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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO FÍSICA E TREINAMENTO 
DESPORTIVO 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
1 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4 
2 INTRODUÇÃO A AVALIAÇÃO FÍSICA .................................................................. 5 
2.1 Por que avaliar? ................................................................................................. 5 
2.2 Objetivos das medidas e avaliações em educação física .................................. 6 
2.3 Tipos de avaliação ............................................................................................. 7 
2.4 Medida, avaliação e teste ................................................................................... 9 
2.5 Princípios da avaliação física ........................................................................... 12 
2.6 Organização e administração dos testes ......................................................... 14 
2.7 Precisão de medidas ........................................................................................ 15 
3 MEDIDAS E AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................. 17 
3.1 Composição corporal ....................................................................................... 17 
3.2 Classificações e medidas da composição corporal .......................................... 18 
3.3 Classificações da composição corporal ........................................................... 18 
3.4 Peso ................................................................................................................. 19 
3.5 Estatura ............................................................................................................ 20 
3.6 Perímetro .......................................................................................................... 20 
3.7 Diâmetros ósseos ............................................................................................. 20 
3.8 Dobras cutâneas .............................................................................................. 20 
3.9 Métodos de avaliação da composição corporal ................................................ 21 
3.10 Métodos indiretos de avaliação da composição corporal ................................. 21 
3.11 Métodos duplamente indiretos de avaliação da composição corporal ............. 24 
4 PLANEJAMENTO DE AVALIAÇÕES ................................................................... 41 
4.1 Rotina de preparação e aplicação dos testes de avaliação física .................... 41 
4.2 Cuidados para a aplicação de testes de avaliação física ................................. 42 
 
2 
 
4.3 Anamnese ........................................................................................................ 43 
4.4 Questionário de prontidão para a prática de atividade física (PAR-Q) ............. 45 
4.5 Avaliação do risco cardíaco .............................................................................. 46 
4.6 Programa de avaliação física com foco no desempenho ................................. 48 
4.7 Programa de avaliação física com foco na saúde ............................................ 51 
5 TREINAMENTO DESPORTIVO ........................................................................... 56 
5.1 Anteprojeto, diagnóstico e planejamento do treinamento desportivo ............... 56 
5.2 As fases do treinamento desportivo ................................................................. 56 
5.3 A importância das fases de anteprojeto, diagnóstico e planejamento na 
periodização ............................................................................................................. 61 
5.4 Período pré-preparatório na prática ................................................................. 64 
6 PLANOS DE TREINAMENTO E DE PLANILHAS ................................................ 68 
6.1 Ciclos de treinamento ....................................................................................... 68 
6.2 Planificação do treinamento desportivo ............................................................ 76 
7 PERIODIZAÇÃO COMPLETA DE TREINAMENTO ............................................. 82 
7.1 Modelos de periodização de treinamento ......................................................... 82 
7.2 Especificidades da periodização completa de treinamento .............................. 85 
8 HETEROCRONISMO NOS CICLOS DE TREINAMENTO ................................... 89 
9 QUALIDADES FÍSICAS, PERFORMANCE E SAÚDE ......................................... 93 
9.1 Qualidades físicas relacionadas a saúde e performance ................................. 94 
9.2 Métodos de treinamento para saúde e performance ...................................... 103 
9.3 Programas de treinamento aplicados à saúde e à performance .................... 106 
9.4 Treinamento de não atletas ............................................................................ 111 
10 MÉTODOS DE TREINAMENTO DA COORDENAÇÃO E DO EQUILÍBRIO ...... 112 
10.1 Coordenação e equilíbrio ............................................................................... 112 
10.2 Métodos de treinamento ................................................................................. 113 
 
3 
 
10.3 Programa de treinamento para coordenação e equilíbrio .............................. 118 
11 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 122 
12 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ................................................................... 122 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 INTRODUÇÃO A AVALIAÇÃO FÍSICA 
Em suas práticas, é muito comum que os profissionais de educação física se 
utilizem de métodos quantitativos para avaliar a composição corporal, as capacidades 
físicas e os padrões de movimento. Isso pode ocorrer por inúmeros motivos: seja 
apenas para coletar dados para um estudo epidemiológico, seja para direcionar 
treinamentos ou traçar diagnósticos sobre os sujeitos que se avalia. Este conjunto de 
técnicas que buscam obter dados quantitativos e qualitativos sobre as condições 
físicas de alguém denominamos avaliação física. 
 Existem muitas formas de avaliar a condição física dos sujeitos e, por isso, é 
importante que o profissional de educação física, antes de aprender os aspectos 
procedimentais da avaliação, consiga compreender os principais conceitos e 
princípios que orientam essa prática. 
 Neste capítulo, você compreenderá a relevância da avaliação física para a sua 
prática, as diferenças entre medida, teste e avaliação e, ainda, os princípios que 
regem a avaliação física. 
2.1Por que avaliar? 
A avaliação é o ato de determinar, estabelecer, examinar ou julgar o valor de 
algo ou alguma coisa (FUNDAÇÃO VALE, 2013). Recorrentemente, a avaliação é 
utilizada como forma de classifi car os indivíduos entre bons ou aceitáveis e ruins ou 
inaceitáveis. Essa perspectiva reducionista da avaliação vem sendo deixada de lado 
para que seja assumida uma compreensão mais ampla. No âmbito da educação física, 
a avaliação exerce uma função primordial e é o principal meio para compreender o 
estado físico dos sujeitos e traçar ou readequar os caminhos para que sua condição 
de saúde ou desempenho seja aperfeiçoada. 
A avaliação física envolve o uso de procedimentos precisos e confiáveis para 
determinar com exatidão as condições de determinada pessoa. Cada tipo de medida 
possui uma forma procedimental específica e que envolve diferentes níveis de 
complexidade, colocando aquele que avalia diante de inúmeros problemas, que vão 
desde a forma como medir até a interpretação dos resultados obtidos. 
Em geral, quando identificamos o resultado, fazemos a comparação com uma 
escala de valores populacionais para que possamos emitir um juízo e um parecer 
 
6 
 
sobre o resultado. Por vezes, a avaliação física resulta apenas na emissão de 
julgamentos. No entanto, ao se tratar do movimento humano, ela é muito mais que 
isso, sendo, também, a síntese dos elementos quantitativos, subjetivos e das outras 
evidências que podem oferecer os dados e informações para diferentes propósitos. 
2.2 Objetivos das medidas e avaliações em educação física 
A avaliação física pode ser utilizada para muitas possibilidades. Atualmente, é 
comum observarmos o uso de testes e medidas em diversas ocasiões. Você já deve 
ter participado de algum deles em algum momento de sua vida, como, por exemplo, 
em academias, com equipes profissionais, escolares ou até mesmo em concursos 
públicos. Ainda que nessas ocasiões mencionadas o uso dos testes possa ter ocorrido 
da mesma forma, é provável que em cada uma delas o objetivo da avaliação tenha 
sido específico e se diferenciado dos demais. Charro et al. (2010) apontam os 
principais objetivos da avaliação física, que você confere a seguir. 
 
https://www.enfoquems.com.br 
 Determinar o nível de aptidão física geral: determinada a condição 
física do indivíduo em cada uma das qualidades testadas, a avaliação física 
proporciona ao profissional de educação física subsídios para melhor prescrever os 
programas de treinamento e preparação, observada a condição da aptidão física do 
aluno. 
 
7 
 
 Determinar o progresso: quando utilizada como forma de reavaliação, 
é possível comparar índices e níveis obtidos entre avaliações realizadas em períodos 
diferentes, o que possibilita a identificação de melhoras ou informações para 
readequar os programas de treinamento. 
 Determinar o estado de saúde: geralmente efetuadas junto ao 
momento de anamneses, as avaliações físicas permitem identificar a presença de 
sinais, sintomas, características ou comportamentos habituais dos indivíduos que 
possam apresentar-se como riscos de problemas de saúde. 
 Classificar os indivíduos: quando existe a necessidade de dividir os 
avaliados em grupos, a avaliação permite que sejam identificadas características em 
comum entre os participantes. 
 Motivar: o avaliado pode ser motivado a melhorar sua condição física 
com base nas informações obtidas sobre o seu estado atual. O mesmo vale para a 
adesão aos programas de atividades físicas, em que os resultados identificados 
podem produzir a motivação no avaliado para continuar o programa. 
 Diretriz para pesquisa: os dados obtidos para a pesquisa devem ser 
avaliados pela sua significância e, com isso, levar os conhecimentos sobre 
determinado caso ou situação para outras pessoas, disseminando as informações 
obtidas. 
2.3 Tipos de avaliação 
Conforme o objetivo determinado pelo avaliador, as avaliações podem ser 
classificadas em três diferentes tipos: a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa 
e as avaliações somativas (CHARRO et al., 2010). 
A avaliação diagnóstica auxilia o avaliador ou o profissional que irá realizar a 
prescrição do exercício físico. Auxilia, também, na elaboração da programação de 
treinamentos e na seleção de grupos, que podem ser homogêneos ou heterogêneos. 
Por exemplo, em treinamentos voltados ao emagrecimento, a medida de dobras 
cutâneas para determinar o percentual de gordura corporal serve para identificar o 
estado geral do avaliado antes do início do referido programa. 
A avaliação formativa determina o progresso dos avaliados na realização de 
um programa de treinamento, fornecendo informações tanto para o avaliador quanto 
 
8 
 
para o avaliado que sejam possíveis de identificar se os resultados traçados em certo 
período condizem com o esperado. Serve, também, como forma de identificar os 
pontos fortes e fracos de determinado tipo de treinamento, fornecendo possibilidades 
de reformulações para que o objetivo proposto seja alcançado. Utilizando o exemplo 
anterior, as medidas de dobras cutâneas em um programa voltado ao emagrecimento 
podem ser realizadas semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente, identificando 
o progresso do avaliado. 
A avaliação somativa representa o resultado de todas as avaliações 
realizadas, identificando as evoluções do avaliado. Essas avaliações representam os 
ganhos gerais de um indivíduo e/ou nas unidades de treinamento (MARINS; 
GIANNICHI, 2007). Ainda no exemplo acerca das dobras cutâneas em um programa 
voltado ao emagrecimento, o somatório de todas as avaliações torna possível avaliar 
o progresso geral do avaliado e identificar em quais momentos e por quais motivos 
algumas semanas, quinzenas ou meses de treinamento não foram tão efetivos. Para 
compreender melhor as diferenças entre os diferentes tipos de avaliação, observe o 
Quadro 1, que apresenta alguns exemplos quanto aos objetivos e momentos de 
avaliação. 
 
Quadro 1. Tipos de avaliação 
Tipo de avaliação Diagnóstica Formativa Somativa 
Propósito Fornecer informações 
sobre o avaliado e 
determinar o melhor 
programa de 
treinamento com base 
em suas 
características 
Fornecer um feedback 
para o avaliado e para 
o avaliador. 
Certificar o avanço e a 
eficácia do programa 
de treinamentos, 
identificando pontos 
fortes e fracos na sua 
realização 
Período Anterior ao programa 
de treinamento. 
Durante o programa de 
treinamento. 
Ao final do programa 
de treinamento. 
 
Como você deve ter compreendido até aqui, a avaliação física é o principal 
meio pelo qual o profissional que lida com o movimento humano identifica, organiza e 
avalia a sua prática, fornecendo informações que fazem a mediação entre os 
programas de treinamento tanto para o avaliador quanto para o avaliado. As 
avaliações ocorrem, muitas vezes, por meio de protocolos específicos que buscam 
 
9 
 
atender a um objetivo. A forma como tais dados são obtidos envolve as medidas, os 
testes e as avaliações, conceitos que você conhecerá no próximo tópico. 
2.4 Medida, avaliação e teste 
Embora sejam recorrentemente utilizados como sinônimos, os termos medida, 
teste e avaliação não se referem ao mesmo processo quando os utilizamos dentro do 
campo da educação física. Por mais que seja comum a utilização desses termos como 
sinônimos, devemos estar atentos quanto à sua utilização, já que se referem a modos 
de interpretação distintos. Por exemplo, ao medirmos a estatura de um indivíduo e 
constatarmos que o mesmo tem 180 cm, a utilização apenas da medida desse número 
não nos diz muito. É preciso conseguir analisar e interpretar o que tal medida 
representa dentro de um contexto específico, passando, então, por um processo de 
avaliação. Assim, os conceitos de medida, teste e avaliação devem ser utilizados para 
representar o processo pelo qual as informações obtidas do avaliado foram 
analisadas.Você conhecerá um pouco mais das peculiaridades desses termos a 
seguir. 
 
Teste 
 
Os testes compreendem um processo de obtenção de dados. Guedes e 
Guedes (2006, p. 2) indicam que testar “[...] consiste em verificar o desempenho de 
alguém mediante situações previamente organizadas e padronizadas, denominadas 
testes”. Os testes são uma das principais formas de obter dados dentro do campo da 
educação física, visto que são práticos em sua aplicação e objetivos em suas 
informações. Embora geralmente utilizem protocolos específicos, os testes podem ser 
de campo ou de laboratório. 
Os testes de campo em geral são baratos, muito fáceis de serem administrados 
e geralmente estão relacionados às capacidades físicas dos avaliados, como no caso 
do futebol, em que os atletas são submetidos a testes no gramado, com o uso da 
vestimenta do uniforme de sua modalidade esportiva. Alguns exemplos muito 
conhecidos são o teste de Cooper, o teste de flexões de braço, de impulsão horizontal, 
entre outros (MARINS; GIANNICHI, 2007). 
 
10 
 
Os testes de referência, ao contrário, são protocolos que geralmente possuem 
um investimento financeiro maior, pois são realizados em maquinários específicos e 
em ambiente controlado, o que os torna mais confiáveis e reprodutíveis. Também 
podem ser utilizados para aferir a capacidade física dos avaliados, assim como 
também podem aferir a composição corporal. Alguns dos testes comuns são a 
ergoespirometria, os dinamômetros isocinéticos e as plataformas de força. 
 
Medida 
 
O termo medir significa a obtenção dos dados quantitativos, procedimento 
basilar da avaliação física. Para Guedes e Guedes (2006, p. 1), “[...] medir significa 
determinar a quantidade, a extensão ou o grau de determinado atributo com baste em 
um sistema convencional de unidades”. O resultado da medida é sempre numérico e 
refere-se ao quantitativo do atributo a ser descrito. Exemplos de medida são a estatura 
e o peso, cujos sistemas convencionais são, respectivamente, o metro e o quilograma. 
A medida se encontra em todos os processos de avaliação física, sejam eles voltados 
para a compreensão de qualquer capacidade ou habilidade física. As medidas podem 
ser obtidas de forma direta ou indireta (MARINS; GIANNICHI, 2007). 
As medidas diretas são aquelas que, como o nome sugere, são obtidas 
diretamente do avaliado. Por exemplo, para medir o consumo de oxigênio de um 
indivíduo de forma direta, o teste de ergoespirometria é recorrentemente utilizado. As 
medidas indiretas são aquelas que são obtidas por modo distinto ao que se pretende 
avaliar, mas, com a relação dos resultados, é possível estabelecer algumas 
estimativas. Utilizando o exemplo anterior, para indiretamente estimar o consumo de 
oxigênio de um indivíduo, o teste de Cooper é recorrentemente utilizado. Com os 
resultados da distância percorrida em determinado período pelo avaliado, é possível 
estimar o seu consumo de oxigênio. 
 
Avaliação 
 
A avaliação se refere às compreensões que são possíveis por determinado 
teste e medida. De acordo com Guedes e Guedes (2006, p. 1), a avaliação é definida 
como “[...] um processo interpretativo, pois consiste em julgar com base em 
referenciais selecionados especificamente para essa finalidade”. Por demandar o 
 
11 
 
processo interpretativo, a avaliação é o meio mais abrangente, pois, enquanto as 
medidas e os testes se detêm à utilização de dados e instrumentos quantitativos, a 
avaliação também solicita a utilização de dados e instrumentos qualitativos. 
O papel do profissional de educação física em uma avaliação é considerar 
todas as variáveis envolvidas em um teste pelo qual se obtém uma medida. Ou seja, 
a avaliação consiste em conseguir identificar o que, por quê e quem está sendo 
avaliado. Isso significa que apenas a medida obtida em um teste não representa um 
padrão universal a todos os sujeitos. Imagine um mesmo teste aplicado em homens 
de meia idade, em mulheres, em crianças ou idosos: é possível que as medidas 
obtidas por determinado protocolo signifiquem a mesma coisa? Certamente não, pois, 
para cada uma dessas individualidades, são produzidos padrões diferentes. Não é 
possível exigir que populações idosas possuam a mesma resistência 
cardiorrespiratória que jovens de vinte anos de idade, já que o primeiro grupo 
apresenta sinais e sintomas do processo de envelhecimento e, em decorrência disso, 
sua exigência é menor. O mesmo também podemos afirmar em populações 
fisicamente ativas, sedentárias, atletas, com quadros patológicos e também inúmeras 
outras variáveis. O papel do profissional de educação física, então, é considerar todas 
as variáveis presentes em relação ao avaliado e determinar quais medidas a esse 
sujeito ou grupo são consideradas dentro do esperado (GONÇALVES, 2019). 
 Ou seja, a avaliação consiste em um processo que visa dar significado aos 
resultados colhidos em um teste ou medida, fazendo com que os números expressos 
passem a apontar informações consistentes que possam mediar a prática do avaliado 
e do avaliador. Em síntese, a Figura 1, a seguir, apresenta as diferenças entre os três 
conceitos. 
 
 
 
 
12 
 
 
Em grande parte das vezes, a medida e os testes se encontram dentro de 
protocolos específicos e que são avaliados a partir de percentis populacionais. Em 
muitos casos, o uso de softwares auxilia a compreensão de variações apresentadas 
pelo avaliado na realização de um teste. Seja qual for a dimensão avaliada, o objetivo 
pelo qual se propõe avaliar o avaliador deve seguir alguns critérios essenciais, os 
quais você vai conhecer na próxima seção. 
2.5 Princípios da avaliação física 
Embora no que se refere ao corpo humano e ao movimento muitos aspectos 
possam ser avaliados e diversos testes se proponham a isso, isso não significa que 
qualquer teste pode ser utilizado para qualquer medida. É preciso, para tanto, que o 
profissional consiga utilizar o método que melhor corresponda a seus objetivos 
avaliativos, estabelecendo, para isso, alguns critérios. Nesta seção, você vai conhecer 
os princípios da avaliação física. 
 
Critério de seleção de testes 
 
Ao se determinar o que será testado e por qual objetivo a avaliação será feita, 
o profissional deve procurar na literatura o melhor teste para a situação envolvida. A 
escolha desses testes deve ser feita com base em três princípios: a validade, a 
fidedignidade ou confiabilidade e a objetividade ou reprodutibilidade. 
A validade de um teste consiste em ele conseguir medir o que se propõe a 
medir (CHARRO et al., 2010). Para determinar que um teste realmente mede o que 
se propõe a medir, existem quatro formas principais: a validade de conteúdo, a 
validade de critério, a validade de predição e a validade de construção. 
 A validade de conteúdo representa que um teste é adequado com base na 
lógica quando os números obtidos representam a variável morfológica ou fisiológica 
analisada sendo baseada pelo testemunho de um especialista ou em sua larga 
utilização (GUEDES; GUEDES, 2006). Por exemplo, ao avaliar a capacidade 
cardiorrespiratória, o teste de Cooper é um protocolo amplamente utilizado em 
importantes pesquisas; podemos dizer, então, que este teste possui validade de 
conteúdo. 
 
13 
 
A validade de critério consiste na relação por meios estatísticos quando se 
compara o resultado de um teste em questão com outros testes já validados. Um 
exemplo de validade de critério é quando comparamos, por exemplo, os resultados 
de um teste de consumo máximo de oxigênio a partir de dois protocolos diferentes, 
como o teste de Cooper e a ergoespirometria. Para ter a validade de critério, espera-
se que ambos os testes apresentem medidas semelhantes. 
A validade de predição está relacionada à capacidade de prever, em linhas 
gerais, o resultado obtido considerando o avaliado. Utilizando o exemplo do teste de 
Cooper, a validade de predição consisteem confirmar que o resultado do teste, 
quando realizado por homens, por exemplo, apresenta-se de maneira diferente 
quando desenvolvido por mulheres de mesma idade (GONÇALVES, 2019). 
 A validade de construção representa a consistência teórica que sustenta o 
teste, também delimitando se ele é capaz de medir o que pretende. Ou seja, para 
avaliar o consumo máximo de oxigênio, o teste elegido deve contemplar a capacidade 
cardiorrespiratória e sustentar o que a literatura afirma. No teste de Cooper, pode-se 
dizer que a validade de construção ocorre à medida que a variável, o consumo máximo 
de oxigênio, é maior quando a intensidade da corrida do avaliado também for maior. 
A fidedignidade ou confiabilidade diz respeito aos resultados encontrados 
sob as mesmas condições. Quer dizer, se a aplicação do teste for replicada sob as 
mesmas condições do avaliado e os mesmos resultados forem encontrados, então se 
pode dizer que o teste é confiável. Por exemplo, quando subimos em uma balança, 
identificamos o nosso peso corporal. Ao descer e subir novamente nessa balança, 
espera-se que o peso seja o mesmo ou que apresente pequenas variações não 
significativas. Se isso ocorrer, então o teste é considerado fidedigno ou confiável. 
 A objetividade ou reprodutibilidade diz respeito à consistência dos 
resultados independentemente do avaliador. Quando o teste é aplicado sobre os 
mesmos indivíduos, por avaliadores diferentes, e, ainda assim, apresenta os mesmos 
resultados, diz-se que possui objetividade. Por exemplo, suponha que você efetuou 
as medidas de dobras cutâneas de alguém. Minutos depois, um colega seu efetuou o 
mesmo procedimento. Se ambos chegarem aos mesmos resultados, o que é 
esperado nesse teste, pode-se afirmar que é objetivo ou reprodutível. 
Além desses fatores, também deve ser levada em consideração a 
padronização de instruções para o teste em questão. Essas informações seguem 
protocolos específicos, que orientam as condições de realização dos testes, os locais 
 
14 
 
em que pode ser aplicada, a vestimenta dos avaliados, as formas de motivação, os 
cuidados a serem tomados e os erros comuns que devem ser evitados (GUEDES; 
GUEDES, 2006). 
2.6 Organização e administração dos testes 
Uma boa avaliação requer que o avaliador esteja atento às peculiaridades de 
alguns fatores que interferem na realização de um teste ou na obtenção dos seus 
resultados. Veja, a seguir, alguns desses fatores apontados por Charro et al. (2010). 
 
 Procedimento do avaliador: o avaliador deve possuir conhecimento 
sobre os propósitos dos testes e de seus detalhes técnicos para aplicação, assumindo 
as padronizações. Além de conhecer o teste em questão, é necessário que possua 
conhecimentos sobre o que será avaliado, como, por exemplo, no caso da avaliação 
antropométrica, os conhecimentos de anatomia. 
 Informação do avaliado: o sujeito avaliado deve conhecer previamente 
o processo de medida e apresentar motivação e disposição para realizá-lo, sendo 
possível obter os melhores resultados. O avaliado deve ser informado sobre o 
intervalo entre a última refeição e o teste, o uso das vestimentas adequadas para 
realizá-lo, além de ficar ao menos 72 horas sem realizar esforço físico quando 
submetido a avaliações de esforço máximo ou submáximo. 
 Local: o local deve possuir condições adequadas de espaços, luz, som, 
temperatura, vento, condições de solo, segurança e trânsito de pessoal. Alguns 
protocolos exigem, além desses fatores, paredes sem cores, que ofereçam estímulos 
que retirem a concentração dos avaliados durante a realização do teste. 
 Horário: o teste e o reteste devem ser realizados no mesmo período do 
dia e, preferencialmente, no mesmo horário, para que sejam evitadas as interferências 
por alterações posturais ou de cansaço e ocorridas pela ação de hormônios. É preciso 
considerar os ritmos de secreção circadiano (relativo ao ritmo biológico no período de 
24 horas e que está relacionado a fatores como luz solar e temperatura) e ultradiano 
(relativo a mudanças repetitivas que ocorrem em período de até 20 horas, com a 
mudança na frequência de batimentos cardíacos). 
 
15 
 
 Vestimenta: a vestimenta deve ser condizente com o teste a ser 
realizado. O ideal é o uso de calção, camiseta, meias e tênis com solado adequado, 
além de biquínis e sungas, quando for o caso. 
 Instrumental: os instrumentos de medida que serão utilizados no teste 
devem ser escolhidos cuidadosamente, optando-se por aquele que apresenta melhor 
precisão. Eles devem ser utilizados com cuidado e armazenados nos locais 
adequados. O mau uso pode afetar a precisão ou comprometer a sua utilização por 
tempo prolongado (MARINS; GIANNICHI, 2007). 
 Calibração: ainda que todo cuidado seja considerado, é comum que, 
com o passar do tempo, os equipamentos percam a sua calibração. Por isso, é 
aconselhável que sua aferição seja realizada periodicamente ou, no caso de ser 
impossível este procedimento, deve ser efetuada a troca do equipamento. 
Geralmente, os próprios fabricantes indicam o período de aferição ou troca, o que 
deve ocorrer entre 6 meses e um ano. 
 Mecanismos de aplicação: existem muitos fatores que influenciam a 
aplicação do teste, como, por exemplo, o número de avaliados, o número necessário 
de avaliadores, a demonstração, a ordem dos testes, a duração da avaliação e a 
coleta de dados. Quanto a essas variáveis, o avaliador deve se precaver para que o 
procedimento não seja interrompido durante a sua realização. 
 
2.7 Precisão de medidas 
A precisão das medidas é de fundamental importância para a avaliação. Uma 
imprecisão nas informações obtidas compromete o resultado e os objetivos que o teste 
propõe. Em primeiro lugar, a precisão depende da exatidão de instrumentos e, em 
seguida, da aplicação por parte dos avaliadores. 
Os erros podem ser classificados em erros de medida ou erros sistemáticos 
(MARINS; GIANNICHI, 2007). 
Os erros de medida dizem respeito ao equipamento, ao medidor ou à 
administração do teste. Veja seus tipos a seguir. 
 
 
16 
 
 Erro de equipamento: quando a utilização do equipamento não é 
adequada ao que se propõe aferir ou o equipamento não está calibrado corretamente. 
 Erro do medidor: quando o avaliador erra ou não consegue efetuar 
uma leitura. 
 Erro de administração: quando o procedimento para a aplicação e 
realização do teste está equivocado. 
 
Os erros sistemáticos são aqueles relacionados às diferenças biológicas e 
ambientais, como aquelas relacionadas à estatura, à força, à flexibilidade ou à postura 
— variáveis essas que se modificam conforme o horário do dia. O Quadro 2, a seguir, 
apresenta algumas das variáveis e as implicações que podem ser provocadas em 
relação à dimensão testada. 
 
Quadro 2. Variáveis de desempenho que podem provocar erros sistemáticos 
Variável Implicação 
Psíquica Ansiedade 
Motivação 
Inteligência 
Personalidade 
Metabólica Sistema aeróbico 
Sistema anaeróbico 
Neuromuscular Força 
Resistência 
Velocidade 
Flexibilidade 
Coordenação 
Cineantropométrica Composição corporal 
Somatótipo 
Proporcionalidade 
Crescimento e desenvolvimento 
Fonte: Adaptado de Guedes e Guedes (2006) 
 
Como você pode identificar, os erros sistemáticos estão relacionados a fatores 
referentes ao avaliado e ao ambiente em que o teste será realizado. Por exemplo, é 
possível que um trabalhador que executa atividades exaustivas durante a sua jornada 
de trabalho obtenha resultados superiores pela manhã, quando ainda não começou a 
 
17 
 
sua jornada laboral, do que pela noite, após o período exaustivo. O mesmo ocorre 
com sujeitos que possuem variação de humor, que utilizam medicamentos que 
alterem os sistemas ou pelos fatos ocorridos em sua vida particular. Por esse motivo, 
a preparação do avaliado pelo avaliador deve sempre ocorrer em conjunto, de modo 
que seja possível identificar omelhor momento para a realização do teste e reduzir, 
assim, a possibilidade de erros sistemáticos (GONÇALVES, 2019). 
Dessa forma, é possível compreender que a avaliação física é um processo 
complexo, que exige do profissional de educação física saberes técnicos que vão 
desde a compreensão de conceitos até os aspectos procedimentais que envolvem a 
aplicação de um teste. Seja qual for o ambiente em que desenvolve o seu trabalho, o 
profissional de educação física deve estar pronto para realizar a avaliação física, 
apontando caminhos para que os sujeitos com quem trabalha alcancem seus 
objetivos. 
 
3 MEDIDAS E AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA 
3.1 Composição corporal 
A avaliação da composição corporal consiste em conseguir identificar, como o 
próprio nome sugere, como o corpo humano é composto em termos de tecidos e 
substâncias. A composição corporal é um indicador que está relacionado com a 
aptidão física e o estado de saúde dos indivíduos, já que, para ter força condizente 
com qualquer tarefa, é necessário que haja a quantidade necessária de massa 
muscular. O mesmo se aplica ao considerarmos fatores que podem apresentar riscos 
à saúde, como no caso da obesidade, que se caracteriza pelo excessivo acúmulo de 
tecido adiposo. Nesse sentido, é necessário que o profissional de educação física, ao 
considerar os elementos da aptidão física, sejam eles voltados à saúde ou ao 
desempenho, também consiga subsídios para a avaliar a composição corporal 
(GONÇALVES, 2019). 
Por isso, neste capítulo, você conhecerá as principais formas de realizar uma 
avaliação da composição corporal, analisando métodos aplicados nessa avaliação, 
considerando as classificações e medidas da composição corporal e aprendendo a 
realizar uma avaliação cineantropométrica. 
 
18 
 
3.2 Classificações e medidas da composição corporal 
Existem, na atualidade, diversas formas de realizar a avaliação da composição 
corporal, e cada uma delas se utiliza de formas específicas para estimar a composição 
corporal de um indivíduo. Essas formas podem ser classificadas de acordo com o 
método de obtenção e diferentes variáveis podem ser aplicadas. 
Ao longo dos anos, diversos modelos foram propostos e a avaliação da 
composição corporal esteve relacionada a alguns compartimentos específicos do 
corpo humano. Inicialmente, a composição corporal levava em consideração apenas 
o quantitativo de massa corporal magra e gorda. Posteriormente, o quantitativo de 
água corporal também foi considerado. Em seguida, abordando quatro 
compartimentos, passou-se a considerar os quantitativos de gordura, massa 
muscular, massa óssea e massa residual (órgãos, pele, sangue, e outros tecidos). 
Atualmente, o modelo multicompartimental, como o nome indica, considera a 
existência de múltiplos compartimentos, dividindo o corpo em gordura e componente 
não gorduroso, que se refere ao peso corporal que permanece após a gordura ser 
removida e, portanto, é composto pelos tecidos muscular e esquelético, pela pele, 
pelos órgãos e demais tecidos não gordurosos (GUEDES; GUEDES, 2006). 
Assim, existem diferentes propostas de avaliação da composição corporal, que 
pode receber diferentes classificações, e que envolvem os mais diversos 
componentes. Nesta seção, você conhecerá as classificações da composição corporal 
e as variáveis que são mais utilizadas para esse tipo de avaliação. 
3.3 Classificações da composição corporal 
Quando se realiza alguma avaliação, seja ela voltada à aptidão física ou à 
composição corporal, ao se obter a medida por meios que meçam o componente que 
se pretende avaliar, os dados são obtidos de forma direta. Quando os elementos não 
são medidos diretamente, a avaliação é apenas estimada e resulta em métodos 
indiretos. 
No que se refere à composição corporal, a única forma de medir diretamente 
os compartimentos corporais é através da dissecação de cadáveres, o que, você deve 
presumir, é inviável para os fins pelos quais os profissionais de educação física 
buscam estimar a composição corporal. Outros meios, portanto, devem ser 
 
19 
 
considerados, e são feitas as classificações que você confere a seguir 
(BAUMGARTNER; JACKSON, 1995). 
 
 Método direto: forma de medir que envolve a separação de cada um 
dos diversos componentes estruturais do corpo humano para pesá-los e estabelecer 
relações entre eles e o peso corporal total. Como dito, a única forma considerada um 
método direto é a dissecação de cadáveres. 
 Método indireto: meios pelos quais não há a manipulação de forma 
separada dos componentes que compõem o corpo humano, mas que são validados a 
partir do método direto e que envolvem reações químicas ou físicas. Entre os métodos 
indiretos, os mais comuns são a hidrodensitometria e a plestimografia, que você 
conhecerá na próxima seção. 
 Métodos duplamente indiretos: são aqueles validados a partir de 
métodos indiretos e que envolvem, geralmente, formas mais acessíveis para 
avaliação. Neste caso, podemos citar como exemplo as proporções peso-estatura, as 
circunferências corporais e as medidas de dobras cutâneas. 
Como se pode identificar, os métodos duplamente indiretos são a principal 
forma de realizar a avaliação corporal, já que são meios mais fáceis de serem 
realizados e envolvem equipamentos mais acessíveis. Os métodos duplamente 
indiretos, para estimar a composição corporal, envolvem as medidas de peso, 
estatura, perímetros corporais, diâmetros ósseos e espessura de dobras cutâneas. 
3.4 Peso 
O peso consiste na dimensão da massa e do volume corporal a partir do 
somatório de todas as células e dos tecidos corporais e é expresso em quilograma, 
geralmente, utilizando-se duas casas decimais. Essa é a medida mais comum do dia 
a dia de muitas pessoas, calculada em balanças, que são comuns em residências ou 
drogarias. O peso é uma medida que varia constantemente, inclusive quando 
considerado um intervalo de horas ou minutos; sofre alterações devido a inúmeros 
fatores, como ingestão de alimentos, sudorese, excreção, entre outros fatores que 
representam o ganho ou a perda de peso corporal (GUEDES; GUEDES, 1998). 
 
20 
 
3.5 Estatura 
A estatura representa a altura do ser humano, em posição ortostática, e é 
expressa em centímetros. Apesar de ser uma medida simples, necessita de um 
estadiômetro para que seja mensurada corretamente, um equipamento que não é 
muito usual no cotidiano, embora algumas balanças voltadas à obtenção dos índices 
de massa corporal o contenham (GUEDES; GUEDES, 1998). 
3.6 Perímetro 
Os perímetros compreendem as medidas da circunferência de um segmento 
corporal, como o abdômen, o tórax, a coxa e o braço, sendo perpendiculares ao eixo 
longitudinal do mesmo segmento. São feitos com fita métrica, de preferência metálica, 
com precisão de 0,1 cm (GUEDES; GUEDES, 1998). 
3.7 Diâmetros ósseos 
Consistem nas medidas que são obtidas a partir de dois pontos ósseos, 
simétricos ou não, geralmente situados em planos perpendiculares ao eixo 
longitudinal do corpo. Essas medidas são obtidas a partir de paquímetros e são 
comuns nas extremidades ósseas que compõem articulações, como aquelas situadas 
no joelho, nos punhos e nos cotovelos (GUEDES; GUEDES, 1998). 
3.8 Dobras cutâneas 
As sobras cutâneas são formadas por uma camada dupla de pele e gordura 
subcutânea medida com um adipômetro. Uma vez que a pele humana tem somente 
0,5 a 2 mm de espessura, a medida equivale basicamente à quantidade de gordura 
subcutânea, sendo usada como indicador da quantidade de gordura localizada 
naquela região do corpo. Essa é uma medida usual para quantificar a gordura corporal 
total, já que cerca da metade da gordura corporal se encontra na região subcutânea 
(GUEDES; GUEDES, 1998). Ao analisarmos a composição corporal, as medidas 
utilizadas geralmente têm como objetivo estimar o peso ou a proporção entre os 
diferentes tecidos que compõem o corpo humano. Como vimos,são diversos os 
 
21 
 
métodos para realizar as estimativas da composição corporal. Na seção seguinte, 
você conhecerá algumas delas. 
3.9 Métodos de avaliação da composição corporal 
Entre os métodos diretos e indiretos de avaliação da composição corporal, 
alguns são realizados em laboratórios, como é o caso da hidrodensitometria e da 
plestimografia, por necessitarem de equipamentos sofisticados e caros, e outros 
podem ser realizados em diversos ambientes, não necessitando de maquinário 
específico para a obtenção das medidas. Entre as diferentes possibilidades, o 
profissional de educação física deve eleger o que melhor atende as suas 
necessidades, identificando os limites e possibilidades de cada um dos métodos. A 
seguir, você conhecerá alguns dos principais métodos de avaliação da composição 
corporal. 
 
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3.10 Métodos indiretos de avaliação da composição corporal 
Hidrodensitometria 
 
A hidrodensitometria, também chamada de pesagem hidrostática ou 
subaquática, é um método indireto recorrentemente utilizado e considerado o padrão-
 
22 
 
ouro na determinação da composição corporal em laboratórios de fisiologia do 
exercício. Seu princípio consiste no cálculo do percentual de gordura a partir da 
densidade corporal, considerando que o corpo humano é formado por dois 
componentes: massa de gordura e massa livre de gordura (GOING et al., 2003). 
Baseia-se no princípio do matemático grego Arquimedes, segundo o qual um objeto 
parcialmente ou totalmente submerso experimenta uma força de empuxo ascendente 
igual ao peso ou volume de fluído deslocado pelo objeto. Com base nesse princípio, 
a densidade de qualquer objeto, incluindo o corpo humano, ao ser submerso e 
verificada a quantidade de água que se desloca por empuxo, pode ser calculada. 
Para o cálculo da densidade corporal pela técnica de pesagem histrostática, o 
indivíduo deve ser pesado fora da água e, em seguida, dentro da água. Na pesagem 
submersa, o avaliado deve realizar uma expiração máxima tentando eliminar o 
máximo de ar possível dos pulmões. Isso é necessário porque o ar no interior do corpo 
pode alterar a densidade corporal real. Sabendo o valor da densidade corporal, é 
possível estimar o percentual de gordura corporal, que é o principal objetivo da 
avaliação da composição corporal. 
Utiliza-se o valor obtido pela pesagem hidrostática por meio de fórmulas 
matemáticas propostas por Siri (1961) e Brozek et al. (1963). Essas equações 
consideram, para estimar a densidade corporal, a massa corporal do indivíduo, a 
massa do indivíduo, enquanto submerso, a densidade da água na temperatura em 
que o protocolo é aplicado, o volume residual e o volume gastrointestinal. O 
quantitativo de gordura corporal é obtido por meio de outra fórmula, na qual se 
considera a densidade corporal. 
 
Plestimografia 
 
A plestimografia é um método indireto que estima o volume corporal a partir do 
deslocamento de ar com base na relação inversa entre pressão e volume (lei de 
Boyle). Após calcular o volume, é possível aplicar os princípios da densitometria tal 
qual a pesagem subaquática para determinar a composição corporal por meio da 
densidade corporal (BAUMGARTNER; JACKSON, 2012). 
 O equipamento da plestimografia é feito de fibra de vidro e é ligado a um 
computador que possui um sotfware capaz de determinar as variações no volume de 
ar e na pressão no interior da câmara. Para a execução da técnica, em um primeiro 
 
23 
 
momento, é calculado o volume de ar dentro da câmara vazia. Em seguida, o indivíduo 
entra na câmara e desloca um volume de ar igual ao volume do seu corpo. Segundo 
a lei de Boyle, o volume é inversamente proporcional à pressão. Assim, como o 
volume de ar na câmara diminui com a entrada do sujeito, a pressão no interior da 
câmara aumenta. 
 A pressão do ar é registrada pelo software do aparelho e o volume corporal é 
calculado indiretamente, subtraindo-se o volume de ar restante dentro da câmara 
quando o sujeito está dentro do volume de ar na câmara vazia. É importante que, 
durante a avaliação, o indivíduo esteja descalço e usando o mínimo possível de roupa 
para não alterar o resultado (ELLIS, 2000; VIEIRA, 2004). 
 
 
 
Absorciometria de raios X de energia dupla (DEXA) 
 
A absorcimetria de raios X de energia dupla (DEXA) é um método indireto que 
foi inicialmente desenvolvido para avaliar o conteúdo mineral ósseo em doenças como 
a osteoporose. Seu princípio é o uso de raios X de energia dupla e atualmente é 
considerado uma técnica precisa e reprodutível para avaliar a composição corporal. 
Esse método fornece informações não apenas sobre o percentual de gordura, mas 
também sobre as medidas parciais e totais do corpo, sobre a densidade mineral 
óssea, o teor de gordura e a quantidade de tecido magro do organismo. 
O DEXA é uma técnica de “escaneamento” que mede as diferentes atenuações 
de dois raios X que passam pelo corpo. O princípio básico da absorciometria é a 
utilização de uma fonte de raio X com um filtro que converte um feixe de raio X em 
picos fotoelétricos de baixa e alta energia que atravessam o corpo do indivíduo. 
Conforme atingem as partes do corpo, os raios X sofrerão diferentes atenuações de 
acordo com a densidade do componente avaliado (por exemplo, ossos e músculos). 
A medida das diferentes atenuações dos picos fotoelétricos pelo aparelho é usada 
para estimar a composição dos diferentes compartimentos corporais, como o 
conteúdo mineral ósseo e os tecidos moles (LEITE, 2004). 
Para a execução da técnica, o indivíduo avaliado deve deitar em posição supina 
sobre a mesa. Os raios X são emitidos por uma fonte que passa por baixo do sujeito 
e atravessa todo o seu corpo. Os raios X atenuados são medidos por um detector 
 
24 
 
localizado na parte superior do braço de varredura. Os dados são transferidos para o 
software do computador, que consegue digitalizar a imagem gerada, diferenciar os 
picos de energia e convertê-los para estimar a composição corporal (LEITE, 2004). 
O DEXA é considerado um método não invasivo e seguro para medir três 
componentes corporais: massa óssea, massa gorda e massa livre de gordura. Além 
disso, vem sendo reconhecido como um método de referência na análise da 
composição corporal. As desvantagens da metodologia consistem no custo elevado 
do equipamento, na necessidade de profissionais aptos a interpretar os resultados e 
na exposição do avaliado à radiação, o que pode ser um fator limitante para crianças 
e gestantes, por exemplo. 
 
3.11 Métodos duplamente indiretos de avaliação da composição corporal 
Índice de massa corporal (IMC) 
 
O IMC é um método duplamente indireto que consiste em utilizar a estatura e 
o peso para estimar valores críticos de gordura nos quais aumentam os riscos de 
doenças. Para calculá-lo, divide-se o peso corporal pelo quadrado da estatura. 
Embora esse método não especifique o quantitativo de gordura ou massa magra, 
sendo essa sua grande fragilidade, é um importante instrumento para avaliação em 
saúde pública, já que é um meio de fácil identificação da obesidade ou dos índices de 
subnutrição em grandes populações. 
 Em saúde pública, o IMC é utilizado para identificar casos de subnutrição e 
para avaliar a efetividade de programas de intervenção nutricional. Além disso, a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que valores de IMC acima do limite 
superior de aceitabilidade estão relacionados ao aumento da morbidade (maior 
chance de desenvolver doenças, principalmente doenças cardiovasculares) e também 
da mortalidade. Há um aumento no excesso de mortalidade (ou seja, há um número 
maior de mortes do que o esperado para a população) conforme aumenta o valor do 
IMC. O aumento significativo no risco de morte começa com um IMC de 27,3 para 
mulheres e 27,8 para homens, níveis definidos, em 1985, pelo Instituto Nacional de 
Saúde, como de obesidade(GONÇALVES; 2019). 
 
 
25 
 
 
 
Apesar de o IMC apresentar bons resultados para avaliações populacionais, 
esse método não é o mais recomendado para a avaliação clínica individual de 
monitoramento de peso, por exemplo. Isso acontece porque é importante diferenciar 
se o peso corporal é formado por músculos ou gordura. Como o IMC não leva em 
consideração as quantidades proporcionais dos diferentes componentes corporais, 
não é possível identificar se as mudanças observadas estão na gordura ou na massa 
corporal magra. Atletas com uma grande quantidade de massa muscular podem 
facilmente entrar nas categorias de risco se só o IMC for levado em consideração. 
Outra falha importante desse método é que o IMC não é capaz de identificar onde 
está localizada a gordura corporal, o que é importante devido à sua associação com 
doenças cardiovasculares. No Quadro 3, a seguir, você pode identificar as 
classificações conforme o IMC. 
 
Quadro 3. Classificação do IMC para indivíduos adultos 
IMC Classificação Risco de doença 
< 18,5 Magro ou abaixo do peso Normal ou elevado 
18,5–24,9 Normal ou eutrófico Normal 
25–29,9 Sobrepeso ou pré-obeso Pouco elevado 
30–34,9 Obesidade Elevado 
Para melhor compreender como ocorre o cálculo do IMC, considere o exemplo de 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
35–39,9 Obesidade Muito elevado 
> 40,0 Obesidade grave Muitíssimo elevado 
Fonte: Adaptado de ABESO (2016). 
 
 
Relação cintura-quadril 
 
Hoje em dia, sabe-se que, além da quantidade total de gordura corporal, o 
modo como as pessoas armazenam essa gordura influencia o risco de doenças 
crônicas. Por isso, como a localização da gordura é um fator importante, as pessoas 
são divididas em dois grupos de acordo com a distribuição da sua gordura corporal. 
Indivíduos androides são aqueles que armazenam gordura principalmente no tronco 
e na região abdominal e são conhecidos por sua forma de maçã. Já indivíduos 
genoides armazenam gordura ao redor do quadril e das coxas, o que cria um formato 
de pera (GONÇALVES, 2019). 
 Indivíduos obesos com gordura abdominal (androides) têm maior risco de 
desenvolver doença cardíaca, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC) e 
diabetes tipo II do que indivíduos obesos com quantidades similares de gordura 
armazenada no quadril e nas coxas (genoides). Além disso, indivíduos com muita 
gordura abdominal localizada ao redor dos órgãos internos (gordura visceral 
abdominal ou intra-abdominal) estão em ainda maior risco do que aqueles com 
gordura localizada embaixo da pele (gordura subcutânea). Isso acontece porque a 
gordura localizada no abdômen pode comprometer o funcionamento dos órgãos, 
como o fígado, o pâncreas, os rins e o intestino (AVERY, 1991; LEAN; HAN, 1995). 
Um trabalho de Kaplan (1989) mostrou que essa gordura contribui para o aumento 
dos níveis de LDL e triglicerídeos no sangue, o que pode aumentar a pressão arterial 
e os riscos de diabetes, infarto e AVC. As mulheres com esse tipo de gordura corporal 
também têm propensão a desenvolver câncer de mama, cólon e útero (MCARDLE; 
KATCH; KATCH, 1998). 
 Por muito tempo, a relação das medidas entre cintura e quadril foi utilizada 
como forma de estimar o risco para a saúde com base no padrão individual de 
distribuição de gordura, que permite identificar indivíduos em maior risco distinguindo 
uma obesidade androide de uma obesidade genoide. Para isso, o avaliador deve 
 
27 
 
medir com fita métrica o perímetro do quadril e dividir o valor encontrado em 
centímetros pelo perímetro da cintura. 
 Na Figura 2, a seguir, você poderá observar os valores de referência para a 
relação cintura-quadril e sua relação com o risco do desenvolvimento de doenças 
associadas ao padrão de disposição de gordura de acordo com a idade e o gênero. 
 
 
 
Bioimpedância 
 
A bioimpedância é uma técnica bastante utilizada por permitir a avaliação não 
apenas da massa magra (ossos, músculos e órgãos) e da massa adiposa (gordura), 
mas também da quantidade total de água corporal. Além disso, apresenta a vantagem 
de ser um método não invasivo, indolor, preciso, seguro, que fornece resultados 
imediatos e que não requer profissionais altamente especializados. 
O princípio do método de bioimpedância consiste na passagem de uma 
corrente elétrica de baixa intensidade pelo corpo e na medida da resistência ao 
impulso elétrico (ou impedância). Com essa técnica, é possível diferenciar a massa 
magra da massa gorda, pois, enquanto músculos, sangue e vísceras são bons 
condutores de energia devido à grande quantidade de água e eletrólitos, a gordura é 
 
 
 
28 
 
um mal condutor. Assim, a impedância (ou resistência à corrente elétrica) será 
diretamente proporcional ao percentual de gordura corporal (WAGNER; HEYWARD, 
1999). Dessa forma, indivíduos com muita musculatura terão uma impedância menor 
do que indivíduos com uma grande quantidade de tecido adiposo. 
Apesar de possuir diversas vantagens, a técnica de bioimpedância apresenta 
algumas limitações. A principal delas é que o resultado da análise pode ser 
influenciado por diversos fatores, como o tipo do instrumento, a colocação adequada 
do eletrodo e a temperatura ambiente. O ciclo menstrual e algumas patologias, como 
alterações no rim e no fígado, também podem comprometer a análise. Indivíduos 
portadores de marca-passo, por exemplo, não podem ser submetidos ao teste. Além 
disso, o sucesso da bioimpedância depende muito da colaboração do avaliado, que 
não pode apresentar alterações de hidratação antes do teste. Por isso, a quantidade 
de líquidos e alimentos ingeridos, bem como a atividade física, são fatores que devem 
ser observados no dia da avaliação (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000). 
 
Medida das dobras cutâneas 
 
Uma das avaliações antropométricas mais utilizadas para a determinação da 
composição corporal envolve a medida de dobras cutâneas em locais previamente 
selecionados (PLOWMAN; SMITH, 2011). As dobras cutâneas são formadas pela pele 
mais o tecido adiposo entre as camadas paralelas da pele. A avaliação da composição 
por meio dessa medida baseia-se no princípio de que a quantidade de gordura 
subcutânea é proporcional à gordura corporal total; assim, essas medidas são 
utilizadas para estimar a adiposidade corporal (LOHMAN, 1981; MCARDLE; KATCH; 
KATCH, 1998). Devido a oscilações do volume de gordura corporal de acordo com a 
região do corpo, é necessária mensuração das dobras de várias regiões do corpo para 
um cálculo apropriado (GUEDES; GUEDES, 2006). 
Para a mensuração das dobras cutâneas, existem vários protocolos de 
medidas que podem ser utilizados (GUEDES; GUEDES, 2006, PETROSKI, 2009, 
LOHMAN, 1986). No entanto, uma limitação da utilização de diferentes protocolos é 
que a comparação entre diferentes grupos acaba não podendo ser realizada. Nesse 
contexto, buscando a padronização de medidas antropométricas, a ISAK 
(International Society for the Advancement of Kineantropometry — Sociedade 
Internacional para o Avanço da Antropometria) vem buscando estabelecer referências 
 
29 
 
de medidas. Para a mensuração da espessura das dobras cutâneas, utiliza-se um 
equipamento específico, denominado compasso de dobras, espessímetro, 
adipômetro ou plicômetro (Figura 3) (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). 
 
 
 
Como você pode ver, existem diferentes formas de realizar a avaliação da 
composição corporal. Algumas delas apresentam maiores limitações quanto à 
generalização e quanto à classificação; outras, quanto aos compartimentos corporais 
aos quais se restringem. Assim, o profissional deve conseguir escolher o melhor 
método para realizar a avaliação antropométrica. A seguir, você conhecerá como se 
realiza, na prática, uma avaliação cineantropométrica. 
 
Avaliação cineantropométrica 
 
Considerando que os protocolos da ISAK vêm sendo amplamente utilizados, 
você conhecerá, neste tópico, como são realizadas as medidasde dobras cutâneas 
por meio desse método. Antes de proceder à avaliação propriamente dita, você deve 
ao conhecimento anatômico, que é fundamental para a realização da medida das 
dobras cutâneas. Além disso, conforme apontado por Benedetti, Pinho e Ramos 
(2009) e pelas recomendações da ISAK, é importante seguir algumas recomendações 
antes de iniciar a avaliação, como as seguintes: 
 
 
 
 
30 
 
 calibrar o equipamento; 
 efetuar a marcação exata do ponto de referência anatômico; 
 medir sempre no lado direito do avaliado; 
 separar o tecido adiposo ou subcutâneo do tecido muscular por meio dos 
dedos polegar e indicador; 
 ajustar as extremidades do equipamento sobre o ponto anatômico. 
 aguardar o instrumento exercer a pressão (~2 segundos) na dobra e 
depois efetuar a leitura do resultado obtido; 
 realizar três medidas não consecutivas. Isso deve ser respeitado, pois a 
pele demora cerca de 45 segundos para voltar ao normal após a compressão; 
 caso existam diferenças entre as três medidas (de 5 a 10%), deve-se 
realizar uma quarta mensuração. Além disso, deve-se obter a média para que os 
valores extremos sejam eliminados. 
A medida das dobras cutâneas pode ser realizada em mais de 20 lugares 
diferentes. No entanto, as mais utilizadas e já validadas para predição do percentual 
de gordura são as dobras cutâneas do tríceps, a subescapular, do bíceps, da crista 
ilíaca, dobra supraespinal, dobra abdominal, da coxa e dos gastrocnêmios. 
 
Tríceps 
 
 Referência anatômica: exatamente no meio do processo acromial da 
escápula e o processo olécrano da ulna (Figura 4). 
 
 
 
 
 
31 
 
 
Essa medida deve ser realizada com a mão do avaliado na posição supinada. 
A medida é realizada na posição vertical. 
 
 Posição do avaliado: o sujeito deve permanecer em uma postura 
relaxada, com o braço esquerdo relaxado ao lado do corpo. O braço direito, em que a 
medida é realizada, deve estar relaxado, com a articulação do ombro levemente 
rotacionada externamente e o cotovelo estendido ao lado do corpo (GONÇALVES, 
2019). 
 Posição do avaliador: o avaliador deve posicionar-se em pé, atrás do 
sujeito. 
 
Subescapular 
 
 Referência anatômica: a referência anatômica deve ser medida 1 cm 
abaixo do ângulo inferior da escápula, em ângulo de 45º em relação ao eixo 
longitudinal do corpo (Figura 5). A medida é realizada na posição oblíqua. 
 
 
 
 Posição do avaliado: o avaliado deve permanecer em uma posição em 
pé com os dois braços relaxados ao longo do corpo. Em casos de dificuldade para 
 
 
 
32 
 
localização do ponto de referência, como no caso de avaliados obesos, pode-se 
solicitar que o avaliado execute uma hiperextensão do ombro, posicionando a mão 
logo abaixo das escápulas, já que esse movimento obrigatoriamente elevará a 
escápula (GUEDES; GUEDES, 2006; BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). 
 Posição do avaliador: o avaliador deve posicionar-se em pé, atrás do 
sujeito. 
 
Bíceps 
 
 Referência anatômica: essa medida é realizada no mesmo nível 
horizontal da medida do tríceps, ou seja, na mesma linha da medida do tríceps (Figura 
6). A medida é realizada na posição vertical. 
 
 
 
 
 Posição do avaliado: o avaliado deve permanecer em uma postura 
relaxada, com o braço esquerdo relaxado ao lado do corpo. O braço direito, no qual a 
medida é realizada, deve estar relaxado, com a articulação do ombro levemente 
rotacionada externamente e o cotovelo estendido ao lado do corpo (GONÇALVES; 
2019). 
 Dobra cutânea — bíceps. 
 
 
33 
 
 Posição do avaliador: o avaliador deve posicionar-se em pé, atrás do 
sujeito. 
 
Suprailíaca 
 
 Referência anatômica: imediatamente acima da marcação que 
corresponde à crista ilíaca, na linha ilioaxilar. Para realizar a marcação, o avaliado 
deve colocar a mão direita no ombro esquerdo. A linha da dobra cutânea geralmente 
é ligeiramente descendente posterior-anterior, conforme determinado pelas dobras 
naturais da pele. 
 Posição do avaliado: o sujeito deve abduzir o braço direito ou apoiá-lo 
no tronco, descansando-o com a mão direita no ombro esquerdo. O braço esquerdo 
deve permanecer relaxado ao lado do corpo. 
 Posição do avaliador: o avaliador deve posicionar-se do lado direito do 
avaliado. 
 
 
 
 
Abdominal 
 
 
 
34 
 
 Referência anatômica: a medida é feita a 5 cm da linha média da cicatriz 
umbilical (à direita da cicatriz umbilical) (Figura 8). A dobra cutânea é mensurada na 
posição vertical (GONÇALVES; 2019). 
 Posição do avaliado: o sujeito deve permanecer em uma posição em pé 
com os dois braços relaxados ao lado do corpo. 
 
 
 
 Posição do avaliador: o avaliador deve posicionar-se à frente do 
avaliado. Para a realização dessa medida, é particularmente importante que você 
tenha certeza de que a compreensão inicial é firme, pois, muitas vezes, a musculatura 
subjacente é pouco desenvolvida. Se esse cuidado não for observado, pode resultar 
em uma subestimação da espessura da camada subcutânea de tecido (GONÇALVES, 
2019). 
 
Coxa média 
 
 Referência anatômica: a medida é feita no ponto correspondente à meia 
distância entre a dobra inguinal e o ponto patelar. O ponto patelar é medido como o 
Figura 8. 
 
 
35 
 
ponto médio na região posterior do bordo superior da patela. A dobra cutânea é 
mensurada na posição vertical (Figura 9). 
 
 
 
 Posição do avaliado: o avaliado deve permanecer sentado na ponta de 
um banco, com a perna estendida e relaxada e as mãos sustentando os isquiotibiais, 
ou seja, apoiando a parte posterior da coxa. 
 Posição do avaliador: o avaliador deve posicionar-se ao lado direito do 
aliado (GONÇALVES, 2019). 
 
Considerando que, às vezes, essa medida é difícil de ser realizada, pode ser 
feita com a ajuda de outro avaliador. 
 
 Perna medial (panturrilha) 
 
 Referência anatômica: a medida é feita no ponto mais medial ao nível do 
perímetro máximo da panturrilha e na vertical (Figura 10). O local marcado deve 
ser visualizado de frente para garantir que o ponto mais medial tenha sido 
corretamente identificado 
 Dobra cutânea — coxa média. 
 
 
36 
 
 
 
 
 Posição do avaliado: o avaliado deve permanecer sentado ou com o pé 
sobre uma caixa de forma que o joelho forme um ângulo de 90º. 
 Posição do avaliador: o avaliador deve posicionar-se à frente e do lado 
direito do avaliado (GONÇALVES, 2019). 
 
No protocolo de medidas de dobras cutâneas da ISAK, a medida da axilar 
média não é realizada. No entanto, considerando que essa medida é utilizada em 
algumas fórmulas de predição, vamos apresentar o protocolo dessa medida sugerido 
pelos autores Benedetti, Pinho e Ramos (2009). 
 
Axilar média 
 
 Referência anatômica: a medida é realizada no ponto que corresponde 
à intersecção entre a linha axilar média e uma linha imaginária transversal na altura 
da junção xifoesternal (Figura 11). A medida é realizada de forma levemente oblíqua 
ao eixo longitudinal. 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 Posição do avaliado: o avaliado deve permanecer em uma posição 
relaxada, com o braço direito ligeiramente abduzido e deslocado para trás. 
 Posição do avaliador: o avaliador deve posicionar-se à frente e do lado 
direito do avaliado (GONÇALVES, 2019). 
 
Calculando o percentual de gordura 
 
As medidas das dobras cutâneas, por si só, não são suficientes para que 
possamos identificar a densidade ou a quantidade de gordura corporal. É preciso, 
portanto, utilizar seus valores absolutos ou por equações de regressão para o cálculo 
de densidade corporal e para calcular o percentual de gordura corporal. 
A soma das dobras cutâneas, juntamente com gênero e idade (que são 
conhecidos como preditores significativos de gordura corporal), é usada em uma 
análise de regressão,que calcula uma equação de predição para estimar a densidade 
corporal e a porcentagem de gordura corporal (MILLER, 2012). Assim, o primeiro 
passo após a mensuração das dobras cutâneas é eleger qual equação de regressão 
será utilizada para calcular a densidade corporal. Dentre as inúmeras equações, as 
propostas por Durnin e Womerstey (1974), Faulkner (1968) e Petroski (2009) 
apresentam-se como bem aceitas e bastante utilizadas. É importante destacar que a 
 
 
 
38 
 
medida de dobras cutâneas é mais precisa quando são utilizadas equações de 
predição que se aproximam da população que está sendo testada. Ou seja, se a 
equação foi desenvolvida com um grupo de crianças americanas do sexo feminino, 
deve ser utilizada com o mesmo grupo. Isso deve ser pensado para minimizar os erros 
de predição e garantir resultados mais próximos da realidade (GONÇALVES, 2019). 
Outro aspecto que deve ser observado quando você for avaliar a composição 
corporal é o número de locais em que a medida de dobra cutânea será realizada. Isso 
ocorre porque, como veremos a seguir, existem modelos de predição que precisam 
de 3, 4 ou 7 dobras cutâneas para calcular o percentual de gordura. 
O Quadro 4, a seguir, aponta algumas das principais fórmulas utilizadas para 
calcular a densidade corporal. 
 
Quadro 4. Fórmulas para o cálculo de densidade corporal 
Dobras cutâneas 
utilizadas 
População Fórmula Autor 
Tríceps, crista, ilíaca, 
coxa 
Geral; mulheres Dc = 1,099421 – 
0,0009929 (∑3 DC) + 
0.0000023 (∑3)2 – 
0.0001392 (idade 
Jackson et al. (1980) 
Bíceps, tríceps, 
subescapular, crista 
ilíaca 
Homens e mulheres de 
20 a 29 anos 
Dc = 1,1631 – 0,0632 
(Log da ∑4 DC) 
Durnin; Womersley 
(1974) 
Bíceps, tríceps, sub 
escapular, crista 
ilíaca 
Homens e mulheres de 
30 a 39 anos 
Dc = 1,1422 – 0,0544 
Log da ∑4 DC) 
Durnin; Womersley 
(1974) 
Coxa, subescapular, 
crista ilíaca, tríceps, 
peitoral, abdominal, 
axilar 
Mulheres Dc = 1,0970 – 
0,00046971 (∑7 DC) + 
0,00000056 (∑7 DC)2 – 
0.00012828 (idade) 
Jackson et al. (1980) 
Coxa, subescapular, 
crista ilíaca, tríceps, 
peitoral, abdominal, 
axilar 
Homens Dc = 1,112 – 
0.00043499 (∑7 DC) + 
0,00000055 (∑7 DC)2 – 
0.00028826 (idade 
Jackson; Pollock 
(1978) 
Tríceps, 
subescapular, crista 
ilíaca, panturrilha 
media 
Homens de 18 a 66 
anos 
Dc = 1,10726863 – 
0,00081501 (∑4DC) + 
0,00000212 (∑4DC)2 – 
0,00041761 (idade) 
Guedes; Guedes 
(2006) 
 
39 
 
Tríceps, 
subescapular, crista 
ilíaca, panturrilha 
medial 
Mulheres de 18 a 51 
anos 
Dc = 1,02902361 – 
0,00067159 (∑4DC) + 
0,00000242 (∑4DC)2 – 
0,00026073 (idade) – 
0,00056009 (MC) + 
0,00054649 (estatura) 
Guedes; Guedes 
(2006) 
Dc = Densidade corporal. ∑ = Somatória. Log = Logaritmo. DC = Dobra cutânea. MC = Massa 
corporal. 
Fonte: Adaptado de Heyward e Stolarczk (2000). 
 
Uma vez que a densidade corporal tenha sido determinada, o percentual de 
gordura corporal pode ser calculado por meio das fórmulas de conversão, propostas 
por Siri (1956) e Brozek et al. (1963), para estimar o percentual de gordura, onde Dc 
= densidade corporal. 
 Equação de Siri = (4,95 / Dc – 4,50) × 100 
 Equação de Brozek = (4,57 / Dc – 4,142) × 100 
 
Exemplo 
 
Para melhor compreender como calcular a gordura corporal a partir das dobras cutâneas, 
utilizaremos como exemplo uma mulher de 50 anos, de 69 kg e 176 cm de estatura, e a fórmula 
elaborada por Guedes e Guedes (2006), que considera as medidas das dobras do tríceps, 
subescapular, crista ilíaca, e da panturrilha. 
 Dobra cutânea — tríceps: 11,1 mm; 
 Dobra cutânea — subescapular: 8,1 mm; 
 Dobra cutânea — crista ilíaca: 9,3 mm; 
 Dobra cutânea — panturrilha: 7,9 mm. 
 
Fórmula a ser empregada: 
 Dc = 1,02902361 – 0,00067159 (∑4DC) + 0,00000242 (∑4DC)2 – 0,00026073 (idade) – 0,00056009 
(MC) + 0,00054649 (estatura) 
Dc = 1,02902361 – 0,00067159 (11,1+8,1+9,3+7,9)+ 0,00000242 (11,1+8,1+9,3+7,9)2 – 0,00026073 
(30) – 0,00056009 (69) + 0,00054649 (176) 
 Dc = 1,02902361 – 0,00067159 (36,4) + 0,00000242 (36,4)2 – 0,00026073 (30) – 0,00056009 (69) 
+ 0,00054649 (176) 
Dc = 1,02902361 – 0,024445876 + 0,0032064032 – 0,0078219 – 0,03864621 + 0,09618224 
Dc = 1,0574982672 
 
 
40 
 
Agora, utilizamos a equação de Siri para chegar ao percentual de gordura corporal. % Gordura 
corporal = (4,95/Dc – 4,50) × 100 
% Gordura corporal = (4,95/1,0574982672 – 4,50) × 100 
% Gordura corporal = (4,680858733798595 – 4,50) × 100 
% Gordura corporal = 0,180858733798595 × 100 
% Gordura corporal = 18,0858733798595 
 
Agora que você já entendeu como o percentual de gordura é calculado, é 
importante classificar o resultado para saber em qual estado de saúde o indivíduo 
avaliado se encontra. Para isso, existem tabelas de referência disponíveis na literatura 
que podem ser utilizadas para esse fim. Assim como acontece com as fórmulas, 
também existem diferentes tabelas de classificação, umas mais simples e outras mais 
completas (GONÇALVES, 2019). Nesse contexto, observe as duas tabelas de 
referência: 
 
Quadro 5. Classificação da gordura corporal 
 Homens Mulheres 
Muito baixo ≤ 5% < 8% 
Abaixo da média 6–14% 9–22% 
Média 15% 23% 
Acima da média 16–24% 24–31% 
Muito alto ≥ 25% > 32% 
Fonte: Adaptado de Nieman (2009). 
 
 
Outra forma de classificação é a proposta pelo Colégio Americano de Medicina 
do Esporte e apresenta-se como uma das mais utilizadas tanto no meio científico 
quanto em avaliações em academias e clubes, estando relacionada às diferentes 
faixas etárias (GONÇALVES, 2019). 
 
Quadro 6. Classificação da gordura corporal 
Homens 20–29 30–39 40–49 50–59 60+ 
Gordura 
essencial 
2–5 2–5 2–5 2–5 2–5 
 
41 
 
Excelente 7.1–9.3 11.3–13.8 13.6–16.2 1 15.3–17.8 15.3–18.3 
Bom 9.4–14 13.9–17.4 1 16.3–19.5 1 17.9–21.2 18.4–21.9 
Média 14.1–17.5 17.5–20.4 1 19.6–22.4 21.3–24 22–25 
Acima da 
média 
 17.4–22.5 20.5–24.1 22.5–26 24.1–27.4 25–28.4 
Ruim > 22.4 > 24.2 > 26.1 > 27.5 > 28.5 
Fonte: Adaptado de ACSM (2006) 
 
A partir da classificação obtida, é possível identificar o estado geral do avaliado 
quanto à sua quantidade de gordura corporal. Utilizando o exemplo anterior e 
considerando a classificação da ACSM, podemos constatar que a mulher avaliada se 
encontra classificada como “bom”. Com isso, fica mais fácil prescrever exercícios 
baseados nos resultados e nos objetivos do seu indivíduo, acompanhando os efeitos 
do treinamento por meio da repetição das medidas. Nesse sentido, é imprescindível a 
correta realização dos métodos de avaliação da composição corporal pelos 
profissionais de educação física, identificando aquele que melhor se adapte aos seus 
objetivos (GONÇALVES, 2019). 
 
4 PLANEJAMENTO DE AVALIAÇÕES 
A avaliação física não corresponde apenas ao momento do teste em si, quando 
as capacidades físicas ou a composição corporal são mensuradas, resultando em 
dados numéricos: antes da aplicação do teste, alguns cuidados devem ser tomados e 
registrados para que o avaliado não seja exposto a riscos desnecessários ou que 
possam comprometer a sua saúde. 
Neste capítulo, você conhecerá alguns elementos que devem preceder as 
avaliações físicas e os elementos que constituem programas de avaliações voltados 
ao desempenho e à saúde. 
4.1 Rotina de preparação e aplicação dos testes de avaliação física 
A aplicação de testes envolve os momentos que precedem as atividades que o 
compõem. Muitos profissionais desavisados, ao realizarem uma avaliação física, 
 
42 
 
buscam identificar rapidamente os resultados, direcionando os avaliados sem 
nenhuma atitude prévia aos testes. No entanto, antes da aplicação de um teste, é 
importante que o profissional de educação física esteja atento a alguns cuidados. 
4.2 Cuidados para a aplicação de testes de avaliação física 
Os testes de avaliação física, em sua maioria, requerem que o avaliado seja 
submetidoa esforços físicos, seja na realização de tarefas que envolvem as 
capacidades cardiorrespiratórias, a agilidade ou até mesmo o impacto causado em 
trotes e corridas. Por esse motivo, antes da avaliação propriamente dita, é importante 
que seja realizado um levantamento acerca de informações preliminares sobre o 
avaliado. Além disso, é importante que o profissional de educação física consiga 
orientar o avaliado em todas as suas tarefas, desde aquelas que realiza em períodos 
anteriores ao teste como quando o teste propriamente dito é realizado (GUEDES; 
GUEDES, 2007). 
Os avaliadores, ao considerarem algum sujeito para que seja realizada 
determinada avaliação física, devem seguir alguns preceitos, entre os quais se 
destacam os listados a seguir (UNESCO, 2013). 
 
 Explicação e demonstração: o teste em questão deve sempre ser 
cuidadosamente explicado e o avaliador deve ter certeza de que os procedimentos a 
serem realizados foram compreendidos pelo avaliado. Além disso, se possível, deve-
se demonstrar como o teste é realizado antes da primeira tentativa do avaliado. Deve-
se orientar, também, sobre a vestimenta que o avaliado deve utilizar e o procedimento 
de todo o teste, para que momentos de constrangimento não ocorram. 
 Atenção ao período de avaliação: os testes e retestes devem ser 
desenvolvidos nos mesmos horários. Por isso, é importante que o avaliador 
estabeleça, em conjunto com o avaliado, o cronograma de avaliações que serão 
realizadas em determinado período ou programa de treinamento. 
 Atenção às atividades anteriores ao teste: é importante que o 
avaliado não realize atividades físicas extenuantes nos momentos e dias anteriores à 
aplicação do teste. Nesse sentido, é papel do avaliador comunicar ao avaliado 
quando serão realizadas as avaliações, para que o resultado seja o mais fidedigno 
ao estado do avaliado. 
 
43 
 
 Não realizar o teste em jejum ou em estado de desidratação: muitos 
testes de aptidão física são realizados em conjunto com a avaliação antropométrica. 
Por esse motivo, é comum que os avaliados se submetam às atividades em jejum ou 
desidratação, de modo que os resultados, principalmente quando relacionados à 
busca da perda de peso corporal, sejam mais evidentes. O profissional deve certificar-
se, portanto, de que o avaliado tenha realizado refeições adequadas no período 
anterior à aplicação do teste. Também deve evitar submeter o avaliado aos testes 
físicos quando ele se encontrar em estado de enfermidade, como no caso de gripes, 
febres ou resfriados. 
 Utilização do mesmo avaliador: sempre que possível, um mesmo 
teste deve ser desempenhado pelo mesmo avaliador. A presença do avaliador que 
recorrentemente realiza a testagem permite a maior confiança do avaliado e o 
conhecimento acerca das particularidades envolvidas. Além disso, sempre que 
possível, os testes devem ser realizados por mais de um avaliador, pois, em testes 
que se deve mensurar e anotar, o trabalho fica mais prático na presença de dois 
avaliadores. 
 Avaliação em mulheres: em mulheres, deve-se procurar realizar os 
testes e retestes nas mesmas fases dos diferentes períodos menstruais. Além disso, 
deve-se evitar a realização nos períodos de 7 a 11 dias após o início da menstruação. 
4.3 Anamnese 
A anamnese consiste em uma entrevista do avaliador realizada com o avaliado. 
Nessa entrevista, são rememorados os principais eventos relacionados à saúde de 
cada um dos sujeitos. É importante que o avaliador considere uma anamnese sempre 
que for aplicar o teste em alguém, lendo atentamente os dados mencionados. 
Uma boa anamnese consiste em três partes. A primeira parte está relacionada 
aos aspectos gerais do avaliado, como o nome, o peso, a estatura, os hábitos de vida 
e os históricos de doenças familiares. A segunda parte refere-se aos aspectos 
nutricionais, como aqueles relacionados ao quantitativo de refeições, a ingestão ou 
não de bebidas alcóolicas, a ingestão calórica diária, entre outros. A terceira parte diz 
respeito aos aspectos relacionados à atividade física, como a prática de algum esporte 
específico, a frequência semanal, a duração das seções e as preferências. Veja, a 
seguir, um exemplo de ficha de anamnese. 
 
44 
 
 
Exemplo 
 
Anamnese 
Nome: __________________________________________ Nasc.: ____ /____ /____ 
Naturalidade: _________________________ Nacionalidade: ________________ 
Endereço: _________________________________________________________ 
Fone: _____________ (Res.) _____________ (Cel) E-mail: ___________________ 
Peso: ________ kg. Estatura: ________ m. 
Qual é o seu objetivo? 
Pratica atividade física? □ Sim □ Não 
Qual(is) e há quanto tempo? 
Quantas vezes por semana? 
Se não pratica, já praticou? □ Sim □ Não 
Qual(is) e por quanto tempo? 
E a quanto tempo deixou de praticar? 
Faz quantas refeições por dia? □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5 □ Mais de 5 
Faz dieta ou suplementação alimentar? □ Sim □ Não 
Dorme quantas horas por noite? __________________________________________ 
É fumante? □ Sim □ Não 
Quantos cigarros por dia? __________________________________________ 
Se parou, há quanto tempo? __________________________________________ 
Consome bebida alcoólica? Quais? __________________________________________ 
Com que frequência semanal? _______________________________________ 
Tem ou teve recentemente uma ou mais das patologias abaixo: 
□ Problemas cardíacos □ Problemas pulmonares □ Tonturas 
□ Hipertensão □ Bronquite □ Asma 
□ Colesterol elevado □ Glicose elevada □ Diabetes 
□ Convulsões □ Fratura óssea □ Cirurgia 
□ Dor de cabeça frequente 
 
A anamnese busca, portanto, coletar informações acerca do avaliado, sendo 
um guia para os testes físicos. Além disso, consiste também em uma importante 
ferramenta para o início dos programas de treinamento. Não existe uma anamnese 
correta ou errada e, por isso, o profissional de educação física deve conseguir elaborar 
um questionário que consiga coletar informações suficientes de acordo com os 
objetivos que busca com o sujeito que o responde. 
 
45 
 
4.4 Questionário de prontidão para a prática de atividade física (PAR-Q) 
Os questionários de prontidão para a prática de atividades físicas são 
instrumentos que buscam identificar possíveis problemas de saúde que se 
apresentam como riscos à prática de exercícios físicos. Embora existam muitos 
desses instrumentos, o mais comum deles e recorrentemente aplicado é o 
questionário de prontidão para a atividade física PAR-Q (sigla, em inglês, para 
Physical Activity Readiness Questionnaire) (SHEPARD; COX; SIMPER, 1981). Esse 
instrumento é elaborado para identificar a necessidade de avaliação clínica e médica 
antes do início de qualquer atividade física. Ele é estruturado com base em sete 
perguntas objetivas, e o avaliado deverá responder sim ou não, conforme apresentado 
no Quadro 7, a seguir. 
 
Quadro 7. Questionário PAR-Q 
Sim Não Pergunta 
 Alguma vez seu médico disse que você possui algum problema cardíaco e 
recomendou que só praticasse atividade física sob prescrição médica? 
 Você sente dor no tórax quando pratica alguma atividade física? 
 No último mês, você sentiu dor torácica quando não estava praticando atividade 
física? 
 Você perdeu o equilíbrio em virtude de tonturas ou perdeu a consciência quando 
estava praticando atividade física? 
 Você tem algum problema ósseo ou articular que poderia ser agravado com a 
prática de atividades físicas? 
 Seu médico já recomendou o uso de medicamentos para controle da sua 
pressão arterial ou condição cardiovascular? 
 Você tem conhecimento de alguma outra razão física que o impeça de participar 
de atividades físicas? 
Fonte: Adaptado de Shepard, Cox e Simper (1981).

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