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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Campus de Poços de Caldas
CURSO DE PSICOLOGIA - 2º PERÍODO 
Aluna: Anna Flávia Silva Ferreira 
Disciplina: linguagem, discurso e ciência
Professor: Sibelius Cefas Pereira 
RESENHA
Leitura de obras literárias e construção de si mesmo 
PETIT, Michele. Leitura de obras literárias e construção de si mesmo. In: PETIT, Michele. Leituras: do espaço íntimo ao espaço público. São Paulo:34,2013.
       O texto a seguir apresenta uma resenha do terceiro capítulo do livro “Leituras: do espaço íntimo ao espaço público” escrito por Michèle Petit. Michèle Petit é antropóloga, pesquisadora do Laboratório de Dinâmicas Sociais e Recomposição dos Espaços, do Centre National de la Recherche Scientifique, na França, no qual ingressou em 1972. Desde 2004 coordena um programa internacional sobre "a leitura em espaços de crise", compreendendo tanto situações de guerra ou migrações forçadas como contextos de rápida deterioração econômica e grande violência social. 
Com obras traduzidas em vários países da Europa e da América Latina, Michèle Petit já lançou no Brasil Os jovens e a leitura (2008, Selo "Altamente Recomendável" da FNLIJ), A arte de ler (2009) e Leituras: do espaço íntimo ao espaço público (2013), todos pela Editora 34. No terceiro capítulo do livro resenhado  a antropóloga fala sobre alguns aspectos referindo-se a experiência de jovens fragmentados de biblioteca que não são necessariamente grandes leitores e refere-se também em contraponto, a leitores mais cultos, a alguns escritores, mostrando que as experiências de uns ou de outros se coincidem em mais de um ponto. 
          O primeiro aspecto é que a leitura pode ser em qualquer idade, um atalho privilegiado para elaborar ou manter um espaço próprio, um espaço íntimo, privado. O que é universal é que o leitor elabora um outro lugar, um espaço onde não depende dos outros. Um espaço que lhe permita delimitar-se, como disse Ridha, desenhar seus próprios contornos, perceber-se separado, distinto do que o cercam, capaz de um pensamento independente. E isso o faz pensar que é possível abrir seu caminho e seguir seus próprios passos. Essa leitura é transgressiva: nela o leitor volta as costas aos seus, foge, ultrapassa a soleira da casa, do lugarejo, do bairro. É desterritorializante, abrir para outros horizontes, é um gesto de distanciamento de saída. Sobretudo se assemelha muito a literatura já que através dela temos contato com muitas obras , muitos contos romances e relatos onde mostra um herói que se afasta da família, de sua casa e supera uma proibição. Nesse capítulo a autora cita Vladimir Propp que colecionou milhares de contos, procurou classifica- los, e descobriu que esses relatos são regidos por uma ordem ritual, por certo número de “funções” que se ordenam sempre do mesmo modo. As três primeiras são: 1) um dos membros da família se afasta de casa; 2) o herói fica conhecendo uma proibição; 3) a proibição é transgredida- o herói faz o que não se deve fazer ou diz o que não se deve dizer, em outras palavras, cria algo novo.
        Este espaço criado pela literatura não é uma ilusão. É um espaço psíquico que pode ser o próprio lugar da elaboração ou da reconquista de uma posição de sujeito. Para evocar a liberdade do leitor, Michael de Certeua tinha uma bela fórmula: “ os leitores são viajantes; circulam em terras alheias; são nômades que caçam furtivamente em campos que não escreveram “.  Isto é algo que pode ocorrer ao longo de toda a vida, porém é muito sensível na adolescência época em que o mundo exterior é percebido como hostil, excludente, e na qual o jovem se vê às voltas com o mundo interior inquietante, e está assustado com as novas pulsões, muitas vezes violentas, que experimentam. A propósito desta leitura, fala-se geralmente de “identificação”. E durante muito tempo temeu se uma leitura muito “identificadora”, na qual o leitor poderia ser “aspirado” pela imagem fascinante que é oferecida,  correndo o risco de seguir o herói e a heroína em seus piores desvios. Na França esse medo está sempre presente por isso há 30 anos tem se privilegiado uma concepção instrumental, formalista, pretensamente científica. E se rejeitou a “identificação”, ideia a que se reduziu toda a experiência de leitura subjetiva. O leitor costuma se identificar quando leem frases ou páginas que falam algo sobre eles, os livros falam algo que o leitor tem dentro de si. E as vezes o leitor encontra ali a energia, a força para sair de um contexto em que estava preso, para se diferenciar, para se libertar de estereótipos os quais não conseguia sair. 
         A leitura não deve ser apreciada baseando-se somente no tempo que o leitor dedica a ela, ou no número de livros lidos ou emprestados. O tempo de leitura não é apenas o que dedicamos a virar as páginas. Existe todo um trabalho consciente ou inconsciente, é um efeito a  posteriori, uma evolução psíquica de certos relatos ou de certas frases as vezes muito tempo depois de os termos lido, é impossível prever quais livros serão aptos para ajudar alguém a se descobrir ou a se construir.  Petit diz que não se deve confundir elaboração da subjetividade com o individualismo, nem tampouco sociabilidade com gregarismo. Ler não nos separa do mundo, somos  apenas introduzidos nele de uma maneira diferente. Ao escutar jovens que vivem em bairros marginalizados e frequentam a biblioteca vemos que a leitura permite que esses estejam bem armados para resistir a certos processos de exclusão. Entende-se que a leitura pode tornar a pessoa critica ou rebelde, e sugerir que é possível ocupar um lugar na língua em vez de ter sempre que se remeter aos outros.
          Por fim, a antropóloga , afirma que é muito importante que os jovens tenham acesso a leitura e que é muito válido que as escolas incentivem os alunos nesse hábito. Afirma também que para transmitir o amor pela leitura e em particular pela leitura de obras literárias é preciso tê-la experimentado. A autora discorre que a maioria dos bibliotecários, professores e os pesquisadores, ou no meio editorial, muitos não leem ou se limitam a um quadro profissional estrito, a um determinado gênero de obras, e os que são apaixonados por ler escondem por medo de serem taxados como intelectuais e acabarem sendo excluídos. 
           Este é um capítulo muito bem escrito, que abrange todas as expectativas relacionadas ao título, é um texto de fácil entendimento mesmo exigindo muita atenção durante a leitura. A autora fala sobre muitos pontos importantes nesse capítulo, podemos tirar  como lição desse texto que a leitura é de fato algo mágico que é capaz de abrir muitos caminhos e mostrar a vida por outro lado , como diz a autora, a leitura e um espaço livre onde você pode ser o que quiser e fazer o que quiser. Além da “fuga” da realidade que a leitura nos proporciona ela ainda é capaz de nos mostrar tudo o que acontece ou já aconteceu no passado de nossa espécie, mostrando nos que muita coisa se repete, e além de tudo a leitura é a única coisa capaz de tornar os seres humanos menos ignorantes em relação a diversos assuntos, podendo assim se defender das injustiças as quais muitos são expostos em seus dia-dia. É sem dúvidas um texto que vale muito a pena ser lido, super recomendo, não tive a oportunidade de ler o livro inteiro mas certamente é uma das próximas coisas que pretendo fazer.

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