alteram a absorção no intestino delgado; 
costumam promover evacuações volumosas; 
o Baixa: alteram a absorção no cólon; promovem diarreia 
com evacuações menos volumosas. 
 
 Mecanismo etiopatogênico: 
o Osmótica 
Predomina nos quadros virais. Deve-se ao acumulo de 
substâncias osmoticamente ativas no interior da luz intestinal 
que exercem uma pressão osmótica capaz de reter liquido 
no lúmen da alça, causando uma diarreia líquida. O vírus 
provoca lesões focais em membrana apical o que leva ao 
surgimento de células imaturas e consequente diminuição da 
produção de muco, da liberação de lizoenzimas, lactoferrina, 
além de uma redução da capacidade de absorção dos 
nutrientes, principalmente dos carboidratos. Esse 
carboidrato não digerido leva ao aumento da pressão 
osmótica capaz de reter líquido no lúmen, causando uma 
diarreia líquida (ou semilíquida). O quadro é caracterizado 
por um volume fecal alto, porém, menor que os encontrados 
no quadro de diarreia secretória, de caráter explosivo (que 
se deve ao acumulo de gases) amareladas, e com grande 
perda hidroeletrolítica. Risco para desidratação e para o 
distúrbio eletrolítico, na maioria dos casos os vômitos estão 
associados. Quando há febre ela pode ser um pouco mais 
alta, como toda infecção viral. 
 
o Secretória 
Pode ocorrer por lesão da mucosa ou presença de 
enterotoxinas. Acontecem quando os sistemas de transporte 
de solutos no epitélio intestinal apresentam-se em um estado 
de secreção ativa que pode ser desencadeada pela presença 
de agentes secretagogos (como as enterotoxinas) que 
aumentam a concentração intracelular de mediadores de 
secreção, os nucleotídeos cíclicos (AMP e GMP) e do cálcio 
iônico, isso leva à secreção de ânios (principalmente cloreto 
e bicarbonato) pelas células intestinais, como consequência, 
à diminuição da absorção de agua e íons, ou seja, vai ter 
aumento do efluxo de sódio e água para o lúmen. O quadro 
é caracterizado por uma diarreia volumosa (grande volume 
de água e eletrólitos), e que persiste mesmo durante o jejum. 
Hápoucos sintomas sistêmicos, a febre está ausente ou é 
baixa e os vômitos surgem com a desidratação. São 
exemplos típicos desse tipo de diarreia a ETEC e o Vibrio 
cholerae. 
 
o Funcional 
Absorção e secreção estão normais, nesse caso o problema 
é que não há tempo suficiente de contato com a mucosa para 
ocorrer uma absorção correta. 
o Gordurosa 
Se associa a algum distúrbio que promova disabsorção de 
lipídeos no intestino delgado. 
 
DIARREIA AGUDA 
Eliminação anormal de fezes amolecidas ou líquidas com uma 
frequência igual ou maior a três vezes por dia e duração de 
até 14 dias. 
 
Epidemiologia 
o Crianças menores de 5 anos tem uma maior capacidade 
de promover uma morbidade pois estão mais suscetíveis 
à desidratação portanto representam maior morbidade; 
o A taxa de mortalidade é maior nas crianças entre 5 e 1 
anos e é maior nos países subdesenvolvidos e em 
desenvolvimento; 
o No Brasil, segundo publicação oficial do Datasus, a 
proporção de óbitos por diarreia aguda em menores de 
5 anos caiu de 10,8% em 1990 para 1,6% em 2011. As 
regiões Norte e Nordeste ainda concentram os maiores 
índices de mortalidade; 
o Em países desenvolvidos existe a predominância de 
diarreias infecciosas virais, já as diarreias infecciosas 
causadas por bactérias e protozoários são mais 
características de países sub e em desenvolvimento e 
têm pico de incidência nas estações chuvosas e quentes; 
o Causas por bactérias tem maior morbidade. 
 
Etiologia 
 Infecciosas: São as principais causas, os principais 
agentes são os vírus, bactérias e protozoários; 
 Não infecciosas: Alergias, intolerâncias e erros 
alimentares, além de certos medicamentos. 
Diarreia Aguda 
Particularidades dos principais agentes: 
o Retrovírus: principal causa diarreia grave em menores 
de 2 anos. 
o E.coli: 
- Enterotoxigênica: diarreia dos viajantes; principal causa 
de diarreia bacteriana em países em desenvolvimento; 
- Enteropatogênica: pode causar diarreia persistente em 
menores de 2 anos; 
- Êntero-hemorragica: pode causar disenteria sem febre; 
associa-se com síndrome hemolítico-urêmica. 
o Salmonella: causa diarreia aguda aquosa ou disenteria; 
pode causar doença disseminada em grupos de risco (< 
3 meses. Imunodeprimidos, portadores de doenças 
hemolíticas); 
o Vírus são os principais causadores das diarreias 
infecciosas (são altamente infectantes e necessitam de 
baixa carga viral para causar doença), os mais 
prevalentes são os rotavírus, os calicivírus, os astrovírus 
e os adenovírus entéricos. 
o Os norovírus são os principais agentes de surtos 
epidêmicos de gastroenterites virais transmitidos por 
água ou alimentos, ocorrendo em todas as faixas etárias. 
Adenovírus causam, com mais frequência, infecção do 
aparelho respiratório, mas, dependendo do sorotipo, 
podem causar quadros de gastroenterite. 
o Os agentes parasitários mais frequentes são: 
Cryptosporidium parvum, Giardia intestinalis, 
Entamoeba histolytica e Cyclospora cayetanensis. 
 
Quadro 1: principais características, quadro clinico e 
mecanismo de ação dos agentes bacterianos. 
 
 
Transmissão 
Os enteropatógenos que levam ao quadro de gastroenterite 
aguda chegam ao tudo digestivo atreves de alimentos, água, 
fômites ou contato com mãos contaminadas com material 
fecal. A transmissão vai depender do agente. 
 
Modo de transmissão da maioria dos patógenos 
envolvidos na etiologia da diarreia aguda. 
 
Fisiopatologia 
O pH ácido gástrico, a flora bacteriana normal, o 
peristaltismo intestinal, as mucinas presentes na camada de 
muco que reveste a superfície luminal dos enterócitos, 
fatores antimicrobianos como lisozimas e lactoferrina e o 
sistema imune entérico compõem a barreira de defesa do 
sistema digestório potencializado em crianças que usam leite 
materno exclusivo. Para que ocorra diarreia aguda infecciosa, 
os microrganismos precisam romper essa barreira e aderir à 
superfície mucosa, mecanismo este comum a todos os 
patógenos. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico da diarreia aguda é clínico, por meio de 
história e um exame físico detalhados. 
 
Anamnese: duração da diarreia, características das fezes, 
número de evacuações diarreicas por dia, vômitos (número 
de episódios/dia), febre, diurese (volume, cor e tempo 
decorrido da última micção), uso de medicamentos, sede, 
apetite, tipo e quantidade de líquidos e alimentos oferecidos 
após o início da diarreia, doenças prévias, estado geral, 
presença de queixas relacionadas a outros sistemas, viagem 
recente, contato com pessoas com diarreia e ingestão de 
alimentos suspeitos, além do uso prévio recente de 
antibióticos. 
 
Exame físico: deve incluir avaliação nutricional (desnutrição 
é fator de risco para quadros mais graves e evolução para 
diarreia persistente. 
 
Exames complementares: O hemograma completo deve ser 
solicitado para avaliar anemia e padrão leucocitário; 
ionograma, ureia e creatinina, nos casos com distúrbio 
hidreletrolítico grave e impacto na função renal. 
 
A principal complicação da diarreia aguda é a 
desidratação, que nos casos de maior gravidade 
pode levar a distúrbio hidroletrolítico e acidobásico, 
choque hipovolêmico e até morte. As crianças 
menores de 1 ano são as mais vulneráveis. 
 
Percentual de perda de peso: utiliza-se a variação de perda 
de peso para saber o grau de desidratação. 
 
▪ Até 5% - perda de 350g: desidratação leve (reposição 
de 50 mL/kg) 
▪ Entre 5 e 10% - perda de 350 a 700g: desidratação 
moderada (reposição de 50 a 100 mL/kg) 
▪ Mais de 10% - perda de mais de 700g: desidratação 
grave (reposição de mais de 100 mL//kg) 
 
 
Avaliação do estado de hidratação 
 
1 – Para avaliar o enchimento capilar, a mão da criança deve ser 
mantida fechada e comprimida por 15 segundos. Abrir a mão da 
criança e observar o tempo no qual a coloração da palma da mão 
volta ao normal. A avaliação da perfusão periférica é muito 
importante, principalmente em desnutridos nos quais a avaliação 
dos outros sinais de desidratação é muito difícil. 
 
Quadro 2: Avaliação do estado de hidratação segundo 
orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) 
 
 
Plano terapêutico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Plano B: compreende a Terapia de Reidratação 
Oral, que deve ser realizada na Unidade de Saúde. 
 
Gastróclise: alimentação enteral contínua através de 
bomba de infusão e uma sonda introduzida via oral 
ou nasogástrica 
 
Sais de reidratação oral: Mistura de glicose, sódio 
e outras substancias, que é dissolvida em água. 
Quadro 3 Composição das soluções de 
reidratação oral (SRO) 
 
 
 
Plano C: consistem em hidratação venosa e 
destina-se ao tratamento das crianças com 
desidratação grave ou em casos de falha do plano 
B. 
Caso a criança consiga ingerir líquidos, enquanto a 
hidratação venosa é providenciada, deve ser oferecida 
a SRO por via oral. 
 
Para entender melhor o plano C: O MS propõe 
duas fases de hidratação venosa, uma fase rápida 
de hidratação e uma fase de manutenção e 
reposição. A fase rapida vai ser cosiderada de 
acordo com a idade (menores e maiores que 5 
anos). E a fase de manutenção e reposição são 
todas as faixas etárias. 
 
A presença de edemas indica que o 
paciente está sendo hidratado demais, 
sendo necessário reduzir a hidratação. 
 
Avaliar o paciente continuamente. Se não houver 
melhora da desidratação, aumentar a Velocidade 
de infusão: 
o Quando o paciente puder beber, 
geralmente 2 a 3 horas após o início da 
reidratação venosa, iniciar a reidratação por via oral com SRO, mantendo a reidratação venosa. 
o Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder ingerir SRO em quantidade suficiente para 
se manter hidratado. A quantidade de SRO necessária varia de um paciente para outro, dependendo do volume das 
evacuações. 
o Lembrar que a quantidade de SRO a ser ingeridadeve ser maior nas primeiras 24 horas de tratamento. 
o Observar o paciente por pelo menos seis (6) horas. 
 
Os pacientes que estiverem sendo reidratados por via endovenosa devem permanecer na unidade de saúde até que 
estejam hidratados e conseguindo manter a hidratação por via oral. 
 
 
Exemplos de casos com diarreia aguda: 
(Para os cálculos utilizamos o peso atual). 
 
1. Quanto repor de liquido em um paciente de 17kg? 
 
Terapia do plano c: fase de manutenção e reposição: 
Manutenção: 
1000mL (corresponde a 10kg) + 7kg x 50mL/kg = 1350mL 
2. Quanto repor de líquido em paciente com 24kg? 
Manutenção: 
1) 1000mL (corresponde a 10kg) + 500mL (corresponde aos outros 10kg) + 4ml x 20mL/kg = 1580mL 
 
2) Do volume total, é preciso montar uma solução 4:1 (4 partes de soro glicosado à 5% para 1 parte de soro fisiológico). Para 
isso, basta dividir volume total de necessidade hídrica do paciente por 5, daí obtém-se uma parte do soro fisiológico e 
depois, ao multiplicar por 4 obtém-se as 4 partes do soro glicosado. 
 
O volume total de necessidade hídrica de um paciente de 24kg é 1580mL: 1580ml dividido por 5 é 316mL (corresponde ao 
soro fisiológico). Ao multiplicar esse resultado por 4, temos 1264mL de soro glicosado. 
 
3) É necessário ainda adicionar o KCl à solução para evitar um distúrbio hidroeletrolítico. 
 
*Existem 2 tipos de KCl, um a 10% (que corresponde a 2mL para cada 100mL) e um a 19,1% (que corresponde a 1mL para cada 100mL 
– é a metade pois é mais concentrado); para calcular basta pegar a necessidade hídrica e dividir pelo volume correspondente à porcentagem 
do KCl que você pretende obter, ou seja, se for usar o KCl de 10% basta dividir 1580 por 100ml que vamos obter 15,8mL 
(aproximadamente 16mL). Logo: Para o paciente de 24kg vai ser necessário adicionar 16mL de KCl (se for usado o KCl 19,1%) e 
32mL (se for usado o KCl 10%). 
 
Reposição: 1580 mL/kg + 24kg multiplicado por 50mL/kg/24h (então a reposição será de 1580mL/kg + 1200mL/kg = 
2780) 
 
 Outro exemplo: 
Paulinho, 1 ano e 9 meses, com relato de diarreia explosiva, sem sangue ou muco, cerca de 7 episódios nas últimas 24 horas, 
associado a 3 episódios de vômitos nas últimas 2 horas. Ao exame paciente prostado, com abertura ocular ao chamado, choro 
sem lágrima, saliva espessa, tempo de enchimento capilar em 4 segundos, sinal da prega em desfaz entre 1-2 segundos. Peso antes 
do episódio de diarreia: 11,4Kg / Peso Atual: 10,1Kg. Calcule: 
 
1. Volume a ser resposto tendo em vista o percentual de perda de peso: 
Paciente com desidratação grave –> Perda de peso: 11,4% (Superior a 10%) 
Volume mínimo a ser resposto(>100mL/Kg): >1010mL 
 
2. Terapia do plano C: Fase rápida, Manutenção e Reposição: 
Fase Rápida (Paciente menor que 5 anos  apenas soro fisiológico 0,9%): SF0,9% - 10,1Kg(Peso atual) x 20mL = 202mL 
em 30min (Até 3x) 
 
Fase de Manutenção 4:1: TH 100% - 1005mL em 24horas (10Kg = 1000mL + 0,1Kg x 50mL) 
SG5% --------- 804mL (1005 x 4/5) 
SF0,9% ------- 201mL (1005 x 1/5) 
KCl a 10% ---- 20mL [2 x (1005/100 – 2mL a cada 100mL)] 
 Ou 
SG5% ------------- 804mL (1005 x 4/5) 
SF0,9% ----------- 201mL (1005 x 1/5) 
KCl a 19,1% ---- 10mL [1 x (1005/100 – 1mL a cada 100mL)] 
 
Reposição Solução 1:1(Se necessário): 50mL/Kg/dia: 10,1 x 50mL  505mL 
SG5% --------- 252,5mL (505ml x1/2) 
SF0,9% ------- 252,5mL (505ml x1/2) 
 
3. Volume de reposição quando paciente apresentar melhora da desidratação (Plano A): 
100 a 200mL (Entre 1 e 10 anos). 
 
 
 
 Tratamento farmacológico 
o Zinco: nas crianças que vivem nos países em 
desenvolvimento, o uso do zinco oral deve ser 
recomendado na dose de 20 mg por dia, durante 10 dias; 
e nos lactentes menores de 2 meses, na dose de 10 mg 
por dia, também durante 10 dias, para o tratamento da 
diarreia aguda. 
o Vitamina A: Reduz o risco de hospitalização e 
mortalidade por diarreia e tem sido administrada nas 
zonas mais carentes do norte e nordeste. Indicada para 
diarreias persistentes. 
o Antiemético: Caso a ordem dos eventos tenha sido 
diarreia seguida por vomito vai ser indicativo de um sinal 
de desidratação, então não tem indicação do uso de 
antieméticos. Caso tenha vômitos persistentes e precise 
medicar é necessário escolher qual antiemético usar. 
Têm efeitos sedativos, o que pode atrapalhar a TRO; 
entretanto, alguns estudos indicam que crianças com 
vômitos persistentes, tratadas com a ondansetrona 
(zofran), apresentam menor risco de admissão 
hospitalar. Diminidrato (dramim): antiemético de efeito 
central, vem associado à sonolência, os efeitos colaterais 
podem ser fatores que cofundem a avaliação clínica. 
o Probióticos: pode ser usado de forma profilática, 
também podem ser úteis para reduzir a gravidade e a 
duração da diarreia aguda infecciosa infantil, abreviando 
em cerca de 1 dia a sua duração, principalmente nas 
diarreias de etiologia viral 
o Antiperistálticos: não são recomendados para tratar 
crianças, pois aumentam a gravidade e as complicações 
da doença, particularmente em crianças com diarreia 
invasiva. (loperamida). Pode prolongar o tempo de 
doença. 
o Racecadotrila: é uma droga antissecretora que inibe a 
encefalinase intestinal sem reduzir o trânsito intestinal 
ou promover o supercrescimento bacteriano. A 
medicação reduz a duração da diarreia e o volume de 
fezes. Racecadotrila pode ser usado associado à SRO. 
o Uso racional de antibióticos: evita o aparecimento 
de complicações, bem como de resistência bacteriana, 
sendo excepcionalmente indicados. A introdução do 
antibiótico é indicada na presença de fezes com odor 
fétido, presença de sangue nas fezes com 
comprometimento sistêmico, e em pacientes menores 
de 4 meses também está indicado o uso de antibióticos, 
nesses primeiros meses tem um maior risco de infecção 
bacteriana, geralmente o metronidazol, 
sulfametronidazol. 
 
O uso de plasio é proibido na pediatria, com 
algumas exceções. 
 
Prevenção 
o Aleitamento materno exclusivo durante os 6 primeiros 
meses e após esta idade; 
o Alimentação complementar adequada para a idade; 
o Água tratada, de alimentos adequadamente preparados 
e acondicionados; 
o Esgotamento sanitário; 
o Habito de lavar as mãos; 
o Vacinação. 
 
Covid -19 - Manifestações gastrointestinais 
o Prevalência de cerca de 10% das crianças e podem 
evoluir com manifestações gastrointestinais; 
o Manifestação gastrointestinal mais frequente nas 
crianças do que em adultos; 
o Diarreia em 17% a 39,6%; 
o Pode estar associado a dor abdominal, náuseas e 
vômitos; 
o Não há dados de viabilidade do SARS-CoV-2 nas fezes 
para definir uma transmissão fecal-oral ou não. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk0362gchCTzscqU2NddcK4RCoDYFwQ:1629563676848&q=sulfametronidazol&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwin_uLgxcLyAhXelZUCHQRTA5wQkeECKAB6BAgBEDU&cshid=1629563886727656
TABELAS DO TRATADO DE PEDIATRIA: 
 
Quadro 1: principais características, quadro clinico e mecanismo de ação dos agentes bacterianos. 
 
Modo de transmissão da maioria dos patógenos envolvidos na etiologia da diarreia aguda. 
 
Quadro 2: Avaliação do estado de hidratação segundo orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS)
 
Quadro 3 Composição das soluções de reidratação oral (SRO) 
 
PEDIATRIA GERAL 
 
Doença falciforme é a patologia hematológica hereditária mais frequente. Constitui-se em um grupo de doenças genéticas 
caracterizadas pela predominância da hemoglobina (Hb) S nas hemácias, sendo a anemia falciforme (Hb SS) o genótipo mais 
frequente. 
 
A doença falciforme é o termo utilizado para definir um 
grupo de alterações genéticas caracterizadas pelo 
predomínio da hemoglobina S (HbS). Essas alterações 
incluem a anemia falciforme (HbSS), as duplas heterozigoses, 
ou seja, as associações de HbS com outrasvariantes de 
hemoglobinas, como HbD e HbC, e as interações com 
talassemias (HbS/B talassemia, HbS/B+ talassemia, HbS/alfa-
talassemia). 
A anemia falciforme é uma doença autossômica recessiva, 
onde ocorre síntese da hemoglobina anômala HbS. A forma 
heterozigota é chamada traço falciforme (HbAS) e a 
homozigota anemia falciforme (HbSS). A heterozigose para 
HbS (traço falciforme) não é doença, é considerada uma 
condição benigna. 
 
Epidemiologia 
o No Brasil, a Bahia é o Estado brasileiro que apresenta a 
maior prevalência da doença no País; 
o A prevalência média de heterozigotos (traço) é de cerca 
de 4%, desses, 2% no Sudoeste; mas esse valor sobe 
entre os afrodescendentes; 
o Cerca de 50.000 pessoas vão apresentar a homozigose 
(anemia falciforme) ou alguma hemoglobinopatia (SC, 
SE, SD, SBetaTAL; 
o 2.500/ano crianças portadoras de doença falciforme; 
 
A taxa de mortalidade para os menores de 5 anos 
diminuiu muito desde de 2001 com o advento da triagem 
neonatal aliado ao acompanhamento especializado, 
antes disso, 20% das crianças não conseguiam chegar aos 
cinco anos de idade. 
 
Fisiopatologia 
A HbS é uma Hb anormal, resultante da troca de ácido 
glutâmico pela valina na posição 6 da cadeia beta do gene da 
globina A. A hemoglobina S vai promover a distorção dos 
eritrócitos (polimerização), formando hemácias em formato 
de foice. 
1. Acontece a alteração dos polímeros da membrana 
celular – toda hemácia será mais enrijecida. Em seguida, 
haverá efluxo de potássio e influxo de cálcio intracelular. 
O tempo médio de vida reduz (45 dias); 
2. Por ser mais endurecida a hemácia apresentará 
microlesões que possibilitaram o recrutamento de 
leucócitos, granulócitos e plaquetas na região; 
3. O processo inflamatório, de depleção do óxido nítrico, 
de ativação da cascata de coagulação (fator de Van 
Willebrand), resultará em eventos de: Adesão de 
eritrócitos e plaquetas no endotélio vascular; e 
processos inflamatórios crônicos. 
4. A produção desses intermediários inflamatórios como 
citocinas e alterações no metabolismo do óxido nítrico 
vão favorecer as complicações da anemia falciforme; 
5. O resultado desse processo é um estado de 
hipercoagulabilidade e um processo inflamatório 
crônico. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico é feito após a triagem neonatal. Primeiro 
realiza-se o teste do pezinho através da cromatografia – ele 
não é confirmatório, mas indica suspeita de anemia 
falciforme. 
 
A presença de hemoglobina fetal altera a porcentagem de 
hemácias falcizadas. 
 Menos que 50% das hemácias falcizadas: traço 
falciforme; 
 Mais que 50%: anemia falciforme 
 
A suspeita é confirmada com a eletroforese de hemoglobina 
associada a dosagem de Hb fetal. Seguida de análise 
laboratorial completa – hemograma. 
É necessário reavaliar laboratorialmente após o sexto mês 
de vida. Se o paciente foi submetido há alguma transfusão 
sanguínea é preciso reavaliar após 3 meses pois o sangue da 
transfusão permanece integro nesse período que é o tempo 
de vida da hemácia. 
 
 
 
Complicações / eventos agudos 
Crises de dor (álgica) 
o Podem durar de 4 a 6 dias, ou até mais tempo, podendo 
ser sentidas em qualquer parte do corpo, são mais 
comuns nos braços, pernas, articulações, tórax, 
abdômen e costas; 
o A dor aguda é causada por dano tecidual isquêmico, 
resultante da oclusão do leito microvascular por 
hemácias falcizadas durante a crise e dano tissular 
secundário. A vaso oclusão resulta em hipóxia e acidose, 
o que pode exacerbar o processo de falcização 
aumentando o dano isquêmico. 
Doença falciforme 
o Em casos de dor leve e ausência dos fatores de risco 
uso de analgésico comum e hidratação, na presença de 
algum fator de rico torna-se necessário realizar uma 
avaliação imediata em unidade de emergência com 
avaliação laboratorial (febre, regular estado geral, dor 
abdominal ou dor torácica ou qualquer outro sintoma 
respiratório, cefaleia, ou quando o paciente não 
responde aos analgésicos simples e a ingesta de líquidos). 
o Se houver dor lombar: pensar em pielonefrite e solicitar 
exame de urina, urocultura com antibiograma. 
 
No exame físico avaliar sinais que sugerem síndrome torácica 
aguda (tosse, simbilancia, queda de saturação), 
comprometimento abdominal (aumento de baço, fígado), 
acometimento articular. 
Na investigação laboratorial: hemograma (avaliar número de 
hemácias, pois o aumento do número de hemácias falcemicas 
levam a crises dolorosas) e contagem de reticulócitos 
(reticulocitose ou reticulopenia). 
 
 
 
 Tratamento 
o Monitoramento da dor até o desaparecimento do 
sintoma; 
o Sempre estimular aumento da ingesta de líquidos; 
o Prevenção de mudanças bruscas de temperatura; 
o Aquecimento das articulações quando estas estiverem 
acometidas. 
 
Primeiro usamos dipirona, tilenol de resgate e como 
última opção os opioides. 
 
Crise vaso-oclusiva 
o Dano tissular isquêmico secundário à obstrução do 
fluxo sanguíneos pelas hemácias falciformes; ocorre uma 
interrupção do fluxo sanguíneo, e consequente hipoxia 
dessa região associada a uma acidose. Duram em torno 
de 4 a 6 dias; 
o Fatores predisponentes: frio, febre, desidratação, 
quadro infeccioso; 
 
 Tratamento 
É a base de hidratação, eliminação dos fatores 
predisponentes, repouso do membro e analgesia adequada 
(escalonamento do analgésico simples para os opioides, 
utilizar em curto espaço de tempo de maneira otimizada). 
 
Febre 
o Frequentemente pode ser sinal de infecção bacteriana 
ou estar associada a outras condições, como a STA e 
crises vaso-oclusivas; 
o Na doença falciforme, o baço tem seu funcionamento 
prejudicado, fazendo com que o organismo fique mais 
sujeito a infecções que constituem causa importante de 
mortalidade em sinais de febre precisamos nos ater as 
causas infecciosas; 
o Risco de septicemia ou de meningite por Streptococcus 
pneumoniae: 400x maior 
 
Para pacientes esplenectomizados: protocolo especifico 
de imunizações para reduzir as chances de infecções dos 
pacientes. 
 
 Protocolo de febre para crianças com menos de 5 
anos 
Exame físico: avaliar sinais que indiquem infecção 
(desconforto respiratório, icterícia (sinaliza maior depleção 
de hemácias – quadro infecciosos virais podem levar a 
icterícia), sepse ou meningite, AVC, alterações osseas, 
pielonefrite, aumento de baço, sinais neurológicos de infarto 
cerebral, pesquisar pulsos e enchimento capilar, gradientes 
térmicos. 
 
Exames complementares: hemograma com contagem de 
reticulócitos; hemocultura, urocultura, copocultura (se tiver 
diarreia), sorologia para Mycoplasma pneumoniae, 
radiografia do tórax, punção lombar (em pacientes menores 
de um ano com sinais mínimos sugestivos de meningite e 
toxemia), radiografia do esqueleto com cintilografia 
(alterações e dor óssea), USG abdominal. 
 
 Tratamento 
Internar os menores de 3 anos com temperatura acima de 
38,3° C e iniciar antibioticoterapia venosa na sala de 
emergência (preferencialmente o ceftriaxone). Acima de 
cinco anos vai depender da suspeita e do quadro clínico do 
paciente: 
o Se a suspeita for de osteomielite: o agente frequente é 
staphylococcus aureus ou Salmonella sp.: cefuroxima. 
o Síndrome torácica aguda: fazer associação de 
eritromicina com cefalosporina. 
Se não for detectada nenhuma etiologia devo manter os 
antibióticos por 72 horas e suspender apenas quando a 
hemocultura for negativa. Alta após 72 horas com antibiótico 
oral caso o paciente esteja afebril, sem toxemia e com nível 
de Hb seguro. 
 
Crise de sequestração esplênica 
o Aumento súbito do volume esplênico + queda nos níveis 
de Hb + reticulocitose. Acontece um sequestro do 
sangue para o baço, isso faz com que o órgão fique 
aumentado. Quando o sangue é puxado para dentro do 
baço acontece uma queda de pelo menos 2 g/dl em 
relação ao valor basal da hemoglobina. O normal do 
valor basalcostuma variar de 8 a 9 g/dl. Essa alteração 
associada aos valores de reticulócitos são indicativos de 
crise do sequestro esplênico; 
o O quadro cínico vai ser compatível com aumento do 
baço, taquicardia, taquipneia, queda da hemoglobina; 
astenia, descompensação hemodinâmica que vão evoluir 
para o choque hipovolêmico; 
 
 Tratamento 
Correção da hipovolemia, com transfusão de hemácias para 
aumentar a Hb para 9 a 10 g/dl. Orientar a família quanto à 
palpação do baço para diagnóstico precoce do aumento 
súbito e socorro imediato. 
 
Crise aplástica 
o Ocorre quando a medula deixa de produzir as 3 series: 
brancas, vermelhas e plaquetas, ou seja, vai ter anemia, 
leucopenia e plaquetopenia; é autolimitada e tem uma 
duração de 7 a 10 dias. 
o Para o paciente falcêmico vai ocorrer após processos 
infecciosos, quando muito intensos costumam ser 
resultado de infecção por parvovírus B 19; 
 
Diferença laboratorial da crise aplástica para o 
sequestro esplênico: 
▪ Crise aplástica: ocorre a ausência de atividade 
medular – reticulopenia; 
▪ Sequestro esplênico: aumento da produção de 
hemácias – reticulocitose. 
 
 Tratamento 
Prevenção: tratar os sintomas, correção da anemia quando 
houver repercussão clínica (taquicardia, taquipneia, baixa 
perfusão, etc), em casos de sangramento fazer a transfusão 
de plaquetas e manter em observação até a melhora. 
 
Síndrome torácica aguda 
o Acometimento respiratório em paciente falcêmico, 
pode ser uma febre associada à dispneia/ taquipneia, 
tosse, dor torácica, hipoxemia, novo infiltrado pulmonar 
na radiografia (sugere algo crônico); 
o Crianças menores de 10 anos vão apresentar febre, 
tosse e sibilancia (muito semelhante aos quadros de 
pneumonia). Em pacientes com história prévia de asma 
vai ter uma maior frequência de sibilos, e aumenta a 
probabilidade de recorrência da STA. 
 
 Tratamento 
Internar e solicitar exames complementares; Hemograma, 
contagem de reticulócitos, hemoculturas, gasometria arterial 
(se a saturação de O2 < 96% ou decréscimo de 25% do 
basal), tipagem sanguínea ABO e Rh, raio X de tórax, 
sorologia para Mycoplasma pneumoniae. Avaliar a 
necessidade de USG de tórax, tomografia de tórax ou 
cintilografia pulmonar. 
o Oxigenoterapia: manter a saturação de O2 acima de 
92% - suporte ventilatório; 
o Analgesia: pode ocorrer sedação e depressão 
respiratória – se eu prescrevo uma infusão lenta o risco 
é baixo. 
o Antibioticoterapia venosa: bactérias encapsuladas; 
cefalosporinas de segunda ou terceira geração; 
associação com eritromicina. 
o Uso de broncodilatadores: em pacientes com sibilância; 
o Tratamento de suporte: fisioterapia respiratória; manter 
o paciente monitorado e com suporte adicional 
necessário. 
 
Vasculopatia cerebral 
o Etiologia indefinida, acredita-se que há uma maior 
chance de lesão vascular associada ao estado 
hipercoagulabilidde devido uma hiperplasia da camada 
mais superficial dos vasos (intima) dos grandes vasos 
com progressiva estenose para artérias cerebrais. 
o Principais complicações: acidente vascular encefálico, 
infarto cerebral silencioso, déficits cognitivos, cefaleia 
aguda e crônica. 
 
Acidente vascular cerebral 
Entupimento dos vasos sanguíneos e redução da corrente de 
sangue no cérebro, causando derrame. 
o Quadro clinico: hemiparesia, hemiplegia, alteração do 
campo visual, afasia, disartria, paralisia de nervos 
cranianos. Quando mais graves pode ter convulsões e 
coma. 
o A recuperação pode ser completa ou pode restar dano 
cerebral e sequelas neurológicas graves. Em alguns casos 
podem levar até a morte. 
o O AVC hemorrágico, mais comum em adultos, 5% dos 
casos e apresenta mais morbimortalidade. AVC 
isquêmico ocorre principalmente em crianças e em 
pacientes com HbSS, raro naqueles com HbSC e 
S/talassemias. 
o Incidência de aproximadamente 11% nos indivíduos com 
HBSS até os 18 anos de idade. Pode ser reduzido para 
1% se feita a triagem com doppler transcraniano e 
aplicar medidas preventivas. 
o Prevenção: antes dos 18 anos fazer uma ressonância 
com Doppler transcraniano para avaliar a perfusão 
cerebral, áreas de estenose, áreas de risco, ou pre-
infartadas e definir qual a melhor conduta. 
 
 Tratamento 
Internar em UTI; A avaliação laboratorial deve conter 
hemograma, contagem de reticulócitos, %HBS, tipagem 
sanguínea, função renal, hepática e eletrólitos; 
Com até 4horas e meia pode fazer uma transfusão simples 
ou a transfusão com troca; 
Medidas de suporte: exames de imagem nas primeiras 6 
horas após estabilização do paciente. Estabelecer 
acompanhamento com hematologista e neurologista 
pediátrico. Após o quadro agudo é preciso manter o 
paciente em regime crônico de transfusões com intuito de 
reduzir a concentração de HBS para menos de 30%. 
 
Pacientes menor de 2 anos que apresente febre e 
crise convulsiva, ou qualquer paciente que 
apresente febre e cefaleia pode ser um quadro de 
meningite. 
 
Infarto silencioso cerebral 
Vão ocorrer por oclusão, estenose ou até mesmo hipoxia 
com pequenas áreas de morte cerebral. Os pacientes são 
assintomáticos, fazendo áreas focais de isquemia. 
o Mais comum em crianças, principalmente lactentes e 
pré-escolares. 
o Fatores de risco: sexo masculino, hemoglobina basal 
baixa, hipertensão, convulsões prévias e evidência de 
doença cerebrovascular. 
o A frequência é de 25% dos menores de seis anos e 39% 
até os 18 anos. 
 
Não há tratamento, o que pode ser feito e reduzir as 
chances de um novo episódio. 
 
Cefaleia 
o Cefaleia aguda: sintoma inicial de um AVC. A hipoxemia 
crônica vai resultar no quadro de cefaleia mais agudo; 
Habitualmente estão associados a situações que 
requerem conduta médica imediata (AVE hemorrágico, 
isquêmico ou trombose dos seios venosos). 
o Cefaleia crônica ou recorrente: associada a hipoxemia 
crônica e/ou de vasculopatia cerebral. 
 
 Tratamento: analgésico simples e hidratação rigorosa. 
 
Priapismo 
Ereção dolorosa e prolongada do pênis não acompanhada de 
desejo ou estímulo sexual, que persiste por mais de 4 horas. 
Classificação: 
▪ Pode ser de alto fluxo (menos vigorosa, não causa 
dor, sem lesão isquêmica) ou baixo fluxo (ereção 
vigorosa, rígida e dolorosa; com lesão isquêmica, 
mais comum); 
▪ Menor: episódios isolados ou raros, duração menor 
que 3 horas; 
▪ Recorrente: vários episódios com duração menor 
que 3 horas por semana, durante 4 semanas. 
▪ Prolongado: duração maior de 3 horas 
 
o Complicação nos meninos maiores de dez anos. Se não 
for tratado em até seis horas pode levar a uma disfunção 
erétil permanente. 
 
 Tratamento 
Até duas horas: analgesia simples, aumento da ingesta hídrica, 
caminhada, micção e banho morno; 
 
 
TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS 
As transfusões sanguíneas estão indicadas em situações em 
que a anemia determine repercussões clínicas, como: na 
queda da Hb de 2 g/dL ou mais do valor basal com 
repercussão hemodinâmica, na crise aplástica, no sequestro 
esplênico, na STA, na hipóxia crônica, no cansaço e dispneia 
com Hb abaixo do nível basal e na falência cardíaca, infecção 
grave deficiência de múltiplos órgãos, cirurgia, sequestro 
hepático esplênico. 
 
Indicações controversas: episódios frequentes de crise álgica, 
ou de síndrome torácica aguda, ou na prevenção da 
hipertensão pulmonar, ou do priapismo. 
 
Qual volume de sangue? 
▪ 10 a 15 mL/Kg de concentrado de hemácias filtradas e 
fenotipadas; 
▪ Hiperviscosidade deve ser evitada: <10g/dl; 
▪ Solicitar sempre hemoglobina pré e pós transfusional. 
 
IMUNIZAÇÕES 
o Processos vaso-oclusivos repetidos no baço vai levar a 
uma asplenia funcional. O paciente passa a ter uma 
menor capacidade de produção de anticorpos, redução 
imunológica, menor sinalização de patógenos, 
dificuldade de opsonização. Pode haver uma redução no 
tamanho do baço que vai regredir e perder a função; 
o Podem necessitarde transfusões sanguíneas; 
o Vacinação precoce para evitar uma crise esplênica; 
o Programa vacinal + penicilina profilática (oral e 
intramuscular) 
Profilaxia com penicilina G benzantina ou penicilina via 
oral: 3 meses até 5 anos 
Via oral 
I. Lactentes 200.000 unidades 2 x ao dia 
II. Pré-escolares: 400.000 unidade 2x ao dia 
G benzantina 
I. Lactentes 300.000 unidades a cada 28 dias 
II. Pré-escolares 600.000 unidades a cada 28 
dias. 
o Pacientes alérgicos: usar eritromicina 
 
 
Pacientes pediátricos com doenças hematológicas benignas 
durante a pandemia de COVID-19: doença falciforme 
 
 Predispoem à (STA): aumento da taxa de internação 
hospitalar/ uso de ventilação mecânica; 
 Aumento de hipóxia, desidratação ou acidose; 
 A infecção viral pode favorecer infecção bacteriana 
secundária ou infecções virais pulmonares; 
 Apresentações mais graves em pacientes com 
hipertensão pulmonar ou a doença; 
 Uso da hidroxiureia pode interferir na imunidade, 
contudo o benefício é superior a suspensão; 
 Passado de doença neurológica (AVC) sugere maior 
risco: infecção respiratória com hipóxia pode 
desencadear o acidente vascular cerebral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDIATRIA GERAL 
 
Não é considerada uma doença, é uma síndrome dolorosa em membros, com evolução crônica ou recorrente. O conceito 
utilizado no diagnóstico é o mesmo para as dores de outras localizações: pelo menos três episódios de dor, de intensidade 
suficiente para interferir nas atividades habituais da criança, por um período de pelo menos três meses. Não é indicação de doença 
reumática futura. 
 
Epidemiologia 
o A frequência maior de queixas de dor muscular é entre 
4 a 10 anos com discreto predomínio no sexo feminino; 
o A maior dificuldade é diferenciar as causas orgânicas 
das síndromes de amplificação dolorosa 
(funcionais/mecânicas); 
o Existem 5 grupos de causas orgânicas (doenças 
inflamatórias, hematológicas, oncológicas, metabólicas e 
mecânicas) e um grupo de causas funcionais; 
o 4 a 15% das consultas pediátricas; 
o 25% das queixas são causas reumatológicas. 
 
 
 
Diagnóstico 
Na anamnese obter: caracterização da dor (localização, 
tempo de duração, variação da intensidade, fatores de 
melhora e piora, uso de analgésicos, etc), manifestações 
sistêmicas (queda do estado geral, perda de peso, febre, lesão 
de pele, linfonodo, fraqueza muscular), envolvimento de 
outros órgãos e sistemas, história patológica pregressa, 
histórico familiar, distúrbios emocionais, queixas previas ou 
concomitantes de cefaleia e/ou dor abdominal recorrente. 
 
No exame físico é essencial avaliação do aparelho 
locomotor, com avaliação da postura, marcha, semiologia 
articular – verificar se há artralgia, edema, rubor, calor 
articular. Avaliar também se há manifestações cutâneas, 
pulsos periféricos, analise de força muscular e dos reflexos 
tendinosos. 
 
pGALS – manobras de screening 
 
Trata-se de uma abordagem mínima (perguntas e exame 
físico) que objetiva avaliar o sistema musculoesquelético em 
crianças, e identificar alterações de marcha (Gait), membros: 
braços (Arms) e pernas (Legs), e coluna (Spine). O objetivo 
final é a detecção precoce de doenças. 
 
Manobras de screening 
1. Observe a criança de pé (de frente, de costas e dos 
lados): avaliação da postura; lesões de pele; diferença de 
comprimento de membros; desvios da coluna 
(escoliose, cifose, lordose), alinhamento das pernas 
(genu valgo e varo); edema de articulações, hipotrofia 
muscular, pés planos; 
2. Criança andando normalmente, sobre os calcanhares e 
nas pontas dos pés: Tornozelos, pés, pequenas 
articulações dos pés Posição do arco plantar (pés planos; 
modificação quando nas pontas dos pés); 
3. Colocar os braços e mãos estendidas à sua frente: 
Tornozelos, pés, pequenas articulações dos pés. Posição 
do arco plantar (pés planos; modificação quando nas 
pontas dos pés); 
4. Colocar os braços e mãos estendidas à sua frente: 
Extensão dos cotovelos, punhos e das pequenas 
articulações dos dedos; 
5. Virar suas mãos e as feche com força: Supinação dos 
punhos e cotovelos. Flexão das pequenas articulações 
das mãos; 
6. Encostar os seus dedos indicadores nos polegares: 
Coordenação motora, concentração e movimentos das 
pequenas articulações do primeiro dedo (polegar) e 
segundo dedo (indicador). Capacidade de pinça; 
7. Tocar as pontas de cada um dos seus dedos com o 
polegar: Coordenação motora, concentração e 
movimentos das pequenas articulações do polegar e dos 
dedos; 
8. Apertar as articulações metacarpofalangeanas para 
detectar dor ou desconforto: Articulações 
metacarpofalangeanas; 
9. Juntar as palmas de suas mãos: Flexão de cotovelos. 
Flexão dorsal de punhos. Extensão das pequenas 
articulações das mãos; 
10. Juntar as costas das suas mãos: Flexão ventral de punhos; 
11. Levantes seus braços e olhe para o teto: Extensão dos 
cotovelos. Extensão dos punhos. Extensão da coluna 
cervical Abdução do ombro; 
12. Colocar suas mãos atrás do pescoço: Abdução do 
ombro. Rotação externa dos ombros. Flexão dos 
cotovelos; 
13. Tentar encostar sua orelha no ombro: Rotação lateral 
da coluna cervical; 
14. Abrir bem a sua boca e colocar 3 dedos dentro dela: 
Articulação tempomandibular; 
15. Palpar o joelho e pressione a patela (sinal da tecla): 
Derrame na articulação do joelho; 
16. Flexionar e extender o joelho; palpe durante o 
movimento para pesquisar crepitações: Extensão e 
flexão do joelho 
17. Com o joelho a 90º rodar a perna para fora (rotação 
interna do quadril) e para dentro (rotação externa do 
quadril): Flexão do quadril e rotação interna e externa 
do quadril; 
Dores funcionais recorrentes em membros 
18. Dobrar a coluna sem dobrar os joelhos. Até onde 
consegue ir?: Flexão coluna toracolombar. Pesquisa de 
escoliose. 
 
 
Quanto à exames complementares: se fazem necessários 
apenas em casos de dúvidas diagnósticas: solicitar 
hemograma completo, provas de atividade inflamatória – 
velocidade de hemossedimentação e proteína C reativa – e 
radiografias bilaterais da região referida como dolorosa. 
 
Diagnóstico diferencial 
Alterações ortopédicas, neoplasias, doenças hematológicas, 
metabólicas, endocrinológicas, nutricionais, infecciosas, 
reumatológicas, síndromes dolorosas idiopáticas, dentre 
outros. 
Para a faixa etaria pediatrica chama-se a atenção para a dor 
associada a má postura de causa mecanica que foi 
intensificada pela pandemia (a criança passa mais tempo 
frente à TV, ou no computador com posturas inadequadas). 
 
Tratamento 
Não existe tratamento universalmente padronizado. A 
terapia busca restauração funcional e alivio da dor. 
 
 Algoritmo de abordagem da dor 
musculoesquelética. 
 
 
As dores de crescimento, fibromialgia, distrofia simpático-
reflexa e o reumatismo psicogênico representam as 
principais causas funcionais de dores nos membros. 
 
Dores do crescimento 
São a causa mais comum de dores nos membros, ocorrendo 
em pré-escolares e escolares com prevalência de 35 a 40%. 
Existem 3 teorias que explicam seu aparecimento 
o Fadiga (em resposta ao superuso) 
o Fatores anatômicos (pés planos, genu recurvatum) 
o Fatores psicológicos (dores funcionais) 
o 
 
As DC são intensas, recidivantes, difusas, localizadas em 
MMII (face anterior das coxas e tíbias, próximo aos joelhos, 
panturrilhas), de duração breve e resolução espontânea ou 
com massagens, vespertinas ou noturnas de evolução 
benigna e autolimitada. Cursam com exame físico e 
complementares normais 
O tratamento consiste na pratica de exercícios físicos, calor 
local, massagens e, sobretudo, identificação e eliminação dos 
possíveis conflitos emocionais subjacentes, além de 
tranquilização da família. 
 
Distrofia simpático reflexa 
Também conhecida como síndrome da dor complexa 
regional, é uma condição que causa dor forte sem melhora. 
Características da dor:

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