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@danielleferreira._ Manejo de vacas em confinamento Introdução Objetivo do confinamento: tirar as vacas do pasto devido à lama do verão, infestação de carrapatos e estresse térmico, objetivando maior lucro. Tipos de sistemas de confinamento Free Stall ● nesse sistema, as vacas não ficam amarradas ● podemos notar na imagem que as telhas são de cerâmica, o que contribui para o conforto térmico dos animais ● o Free Stall tem como característica essa divisórias, que podem ser de metal ou madeira ● existe Free Stall de camas com lona e de areia (a cama com lona é muito comum no Sul) ● a cama de areia tem a vantagem de ser mais fria ● o valor desse sistema pode variar de R$1500,00/vaca a R$5000,00/vaca - tendo bons animais, o investimento vale a pena ● a intenção do neck rail é impedir que a vaca fique em pé na cama, fazendo com que ela urine e defeque na pista ● os ventiladores são importantes para impedir que as vacas esquentem ● as camas devem ser bem dimensionada, para que as vacas fiquem confortáveis e o lote de vaca deve ser homogêneo em relação ao tamanho para que todas caibam nas camas ● se a fazenda não tiver condições de trabalhar com os dejetos, o Free Stall pode ser um problema, pois a quantidade de dejetos é grande (é necessário que haja lagoa de dejetos) Compost Barn ● a imagem ao lado ilustra o modelo norte-americano, que não serve para ser aplicado no Brasil, devido à metragem por vaca (no Brasil, o mínimo necessário é 12m²/vaca) ● no Compost as vacas ficam livres, então não há necessidade de que o lote seja homogêneo ● o custo desse sistema também não é baixo, sendo em média de 5500,00/vaca ● uma exigência para esse sistema é a presença de ventiladores, que é essencial para a secagem das camas, além do conforto térmico para as vacas ● em casos de chuva com ventos, pode acontecer de molhar as camas, trazendo prejuízos ao produtor, então é um fator limitante para regiões em que há maior incidência de tempestades ● a cama é feita de materiais orgânicos (serragem, casca de café,), então exige um cuidado do produtor para monitorar essa cama. 2x por dia é necessário que passe com o trator para revolver a cama ● a palha de arroz não é um material para cama pois não possui boas quantidade de carbono e nitrogênio, então não é um bom produto para a compostagem ● o Compost não elimina os dejetos, mas reduz consideravelmente ● a pista deve ser lavada diariamente ● nesse sistema também é necessário que haja lagoa de dejetos ● o sistema de aspersão é utilizado para molhar as vacas; o banho é muito importante, principalmente no verão, para resfriar as vacas (3 a 6 banhos no dia, dependendo do estresse térmico) ● o monitoramento da cama é feito com um termômetro, na superfície da cama e no interior (15 a 20 cm) Manejo da cama no Compost: ● 0,5 a 0,6 m de cama (serragem) para início ● nova cama (5 a 20 cm) quando começar a acumular umidade ● limpeza 1 a 2 vezes por ano ● deixar sempre 25% da cama antiga para iniciar uma nova Aeração: ● deve ser feita quando as vacas estão na ordenha ● 25 a 30 cm de profundidade devem ser revolvidos ● deve misturar nas duas direções ● utilizar um cultivador, subsolador ou enxada rotativa Limitações do Compost: ● design errado ● densidade acima do recomendado ● material para cama ● mistura inadequada da cama ● compactação da cama ● umidade do ambiente e da cama Como saber se está funcionando: ● temperatura: 43 a 65ºC ● umidade: 45 a 55% ● maciez: subjetiva ● distribuição das vacas ● sujeira nas vacas ● CCS ou mastite subclínica No lote principal houve redução da ocorrência de CSS após a implementação do Compost. No lote especial (vacas doentes, com laminite, etc) não houve diferença. Após a implementação do Compost, diminui o descarte de vacas por problemas de casco ou reprodução. Possibilitou que o descarte ocorresse por baixa produção de leite (seleção de boas produtoras). Compost com túnel de vento - principais diferenças: ● é todo fechado ● necessita investimento em placas de resfriamento ● utiliza exaustores ao invés de ventiladores ● não pode ter aspersores (pois aumenta a umidade) ● temperatura interna é menor (<22ºC, o que é ótimo para vacas holandesas) ● maior cuidado com a cama (principalmente com a umidade) O Free Stall e o Compost Barn são os sistemas mais utilizados. Loose Housing As vacas ficam livres para deitar onde quiserem, há cama de palha (ou feno, bagaço de cana, serragem), mas não há revolvimento na cama, então não há compostagem, o que leva a um acúmulo muito grande de matéria orgânica. Tie Stall As vacas ficam presas em um determinado espaço, o que faz com que elas não consigam passear ou até mesmo se virar. Além disso, o animal fica mais sujo. É mais utilizado para exposições ou experimentos. Cochos Maior umidade e maior risco de contaminação O murinho é utilizado para limitar o espaço da comida, pois as vacas têm mania de empurrar a comida, então, sem o murinho, a comida fica em um local onde elas não conseguem pegar, sendo necessário que um funcionário passe no cocho para empurrar a comida para o lugar certo. O problema dos murinhos é que, quando há sobras de um dia para o outro, é necessário retirar. Facilita a limpeza, fica menos úmido que o cocho direto no chão e o investimento não é tão alto. Essa tinta funciona como o azulejo. A superfície fica mais lisa, acumula menos sujeira e facilita a limpeza. Os cochos também podem ser suspensos (de madeira ou concreto). Cocho com depressão, para evitar que os animais empurrem a comida. Nos cochos automáticos, o vagão forrageiro faz a mistura de volumoso e concentrado e coloca nos cochos. As vacas são chipadas e, quando elas se aproximam dos cochos, a balança do cocho detecta a oscilação de peso, então é possível perceber a variação de consumo. Isso ajuda, inclusive, a detectar possíveis doenças. Escore de higiene É uma maneira de avaliar se as vacas estão em um local adequado. Pode ser feito 1 vez por semana ou a cada 15 dias ou 1 vez por mês, a depender dos desafios que a fazenda enfrenta. É interessante que seja feito sempre pela mesma pessoa. Os escores desejados são o 1 e 2. Escore de cocho É uma medida subjetiva para estimar as sobras e, consequentemente, o consumo das vacas. Escore o (sem sobras) - nem sempre é um problema, depende do lote que está sendo trabalhado (em lotes de vacas secas e de novilhas é ok) Escore 1 (até 2,5% de sobras) - pode ser um problema para lotes de vacas de alta produção, pois pode ser apenas alimentos que a vaca não quis comer, então significa que estamos limitando o consumo dela Escore 2 (até 5% de sobras) - é o recomendado para vacas de alta produção. Nos mostra que elas poderiam ter comido mais, mas não comeram porque não quiseram, então estamos desafiando as vacas a comerem o máximo que puderem, para que isso reflita na produção de leite. Escore 3 (até 10% de sobras) - a dieta pode estar errada ou as vacas podem estar no cio ou com problemas. Escore 4 (> 10% de sobras) - a dieta também pode estar errada, mas normalmente indica que tem animais doentes Escore 5 (alimento intacto) - as vacas podem não ter tido acesso ao cocho ou estão todas acometidas por alguma enfermidade grave Agrupamento Agrupamento é colocar as vacas com características similares em um mesmo lote. Tipos de agrupamento Agrupamento por produção de leite Vantagens: ● maior facilidade para ajustar a dieta Desvantagens: ● vacas não gestantes transferidas de grupo (o cio pode estressar os animais que não estão no cio) ● mudanças constantes de animais (pode estressar os animais) Agrupamento por período de lactação Desvantagens: ● penaliza animais com produção alta, mesmo em estágio avançado de lactação Agrupamento por produção de leite corrigida para 4% de gordura Para fazendas que querem ajustar a energia contida no leite. É pouco usada. Agrupamento por mérito leiteiro É interessante pois leva em conta não apenas a produção de leite, mas também o peso corporal da vaca. Porém, há a dificuldade de se saber o peso dosanimais. Agrupamento por nutrientes requeridos por kg de matéria seca (Método Cluster) Seria perfeito se fosse colocado em prática, pois cada lote receberia o necessário para manter produção, gestação, crescimento, etc, porém exige um nível de tecnologia muito avançado. É o método mais rigoroso de todos, mas é o menos usado Podemos fazer ajustes nos agrupamentos, que é o mais comum. A produção de leite é colocada como o principal fator, mas podemos tirar um ou outro animal considerando alguns critérios como: ● condição corporal (ECC) - se temos uma vaca muito gorda e um lote em que está sendo ofertado muita comida, ela vai continuar gorda, e para vacas de leite isso não é desejável (escore 3 é o melhor) ● ordem de lactação (primíparas e pluríparas) - é interessante fazer ajustes em relação a isso pois, normalmente, as primíparas são menores, mais leves e costumam apanhar das mais velhas na hora de comer ● CCS (Contagem de Células Somáticas) - está relacionado com a saúde das glândulas mamárias. Deixar as vacas com CCS elevado em um lote específico, sendo ordenhadas por último e sem misturar com vacas sadias pode ser uma forma de ajuste Transferência de grupo ● Pós-parto: após 21 dias de paridas, todas as vacas e novilhas devem entrar nos lotes de mais alta produção (Ex: lote 1 ou lote desafio) ● A transferência deve ser feita em pequenos grupos (2-3 animais) ao invés de transferir apenas uma vaca ● Movimentar as vacas após a ordenha para minimizar o estresse TMR - Total Mixed Ration “Dieta Totalmente Misturada” - a dieta, tanto o volumoso quanto o concentrado, é colocada em um misturador, para ficar bem misturada e homogênea. Vantagens ● não permite seleção de alimentos ● aumenta a produção de leite ● o fornecimento de mineral de forma separada não é necessária ● menos problemas com acidose ● fornecimentos de ureia sem receio ● mistura de alimentos com menor palatabilidade ● menos trabalho ● não precisa colocar ração na área de ordenha ● permite trabalhar com muitos alimentos e alimentos que seriam difíceis de misturar Desvantagens ● o feno deve ser picado antes da mistura ● vagão forrageiro é caro - R$40.000,00 (mais simples e usado) a R$150.000,00 ● as instalações nem sempre estão preparadas para dividir os grupos ● para rebanhos pequenos pode ser inviável devido ao custo ● para vacas a pasto não é possível realizar ● mais cálculos matemáticos necessários Frequência de fornecimento ● depende do espaço de cocho ○ quanto maior o espaço de cocho, menor a agressividade entre as vacas, melhor a interação entre elas e o comportamento das vacas também é melhor ● no Brasil, é comum associar o número de ordenhas com o número de trato, para fornecer comida fresca após a ordenha, para estimular as vacas a ficarem de pé após a ordenha (para dar o tempo de fechamento do esfíncter) Push up É o ato de empurrar a comida no cocho em direção às vacas. Não é ofertado um novo alimento. O push up aumenta o número de vacas comendo, mas não tanto quanto após a oferta de um alimento fresco ou após a ordenha. Frequência de ordenha As vacas podem ser ordenhadas uma, duas ou três vezes por dia. No caso de fazendas que têm robôs, podem ser feitas 4 ou 5 ordenhas. Períodos maiores entre as ordenhas alteram a permeabilidade da membrana da glândula mamária para extração de glicose, aminoácidos, beta-hidroxibutirato e glicerol. Quanto mais vezes a vaca for ordenhada, mais leite ela irá produzir, principalmente nos 21 primeiros dias. Um número maior de ordenhas/dia também tem efeito positivo na CCS. Tipos de ordenha Balde ao pé É o tipo mais simples de ordenha. A vaca é contida, coloca-se comida para que ela fique mais tranquila, as patas traseiras e o rabo são amarrados. É um sistema que depende muito do esforço físico do trabalhador. Espinha de peixe - nesse sistema tem-se um fosso, onde o trabalhador fica, podendo então trabalhar de pé. O sistema nos mostra quantos litros cada vaca produziu. Além disso, nesse sistema o leite pode ser canalizado ou com balde ao pé. Paralelo - é utilizado em fazendas grandes, onde é necessário colocar muitas vacas para serem ordenhadas ao mesmo tempo. Carrossel - é utilizado para fazendas muito grandes Robótica - tudo automatizado, o computador detecta, em tempo real, a produção de leite por teto e também a composição do leite. Caso o leite esteja, por exemplo, com alta contagem bacteriana, é destinado para um tanque separado. O robô suporta uma média de 60 vacas por dia, fazendo 3 ordenhas/dia. Curva de lactação Deve ser avaliada para encontrar: ● alimentação deficiente ● instalações inadequadas ● patologias não aparentes ● animais mais produtivos Na curva de lactação, observações algumas características: ● persistência da lactação (boa: acima de 90% após o pico de lactação) ● pico de lactação (máximo de produção de leite) ● produção inicial (com quantos kg ela começa produzindo) ● produção total (quanto produziu ao longo de toda a produção) Fatores que interferem na curva de lactação: ● ambiente ● idade da vaca ● ordem do parto ● duração da lactação ● gestação ● período de serviço (quantos dias foram necessários para a vaca emprenhar) Uso de bST O bST é um hormônio bovino, aplicado nas vacas em lactação a partir do pico de lactação (60 dias +/-). Recomenda-se a aplicação a cada 14 dias, sendo que algumas fazendas fazem a aplicação a cada 10 dias no caso de vacas de alta produção. Esse estudo mostra que vale a pena utilizar o bST pois a produção de leite é maior. O bST ajuda a aumentar a persistência de lactação. Além disso, as vacas que não recebem o bST começam a acumular mais gordura no corpo, pois há um excesso de nutrientes que não está sendo destinado para a produção de leite. A aplicação de bST direciona os nutrientes para a glândula mamária, para a síntese do leite, ao invés de direcionar para acúmulo em forma de tecido adiposo. Recomendações atuais ● 6 doses de 500mg a cada 14 dias ○ Holandês é dose responsivo, ou seja, se aplicar doses menores, a produção de leite também é menor ○ no caso dos mestiços HG, a resposta máxima se dá com 250mg ● aplicar após 50 ou 60 dias de lactação, ou após o pico de lactação ● algumas empresas recomendam a aplicação a cada 10 dias para vacas que produzem mais de 30 litros ● a resposta varia de 10 a 20%, tendo maior efeito sobre a persistência da lactação Manejo da vaca seca O que é a vaca seca? 60 dias antes do parto é o momento em que a gente “seca” a vaca, fazendo restrição nutricional, para que ela produza menos leite, sendo que a ordenha desse animal também é interrompida. Manejo ● vacas com produção de leite menor que 5 litros de leite/dia - parar de ordenhar e colocar no lote de vacas secas, onde ela receberá menos ração ● vacas com produção entre 5 a 10 litros/dia - cortar um pouco da ração para que em um ou dois dias elas cheguem próximo dos 5 litros/dia, para facilitar a secagem ● vacas com produção maior que 10 litros/dia - tirar toda a ração e boa parte da silagem de milho para que ela vá diminuindo a produção de leite. Se secamos uma vaca que ainda está produzindo muito leite, ela pode desenvolver mastite devido ao acúmulo de leite na glândula mamária. 30 dias é um prazo muito curto para que ocorra a apoptose dos alvéolos e para que novos alvéolos surjam. No momento da secagem, é aplicado o “antibiótico vaca seca”, que é colocado em cada teto da vaca e ele tem ação longa, diminuindo as infecções que a vaca teve durante a lactação e prevenindo novas. O selante é colocado no teto para funcionar como uma barreira física para a entrada de patógenos. No Brasil, já existem fazendas que não trabalham com o “antibiótico vaca seca”, mas são fazendas mais avançadas. Esse estudo mostrou que, mesmo quando as vacas estavam sadias e com CCS abaixo de 200 mil, no período seco elas apresentaram problemas de infecção.
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