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5 - ANEMIAS HEREDITÁRIAS ADQUIRIDAS

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REBECA KRUSE MED10 
 
Anemia hemolítica 
adquirida 
CONCEITO: 
CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A TEMPERATURA: 
*Interfere no tratamento 
Anemia Hemolítica Auto Imune com anticorpo a 
quente: 
Causadas geralmente por anticorpos IgG 
Os autoanticorpos “quentes” reagem mais fortemente 
à temperatura corporal (37° C), sendo incapazes de 
aglutinar as hemácias, ocorrendo hemólise via sistema 
retículo-endotelial (hemólise extravascular) 
Anemia Hemolítica Auto Imune com anticorpo a frio: 
Em geral causada por IgM 
Responsáveis por 20-30% de todas as anemias 
hemolíticas autoimunes 
Os autoanticorpos “frios” se ligam aos eritrócitos em 
temperaturas entre 4-18° C, podendo levar à 
aglutinação de eritrócitos na circulação sanguínea, 
ocorrendo hemólise 
Por ser pelo anticorpo IgM, vai ser ativado o sistema 
complemento 
A hemólise é extravascular e intravascular → hemólises 
mais importantes 
Forma mista: 
7-8% dos casos 
Formação de autoanticorpos quente e autoanticorpos 
frios: IgM e IgG 
Hemoglobinúria paroxística a frio (IgG): 
Autoanticorpo IgG que reage mais a temperaturas mais 
baixas 
Muito raro → 1% dos casos de anemias hemolíticas 
autoimunes 
CLASSIFICAÇÃO PELA ETIOLOGIA: 
AHAI PRIMÁRIA OU IDIOPÁTICA: 
Maioria dos casos - 60% 
Não apresenta correlação com doença de base 
Prevalência é maior em mulheres, com pico entre 4ª-
5ª décadas de vida 
AHAI SECUNDÁRIA: 
40% dos casos 
Associada em sua maior parte a doenças: 
 Linfoproliferativas (linfomas, leucemia 
linfocítica crônica) 
 Imunodeficiências (como HIV e hepatite C) 
 Doenças auto-imunes (Hashimoto, vitiligo) 
 Induzida por drogas (metildopa) 
 Doenças do colágeno (Lúpus, artrite 
reumatóide) 
 Retocolite ulcerativa, hepatites ou neoplasias 
*Se paciente com anemia hemolítica → investigar 
essas doenças secundárias 
 
AHAI POR ANTICORPOS QUENTES: 
Reagem à temperatura corporal: quase sempre IgG, 
raramente por IgM ou IgA 
Corresponde a 70% a 80% de todos os casos de AHAI 
Qualquer idade, sendo mais comum em mulheres 
adultas 
Secundária em ± 25% dos casos 
Doenças mais associadas: neoplasias 
linfoproliferativas (LLC e LNH) e colagenoses (LES, 
artrite reumatoide) 
Medicamentos, como cefalosporinas, levodopa, 
metildopa, penicilinas, quinidina e AINH também são 
classicamente descritos como causadores de AHAI a 
quente 
 Ativa a o sistema complemento? 
 Como é dada a hemólise? 
Os auto-anticorpos são tipicamente pan-aglutininas, 
reagindo com todas as células do painel de hemácias 
*Quando está diante de um painel de hemácias que 
aglutina todo (com todas bolsas de sangue do banco de 
sangue), o hemoterapeuta no banco de sangue já 
desconfia que o paciente é portador de uma AHAI 
REBECA KRUSE MED10 
 
OBS: Em geral não causam problema para a tipagem 
ABO, mas hemácias Rh-negativas podem ser 
classificadas como positivas, devido a presença dos 
autoanticorpos. Então, quando se está diante de um 
paciente que sabidamente é RH (-) e na prova de 
compatibilidade deu que era RH (+), também se pensa 
em AHAI por anticorpos quentes (exame falso 
positivo). 
AHAI POR ANTICORPOS FRIOS: 
Os anticorpos ativos em baixas temperaturas causam 
duas doenças clinicamente distintas: 
 Doença das aglutininas a frio (crioaglutininas) 
→ não interfere com Rh, e sim com ABO 
 Hemoglobinúria paroxística a frio 
DOENÇA DA AGLUTININA A FRIO: 
Mediada por anticorpos IgM contra antígenos na 
superfície das hemácias em 90% dos casos 
A forma mais comum é: idiopática, tanto em homens 
quanto em mulheres, em idade mais avançadas, 
principalmente na 6° e 7° décadas de vida 
Quando secundárias, usualmente são decorrente a 
infecções ou a doenças linfoproliferativas 
 As formas associadas a infecções são de 
apresentação aguda, mais comumente 
decorrentes de pneumonia por germe atípico 
(Mycoplasma pneumoniae) e de infecções 
virais (mononucleose infecciosa, HIV) 
 Nesse caso, ocorrem mais em crianças (faixa 
etária é mais acometida por essas viroses) e 
autolimitada (anticorpo apenas presente 
durante a infecção) 
HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA A FRIO: 
Subtipo bem raro de AHAI, que foi descrito 
inicialmente como manifestação associada a sífilis 
terciária 
Atualmente é mais relacionado a infecções virais, 
especialmente em crianças 
Resulta da formação de um autoanticorpo policlonal 
chamado de Donath-Landsteiner (IgG direcionado 
diretamente ao antígeno P da superfície da membrana 
eritrocitária) 
 Se precisar realizar uma transfusão 
sanguínea... 
 Ativa o sistema complemento? Hemólise extra 
ou intra? 
*Hemólise intravascular: circulação → hemoglobinúria, 
hematúria 
*Hemólise extravascular: no baço e fígado → não 
ocorre hematúria 
Os anticorpos geralmente aparecem uma semana após 
o início das infecções e persistem por 1-3 meses. Curso 
autolimitado 
As crises são precipitadas quando há exposição ao frio 
(hemoglobinúria, calafrios, febre, dor abdominal e nos 
membros inferiores) 
ANEMIA HEMOLÍTICA INDUZIDA POR DROGAS: 
Por IgG (IgG) → hemólise extravascular 
INDUÇÃO DE AUTO-ANTICORPO (ex.: metildopa): 
Anticorpo é produzido contra a droga 
Esse anticorpo, erroneamente, se liga a superfície das 
hemácias e também leva a destruição da hemácia 
FORMAÇÃO DE NEOANTÍGENO – IMUNOCOMPLEXO 
(ex.: quinidina): 
A droga liga-se fracamente a um eritrócito normal, o 
sistema imune não reconhece o complexo droga + 
eritrócito ou a conformação alterada da membrana do 
eritrócito é interpretada como “estranha” e ocorre a 
destruição do complexo e consequentemente, destrói 
a hemácia 
ADSORÇÃO DE DROGAS SOBRE O ERITRÓCITO – 
HAPTENO (ex.: penicilina): 
Anticorpos em grande parte direcionados contra a 
droga interagem com o eritrócito para o qual a droga 
está fortemente ligada 
ADSORÇÃO NÃO IMUNOLÓGICA DE PROTEÍNAS (ex.: 
cefalotina): 
Mecanismo independente do grupo b-lactamato que 
permanece livre para atrair várias proteínas 
plasmáticas que são adsorvidas à superfície das 
hemácias 
*Nesses casos de anemias hemolíticas induzidas por 
drogas, basta tirar a droga e a anemia irá se resolver 
DIAGNÓSTICO DAS AHAI: 
EXAME FÍSICO: 
Icterícia: pela destruição rápida de hemácias → BI 
aumenta 
Febre 
Esplenomegalia e hepatomegalia: devido à destruição 
pelo sistema fagocitário reticulo endotelial, mas 
normalmente são leves 
Acrocianose: extremidade arroxeadas, no caso da 
anemia hemolítica ao frio 
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Letargia 
Dispneia, palpitação, sonolência, irritabilidade 
Hemoglobinúria: nos casos das anemias hemolíticas a 
frio por IgM, que levam a hemólise intravascular 
EXAMES LABORATORIAIS: 
Na suspeita de anemia hemolítica, o diagnóstico 
laboratorial vai cursar com: 
Hemograma: anemia (HB < 12 em mulheres e <14 em 
homens), com macrocitose (pela formação de 
hemácias jovens, porém geralmente é um VCM 
aumentado discretamente), policromasia, pontilhado 
basofílico e esferocitose. 
Mielograma ou biospia de MO não é obrigatória para 
fazer diagnostico de AHAI, pode ser feita na suspeita de 
doenças secundária. Porém, caso seja realizada, será 
encontrada uma série vermelha hiperplásica, pois 
como está tendo destruição em sangue periférico, a 
MO entende que precisa produzir mais hemácias. 
*Quando a AHAI está associada a plaquetopenia 
autoimune é chamado de Síndrome de Evans; isso é 
muito comum nas colagenoses 
Provas de hemólise: confirmação de que a hemácia 
está sendo destruída mais precocemente. Vai haver: 
aumento de reticulócitos e de DHL, redução de 
haptoglobina (devido consumo das hemácias novas 
que estão sendo produzidas) 
Bilirrubina indireta pode estar elevada 
Para confirmar que está diante de uma anemia 
hemolítica, o teste confirmatório será: 
Coombs direto: 
Quando presente, é considerado patognomônico de 
hemólise imunomediada 
Indica se existe in vivo eritrócitos ligados a IgG e/ou C3 
Amostra de sangue + soro de Coombs → se houver 
hemólise = positivo 
Se for negativo, não descarta anemia hemolítica auto-
imune 
Diferença do Coombs diretopra indireto → no indireto, 
não usa a hemácia, usa o plasma + hemácia conhecida 
RESUMINDO: 
 
TRATAMENTO: 
Objetivo: reduzir o grau de hemólise, elevando níveis 
de hemoglobina e melhorando dos sintomas 
Como é uma doença com autoanticorpos, deve ser 
feito um tratamento com imunossupressores para 
destruir os autoanticorpos do paciente 
Toda anemia hemolítica vai consumir mais ácido fólico 
(consumo medular pela eritropoiese aumentada) → 
suplementação com ácido fólico 
AHAI secundária: tratamento da causa base (suspensão 
de fármaco, tratamento de doenças linfoproliferativas 
ou autoimunes associadas) 
AHAI POR ANTICORPOS QUENTES: 
1º linha de tratamento: corticoisteroides 
Se paciente com níveis muito baixos de Hb: 
 Em casos de pacientes intolerantes ou 
refratários à terapia de primeira linha: 
*Cortico-dependentes (não aguentam o 
desmame) ou cortico-resistentes 
 Esplenectomia: remoção do principal sítio de 
hemólise extravascular 
 Taxa de resposta – 66%, ocorrendo em geral 2 
semanas após procedimento; em 50% dos 
pacientes o uso de corticosteroide ainda será 
necessário em doses inferiores 
 Pelo baço ser um importante órgão de 
proteção contra germes encapsulados, vai 
haver aumento do risco de infecções invasivas 
por germes encapsulados → deve ser feita 
vacinação antipneumocócica, 
antimeningocócica e antihemófilo antes do 
procedimento 
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Outros imunossupressores caso a 1° linha de 
tratamento (corticoide) e a esplenectomia não 
funcionem: 
 Refratariedade ao corticoide e à 
esplenectomia: utilizar agentes 
imunossupressores por longo tempo, e sua 
interrupção pode ser tentada após resposta 
sustentada por pelo menos 6 meses. 
 Ciclofosfamida, azatioprina ou ciclosporina 
 Ciclosporina: 5-10 mg/kg/dia, por via oral, 
divididos em 2 doses diárias 
 Rituximabe 
 Imunoglobulina endovenosa: 400mg/kg/dia 
por 5 dias (ou 1g/kg/dia por 2 dias); a 
manutenção pode ser necessária e é feita a 
cada 21 dias 
 Danazol: 200 A 800 mg/dia 
DOENÇA DAS AGLUTININAS A FRIO: 
Tratamento é feito basicamente com proteção contra 
o frio para evitar a aglutinação 
Corticosteroides e esplenectomia não são tão efetivos 
→ hemólise por anticorpos a frio é por IgM → hemólise 
intravascular 
Outra modalidade terapêutica é a plasmaferese 
Nas formas secundárias o tratamento se dirige à 
doença de base 
HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA: 
Anticorpo IgG bifásico: hemólise a quente e a frio 
Esplenectomia não está indicada, uma vez que a 
hemólise é intravascular (apesar de também haver 
hemólise extravascular, o paciente ainda continuaria 
tendo o mecanismo de hemólise intravascular) 
Se trata de uma doença crônica com períodos de 
remissão e recidiva, devendo ser instituído tratamento 
nas crises hemolíticas quando desenvolverem anemia 
Transfusão: Transfunde se houver risco de vida (sinais 
de descompensação hemodinâmica e/ou de hipóxia 
que comprometam o prognóstico vital imediato, 
independentemente do hematócrito) 
Se não tem risco de vida → imunossupressor 
Porém, é impossível encontrar sangue compatível → 
auto-anticorpo no soro do paciente reage com todos os 
eritrócitos normais do sangue e pode mascarar a 
presença de um aloanticorpo → toda bolsa de sangue 
testada dará como “incompatível” 
A decisão deve ser tomada levando-se em conta as 
condições clínicas do paciente e as provas de 
compatibilidade 
Aloanticorpos não detectados podem ser a causa da 
exacerbação da hemólise após a transfusão (pode ser 
falsamente atribuído a AHAI) 
Orientações: 
 Escolher a bolsa que for “menos incompatível” 
segundo as provas do banco de sangue 
 Fracionar a bolsa de concentrado de hemácias, 
e transfundir em etapas, lentamente 
(pequenos volumes – 100ml → máximo de 1 
ml/Kg/hora) 
 Transfundir hemácias FENOTIPADAS para 
garantir que o paciente receba os mesmos 
fenótipos existentes no sangue dele (antígeno 
P negativa na HPF – raro) 
 Isso diminui os riscos de o paciente receber um 
aloanticorpo que ele não possa 
 O ideal é utilizar hemácias compatíveis com 
soro ou plasma adsorvido → removem os auto-
anticorpos do soro do paciente e reestuda o 
painel de hemácias para garantir que não haja 
aloanticorpos no sangue doado) – teste de 
adsorção 
 Em caso de AHAI a frio, aquecer o paciente 
(cobertor e colocar luvas e meias) 
 O aquecedor de sangue deve ser usado apenas 
se houver hemólise imediata após a primeira 
transfusão 
 Monitorização contínua pelo hemoterapeuta 
HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA: 
Anemia HEMOLÍTICA CRÔNICA ADQUIRIDA rara, 
porém muito subdiagnosticada 
Ocorre devido a um defeito mutacional clonal na 
célula-tronco hematopoiética (stem cell) 
O defeito mutacional na stem cell, leva a um aumento 
da susceptibilidade de eritrócitos ao complemento, 
gerando hemólise intermitente e com alguns períodos 
de resolução espontânea 
Sem predileção por sexo, principalmente 4º-5º década 
Podem estar associadas a anemia aplásica e síndromes 
mielodisplásicas 
TRÍADE DA HPN: 
→ Anemia hemolítica 
→ Pode levar a uma falência medular → 
pancitopenia 
→ Tendência a trombose 
FISIOPATOLOGIA: 
Mutações somáticas na stem cell (célula tronco 
hematopoiética) que inativa o gene da PIGA 
(fosfaditilinositolglicana classe A) → Essa inativação do 
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gene da PIG-A vai levar a um bloqueio precoce da 
síntese de GPI (glicosil-fosfaditillinositol), que é uma 
proteína que funciona como âncora para um grande 
número de proteínas se ligarem as hemácias 
Consequentemente as múltiplas proteínas que 
necessitam da GPI para se ligar a hemácia, poderão não 
se expressar na superfície celular e não vão executar 
suas funções 
Proteínas ancoradas na membrana das células pela 
GPI: 
 Resulta na deficiência das proteínas CD55 e 
CD59, cuja função é a inativação da cascata do 
complemento 
 
Três vias da cascata de complemento: a via clássica, via 
da lectina e via alternativa: 
 A via clássica começa pelo C1, que ativa C2 e 
C4, ativando C3, C5, até formar o complexo de 
ataque a membrana, chamado complexo C5b-
9 
 As outras vias também formam esse complexo 
de ataque a membrana 
CD55 → tem a função de impedir que o C3 se clive em 
C5 e forme o complexo de ataque a membrana 
CD 59 → também regula o complemento, fazendo com 
que haja interrupção da formação do complexo de 
ataque a membrana 
Existindo a deficiência desses reguladores da cascata 
do complemento, não há inibição da formação do 
complexo de ataque a membrana, o que leva a lise 
celular constante 
Células HPN, que são as células com deficiência de 
CD55 e CD59, ficam vulneráveis à ativação do 
complemento por qualquer das 3 vias e isso explica a 
hemólise crônica e contínua 
Além disso, há depleção de Óxido Nítrico (consumido 
pela Hb livre da hemólise) → explica grande parte dos 
sintomas da doença: astenia, dor abdominal, espasmo 
esofagiano, disfagia, impotência sexual masculina e 
trombose 
Também há aumento de trombose e hematopoese 
ineficaz secundária à hipoplasia medula (diminuição de 
todas as linhagens celular → pancitopenia) 
Por isso, o tratamento curativo é o transplante de 
medula óssea 
DIAGNÓSTICO: 
A grande diferença que vai ter da AHAI, vai ser que a 
HPN terá coombs negativo 
Quando suspeitar de HPN? 
 Hipoplasia medular associada à hemólise 
 Neutropenia ou plaquetopenia associada à 
hemólise 
 Pacientes com anemia aplásica e síndrome 
mielodisplásica 
 Tromboses em veias incomuns 
(*intrabdominais) ou de MMII associadas a 
citopenias e/ou hemólises 
 Toda anemia hemolítica adquirida com 
coombs negativo 
QUADRO CLÍNICO: 
Depende da quantidade de céls HPN que o paciente 
possui 
Vários genotípicos e fenotípicos: 
Células HPN I: eritrócitos com sensibilidade normal ao 
complemento 
Células HPN II: moderadamente sensíveis a destruição 
pela cascata de complemento (3 a 5x maior) 
Células HPN III: muito sensíveis a destruição pela 
cascata de complemento (15 a 20x maior) 
Hemoglobinúria só aparece em 25%dos pacientes (até 
20mg de ferro / dia) 
Sintomas decorrentes das citopenias: fraqueza, 
dispneia, infecções, sangramentos, letargia, astenia, 
mialgia, perda da sensação de bem-estar, sintomas 
gastrointestinais, icterícia, dor abdominal, disfagia, 
espasmo esofagiano 
Complicações trombóticas: mais frequentes em 
territórios venosos, mais comuns veias intra-
abdominais 
Maiores causas de morte da HPN: trombose e infecção! 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: 
Sangue periférico: 
 Anemia 
 Pode estar associada a leucopenia, 
neutropenia e deficiência de ferro 
Provas de hemólise: 
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 Reticulocitose 
 ↑ DHL 
 ↓ haptoglobina 
 ↑ BI 
Medula óssea: 
 Hiperplasia eritróide (MO produz hemácias por 
causa da destruição da hemólise) 
 Aplasia → pancitopenia 
Urina: 
 Hemossiderinúria 
 Hemoglobinúria *Por ser uma hemólise 
intravascular 
EXAMES MAIS ESPECÍFICOS: 
Para avaliação da sensibilidade dos eritrócitos à 
ativação do complemento: 
Teste de ham: 
 Ativação do complemento pela acidificação do 
soro pH 6,2 
 Especificidade de 100% → quando é positivo, 
diagnostica a HPN 
 Porém com baixa sensibilidade (muitos falso 
negativo) → quando negativo, não descarta 
 Pouco utilizado 
Teste de lise da sacarose: 
 Mistura do soro com um meio de baixa força 
iônica 
 Muito sensível (falsos positivos) e pouco 
específica 
 Hoje em dia também não é mais realizado 
Citometria de fluxo/ imunofenotipagem – teste padrão 
ouro: 
 Exame de escolha (alta sensibilidade e 
especificidade) 
 Utiliza pelo menos dois anticorpos 
monoclonais, direcionados contra duas 
proteínas ancoradas pela GPI diferentes (CD55 
e CD59), em pelo menos duas linhagens 
celulares 
 Transfusões recentes não alteram o 
diagnóstico, tendo em vista que podem ser 
avaliados granulócitos e monócitos 
 A porcentagem de células com deficiência de 
proteínas GPI-ancoradas é reflexo direto do 
tamanho do clone HPN, e este dado tem 
importância clínica e prognóstica 
 Marcadores: 
Anti-CD55 e anti-CD59: em eritrócitos 
Anti-CD14 em monócitos 
Anti-CD16, anti-CD66 e anti-CD24 em 
neutrófilos 
*Fecha diagnóstico se tiver alteração em pelo menos 
duas linhagens 
CLASSIFICAÇÃO: 
HPN CLÁSSICA: 
Evidências de hemólise intravascular, sem 
anormalidades medular (não tem pancitopenia) 
Mielograma: hiperplasia da série eritrocitária medular 
ou pode dar normal 
HPN ASSOCIADA A ANORMALIDADE MEDULAR: 
Evidências de hemólise associadas à anormalidade 
medular (pancitopenia) 
Necessário mielograma, Biopsia da MO e citogenética 
→ porque esses casos são muito associados a anemia 
aplástica ou mielodisplasia 
HPN SUBCLÍNICA: 
Não apresentam evidência de hemólise 
Pequena população de clone HPN detectada por 
citometria de fluxo, que normalmente são só células 
HPN 1 E 2 
Deve ser monitorada, pois pode evoluir para HPN 
clássica ou HPN associada a anormalidade medular. 
ANEMIA APLÁSTICA, SMD e HPN: 
Pacientes com anemia aplástica podem ser portadores 
de clones de HPN sem manifestações clínicas 
Pesquisar clones de HPN em todos os pacientes ao 
diagnóstico de anemia aplástica ou síndrome 
mielodisplásica, anualmente 
TRATAMENTO: 
REPOSIÇÃO DE FERRO: 
Indicada nos casos de ferropenia (paciente tem muita 
hemólise, consome muito ferro, tem muito 
sangramento), embora frequentemente acompanhado 
de piora de manifestação hemolítica 
SUPORTE TRANSFUSIONAL: 
Pode melhorar o episódio hemolítico pela supressão da 
hematopoiese 
Em casos de HB muito baixas 
Restringir ao mínimo possível 
CORTICOIDE: 
Controverso. Normalmente não é feito. 
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Em crises muito graves, reduz gravidade e duração – 
doses 0,25 a 1mg/kg/dia de prednisona (objetivo de 
inibição do complemento) 
Muitos efeitos colaterais 
ANDRÓGENOS: 
Isolados ou em combinação com Corticoides na anemia 
Mecanismo não é totalmente compreendido, mas já foi 
visto hoje em dia que não parece agir na inibição do 
complemento 
ESPLENECTOMIA: 
Parece não ter ação alguma no controle da hemólise, 
pois essa hemólise é ativada pelo sistema de 
complemento com hemólise intravascular 
ÁCIDO FÓLICO: 
Sempre!! Fundamental nas anemias hemolíticas pelo 
consumo elevado 
ANTICOAGULAÇÃO: 
Pacientes com alto risco de trombosar 
Anticoagular profilaticamente para paciente com 
grandes clones (>50%) ou outros fatores de risco 
Manter por toda a vida em pacientes que já 
apresentaram um evento trombótico 
Se nunca tiver tido trombose e for um clone pequeno: 
não é necessário anticoagular 
ECULIZUMAB: 
Anticorpo monoclonal humano que bloqueia a 
ativação do complemento terminal no nível de C5 e 
previne a formação de C5a e previne a formação do 
complexo de ataque à membrana C5-9 
Não é uma droga curativa, se parar de tomar a 
medicação, a hemólise volta a ocorrer 
Dose de ataque + dose de manutenção a cada 15 dias 
Muito caro 
Deve ser feito monitorização com citometria de fluxo a 
cada 6 meses 
Não tem efeito sobre a alteração da falência medular 
(nesses casos, ainda é necessário realizar um 
transplante de MO) 
Para os pacientes que possuam a HPN clássica → 
eculizumab diminui a hemólise intravascular; diminui a 
anemia e sintomas e causa um grande impacto grande 
na qualidade de vida e sobrevida 
Redução de trombose 
Pode haver aumento de infecções por N. meningitidis 
→ fazer vacina contra meningite 
TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS: 
Único tratamento curativo, porém maiores riscos 
Indicado para paciente com fatores de risco de pior 
evolução da doença e morte, principalmente nos casos 
de falência medular com citopenias graves (associados 
à AA) 
Primeira escolha em crianças e adolescentes com HPN 
e AA (mesmo com boa resposta ao imunossupressor 
tem sobrevida curta) 
GRAVIDEZ: 
Incidência de tromboembolismo aumenta em 10% 
Alta morbidade e aumento da mortalidade 
Mulheres com HPN que querem engravidar devem 
fazer anticoagulação (profilaxia com heparina) e 
transfusão 
Eculizumab é categoria C → não deve ser feito 
inicialmente por ser teratogênico, apenas no 3º 
trimestre se alto risco de trombose 
PROGNÓSTICO: 
Variável 
Trombose é a causa mais comum de óbito, seguida 
pelas manifestações das citopenias e infecções 
SOBREVIDA: 
10 anos: 65% 
15 anos: 48% 
*Após a introdução do ECULIZUMAB na vida desses 
pacientes passam a ter uma sobrevida igual a pessoas 
sem a doença

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