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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DISCIPLINA: Filosofia da Educação Curso: Pedagogia MOVIMENTOS FILOSÓFICOS Analise os movimentos filosóficos (Racionalismo, Empirismo, Idealismo, Pragmatismo) e discuta seus principais postulados, afim de refletir sobre as concepções antropológicas, epistemológicas e axiológicas propostas, considerando que os fundamentos teórico- práticos da Filosofia são essenciais à construção dos projetos educativos dos (as) profissionais da educação. Ao longo das aulas de Filosofia da Educação, aprendemos que a Filosofia é um fundamento teórico-prático da Educação. Ela nos ajuda a refletir nossas praticas enquanto educadores e colabora para a superação de possíveis problemas durante do processo de ensino- aprendizagem nos espaços escolares e não escolares. Os quatro movimentos ou escolas de pensamento apresentados na questão (Racionalismo, Empirismo, Idealismo, Pragmatismo) fazem parte da chamada Filosofia Moderna, pois se desenvolveram entre os séculos XV (abarcando os momentos finais do Renascimento) e XIX, em um contexto de surgimento de novas ciências. Desse modo, é importante refletirmos os aspectos filosóficos educacionais, que são as concepções antropológicas, epistemológicas e axiológicas de cada um desses movimentos. 1. Racionalismo O Racionalismo desenvolveu-se entre os séculos XVII e XVIII. Trata-se de uma corrente filosófica cujo postulado básico defende que somente a razão possibilita o conhecimento da verdade, ou seja, considera a razão como a principal fonte de conhecimento. Dentre seus adeptos1, destacou-se o francês René Descartes, considerado o pai do Racionalismo Moderno, que elaborou um método baseado na geometria e nas regras do método científico. 1 Porém devemos lembrar que Platão foi o pioneiro do Racionalismo, tendo como principal pensamento a Teoria da Reminiscência, ou o Mito de Er, que acredita que a alma é imortal e que quando reencarnamos passamos do mundo inteligível para o mundo sensível, porém esquecemos de todo o que aprendemos anteriormente – as ideias. Durante a vida terrena, reaprenderíamos tudo o que já sabíamos, através da recordação. Daí a noção de ideia/ razão inata do homem defendida no Racionalismo. Sua principal obra intitula-se “Discurso do Método”. Também merecem destaque Spinoza e Immanuel Kant. O Racionalismo é considerado a base do Iluminismo, que foi um movimento que rompeu a cosmovisão antiga e medieval ao defender que o homem é senhor de sua própria vida, de seu próprio futuro, pois trata-se de um ser pensante, inteligente, racional. Desse modo, é capaz de conhecer a si próprio e ao mundo que o rodeia. No tocante à reflexão epistemológica, nos deparamos com os seguintes questionamentos: Quais os limites da nossa racionalidade na hora de conhecer a realidade? Que tipo de conhecimento a nossa racionalidade consegue apreender da realidade? Esses conhecimentos adquiridos correspondem a uma verdade absoluta, relativa? Percebemos no Racionalismo a relação entre um sujeito (subjetivo/ cognoscente) - que tem a capacidade de conhecer - e a realidade (objeto/ cognoscível) a ser conhecida. Percebemos que os racionalistas consideram o sujeito – o ser humano - como elemento primordial nessa relação, pois trata-se de um ser portador de uma razão inata, ou seja, nasce com a capacidade puramente racional de conhecer o mundo e apreender o real sem interferência das sensações. No que se refere à concepção antropológica, ou seja, a concepção do que o indivíduo é enquanto ser humano, o Racionalismo o considera um ser racional por excelência e dotado de uma razão inata. Desse modo, toda a concepção de ser humano tem atrelada a ela uma concepção de educação desse ser. Nesse sentido, sua educação é pensada priorizando o desenvolvimento de seu intelecto, ou seja, o aprimoramento de seu raciocínio, de sua razão, de sua inteligência. Uma escola racionalista prioriza somente esse atributo racional e despreza outros atributos igualmente importantes e inerentes ao ser humano, como a afetividade, a sociabilidade, etc. E finalmente, temos a concepção axiológica do racionalismo. Ela considera a racionalidade mais importante do que a ação moral. Ou seja, considera o ser humano somente como “uma cabeça que pensa”, não considerando sua particularidade. Não é somente o desenvolvimento do intelecto que é importante, mas também o desenvolvimento das virtudes, da moralidade. 2. Empirismo O Empirismo surgiu na Europa entre os séculos XVII e XVIII, no período de transição do feudalismo para o capitalismo. O homem conquista a liberdade de pensar e filosofar sobre a realidade de sua época. Contrariamente ao Racionalismo, que pregava que o conhecimento provinha unicamente da razão, o Empirismo defendia que o conhecimento só é alcançado, exclusivamente, a partir das experiências sensoriais de cada indivíduo. Ou seja, a razão dá lugar para a experiência, que é proveniente dos sentidos (visão, olfato, paladar, tato) e sensações. Dentre os principais empiristas, destacam-se John Locke, George Berkeley, David Hume e Francis Bacon. É importante também ressaltar a figura de Aristóteles. Já na antiguidade clássica, ele defendia ideias empiristas. É de sua autoria a seguinte frase: "Não existe nada na mente que não tenha passado pelos sentidos”. Ou seja, as ideias são construídas não na nossa racionalidade, mas a partir da nossa vivencia e experiência. No tocante à reflexão epistemológica do Empirismo, na relação sujeito (homem) e objeto (realidade), observamos que este último se torna a figura central, pois o sujeito nasce sem ideias inatas, ou como Locke dizia, o homem nasce como uma “tábula rasa”, pronta para ser preenchida durante sua existência, ou seja, que vai construído seu conhecimento através de sua interação com a realidade. No que se refere à concepção antropológica do Empirismo, temos um ser sensível, cujas ideias são construídas a partir da experimentação, da aprendizagem e de tudo o que for externo a esse ser. Seu desenvolvimento não está baseado em sua capacidade intelectual e sim sensorial. Desse modo, na educação desse ser sensível, observamos que a influência do Empirismo na escola se dá através do desenvolvimento de capacidades perceptivas, através do ensino das artes (como música e teatro, etc), aulas em laboratórios (conhecimento experimentado), etc. Nesse sentido, podemos afirmar também que o Empirismo fundamentou, no século XIX, o Positivismo, movimento filosófico que defendia que o conhecimento só é verdadeiro se ele for testado e comprovado através de experimentação. E finalmente, a concepção axiológica do Empirismo. Considera que o ser humano não é portador de maturidade e nem de conhecimento. Sua mente é preenchida pelo conhecimento alheio, no caso, o do professor. Desse modo o aluno apenas reproduz – sem problematizar - o que lhe é passado nas aulas. É um ser passivo, não protagonista de sua aprendizagem. É um produto do meio em que vive. 5. Conclusão Todos esses movimentos filosóficos deram contribuições muito importantes para a educação. O estimulo ao pensamento, o estudo, às interações sociais e a liberdade de pensamento através de questionamentos e debates é extremamente válido durante nossa formação enquanto futuros professores. Ao final da abordagem desses quatro movimentos filosóficos, percebemos ainda mais o nosso papel enquanto filósofos da educação. Seremos responsáveis pela formação de futuros cidadãos e de uma futura sociedade.
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