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1 Ginecologia – Laís Reis SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL (GO) DESORDEM DISFÓRICA PRÉ-MENSTRUAL (PSI) Incidência de 5 a 97% das mulheres (intervalo grande por causa de critérios de inclusão) CRITÉRIOS Conceitos e metodologias múltiplas para um mesmo processo - Dalton (1980): recorrência de sinais e sintomas psicossomáticos exclusivamente na segunda fase do ciclo menstrual com regressão ao início da menstruação - Reid e Yen (1981): Apenas para casos de prejuízo de qualidade de vida social, conjugal e/ou profissional DOR: percebida; afetando a qualidade de vida Associação Americana de Psiquiatria (1994): critérios rígidos de sintomas com predomínio de aspectos psíquicos: - 5 ou + sintomas - Sintomas obrigatoriamente interferem no cotidiano da mulher - Não podem ser a exacerbação de sintomas pré- existentes - Confirmação prospectiva por ao menos 2 meses em anotação diária SINAIS E SINTOMAS: - Humor deprimido, desalento, baixa autoestima - Ansiedade, nervosismo, excitação - Labilidade afetiva, sentimento de rejeição - Raiva ou irritabilidade, conflitos interpessoais frequentes - Interesse diminuído em atividades corriqueiras, dificuldade de concentração - letargia, fadiga fácil, falta de energia, sonolência ou insônia - Alterações ou disfunções de apetite - Descontrole emocional - Sintomas físicos gerais FISIOPATOLOGIA - Aspectos duvidosos, incluindo a definição como psiquiátrica ou psicossomática - Teoria hormonal pura: variações de estrogênio e progesterona - Apenas ciclos ovulatórios tem SPM - Ausência em uso de ACO monofásico - Não há variação de estrógeno, progesterona, prolactina, LG/FSH, aldosterona e corticoides em geral OUTRAS TEORIAS: - Interação entre esteroides e neurotransmissores centrais – evidencia de melhora com inibidores de recaptação de serotonina - Teoria Vitamínica: carência de B6 (precursor de serotonina) - Baixos níveis de ácidos graxos essenciais: precursores de prostaglandinas - Ação de esteroides na secreção de renina-angiotensina- retenção hídrica - Outros: metilxantinas, vitamina E, melatonina, hipoglicemia transitória, alergia hormonal SINTOMATOLOGIA - Mais de 150 sintomas descritos - 4 grupos de sintomas mais evidentes: Sintomas psíquicos Sintomas somáticos Sintomas cognitivos Sintomas comportamentais PSÍQUICOS: - Ansiedade, nervosismo, irritabilidade, oscilação de humor - Depressão, choro fácil, perda de autoestima - Insônia, sonolência SOMÁTICOS: - Mastalgia e ingurgitamento mamário - Cefaleia, enxaqueca - Fadiga - Edema periférico - Distensão abdominal, cólicas abdominais - Mialgias gerais - Aumento de peso - Ondas de calor - Náuseas - Tremores - Palpitações COGNITIVOS: - Confusão mental - Diminuição de concentração - Falta de inciativa - Esquecimento COMPORTAMENTAIS: - Isolamento social - Hiperfagia - Agressividade - Carências compulsivas por alimentos - Bulimia - Aumento ou diminuição da libido DIAGNÓSTICO - Não há marcadores laboratoriais nem imaginológicos para SPM - Diagnóstico baseado nas queixas clinicas e na periodicidade de sintomas - Não há consenso sobre o número mínimo de sintomas para o diagnóstico - Registro prospectivo para diagnóstico definitivo - Diagnóstico de Distúrbio Pré-menstrual são necessários 5 sintomas por 2 meses de observação - Preenchimento de ESCALA ANALÓGICA DE SINTOMAS para caracterização do quadro DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Distúrbios psíquicos - Iatrogenia - Distúrbios Neurológicos - Distúrbios Endócrinos - Doenças de mama 2 Ginecologia – Laís Reis - Doenças Ginecológicas - Distúrbios Gastrointestinais - Fadiga crônica TRATAMENTO Medidas gerais: - Relaxamento - Meditação ou ioga - Exercícios físicos* - Dieta rica em fibras e pobre em gorduras* - Restrições de metilxantinas (café, colas, chá) * - Restrição de álcool e cigarro * = evidencia C Medidas específicas: - Pouca eficácia cientifica - Altos índices de resposta placebo - Poucas drogas resistem a estudo duplo-cego randomizado - Medidas empíricas com eficácia perdida em uso continuado TRATAMENTO: Terapias com eficácia próxima a placebo: - Suplementos nutricionais: B6, E A; ácido gamalinolênico (síntese de prostaglandinas) - Anti-inflamatórios não hormonais - Analgésicos convencionais - Espironolactona Terapias com eficácia próxima a placebo: - ISRS (fluoxetina, sertralina, paroxetina) com esquema continuo e intermitente * - ACO: eficácia confirmada com Drosperinona * - Antagonistas hormonais: Danazol, Gestrinona e Tamoxifeno - Bloqueio do eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal: análogos do GnRH (Gaserelina e similares) - Ooforectomia * = Metanálise TRATAMENTO PRINCIPIOS GERAIS - Iniciar abordagem por terapias gerais e medidas de suporte - Terapias de suporte, incluindo psicoterapia tem efeitos positivos - Terapia medicamentosa geral muito útil em casos leves e moderados - Terapia medicamentosa especifica deve focar no padrão sintomático principal e ser utilizada por períodos definidos de tempo (3,6 ou 12 meses) - Se necessário associar drogas gerais e terapia medicamentosa psiquiátrica com psicoterapia - Cirúrgica: apenas se a única resposta ocorreu com análogo GnRH DISMENORREIA - Menstruação difícil e desagradável - Dor ao menstruar (cólica menstrual) – algomenoreia ou odinomenorreia - Sintomas gerais: Náuseas Diarreia Dispneia Cefaleia Enxaqueca - Desconforto leve em baixo ventre no primeiro dia menstrual - Formas mais intensas de dismenorreia – 600.000.000 horas de trabalho perdidas ao ano nos EUA = 2 bilhões de dólares - Grandes variações de casuística internacional = diferentes critérios de inclusão em estudos • Suécia – 72% das mulheres jovens • EUA – 50% com até 12% de formas intensas • Brasil – 70% das mulheres jovens com padrão familiar CLASSIFICAÇÃO - Primária ou essencial: fatores intrínsecos ao útero - Secundária: aparecimento tardio após anos de ciclos normais ou caráter crescente do quadro doloroso Endometriose, Adenomiose ou Miomatose Estenose de colo, hímen imperfurado, septo vaginal transverso Infecções: IST e DIP Anomalias congênitos do útero, sinéquias uterinas Síndrome da congestão pélvica DIU - Aspectos indicativos de risco de dismenorreia secundária: Aparecimento após 25 anos de idade Sangramento uterino anormal Dor lateralizada Ausência de efeitos colaterais associados à menstruação Presença de dispareumia Progressão sintomática DISMENORREIA PRIMÁRIA - Aparecimento em períodos variáveis após a menarca (em média 12 a 24 meses) - Padrão constante de dor em dias menstruais - Caráter eventualmente crescente da dor - Padrão de aprendizado - Interação com fatores emocionais - Diagnóstico de exclusão em mulheres mais velhas: sempre investigar fatores causais de dismenorreia secundária 3 Ginecologia – Laís Reis ETIOLOGIA - Teoria psicogênica: geralmente secundária - Estenose de colo uterino: pouco significativa - Prostaglandinas: mais aceita (PGE x PGF = vasoconstrição -> isquemia transitória) - PGE estimulam a atividade uterina contrátil ao promoverem o influxo de cálcio para a célula miometrial - Balanço entre PGF 2 e PGE parecem desencadear a dismenorreia com elevação de PGF 2 alfa - Dor é decorrente de estenose de vasos sanguíneos do miométrio com subsequente isquemia local transitória - Metabólitos das prostaglandinas atuam na origem da náusea, vômitos e diarreia - Contração uterina é tônica e não espasmódica QUADRO CLINICO - Dor abdominal de baixo ventre podendo se estender a todo abdome - Irradiação para coxas e dorso - Inicio algumas horas antes do sangramento ou até mesmo concomitante ao início deste - Duração variável – um único dia até o pós-menstrual imediato 50% dos casos tem sintomas associados: - Náuseas ou vômitos (80%) - Diarreia (50%) - Cefaleia (60%) - Cansaço (45%) - Irritabilidade(30%) - Desmaios, lipotimia e tonturas DIAGNÓSTICO - Clinico: baseado na anamnese bem elaborada Cuidado para definição de idade de menarca e período de aparecimento Afastar quadros secundários que exigem terapia específica - Exame clínico afasta fatores secundários - Exames complementares apenas para descartar quadros secundários se persistir dúvida - Exame complementar mais útil incialmente é a USG pélvica transvaginal EXAMES COMPLEMENTARES: - Indicação em casos severos refratários a teste terapêutico ACO - USG pélvica transvaginal - CA-125 (endometriose e tumores ovarianos) - Histeroscopia e laparoscopia - RNM TRATAMENTO - Medidas gerais: repouso adequado, dieta equilibrada, terapia de apoio, exercícios físicos, analgésicos simples - Terapia especifica: ACO: atrofia endometrial e descamação uniforme com redução na produção e liberação de PGR AINH: redução na produção e liberação de PGR com preferência a COX-1 sobre COX-2 (possível ação de cox2 bloqueando a ovulação) DIU de progesterona: primária e secundária por endometriose - Outras terapias: Acupuntura, homeopatia, florais, fitoterapia, terapias alternativas (ayurética, ortomolecular e outras) Antiespasmódicos, Vitaminas e Ácido Gamalinolênico Tratamentos para casos refratários à combinação ACO + AINH: Investigar fatores secundários Neurectomia pré-sacral ou secção ligamento útero-sacro – evidência C Histerectomia em casos muito graves FELDENE SUBLINGUAL – piroxicam: melhor medicação para sintomas
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